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10 DE OUTUBRO DE 2003

43ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO SISTEMA COC DE ENSINO

 

Presidência: RAFAEL SILVA

 

Secretário: VALDOMIRO LOPES

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 10/10/2003 - Sessão 43ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: RAFAEL SILVA

 

HOMENAGEM AO SISTEMA COC DE ENSINO

001 - RAFAEL SILVA

Assume a Presidência e abre a sessão. Determina que sejam anunciadas as autoridades presentes. Informa que esta sessão foi convocada pelo Presidente efetivo, Deputado Sidney Beraldo, atendendo solicitação do Deputado ora na Presidência, com a finalidade de homenagear o Sistema COC de Ensino, na pessoa de seu Diretor Presidente, Dr. Chaim Zaher. Convida a todos para, de pé, ouvir a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - VALDOMIRO LOPES

Enaltece o trabalho realizado pelo Dr. Chaim Zaher e pelo Sistema COC de Ensino em favor da educação em São Paulo e no Brasil.

 

003 - CHAIM ZAHER

Diretor Presidente do Sistema COC de Ensino, agradece ao Deputado Rafael Silva e demais presentes pela homenagem recebida. Afirma que para se obter sucesso é fundamental montar uma equipe como a que possui. Saúda o time de basquete do COC, bicampeão brasileiro. Fala de sua satisfação em atuar na área da Educação.

 

004 - JOSÉ LUIZ DATENA

Jornalista, representando a TV Bandeirantes, presta homenagem ao time de basquete do COC. Destaca as qualidades pessoais do Dr. Chaim Zaher.

 

005 - Presidente RAFAEL SILVA

Anuncia a apresentação de vídeo do Sistema COC de Ensino.

 

006 - GERASIME NICOLAS BOZIKIS

Presidente da Confederação Brasileira de Basketball, cumprimenta o Dr. Chaim por apoiar o basquete nacional. Afirma que o esporte é complementar à Educação e à Cultura.

 

007 - Presidente RAFAEL SILVA

Discorre sobre a importância da Filosofia e da capacidade do ser humano refletir e formar suas próprias opiniões. Observa que as pessoas com mais escolaridade têm mais condições de enfrentar a realidade. Sustenta que o Dr. Chaim Zaher é um exemplo de lutas e vitórias a ser seguido. Agradece a todos que colaboraram para o êxito desta solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PL - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Valdomiro Lopes para, como 2º Secretário "ad hoc", proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - VALDOMIRO LOPES - PSB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

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O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PL - Solicitamos ao nobre Deputado Valdomiro Lopes, Secretário desta sessão, que faça a leitura dos componentes da Mesa e das demais autoridades convidadas presentes.

 

O SR. VALDOMIRO LOPES - PSB - Queremos registrar a presença das seguintes autoridades, formando a Mesa, e aquelas que não estiverem, que se sintam aqui representadas.

Dr. Chaim Zaher, Diretor Presidente do Sistema COC de Ensino; Sr. Gerasime Nicolas Bozikis, Presidente da Confederação Brasileira de Basketball; Dr. Antonio Chakmati, Presidente da Federação Paulista de Basketball; Sr. Paulo Barbosa, Diretor de Projetos Especiais da FDE - Fundação para o Desenvolvimento da Educação, neste ato representando a Secretaria da Educação; Sr. Eiitiro Fujii, mantenedor do COC no Japão; Sr. Nilson Curti, Diretor Superintendente do COC, neste ato representando todos os funcionários do COC; Sr. Aloísio Ferreira, também conhecido como Lula, técnico do time de basquete do COC e da seleção brasileira de basquete; Ali Zaher, Diretor do COC de Araraquara, neste ato representando todos os parceiros do COC; Ivo Colichio Júnior, Secretário Municipal da Casa Civil, representando neste ato o Sr. Gilberto Maggioni, Prefeito de Ribeirão Preto; Hubert Alquéres, Diretor Presidente da Imprensa Oficial; Luís Nassif, jornalista da TV Cultura; Guacy Sibille Leite, Juiz da Vara de Infância e Juventude, neste ato representando o Poder Judiciário de Ribeirão Preto; José Luiz Datena, jornalista, representando a TV Bandeirantes; Sr. João Gomes, neste ato representando o Deputado Federal Dimas Ramalho. Eram essas as autoridades preparadas pelo protocolo, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PL - Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Sidney Beraldo, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de homenagear o Sistema COC de Ensino, na pessoa de seu Diretor Presidente, Dr. Chaim Zaher.

Convido a todos os presentes para, em pé, ouvirmos a execução do Hino Nacional brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar e agradecemos antecipadamente a presença da Banda da Polícia Militar, que vem dar um colorido especial a este evento.

 

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- É executado o Hino Nacional pela Banda da Policia Militar do Estado de São Paulo.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PL - Agradecemos à Banda da Polícia Militar, em nome do 2º Tenente músico Sérgio Rodrigues, e que traz sempre a esta Casa a alegria da cidadania, do civismo, porque quando ouvimos o Hino Nacional executado de forma brilhante, como foi executado agora, nós entendemos que esta Nação merece o nosso carinho, o nosso respeito, ainda mais. Obrigado.

O nobre Deputado Valdomiro Lopes, nosso Secretário neste momento vai fazer uso da palavra, ele que conhece Chaim Zaher de muito anos, embora sejam jovens os dois.

 

O SR. VALDOMIRO LOPES - PSB - Muito bom dia, quero cumprimentar as autoridades já nominadas pelo protocolo, cumprimentar os senhores e senhoras presentes, amigos do Chaim Zaher, cumprimentar o nosso homenageado, querido amigo Chaim Zaher, pessoa sobre a qual quero contar uma pequena estória, rápida mas muito significativa.

Conheço Chaim Zaher desde 1973. Hoje sou Deputado da Casa, no 2º mandato. Sou médico lá de São José do Rio Preto, mas fui também professor. E quem foi sempre é. Estou vendo aqui o Marcos, meu colega de aula, lá da época. Eu comecei a dar aula de Biologia num cursinho do interior, assim que entrei na Faculdade de Medicina. Logo depois a franquia do Objetivo foi para a cidade de São José do Rio Preto.

