27 DE NOVEMBRO DE 2006

043ª SESSÃO SOLENE PARA COMEMORAR O “DIA INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO

 

Presidência: SAID MOURAD


DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 27/11/2006 - Sessão 43ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: SAID MOURAD

 

COMEMORAÇÃO DO "DIA INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO"

001 - SAID MOURAD

Assume a Presidência e abre a sessão. Informa que esta sessão solene foi convocada pela Presidência efetiva, a pedido do Deputado ora na condução dos trabalhos, com a finalidade de comemorar o "Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino". Anuncia as autoridades presentes. Convida a todos para, de pé, ouvirem a execução dos Hinos da Palestina e o Nacional Brasileiro.

 

002 - ANTÔNIO SARKIS JÚNIOR

Presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, pede apoio de toda comunidade árabe à Embaixadora Mayada Bamie e para que o Estado Palestino seja reconhecido como Estado livre, soberano e economicamente viável.

 

003 - ANA MARIA RODRIGUES

Diretora das Relações Internacionais da Federação das Mulheres do Brasil, declara o apoio da entidade a qual representa ao povo palestino neste dia de solidariedade. Menciona a coragem das mulheres palestinas pela resistência aos ataques sofridos, onde são, junto com as crianças, as maiores vítimas.

 

004 - Presidente SAID MOURAD

Informa as manifestações recebidas em homenagem a esta solenidade.

 

005 - PADRE GREGÓRIO TEODORO

Membro da Igreja Ortodoxa, lê a mensagem de Dom Damaskinus Mansur que fala sobre influência da mídia na questão palestina. Diz que a tarefa da Igreja Cristã é propagar a paz e a justiça.

 

006 - MAYADA BAMIE

Embaixadora do Estado da Palestina no Brasil, expressa seu apreço pelo importante papel assumido pelos presentes em defesa do povo palestino e por seus legítimos direitos nacionais. Lembra o trabalho de Yasser Arafat em prol dos palestinos. Discorre sobre a situação de seu povo frente aos últimos acontecimentos na região.

 

007 - Presidente SAID MOURAD

Informa a realização do Fórum Mundial de Turismo, de 29 de novembro a 02 de dezembro, em Porto Alegre. Convida a todos para ato de apoio ao povo palestino, a ser realizado dia 29, às 12 horas, no vão livre do Masp. Defende a causa palestina pela criação de um estado soberano e pacifico. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

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O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PSC - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PSC - Esta Presidência passa a nomear, com satisfação, as autoridades que compõem a Mesa: Sra. Mayada Bamie, Embaixadora do Estado da Palestina no Brasil; Sr. Feras Al Hennawi, vice-Cônsul da Síria em São Paulo, representando aqui o Cônsul; Sr. Antonio Sarkis Júnior, Presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira; Sr. Nazih Said Saadi, Presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana de São Paulo; Padre Gregório Teodoro, representando Dom Damaskinus Mansur, Arcebispo da Igreja Ortodoxa; Sr. Khalid Toom, Presidente da Sociedade Palestina de São Paulo.

Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Rodrigo Garcia, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de comemorar o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino.

Convido todos para, em pé, ouvirem o Hino da Palestina e o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- São executados os Hinos da Palestina e o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PSC - Esta Presidência tem a satisfação de convidar, para fazer uso da palavra, nosso grande amigo Antônio Sarkis.

 

O SR. ANTÔNIO SARKIS - Exmo. Sr. Deputado Said Mourad, Presidente desta Sessão Solene, meu amigo; Exma. Sra. Mayada Bamie, Embaixadora da Palestina no Brasil; autoridades diplomáticas; autoridades religiosas; representantes de entidades; senhoras e senhores, gostaria de agradecer a oportunidade de falar algumas palavras nesta data especial sobre a dificuldade em que vive o povo palestino.

Tive oportunidade de conhecer a Embaixadora e sei que o povo palestino tem uma legítima representante no Brasil. Logo que a Embaixadora chegou, tive a honra de ser uma das primeiras pessoas a conhecê-la e tomar contato com sua história de vida, uma história de sofrimento e luta, que muito bem representa a força e a vontade do povo palestino.

