10 DE AGOSTO DE 2009

039ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AOS “50 ANOS DA UFAM – UNIÃO DOS FERROVIÁRIOS APOSENTADOS DA MOGIANA”

 

Presidente: CÉLIA LEÃO

 

 

RESUMO

001 - CÉLIA LEÃO

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que esta sessão solene foi convocada pelo Presidente Barros Munhoz, a requerimento da Deputada Célia Leão, na direção dos trabalhos, para homenagear os "50 Anos da Ufam - União dos Ferroviários Aposentados da Mogiana". Convida o público a ouvir, de pé, o Hino Nacional Brasileiro. Dá conhecimento e agradece mensagens alusivas ao evento, encaminhadas pela Reitora da Universidade de São Paulo Professora Doutora Suely Vilela; pelo Secretário de Estado de Desenvolvimento de São Paulo Geraldo Alckmin; pelo Secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento João Sampaio; e pelo Governador do Estado de São Paulo José Serra. Enaltece o trabalho anônimo dos ferroviários que ajudaram a escrever a história da Mogiana. Elogia o trabalho dos ex-presidentes da entidade. Recorda os mais de dez anos de convívio com representantes dos funcionários. Ressalta as dificuldades e empenho da categoria para ver atendidas suas reivindicações. Faz histórico sobre a fundação do Sindicato da Mogiana.

 

002 - ARLEY MARTINS

Presidente da Ufam - União dos Ferroviários Aposentados da Mogiana, explica a origem da entidade. Faz retrospecto quanto à Mogiana e sobre as reivindicações da categoria. Ressalta a importância das ferrovias no surgimento e desenvolvimento das cidades paulistas. Agradece a adesão da Deputada Célia Leão à causa desses profissionais, especialmente quanto à reversão do corte de benefícios de oito mil pensionistas. Elogia a atuação dos advogados que lutam para que os ferroviários recebam, em vida, seus direitos.

 

003 - PAULO FRANCISCO

Presidente do Sindicato da Mogiana, faz histórico sobre a sua trajetória profissional e sindical. Recorda os prejuízos sofridos pela categoria na greve de 1948, no pós-guerra, sendo anistiados em 1954. Enaltece a "Lei Cássio Amorim", ferroviário e Deputado deste Legislativo. Tece considerações sobre as divergências entre os vários setores ferroviários, agora unidos. Lamenta a privatização de ferrovias. Justifica seu apoio à Deputada Célia Leão, do PSDB, mesmo como tesoureiro do diretório do PMDB de Campinas, tendo em vista o fato de a Parlamentar lutar pela categoria.

 

004 - ARLEY MARTINS

Presidente da Ufam, presta homenagem, com entrega de quadro, à Deputada Célia Leão.

 

005 - PAULO FRANCISCO

Presidente do Sindicato da Mogiana, presta homenagem, com entrega de quadro, à Deputada Célia Leão.

 

006 - Presidente CÉLIA LEÃO

Agradece as homenagens recebidas. Presta homenagem, com a entrega de placas, aos Srs. Hélio de Souza Regato, Presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores Ferroviários, representado pelo secretário-geral da Ufam, José Afonso; Paulo Francisco, presidente do Sindicato da Mogiana; e Arley Martins, presidente da Ufam.

 

007 - CLAYTON MACHADO

Vereador à Câmara Municipal de Valinhos, destaca a representatividade de Valinhos, ligada à região de Campinas. Discorre sobre a importância das ferrovias para o crescimento das cidades. Elogia a luta constante dos ferroviários da Mogiana. Fala da justeza da homenagem. Faz referências ao projeto para criação de trem de alta velocidade para a cidade de Campinas. Enaltece o cinquentenário de emancipação política de Valinhos.

 

008 - Presidente CÉLIA LEÃO

Faz agradecimentos ao Presidente deste Legislativo, Deputado Barros Munhoz. Discorre sobre as representações partidárias desta Casa e a democracia. Tece considerações sobre as falas dos oradores que ocuparam a tribuna. Fala de sua fidelidade ao PSDB. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Célia Leão.

 

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O SR. PRESIDENTE – CÉLIA LEÃO - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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A SRA. PRESIDENTE – CÉLIA LEÃO – PSDB - É com imensa alegria e emoção que estamos aqui hoje no plenário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o “chão sagrado”, como sempre digo, porque aqui 94 parlamentares representam os nossos quase 41 milhões de habitantes de São Paulo, comemorando os 50 Anos da UFAM. Lembrando sempre que somos o maior Estado da Federação e esta é a maior Assembleia Legislativa da América Latina. Daí sua importância e grandeza.

É com essa alegria que quero registrar a presença do Presidente da UFAM, União dos Ferroviários Aposentados da Mogiana, Sr. Arley Martins, do Dr. Paulo Francisco, Presidente do Sindicato da Mogiana, que nos honra pelo seu trabalho, seu esforço e dedicação em relação à causa dos ferroviários que contam a história de São Paulo e do Brasil.

Queremos registrar a presença do Sr. Ayrton Guglielminetti, 2º vice-Presidente da UFAM, do Dr. Nelson Garcia, advogado das Entidades Ferroviárias do Estado de São Paulo, Dra. Darcy Rosa Julião, advogada das Entidades Ferroviárias do nosso Estado, Sr. José Afonso, Secretário-Geral da UFAM, Sr. João Novelli Neto, tesoureiro da UFAM, Sr. Waldemar Carreira, 1º tesoureiro da UFAM, Sr. Antonio Oropallo, advogado das Entidades Ferroviárias.

