16 DE AGOSTO DE 2010

035ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AO “DIA DE JERUSALÉM”

 

Presidente: JOSÉ BITTENCOURT

 

RESUMO

001 - JOSÉ  BITTENCOURT

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes.  Informa que a presente sessão solene fora convocada pelo Presidente Barros Munhoz, a requerimento do Deputado José Bittencourt, na direção dos trabalhos, para comemorar o "Dia de Jerusalém". Convida o público para, de pé, ouvir os hinos nacionais de Israel e do Brasil. Anuncia número musical, por André Paganelli. Tece considerações sobre o Dia de Jerusalém. Cita que, Yerushalaim, Jerusalém, a Cidade da Paz, aglutina a fé de três grandes religiões - a judaica, a cristã e a islâmica. Anuncia apresentação musical executada por André Paganelli.

 

002 - ODILON CRUZ

Líder da Igreja Metodista Wesleyana, tece elogios ao desempenho econômico e tecnológico do Brasil. Comenta a propensão dos brasileiros em realizar trabalhos voluntários. Faz citação de várias passagens bíblicas. Destaca a importâcia histórica de Jerusalém para o povo judeu. Solicita aos presentes uma oração em favor da histórica cidade. Lembra a importância do diplomata brasileiro Graça Aranha pela criação do Estado de Israel.

003 - MARCELO OLIVEIRA

Professor, faz leitura ressaltando as qualidades e recorda a origem do nome Jerusalém.

 

004 - BEN ABRAHÃO

Vice-presidente da Associação Mundial dos Sobreviventes do Holocausto, ressalta a importância da cidade de Jerusalém. Faz comentários sobre os anos em que esteve nos campos de concentração nazistas. Traça um panorama dos conflitos que culminaram com a morte de seis milhões de judeus. Discursa sobre o valor da criação do Estado de Israel. Lamenta os conflitos internacionais envolvendo o Oriente Médio. Faz apelo para que o holocausto não se repita.

 

005 - LUCIAN BENIGNO

Professor, cita e comenta Salmo bíblico. Enaltece a descendência de Abraão. Elogia o líder metodista, Sr. Odilon. Lê e comenta trechos da Sagrada Escritura. Ressalta a importância da criação do Dia de Jerusalém. Faz elogios ao povo brasileiro.

 

006 - Presidente JOSÉ  BITTENCOURT

Convida os presentes para, de pé, acompanhar a oração araônica, proferida pelo professor Lucian Benigno. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. José Bittencourt.

 

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O SR. PRESIDENTE – JOSÉ BITTENCOURT - PDT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - Esta Presidência convida os ilustres convidados para compor a Mesa: Sr. Jairo Charak Roizen, representando o presidente da Federação Israelita Sr. Boris Berh; Sr. Ben Abrahão, sobrevivente do holocausto e que nos honra, nos brinda com sua presença nesta noite; Sr. vice-cônsul de Israel, Hagai Mei Zahav; Reverendo Sr. Odilon Cruz, líder de Igreja Metodista Wesleyana; professor Sr. Lucian. Peço a todos que cumprimentem os membros da Mesa com uma salva de palmas.

Esta Presidência informa que esta sessão solene irá ao ar pela TV Assembleia no sábado, às 21 horas, tendo sido convocada pelo presidente da Casa, Deputado Barros Munhoz, atendendo solicitação deste deputado, com a finalidade de comemorar o Dia de Jerusalém, com fundamento na Lei nº 13.446, de nossa autoria, deliberada por esta Casa e sancionada pelo Governador do Estado.

Convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional de Israel, executado pelo saxofonista André Paganeli.

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- É executado o Hino Nacional de Israel.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - Ouviremos, agora, o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar, sob a regência do II Tenente Músico PM Jassen Feliciano.

 

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- É executado o Hino Nacional.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - Nossos agradecimentos à Banda da Polícia Militar que contribuiu com nossos trabalhos.

As pessoas que estão nas galerias podem descer até o plenário. Para nós é uma honra tê-los nesta Casa.

Neste momento especial, sob a orientação musical do maestro e saxofonista André Paganelli, ouviremos Yerushalaim Shel Zahav, Jerusalém de Ouro.

 

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- É executado o número musical.

