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28 DE JUNHO DE 2012

037ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

 

Presidente: BARROS MUNHOZ

 

RESUMO

ORDEM DO DIA

001 - Presidente BARROS MUNHOZ

Abre a sessão. Encerra a discussão, coloca em votação e declara aprovada a redação final do PL 290/12, que trata da LDO. Encerra a sessão.

 

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- Abre a sessão o Sr. Barros Munhoz

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Proposição em Regime de Urgência:

- Discussão e votação do Projeto de lei nº 290, de 2012, de autoria do Sr. Governador. Dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias para o exercício de 2013. Parecer nº 1064, de 2012, da Comissão de Finanças, propondo redação final.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos está encerrada a discussão.

Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis, permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

 

O SR. ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - Sr. Presidente, passo a ler declaração de voto da Bancada do PT ao PL 290/12.

“O Projeto de lei no 290, de 2012, que dispõe sobre as diretrizes orçamentárias para o exercício de 2013, bem como o parecer da nobre deputada Regina Gonçalves, relatora do PLDO 2013 na Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento, apresentam poucos avanços.

Antes de mais nada, é pertinente destacar que todo o processo de discussão legislativa das peças orçamentárias vem sendo rebaixado ano após ano. O descaso pelo poder legislativo nesta área iniciou-se de maneira forte no governo Serra, em 2007, mantendo-se neste “novo-velho” governo Alckmin. Vários são os indicadores desta situação: De um lado, o representante do Poder Executivo não apresenta mais a proposta no colégio de líderes, nem tampouco à Comissão de Finanças e Orçamento. Também não existe mais um espaço prévio de interlocução do relator com as Bancadas, na definição de emendas prioritárias. Por fim, a Comissão insiste em não definir sub-relatorias para a apreciação da matéria, o que tornaria o processo de discussão mais ágil e democrático internamente. Cumpre lembrar que todo este “rito” democrático é executado pelo Governo Federal junto ao Congresso Nacional.

Quanto ao projeto em discussão, devemos destacar que a maior parte das emendas de conteúdo apresentadas por esta casa não foram aprovadas pela relatora.

Cumpre salientar que grande parte das sugestões que apontaremos a seguir já são adotadas pela Lei de Diretrizes Orçamentárias do Governo Federal e também em outros Estados da Federação, mas são solenemente ignoradas no Estado de SP.

A primeira questão a ser destacada refere-se ao difícil processo de regionalização do orçamento estadual. Mantendo-se atrasado em relação a outras unidades da federação e ao governo federal, a Bancada do PT na ALESP vem lutando a mais de uma década para que o governo paulista adote esta já nem tão moderna ferramenta de planejamento orçamentário, demonstrando claramente o plano de investimentos anual através das regiões do Estado.

Os argumentos elencados para a não adoção desta regionalização sempre foram de ordem técnica, argumentos insustentáveis uma vez que outros Estados menos desenvolvidos foram capazes de regionalizar seus orçamentos a mais de uma década.

Na prática, esta falta de transparência tem sido útil politicamente para os governadores paulistas, uma vez que estes não podem ser cobrados e fiscalizados pela não execução de “antigas” promessas de investimentos por todo o Estado.

Sem transparência nos orçamentos, menor a capacidade de fiscalização da sociedade e maior a possibilidade do governo “posar” de “bom gestor”. Esta tem sido a verdadeira razão para se postergar a regionalização do orçamento.

Pois a proposta de regionalização presente no projeto é absolutamente insuficiente, já que, para o governo paulista, é suficiente apresentar uma proposta de investimentos apenas por regiões administrativas do Estado. Ocorre que o próprio governo vem adotando outras divisões regionais, e esta casa vem aprovando diversas leis que dão conta destas novas modalidades de regionalização. Mais precisamente, vem sendo criadas e regulamentadas diversas Regiões Metropolitanas e Aglomerações Urbanas no Estado, mas o orçamento estadual, pela proposta apresentada, ignorará estas novas regiões.

Na prática, ainda não saberemos em 2013 quais os investimentos previstos na Região Metropolitana de SP, ou ainda na Região Metropolitana de Campinas, ou ainda nas Aglomerações Urbanas de Jundiaí e Piracicaba.

Sem a destinação de recursos orçamentários suficientes para estes fundos regionais e sem o detalhamento dos investimentos para cada região através do sistema de execução orçamentária (SIAFEM/SIGEO), na prática, estas novas divisões produzirão “pouco debate político e nenhuma ação”, como, aliás, já ocorre na Região Metropolitana de Campinas a mais de uma década.