Foi nessa época que conheci o Chaim. Algumas palavras podem definir o que representa o Chaim hoje para a educação do Estado de São Paulo e do Brasil. O Sistema COC é hoje essa imensidão, não só na área da educação, mas também dando esse belo exemplo de patrocínio na área do esporte nacional e até internacional, com a seleção brasileira.

O Chaim é uma pessoa que pode ser definida como sendo uma das mais determinadas que eu já conheci. Moço pobre, construiu um império e sempre galgou todos os degraus com espírito de liderança e determinação incomuns. Começou em Araçatuba, com uma pequena escola, cujo prédio era alugado com uma franquia do Colégio e Cursinho Objetivo.

Lembro que no início havia uma certa dificuldade em articular bons professores, em pagar salário a eles. Mas o Chaim, com sua visão de homem do futuro, de outra época, fez que aquela organização, depois alterada para Colégio Thathi de Ensino, fosse transformada, com a compra da marca COC, numa das escolas de melhor qualidade que o país já viu. Hoje a escola exporta material até para o Japão, para a educação dos filhos dos brasileiros lá radicados.

Com muito orgulho e satisfação eu, como Deputado Estadual, estou aqui hoje. Quero dar os parabéns ao meu grande companheiro, Deputado Rafael Silva, pela sensibilidade que teve em fazer esta homenagem aqui na Assembléia Legislativa.

Na Assembléia de São Paulo, somos 94 Deputados Estaduais. Temos a representação de todas as raças, todas as classes sociais. Quero que você saiba que esta homenagem hoje não é uma homenagem qualquer. É o coroamento, na verdade, de um trabalho de alguém com muita determinação e muita garra. Quem o conheceu desde a juventude - tenho 49 anos – sempre soube que o Chaim seria um grande homem, com a característica de ser sempre um formador de equipes.

Vemos hoje a equipe do basquete campeã. Na verdade, a equipe COC também é campeã, pela sensibilidade do seu grande técnico. Parabéns, Chaim Zaher. Obrigado, em nome do povo de São Paulo. A Assembléia Legislativa hoje o reverencia, através do Deputado Rafael Silva e dos 94 Deputados que têm assento nesta Casa. Obrigado por tudo que você tem feito pelo ensino de São Paulo, pelo ensino brasileiro, pelo estímulo ao nosso esporte. Tenho certeza de que você ainda vai fazer muito mais, porque você tem muito mais a produzir para todos nós. Um abraço a todos. (Palmas.)

 

O SR. RAFAEL SILVA - PL - Agradecemos a participação do nosso nobre colega Deputado Valdomiro Lopes, que fez questão de falar a sua idade. Conhece o Chaim há muito tempo e o Chaim é mais jovem ainda.

Na Mesa temos a presença do Sr. Gerasime Nicolas Bozikis, Sr. Nilson Curti, da organização COC de Ensino, e do nosso homenageado, Chaim Zaher.

Em nome do Juiz de Ribeirão Preto, Dr. Guacy Sibille Leite, queremos deixar o nosso agradecimento a todas as autoridades presentes. Lula Ferreira, vocês judiaram do meu coração. Acompanhei os jogos do COC e o basquete realmente emociona. Mas, no final de tudo, ficou a satisfação para a região de Ribeirão Preto, com orgulho para o Estado de São Paulo. Essa participação maravilhosa dessa rapaziada, Lula, que tem entusiasmo, isso tudo realmente valoriza o povo brasileiro, aumentando a nossa esperança no futuro deste país.

Passamos a palavra ao nosso homenageado, Chaim Zaher, um empreendedor. Várias vezes falei do Chaim, da tribuna desta Casa. Com muito carinho falei: o Chaim é louco! Por que falei isso? Quando andamos nas ruas, com os filhos, e vemos alguma pessoa fazendo alguma coisa que não temos coragem de fazer, dizemos: “Filho, aquele camarada é louco! É um sujeito corajoso! ” É um sinônimo de homem de coragem, empreendedor, valoroso.

Vamos ouvir agora, com muito carinho e muita atenção, as palavras do Chaim Zaher, que neste momento não está sendo homenageado, não. Estamos fazendo justiça a este homem que acredita no país. Que acreditou e continua acreditando.

 

O SR. CHAIM ZAHER - Muito bom dia a todos. Agradeço a Deus, por estar aqui hoje com vocês. É um dia realmente emocionante, pela oportunidade que temos de fazer um agradecimento especial ao nosso Deputado Rafael Silva, pessoa que aprendi a admirar e a respeitar.

Quando caiu o copo de água, ele falou que não enxergava, mas eu discordo dele. As pessoas não enxergam somente com os olhos, mas também com o coração, com a sensibilidade, com a dedicação com que se doam aos outros.

O Rafael é uma pessoa das que mais enxergam neste país. Ele realmente tem a sensibilidade. Vê coisas que muitas pessoas que têm olhos não enxergam. De coração, Rafael, faço este agradecimento, em meu nome e em nome de todo o Sistema COC. Um abraço. Agradeço a todas as autoridades presentes, componentes da Mesa, que já foram citadas pelo Cerimonial. Também quero fazer um agradecimento a todos os amigos, e considero a todos que estão aqui como amigos, diretores e professores. Não citarei nomes para não ser injusto, embora desejasse citar os nomes de todos aqui.

Entretanto, quero fazer um agradecimento em especial ao Sr. Fujii, que veio do Japão. Para nós, é uma honra e um orgulho termos um parceiro do outro lado do mundo, e o Sr. Fujii representa todos os outros parceiros aqui presentes.

Também agradeço a Deus por ter uma família como a minha. Minha família compõe-se da minha esposa - e nós completamos 23 anos de casados - e das minhas quatro filhas, que aqui estão representadas pela Thalita e pela Thiciana. Thathi são as iniciais das minhas filhas Thalita, Thiciana, Thamila e Thiara. Minhas outras filhas não conseguiram chegar devido ao tempo. Ontem, o tempo celebrou bem esta homenagem, mas sei que elas estão torcendo pelo êxito deste evento.