Queremos agradecer a presença, a delicadeza e a atenção do Vereador Clayton Machado, que sempre nos honra com sua presença nesta Casa, e pedir que leve nosso abraço à Câmara Municipal de Valinhos e à Vereadora Dalva Berto, Presidente daquele Poder Legislativo.

Queremos registrar a justificativa enviada pela Reitoria da USP, por meio da Professora Suely Vilela, pelo sempre Governador Geraldo Alckmin, hoje Secretário de Estado de Desenvolvimento, que por motivo justificado não pôde comparecer, pelo Dr. João Sampaio, Secretário de Agricultura e Abastecimento do nosso Estado, que envia seu abraço de reconhecimento à UFAM pelo trabalho.

Agradecemos ao Governador José Serra pela justificativa enviada ao Presidente da Casa, Deputado Barros Munhoz, a nós que solicitamos esta Sessão Solene e aos membros da UFAM pelos 50 Anos que estão sendo comemorados.

Abrimos nossos trabalhos com muita alegria, com muita emoção, por poder registrar nos Anais da Casa a história que será contada pelos seus protagonistas, pessoas que vivenciaram essa história, registrando o valor de muitos homens e mulheres que trouxeram o desenvolvimento para São Paulo e para o Brasil.

Sras. Deputadas e Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente efetivo desta Casa, Deputado Barros Munhoz - que não se encontra aqui por estar se recuperando de um problema de saúde -, atendendo solicitação desta Deputada, com a finalidade de homenagear os 50 Anos da União dos Ferroviários Aposentados da Mogiana.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Camerata da Polícia Militar do Estado de São Paulo

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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A SRA. PRESIDENTE – CÉLIA LEÃO - PSDB - Esta Presidência agradece à Camerata da Polícia Militar do Estado de São Paulo, pelo belo trabalho.

Antes de dar continuidade, queremos registrar a caminhada desta entidade. Costumo dizer, Sr. Arley, que uma história não é escrita apenas por uma pessoa; são necessárias várias mãos, vários corações, mentes e inteligências. Cinquenta anos são feitos e vividos dia após dia. É como se fosse uma estrada completa, que tem seu traçado para demarcar o espaço. Para que algumas pessoas possam pintar os próximos 100 quilômetros, certamente outras construíram os quilômetros anteriores.

Hoje, estamos comemorando os 50 anos da UFAM e sabemos que outros presidentes passaram pela entidade e ajudaram a escrever essa história. Talvez com maior ou menor dificuldade.

Estivemos juntos por inúmeras vezes com o Dr. Paulo Francisco, Presidente do Sindicato da Mogiana, para lutar e reivindicar por aquilo que é direito dessas pessoas que trabalharam e deram seu suor para que a ferrovia, em São Paulo, acontecesse e atendesse aquilo que é a razão maior, a sociedade. É um serviço público que diminuiu drasticamente, provocando, de acordo com os especialistas – aqueles que têm a clareza -, grande transtorno nos transportes em São Paulo e no Brasil.

Há mais de dez anos, tenho o privilégio de desfrutar a confiança de grandes homens, como o Dr. Paulo Francisco, o Dr. Arley, que me colocaram neste tema por conta de injustiças.

Fico muito à vontade em tomar assento na Presidência desta Assembleia e registrar nos Anais da Casa que defendo o que é justo, que luto por aquilo que acredito. Ao longo desse período em que estamos juntos nessa caminhada, sabemos quão difícil tem sido realizar aquilo que é direito de inúmeras pessoas do nosso Estado. Não estamos falando de pessoas que começaram sua vida agora. Estamos falando de pessoas que há muito tempo dão tudo de si e têm direito de receber aquilo que colocaram com seu suor e seu trabalho.

Foi mais ou menos assim que conheci a UFAM, o Sindicato da Mogiana, entidades que eu conhecia de nome e à distância.  Foi muito diferente quando conheci, de perto, o dia a dia, a luta constante de todos para que as coisas se realizassem.

A UFAM foi fundada em 30 de julho de 1959 e várias pessoas passaram por ali. Mas quero deixar registrado o nome daqueles que ali estiveram no início: Srs. Osvaldo Junker, José Soares Filho, Joaquim Leite da Silva, Isidoro Bosnardo, João Ribeiro dos Santos, Virginio Vescovi, Gumercindo de Campos, Benedito Diniz, Antonio Pires da Silva, Iandar Dias da Costa, José Ramos, Gumercindo Colombo, Leôncio Brasileiro, Francisco dos Santos Tavares, Cid Grosgnachi, Armando Miranda de Godói, Hugo Zamarion, Félix Zamarion, Vitor Zamarion, Nelson Alfredo Cohn, Hugo Del Porto, Osvaldo Guilherme, Ricardo Hoffman, Agostinho Gobbi, Heitor Medeiros, Herculano de Freitas, Pedro Nogueira, Silvio Pecioto, Sebastião Lopes, Antonio Giuliani e Antonio Foseschi.

