27 DE AGOSTO DE 2004

40ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO DA “ABERTURA DO 18º CONGRESSO DOS MUÇULMANOS DA AMÉRICA LATINA E CARIBE”

Presidência: SAID MOURAD

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 27/08/2004 - Sessão 40ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: SAID MOURAD

 

ABERTURA DO 18º CONGRESSO DOS MUÇULMANOS DA AMÉRICA LATINA E CARIBE

001 - SAID MOURAD

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia as autoridades presentes. Informa que esta sessão solene foi convocada pela Presidência efetiva, a pedido do Deputado ora na condução dos trabalhos, com a finalidade de realizar a abertura do 18º Congresso dos Muçulmanos da América Latina e Caribe, com o tema "O Islã contra a discriminação". Convida a todos para, de pé, ouvirem a execução do Hino Nacional.

 

002 - AHMAD NASSER

Aluno do Instituto "Abubakr Assidk de Memorização do Alcorão". Procede a leitura do Alcorão, em língua estrangeira, que em seguida foi traduzida pelo professor Samir El Hayek.

 

003 - JAMIL MURAD

Deputado Federal. Lê mensagem do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Confirma seu desejo de paz para a Palestina e o fim da discriminação para com o povo árabe.

 

004 - DOUGLAS MARTINS DE SOUZA

Representante da Ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Discorre sobre as funções da Secretaria, como a construção de políticas efetivas de integração e defesa das liberdades fundamentais do cidadão.

 

005 - ABDALAH AL OBEID

Presidente do Instituto de Direitos Humanos do Reino da Arábia Saudita. Fala sobre o intercâmbio entre o Brasil e os países árabes, demonstrando um forte vínculo, principalmente no combate ao terrorismo.

 

006 - BIDOUR NAJJUR

Presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana, que se pronuncia em língua estrangeira.

 

007 - Presidente SAID MOURAD

Anuncia apresentação musical dos alunos da Escola Islâmica de Vila Carrão sob a regência do xeique Mohamad Amama.

 

008 - MOHAMED HABIB

Diretor do Instituto de Biologia da Unicamp. Tece considerações sobre os ataques americanos ao Afeganistão e ao Iraque.

 

009 - RAYA MOURAD

Presidente da Liga das Senhoras Muçulmanas. Destaca exemplos nos escritos do Islã, que defendem a igualdade e a justiça.

 

010 - DAMASKINOS MANSOUR

Arcebispo Metropolitano da Igreja Ortodoxa Antioquina. Pronuncia-se em língua estrangeira sem tradução simultânea.

 

011 - HASSAN GARIB

Diretor da Associação Beneficente Islâmica do Brasil. Diz sobre a oportunidade que o Congresso Islâmico proporciona de expor a visão do Islã referente ao tema: "O Islã contra a discriminação".

 

012 - MONSENHOR SANTI

Representante da Igreja Católica no Congresso Islâmico. Agradece pela oportunidade de participar do presente Congresso.

 

013 - RICARDO CERQUEIRA LEITE

Membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Reflete sobre a discriminação, principalmente a religiosa.

 

014 - NAWFAL ASSA MOSA ALSSABAK

Vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil/Iraque. Tece considerações sobre as funções da Câmara de Comércio e o apoio que dará aos empresários brasileiros para identificar e explorar as oportunidades que beneficiarão a reconstrução do Iraque.

 

015 - PAULO SAAD JAFET

Vice-presidente do Grupo Bandeirantes de Comunicação. Demonstra o apoio do Grupo para a divulgação da verdade da comunidade islâmica.

 

016 - SAID MOURAD

Presta homenagem ao Sr. João Carlos Saad, presidente do Grupo Bandeirantes.

 

017 - JAMILE ABDEL LATIF

Diretora do Instituto Jerusalém do Brasil. Fala sobre a atuação do Instituto e sua contribuição para a construção de um Estado Palestino onde não haja violência.

 

018 - Presidente SAID MOURAD

Anuncia apresentação musical.

 

019 - MARIAM AHMAD SAIFI

Professora do Instituto Aysha de Memorização do Alcorão. Discorre sobre o papel da mulher na sociedade e a discriminação que sofrem no decorrer dos séculos.

 

020 - MUFTI ABDUL FATAH AL BEZM

Pronuncia-se em idioma estrangeiro sem tradução simultânea.

 

021 - Presidente SAID MOURAD

Anuncia apresentação teatral e de vídeo sobre congressos e atividades assistenciais islâmicos.

 

022 - AHMAD ALI SAIFI

Presidente do Centro de Divulgação do Islã para a América Latina e Caribe, como também do presente Congresso. Faz agradecimentos aos Deputados Jamil Murad e Said Mourad pela oportunidade de falar sobre  mundo muçulmano. Narra a última peregrinação do Profeta.

 

023 - Presidente SAID MOURAD

Destaca a atualidade do tema abordado neste Congresso e dá seu depoimento sobre o inconformismo dos muçulmanos diante das injustiças. Agradece a todos os que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

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O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - (Expressão pronunciada em língua estrangeira) Queremos agradecer a presença do nobre Deputado Federal Jamil Murad; Sr. Ahmad Ali Saifi, Presidente do 18º Congresso Internacional dos Mulçumanos da América Latina e Caribe; Prof. Dr. Abdullah Bin Saleh Al -Obaid, membro do Majlis Ash Shura, Presidente do Instituto de Direitos Humanos do Reino da Arábia Saudita; Mufti Abdul Fatah Bezm, de Damasco, Síria; Dr. Issam Abou Abbas, Presidente da Associação Beneficente Islâmica do Brasil; Prof. Dr. Mohamed Habib, Diretor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas; Sra. Raya Mourad, Presidente da Liga das Senhoras Muçulmanas; Sr. Hassan Ali Garib, Diretor da Associação Beneficente Islâmica do Brasil; Sr. Douglas Martins de Souza, representando a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial; Dra. Jamile Abdel Latif, Diretora do Instituto Jerusalém do Brasil; Sr. Paulo Saad Jafet, vice-Presidente do Grupo Bandeirantes; Nawfal Assa Mossa Alssabak, vice-Presidente da Câmara de Comércio e Industria Brasil/Iraque; Oussama Selo,vice-cônsul da Síria; Bidour Najjur, Presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana; Ali El - Khatih, superintendente do Instituto Jerusalém do Brasil; Cheik Khalil El Saifi, representando a Universidade Azhar do Líbano; Ricardo Cerqueira Leite, membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias; Dr. Nasser Al - Tuwaim, Diretor do Centro Cultural Islâmico “Custódio das Sagradas Mesquitas, Rei Fahd” em Buenos Ayres, representando o ministro de Assuntos Religiosos do Reino da Arábia Saudita; Cheique Ali Abdoune, Representante da Comunidade Muçulmana no Brasil; Shekh Jhad Hassan Hammadeh, vice-Presidente da Assembléia Mundial da Juventude Islâmica; Farouq Al - Tabba, membro da Câmara de Comércio de Damasco; Dr. Hussam Al - Dean Farfour, vice-Presidente da Sociedade Islâmica Al Fath; Raul Tárek Fajuri, Presidente da Revista CHAMS; José Carlos Espinoza, representando S.Exa. o Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva; Deputado Federal Vicentinho; Mohamad Chedid, da Liga da Juventude Islâmica; Dom Damaskinos Mansour, arcebispo Metropolitano da Igreja Ortodoxa Antioquina; Mustapha Abdouni, Cônsul Honorário do Reino Hashemita da Jordânia em São Paulo; Dr. Rasheed Shamdeen, diretor do Centro Cultural Árabe - Sírio no Brasil; Sheick Taleb Jumaa representante de Sua Eminência Mufti Geral do Líbano, Mohamed Rachid Kabani; Akram Mohamed, representando Antonio Rodrigues Fernandes, Presidente Nacional do PTdoB; Cheik Abdul Ati Hussein, Imãm Mesquita Brazil; Yahya Al Nahlaw, vice-Cônsul da Síria; Jamil Mazloum, da Sociedade Islâmica Brasileira - Guarulhos; Eduardo Felício Elias, Presidente da FEARAB - São Paulo, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Sidney Beraldo, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de realizar a abertura do 18º Congresso dos Muçulmanos da América Latina e Caribe, com o tema “O Islã contra a discriminação”.