Todos nós, descendentes de árabes, residentes no Brasil, temos por obrigação estar junto da Embaixadora e trabalhar para que o Estado Palestino seja reconhecido, seja um Estado livre, soberano e economicamente viável. É isso que o povo palestino merece.

Nós, da coletividade árabe, trabalhamos em vários setores no Brasil. Eu, por exemplo, sou da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, voltado, portanto, ao comércio, mas, na nossa entidade todos temos consciência de que essa causa não é apenas palestina, mas uma causa árabe.

Desejo que todas as entidades dêem apoio à Embaixadora, que se dedica ao seu trabalho com amor, com coração. Eu sei muito bem disso, Embaixadora. Acompanho-a em todos os momentos, tenho estado muito próximo à Embaixadora, sei do carinho, do amor e da dedicação que ela dedica à realização desse sonho.

Só posso desejar sucesso. Conte conosco. Foi uma dádiva tê-la como embaixadora. A senhora certamente vai dar continuidade ao trabalho que vem sendo realizado frente à Embaixada da Palestina no Brasil.

Teremos o prazer de ver a paz, o Estado Palestino reconhecido e o povo palestino soberano, independente, e vivendo bem. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PSC - Senhores, passo a anunciar as autoridades presentes: Sr. Ali El-Khatib, Superintendente do Instituto Jerusalém do Brasil; Sr. Emir Mourad, Secretário da Copal - Confederação Árabe-Palestina do Brasil; Sra. Ana Maria Rodrigues, Diretora das Relações Internacionais da Federação das Mulheres do Brasil; Sr. Mohamad Al Kaddah, Diretor do Centro Cultural Árabe-Sírio no Brasil; Sr. José Reinaldo Carvalho, Secretário de Relações Internacionais do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil; Sr. Badí Al Ajamy, Prefeito de Majdel Anjar, no Líbano; Arlene Clemesha, representando o Instituto da Cultura Árabe; Sr. Said Ibraim Saleh, nosso patrício, irmão de fé e Prefeito do Município de Barrinha; Sr. Eduardo Luis Daher, Presidente da Confraria Árabe; Sr. Renato Dorgan Filho, representando meu grande amigo e patrício, Arnaldo Jardim, atual Deputado estadual, eleito Deputado federal que terá uma grande missão em Brasília; Sr. Tamim Daaboul, jornalista da Agência Nacional Síria de Notícias - Sana; Khaled Fayez Mahassen, jornalista da Rádio Sawt Al Chaab, sucursal São Paulo-Brasil; João Farah, representando o Lar Sírio Pró-Infância e Ênio Miranda, Diretor do Fistur.

Convido para fazer uso da palavra a nossa amiga Ana Maria Rodrigues, Diretora das Relações Internacionais da Federação das Mulheres do Brasil.

 

A SRA. ANA MARIA RODRIGUES - Gostaria de cumprimentar todas as autoridades presentes em nome do Deputado Mourad. Reitero as palavras do orador que me antecedeu relativamente ao valor dessa guerreira, a Embaixadora da Palestina no Brasil.

Tenho o privilégio de ter convivido com a Mayada há muitos anos numa entidade internacional, a Federação Democrática Internacional de Mulheres. Ela tem sido sempre um exemplo muito grande para todas nós, mulheres do mundo inteiro, como vice-presidente dessa entidade um exemplo de coragem, de vontade, garra, carinho e dedicação.

O Brasil tem a sorte de ter a Mayada como embaixadora da Palestina aqui no Brasil.

Acho que todos nós deveríamos dar todo o nosso apoio, toda a nossa dedicação e toda a possibilidade para que a Mayada seja a cada dia uma embaixadora cada vez melhor. O povo palestino merece isso assim como o povo brasileiro. E, principalmente, a Mayada merece essa consideração de todos nós.

Gostaria de colocar também o apoio da Confederação das Mulheres do Brasil ao povo palestino neste dia de solidariedade. Mais do que nunca a comunidade brasileira e a comunidade internacional apóiam o povo palestino na sua firme decisão que vem demonstrando com o seu compromisso com a paz e a soberania, conclamando todos a somarem-se às exigências de proteção internacional ao povo palestino, a recuperação de suas terras e a construção do Estado palestino independente com Jerusalém Oriental como capital.