 

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            O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - Anunciamos a presença da Sra. Neuza Itioka. Para nós é uma grande alegria tê-la aqui neste evento. Acaba de chegar e compõe a Mesa o Sr. Jairo Charak Roizen, que representa o Sr. Boris Ber, presidente da Federação Israelita de São Paulo. Para nós é uma alegria recebê-lo.

            Agora vou lhes dirigir algumas palavras. Qual é a ideia de instituirmos no Estado de São Paulo, através desta lei, o Dia de Jerusalém? Inspirados numa lei municipal, elaboramos o projeto e ampliamos para todo o estado, incluindo no quadro normativo do Estado de São Paulo esta justa homenagem à cidade de Jerusalém, Yerushalaim, a Cidade da Paz, uma cidade que aglutina a fé de três grandes religiões - a religião judaica, a religião cristã e a religião islâmica. Portanto, é uma cidade histórica, que no quadro dispensacional e profético tem um significado muito forte, muito grande, de modo que me sinto honrado em ter sido autor desta lei. Estamos no primeiro ano comemorando este dia. Certamente faremos uma arregimentação maior no ano que vem, e estaremos aqui declarando que Jerusalém é capital eterna e indivisível de Israel. Este é o propósito nosso e certamente este sentimento de todos os cristãos, dos judeus, sejam ortodoxos ou não, em estar prestigiando esta cidade que tem muito significado, como disse, para essas três grandes religiões; mas tem muito significado, principalmente, para o cristianismo. A Cidade de Jerusalém tem um significado imenso pra o cristianismo; evidentemente, também para o judaísmo e o islamismo. Yerushalaim, capital eterna e indivisível de Israel.

            Vamos ouvir o doutor - quero dizer doutor na música - o meu amigo André Paganeli com “Hava Nagila”. Em seguida ouviremos a palavra do reverendo Odilon Cruz.

 

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-         É executado o número musical.

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            O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - Tem a palavra o reverendo Odilon Cruz, líder da Igreja Metodista Wesleyana. Logo após a sua fala, ouviremos a palavra do Sr. Ben Abrahão, sobrevivente do Holocausto, que nos brinda, nesta noite, com sua presença nesta sessão solene em homenagem ao “Dia de Jerusalém”.

 

            O SR. ODILON CRUZ - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, sinto-me honrado com esse momento, prestigiado por esta oportunidade de participar desta cerimônia que, a nosso ver, é muito importante, não só para a nossa cidade, nosso Estado, mas também para nosso País. Parabéns ao Deputado José Bittencourt, por essa iniciativa de trazer ao plenário da Câmara a criação do “Dia de Jerusalém”.

            “Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”; assim expressa o salmista em um dos seus versículos. Quero dizer, aos queridos, nesta noite, que vivemos aqui em um país abençoado; o Brasil é uma nação abençoada de uma forma extraordinária. É hoje uma das maiores - ou das principais - economias do mundo. Enquanto na semana passada as bolsas de valores, em várias cidades principais, estavam em queda, a de São Paulo chegava a quase dois por cento. A nossa economia e a nossa situação em todas as áreas é de trazer aos olhos do mundo uma observação, um interesse e um desejo e até de alguns grandes magnatas que participaram dela.

Talvez não consigamos ver o que os outros lá de fora consigam ver em nosso país. Uma escritora holandesa expressou o seguinte acerca do nosso País: “o Brasil é o país que tem tido o maior sucesso no combate à Aids e a outras doenças sexualmente transmissíveis e vem sendo exemplo mundial.” O Brasil é o único país do hemisfério sul que está participando do projeto Genoma. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a Cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral estava informatizado em todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de 24 horas depois do início das apurações. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais, os Estados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em cheque aqui credibilidade do processo. Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de 40% do mercado na América Latina. No Brasil, há 14 fábricas de veículos instaladas e outras quatro se instalando, enquanto alguns países vizinhos não possuem nenhuma. Em relação às crianças e aos adolescentes, entre sete e 14 anos, 97,3% estão estudando. O mercado de telefones celulares no Brasil é o segundo do mundo com 650 mil novas habilitações a cada mês. Na telefonia fixa o país ocupa a quinta posição em número de linhas instaladas. Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificado de qualidade ISO 9000, o maior número entre os países em desenvolvimento. No México, são apenas 300 empresas e 265 na Argentina. O Brasil é o segundo melhor mercado de jatos e helicópteros executivos.