Essas pessoas começaram esta história que não mais parou. Pelo contrário, fortaleceu, cresceu, fez justiça e, de maneira incessante, continua sua luta. Nós, da Assembleia Legislativa, nos sentimos muito honrados em fazer esta Sessão Solene para, junto com toda a sociedade de São Paulo, comemorar estes 50 Anos.

A UFAM tem hoje mais de quatro mil pessoas ligadas a ela, e lamentamos a perda de muitos dos nossos ferroviários, mas isso faz parte da vida.

Esta Presidência concede a palavra ao Sr. Arley Martins, Presidente de UFAM e, mais do que isso, nosso amigo.

 

O SR. ARLEY MARTINS – Estamos aqui hoje nesta Casa de Leis que representa a população do Estado de São Paulo para, em primeiro lugar, agradecer à Deputada Célia Leão pela honra de conceder esta maravilhosa Sessão Solene, que engrandece toda a categoria da Zona Mogiana.

Estamos unidos. A família Mogiana é uma só, formada pelo Sindicato dos Ferroviários da Zona Mogiana, órgão jurídico que nos representa, pela União dos Ferroviários Aposentados da Mogiana, que luta pelas reivindicações dos ferroviários aposentados e pensionistas e participa ativamente das assembleias.

A União dos Aposentados começou com pessoas que se uniram para, inicialmente, ter força junto à Mogiana e reivindicar seus direitos. Posteriormente, a Mogiana e outras quatro ferrovias uniram-se e formaram a Fepasa. A luta continuou com a UFAM e as demais entidades que fazem parte da Zona Mogiana.

O Sindicato, a União dos Ferroviários Aposentados, a Farmácia Sales de Oliveira, Centenária, a Associação dos Chefes Administrativos da Mogiana formam uma família, mantendo os laços que tinham quando na ativa. Isso é muito bom, porque as pessoas trocam ideias, relembram passagens da vida na ativa.

Em 1997, houve a passagem para a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. No início, encontramos algumas dificuldades. Julgavam que tínhamos muitos direitos. Temos direitos e precisávamos ter mais direitos pela dedicação do ferroviário durante diversas décadas. As estações eram abertas, formavam-se as vilas e, posteriormente, as cidades. Cidades essas que hoje possibilitam ao Estado grandes arrecadações. O ferroviário é importante, sim, porque ajudou no engrandecimento do Estado de São Paulo.

Quando passamos para a Secretaria da Fazenda, houve diversos questionamentos. Precisávamos que algum deputado ou deputada nos ajudasse. Procuramos a deputada da nossa Cidade de Campinas, Deputada Célia Leão, que nos atendeu e acolheu. Marcava as reuniões com o Secretário da Fazenda, com a Procuradoria do Estado de São Paulo. Aliás, ela não apenas marcava. Procurava saber, com o Paulo e comigo, as dificuldades para poder transmitir às autoridades. A Deputada Célia Leão vestiu a “camisa ferroviária”.  Em uma ocasião, estávamos às 13 horas em Campinas, a Deputada ligou e disse: “Arley, Paulo, venham aqui na Procuradoria que, às 15 horas e 30 minutos, estarei esperando vocês. Eles não estão recebendo vocês? Eu vou junto, e eles vão receber.”

Essa representação da Deputada é muito importante. Vou citar um exemplo. A Secretaria da Fazenda havia cortado a pensão de oito mil pensionistas. Acionamos diversas câmaras do Estado de São Paulo, sem êxito. Com o apoio da Deputada, conseguimos reverter a situação. Eram pessoas idosas desesperadas, porque não recebiam salário. Graças à força, à dedicação e ao convencimento da Deputada perante as autoridades, a situação foi revertida.

Não se faz nada separadamente. A família da Mogiana é unida porque a união faz a força. É por isso que estamos tendo êxito nas nossas ações. Queremos agradecer também aos nossos advogados, que são os melhores, porque têm revertido situações, têm possibilitado ganhos de causa que o Estado reluta em aceitar. Procuramos, inicialmente, não ir à Justiça. Procuramos esclarecer que o valor é justo e deve ser dado ao aposentado e pensionista. Infelizmente, tivemos de pôr as causas na Justiça e ganhamos, porque não havia qualquer dúvida. É o caso do abono 2400. O Estado entendeu que abono não era salário. Abono é salário, sim, para gastos com remédios, com alimentação.

Insistimos com o Governador, a Deputada insistiu com a Procuradoria, com relação ao abono 3800. Propusemos, inclusive, que o abono fosse pago em dez vezes. Mas o Estado, novamente, mesmo sabendo que ia perder, apresentou defesa. Nós recorremos à Justiça e, como temos advogados competentes, temos certeza que iremos ganhar também essa causa.

Gostaria que o Estado tivesse mais critério, que evitasse essa perda de tempo. Sabe o que está acontecendo, senhores? A demora é tanta que, depois da causa ganha, metade do grupo já faleceu. Os herdeiros que recebem. Gostaríamos que essas pensionistas recebessem esses valores em vida. Infelizmente, o Estado não compreende, e temos de recorrer à Justiça.