Convido todos os presentes para em pé ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Policia militar do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro 2º Tenente Músico Jássen Feliciano.

 

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- É executado o Hino Nacional brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Esta Presidência agradece à Banda da Policia Militar.

Ouviremos agora a leitura do Alcorão, que será feita pelo Sr. Ahmad Nasser, e apresentação dos alunos do Instituto Abubakr Assidk, de Memorização do Alcorão.

 

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- É feita a leitura do Alcorão em língua estrangeira, sem tradução simultânea.

 

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O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Minhas senhoras e meus senhores, agora vamos ouvir a tradução da leitura do Alcorão feita pelo Professor Samir El Hayek.

 

O SR. SAMIR EL HAYEK - Em nome de Deus clemente e misericordioso, oh crentes que nenhum povo zombe de outro, é possível que os zombadores sejam melhores do que os zombados. Que nem uma mulher zombe de outra, é possível que esta seja melhor do que aquela. Não vos difameis, não vos motigeis, não useis os apelidos mutuamente. Muito vil é o nome que denota maldade.

Oh crentes, evitai o quanto possível a suspeita, porque algumas suspeitas implicam em pecado. Não vos espreiteis, não vos calunieis mutuamente. Quem de vós seria capaz de comer a carne de seu irmão morto. Tal atitude vos causa repulsa.

Temei a Deus porque ele é remissório e misericordiosíssimo. Oh, humanos, em verdade nós vos criamos em macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado dentre vós, ante Deus, é o mais temente? Sabei que Deus é sapientíssimo e está bem inteirado. E Deus diz a verdade.

Continua a leitura do Alcorão (Sem tradução simultânea.)

 

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- É feita a leitura de mais uma parte do Alcorão.

 

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O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Esta Presidência concede a palavra ao nobre Deputado Federal Jamil Murad.

 

O SR. JAMIL MURAD - Sr. Presidente, nobre Deputado Said Mourad, autoridades religiosas, autoridades diplomáticas, representantes do Governo, minhas senhoras e meus senhores, o José Carlos Espinoza, que representa o Presidente da República nesta Sessão Solene, e o Deputado Vicentinho me solicitaram para ler uma mensagem do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, dirigida ao 18o Congresso dos Muçulmanos da América Latina e Caribe, que faço agora.

“Mensagem do Senhor Presidente da República para o 18º Congresso dos Muçulmanos da América Latina e Caribe

Brasília, 27 de agosto de 2004

Prezados Congressistas,

Dirijo-me aos senhores, com muita satisfação, para cumprimentá-los pela realização, no Brasil, do 18º Congresso dos Mulçumanos da América Latina e Caribe, em especial pela escolha do tema dos trabalhos.  "O Islã contra a discriminação".

De fato, durante minha vida, tenho lutado em favor da igualdade nos grupamentos sociais e, em conseqüência, contra qualquer forma de discriminação.  Não foi por acaso que, no nosso governo, criamos a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial  e a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Esses órgãos, entre outras atribuições, existem para formular políticas que contribuam pua coibir ações discriminatórias contra cidadãos por motivo de raça ou da condição feminina.  Temos, por exemplo, trabalhado ativamente para reparar injustiças históricas contra a população afrodescendente, em particular na área educacional.

É, portanto, fato muito auspicioso que o mundo Islâmico se posicione contra a discriminação, e seus governos atuem de forma a promover as mesmas oportunidades para as pessoas, independentemente de raça ou de sexo, observadas evidentemente as –características  culturais de cada sociedade.

O povo brasileiro, por sua índole e história, cultiva a tolerância e o respeito pela pluralidade de idéias. Diferentes religiões convivem hoje em nossa pátria pacificamente e seus adeptos têm dupla liberdade de culto, o que é garantido pela Constituição. Entendemos que deva ser assim e pensamos constituir o Brasil exemplo para outras nações.

Nosso governo tem também tomado posições firmes em apoio ao princípio da não-intervenção e da autodeterminação dos povos.  Consideramos que a Organização das Nações Unidas deve continuar, como já fez no passado, a trabalhar para todas as nações terem seu território livre e soberano.  Esse pensamento aplica-se, é claro, igualmente ao povo palestino, cuja luta eu e meu partido vimos apoiando há muitos anos.

Por fim, desejo que dos debates deste conclave resultem propostas que reforcem as ações de pessoas, organizações e governos contra as diferentes formas de discriminação - ostensiva ou velada - a fim de prevalecer, não só na América Latina e no Caribe, mas em todo o mundo o lema que granjeou o respeito universal: liberdade, igualdade e fraternidade.

Recebam todos meu cordial abraço.

Luiz Inácio Lula da Silva

Presidente da República Federativa do Brasil”

Após ter a honra de ler a mensagem do nosso Presidente da República, quero em poucas palavras, também em meu nome, trazer o nosso desejo, o nosso apoio, a nossa expectativa de que este Congresso traga um fortalecimento da luta pela liberdade, pela igualdade, liberdade de religião, coisa que hoje não temos. Ainda nesta semana uma mesquita do Iraque foi bombardeada covardemente por forças de ocupação.

Também gostaríamos que nesse conclave fortalecêssemos a idéia de que todos os homens e mulheres são iguais no mundo, diferentes do que pregam dois senhores da guerra, o Sr. Bush e o Sr. Sharon. (Palmas.) Os povos não toleram essa discriminação, essa perseguição, essa violência contra os árabes e, particularmente, contra os muçulmanos, além de outras violências contra outros povos, mas, particularmente, contra os muçulmanos.

Sabemos que o islamismo busca um fator de desenvolvimento, de cultivo da civilização humana e de fortalecimento da paz. Quem provoca a guerra, quem busca a guerra são aqueles que ocupam território de outros povos, impõem governos, perseguem seus habitantes, sua religião, procuram por todos os meios ser superior para poder explorar as riquezas dos outros povos, para poder tomar o território dos outros povos, para escravizar outros povos.

Fiz um pronunciamento na Câmara dos Deputados, nesta semana, solidarizando-me com 1.500 presos palestinos que estão em greve de fome. (Palmas.) É intolerável a situação nas prisões de Israel, que não respeita nenhuma lei internacional, não respeita a Convenção de Genebra, procura por todos os meios dizimar o povo palestino para ocupar definitivamente suas terras. Nós também somos solidários ao povo iraquiano, que luta com bravura e valentia para conquistar sua liberdade e colocar para fora da sua casa os ocupantes, os opressores. (Palmas.) Queremos agradecer aos muçulmanos de todas as partes do mundo pelo muito que fizeram pela humanidade ao longo de toda a sua existência.

