06 DE OUTUBRO DE 2008

45ª SESSÃO SOLENE COM A FINALIDADE DE HOMENAGEAR “OS PROFISSIONAIS DE SECRETARIADO”

   

Presidente: SIMÃO PEDRO

 

RESUMO

001 - SIMÃO PEDRO

Assume a Presidência e abre a sessão. Comunica que esta sessão solene foi convocada pelo Presidente Vaz de Lima, por solicitação do Deputado Simão Pedro, ora na direção dos trabalhos, com a finalidade de homenagear os "Profissionais de Secretariado". Convida o público presente a ouvir, de pé, o Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - JOÃO BARBOSA

Deputado Estadual, cumprimenta as autoridades presentes e o Deputado Simão Pedro pela iniciativa desta sessão solene. Refere-se ao papel da mulher na sociedade, parabenizando-as. Lembra as pessoas que trabalham em seu gabinete e que desempenham as funções de secretária, sempre prontas a servir. Pede a Deus que abençoe a todas as secretárias.

 

003 - ISABEL CRISTINA BAPTISTA

Presidente do Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo, agradece ao Sr. Presidente, a todas as estudantes e docentes de Secretariado de diversas faculdades do Estado e aos patrocinadores do evento. Defende a criação do Conselho de Secretariado, lembrando que   mudanças decorrentes do avanço tecnológico e do processo de globalização reforçam a necessidade de definir um novo profissional, adaptado às novas realizações. Diz que o Conselho de Secretariado é necessário para organizar o trabalho dessa categoria e fiscalizar o exercício da profissão de acordo com o código de ética. Lembra que é preciso circunscrever a identidade do profissional de secretariado no meio em que atua.

 

004 - JOSÉ AUGUSTO DA SILVA FILHO

Primeiro Secretário da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio, CNTC,  cumprimenta as autoridades presentes e, em nome da diretoria da CNTC, deixa o seu fraternal abraço e votos de solidariedade, colocando-se à disposição, em Brasília. Diz que os deputados federais são solidários a essa causa da criação do Conselho de Secretariado e apela que dêem atenção especial às secretárias do Brasil, proporcionando a elas liberdade e autonomia e um Conselho que regulamente a profissão.

 

005 - STELA PUDO BASIUK

Vice-presidente executiva da Federação Nacional das Secretárias e Secretários, cumprimenta as autoridades presentes. Diz que a criação do Conselho de Secretariado tem sido difícil, mas que, a  cada dia,  fica mais perto de sua realização, porque a categoria está mais unida. Lembra que não se pode desanimar em nenhum momento.

 

006 - MARIA BERNADETE LIRA LIEUTHIER

Presidente da Federação Nacional das Secretárias e Secretários, cumprimenta os presentes. Discorre sobre o projeto da criação do Conselho de Secretariado. Diz que, para avançar na consecução desse objetivo, é necessário o apoio dos deputados.

007 - VICENTE PAULO DA SILVA

Deputado Federal, saúda o Deputado Simão Pedro e se declara apoiador dessa causa e dessa luta. Afirma que luta contra qualquer tipo de discriminação. Cumprimenta os presentes. Diz que a categoria tem desenvolvido uma luta que emociona e que o esforço vai valer à pena. Afirma que está convencido da criação do Conselho Federal de Secretariado para definir direitos e deveres, lutar contra o assédio moral e sexual e contra a terceirização.

 

008 - Presidente SIMÃO PEDRO

Fala de sua satisfação em se considerar amigo dessa categoria. Lembra que, embora não possa legislar sobre o assunto, pode abrir portas. Manifesta a sua admiração pela luta das dirigentes sindicais, que representam as secretárias e secretários, em todo o Brasil, e ressalta a importância dessa profissão. Considera justa a luta pela criação do Conselho Federal de Secretariado, afirmando que todo esse esforço irá se transformar em uma conquista.

 

009 - MARIA BERNADETE LIRA LIEUTHIER

Presidente da Federação Nacional das Secretárias e Secretários, lê mensagem do Sr. Presidente da República, por ocasião do dia nacional do profissional de secretariado.

 

010 - Presidente SIMÃO PEDRO

Agradece a todos. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Simão Pedro.

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O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Boa-noite, senhoras e senhores. Sejam bem-vindos a esta Casa. Agradeço a todos pela presença. Vamos receber as autoridades desta sessão com uma salva de palmas: Deputado Federal Vicente Paulo da Silva, nosso querido Vicentinho, do PT. (Palmas.) Maria Bernadete Lira Lieuthier, presidente da Federação Nacional das Secretárias e Secretários FENASSEC. (Palmas.) Sr. José Augusto da Silva Filho, 1º Secretário da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio - CNTC. (Palmas.) Isabel Cristina Baptista, presidente do Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo. (Palmas.)

  Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Vaz de Lima, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de homenagear os profissionais de secretariado pelo seu dia.

  Convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Senhoras e senhores, é praxe nas nossas sessões solenes o Presidente franquear a palavra aos representantes dos partidos políticos. Inscreveu-se para fazer uso da palavra o nobre Deputado João Barbosa, do Democratas, a quem já agradeço pela presença.

 

O SR. JOÃO BARBOSA - DEM - Sr. Presidente Deputado Simão Pedro, uma das grandes lideranças desta Casa, parabenizo V. Exa. pela iniciativa de homenagear uma classe tão sensível, tão importante para nós.

  Estendo também meus cumprimentos ao nosso Deputado Federal Vicentinho. É uma honra muito grande participar desta sessão solene e conhecê-lo pessoalmente. Nós nos conhecemos pela televisão. Sabemos que trilhamos os mesmos caminhos em lugares diferentes, V. Exa. no ABC e eu aqui na zona oeste. Fui metalúrgico por 15 anos. Conquistamos coisas boas nas nossas vidas.

  Também quero parabenizar nesta noite todos os presentes, principalmente as nossas secretárias. Por que secretárias? Porque tudo começou com elas, lá atrás, naquele tempo em que a mulher chegou ao mercado de trabalho, mostrando seu brilho, até então desconhecido. Mas isso, graças a Deus, vem se tornando mais límpido no coração de todos.

  Sinto-me muito honrado por estar nesta tribuna falando de vocês, mulheres, que souberam muito bem fazer esse papel de secretária. Hoje, claro, temos os homens que ingressaram paulatinamente, achavam que era uma profissão mais para mulher. Mas é sabido que temos homens também que fazem esse papel brilhantemente.

  Não poderia deixar de falar nesta sessão porque tenho no meu gabinete secretárias que desempenham com alegria seu trabalho, sempre com um sorriso no rosto e prontas a nos servir.

  Quero agradecer a Deus por tudo isso ter começado com as mulheres. Que Deus abençoe a todas vocês. Vocês também são conselheiras; nos momentos difíceis sempre têm uma palavra pronta, um sorriso amigo, o coração sempre aberto para nos atender com muito carinho. Quando entramos em qualquer gabinete somos sempre atendidos pelos secretários e secretárias, sempre prontos a servir. A Bíblia diz que quem serve não sabe o valor que tem. Que seja sempre sincero o sorriso e essa alegria que está no coração de vocês. Que Deus abençoe a todos vocês.

  Um abraço. (Palmas.)

 

  O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Obrigado pelas palavras e pela presença, Deputado João Barbosa.

  Quero anunciar as ilustres presenças do Sr. Eduardo dos Santos Rodrigues, representando a Lazam-MDS; da Sra. Ondina Fratini, presidente do Sindicato das Secretárias de Campinas e região; da Sra. Cilene Pignataro, diretora de eventos do Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo, SINSESP; da Sra. Marta Ogata Lopes, conselheira fiscal do Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo; da Sra. Maria Ruth Barbosa, conselheira fiscal do Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo, SINSESP; da Sra. Elena Kazumi Koga, diretora financeira do SINSESP; da Sra. Danúbia de Souza Ribeiro, diretora-adjunta do Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo, SINSESP; do Sr. Nelson Meyer, assessor jurídico da Federação Nacional das Secretárias e Secretários e do Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo; da Sra. Dircélia Merlin Santos, diretora de comunicação e marketing do SINSESP; da Sra. Josete Oliveira Prado, diretora do Sindicato das Secretárias do Distrito Federal; da Sra. Stela Pudo Basiuk, vice-presidente executiva da Federação Nacional das Secretárias e Secretários, FENASSEC; e também da Sra. Silvia Regina Lopes da Silva, esposa do Sr. José Augusto. Obrigado pela presença. (Palmas.)

  Neste momento esta Presidência concede a palavra à Sra. Isabel Cristina Baptista, presidente do Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo.