Mais uma vez, quero enaltecer o trabalho grandioso e o apoio que recebemos da Deputada Célia Leão. Obrigado a todos. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE – CÉLIA LEÃO – PSDB – É com essa verdade, Sr. Arley, com esse dinamismo, com essa crença, com essa força, que o senhor tem levado à frente os trabalhos da nossa UFAM. Exatamente por isso que me engajei nesta luta, que não era apenas sua, mas de milhares de pessoas e famílias, junto com o Sindicato. Vendo o respeito que o senhor dedicava a esta causa, não poderíamos tratar de maneira diferente.

Queremos registrar, com alegria, a presença da Sra. Helena Elias, da UFAM de Campinas.

Entendemos o papel do Estado, que é organizar uma sociedade, e a Secretaria da Saúde, particularmente, tem de cuidar do trabalho preocupando-se com o Orçamento. Por outro lado, entendemos o direito adquirido dessas pessoas. Por essa razão, fizemos coro e continuaremos assim junto ao senhor, Sr. Arley, e a nossa Associação.

Com a palavra, o Dr. Paulo Francisco, Presidente do Sindicato da Mogiana, que também faz parte da trajetória da nossa querida UFAM.

 

O SR. PAULO FRANCISCO – Quero agradecer o convite feito pela nossa nobre Deputada Célia Leão, para ocupar esta tribuna e estar presente nesta solenidade junto com os demais companheiros presentes, neste dia que podemos classificar com um dia de gala para a família mogianense.

Senhores, quero da tribuna desta Casa de Leis, pedir permissão à nossa Deputada para fazer um breve relato da nossa situação, da nossa vida ferroviária, da nossa ferrovia, em particular, e um pouco das outras demais ferrovias do Estado de São Paulo e do nosso Brasil.

Sou um ferroviário de nascimento. Nasci em 1938, à margem da linha, em uma turma de conserva da linha, na Cidade de São Simão, ex-Companhia Mogiana de Estrada de Ferro. Como ferroviário e filho de ferroviário, passei por todas as regiões da Mogiana – Baixa, Média e Alta Mogiana – e digo aos senhores que conheço a Zona da Mogiana de ponta a ponta, não apenas de trem, mas andando a pé.

Nossa querida Mogiana e as outras quatro ferrovias do Estado de São Paulo, incorporadas formaram a Fepasa. Comecei meu vínculo de emprego ferroviário nessa empresa na Cidade de Aguaí, em 1954. Em 1955, fui transferido para Campinas e vim a ser o substituto de Ayrton Guglielminetti, aqui presente, no telégrafo de Campinas.

Nessa empresa, tivemos altos e baixos. Em 1948, tivemos uma grande greve, porque a empresa passava por dificuldade pós-greve. Nossa grande reivindicação, na época, foi algo que hoje proporciona a comida, o remédio aos ferroviários já velhinhos, de cabeça branca, que é a complementação de aposentadoria.

Em 1948, perdemos a greve, e, ao perdê-la, passamos por muitas dificuldades, muitos dissabores. Companheiros morreram, outros foram trabalhar nos mais diversos serviços. Em 1954, veio a anistia, quando todos voltaram para a companhia e hoje desfrutam daquilo que produziram. Perdemos a greve em 1948, o que trouxe essa enorme tristeza, mas, em 1952, começaram a vir os seus frutos, quando o Governo do Estado foi autorizado por esta Casa a participar do capital da empresa como acionista majoritário. Começamos a receber algumas coisas, dentre elas, a nossa complementação de aposentadoria, que lutamos até hoje para manter, pois foi uma conquista muito importante para todo nós, ferroviários.

A lei que possibilitou nossa complementação, até hoje, é conhecida como “Lei Cássio Ciampolini” um ferroviário da Sorocabana, um grande deputado ferroviário. Em vida, disse muitas vezes a ele: “Deputado, se o senhor não tivesse feito mais nada dentro da Assembleia, só isso valeria por todos os seus mandatos.”

Depois disso, com as dificuldades que todos conhecem, o Estado, que participava do capital da empresa como acionista majoritário, uniu as cinco e formou a Fepasa. Tornei-me Presidente do Sindicato da Zona da Mogiana já na Fepasa. Veio a Fepasa, mas os sindicatos continuaram por zona – Zona Paulista, Zona Mogiana, Zona Sorocabana, Zona Araraquarense -, o que permanece até hoje.

Esses sindicatos se mantiveram unidos, apesar de um período de desentendimento em que todos saíram perdendo. Ao reconhecer que houve apenas perda nesse período em que estivemos distanciados por vários motivos, constatamos a importância da união para conseguir as coisas. Hoje, graças a Deus, voltamos àquela união, e os sindicatos estão unidos novamente, desenvolvendo um trabalho agora com muito mais dificuldade, porque o Estado não é mais o acionista majoritário. Nosso paradigma hoje é o de uma empresa privada.

A diferença entre ser empregado de uma empresa estatal e uma de iniciativa privada é brutal. O setor privado vê apenas números, não vê a pessoa. Vê apenas lucro.

O sindicato está com um problema a ser resolvido: a nossa data-base de janeiro de 2009 ainda está parada. Não conseguimos nenhum reajuste – nem para o ativo, nem para o inativo. Graças a essa união dos sindicatos, no dia 06 de agosto, decretamos uma greve. Já estamos em estado de greve e, no dia 14, vamos nos reunir para definir o dia e hora, a fim de buscarmos o que é nosso, o que temos direito.