O Valdomiro muito bem lembrou que a parte mais importante é formarmos uma equipe. Sem equipe, realmente não conseguiremos chegar aonde precisa. Até hoje me lembro que ao iniciar a escola, sabia os nomes dos alunos, CIC, RG, onde moravam e ainda hoje quando os encontro, relembro-me dos seus nomes. Mas o tempo vai passando e não conseguimos mais fazer todas as coisas sozinhos.

Graças a Deus que, em todas as ocasiões, sempre busquei o melhor para formar essa equipe. Tenho orgulho de ter a equipe que tenho, neste ato representada pelo Dr. Nilson Curti, que está comigo há muito tempo.

Contarei um episódio da época do Nilson. Quando o conheci, ele trabalhava para uma outra escola, a Faculdade Soler. Queriam vendê-la e eu queria comprá-la, mas como disse o Valdomiro, não existia dinheiro naquela época e os gerentes de bancos só emprestavam dinheiro para quem tinha. Expus o meu desejo de comprar ao Nilson e ele me perguntou como. Respondi: “Em 72 vezes”. Ele indagou: “Mas quanto?” Respondi: “72”. Ele falou: “Por esse valor compro eu. Não vou nem levar para o dono”.

Naquele momento, aprendi a respeitar o Nilson, porque ele estava defendendo os interesses de uma pessoa que ele representava. Ainda bem que ele não comprou a faculdade e está conosco até hoje, senão ia dar uma grande dor de cabeça.

Quando o Deputado Rafael Silva falou que fazemos loucuras, fiquei emocionado. Loucuras fizeram hoje os nossos jogadores, que jogaram ontem até às 23 horas - ainda bem que ganharam, porque senão eles nem entrariam por aquela porta, pegaram um ônibus, vieram para cá e estão aqui todos de terno. Foi um “Deus-nos-acuda” para pegar terno por aí, mas estão todos aí bonitos. Isso, sim, foi uma loucura, mas é uma loucura saudável.

Por intermédio de vocês, eu quero cumprimentar meu amigo Grego, que está aqui ao meu lado. Estou feliz em vê-lo. Aproveitando, quero agradecer a presença do Toni Chakmati e do Lula, da Seleção Brasileira.

Por que estou estendendo-me ao basquete? Porque, para nós, o basquete também foi como na área da Educação. Tivemos que ter coragem para tomar uma decisão de pegarmos um time pronto, um time que veio de Franca, a segunda força de Franca, composto apenas por jogadores da seleção. Tentamos, tentamos e nunca conseguimos sair da vice-liderança. Chegou uma hora em que eu disse: “Cansei de ser vice”. Não adianta pegarmos qualquer atleta para formar um time, o importante é formar o time.

Esta foi a hora em que eu tive a idéia de convidar o Lula, que estava aqui em São Paulo. Ele foi outro louco. Eu disse ao Lula: “Lula, larga tudo e vamos para lá começar uma coisa nova. Vamos apostar nos meninos. Vamos começar a formar uma equipe a que possamos dar continuidade. Porque não adianta pegar um jogador que daqui a pouco será chamado para jogar em outro time. Temos que formar alguém que tenha carinho e dedicação pelo que você faz.”

E tivemos a sorte de formar a nossa equipe de basquete, muitos meninos começaram juvenis, como é o caso do Alex, que veio de Rio Preto, era ajudante de pedreiro e veio pela comida. Ele disse: “Se tiver lugar para dormir e comer, eu vou.” Assim como ele, vieram outros jogadores. Hoje, o Alex está na NBA.

Assim, cumprimento todos os jogadores, dando um abraço no Renato, veterano da turma, o líder dos jogadores. O Renato também começou como juvenil e hoje ele é um dos líderes e um dos destaques da Seleção Brasileira, e em seu nome abraço todos os jogadores.

Isso é uma prova que se consegue quando se tem determinação. Gostei da história de serem invictos e campeões. Podem continuar na luta, isso é bom e tem de continuar assim. Tenho certeza de que não é o fato de eles terem sido bicampeões brasileiros e continuarem invictos até agora, mas é pela garra, pelo carinho e pelo amor que eles têm no que fazem. É isso que é importante: ter amor no que faz. Isso é fundamental. Por isso, quero agradecer e parabenizar a todos.

Sr. Deputado, loucura é o que faz um amigo nosso, que está aqui também, que briga com todo mundo, que chama todo mundo para o pau. É o Datena, por quem tenho muito carinho e o maior respeito. Agradeço também a sua presença e em seu nome quero abraçar o nosso amigo Kajuru e todos os artistas aqui presentes.

Cito o Datena porque anteontem ele fez uma coisa maravilhosa. Digo que as pessoas enxergam pelo coração e pela sensibilidade. Anteontem foi ao ar o episódio sobre a menina que morava e dormia com seus pais dentro de um Fusca sem vidro, sem nada. Ela estudava ali no carro. O Datena, com toda a sua sensibilidade e com toda a sua loucura, no ar, deu um terreno para a menina, conseguiu uma casa para a sua família, além de uma bolsa de estudo no COC de Osasco. Agradeço também ao pessoal de Osasco por isso. Datena, o pessoal me contou que a menina chegou lá na escola com dor de dente, sorte dela que havia um dentista na escola e ela foi atendida. Essas coisas mostram que não se precisa ter olhos para enxergar, enxerga-se estando distante, enxerga-se com os sentimentos.

Será que conseguiremos acabar com a fome do mundo? Com a fome do Brasil, até que o Presidente está tentando, todos estão fazendo a sua parte, mas se cada um fizer um pouquinho que estiver ao seu alcance, com certeza conseguiremos. É a história do pássaro que está tentando apagar o fogo da floresta com água no seu biquinho. Os animais correndo, dizem: “Você não vai conseguir”. Mas ele continua, dizendo que vai fazer a sua parte.

Se cada um fizer sua parte, com certeza, conseguiremos alcançar essa meta. Não precisa ficar fazendo propaganda. Têm coisas que não precisam ser propagadas, porque há o íntimo, tem alguém enxergando o que você está fazendo. É na sensibilidade, é no coração que enxergamos. Existem pessoas que enxergam isso e fazem o que está ao seu alcance.