Desejo que este Congresso dê um importante passo num momento muito difícil não só para os árabes, não só para os muçulmanos, mas para toda a humanidade. Essas feras humanas são um risco não só para os muçulmanos, não só para os árabes, mas para todos os povos. Precisamos superar essa fase tão difícil que vive a humanidade e, particularmente, os povos árabes e muçulmanos. Contem sempre com a nossa decisão, a nossa vontade, a nossa determinação de contribuir para que todos os povos vivam com igualdade, com respeito, com cooperação.

Tenho prazer de dizer que apóio o Presidente Lula, porque considero que é um grande amigo dos árabes, um grande lutador contra a discriminação. (Palmas.) Ainda ontem, em Brasília, tive um encontro com o Embaixador Ouro Preto, que está terminando sua missão na China e vai assumir o papel de embaixador para a paz no Oriente Médio para trabalhar pela paz no Oriente Médio. Também já está lá o diplomata que representa o Itamaraty na cidade de Ramallah para que não precisemos depender da embaixada em Tel Aviv, mas termos também o representante do Itamaraty junto à autoridade palestina.

O Presidente Lula está organizando o encontro dos chefes de Estado da América Latina com os chefes de Estado árabes. Portanto, é um momento auspicioso para nós. Temos de aproveitar este momento para dar passos importantes para a cooperação entre o povo brasileiro e o povo árabe, entre o povo brasileiro e os muçulmanos do mundo todo e para a cooperação, igualdade e ajuda entre os povos de todo o mundo. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Tem a palavra o Sr. Douglas Martins de Souza, representando a Ministra Matilde Ribeiro.

 

O SR. DOUGLAS MARTINS DE SOUZA - Sr. Presidente, autoridades parlamentares, autoridades religiosas, representantes de governo, senhoras e senhores presentes, venho a este evento para trazer não só a palavra de solidariedade da Ministra Matilde Ribeiro, Secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, e também uma expectativa que, para a nossa Secretaria, reveste-se em eventos como este, pelo fato de que a missão institucional da Secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial é exatamente o tema que se coloca neste Congresso.

Informo aos presentes que, nos dias 11, 12 e 13 de maio de 2005, será realizada, pela primeira vez em nosso Ppaís, a 1ª Conferência de Promoção da Igualdade Racial, onde será debatida não apenas a questão da discriminação,  será discutida, debatida e receberá por parte dos participantes daquela Conferência as políticas necessárias de combate, como também todas as formas de intolerância correlatas. Penso que estse evento é parte destsa iniciativa. , ainda que não tenhamos formalmente estabelecido. (Palmas.)

há pouco foi dito aqui, por parte pelo do Deputado Jamil Murad, lendo a mensagem citando as palavras do Presidente da República, que o ato concreto de o Presidente ao criar essas duas Secretarias , de determinação deste Governo de não representará apenas só ccombater, resoluta e decisivamente, qualquer forma de discriminação, mas como também construir no seio da nossa sociedade políticas efetivas de integração e defesa das liberdades fundamentais dos cidadãos, entre as quais colocam-se as liberdades de culto de religião.

             Digo isso porque há uma tendência, atualmente, de se associar a política externa de uma determinada potência, na n a figura da repulsa e da , na figura de iinimizade, a tradicionais e históricas manifestações religiosas e segmentos religiosos, que muito contribuíram para a construção da tolerância e da cultura humanas.

Nós não temos essa posição, pelo contrário, nós a combatemos  essa posição, e temos o compromisso de ceder o espaço, quando da realização da na nossa Conferência, aos representantes do Is, para que lá, naquele espaço, também façam uma trincheira de defesa, de construção da tolerância religiosa, da harmonia entre os povos e da defesa da liberdade fundamental que todo cidadão deve ter, em qualquer país que se julgue minimamente civilizado, como sinal de da divergência de idéia e de solidariedade com todo aquele que quer expressar o seu pensamento e a sua liberdade religiosa. Meus parabéns aos promotores deste evento e contem conosco!

Muito obrigado! (Palmas.)

 

O Sr. Presidente - Said Mourad - PFL - esta PPresidência agradece a brevidade de vosso discurso e concede a palavra concede a palavra ao ao Dr. Abdallah Al Obeid, Presidente do Instituto de Direitos Humanos do Reino da Arábia Saudita, que terá como tradutor o Professor Samir El Hayek. (Palmas.)

 

O SR. Abdallah Al Obeid - Pronunciamento feito em idioma estrangeiro, com tradução simultânea do Sr. Samir El Hayek. - em nome de Deus, clemente e misericordioso! Louvado seja Deus e que a sua paz e graça estejam com o nosso Profeta e com todos os profetas e seus mensageiros!

Meus caros irmãos,  e minhas caras irmãs, é uma excelente oportunidade esta em que nos encontraemos aqui, conhecendo-nos  e nos conheçamos uns aos outros, c. orroEm corroborando as ção às palavras que Deus Todo Poderoso nos ensina no alcorão sagrado, que diz aos humanos: por certo que, em verdade, nos vós criamos em macho e fêmea e vos constituímos em povos e tribos para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que Alá é sapientíssimo.

Necessitados estamos em nos creconhecermos uns aos outros, entendermos uns aos outros e termos a consciência de que Deus nos fez todos iguais para nos reconhecermos uns aos outros. Devemos nos conhecer e cooperar uns com os outros. A sociedade humana, inteira, deve cooperar-se entre si. Sem o conhecimento, sem a cooperação, cada um imagina do outro o que quiser. Quando alguém desconhece o outro, o teme. Devemos nos conhecer para não haver temor e ntre nós e haver cooperar ção, sempre.

No ano passado, encontramo-nos em Brasília para discutir um tema que era atual: o terrorismo. Hoje, encontramo-nos, novamente, para discutir um tema também crucial: a discriminação racial, que também fez parte fazia parte do tema do ano anterior. Agradecemos ao governo brasileiro pela recepção que nos oferece, fornece, cooperando conosco em todas as atividades. Esse tratamento honra-nos e nos dá todo o orgulho.

Hoje, encontramo-nos na Assembléia Legislativa para tratar do problema da discriminação racial e devemos tratá-lo com inteligência e com ssabedoria para chegarmos à solução do problema. Caros irmãos, participam convosco deste evento, irmãos das duas mesquitas sagradas, da Mesquita de (?) e do representante do Líbano, para cooperar convosco na solução do problema.  da discussão deste evento.

 

O intercâmbio que está havendo entre o Brasil e os países árabes, e entre o Brasil e os muçulmanos, só demonstra o vínculo forte que há entre ambos os povos: o brasileiro e o árabe muçulmano.

É evidente que há grupos que estão sendo discriminados e acusados de terrorismo. Isso é injusto. Hoje, designa-se a guerra ao terrorismo a um grupo em particular e esse grupo não deve, de forma alguma, ser acusado porque ele cumpre com todas as suas obrigações, segue o direito internacional e o direito da Organização das Nações Unidas, combatendo também o terrorismo, fazendo imperar a justiça e o direito entre os povos. O mundo árabe e o mundo muçulmano também combatem o terrorismo e esperam que haja uma uma cooperação, forte e inabalável, entre os dois povos para o desenvolvimento de ambos.

Meus cumprimentos, e agradecendo ao governo brasileiro e ao irmão Ahmad Ali Saifi pela promoção deste evento. Que a paz de Deus esteja com todos vocês. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Gostaríamos também de agradecer a presença de Maria Antonia Awad, Diretora da revista Al Urubat.

Passo agora a palavra para a Sra. Bidour Najjur, Presidente do Departamento Feminino da Sociedade Beneficente Muçulmana de São Paulo. (Palmas.)

 

A SRA. BIDOUR NAJJUR - Pronunciamento feito em língua estrangeira, sem tradução simultânea.