Por que não devemos nos orgulhar desse nosso país, dizer que o mercado editorial de livros é maior do que o da Itália, com mais de 50 mil títulos novos a cada ano? E tem o mais moderno sistema bancário do planeta e suas agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais? Por que não se fala que é o país mais empreendedor do mundo e que mais de 70% dos brasileiros pobres e ricos dedicam considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários? Por que não se diz que hoje é a terceira maior democracia do mundo, que apesar de todas as mazelas o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados?

E também quero lembrar que o povo brasileiro é um povo hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não mede esforços para atendê-los bem. Por que não se orgulhar de um povo que faz piada da sua própria desgraça e que enfrenta os desgostos sambando? O Brasil é um país abençoado, de fato. Bendito esse povo que possui a magia de unir todas as raças de todos os credos. Bendito esse povo que sabe entender todos os sotaques. Bendita seja a querida pátria chamada Brasil.

Por certo os senhores e senhoras estarão questionando por que essas informações foram passadas nesta noite. É simples; em Gênesis 12, 1- 3, a Bíblia diz - Ora, o Senhor disse a Abraão, sai-te da tua terra e da tua parentela e da casa de teu pai para uma terra que eu te mostrarei e far-te-ei uma grande nação e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome e tu serás uma benção - O que vem a seguir é mais importante e reflete no que eu expressei acima. E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da Terra.

“O Brasil está incluído neste conjunto de bênçãos, tanto nacional quanto familiar, porque, em 29 de Novembro de 1947, quando Osvaldo Euclides de Souza Aranha, gaúcho de Itaqui, presidiu a 49ª Sessão da 2ª Assembleia Geral da ONU, abençoou, sem saber, a Pátria Israelita, e também a nossa. Por isso, o Brasil é o País abençoado que é.

Osvaldo Aranha e a criação de Israel

Em 29 de Novembro de 1947, a partilha da Palestina foi aprovada na 49ª Sessão da 2ª Assembleia Geral da ONU, sob a presidência do diplomata brasileiro, com o seguinte placar: 33 votos a favor, 13 contra e 10 abstenções. Foi o fim de um processo febril de negociações e o começo de uma era sem fim de confrontos. O projeto sionista de uma pátria para os judeus ganharia ali legitimidade internacional, o que levou à criação do Estado de Israel no ano seguinte. Meses antes da partilha, porém, formou-se um grupo nas Nações Unidas - o Unscop, United Nations Special Committee on Palestine - para estudar a divisão. Fabregat, García Granados e García Salazar atuaram nele, inclusive trabalhando ao lado dos judeus num alojamento ainda hoje preservado num bairro residencial de Jerusalém. Oswaldo Aranha, não. Recebeu a proposta nos EUA, aparou divergências e levou-a a votação - para vencer.

Oswaldo Aranha é motivo de orgulho para a comunidade judaica

Folha Online

O diplomata brasileiro Osvaldo Aranha (1894-1960) presidiu a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) em 29 de novembro de 1947, quando foi decidida a partilha da Palestina em dois estados, um árabe e outro judeu.

Jack Terpins, presidente da Conib [Confederação Israelita do Brasil) e do Congresso judaico Latino-Americano, diz que Osvaldo Aranha orgulha os judeus brasileiros por seu destaque na decisão sobre a criação do Estado de Israel, que se tornaria realidade no ano seguinte.

De acordo com o presidente da Conib, o pós-guerra fez com que Israel existisse e sua fundação acolheu um povo sem pátria, mas que se encontrou. "Israel foi uma grande festa para os nossos avós que aqui viviam. Eles conseguiram ter um lugar que poderiam ir", declara Terpins.

Segundo Terpins, o Estado de Israel é urn porto seguro para o povo judeu, que foi perseguido em toda a história da humanidade. Ele conta que desde a época da Inquisição os judeus se refugiavam no Brasil. "O Brasil acolheu muitos de nossos avós e pais fugidos da guerra ou por qualquer outra razão. Sempre uma imigração muito forçada, nunca uma imigração voluntária", afirma os que aqui viviam. "Eles conseguiram ter um lugar que poderiam ir", declara Terpins.