Esta casa apresentou emendas que aperfeiçoam o processo de regionalização do orçamento, mas tal questão pouco tem avançado no relatório final.

Outras questões referentes à maior transparência da peça orçamentária são ignoradas pelo governo e pela relatora, tais como o detalhamento do orçamento, em cada ação, até o nível de elemento, ou ainda relatórios sobre as despesas com publicidade, as obras da Copa do Mundo, os recursos destinados para creches e as obras com irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado.

Em todos estes casos, a falta de transparência acaba prevalecendo. Não separar as despesas com publicidade relativas às campanhas oficiais das propagandas de governos serve para encobrir os gastos astronômicos com o segundo tipo, muitas vezes executados pelas empresas estatais, sem controle e transparência. Ou alguém já se esqueceu da propaganda da SABESP em outros Estados do país, ou ainda a propalada Revolução sobre Trilhos apresentada pelo governo Serra, desmoralizada diante das panes, acidentes e superlotação de trens e metrôs no Estado?

A não publicação de relatório sobre obras irregulares apontadas pelo TCE – prática já adotada pela União – busca encobrir os diversos problemas existentes na administração pública paulista, passando a impressão da mais completa lisura. Não fosse a centena de contratos julgados irregulares pelo TCE, e confirmados após mais de uma década por esta casa, poderíamos até acreditar na ausência de desvios nos governos paulistas. Ocorre que a CDHU, a FDE, o Metrô, o DER e a DERSA, para ficarmos apenas em alguns exemplos, tem sido recorrentemente denunciados pelo TCE.

Quanto aos recursos para a construção de novas creches, promessa de campanha de Alckmin, a relatora também não vê a necessidade de transparência. Seriam apenas promessas?

A definição de maiores recursos para o Ensino Superior, o Ensino Técnico/Tecnológico e o Ensino Fundamental, emendas já tradicionais desta casa, sempre são rejeitadas ou vetadas pelo governo, com o argumento de que não se pode “engessar” o orçamento público com a educação, sendo necessários investimentos em outras áreas mais importantes. O discurso tucano da prioridade na educação desmorona a cada ano, principalmente quando nos deparamos com a falta de ampliação de vagas no ensino público superior e na sua consequente elitização (apenas compensada pelo PROUNI e pelo REUNI do governo federal), na falta de estrutura para a propalada ampliação do ensino técnico e tecnológico - levando professores, pais e alunos a se cotizarem para a manutenção das condições mínimas de ensino – ou ainda na baixíssima qualidade do ensino fundamental das escolas estaduais, com alunos terminando o segundo ciclo sem que saibam ler, escrever ou fazer operações matemáticas elementares.

As emendas que visavam corrigir as profundas distorções nos orçamentos do judiciário (TJ), ou ainda garantir a efetiva execução dos recursos dos fundos constitucionais (tais como o fundo das estâncias turísticas e o FUMEFI) também foram rejeitadas pela relatora, deixando tudo a cargo da “falta de vontade política do governo”.

A emenda que busca criar o módulo do SIGEO para as emendas parlamentares é negada pela relatora com o argumento de que tal dispositivo já foi criado. Tal justificativa não procede, uma vez que os deputados paulistas nunca tiveram aprovadas suas “emendas parlamentares no orçamento”, mas tão somente “indicações orçamentárias”, sem validade jurídica e cuja relação tem sido recentemente publicada pelo governo com muitas lacunas e deficiências. É fundamental destacar que ao terem suas emendas parlamentares negadas no fim do ano, torna-se impossível acompanhar de forma transparente sua execução, diferentemente do que ocorre no Congresso Nacional. Tal situação não foi alterada no ano passado, mesmo diante do “escândalo das emendas”, que tomou conta dos debates desta casa em todo o segundo semestre de 2011. Na prática, sem “emendas parlamentares” aprovadas no orçamento e sem o “módulo do SIGEO” de acompanhamento, a falta de transparência continua a prevalecer, com deputados anunciando falsas emendas parlamentares de milhões de reais, duplicidade de indicações parlamentares, liberdade total do governo na liberação, mudança de objeto ou destino das indicações parlamentares, dentre outros problemas.

Outra emenda rejeitada pela relatora e que merece destaque é aquela que prevê que as empresas estatais não dependentes (SABESP, CDHU, DERSA, etc) registrem a sua execução orçamentária no SIAFEM. Esta medida daria efetiva transparência às ações destas empresas, conforme o próprio TCE vem preconizando para os municípios paulistas, mas parece não se aplicar para o Estado, segundo o relatório da deputada.