Faço também uma menção especial à coragem das mulheres palestinas, porque todos assistimos há pouco tempo à forma como elas vêm resistindo aos ataques, as quais juntamente com as crianças têm sido as principais vítimas. O ataque do exército israelense, apoiado pelo governo dos Estados Unidos, contra o povo palestino, é um ataque contra a humanidade.

Mais uma vez gostaria de cumprimentar a minha querida amiga Mayada, embaixadora neste momento, reiterando também o apoio à justa luta do povo palestino. Muito obrigada. (Palmas).

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PSC - Senhoras e senhores, recebemos algumas manifestações.

Passo a ler o ofício do meu colega desta Assembléia, Deputado Gilson de Souza: “Com os meus sinceros cumprimentos, venho com o presente parabenizá-lo pela nobre iniciativa de comemorar o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, com o qual me solidarizo imensamente. Por oportuno, quero ainda registrar a minha admiração pelo querido povo palestino, que no contexto internacional que estamos vivendo, merece cada vez mais ter seus direitos igualmente respeitados como todos os povos deste planeta. Com os meus cordiais respeitos, admiração e amizade, Deputado Gilson de Souza.”

Também recebemos mensagens de apoio: da Câmara de Comércio do Brasil-Líbano, cujo presidente é Alfredo Cutait Neto; da Embaixada da República Árabe-Síria; da Secretaria de Estado da Saúde, do Secretário Luiz Roberto Barradas Barata; do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, Antonio Carlos Caruso, e da Secretaria da Ciência Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo. Cito também recebimento do e-mail da Comunidade Beneficente Sírian Ortodoxa Santa Maria, em nome do diácono e secretário-geral.

Representando D.Damaskinus Mansur, concedo a palavra ao Padre Gregório Teodoro.

 

O SR. GREGÓRIO TEODORO - O D. Damaskinus Mansur, Arcebispo Ortodoxo Antioquino, infelizmente impedido de estar presente nesta solenidade, pediu-me para que o representasse. Mas fez questão de que fosse transmitida a sua mensagem a todos os presentes.

A mensagem de Dom Damaskinus Mansur é a seguinte: “Excelentíssimo Sr. Deputado Said Mourad, Excelentíssima Sra. Embaixadora da Palestina, Mayada Bamie Abbassi, Digníssimas Autoridades, Senhoras e Senhores.

Quando se quis fundar Israel como Estado, os palestinos, naturais e habitantes de lá, foram vistos como povo estranho à sua própria terra, que lhes foi, então, tomada para lá se implantar um povo invasor, sendo mostrado, esse sim, como povo daquela terra. Foi essa inversão dos fatos, inversão da verdade, que foi apresentada ao mundo.

Infelizmente, a mídia adotou essa versão da história e assim a divulgou em todo o mundo, apresentando como habitantes, por direito, da Palestina, os que para lá foram de vários países da Europa e de outras partes do mundo, e não os que lá nasceram, viveram e morreram por muitos séculos, gerações e gerações.

Sabemos que, se assim desejarem, os meios de comunicação podem inverter e deturpar os fatos. E como a mídia tem grande força e influência em todo o mundo, nós sempre ouvimos que os israelitas têm direito de se defender, pois Deus lhes deu o direito à Palestina, como se eles fossem os santos de Deus, que ocuparam aquela terra por mandado do próprio Senhor.

Essa idéia, para nós, é uma diminuição do papel de Deus, pois Ele é pai de toda a humanidade. O Deus em que acreditamos não ordena a injustiça, a matança, a ocupação. Ele protege os fracos, os idosos, as crianças e as viúvas, e lhes dá a vitória, e não àqueles que exercem o poder com orgulho.

E hoje, como no passado, Deus pergunta a Caim: “Onde está teu irmão? A voz do sangue de teu irmão clama da terra a mim" (Livro do Gênesis 4, 9-10).