Quero agradecer a presença do pessoal da Educação. São amigos como todos vocês que não vieram por obrigação. Para uma pessoa deixar seus afazeres e aqui comparecer numa sexta-feira, às 10 horas, é porque é realmente um amigo. O Arnaldo, nosso diretor, até perguntou como iríamos fazer, porque todos queriam vir. “Vamos fechar a escola e levar todos?”, indagou ele. Mas, como hoje é dia normal de aula, não poderiam vir todos. Tenho certeza de que todos os diretores, professores - vejo a Tia Mônica, gostariam de vir, mas hoje foi impossível.

A área da Educação gostaria de estar toda aqui. Temos o pessoal da Secretaria da Educação que está representado. Inclusive o Secretário está no exterior e mandou um abraço a todos. Estou me referindo à Educação para dizer que fazemos o que gostamos e gostamos do que fazemos. Acredito que é preciso gostar daquilo que se faz. Tem muita gente que faz as coisas por obrigação ou por necessidade. É uma satisfação lidar com a Educação, porque podemos ver os resultados.

O prazer da Educação é encontrar a mesma pessoa já adulta com filhos, às vezes, até netos, que dizem: “Estou trazendo meu filho aqui, porque fui sua aluna.” Ou quando encontramos colegas de outros estados, como temos aqui o representante de Aracaju. É muito gratificante para nós da área de Educação encontrarmos pessoas dizendo ter estudado no COC de Ribeirão, de Araçatuba.

Estou muito honrado em estar aqui hoje. No início pensávamos que fosse um requerimento de aplauso pela situação. Normalmente temos a grata satisfação de receber as homenagens não só em Ribeirão Preto, mas em outras Câmaras Municipais. Porém, devo dizer que ser homenageado pela Assembléia Legislativa de São Paulo, com uma sessão solene como esta, é muito emocionante. Posso dizer que isso nos incentiva cada vez mais a continuar no caminho da Educação.

Têm horas em que bate o cansaço mas procuramos sempre superar, porque entendemos que fazemos o que é necessário, isto é, educamos jovens, educamos adultos. Temos de fazer o que, às vezes, o governo não tem condição de fazer. Não é por ser uma instituição privada que vamos nos omitir, porque também temos de fazer a nossa parte, principalmente agora que nos transformamos em um sistema.

É uma enorme felicidade ver a nossa marca em todas as capitais e as pessoas vindo procurar o COC, uma instituição que começou em Ribeirão Preto. Aproveito para cumprimentar todas as pessoas do COC, porque estamos fazendo 40 anos este ano. Essa escola iniciou em Ribeirão Preto com um grupo de estudantes e hoje estamos aqui recebendo esta homenagem.

Recebemos visita de muitas pessoas interessadas em saber o que é o COC, pois, no Pan-Americano havia faixa por todos os lados. É a “propaganda de emboscada”, termo usado pelo nosso diretor de marketing, Vagner Aguilar, ou seja, aquilo que as pessoas enxergam sem querer enxergar. Essa é a propaganda que o COC usa para que aquele menino, aquele jovem tenha orgulho daquilo como temos hoje.

Temos orgulho de todos os parceiros e satisfação por recebê-los aqui hoje. Mais uma vez agradeço a Deus por este momento e quero dizer que estou muito feliz. Não posso dizer que seja uma pessoa realizada, porque isso o homem nunca é, sempre tem algo a fazer, mas posso dizer que minha alegria é enorme.

Quero dizer, Deputado, que V.Exa. foi muito feliz na sua colocação. Tenho uma equipe excelente, amigos e uma família maravilhosa. Como dizem, atrás de um homem - não um grande homem - tem sempre uma grande mulher, e é com essa grande mulher que sou casado há 23 anos. Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PL - Esta sessão solene está sendo gravada pela TV Assembléia e a reportagem será apresentada hoje às 20 horas. Toda a sessão será publicada no “Diário Oficial” do Estado. Como já disse, é uma sessão oficial da Assembléia Legislativa.

O Chaim falou da loucura. Temos de Ribeirão Preto uma pessoa que dá orgulho para a nossa terra, Chaim, e fez questão de estar presente. Falo de José Luiz Datena, que está aqui representando a Rede Bandeirantes de Televisão. Também esteve presente o Sr. Luís Nassif, que, infelizmente, teve de se retirar, mas fez questão de passar para dar um abraço ao Chaim. Agradecemos a sua presença. Tem a palavra José Luiz Datena.

 

O SR. JOSÉ LUIZ DATENA - Meus amigos, bom-dia. Deputado amigo Rafael e demais autoridades presentes, falar depois de tanta gente inteligente fica muito difícil. Primeiro, porque se o Chaim falasse um pouquinho mais ele voltaria aqui pelo voto, não pela homenagem. Concordo plenamente com o que o Chaim disse quando falou que o Deputado enxerga muito mais que muito político neste país. Se tivéssemos políticos que enxergassem como o senhor, com certeza o país não estaria passando as dificuldades por que está passando agora.

Vou ser breve. Tenho orgulho de ser de Ribeirão Preto e jogar fora de casa não é brincadeira, por isso o Chaim está ganhando o jogo fora de casa, até no Japão. Aliás, não é só no Japão. Ele disse que tem publicidade de emboscada em todas as cidades brasileiras. Não é verdade, porque na Copa do Mundo quase caí sentado quando vi uma faixa do COC num jogo do Brasil.

E vou ser breve também na homenagem ao nosso glorioso time do COC, desses jogadores excepcionais que saíram de Jaú, viajaram quase 450 km para estarem aqui prestando uma homenagem ao nosso Chaim. Parabéns a vocês, que são homens que dignificam o esporte, representados pelo nosso querido Lula.

Quando o Chaim montou esse time, tenho certeza de que como educador de primeira qualidade que é, quis demonstrar à nossa sociedade que o esporte, na realidade, é o caminho, a salvação e o princípio básico para a educação de toda a família brasileira, principalmente da nossa juventude.