 

  A SRA. ISABEL CRISTINA BAPTISTA - Excelentíssimo Deputado Simão Pedro, a quem agradecemos a iniciativa desta sessão; Exmo. Deputado Vicentinho; José Augusto, da CNTC e coordenador da FST; Bernadete Lira Lieuthier, presidente da FENASSEC; Stela Pudo, vice-presidente executiva da FENASSEC e presidente do Sindicato das Secretárias do ABC e região; Ondina Fratini, presidente do Sindicato das Secretárias de Campinas e região; diretoria do SINSESP; prezados profissionais do secretariado; estudantes e docentes de secretariado de diversas universidades e faculdades; boa-noite a todos. Agradecemos pelo apoio e presença. Também agradecemos aos patrocinadores e apoiadores deste evento: Itapemirim, Lazam Seguros, Survival, UNIP, Turhouse, Amplitude, Jô de Lima, MB Flores e Velox.

  Por que defendemos a criação do Conselho de Secretariado? O mercado de trabalho se transformou, nas últimas décadas, de forma eficaz e rápida. Essas mudanças decorrentes do avanço tecnológico e do processo de globalização reforçam a necessidade de redefinir o novo profissional adaptado à moderna realidade das organizações.

  A evolução da tecnologia nasceu da criatividade do trabalho humano, tendo como premissas melhorar a qualidade de vida e tornar mais eficaz o desempenho das atividades. As modificações sociais e econômicas oriundas da globalização fizeram com que o profissional de Secretariado se aperfeiçoasse com a competência técnica, a compreensão social, política e econômica, e aplicando suas aptidões para atuar em todas as áreas de trabalho.

  Num cenário onde as maiores características da atual sociedade são a mudança e a competitividade no universo organizacional, empregado e empregadores tentam se adaptar às novas exigências que lhe são impostas. As organizações buscam no valor humano o desempenho que irá garantir seu sucesso frente à concorrência. Porém, aos colaboradores novas atribuições e exigências são agregadas à sua performance. E para que ele se mantenha presente e apto a esse novo mercado, também necessita de adaptação.

  Não foi e não vem sendo diferente com a profissão de Secretariado Executivo, que evoluiu no tempo e com o tempo. Nascida na Antigüidade, passou o tempo se modificando e se aperfeiçoando, igualmente se adaptando à velocidade do mercado de trabalho.

  Queremos e precisamos do Conselho de Secretariado para organizar o trabalho dessa categoria, normatizar, orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão e do código de ética que todos os profissionais devem adesão obrigatória e submissão às regras de conduta, codificadas em normas, valores, princípios e regras.

  Tais responsabilidades não são atribuições do Ministério do Trabalho, que defere o registro profissional, não tendo como competência a fiscalização do exercício profissional. São 23 anos de regulamentação da profissão, 20 anos de sindicalismo secretarial. Somos 800 mil profissionais de Secretariado no Estado de São Paulo, e dois milhões em todo o país.

  O profissional de Secretariado exerce função de confiança, em razão de suas atribuições. Somos gestores de informação em um mundo em que a era do conhecimento tem valor imensurável. Somos gestores de resultado, porque assessoramos os níveis decisórios, onde monitoramos objetivos e metas, fazendo a gestão de pessoas e processos de trabalho. Somos agentes de mudança, porque a atuação como elo nos confere o papel de formadores de opinião e de facilitadores da gestão da mudança nas organizações. Somos agentes de responsabilidade social porque agregamos ao papel profissional a missão de cidadãos, usando da nossa influência para disseminar atitudes éticas e saudáveis em prol da sustentabilidade do planeta.

  A sociedade moderna exige que o Código de Ética dos profissionais que gerenciam informações tenha força de lei. Existem em todo o país cursos de Secretariado: Técnicos, Tecnólogos, Bacharelado e Pós-Graduação. Somos profissionais altamente qualificados e maduros para a auto-regulamentação e fiscalização. Todo ato profissional deve ser praticado por pessoa adequadamente preparada, devidamente habilitada, e que esteja exercendo legalmente sua profissão, de acordo com a legislação vigente.

Muitas vezes não é isso que acontece, pois nos falta o Conselho de Secretariado para normatizar a profissão no mercado de trabalho. Os atos de uma profissão configuram o que se denomina o ‘monopólio profissional’, que decorre principalmente da necessidade que a sociedade tem daquele serviço, e da importância que lhe atribui.

  Não precisam os executivos de uma empresa de uma secretária ou secretário? Precisam, sim, tanto nas empresas privadas quanto nas empresas públicas.

Na administração pública, precisamos da profissão normatizada por Conselho, para que seja exigida a formação em Secretariado, para concorrer às vagas disponibilizadas para o cargo. As empresas públicas necessitam, cada vez mais, de profissionais qualificados, polivalentes e dispostos a partilhar esforços para que as rotinas administrativas e burocráticas se desenvolvam de forma eficaz e harmoniosa, oferecendo serviços à sociedade com profissionalismo e competência. Para que isso aconteça, o profissional deve estar habilitado a planejar e organizar, junto com sua equipe de trabalho, as mesmas atribuições que o profissional na empresa privada.