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Teremos agora uma apresentação dos alunos da Escola Islâmica de Vila Carrão, sob a regência do Sheik Mohamed Ahmad Amame.

 

O SR. REGENTE SHEIK MOHAMED AHMAD AMAME - Fala em língua estrangeira sem tradução simultânea.

 

ALUNA - Somos da Escola Islâmica Brasileira e lá, como em nossas casas, aprendemos tudo o que é certo e o que é errado e o que podemos fazer para melhorar o mundo.

 

ALUNO - Como em nossa escola convivem raças e crenças diferentes.

 

ALUNA - Estou muito feliz por estar aqui representando a nossa escola e os nossos valores, que são a fé, a importância do conhecimento, a solidariedade, a dignidade e o respeito.

 

ALUNO - Todos os dias agradeço a Deus pela existência da Escola Islâmica Brasileira, que é um berço de luz que nos direciona à verdadeira luz e a nossa felicidade. Muito obrigado.

 

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- É feita uma apresentação musical. (Palmas.)

 

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O SR. REGENTE SHEIK MOHAMED AHMAD AMAME - Fala em língua estrangeira sem tradução simultânea.

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Tem a palavra o professor Mohamed Habib, Diretor do Instituto de Biologia da Unicamp. (Palmas.)

 

O SR. MOHAMED HABIB - Que a paz de Deus e a sua misericórdia estejam com todos vocês!

Dirijo-me ao meu amigo, ao meu irmão, Deputado Said Mourad, para saudá-lo, saudar todos os Deputados e esta Casa Legislativa por, mais uma vez, abrir as portas para receber a nossa comunidade como demonstração de ética, justiça e carinho com a comunidade muçulmana em São Paulo e no Brasil. Muito obrigado, Deputado. (Palmas.)

Na realidade, sinto-me extremamente exausto e sem energia. Não é pelo trabalho do cotidiano, não é pelo desgaste físico intelectual da minha profissão, mas exatamente pelos momentos difíceis que o mundo está passando. São momentos de tristeza, de fraqueza, momentos em que o mundo perdeu os seus valores. Neste momento tento recuperar um pouquinho de energia para poder falar neste ato de solenidade da abertura do XVIII Congresso Islâmico.

Para eu conseguir essa energia tenho que lembrar o princípio básico da religião islâmica. O muçulmano é aquele que se submete apenas ao Criador, apenas a Deus, teme apenas ao Criador, e por isso vou ter a coragem de em poucos minutos mostrar por que o mundo está passando por essa situação difícil e bastante triste.

Os últimos Congressos Islâmicos, e desde 11 de setembro de 2001, tentam, e até hoje a partir dos temas escolhidos mostrar de uma forma bastante humilde, bastante modesta, bastante elegante e educada, que os árabes e os muçulmanos não têm absolutamente nada com o chamado terrorismo internacional. Aliás, os árabes, os muçulmanos e cristãos estão sendo vítimas do terrorismo internacional.

É importante definir, então, quem é esse terrorismo internacional. Nesse sentido, e bem rápido, para não atrapalhar o tempo dos demais irmãos que vão falar aqui, hoje está muito claro, depois que se passaram três anos, e já que o império norte-americano não apresentou nenhuma prova sobre os verdadeiros responsáveis pelo atentado de 11 de setembro, mas que foi um atentado suficiente para invadir e para massacrar dois povos: o povo de Afeganistão, que foi invadido um mês depois de 11 de setembro, e o povo do Iraque, que foi invadido pela segunda vez a partir de março de 2003.

Essa farsa do império, que hoje resulta em massacrar três povos: o palestino, que vem sendo massacrado desde a década dos 30, e oficializou-se o massacre a partir de 1948, e até hoje está sendo massacrado. Inventaram o slogan do terrorismo internacional, para usar como pretexto para massacrar povos de três países.

Essa farsa hoje já está bem revelada. Hoje o mundo já está sabendo dessa grande mentira. A última mentira a que assistimos nas telas de televisão, para termos um exemplo muito simples, eu acho que os árabes todos perceberam isso, foi quando no dia 12 de dezembro do ano passado, após nove meses da invasão do Iraque, ocorreu a invasão que se iniciou no dia 20 de março de 2003. O ataque verdadeiro se concretizou no dia 21 de março, coincidentemente, o Dia das Mães no mundo árabe. O presente que as mães árabes receberam no ano passado foi o massacre do povo iraquiano.

No dia 12 de dezembro do ano passado assistimos, nas telas da televisão, à farsa da captura do ditador iraquiano, Saddam Hussein. Aparece a imagem inclusive do abrigo dele, do buraco na terra, do pé do soldado americano e aparecem as tamareiras. Acho que todos viram. Essa gravação eu tenho até hoje. Nessa gravação aparecem as tâmaras maduras, amarelas, lindas. Que dia? 12 de dezembro de 2003. Senhores que viveram no mundo árabe, em que época as tâmaras amadurecem? Em dezembro? Em pleno inverno? Ou é uma fruta de verão, de julho e agosto?

O mundo precisa acordar das grandes mentiras que o império tenta fazer. Hoje a máscara caiu. Hoje a intelectualidade internacional, o mundo acadêmico, as Universidades do mundo inteiro já sabem dessa grande mentira.

Cabe a nós, aqui, neste Congresso, fazer a denúncia e pedir em público para pararem imediatamente o massacre dos três povos árabes e muçulmanos. Para pararem imediatamente a ocupação militar. O mundo precisa acordar.

Não há mais tempo a perder. As almas, as milhares e milhares de almas que estão se perdendo no Oriente Médio, não podem mais esperar. Agradeço a todos. E até a vitória. Muito obrigado. (Palmas)

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Esta Presidência concede agora a palavra à Sra. Raya Mourad, Presidente da Liga das Senhoras Muçulmanas.

 

A SRA. RAYA MOURAD - Em nome de Deus, o clemente, o misericordioso. Autoridades eclesiásticas, autoridades políticas e sociais, presidentes de entidades, senhoras e senhores, muito boa noite.

Hoje é um dia especial, quando estamos comemorando o 18º Congresso Islâmico da América Latina. Rogamos a Deus que se repita por vários anos e que nos traga sempre ensinamentos cada vez mais preciosos.

Foi pregada pelo profeta Mohamad Salalah a busca do conhecimento contínuo, documentado na primeira surata do Alcorão sagrado. O tema proposto hoje é de suma importância. Aqui estamos neste nobre evento, onde todos nós, unidos sob o mesmo intuito, com a mente única, sob o mesmo coração, defendemos e lutamos por uma nobre causa que é a indiscriminação racial. Defendo, assim, os direitos dos oprimidos.

Caros irmãos, o Islã desde os seus primórdios prega o lícito e condena o ilícito. Prega a justiça entre os seres humanos. Exemplo dessa justiça é a indiscriminação racial. Um dos exemplos que o Islã nos ensina sobre a discriminação é o exemplo da peregrinação a Meca, quando todos os seres - brancos, negros ou amarelos, reis e súditos, pessoas ricas e pessoas pobres - todos naquele momento são iguais perante Alá.

Um outro exemplo é quando o Islã, no seu nascedouro, quando foi construída a primeira mesquita, o primeiro adham, que é o primeiro chamamento para a reza, por escolha do profeta Mohamad Salalah, foi feita pelo bilal que pertencia à raça negra.

Poderíamos continuar dando vários exemplos de escritos no Islã, em defesa da igualdade e da justiça, mas o tempo é precioso. Trabalhamos e rogamos a Deus que possamos, através da globalização e desses exemplos, ajudar esses povos para que pronto todos nós sejamos iguais, conforme sabemos que somos, perante Deus.