Uma salva de palmas para os nossos queridos amigos do basquete, que são maravilhosos e ao meu querido Lula, que são representantes dignos da sociedade brasileira. (Palmas.)

Quanto ao Chaim, os grandes filósofos da humanidade que compuseram a base da nossa estrutura social, econômica e política, educavam ao relento: Sócrates, Platão e daí por diante. São pessoas de uma capacidade intelectual muito grande, tanto que são a base da nossa humanidade hoje, e por essa capacidade intelectual se desprendiam de valores a que hoje a humanidade, infelizmente, está apegada, valores que distanciam o ser humano do que é realmente a proposta de viver.

Eu comentava com o filho do Sócrates, que está presente, não sei se por coincidência ou não nasceu em Ribeirão e tem nome de filósofo, que o Sócrates é um sujeito como o Chaim, desprendido desses valores a que hoje a sociedade se apega.

O Chaim é o que é 24 horas por dia. O Chaim é um amigo de plantão, quando se precisa, ele está lá. E como faz falta um amigo de plantão! Percebemos a capacidade de uma pessoa, a honestidade de uma pessoa, a decência de uma pessoa, a lisura de uma pessoa, dentro de casa. Quando o Chaim começou a falar, eu olhava para a Adriana, sua esposa, e percebia o olhar de admiração dela e de suas filhas. O homem que é o que é dentro de casa é também fora de casa.

Não tenho dúvida de que esta é uma justa homenagem. É a primeira vez que compareço a esta Casa, por incrível que pareça. Esperava chegar aqui pelo voto, mas não tenho capacidade política para isso, nem quero. Acho que estamos representados pelos bons políticos que temos e que, felizmente, são como toda a sociedade brasileira.. Há políticos ruins, mas a maioria dos políticos que temos é gente de bem e com certeza vamos mudar o nosso país através dessa gente de bem. E o Chaim é gente de bem.

Para encerrar, porque não quero numa sexta-feira, neste horário, estender-me demais, quero citar um dos maiores filósofos que a humanidade já conheceu, talvez o maior de todos, o filósofo da alegria: Baruch Spinoza. Acho que foi o maior filósofo de todos os tempos, que me perdoem se alguém aqui acha que não. Ele dizia o seguinte, é com isso que posso definir a amizade que tenho pelo Chaim: “Tudo o que quero e que não está ao meu alcance é estar ao lado de gente que ame sinceramente a verdade.” Isto define o Chaim. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PL - O Datena todo mundo conhece pela televisão, e para nosso orgulho se fez presente também para homenagear o nosso amigo Chaim.

Dona Adriana, Thalita, Thiciana, Thamila, Thiara, a família do Chaim, seus parentes, seus amigos, Chaim, formam toda a estrutura que lhe dá condições de desenvolver um trabalho fantástico.

Vamos agora apresentar um vídeo do Sistema COC de Ensino. Quem conhece o COC em Ribeirão Preto e quem está conhecendo o COC agora pelo Brasil afora sabe do valor desta instituição. Este vídeo que será apresentado agora representa um pouco da grandeza desta organização.

 

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-É apresentado o vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PL - Convidamos agora, para fazer uso da palavra, o Sr. Gerasime Nicolas Bozikis, Presidente da Confederação Brasileira de Basketball.

 

O SR. GERASIME NICOLAS BOZIKIS - Bom dia a todos. Ilustre Deputado Rafael Silva, em nome da Confederação Brasileira de Basketball e em nome da Federação Paulista de Basketball, gostaríamos de agradecer e parabenizá-lo por esta iniciativa. No momento em que V.Exa. homenageia o Chaim, está, de uma forma direta ou indireta, homenageando o basquete paulista e brasileiro.

Chaim, meu amigo, parabéns e sinta-se orgulhoso por esta data, pois você merece. E pode ter certeza que você seguiu o caminho certo ao escolher o basquetebol como o esporte para os seus trabalhos na universidade.

O Chaim, um homem de estudo, de ensino e de cultura, entendeu que o esporte tem tudo a ver com isso. O esporte é um complemento que ele não poderia deixar de ter. E escolheu o basquete porque é um esporte vibrante, como ele é e como sua família é.

Chaim, continue esse trabalho e sinta-se muito orgulhoso pelo dia de hoje. Estão aqui seus familiares, seus amigos e sua equipe de basquetebol: as coisas que você mais gosta. Continue nesse trabalho. Você sabe que é nosso parceiro e que terá sempre o nosso apoio e sempre ficaremos contentes em vê-lo trabalhar para o bem do ensino e para o bem do esporte e do nosso basquetebol. Muito obrigado e parabéns a todos. (Palmas)

 

O SR. CHAIM ZAHER - Para encerrar, gostaria de dizer que ao ver o Grego falar do basquete, não poderia deixar de dividir esta homenagem de hoje com alguém que me colocou no basquete, que não está presente fisicamente, mas tenho certeza de que está aqui conosco, que é o meu sogro, o Sr. Walter. Estão aqui o André, seu filho, e a Adriana. Ele me colocou no basquete porque tinha paixão por este esporte. E, acredito que ainda tenha, só não quero que ele me chame para montar outro time com ele. Foi uma pessoa que sempre me ajudou muito na vida, desde o início.

Quando me casei, estava “meio duro”, viu Valdomiro, peguei lugares num dos melhores hotéis no Sul. Quando voltei, a primeira coisa que fiz foi falar com o Sr. Walter, para fazer um papagaio para pagar a lua-de-mel, porque não tinha dinheiro. Ele deve ter pensado: “Em que fria entrei”. Mas ele sempre esteve do meu lado, em qualquer fase, e quero dividir esta homenagem com ele. Tenho certeza de que ele está sempre conosco.

Era isso que eu queria falar, já que você se lembrou do basquete. É a ele que devemos o fato de estarmos juntos hoje. Muito obrigado por tudo, mais uma vez, de coração. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PL - Chaim, alguns sociólogos afirmam que o cargo é o dono do prestígio. E realmente é verdade. Um Deputado, assim como um locutor, têm um certo prestígio, Datena, pela função que ocupam. Hoje, o Chaim tem um prestígio fantástico no âmbito nacional, pelo cargo. Por quê? Porque ele ocupa uma posição destacada.