Quando assumi o sindicato, essa mesma situação que existia entre os sindicatos também existia em diversas associações que formavam a nossa Mogiana. O mesmo ocorria nas outras associações das outras ferrovias. Algumas continuam assim até hoje, mas nós, graças a Deus, graças a um trabalho de aproximação entre as associações – sindicato, UFAM, Farmácia Sales, Associação dos Chefes Administrativos da Mogiana, um clube em Campinas -, formamos apenas um corpo. Hoje, somos cinco entidades, que, na realidade, têm apenas um nome: Mogiana. Não existe o menor ou o maior, o mais importante ou o menos importante.

Com essa unidade, demonstramos a todos que isso é verdadeiro. Eu sou Presidente do Sindicato, e Arley Martins é o vice-Presidente; Arley Martins é Presidente da UFAM, e eu sou vice-Presidente da UFAM. Com essa unidade, temos alcançado alguns objetivos.

Nos anos 48, 52, o trato da coisa era bem mais fácil do que quando o Estado, a Secretaria da Fazenda, assumiu de vez a negociação para a complementação da aposentadoria, porque a Mogiana passou a ser Fepasa que foi extinta e incorporada pela rede. A rede privatizou tudo, e os aposentados, as pensionistas, os inativos, foram para a Fazenda do Estado. Um pouco dos que estavam na ativa ficaram na rede, que hoje é Valec, e a grande maioria foi para a iniciativa privada, ex-Ferroban, hoje ALL, uma multinacional - ALL Brasil e as ALLs Sul, Norte, Oeste. A nossa é conhecida oficialmente como malha paulista.

Dentro do trabalho dessas cinco entidades, da convicção da união de todos, temos conseguido alguma coisa. Quando a folha de pagamento sai da empresa e vai para a Secretaria da Fazenda do Estado. Conhecemos uma deputada de valor dentro desta Casa, uma deputada que hoje faz o papel daquele grande deputado do passado, e até um pouco mais. Estamos falando da Deputada Célia Leão. 

No passado, tivemos um Cássio Ciampolini, um Eduardo Barnabé, um Rafael Baldacci, dentro desta Casa, hoje dizemos por toda nossa Zona da Mogiana: “Nós temos uma deputada na Assembleia. Chama-se Célia Leão.” Por que dizemos isso? Por que defendemos essa deputada com unhas e dentes em toda nossa região? Porque não tínhamos nesta Casa um deputado que lutasse por nós.

Ainda hoje o ferroviário não consegue sozinho eleger um deputado, tem de se somar a alguém. Nem isso nós tínhamos, nem essa soma com alguém. Fomos aconselhados por outro ferroviário de Campinas, que foi prefeito, a procurar a Deputada Célia Leão, que também é de Campinas. Segundo ele, era uma deputada excelente e poderia nos ajudar.

Procuramos a deputada e fomos recebidos maravilhosamente. O problema foi resolvido, a complementação de oito mil pensionistas foi entregue. Desde então, nós, devidamente identificados, temos participado das campanhas desta deputada. Não temos nenhum receio em dizer aos nossos representados: “Votem nesta Deputada.” Digo isso porque sou um homem de partido, sou um político, mas um político sindical. Da política partidária, também participo e sou um homem de partido. Sou do PMDB, do diretório de Campinas, mais precisamente, sou o tesoureiro do PMDB em Campinas. Digo sempre no nosso diretório: “Sou de partido, mas para deputado estadual, vou contrariar o partido e pedir voto para a Deputada Célia Leão.”

Temos de reconhecer quem nos socorre na hora em que estamos em dificuldade. A Deputada Célia Leão nos socorreu e continua nos socorrendo. A Deputada Célia Leão é testemunha do que digo, porque já andou pela nossa base. Isso que estou dizendo também já disse em Franca, Ribeirão Preto, na sua presença – somos Célia Leão.

Deputada, feito esse esclarecimento da nossa ferrovia, das outras ferrovias, quero dizer da nossa satisfação por essa luta, esse amor, essa perseverança em manter nossa categoria viva, apesar de bastante diminuída. Com a ajuda de Deus e de deputados como V. Exa. podemos dizer: o trem está voltando. O ferroviário também, mas de forma bem lenta. Esse avanço tecnológico não possibilitará que o ferroviário volte a ser do tamanho que já foi um dia. Mas o trem está voltando. Isso devemos à dedicação, ao esforço da família ferroviária e de deputados como a senhora que esperamos ter sempre nesta Casa para nos defender.

Incumbido que fui pelo nosso Presidente Arley Martins, quero entregar esta relíquia a Vossa Excelência que, em dinheiro, vale pouco. A intenção vale muito mais do que o material que aqui está.

Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE – CÉLIA LEÃO – PSDB – Obrigado, Dr. Paulo Francisco, por esse agradecimento carinhoso. Estamos fazendo uma sessão solene para homenagear os 50 anos da UFAM e as pessoas que escrevem essa história, e acabo eu sendo homenageada. Não posso negar a alegria, a honra e a emoção neste momento em receber esse presente de suas mãos, que é um pedaço importante da história da UFAM, onde aprendemos a cada dia com mestres como o senhor.