E nós, como cristãos ortodoxos, filhos da Igreja Cristã do Oriente, temos como obrigação rezar e lutar pela paz em toda aquela terra, pois ali nasceu, viveu, por ali andou, morreu e ressuscitou o Salvador, nosso Senhor Jesus Cristo.

É obrigação de todos os cristãos do Oriente e do Ocidente promover, por todos os meios lícitos à sua disposição, a causa da justiça e da verdade, sem fazer distinção ou acepção de pessoas, pois bem nos ensinou o santo apóstolo Paulo: "O Reino de Deus não é comida, nem bebida, mas justiça e paz" (Romanos 14,17).

Tarefa da Igreja Cristã é propagar uma cultura de paz e justiça, para ver garantidos a cada e a todo ser humano, criado por Deus à sua imagem e semelhança, sem distinção de origem. etnia, cor, idioma, credo religioso ou político, onde quer que ele se encontre, os direitos básicos e essenciais à vida digna.

Mas a pergunta que, de maneira geral, fazemos, é: porque tantos povos têm direitos na Palestina, menos os palestinos, os que lá nasceram e foram criados?

Até agora se tem divulgado que o povo de Israel é uma minoria que vive amedrontada, cercada por outros povos, todos de idioma árabe, e que desejam engolir essa minoria e, infelizmente, muitos acreditam nisso. O fato é que esses povos estão ao redor da Palestina há milhares de anos, e nunca a engoliram, e hoje nossa terra foi roubada, nosso povo está sendo morto, e a maioria dos habitantes da terra teve de imigrar, como refugiados, para países vizinhos e distantes.

Isso nos faz perguntar: quem deve ter medo, eles ou nós?

Aquilo que os inimigos da liberdade convencionaram chamar de terrorismo, muitas vezes nada mais é que fruto do desespero de um povo expulso de suas casas, assistindo, impotentes, à morte de civis inocentes, seus familiares, seus filhos, perseguidos até mesmo dentro de templos cristãos e mesquitas, lugares sagrados desrespeitados pelos soldados israelenses que ali têm disparado suas armas e derramado sangue, quando não destruído os templos.

É o clamor dessa gente indefesa, sofrida e desamparada que chega a nós e não pode deixar de tocar e comover nossos corações, bem como o de qualquer pessoa que preze a justiça. No berço da paz e da luz, hoje reina o ódio, movendo a guerra da insensatez, da opressão e ocupação. Eles têm armamento atômico, e nós, em comparação a eles, somos um povo desarmado, e mesmo assim a mídia faz com que a maioria das pessoas acredite que somos nós que causamos terror aos outros.

A verdade é que somos nós que desejamos e pedimos segurança diante de Israel, e nossa fé é firme em que o direito não será superado pela deturpação da verdade. Por nossa resistência e fé podemos mostrar que a realidade é diferente de tudo aquilo que é mostrado pelos meios de comunicação, sejam eles pagos ou enganados.

Felizmente, por outro lado, como aqui mesmo se vê, e em outros países, tem havido manifestações de apoio aos palestinos e, ao mesmo tempo, de pedidos de paz para aquela terra três vezes santa: santa para o Cristianismo, santa para o Islamismo, santa para o Judaísmo. A esses amantes da paz, da justiça e do bem, nos unimos.

Queremos encerrar com um trecho da Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento aprovado e adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em sua Assembléia Geral de 10 de dezembro de 1948: "Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Toda pessoa tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem seus direitos fundamentais. Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que seus direitos e liberdades sejam plenamente realizados" (Artigos V, VII, XVII-2, XXVIII).

Com a bênção de Deus e a justiça a seu lado, o povo palestino será, ao fim, vitorioso.

Nosso apoio e parabéns ao autor da lei que instituiu esta data a todos os presentes.

Damaskinus Mansur, Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese Ortodoxa de São Paulo e todo o Brasil.” (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PSC - Senhoras e senhores, é com grande satisfação que vamos ouvir pela primeira vez aqui, em São Paulo e na Assembléia Legislativa, a nossa Embaixadora Mayada Bamie. (Palmas.)