Só que ele tem o carisma, a força, o entusiasmo e a dedicação. Através disso tudo, ele construiu a estrutura que deu a ele o prestígio. Chaim não pegou o bonde andando; ele construiu o bonde, ele construiu tudo. Então, o seu prestígio, Chaim, que é do cargo, é de um cargo que você construiu, é de uma estrutura que você construiu.

Ouvi aqui o Datena falar de filósofos como Espinosa e Sócrates. Temos o nosso Sócrates, em Ribeirão Preto, que foi um filósofo do futebol.

Sócrates ensinava através da maiêutica e da dialética. Como? A mãe de Sócrates era parteira. Então, Sócrates pegava uma pessoa para ensinar e trazia de dentro da pessoa a reflexão. Quando a pessoa reflete e pensa, ela cresce. Esse crescimento só se dá através da reflexão. O animal humano tem essa capacidade, e quando ele a usa, cresce. Quando ele usa a sensibilidade que tem dentro de si, e através da reflexão ele começa a determinar os seus caminhos, ele cresce.

Sócrates fazia isso; pegava uma pessoa para ensinar e tirava a sabedoria de dentro dela. Ele não respondia perguntas, pelo contrário, fazia perguntas; a pessoa ia respondendo e chegava ao resultado.

Platão, seguidor de Sócrates, através da alegoria ou do mito da caverna, fala de pessoas que viviam acorrentadas no fundo de uma caverna, e lá na entrada havia a luz do sol e a luz de uma grande fogueira. Havia também um muro que separava essas pessoas da fogueira. Outros andavam ali, atrás do muro, e com algumas imagens, ou bonecos. E as pessoas que se encontravam acorrentadas, só olhavam para frente delas, para o fundo da caverna e viam sombras projetadas. A realidade delas eram as imagens projetadas; elas não conheciam o mundo.

Então Platão disse que se uma daquelas pessoas se soltasse das correntes, por vontade própria ou obrigada, e saísse da caverna, no primeiro momento ficaria cega com a claridade; não conseguiria ver nada. Essa pessoa dificilmente aceitaria enfrentar uma nova realidade, porque estava acostumada às trevas e vendo somente as imagens que apareciam no fundo da caverna.

Mas, saindo dali, dentro de um ou dois dias se acostumaria com a claridade, à noite veria as estrelas, durante o dia os pássaros, os animais e a floresta, e passaria a entender que existe um mundo maravilhoso, diferente daquele das sobras. Se essa pessoa voltasse à caverna para falar para as outras o que existia lá fora, poderia até ser morta, porque aqueles que estavam acostumados àquela realidade dificilmente aceitariam outra.

Platão faz todas essas colocações se referindo ao filósofo Sócrates, que conhecendo a verdade do mundo, tentava passá-la aos outros.

Datena mencionou o filósofo que ensinava caminhando, ao ar livre. Aristóteles tinha essa característica, e por isso formou a escola peripatética, de peripatos, que em grego significa caminho, caminhar, e com os jovens ele andava pelos bosques, ensinando-lhes. Aristóteles, que foi discípulo de Platão, que por sua vez foi discípulo de Sócrates, em algum momento acabou concordando e também discordando do mestre.

Quando começamos a estudar Filosofia, achamos que não há sentido. Há sim. Sócrates defendia a busca da reflexão. E, à medida em que um filósofo se desprendia do outro e começava a pensar, ele crescia. Até mesmo Protágoras.

Sócrates não gostava dos sofistas, assim como Platão e Aristóteles, mas a importância de Protágoras e de outros sofistas foi muito grande. Eles ensinavam o sujeito a fazer um discurso, a conhecer a língua grega, para que pudesse, na prática, vencer na vida, conquistar um espaço. Era e continua sendo importante.

Temos aqui Kingsley Davis, um sociólogo americano da década de 40, do século passado, que defendia posições destacadas para as pessoas, em que cada indivíduo pudesse ganhar mais e mais. Só que essas pessoas precisariam de aptidões e estudos especiais, ou de um preparo, e também de uma inteligência diferenciada.

Então, ele entendia que era uma forma democrática de se propor o crescimento do indivíduo. Num outro momento, ele foi contestado por outros sociólogos que viveram na mesma época, porque eles diziam: “Será que todos têm uma mesma oportunidade”?

Davis dizia que mesmo que a pessoa não precisasse de uma inteligência diferenciada, mas sim de um estudo prolongado, de um trabalho profundo, essa pessoa ocuparia um espaço especial que seria reconhecido e valorizado, inclusive financeiramente.

Mas, como disse, outros sociólogos contemporâneos de Davis diziam que nem todos tinham essa oportunidade, então, não era uma oportunidade democrática. Muitas pessoas que poderiam ter aptidões acabavam não tendo essa oportunidade.

O próprio Platão, no livro Sétimo da República, em Utopia, entendia que uma criança, ao nascer, deveria ser filha do Estado, não de uma família, porque sendo filho da família, ela sofreria as diferenças sociais daquela época, Chaim. Ele entendia que todo mundo deveria estudar, e aqueles que estudassem até os 20 anos seriam os almas de bronze; Quem continuasse até os 30, almas de prata; e quem fosse além seriam almas de ouro: filósofos e pensadores. Ele defendia o governo da aristocracia. Mas a aristocracia do conhecimento e da sabedoria. É utopia sim.

O Chaim  falou do Professor, da Educação.

Estive em Brasília, Chaim, há muitos anos. Carvalho Pinto, que tinha sido Governador do Estado de São Paulo e tinha ocupado outros cargos importantes, era naquele momento Senador. E com Alfeu Gasparini já falecido, visitei o Congresso Nacional e fomos conversar com Carvalho Pinto. Tínhamos alguns assuntos para tratar; eu era jovem naquela época. E falei: “Alfeu, que tratamento deveríamos dispensar ao Carvalho Pinto?” Normalmente, quem foi governador, continua sendo chamado de governador. “Vamos chamá-lo de governador ou de senador?” E o Alfeu disse: “Rafael, nada disso. Chame-o de professor e ele vai se sentir imensamente feliz.