Vou receber esse presente, que será colocado em um local onde possa ser visto todos os dias, mas quero reparti-lo com tantos outros que, ao longo da história, também têm lutado para que a União dos Ferroviários e as pessoas que dela participam sejam, de fato, respeitadas.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE – CÉLIA LEÃO – PSDB – Estou nesta Casa, Presidente Arley, Presidente Paulo Francisco, há algum tempo, e a cada dia é um aprendizado. Com muita honra, humildade e alegria, estamos cumprindo nosso quinto mandato como representante do Estado, mas confesso aos senhores, aos telespectadores da TV Assembleia, aos leitores do “Diário Oficial”, que é a primeira vez que, em uma sessão solene, uma homenagem que queremos fazer para a sociedade ou para uma entidade, acaba voltando para nós. Recebo isso com muita honra. Tenham certeza de que esses dois quadros – um que conta a história da UFAM em um boletim periódico e outro que é um diploma – estarão colocados na parede do meu escritório para que, quando lá estiver, possa ver. Não seriam necessários esses presentes para eu lembrar, mas, de qualquer forma, estarão fortalecendo na memória uma obrigação, um compromisso que tem sido feito com muito amor, muito carinho e muita responsabilidade. Estou muito honrada e muito feliz.

Dando continuidade aos nossos trabalhos, gostaria também de homenagear algumas pessoas que simbolizam a história e a luta dessa nossa União dos Ferroviários. Antes de passar aos senhores esses diplomas, oferecidos por nós e por esta Casa, gostaríamos de lembrar aqueles que, junto com os senhores que hoje presidem o Sindicato e a UFAM, também tiveram seu momento e muito colaboraram para que a UFAM construísse sua história de cinco décadas.

Queremos registrar, para que conste nos Anais da Casa, o nome daqueles que foram Presidentes da UFAM. O primeiro Presidente foi o Sr. Osvaldo Junker, depois, tivemos o Sr. João Ribeiro dos Santos, o Sr. Virginio Vescovi, o Sr. Nelson Alfredo Cohn, o Sr. Vanderlei Chiarelli e o Sr. Arley Martins, eleito pela terceira vez em 2007, cujo mandato vai até 2012.

Queremos agradecer àqueles que escreveram essa história, e faremos a entrega desse pequeno mimo com muito amor e reconhecimento.

Chamamos o Sr. José Afonso, Secretário-Geral da UFAM para receber o diploma que será entregue ao Dr. Elias de Souza Regato de Andrade, Presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores Ferroviários, que se encontra no Rio de Janeiro e não pôde comparecer.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE – CÉLIA LEÃO – PSDB – Queremos chamar agora o Dr. Paulo Francisco que contou sua história e trajetória desde a infância, junto com a família, dando sua contribuição até hoje. O senhor disse que já tem seus 70 anos e não sabe até quando ficará. Nenhum de nós sabe até quando ficaremos, mas o que conta é a história, o trabalho, a dedicação de cada um.

Segundo o Governador Geraldo Alckmin, hoje Secretário do Estado e Desenvolvimento, com as pesquisas atuais, com a tecnologia moderna, com uma nova alimentação, com a qualidade de vida diferenciada, exercícios, a média de vida poderá chegar aos 120 anos. Se isso se concretizar, acredito que o senhor vai quebrar essa barreira.

Queremos entregar esse singelo quadro, agradecendo ao Sindicato da Mogiana, ao senhor por tudo que tem feito pelos nossos funcionários e ex-funcionários.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE – CÉLIA LEÃO – PSDB – Não podemos homenagear a todos de forma direta, mas de forma indireta, estamos homenageando todos aqueles que passaram por essa entidade.

Fico imaginando, Sr. Arley, a gama de pessoas que dá essa somatória. Já fomos uns 70 mil no Estado todo, hoje, somos 40 mil, mais ou menos. Estou com os senhores há aproximadamente 13 anos. Nesse período, lamentavelmente, muitas pessoas se foram, até mesmo sem receber aquilo que lhe era de direito, e foi pago a seus familiares.

De qualquer forma, queremos homenagear todos. Como disse o Dr. Paulo, os trilhos estão voltando, os trens estão voltando. A ferrovia, na verdade, jamais morreu e nunca sucumbiu. Não entendo muito, mas, nos dormentes, a ferrovia dormiu um pouco.

A ferrovia adormeceu, mas jamais sucumbiu e não vai sucumbir, porque é um dos meios de transporte mais baratos, mais eficazes e menos poluentes, haja vista, os trens de alta velocidade na Europa. Como disse o Dr. Paulo, os ferroviários não voltarão com aquela grandeza que tinham, mas não existe trem sobre trilho se não houver um ferroviário.

Temos conosco o Vereador Clayton, um homem que, do dia que conheci até hoje, me incentiva, até me instiga, a brigar no bom sentido - uma briga respeitosa - com nosso Governo ou com a Secretaria da Fazenda; a mostrar o direito adquirido dessas pessoas que querem apenas aquilo que lhes é de direito, por tudo que fizeram por São Paulo. Incentiva-me ainda a brigar por um meio de um transporte que foi muito eficaz para nossa sociedade.