 

A SRA. MAYADA BAMIE - Em primeiro lugar, eu peço a todas as famílias a se levantarem um minuto para, em pensamento a todas as crianças palestinas que foram mortas e feridas.

Nobre Deputado Said Mourad, presidente desta sessão; Srs. Deputados, Sras. Deputadas; Sr. Antonio Sarkis, irmão e amigo, Presidente da Câmara do Comércio Árabe-Brasileiro; Sr. Padre Gregório Teodoro, representante do Dom Damaskinos Mansur; autoridades diplomáticas; autoridades religiosas; autoridades políticas; Ana Maria Rodrigues, representante das mulheres brasileiras; Sr. Khalid Toom, Presidente da Sociedade Palestina; irmãos, irmãs da comunidade árabe; amigos e amigas.

Eu gostaria de transmitir as saudações e agradecimentos do povo palestino, seu governo, seu Conselho Nacional Palestino do Presidente da OLP e da Autoridade Nacional Palestina, Senhor Mahmoud Abbas.

Quero expressar meu profundo apreço pelo importante papel assumido pelos Senhores e Senhoras em defesa do povo palestino e por seus legítimos direito nacionais, encabeçados por seu direito a criação de seu Estado Independente, democrático e soberano, cuja capital é Jerusalém Oriental, em seu território nacional ocupado.

Senhores e Senhoras, nós comemoramos hoje o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino depois de dois anos e meio da morte do líder histórico da luta de nosso povo pela liberdade, o Presidente Yasser Arafat. Ele que com seu povo transformaram a questão palestina de um problema de refugiados em sua verdadeira dimensão de um povo que tem direito a sua pátria e colocaram a Palestina de volta ao mapa político do mundo.

Essa data tão importante ocorre em meio a uma deterioração das condições políticas, de segurança, econômicas e humanas de meu povo, pois Israel, o governo da ocupação prossegue em suas agressões que resultam em centenas de civis palestinos mortos e feridos, sendo em sua maioria crianças e mulheres. Configurando-se violação do Direito Internacional e Humano e da Quarta Convenção de Genebra. Cometendo terrorismo de Estado contra civis palestinos em Beit Hanun. Com base nessas situações, a Resolução 2787 da Assembléia Geral das Nações Unidas de 1971 assegura ao povo palestino o seu direito legítimo de resistir à ocupação.

A força de ocupação constrói o Muro da Segregação, impõe bloqueios, destrói a infra-estrutura básica palestina, fecha as passagens, segue com a punição coletiva contra as cidades e aldeias palestinas, transformando, assim, os territórios ocupados em uma grande prisão patrulhada pela máquina militar israelense, privando o povo palestino de uma existência digna, estável e segura.

Atualmente, existem dez mil prisioneiros políticos palestinos, incluindo 400 crianças e 315 mulheres, que sofrem a humilhação e a tortura em prisões israelenses. Ajudem-nos a conseguir que Israel os liberte. O exército da ocupação, ainda, seqüestrou e prendeu um grande número de membros do governo palestino, da Assembléia Legislativa e prefeitos.

Senhores e Senhoras, não há solução militar para esse conflito, Israel deve compreender isso. Nós muitas vezes chamamos para negociações sérias e verdadeiras, baseadas nas resoluções das Nações Unidas pela construção de uma Paz justa e duradoura.

Nesse contexto, lembro da iniciativa histórica dos países árabes em Cúpula em 2002 que convidaram Israel a encerrar o conflito, pedindo a Israel de se retirar dos territórios palestinos e árabes ocupados no ano de 1967. Israel também tem que entender que não poderá preservar a sua segurança à custa do povo palestino e que a concretização da paz, da coexistência e da estabilidade ida r possível por meio da criação do Estado Palestino independente, democrático e soberano, cuja capital é Jerusalém Oriental, e com uma solução justa para o problema dos 5 milhões de refugiados palestinos, em cumprimento da Resolução 194 das Nações Unidas.

Meu povo nunca esquecerá dessa solidariedade. Com ela nós somos mais fortes e sem ela não podemos concretizar nosso sonho da paz justa. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PSC - É com grata satisfação que recebemos aqui o sempre Vereador, meu irmão Hamassaki Mourad; Mohammad Sami El Kadri, da Associação Islâmica de São Paulo e do Comitê de Solidariedade aos Povos Árabes representado por vários membros.