Precisamos circunscrever a identidade do profissional de Secretariado dentro da organização em que atua. Não é possível ser meio profissional de Secretariado, que deve estar sempre regido pela lei, pelo Código de Ética, pela cultura vigente, determinada pelo mercado de trabalho.

Uma profissão deve ser escolhida e exercida livremente, o que fundamenta a maior responsabilidade do profissional. Por isso, precisamos de um órgão que tenha autonomia legal para fiscalizar a ética e a regulamentação profissional.

Posso quebrar o protocolo? Posso pedir para a categoria ficar em pé?

Para mostrar aos deputados Simão Pedro, Vicentinho e demais autoridades presentes, gostaria que os senhores me ajudassem a encerrar o discurso de São Paulo com a frase: Eu defendo, sim, a criação do Conselho de Secretariado. É nosso grito de guerra, como diz a Bernadete.

 

O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Agradecemos a Isabel Cristina Baptista, Presidente do Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo. Queremos cumprimentá-la pelo discurso, pela convicção expressada nessa luta.

O repórter da TV Assembléia nos perguntou o porquê da sessão solene. Expliquei que, em primeiro lugar, para homenagear os profissionais no dia em que se comemora o Dia do Profissional do Secretariado, e também para ajudá-los a divulgar suas reivindicações, sua luta pela criação do Conselho.

A Presidência concede a palavra ao Sr. José Augusto da Silva Filho, 1o Secretário da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio.

 

O SR. JOSÉ AUGUSTO DA SILVA FILHO - Boa-noite, companheiras e companheiros, Deputado Simão Pedro, sempre solidário com a causa das secretárias do Brasil, assim como o Deputado Vicentinho, que tem se mostrado sempre atento na Câmara sobre o assunto, Presidente da FENASSEC, minha companheira de diretoria, Bernadete Lieuthier, Presidente do SINSESP, companheira Isabel Cristina Baptista, nossa grande aliada em São Paulo, Deputado João Barbosa, diretoras da Federação das Secretárias e Secretários do Brasil e dos sindicatos de alguns estados do Brasil, aqui presentes, minha esposa, Silvia Regina, minha secretária, Josete Prado, também Diretora do Sindicato das Secretárias do Distrito Federal, em nome da Diretoria da CNTC e do FST nacional, deixo nosso fraternal abraço e votos de solidariedade.

Colocamos à disposição de todos a nossa trincheira em Brasília, a casa de todas as secretárias e secretários do Brasil, onde fazemos a discussão, debatemos e damos suporte técnico e jurídico, até mesmo político, na medida do possível.

Gostaria de não entrar muito em detalhes com relação à profissão, pois quero abordar um outro lado. Às vésperas do aniversário da nossa Constituição Federal, dia 08 outubro, seria oportuno o Executivo e o Congresso Nacional darem plena liberdade às secretárias e secretários do Brasil.

Quero traduzir essa liberdade na obtenção de um Conselho próprio. Essa meta, há anos, vem se arrastando, há anos se chega bem próximo, mas não conseguimos alcançá-la. Essa é a principal e mais importante bandeira dessa categoria.

O Governo Lula é voltado para as causas sociais e profissionais e seria muito oportuno que nossa reivindicação chegasse ao Presidente. Sei que os senhores são porta-vozes e têm uma boa relação com o Presidente da República e com o próprio Deputado Arlindo Chinaglia, que nunca nos deixou de atender, assim como o Deputado Múcio Monteiro e tantos outros que são solidários com nossa causa.

Faço um apelo ao Deputado Arlindo Chinaglia, que foi convidado para esta sessão, para que dê uma atenção especial, criando o Conselho de Secretariado, pois assim estará dando liberdade e autonomia para as secretarias do Brasil.

A interface que a categoria de secretárias tem com minha categoria não é semelhante, mas simplesmente idêntica. A minha categoria está na mesma situação: uma categoria sofrida, às vezes não sendo reconhecida até pelo movimento sindical; às vezes reconhecida pelo movimento sindical; às vezes prensada entre o capital e o trabalho dentro de uma relação de trabalho, onde ele é responsável - inclusive preposto do patrão dentro da empresa na preservação da vida e das doenças ocupacionais e profissionais, pois são os técnicos da segurança do trabalho no Brasil.