Jerusalém sempre foi o centro das atenções do mundo inteiro. Jerusalém tem uma história que data do IV milênio.”

 Jerusalém sempre foi o centro das atenções do mundo inteiro. Jerusalém tem uma história que data do IV milênio, tornando-se uma das mais antigas cidades do mundo. Ela é a Cidade Santa de Judeus e Cristãos, centro espiritual de todo o mundo.

            A Bíblia afirma, em alguns textos que separei, para que nós tenhamos ideia do quanto isso representa: por que Jerusalém é a capital mundial das atenções? Em primeiro lugar, porque o nome do Senhor Deus está sobre ela. Em 2 Rs. 21:4, a Bíblia diz: edificou altares na casa do Senhor, da qual o Senhor tinha dito: “em Jerusalém porei o meu nome”.

            Em segundo lugar, porque nela foi edificada a casa de Deus. Esdras expressa o seguinte: “no segundo ano de sua vinda à casa de Deus em Jerusalém”. Ela é a cidade do grande Rei. No Salmo 48:1-2 encontramos a expressão do grande homem de Deus: ”grande é o Senhor, e mui digno de ser louvado na cidade do nosso Deus”.

Porque ela é chamada pelos cristãos como a cidade do Deus Vivo. Hebreus 12:22 assim expressa: “mas tendes chegado ao Monte Sião e à cidade do Deus Vivo, a Jerusalém Celestial e a incontáveis hostes de anjos e à universal assembleia”.

No Salmo 122, no seu cântico de Romagem, o grande rei Davi faz uma exaltação ao prazer de ir a Jerusalém, mas também um apelo no versículo 6: “Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te amam.”

Senhores parlamentares presentes a esta celebração, nós, os cristãos brasileiros, cremos que o progresso, a segurança que o Brasil reflete ao mundo, o carisma que este povo tem, como foi dito acima por uma escritora holandesa, está relacionado à decisão tomada por um dos nossos compatriotas no passado, chamado Oswaldo Aranha.

Conclamo a não permitirem que as circunstâncias que advirem no futuro venham cortar o laço profético de bênçãos que está sobre a nossa nação, proferida pelo próprio Deus a Abraão no passado: abençoarei o que te abençoarem. Que o Senhor Deus Todo-Poderoso abençoe Jerusalém e que esta bênção se estenda até nós. Amém.

Gostaria de atender ao pedido do rei Davi e orar por Jerusalém. Gostaria que os queridos presentes a esta reunião se unissem a nós nesta intercessão. Deus Todo-Poderoso, Senhor do céu e da terra, criador de todas as coisas, Senhor que formasse um povo através de uma família saída de uma cidade chamada Ur e constituíste a nação de Israel. Deste a essa nação, por capital, Jerusalém. E nesta noite, nesta celebração, que é tão importante para Jerusalém e para São Paulo, quero rogar ao Senhor, em nome do teu Filho, Jesus Cristo, abençoe a cidade de Jerusalém. Que haja paz entre os seus muros, que haja paz entre os seus cidadãos, que haja paz entre as suas autoridades. Abençoe Jerusalém, porque nós estendemos as nossas mãos em direção àquela cidade santa e a abençoamos em nome de Nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. Amém. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - São palavras bonitas do Reverendo Odilon Cruz, líder de Igreja Metodista Wesleyana no Brasil.

Chamo à tribuna o Professor Marcelo Oliveira, para a sua exposição. E a seguir, o Sr. Ben Abrahão, que é Presidente da Associação Brasileira dos Sobreviventes do Holocausto e vice-presidente mundial dessa mesma Associação.

 

O SR. MARCELO OLIVEIRA - Shalon para todos. Quero cumprimentar o nobre Deputado Dr. José Bittencourt, Presidente desta sessão, bem como todos aqueles que compõem a mesa, os convidados e todos os que nos assistem pela TV Assembleia.

 “Se eu de ti me esquecer, óh Jerusalém, que se resseque a minha mão direita.

Apegue-se a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria. (Sl 137.5,6)

Falar de Jerusalém é falar da kiriat Neemana, Cidade Fiel, de Isaías 1.26.