Quando soube dos 50 Anos da UFAM, Sr. Arley, o primeiro sentimento, além de alegria, de agradecer a Deus por tudo que nos tem ajudado nessa caminhada, foi fazer uma homenagem a todos os senhores para aplaudir esta vitória. Afinal de contas, chegar a 50 anos não é uma tarefa simples e não é para aqueles que têm alma pequena. Os senhores são grandes em todos os sentidos: grandes de inteligência, grandes de persistência, grandes de alma.

Por tudo isso, na pessoa do Sr. Arley Martins, quero cumprimentar a todos pelo trabalho, do qual tenho a honra de ser sou uma serva – se assim posso me colocar – a serviço de todos os senhores.

Receba, Sr. Arley, este quadro com todo nosso reconhecimento.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE – CÉLIA LEÃO – PSDB – Teremos a honra agora de ouvir as palavras sempre grandiosas do Vereador Clayton Machado.

Outro dia, uma pessoa fez um comentário singelo, que recebi com muita alegria, dizendo que eu sempre me encontrava presente nos eventos, no trabalho. Fiquei me indagando: o que significa a presença das pessoas no nosso dia a dia, no nosso trabalho? Hoje posso dizer o que significa presença. Presença é a marca daquele que acredita, daquele que tem compromisso.

Não poderia deixar de fazer um agradecimento especial ao Vereador Clayton Machado, pois em todos os nossos eventos de trabalho, reuniões, está presente para, não apenas aplaudir, trazer seu compromisso junto a essa tarefa da vida pública.

Com muita honra, a Assembleia Legislativa de São Paulo abre o microfone da tribuna oficial para o Vereador Clayton Machado fazer sua manifestação nesta manhã em que homenageamos a UFAM pelos seus 50 anos.

 

O SR. CLAYTON MACHADO – Deputada Célia Leão, quero saudar V. Exa., Presidente desta Sessão Solene, que homenageia uma entidade de grande expressão no nosso Estado. Quero saudar o Sr. Arley Martins, Presidente da UFAM, Sr. Paulo Francisco, Presidente do Sindicato da Mogiana, e demais presentes.

Está é uma manhã muito brilhante, Deputada. Quero cumprimentá-la pela iniciativa da realização desta sessão e dizer que nos sentimos honrados em estar presente por duas razões. Uma por fazer parte de uma solenidade como esta e outra por estar aqui representando nossa Cidade de Valinhos, bem próxima à Cidade de Campinas, que tem uma história muito bonita para nosso Estado, graças ao seu trabalho.

Quero deixar nosso reconhecimento à UFAM que trouxe para o Estado de São Paulo, por meio de um trabalho brilhante, o desenvolvimento. Olhando o informativo sobre os 50 Anos da UFAM, pudemos extrair um pouco da sua história. Algumas cidades do Estado de São Paulo nasceram graças ao investimento da Mogiana, que instalava os prédios da ferrovia. Logo em seguida, casas eram construídas ao seu redor, nascendo assim uma cidade.

O Estado de São Paulo, a locomotiva do nosso país, deve muito de seu progresso aos senhores e às senhoras que, por meio de uma luta constante, conquistaram tudo isso que temos hoje. Nosso muito obrigado.

Existe uma frase muito conhecida que diz o seguinte: “Dar honra a quem honra.” Hoje, nesta manhã, uma categoria das mais importantes do nosso Estado está sendo honrada por uma entidade que representa um dos poderes do nosso Estado, a Assembleia Legislativa.

É bom lembrar que Campinas foi o berço da ferrovia e hoje está sendo desenvolvido ali um novo projeto: implantação do TAV – Trem de Alta Velocidade. Tudo isso é consequência de um trabalho iniciado há muitos anos.

Valinhos também faz parte dessa história. A Câmara Municipal de Valinhos, há pouco tempo, completou seu cinquentenário de emancipação política, assim como a UFAM completa seus 50 anos de história. Não são 50 dias, não são alguns meses, mas meio século. Vale, portanto, o nosso reconhecimento.

Mais uma vez, Deputada Célia Leão, quero cumprimentá-la pelo seu trabalho e por oferecer a todos que representam a UFAM esta belíssima homenagem. Vossa Excelência, uma deputada atuante, participativa, está sempre atenta aos interesses a anseios da sociedade.

Nosso muito obrigado. Parabéns a todos os senhores e senhoras. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE – CÉLIA LEÃO – PSDB – Muito obrigado, Vereador Clayton Machado, um grande homem, com o qual os senhores também podem contar.

Quero, mais uma vez, agradecer a todos pela presença e justificar a ausência do nosso Presidente Barros Munhoz, um grande líder, que foi Ministro da Agricultura do nosso país, deputado federal, prefeito de Itapira por três vezes, hoje deputado estadual, Secretário de Estado. Tem um currículo bastante importante e hoje preside esta Casa. O Deputado Barros Munhoz, por motivos de saúde, não pôde comparecer, mas deixou um grande abraço a todos pelos 50 anos da UFAM.

Sr. Arley, Dr. Paulo, meus senhores e minhas senhoras, quero expressar minha imensa alegria por esta solenidade. Eu me recordo quando os conheci. Eu entrei por uma porta que me levava à UFAM, sem muito saber, na verdade, quem iria encontrar, qual a situação que me seria apresentada. Confesso que, para minha surpresa, encontrei homens já formados, maduros. Se não estiver equivocada, naquele momento, com exceção da secretária, eu era a única mulher.