Em nome da Liga das Senhoras Muçulmanas agradeço a atenção. Parabéns ao Sr. Ahmad Ali Saifi, por esse maravilho evento. Parabéns também ao Deputado e sobrinho, Said Mourad, pelo trabalho que tem feito pela comunidade. (Palmas).

E Alá, único, aceite este grande gesto de divulgação e perpetuação da continuidade do Islã. Felizes nós, árabes e brasileiros, por aqui morarmos, pois, se compararmos o Brasil com outros países, sabemos e vemos que a discriminação racial aqui não existe. Todos nós somos iguais independente de raça, cor ou religião. Muito obrigada e muito boa noite.

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - É com grande satisfação que convidamos agora, para ouvirmos as palavras, dom Damaskinos Mansour, arcebispo metropolitano da Igreja Ortodoxa Antioquina.

 

O SR. DAMASKINOS MANSOUR - Pronunciamento em língua estrangeira sem tradução simultânea.

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Com a palavra o Sr. Hassan Garib, Diretor da Associação Beneficente Islâmico do Brasil.

 

O SR. HASSAN GARIB - Sr. Presidente, dirigentes políticos, sociais e religiosos, aos organizadores deste Congresso, principalmente o Sr. Ahmad Ali Saifi, senhoras e senhores, em nome de Deus, clemente e misericordioso, que a paz de Deus e a bênção estejam com o Profeta Mohamed e a todos os seus antecessores desde Adão. O diálogo hoje é a melhor arma existente para a convivência do nosso futuro como seres humanos racionais, pois temos a grande satisfação de sempre compartilhar e contribuir com a sociedade e com essa imensa nação em todos os sentidos, tanto nas áreas sociais, econômicas, políticas da melhor forma possível e ao alcance de todos, conforme os ditos islâmicos que, no decorrer dos séculos passados, evoluíram para nações num grande progresso exponencial até os dias de hoje com a sua sabedoria, pureza e eficácia.

Para os muçulmanos da América Latina e Caribe, o 18º Congresso Islâmico nos dá mais uma vez uma grande oportunidade de expormos a visão do Islã referente a este grande tema: “O Islã contra a discriminação”. Infelizmente, em pleno Século XXI, sofremos com esse tipo de atitude que não leva a nada, e que não só está inerente e presente nos governantes e estados, mas também em nosso dia-a-dia. O Islã vem, em sua essência, oferecer aos habitantes da Terra a melhor forma de vida, garantindo a felicidade e prosperidade para a sociedade no seu todo, sendo que a estrutura da vida social é muito nobre, sã e compreensiva.

Dentre as mais diversas formas que a Doutrina Islâmica nos ensinou, destaca-se o amor sincero pelos semelhantes, o respeito e a tolerância. A nossa realidade é cruel, principalmente no que se refere ao tema que será debatido e discutido no Congresso nesses próximos dias. Vítimas inocentes são massacradas diariamente, injustamente, pela discriminação que se impõe por intolerância às diferenças. Não só há segregação, mas também se chega a posições inaceitáveis, como extermínio, eliminação de culturas com seus objetivos distorcidos, e até se adota uma política de destruição em massa, visando interesses próprios e pessoais.

O Alcorão foi bem claro ao relatar que a diferença perante Deus nada mais é do que o grau de fé que cada ser humano obtém durante a sua vida terrena, não é pela cor, raça, sexo e outras mais. O Islã veio da paz, buscando sempre estabelecer igualdade social e humanitária. E isso é uma responsabilidade e dever de cada um de nós, pois o Islã caracteriza-se, dentre seus pontos básicos, através da compreensão, cooperação entre as nações pela bondade e piedade marcada pelo pleno reconhecimento entre si.

Não poderíamos deixar de refletir sobre os recentes episódios tristes da região, principalmente de Iraque, país que vem sofrendo com as injustiças internacionais quando todos os governantes se calam diante desse grande genocídio. Dezenas e dezenas de civis são assassinados diariamente, de forma bruta, por intrusos, tropas americanas sitiadas na região, que ofendem principalmente lugares sagrados do Islã, como a Mesquita de Grande Mohamed Ali. Não estão só agredindo diretamente a Mesquita do Mohamed Ali, como símbolo e base do Islã, mas também indiretamente atacam a cifra de 1,2 bilhões de muçulmanos existentes na face da Terra.

Agradecemos mais uma vez por esta Casa abençoada, a Assembléia Legislativa, e pelas pessoas que aqui trabalham para o desenvolvimento e progresso da sociedade. Este é o lema da nossa Bandeira verde, amarela, azul e branca: “Ordem e Progresso”. Desejamos sucesso em nossos trabalhos e neste Congresso. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - É com grande satisfação que convidamos agora, para fazer o uso da palavra, o Sr. Monsenhor Santi, representante da Igreja Católica no Congresso Islâmico.

 

O SR. MONSENHOR SANTI - Sr. Presidente desta organização, autoridades civis, religiosas, muito obrigado por este 18º Congresso Islâmico. O nosso irmão Saifi, que tanto prestigia e ama estes povos, que são vocês, senhoras e senhores, jovens da religião islâmica, aqui presentes, que sempre com grande coração convida a todos nós, de outras denominações religiosas, para participar como irmãos e dar a nossa contribuição, até um pouco miserável porque somos pouca coisa, mas de coração, à grande luta pela paz, pela fraternidade, pela vida. (Palmas.)

O Presidente disse três minutos e eu digo três palavras: amor, paz e fraternidade. O amor é o dom que Deus nos deu como criatura, de qualquer raça, religião e de qualquer forma que vivamos neste mundo. Nós temos que amar. A paz é o dom que nós portamos e celebramos dentro do nosso coração a irmãos de todo tipo, religião e raça. Já viajei muito neste mundo e me senti irmão porque encontrei irmãos. A fraternidade é a luta que temos de travar todos os dias para criar espaços, grupos, entidades para que possam espalhar a paz neste mundo de injustiça, de opressão e de domínio.

É lógico que a minha saudação é italiana, e o povo italiano está com vocês. Estou certo que o povo que quer viver a paz e a fraternidade sente-se irmão de todos. Gostaria que vocês acolhessem este carinho, que é a saudação do povo italiano a toda a religião islâmica do mundo, com a qual convivi na África por vários anos, e agora aqui no Brasil.

Irmão Saifi, que sempre me faz partícipe das suas reuniões internacionais, é com grande amor e carinho que aqui participo. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Convidamos agora para fazer o uso da palavra o Sr. Ricardo Cerqueira Leite, membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

 

O SR. RICARDO CERQUEIRA LEITE - Sr. Presidente, senhores membros da Mesa, autoridades eclesiásticas, autoridades políticas presentes, senhoras e senhores, é com muita humildade e gratidão que aceitei o convite para usar da palavra e adicionar, talvez, algo mais a tudo aquilo que já foi dito. Sensibilizo-me muito com as boas causas, sensibilizo-me muito com as pessoas de bem e com as boas causas.

Ao pensar no que poderia falar nesta noite, veio-me à mente a Escritura no momento da criação do homem, quando Deus disse: “E façamos o homem à nossa imagem e semelhança.” Portanto, todos nós somos filhos de Deus. Não consigo imaginar um pai que possa admitir diferenças entre os seus filhos. Imaginemos nós, como pais, admitirmos algo assim. Todos nós somos filhos de Deus.