Falar de Jerusalém é falar da Ir Emet, Cidade da Verdade, de Zacarias 8.3.

Falar de Jerusalém é falar da K'Iilat Yofi, Perfeita em formosura, de Lamentações 2.15.

Falar de Jerusalém é falar da Hanetza, Eterna, comentário de Akiva em Sanhedrin 58 a sobre 1 Crônicas 29.11.

Falar de Jerusalém é falar da Yir David, Cidade de Davi.

Falar de Jerusalém é falar da Yir HaKodesh, a cidade do Santo Lugar.

Falar de Jerusalém é falar da Kiryat Mélekh Rav, a cidade do Grande Rei, Salmos 48.2.

Falar de Jerusalém é falar da Betula, Virgem, de Isaías 62.4.

Falar de Jerusalém é falar da Drusháh, Desejada, de Isaías 62.12.

Falar de Jerusalém é falar da Kiryat Hana David, a cidade onde Davi acampou, de Isaías 29.1.

Falar de Jerusalém é falar da Neveh Tzdekek, Oásis de Justiça.

Falar de Jerusalém é falar da Tzur Há Mishor, Rocha Planada.

Falar de Jerusalém é falar da Tsvi, o esplendor, a beleza de todas as terras, Ezequiel 20.6.

Você deve estar se perguntando: De onde vem o nome de Jerusalém que conhecemos há milhares de anos?

Sabemos que na Toráh um nome nunca é casual porque do nome deriva a essência do objeto ou da pessoa (1 Sm 25.25).

Existe um midrash fascinante (interpretação não literal e ensinamentos homiléticos dos sábios, na Escritura). Um dos filhos de Noé, Shem, havia dado um nome a este lugar. Shem foi o precursor dos semitas e viveu 9 gerações antes de Abraão.  Segundo este midrash, ele é identificado como Melquisedeque, rei de Salém, porque ele deu a este lugar o nome de Shalem, que significa perfeição.

O midrash prossegue com a seguinte informação: Abraham também deu um nome ao mesmo lugar. Ele chamou Yiré, que significa o Eterno verá.

Mas o Todo Poderoso queria que tivesse um nome permanente. Se disse então: Shem colocou o nome de Shalem, Abraham, Yiré.  Devo chamá-la de Yiré? Shem ficará ofendido.  E se coloco Shalem, Abraham ficará ofendido.

Combinarei os dois nomes. Chamarei este lugar sagrado.

Yiré-Shalem de onde deriva o atual nome: Yerushalaim, Jerusalém.

Lê Shaná Habá Bi Yerushalaim! “O próximo ano em Jerusalém.”

Muito obrigado, o eterno voz abençoe.

 

            O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - Foram as palavras do professor Marcelo Oliveira. Ouviremos agora o Sr. Ben Abrahão, Presidente da Associação Brasileira dos Sobreviventes do Holocausto, e vice-presidente da Associação Mundial dos Sobreviventes do Holocausto.

            Neste plenário são discutidos temas dos mais variados e de interesse da cidadania de São Paulo. Ficamos felizes por estarmos aqui magnificando também o eterno. Nós amamos Jerusalém.

            Após as palavras do Sr. Ben Abrahão, o professor Luciano também dará as palavras finais, e então encerraremos com a Benção Araônica, com o professor Marcelo.

 

            O SR. BEN ABRAHÃO - Excelentíssimo Deputado José Bittencourt, Diretor da Assembleia de Deus; Exmo. Sr. Jairo Charak Roizen, representando a Federação Israelita de São Paulo; Exmo. Sr. Odair Fontanelle, Presidente do Departamento de Jerusalém, através de quem cumprimento toda a Mesa diretora; excelentíssimos senhores e senhoras, em primeiro lugar quero agradecer ao Deputado pela sua nobre ideia de promover o Dia de Jerusalém. Jerusalém, construída pelo rei Davi, a cidade eterna indivisível do Estado de Israel, representa para nós, judeus, onde quer que nos encontremos, a nossa capital, de onde repetimos todas as nossas preces, durante milênios da diáspora da escravidão: Lê Shaná Habá Bi Yarushalaim, o ano que vem em Jerusalém.