Antes de fazer o meu pronunciamento e dar por encerrada a sessão quero aqui fazer algumas colocações. Em primeiro lugar quero anunciar o Fórum Mundial de Turismo que será realizado de 29 de novembro a 02 de dezembro, em Porto Alegre. Parabenizo porque o tema desse fórum é a paz e o desenvolvimento sustentável. Eles incluíram a paz no tema.

Quero comunicar também que o Comitê de Solidariedade aos Povos Árabes convida as entidades e as pessoas presentes para o ato de apoio ao Povo Palestino, que será realizado no dia 29, quarta-feira depois de amanhã, ao meio-dia, no vão do MASP, na Av. Paulista, em São Paulo. Gostaria muito de contar com a presença de todos vocês para dar apoio à Comunidade Palestina também.

Excelentíssima Senhora Mayada Bamie, Embaixadora do Estado da Palestina no Brasil, autoridades presentes já anunciadas, senhoras e senhores, meus amigos, hoje celebramos o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, uma data instituída pela ONU e promulgada em 1984, no Estado de São Paulo, pelo então Governador Franco Montoro através da lei do ex-Deputado Estadual Benedito Cintra.

Já se tornou rotina esta nossa comemoração sempre em 29 de novembro e amplamente lembrada nos quatro cantos do planeta.

Enquanto o povo palestino não conquistar o seu direito a um estado independente e enquanto não cessarem as agressões contra este povo, jamais cansaremos de mostrar nossa solidariedade e apoio. Nós queremos a paz!

A presença de vocês aqui na Assembléia, esta noite, é muito importante para o povo palestino. Parabenizo a cada um de vocês pela vontade e empenho de estarem aqui conosco. É o mínimo que podemos fazer. Pelo menos, erguer a nossa voz em defesa do Estado Palestino e contra o imperialismo americano e sionista.

Para mim, convocar e presidir esta sessão é um orgulho e uma honra muito grande.

Já eleito, mas sem tomar posse, Sra. Embaixadora, fui convidado pelo então Deputado Salvador Khuriyeh a fazer uso da palavra. Foi quando pela primeira vez fiz uso da palavra nesta Assembléia e justamente numa sessão solene ao Povo Palestino. E a primeira autoridade que recebi, neste meu mandato, foi o então Embaixador da Palestina Amer Mussa, também recebido por vários colegas na Presidência desta Casa.

A nossa voz pede paz. Faço um apelo a todos os governantes do mundo, inclusive aos líderes israelenses: entendam, de uma vez por todas, que as bombas só produzem ódio, destruição e morte. Insisto no apelo para que façam do Estado Palestino um estado verdadeiramente independente conforme a partilha das Nações Unidas.

Tenho orgulho de dizer que nosso mandato é mais do que solidário. Faz parte da luta do povo palestino. Todos nós somos soldados em defesa da justiça e da paz.

Meus amigos, semana passada, conversando com meu pai, discutimos algumas questões sobre religião. Sou do Partido Social Cristão e todo mulçumano é cristão porque acredita em Cristo, é condição “sine qua non” para se ser mulçumano. Daí as divergências entre as opiniões sobre Cristo, se ele foi ou não crucificado.

Meu pai me disse que mais importante do que discutir se ele foi crucificado ou não, é entender a sua mensagem. E tanto os católicos quanto os mulçumanos entendem e respeitam a sua mensagem. Respeito todas as religiões. Para mim, na verdade, é uma só. A primeira religião monoteísta foi o Judaísmo - e nós acreditamos no Torá, na sua verdade - em seguida, o Evangelho com o cristianismo e depois o Islamismo com o Alcorão. Mas para mim tudo não passa de uma religião só. Não sei por que os judeus não acreditam em Cristo e na sua mensagem, que é a paz.

Que a paz e a benção de Deus estejam com todos vocês e com o povo palestino.

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, aos funcionários desta Casa e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade, convidando a todos para um coquetel no Hall Monumental.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 21minutos.

 

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