Junto com o atributo de filhos de Deus, trouxemos a esta existência o direito de escolha, o livre arbítrio, o direito de escolher adorar a Deus na forma de nossa consciência, na forma como sentimos. E este direito é sagrado, é um direito que nos é assegurado pelas legislações, pela história da humanidade. Felizmente, a nossa Constituição nos assegura o direito de igualdade. Todos nós somos iguais perante a lei.

Infelizmente, o homem muitas vezes faz diferenças, muitas vezes discrimina. Mas que todos nós possamos lembrar que somos filhos de Deus, que somos irmãos. Eu sou contra qualquer discriminação, minha família é contra qualquer discriminação.

Sinto-me muito feliz e muito honrado em trazer a minha voz neste grandioso evento, que está reunido com o propósito de lutar contra qualquer discriminação. Infelizmente não falo árabe, mas gostaria de dizer que a paz do Senhor possa estar com todos nós!

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Tem a palavra o Sr. Nawfal Assa Mossa Alssabak, vice-Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil/Iraque.

 

O SR. NAWFAL ASSA MOSSA ALSSABAK - Sr. Ahmad Ali Saifi, Presidente do Congresso; Deputado Said Mourad; Deputado Jamil Murad; autoridades governamentais; autoridades diplomáticas; autoridades religiosas; senhoras e senhores presentes, boa-noite.

Em nome da Câmara do Comércio e Indústria Brasil/Iraque e da comunidade iraquiana no Brasil gostaria de agradecer o convite e a oportunidade de estarmos representados em tão importante evento.

Nós, iraquianos, sentimo-nos renascidos com a esperança de um novo Iraque. Desde os anos 60 o povo iraquiano se viu subjugado a um regime de um governo ditatorial e ao embargo econômico imposto pela ONU a partir de 1990, impondo grande flagelo ao povo iraquiano e gerando pobreza antes inexistente.

Apesar de o Iraque ainda se encontrar em um inquieto processo de transição política originado por interesses e propósitos duvidosos, hoje está resgatada entre a população a esperança de um país livre e democrático. O Iraque voltou a freqüentar os círculos internacionais nos negócios. Pelo fato de ter ficado muitos anos sujeito ao bloqueio comercial existe uma demanda imensa por muitos bens e serviços. O país se tornou uma das prioridades mundiais de investimento porque é a segunda maior reserva mundial de petróleo.

Vislumbrando a nova era iraquiana e para retribuir o carinho com que o Brasil acolheu a comunidade iraquiana, fundamos a Câmara do Comércio e Indústria Brasil/Iraque. Era chegada a hora de estabelecer uma ponte comercial direta entre os dois países que sempre foram importantes parceiros comerciais.

A Câmara do Comércio e Indústria Brasil/Iraque foi constituída para facilitar e incrementar as relações comerciais, culturais e sociais entre o Brasil e o Iraque, visando colaborar para o desenvolvimento humano e pacífico entre as duas nações.

Agora que o Iraque começa a sua reconstrução, os empresários brasileiros poderão contar com o apoio da Câmara para identificar e explorar oportunidades naquele país. Todos os segmentos dos negócios podem se beneficiar com a reconstrução do Iraque. Mas não é somente com negócios que se estabelecem uma relação de amizade, estima e respeito mútuo. Também nos ocupamos com a aproximação cultural, social e esportiva entre os nossos países.

Neste importantíssimo momento da história do Iraque e dos seus filhos conclamamos a todos, independente de raça e religião, a se engajarem no processo de reconstrução e estabilização do Iraque livre e democrático e que o Brasil, este país maravilhoso, sirva de exemplo, pois nele vivem todas as raças e todas as religiões com respeito e convivência pacífica. É isto, se Deus quiser, que a Câmara levará ao Iraque.

Por fim, pedimos a este Congresso uma recomendação de apoio ao governo provisório e ao povo do Iraque. Estaremos de portas abertas e à disposição de qualquer pessoa, de qualquer segmento, que deseje participar de alguma forma deste momento histórico. Viva o Brasil, viva o povo brasileiro! Viva o Iraque, viva o povo do Iraque! Que Deus seja louvado! (Palmas).

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Tem a palavra agora o Sr. Paulo Saad Jafet, vice-Presidente do Grupo Bandeirantes de Comunicação.

 

O SR. PAULO SAAD JAFET - Sr. Presidente Deputado Said Mourad, legítimo representante da classe árabe e do povo muçulmano.

Quero agradecer o convite para estar neste XVIII Congresso Islâmico. Tenho certeza de que o que motivou este convite foi a história da Bandeirantes, que, como uma rede, um grupo de comunicação, sempre procurou a verdade. É esta busca da verdade que norteia os nossos princípios e é a melhor maneira que achamos de acabar com a discriminação. Incessantemente iremos buscar a verdade da comunidade islâmica e divulgá-la apesar da imensa máquina de propaganda que existe no mundo.

Vocês podem contar com a Rede Bandeirantes, que hoje opera duas redes de televisão aberta, duas redes de televisão fechada e duas redes de rádio no Brasil todo. Podem contar com a Bandeirantes como uma rede que vai divulgar a verdade da comunidade islâmica.

Ao agradecer o convite quero fazer um pedido: que Deus ilumine esse caminho para o qual fomos escolhidos e que nos afaste dos extraviados, dos desviados. (Palmas).

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Agora o Sr. Ahmad Ali Saifi irá homenagear o Sr. João Carlos Saad, Presidente do Grupo Bandeirantes, na pessoa do Sr. Paulo Saad Jafet, vice-Presidente do grupo.

 

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- É feita a homenagem.

 

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O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Tem a palavra a Dra. Jamile Abdel Latif, Diretora do Instituto Jerusalém do Brasil.

 

A SRA. JAMILE ABDEL LATIF - Boa noite. O Instituto Jerusalém do Brasil é uma organização não governamental que atua na área da Educação, Cultura, Direitos Humanos e que pretende dar a sua modesta contribuição para a construção de um Estado Palestino onde não haja a violência.

Existe uma espiral da violência. A primeira, verdadeira e única mãe da violência é a violência institucional, é a violência de um sistema injusto que exclui a possibilidade de vida e dignidade humana a um grande grupo.

É esta violência que gera a segunda violência, a violência do fraco, do excluído, do oprimido. A violência daquele que vê o seu direito à vida, o seu direito ao trabalho, o seu direito à Educação, o seu direito à Saúde, serem negados em benefício de uma minoria hegemônica.

Esta violência é sempre reprimida pela terceira violência, a violência do Estado, muito mais assassina que a violência revolucionária do oprimido que luta de forma legítima pelo seu direito sagrado e inalienável de vida, trabalho, Educação e Saúde. É uma impostura chamar de violência, chamar de terrorismo, apenas a segunda forma, a forma do mais fraco, do oprimido, do escravizado.

É uma impostura chamar de violência o palestino que perdeu a sua fábrica, o palestino que perdeu a sua terra, que vê a sua casa sendo destruída, que até hoje tem a sua terra confiscada para fazer um muro em seu território, que proíbe o seu acesso ao seu trabalho, que proíbe os seus filhos de irem à escola, que obriga a sua mulher a dar a luz num posto de controle, na frente dos militares, que obriga a ver o seu filho recém-nascido ser assassinado num posto de controle, sem os cuidados médicos, que obrigam ver o seu poço ser salgado, que obrigam ver seu gado ser confiscado e assassinado, que obrigam ver as suas oliveiras serem arrancadas, o seu filho preso numa prisão israelense, sendo torturado sem um processo ou sequer uma acusação formal.

É impostura chamar essa reação legítima pela vida, pela dignidade, pelo apelo ao mundo de que sou humano, que a minha mulher é humana, os meus familiares são humanos, os meus filhos são humanos. Quero vida, quero trabalho, quero escola, quero saúde.