Eu sou sobrevivente do nazismo, passei cinco anos e meio nos campos de concentração nazistas, presenciei as maiores atrocidades já praticadas por homem contra homem, presenciei enforcamentos de massa, fuzilamentos coletivos, torturas, sofri fome durante cinco anos e meio, presenciei a morte de meus familiares, de crianças pequenas que ainda não sabiam andar ou falar, arrancadas dos braços das suas mães, tendo as suas cabecinhas esmagadas contra muros e jogadas nos caminhões e levadas aos crematórios. Eu vi fumaça negra jorrando da chaminé do crematório em Auschwitz, senti nas minhas narinas o cheiro da carne queimada. E naquela época, perambulando pelo campo, esfomeado e esfarrapado, jurei a mim mesmo: caso Deus me permita sobreviver a esta guerra, contarei ao mundo o meu testemunho, tudo que passei e presenciei para que se possa prevenir, e mostrar que isso tudo pode acontecer a quem quiser por causa da sua procedência, da sua religião ou da sua raça. Estou aqui com vocês.

            Muitas vezes, nas minhas palestras, sou perguntado pelos jovens: “O Holocausto poderia hoje se repetir contra judeus?” Eu disse que não. Porque naquela época, se judeus tivessem a sua própria pátria, não aconteceria o Holocausto. Hitler não visava, no início, a eliminação física de todos os judeus. Ele visava se tornar livre dos judeus. Mas o que aconteceu? As portas do mundo inteiro eram fechadas. Os judeus não tiveram aonde ir, onde fugir. Então Hitler, para demonstrar como judeus são indesejáveis, levou um navio, São Luiz, e mandou centenas de judeus fora da Alemanha. Ninguém quis recebê-los. Nos Estados Unidos, os navios pequenos do Exército da Marinha circulavam em volta desse navio para que ninguém escapasse e entrasse no país. Com a Cuba aconteceu o mesmo. E o navio foi obrigado a voltar. Por sorte, Holanda recebeu esses judeus. Então Hitler soltou um balão de ensaio, que foi a Noite de Cristal. Começou o massacre instituído pelo governo, como as suas forças de segurança, SA e SS, e as lojas de judeus eram depredadas, centenas de milhares de pessoas eram levadas ao campo de concentração, e o mundo não reagiu deixando carta branca a Hitler, é aí que ele executa a sua macabra tarefa, que foi o extermínio. Seis milhões de judeus pereceram durante o holocausto, sem discriminação de idade e sexo. Crianças pequenas, que ainda não sabiam andar ou falar, eram inimigas do estado alemão e morreram através de fuzilamento de massa, através da câmara de gás, através dos crematórios e através de torturas. Esse foi o fim.

O Estado de Israel é muito importante para nós judeus, é uma pátria almejada durante milênios a qual os judeus voltaram e são agora cidadãos iguais a todos os outros. Inclusive, aqui no Brasil, são iguais aos italianos, alemães, espanhóis e todos os outros porque os judeus têm a sua pátria.

Muitas vezes, nas minhas palestras pergunto aos judeus por que o Exército de Israel age com tanto rigor contra os árabes. Vamos voltar para 1947 quando foi instituído o Estado de Israel. Aconteceu o massacre dos judeus na então Palestina.

Quando o Estado de Israel era fundado, pensamos que teríamos, depois de milênios, a nossa pátria. Porém, cinco exércitos árabes: da Jordânia, Síria, Líbano, Egito e Iraque, por terra, ar e mar, atacaram o Estado de Israel com armas modernas para aniquilar, para destruir o Estado de Israel, para jogar os judeus ao mar. E, como aconteceram muitos milagres durante toda existência judaica, desta vez os judeus quase sem armas, pois os ingleses confiscaram na sua saída todas as armas, defenderam-se e os venceram. Outras cinco guerras se seguiram cada uma com a intenção de destruir o Israel e matar os judeus.

Golda Meir disse que Israel pode ganhar sem guerras, mas perdendo uma essa será a única. Portanto, as forças de Israel são tão radicais e dispostos a sacrificar suas vidas para defender o nosso Estado de Israel, que é a pátria espiritual de todos os judeus onde quer que se encontrem.