Carvalho Pinto, quando governador, fazia questão de colocar para o seu grupo mais próximo que ele queria ser chamado de professor. Não era de doutor, nem de governador, mas de professor. Eu enxergava na época em que o chamei de professor. Ele sorriu, ele gostou. Eu percebi que ele adorava ser chamado de professor. Ser professor é algo nobre. Investir na educação é algo mais nobre. Além de você ser um professor, Chaim, porque você continua sendo um professor, você colocou a sua vida ali dentro, dentro da Educação.

A minha esposa Clara lê para mim. E lendo uma reportagem da Revista Veja, de tempos atrás, falou que cerca de 87% dos jovens de 18 a 24 anos, no Canadá, freqüentam universidades. Nos Estados Unidos, cerca de 81. Na Austrália, 80. Por que estou citando a Austrália? Porque a Austrália é um país que poderia ser igual ao Brasil ou pior que o Brasil.

Ou seja, o Brasil poderia ser igual à Austrália ou melhor do que a Austrália, e lá cerca de 80% dos jovens na faixa etária de 18 a 24 anos freqüentam universidades. No Brasil, 8% dos jovens freqüentam universidades.

O Chaim me conhece muito bem, o Datena também. Eu sempre tive um ideal progressista, o Valdomiro Lopes sabe muito bem disso, o nosso companheiro aqui da Assembléia Legislativa. Mas no momento passamos a entender que não é a nossa opinião que deve prevalecer, e sim a realidade de uma sociedade de seres humanos complicados. A sociedade humana é extremamente complexa.

Tivemos a Revolução de 17, na Rússia. Tivemos a formação do bloco soviético, e vimos que o homem realmente tem uma característica totalmente diferente daquilo que Marx pretendia fazer como uma realidade nova para a sociedade humana.

O homem é um animal que gosta de competir. E alguns sociólogos falam que há sociedade de animais humanos e sociedade de animais não humanos. A sociedade de animais não humanos, como eles dizem, tem um comportamento estático. A nossa, não. A nossa é completamente dinâmica.

Eu me pergunto hoje: será que o Estado não deveria valorizar as instituições particulares de ensino? Será que o Estado não deveria entender que tem que cuidar de algumas outras áreas? Quando analisamos a USP perguntamos: será que dentro da USP, temos a justiça que deveríamos ter, em termos de participação ?

Quando empresários do quilate de Chaim Zaher se apresentam para o povo brasileiro, para a nação brasileira, eles precisam ser valorizados. Aliás, precisam ser mais e mais valorizados.

É muito fácil entendermos que a universidade, que o ensino superior pode colocar o indivíduo numa condição de competição. É muito fácil entendermos isso. Mas, hoje, Chaim, temos um problema no Brasil.  Não vou criticar nenhum governo, recente ou não, é a realidade brasileira. A escola pública hoje se encontra deteriorada. Quando o indivíduo chega à faculdade, ele não chega com o preparo adequado para o crescimento que poderia conseguir dentro da faculdade. Ele não chega preparado para isso.

Entendo que o governo tem que repensar a educação. Quando eu era jovem, comecei a fazer administração de empresa, e tinha um livro de dois autores que eram assessores da Casa Branca. Eles falavam da importância da descentralização administrativa. E a descentralização nós a conseguimos através de parcerias, através da participação de pessoas competentes administrando setores que são privados, mas são públicos. Por que públicos?

Porque é de interesse público o crescimento dos indivíduos. E, na medida em que nós temos mais e mais jovens bem preparados, Chaim, não são apenas esses jovens que se favorecem. Não. Você preparou, Chaim, através do Lula, o surgimento de uma equipe de basquete. Foi vantagem só para o Alex, que foi embora? Não. Para esse grupo de jovens que você citou aqui nominalmente. Mas só para eles? Não. Para aquele jovem de Ribeirão Preto, que passou a ver no esporte algo diferente do que ele via até então na região de Ribeirão Preto. Ele passa a acreditar. Esse jovem que participou, que me deixou com o coração doendo muitas vezes - eu via os jogos de basquete torcendo e isso é coisa que mexe com a gente, felizmente, o resultado no final era positivo.

Existe uma palavra: entusiasmo. Aprendi, com autores americanos, que entusiasmo vem do grego e significa  ter Deus dentro de si. Quando o grego via uma pessoa vencendo nas artes, nos esportes, até mesmo na guerra, dizia que havia um deus no seu interior. Os gregos eram politeístas, acreditavam em muitos deuses. Então, para aquele vencedor, como esses jovens que estão aqui, como o Lula, o Chaim, para aquele vencedor, os gregos diziam que havia um deus no seu interior.

Todos nós temos uma luz divina em nosso interior. Mas, será que todos nós a usamos? Alguns a usam. Chaim usa. O Chaim, quando acredita, ele traz de dentro de si aquilo que ele tem de bom, de puro, de participação.

Vou fugir um pouco da sociologia e da filosofia. Entrei neste assunto, porque o Datena  provocou; Datena falou em filosofia.  O austríaco Victor Emil Frankl, psiquiatra, psicoterapeuta, cientista já falecido, ficou preso em campos de concentração durante muito tempo. Ele viu as pessoas morrendo e narra aquela tristeza que lá aconteceu. Ele já era um cientista na época. Continuou fazendo estudos dentro do campo de concentração, como médico e psiquiatra.

Ele tem um livro chamado: “Em busca do Sentido”, o sentido, o objetivo, o motivo para viver. As pessoas que têm um objetivo vencem obstáculos. E ele, analisando ali, via que aqueles que não tinham objetivos morriam. Havia alguns campos de concentração onde, de cada 28 pessoas, apenas uma saía viva. Mas, quem tinha objetivo, quem tinha sentido na vida, vencia.

Outros autores de obras de Psicologia, falam da frustração. Nós temos hoje, Datena, você que trabalha nesta área, estudiosos do assunto que dizem que da frustração nasce a violência, a agressividade. Freud falava que todas as pessoas são agressivas e que trazem dentro de si essa agressividade latente que aparece, num momento ou noutro. Não. Freud se equivocou. Essa agressividade existe em todo mundo, mas não aparece obrigatoriamente.