É uma impostura chamar essa reação de violência e terrorismo, ao passo que é o Governo de Israel que ocupa a terra palestina, que proíbe o trabalho palestino, que confisca todos os nossos direitos humanos, em nome da defesa da ordem. Que ordem? A ordem que oprime, que mata, que exclui? Isso não é ordem.

A única forma de acabar com a violência no Oriente Médio e em todo o mundo é lembrar que a violência é uma espiral. É preciso matar a mãe da violência, a violência institucional.

Enquanto houver injustiça, enquanto não houver acesso ao básico, ao trabalho, à liberdade de trabalhar, ao ir e vir, à liberdade de cultivar a sua terra, à liberdade de ter a sua casa, não haverá paz, não haverá forma de cessar a violência.

Todos os povos oprimidos do mundo, em todas as épocas, do negro que se rebelou contra a escravidão, do índio que se rebelou contra a sua escravidão, do iraquiano, que está sob a ocupação militar americana, de todos os povos ainda sob a ocupação militar, inclusive o palestino sob ocupação militar americana e israelense, apelam para os homens de boa-fé que todos precisam trabalhar contra essa violência institucional, contra a injustiça, se não, não existe paz. O que estamos fazendo é uma mera impostura. Obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Agora teremos uma apresentação dos alunos do Instituto Aysha de Memorização do Alcorão, sob a regência da Sra. Mariam Ahmad Saifi.

 

A SRA. MARIAM AHMAD SAIFI - Em nome de Deus, clemente e misericordioso, Sr. Presidente da Assembléia, Sr. Presidente do Congresso, Srs. Deputados, senhores em destaque à Mesa, senhoras e senhores (frase pronunciada em língua estrangeira).

Este é o XVIII Congresso que participo, e aqui já foram debatidos muitos assuntos importantes: o Islã e outras religiões, o Islã a respeito do terrorismo, a história do Islã no Brasil, a família e a mulher no Islã, o Islã e o mundo, e agora, este assunto de igual importância: a discriminação. No Islã todos são tratados igualmente, tanto na recompensa como no castigo.

No versículo 21, da (frase pronunciada em língua estrangeira), Deus diz: “Oh humanos, adorai ao Vosso Senhor que vos criou, bem como aos vossos antepassados, que assim tornar-vos-ei virtuosos.”

Deus não dirige ordem nem aos homens, nem às mulheres, nem negros e brancos, nem pobres e ricos e nem uma raça específica. Deus diz: “Oh humanos”, convocando a todos a cumprirem as ordens por Ele determinadas.

Sendo assim, quero falar do papel da mulher na sociedade. A mulher sofre um tipo de discriminação discreta, pois grande quantidade das mulheres ganha menos que os homens fazendo o mesmo trabalho. São proibidas ou impedidas de estudar por puro preconceito. São usadas como alvo da mídia para a venda de produtos, e até são incentivadas a praticarem cirurgias para que sejam bem pagas.

Com essas pequenas felicidades são discriminadas, pois se elas não são como desenham no papel, não crescem, pelo contrário, não são qualificadas, pondo a sua beleza em primeiro lugar. Nós, mulheres, somos muito mais do que isso. Nosso papel na sociedade é importantíssimo, pois somos geradoras, educadoras, companheiras e confidentes.

Vou falar de uma das mulheres mais nobres e puras do mundo: a Nossa Senhora Maria, que pariu o profeta e mensageiro Jesus, por milagre de Deus, e que sofreu todo o preconceito de quem não acreditou no mensageiro, quando ainda nenê disse: “Sou mensageiro de Deus”, sem falar, somente apontando ao nenê, e por isso será uma das primeiras mulheres a entrar no paraíso. Esse é um grande exemplo de paciência e luta contra o preconceito, pois ficou firme e lutou para cumprir a sua missão.

Tento ser uma mulher ativa: ajudo meu marido, cuido dos meus filhos, ajudo no que posso a sociedade, e ainda fui presenteada a coordenar uma escola de ensinos gerais de memorização do Alcorão, prática da religião e ensinamento do papel das meninas na sociedade, e que um dia elas formarão cabeças.

Antes de apresentar os alunos da escola Aysha, quero agradecer as professoras Nina e Meisa, que me ajudam para que a escola atinja o seu objetivo. (Palmas.)

Vou terminar a minha mensagem com uma pequena história: Veio até o profeta Mohamed uma mulher e perguntou: “Oh, Profeta, por que Deus só se refere aos homens? Então foi revelado ao profeta o versículo 35, em nome de Deus Clemente e Misericordioso, quanto aos muçulmanos e às muçulmanas, aos fiéis e às fiéis, aos consagrados e às consagradas, aos verazes e às verazes, aos perseverantes e às perseverantes, aos humildes e às humildes, aos caritativos e às caritativas, aos jejuadores e às jejuadoras, aos recatados e às recatadas, aos que se recordam muito de Deus e às que se recordam muito de Deus, saibam que Deus tem destinado a indulgência e uma magnífica recompensa”.

Agradeço em primeiro lugar a Deus e ao Sr. Ahmad Ali Saifi pelo esforço da divulgação. Quero parabenizá-lo por mais este congresso. Que Deus ilumine a todos. (Frase pronunciada em língua estrangeira). As meninas farão a apresentação.

 

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- É feita uma apresentação em língua estrangeira com a seguinte tradução consecutiva:

 

 

ALUNA Nº 1 - Em nome de Deus o Clemente e o Misericordioso, sabeis que os crentes são irmãos. Reconciliai, pois em vossos irmãos e também a Deus, para que sejais compadecidos. Oh crentes, que nenhum povo zombe do outro. É possível que os escarnecidos sejam melhores do que eles, escarnecedores. E tampouco, que nenhuma mulher zombe da outra, porque é possível que esta seja melhor do que aquela. Não vos difameis com os apelidos mutuamente. Muito vil é o nome que denota maldade para ser usado por alguém, depois de ter recebido a fé. E aqueles que não se arrependeram serão iníquos. Deus disse a verdade!

 

ALUNA Nº 2 - Em nome de Deus, o Clemente e o Misericordioso, humanos, em verdade nós vos criamos homens e mulheres e vos dividimos em povos e tribos para que vos reconhecêsseis uns aos outros. Sabeis que o mais honrado entre vós ante Deus é o mais temente. Sabei que Deus é sapientíssimo e está bem inteirado diante da verdade.

 

ALUNA Nº 3 - O profeta Mohamed, que ele tem a voz de Deus, disse: Todos somos iguais aos dentes do pente; não há diferença entre o árabe e o não-árabe, a não ser a sua fé.

 

ALUNA Nº 4 - O mensageiro Mohamed - que a paz de Deus esteja com ele, disse duas palavras faladas pela língua são fáceis que serão pesadas que pesará nossas ações e que também serão pesadas por deus, o Clemente. Louvado seja Deus e agradecido, louvado seja Deus o Grandioso! (Palmas)

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Agradecemos a presença do Engenheiro Husam Mansur, Presidente da Sociedade Muçulmana de Maringá, neste ato representando também a Confederação Palestina no Brasil.

A Presidência concede a palavra ao Mufti Abdul Fatah Al Bezm, de Damasco, Síria.

 

O SR MUFTI ABDUL FATAH AL BEZM - Pronuncia-se em idioma estrangeiro sem tradução simultânea.