Quero aqui fazer um apelo a cada um de vocês para que se torne meu mensageiro e transmitir tudo que ouviu aqui para seus amigos, seus familiares e suas crianças para que nunca permita que o holocausto se repita. Holocausto nunca mais! Obrigado a todos.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT -  Parabéns, Sr. Ben Abrahão. Holocausto nunca mais. Digam todos comigo: holocausto nunca mais! Nunca mais!

Ouviremos o Professor Lucian Benigno e já estaremos encerrando esta cerimônia com nossos agradecimentos a todos que aqui chegaram, rompendo o frio e outras barreiras.

 

O SR. LUCIAN BENIGNO - Quero cumprimentar o nobre Deputado José Bittencourt por essa idéia tão magnífica, tão apropriada nos tempos em que vivemos, a toda nobre Mesa, que aqui se faz presente, e também a cada um de vocês. 

Por que é necessário um dia de Jerusalém? No convite que eu recebi, havia uma passagem da escritura em letras diferentes, eram em letras hebraicas e estava o Salmo 122:6. “Buscai, procurai, orai pela paz de Jerusalém”. É um mandamento da Bíblia Sagrada do povo da civilização ocidental, que recebe tanto da herança judaico-cristã e da fé abraâmica. O povo de matriz abraâmica, fé abraâmica, como lembrou o líder metodista aqui presente.

Devemos muito ao Abrahão e à sua descendência. Não podemos esquecer-nos da grande contribuição que a descendência do Abraão trouxe ao mundo, povo escolhido para levar os oráculos do eterno para nos informar a todos que existe um criador deste Universo, que a vida faz sentido nos libertando da barbárie, da selvageria, trazendo-nos para a luz da civilização. É isso que a Escritura Sagrada traz.

É muito apropriado demonstrarmos a nossa simpatia, a nossa gratidão pelo povo que nos legou tudo isso em termos de patrimônio espiritual. O líder metodista, Sr. Odilon, que trouxe a primeira palavra, nos lembrou que o Brasil tem adotado essa posição. E qual a posição brasileira?  É a de ser uma nação judaica, uma nação que desempenha o papel histórico relevante na constituição do Estado de Israel, e nós nos alegramos com isso. Não sei se a palavra é se orgulhar, mas é alguma coisa por aí. Temos motivos para celebrar que essa é historicamente a posição do Brasil. O Brasil é uma nação que simpatiza com os judeus. Isso é bastante apropriado.

Gostaria de ler alguns trechos da Sagrada Escritura. Os trechos dessa sagrada escritura são muito relevantes porque, infelizmente, existem muitas coisas estranhas que acontecem entre pessoas que afirmam que seguem essa Sagrada Escritura, pessoas que são herdeiras dessa herança judaica.

Gostaria de lembrá-los que um dos profetas Jeremias, no livro da Profecia de Jeremias, capítulo 16, versículos 14 e 16, está escrito: “Portanto, eis que vêm dias, diz o Eterno, em que não se dirá mais: vive o Senhor que fez subir os filhos de Israel da terra de Egito, mas sim vive o Senhor que fez subir os sírios de Israel da terra do norte e de todas as terras para onde os tinha lançado porque eu os farei voltar a sua terra que dei a seus pais.”

            Veja, o retorno da nação de Israel à sua pátria não é um acidente da história. É algo que já estava predeterminado por aquele que é o Senhor da história, por aquele que age na história, por aquele que muda a história, que é o dono da história.

            Uma outra passagem da Escritura diz: “Isaías 43: Versículos 5 e 6 - “Não temas, pois, porque estou contigo; trarei a tua descendência desde o oriente e te ajuntarei desde o ocidente. Direi ao norte: Dá; e ao sul: Não retenhas; trazei meus filhos de longe e minhas filhas das extremidades da terra.”

            O que estas Escrituras dizem? Por que estamos citando estas Escrituras? Porque existe uma dúvida - é quase incompreensível isso - entre as pessoas que amam as Escrituras Sagradas e que entendem que a Torá é a sua luz. Será que está certo os judeus quererem ficar na terra de Israel? Será que é certo que eles queiram habitar em Jerusalém? O curioso é que inúmeras outras passagens da Escritura dizem a mesma coisa.

Uma última passagem.