Eu quis entender como funcionava essa coisa de ferrovia, como era a luta de homens por direitos de milhares de pessoas e em que eu poderia ser útil. Fui recebida com muito carinho e, de lá para cá, não foi diferente.

Tenho grandes e bons amigos em todos os partidos políticos. Hoje, esta Casa é formada por 15 partidos, entre os quais o PSDB, partido com grandes lideranças - Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso -, do qual participo desde sua fundação há 20 anos.

Quero dizer que aprendi na política - como venho aprendendo em todos os instantes - a entender a democracia, que é exatamente o papel que cumpre este Parlamento, com magnitude, decência e respeito, procurando entender as diversas posições e ideias. Em resumo, democracia é o respeito a posições diferentes das pessoas. 

Esses 20 anos de política – somando meu mandato de vereadora do Município de Campinas, o qual muito me honrou, por ter sido o meu começo na vida pública e na política – têm sido um aprendizado. Nada me fortalece tanto em defender um Parlamento e a sua democracia vivida intensamente todos os dias, em períodos de bonança ou dificuldade, do que palavras como as do Sr. Arley, que, com respeito, vem ao microfone da Assembleia, cobrar, com respeito, do Poder Público aquilo que é direito de um grupo de pessoas.

O Dr. Paulo, com a singeleza que lhe é peculiar, disse que leva meu nome a amigos, a pessoas pela minha trajetória, que ele conheceu. E confesso que até fiquei um pouco constrangida, mas um constrangimento de amor. O Dr. Paulo, como ele próprio disse, é do PMDB, também um grande partido. No ano de 1982, o PMDB realizou um grande feito: dos 26 Estados, 24 governadores foram eleitos pelo PMDB. Ou seja, 90% do Brasil foi governado pelo PMDB, além do Governo Federal, que também era desse, partido onde tenho grandes amigos.

As oscilações que acontecem nos partidos políticos vão sendo entendidas como momentos em que a população e a sociedade se colocam com maior ou menor veemência, atendendo ao clamor e aos reclamos dessa mesma sociedade.

Estou muito feliz em presidir uma sessão com homens e mulheres que entenderam o papel da democracia, independente da questão político-partidária, independente das idades. Sabemos que a nossa média de idade beira hoje os 70 anos. Como o Sr. Arley sempre fala com muito carinho e respeito, temos as “nossas velhinhas”. Já vi, muitas vezes, com lágrimas nos olhos, muitas delas partindo sem receber o seu direito adquirido.

Quero deixar uma mensagem de respeito ao Governo, que é meu também, pois sou do partido do Governador José Serra, que sabe poder contar comigo em todas as bandeiras. O comando vem no sentido de dizer o que é bom para o Estado. Eu me sinto soldado partícipe deste Governo e posso dizer que estou nas primeiras fileiras.

Da mesma forma sou leal, Dr. Paulo, como o senhor. Da mesma maneira que sou fiel ao Governo no qual acredito, também tenho de ter a grandeza e responsabilidade de lutar em defesa do nosso povo. Fui eleita com quase 125 mil votos para, literalmente, representar o povo. E representar o povo, para mim, é representar o Sindicato da Mogiana. Representar o povo, para mim, é representar nossa União dos Ferroviários Aposentados da Mogiana, UFAM.

Quero dizer aos senhores que contem comigo. Sei que poderia ter feito melhor, ter feito mais. Deus não colocou gratuitamente duas orelhas em todos nós e apenas uma boca. Com certeza, fez isso para que falássemos menos e ouvíssemos mais, inclusive para levar um puxão de orelha quando necessário.

Os senhores têm o meu respeito pela sua história. Meus pais me ensinaram que as pessoas com mais idade merecem sempre o nosso respeito, a nossa gratidão, e, certamente, são pessoas mais sábias do que nós.

Nos meus parcos e maravilhosos 54 anos, quero dizer que sou uma aluna dos senhores. Aquilo que os senhores precisarem – seja neste Governo ou em governos futuros – podem contar comigo. É só dar o comando de ordem que esta soldada estará pronta para servi-los.

Antes de encerrar nossa sessão, quero agradecer a toda nossa equipe de trabalho, nosso escritório em Campinas, nosso gabinete em São Paulo, aos funcionários desta Casa, ao Presidente Barros Munhoz, ao Cerimonial, aos fotógrafos, à Dona Yeda, à Secretaria Geral Parlamentar, ao pessoal da Ata, da Taquigrafia, do Som, à Polícia Militar, à nossa Imprensa, à nossa Polícia Civil, e à nossa TV Assembleia, que tem levado para nossos 645 municípios todo o trabalho que acontece na Assembleia de São Paulo.

Quero cumprimentar de forma especial a TV Assembleia que tem feito um trabalho grandioso, muitas vezes com dificuldade, e, em nenhum momento, sai do seu posto.

Espero, onde estiver na minha vida, poder cumprimentar a UFAM em todos seus aniversários. Quem sabe fazer uma festa muito bonita de 60 anos. Os 100 anos da UFAM, alguém fará e estaremos, em algum outro lugar, aplaudindo pelo trabalho realizado.

Esgotado o objeto da presente sessão, a Presidência agradece às autoridades, aos funcionários desta Casa e àqueles que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e 55 minutos.

 

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