A frustração faz o indivíduo ficar violento, agressivo. Datena tem um programa importante. Datena, se um jovem vai assaltar uma pessoa e a pessoa foge, o jovem fica com ódio dela e atira. Acha que a pessoa que não o deixou assaltar criou-lhe uma frustração. Aliás, esses jovens nem sabem o significado da palavra frustração, mas se tornam agressivos. Por quê? Porque vêem nos órgãos de comunicação tudo o que um jovem de hoje pode ter e ele não tem.

Mas o próprio Victor Emil Frankl fala que, quando uma pessoa tem um desenvolvimento intelectual, quando tem um outro nível de escolaridade, enfrenta esses problemas. Mesmo aqueles que saíram de campos de concentração, chegaram em casa e souberam que a família morreu em câmaras de gás, em outros campos de concentração. Aquelas pessoas que tinham preparo, que tiveram oportunidade de freqüentar as escolas durante mais tempo, que se desenvolveram mais e mais, tinham uma outra capacidade para enfrentar a dura realidade. As pessoas desprovidas desse preparo se tornavam mais agressivas, mais violentas. Então a importância da educação não existe apenas para o crescimento econômico da sociedade. Envolve toda uma estrutura social. Tudo está ligado à educação.

Chaim, você representa um símbolo daquele que é brasileiro. Para mim você é brasileiro, mais do que muitos brasileiros, porque nascer no Brasil não quer dizer que o sujeito seja plenamente brasileiro, é um acidente, nasceu aqui.

Chaim, você veio para cá com sete anos de idade. Com a sua condição poderia vencer em qualquer país, com mais facilidade nos Estados Unidos, na Europa, com muito mais facilidade do que você venceu aqui, mas escolheu o Brasil para ter aqui radicada a sua família, para ter aqui o seu investimento. Essa crença que você tem neste povo, neste país cheio de problemas, torna-o um brasileiro ilustre, um símbolo para a nossa Nação. Você é aquele que acredita.

Imaginemos um jovem morando numa fazenda distante. Um menino de 11, 12 anos, sobe numa montanha, encontra lá alguns ninhos, uns ovos. Coloca-os numa sacolinha e leva para baixo. Chega lá e pensa: “O que vou fazer com esses ovos? Minha mãe vai fritar, não sei que bicho botou esses ovos.”

Põe para uma galinha chocar e se esquece. Nascem algumas aves diferentes. Vão vivendo como galinhas, ciscando. Uma dessas aves resolve voar alto. Acha que aquele mundo é pequeno para ela e voa alto. Chegando lá, vê um mundo maravilhoso. Vê distantes as montanhas, os rios, as florestas. De repente, uma ave igualzinha a ela, voando também, chega perto e conversa. A outra nem liga muito para o que ela fala. “Moro naquela fazenda.” “Tudo bem, você mora lá.” Então, fala: “Sou uma galinha.” A outra se ofende, porque, se ela era uma galinha, ela também era. “Você não é galinha.” “Sou.” A outra fica brava, com razão. “O que sou então?” “Você é uma águia.” “Quer saber de uma coisa? Águia ou galinha, saia de perto de mim, volte para o seu mundo.”

E ela voltou.Voltou e falou para as outras a novidade. “Nós não somos galinhas, somos águias.” As outras se revoltaram. Depois ela saiu voando e falou “Galinha não voa tão alto, não é tão forte, não enxerga tão longe, temos um mundo maravilhoso à nossa espera.” Depois de algum sacrifício, conseguiu convencer as demais de que eram águias.

Chaim, você representa aquela águia que voou alto, que acredita, que leva para outras pessoas a informação de que o homem tem de voar alto como uma águia.

Minha esposa e eu estivemos recentemente no COC em Ribeirão Preto. É uma coisa de Primeiro Mundo. É um orgulho. Tenho certeza de que essa instituição nos Estados Unidos ou na Europa seria considerada algo diferente ou algo igual àquilo que de melhor lá existe.

Chaim, você é essa águia que nos dá o exemplo de que nós precisamos acreditar. Você deu esse exemplo a esses jovens e citou alguns deles, com seus problemas anteriores, que passaram a ver no seu exemplo, Chaim, o exemplo da vitória, da pessoa que acredita. Você é essa águia, que nos traz a informação de que podemos e devemos acreditar.

O Datena falou que gostaria de vir para cá pelo voto. Datena, você não tem nada a ver com o Legislativo, fica na sua. O Datena é uma pessoa muito competente e é de Ribeirão Preto. Chaim, você tem capacidade para ocupar qualquer cargo neste país, qualquer função, menos de Deputado Estadual, porque você também é de Ribeirão Preto, aí vou ter dificuldade para me eleger.

Chaim, esta Casa fez justiça, apenas isso. Quando temos as coisas ruins, elas aparecem para a população. As coisas boas temos que valorizar. Você, o Lula Ferreira, seu grupo de basquete, o Nilson Curti com sua equipe, vão fazer parte da história da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Ficarão registrados em Ata e também através do Diário Oficial. Todos poderão saber que a Assembléia Legislativa viu nesse grupo, nesse homem, Chaim Zaher, o exemplo a ser seguido. Chaim, parabéns, de coração.

Nunca fiquei nervoso numa sessão como fiquei hoje. Para mim, Chaim, a alegria de tê-lo aqui motivou esse nervosismo. Fiquei preocupado. Mas, de verdade, Chaim, esta homenagem não é minha, é desta Casa, é do povo do Estado de São Paulo, é do povo brasileiro. Repito: você é um exemplo a ser seguido, é um brasileiro ilustre. Parabéns, Chaim; parabéns, Adriana, seu grupo todo. Vocês merecem, a Assembléia fez justiça. Muito obrigado. (Palmas.)

Queremos também registrar a presença do Ex-Deputado Rui Codo, que foi Deputado Estadual e Deputado Federal várias vezes.

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade. Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 12 horas e cinco minutos.

 

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