Nesta mesma linha, devemos tratar a rejeição das emendas que visam limitar os percentuais de remanejamento do orçamento aos índices de inflação, conforme orientação do TCE. Mais uma vez, a rejeição destas emendas acaba premiando o governo paulista e sua famosa falta de planejamento, permitindo remanejamentos de 17% que, com as exceções previstas, alcançam mais de 40% das despesas previstas. Constrói-se assim a chamada “peça de ficção” da Lei Orçamentária.

Diversas emendas que visam melhorar as condições do funcionalismo público estadual também foram rejeitadas, tais como a correção dos salários segundo a inflação, o estabelecimento de regras para ganhos reais e o respeito à data-base do funcionalismo, definido por esta casa e ignorado pelo governo paulista ano após ano.

Ainda ligado ao tema, devemos salientar a rejeição das emendas que procuram estabelecer regras para a contribuição do governo paulista ao IAMSPE, conforme reivindicações constantes do funcionalismo. A emenda aprovada que prevê a destinação genérica de recursos do tesouro ao Instituto não altera em nada a situação existente, mantendo o atendimento à saúde do funcionalismo público em precárias condições, apesar do mesmo ter que contribuir com o sistema de forma obrigatória.

Emendas que buscam comprometer o governo paulista a levar em consideração o IPRS e o IDH na destinação de recursos para as regiões, visando a redução das desigualdades sócio-econômicas regionais, também têm sido rejeitadas constantemente, explicando em parte os motivos do histórico atraso das regiões do Vale do Ribeira e do Paranapanema, para ficarmos em apenas dois exemplos.

Através da LDO, o governo paulista também pretende deixar completamente livre os recursos oriundos dos royalties, recursos estes que devem crescer fortemente nos próximos anos, com a exploração do Pré-sal. Emendas que buscam direcionar estes recursos para os setores da educação, saúde, ciência e tecnologia, meio ambiente e redução das desiguldades, conforme Lei Federal aprovada em 2011, foram rejeitadas pela relatora. Em outras palavras, não teremos qualquer garantia de como estes recursos serão aplicados no Estado. Os perigos desta enxurrada de recursos sem destinação pré-estabelecida é um risco que o Brasil não deve correr, mas o Estado de SP parece pouco preocupado.

Outro tema que merece destaque é o relatório das metas previstas no PPA, na LDO e na LOA. As emendas desta casa que defendiam sua publicação na peça orçamentária foram rejeitadas pela relatora, com o argumento de que tais medidas já são fruto de acompanhamento pelo TCE. A argumentação não elimina a necessidade da emenda, uma vez que o próprio TCE vem destacando a falta de cumprimento e o desrespeito das metas definidas nas peças orçamentárias, assim como a falta de compatibilização das metas no PPA, LDO e LOA, revelando o profundo desrespeito pelo planejamento orçamentário por parte do governo estadual. Na prática, metas de ações aprovadas na LDO não são consignadas no projeto de lei orçamentária, revelando o verdadeiro faz-de-conta deste tipo de emendas aprovadas por esta casa.

Na mesma linha estão as emendas que visavam obrigar o governo a alterar o PPA quando da inclusão de novos programas e ações orçamentárias. A relatora rejeita tais emendas destacando que isso já é uma determinação legal. Omite, no entanto, que tal determinação não tem sido cumprida pelo governo paulista.

Finalmente, cabe destacarmos a rejeição da emenda que prevê que os recursos aplicados na educação e contabilizados no percentual constitucional devem ser efetivamente pagos no prazo máximo de um ano. Este problema tem sido recorrentemente apontado pelo TCE, que observa recursos contabilizados como gasto na educação e que são efetivamente executados/pagos depois de diversos anos. A relatora diz que rejeita tal emenda por que este dispositivo já é legal. Omite mais uma vez que o Estado não vem cumprindo esta determinação do TCE.

A baixa capacidade em dialogar, inovar e aperfeiçoar o planejamento orçamentário do Estado demonstra que, neste aspecto, o atual governo segue as velhas fórmulas e práticas que colocam o Estado de São Paulo em posição de atraso em relação a outras Unidades da Federação.

Por estas razões, esta bancada encaminha voto contrário ao PL 290/12, bem como o voto favorável a todas as emendas da Bancada do PT, a fim de que sejam introduzidas todas as inovações e propostas anteriormente debatidas.

Dep. Alencar Santana Braga - Líder da Bancada do PT”

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência lembra a V. Exas. da sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia.

Está encerrada a presente sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 22 horas e 49 minutos.

 

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