O Profeta Ezequiel fala, Capítulo 39: Versículos 25 e 28 - “Portanto assim diz o eterno: Agora tornarei a trazer Jacó, e me compadecerei de toda a casa de Israel; terei zelo pelo meu santo nome.
Então saberão que eu sou o Senhor seu Deus, vendo que eu os fiz ir em cativeiro entre as nações e os tornei a ajuntar para voltarem a sua terra e nenhum deles exclui.”

            Eu me alegro muito quando se fala de capital indivisível de Israel.

Dia de Jerusalém. Existe um dia de Jerusalém também lá em Israel. Esse dia é justamente para celebrar aquilo que o nobre Deputado José Bittencourt nos chama a refletir, ou seja, Jerusalém é capital indivisível do estado de Israel.

É impossível sermos coerentes com a fé abraâmica, com o monoteísmo ético transcendental que nos é legado como uma herança judaica, e não sermos sionistas e não sermos reconhecedores de que eles têm direito a sua pátria, de que eles têm direito a Jerusalém.

            Começamos a citar o Salmo 122 que está no nosso convite e o texto chave para o dia de Jerusalém lá em Israel é o Versículo 3, que diz assim: Jerusalém, a cidade edificada, uma cidade completamente unificada. É isso que diz o Salmo 122: Versículo 6. Não dá para falarmos de um sionismo parcial. Como a cidade é importante para as três doutrinas abraâmicas - cada uma delas tem um direito simbólico à cidade - existe a expectativa de que essa cidade ainda vai continuar a trazer luz a todos os homens de bem, a toda terra. É a famosa Yerushalaim Shel Zahav que foi objeto de uma música apresentada aqui. Um dia, como diziam os profetas, haverá uma Jerusalém de ouro. Essa Jerusalém de ouro será luz para os gentios.

            Eu gostaria que a gente meditasse sobre o momento que estamos vivendo no Brasil.

O povo brasileiro, que sempre foi simpático à nação de Israel, nesse momento tem-se comportado, infelizmente, de forma muito preocupante: tornar-se amigo dos inimigos de Israel. Infelizmente algumas lideranças aqui no Brasil têm se tornado amigas dos inimigos de Israel e é com vergonha que falamos isso.

Endossando as palavras de Ben Abrahão, que nos dá a honra de sua presença, queremos que vocês compartilhem isso, a notícia de que não podemos ser amigos dos que são inimigos do povo que nos trouxe uma herança tão grandiosa. Aqueles que são seguidores de um Mestre que mudou a história da civilização ocidental contemporânea devem se lembrar dessa sua dívida histórica para com esse povo porque essa dívida não é apenas ética ou moral. Ela existe na Escritura dos cristãos assim como na Escritura judaica.

Encerro esta participação com muita gratidão porque aqui também existe um dia de Jerusalém, um dia para as pessoas que têm simpatia pela cidade de Jerusalém compartilharem com terceiros aquilo que Jerusalém significa. Aquele que dá sentido às nossas vidas decidiu o que a cidade de Jerusalém significará, até que um dia a gente veja a Jerusalém eterna, a Jerusalém de ouro resplandecendo sobre os corações de todos os homens de bem. Então fica essa luta permanente.

Parabenizo todos aqueles que são a favor de um dia de Jerusalém

 

            O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - O que fica muito claro é que todos nós amamos Jerusalém. Não existirá Israel sem Jerusalém e não existirá Jerusalém sem Israel. Temos de nos conscientizar disso. Jerusalém é muito importante para nós porque foi lá que o Filho do Eterno nasceu.

Os nossos agradecimentos ao Reverendo Odilon, líder da Igreja Metodista Wesleyana no Brasil, também a todos os que colaboraram com este evento, à assessoria, à TV Assembleia, que domingo reproduzirá esta Sessão Solene às 21 horas, ao Sr. Ben Abrahão pela postura de sempre testemunhar e publicar as atrocidades do holocausto e proclamando holocausto nunca mais, ao Prof. Lucian, ao Prof. Marcelo, enfim, a todos de modo geral.

            Agora todos em pé, pois o Prof. Lucian irá proferir a bênção araônica.

 

O SR. LUCIAN BENIGNO - Pronuncia-se em língua estrangeira.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 30 minutos.

 

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