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Vocês estão sentados aí faz uma hora e meia, mais ou menos, e estão quase dormindo? Há noites em que o Deputado sai daqui oito horas da manhã, sabiam? Mas agora falta pouco para terminar.Acredito que em meia hora iremos servir o coquetel. Agora vamos assistir - e é bom para acordar, inclusive - à apresentação do grupo teatral palestino “Al Intifada”. (Palmas.)

 

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- É feita a apresentação.

 

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O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Parabéns ao Grupo Al Intifada do Instituto Jerusalém do Brasil. Quero agradecer também a presença do meu amigo Mohamad Ahmad Saada, da Sociedade Beneficente de Mogi das Cruzes, o responsável pela mesquita mais bonita que já vi no Brasil.

Assistiremos agora a apresentação de um vídeo sobre Congressos Islâmicos, Rede Bandeirantes e a Têxtil Sultan.

 

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- É feita a apresentação do vídeo

 

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O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Sr. Ahmad, pude perceber no vídeo nosso Presidente Lula. Queria saber se ele cumpriu o compromisso com a comunidade de São Bernardo e com a nossa comunidade. Ele não cumpriu ainda, não é? (Pausa.)

Esta Presidência concede, agora, a palavra ao Sr. Ahmad Ali Saifi, Presidente do Centro de Divulgação do Islã para a América Latina e Caribe e Presidente deste Congresso.

 

O SR. AHMAD ALI SAIFI - Minha voz não vai me ajudar muito, mas tenho de falar.

Não sei falar como vocês, Deputados. Vocês são homens de leis, de política. Não posso falar como o grande Deputado Jamil Murad. Tínhamos muito a apresentar, mas o tempo passa muito rápido. Gostaria de mostrar algumas coisas do Congresso do ano passado quando o nosso Deputado Jamil Murad mostrou-se um verdadeiro árabe, um grande batalhador, Congresso, aliás, que contou também com a presença do nosso querido Deputado Said Mourad. Minha alegria por encontrar o Pastor Damaskinos Mansour.

O que está acontecendo no Brasil é um momento de harmonia. É uma grande irmandade. É um encontro entre religiões. O Deputado Jamil Murad deve se lembrar que há questão de 20 anos estivemos aqui na Assembléia Legislativa. Quando entrei nesta sala eu comecei a chorar, porque era a primeira vez que eu era convidado para uma sessão solene que um grande Deputado, um grande irmão solicitou: Jamil Murad. E não é por acaso que nos encontramos novamente nesta Assembléia, a Casa do Povo, e com dois Mourads. Não um só. Jamil e Said, parabéns! Parabéns a nossa comunidade, aos nossos filhos, ao nosso futuro, à comunidade árabe, aos brasileiros de religião mulçumana.

Eu havia preparado alguma coisa, mas fiquei com a palavra de Dom Damaskinos Mansour. Gostaria de encerrar com uma mensagem em árabe da última peregrinação do Profeta. Vou falar em árabe porque vários canais via satélite estão transmitindo este encontro para o mundo árabe. Quem ligar na rede Al Jazeera vai ver o noticiário deste encontro está passando nos importantes canais árabes.

 

O SR. TRADUTOR - O profeta, na sua peregrinação de despedida, fez um discurso, um sermão, chamado sermão de despedida. E esse sermão é um marco, é um lema, é um paradigma para os direitos humanos e o combate à discriminação racial. Ele diz: Oh, humanos, o Vosso Senhor é único. E isso, nós estamos de acordo em todos os sentidos. O Vosso Pai é um só, querendo dizer que nós formamos uma só família. O vosso sangue é sagrado, querendo dizer que o homem tem direito à vida, e é proibido matá-lo. Deus determinou que não haverá mais usura, instituindo uma forma saneadora para a economia individual e coletiva, contendo uma condenação aos países e bancos usurários na esfera mundial, que sugam o sangue dos povos e destroem a sua economia, com a cobrança abusiva dos juros.

Tendes direitos sobre vossas mulheres, e elas têm direitos sobre vós, instituindo uma organização para a família e uma declaração de interação entre o homem e a mulher. Cuidar bem de vossas mulheres, uma forma para honrar e engrandecer a mulher na sociedade. Deus proibiu a si a injustiça, e tornou a proibir entre vós, corroborando a proibição e a rejeição da injustiça e a discriminação, e instituindo a igualdade e a justiça entre as pessoas.

 

O SR. AHMAD ALI SAIFI - Por fim, agradeço a todos os senhores, convidados, Mesa, padre, Deputados, autoridades. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PFL - Senhoras e senhores, para encerrarmos, vamos assistir agora a um vídeo, sobre o Grupo Bandeirantes de Comunicação. (Pausa.) Infelizmente, não temos disponível o DVD. Então, vamos encerrar com o meu pronunciamento, e logo em seguida será servido um coquetel.

Em nome de Deus, o clemente, o misericordioso. Ilustríssimo presidente do XVIII Congresso Internacional dos Muçulmanos da América Latina, Sociedade Beneficente Muçulmana, e meu amigo, Ahmad Ali Saifi, em nome de quem saúdo os demais representantes de entidades aqui presentes; Exmo. Sr. Deputado Federal, meu amigo, Jamil Murad; Ex.mas Autoridades Diplomáticas e reverendíssimas autoridades religiosas, prezados irmãos e irmãs, agradeço a todos pela presença, pois vocês compreendem a grandiosidade e a importância desse evento.

O tema desse congresso, O Islã contra a Discriminação, é muito oportuno para os dias de hoje, pois os muçulmanos estão sendo vítimas de uma campanha de difamação e perseguição. Ao contrário do que é passado por uma boa parte da mídia, o Islã é a religião que prega, acima de tudo, a paz, o amor e a tolerância. Na verdade, é o princípio de justiça que o Islã prega. E isso é o que incomoda aos poderosos, pois o muçulmano não pode conviver e nem compartilhar de uma injustiça, e quando se depara diante dela, não se cala e não se cansa de lutar até que a justiça seja estabelecida. Esse é o verdadeiro muçulmano.

Nessa oportunidade, quero lembrar a todos alguns atos de injustiças recheados de intolerância e discriminação contra os muçulmanos. É a perseguição contra o povo iraquiano, que além de terem as suas terras ocupadas, são vítimas de humilhação diariamente. Também temos outra grande injustiça, repleta de ações hediondas, que é o processo de extermínio do povo palestino, praticado pelo exército israelense, com a ajuda dos Estados Unidos.

Senhoras e senhores, nesses últimos dias, milhares de prisioneiros palestinos começaram uma greve de fome, para que sejam tratados com o mínimo de dignidade, pois estão sendo tratados de forma desumana e preconceituosa. Nós, quando fazemos jejum, ficamos um dia só sem comer e sem beber. Imaginem esse pessoal, pelo que está passando para mostrar para o mundo o que está acontecendo, para abrir os olhos do mundo. Esses exemplos apontam para quem realmente não quer viver em harmonia.

Para os muçulmanos, servir a Deus é a nossa missão. E a nossa prioridade é proteger e dar dignidade a todo e qualquer ser humano, sem discriminação. Uma passagem do Alcorão Sagrado diz: “Cremos em Deus, no que nos foi revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às tribos. E cremos no quê? De seu senhor, foi concedido a Moisés, a Jesus e aos outros profetas Não fazemos distinção alguma entre eles, porque somos, para Ele, muçulmanos.

Quero agradecer a todos pela presença, agradecer à equipe técnica da Assembléia Legislativa, ao Cerimonial, aos assessores do meu gabinete. -Para encerrarmos, quero convidá-los para o coquetel que será servido no Hall Monumental.

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, aos funcionários desta Casa e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade e convida a todos para o coquetel.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 23 horas e 28 minutos.

 

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