Há anos vimos atrás dessa bandeira do conselho próprio. A minha categoria e a do secretariado, somos tratados de forma igualitária como se fosse abrir uma porteira. Passa um boi, vai passar uma boiada. Aí vai ter o conselho do manicure, do pedicure, do tratador do canarinho do reino. Conselho dos tratadores de canarinho do reino de Embu Guaçu e adjacências. É brincadeira. Profissões de cunho ético, como a secretária, do técnico de segurança, são responsáveis pela vida humana e às vezes são tratados de forma injusta dentro da relação capital e trabalho por uma política que defende apenas a produção e não a promoção da saúde e a melhoria das condições de trabalho e de vida dentro de uma metalúrgica, uma fundição, uma montadora, uma mineração, um comércio. E nós, simplesmente temos registro profissional no Ministério do Trabalho. Não temos conselho que regulamente efetivamente a profissão, porque ela é regulamentada em 1985, mas só no nome. Da mesma forma a secretária, que tem a profissão regulamentada há anos. Não temos a nossa independência, a nossa liberdade, a nossa autonomia. O estado deveria ser grato pela nossa iniciativa. Seríamos um colaborador dos estados nas causas sociais, que são as causas do sigilo profissional, do crescimento profissional da secretária, do crescimento profissional em conjunto com o crescimento econômico dessas pessoas, que auxiliam os grandes executivos dessas empresas e até uma casa como esta, a Casa Legislativa, pois tenho certeza de que há vários secretários aqui. É uma interface interessante. Mas vamos continuar lutando.

Vicentinho, uma das justificativas para o Chinaglia e para o Presidente Lula seria dar um tapa na cara de Fernando Henrique Cardoso. Por quê? Fernando Henrique Cardoso negou o conselho próprio, teve a oportunidade de fazê-lo. E vetou, desonrando o desejo dessa categoria, desonrando inclusive o próprio Congresso Nacional, que em quatro comissões, duas no Senado e duas na Câmara, havia aprovado o conselho de classes, na época de seu governo. A grande esperança hoje do povo brasileiro, do secretariado e também da minha categoria dos técnicos de segurança é que tenhamos essa oportunidade por meio de um grande presidente operário deste país, que se chama Luiz Inácio Lula da Silva. Seria uma oportunidade ímpar.

Há algumas arestas lá dentro, da mesma forma que aconteceu na época de Fernando Henrique Cardoso. Havia aquelas desculpas de que não tinha plano de carreira - não tinha uma regulamentação própria dentro do governo, mas isso não justifica. Quantas leis não colocam prazo? “Daqui a cinco anos regulamenta-se isso”. As normas de segurança de trabalho, numa negociação tripartite, procede-se dessa forma. Checa-se se há muita LER num determinado supermercado, mas para esse supermercado não fechar, damos um prazo de três, quatro anos para o ajuste, a adaptação, para não dar problema de acuidade visual, DORT, LER, problema de coluna. Então se faz a mesma coisa com a lei. Agora, não justifica dizer que se não tem plano de carreira dentro do governo, veta-se o projeto de lei mesmo contrariando o Congresso Nacional.

O outro medo é o de abrir precedente para as demais categorias. Vou dizer mais uma vez: não justifica. Temos todas as características legais para ter o conselho federal. E aqui neste plenário existem dois renomados advogados que podem falar com mais propriedade do meu ponto de vista. Cumpre toda essa condição.

Enfim, o que está acontecendo? Vamos abrir, então, vamos dizer o motivo, vamos buscar soluções. O que não pode é passar ano após ano, tanto a categoria de vocês como a minha, lutando, gastando passagem aérea, brigando dentro do Congresso Nacional, audiência pública, contratando advogado, assessor parlamentar com uma grande esperança no coração quando seguimos para o Planalto Central deste país. Para chegar lá, mais uma vez, passa um ano, passa outro, e essa carência continua, e esse desejo tão grande de vocês, minhas companheiras, vai ficando cada vez mais distante e ninguém resolve. Está fácil para resolver. Tenho conhecimento de que esse projeto já está na Casa Civil da Presidência da República, da mesma forma que o nosso. Acho que basta uma conversa.

O Ministro José Múcio já se colocou à disposição para ver o que está precisando, se for preciso até conversar com a Ministra Dilma Rousseff. Agora o que não pode é ficar ano a ano protelando, vivendo de ilusão, com uma carteira do Ministério do Trabalho, o ministério com dificuldade de fiscalização, com a grande dificuldade que o ministério tem por meio das superintendências regionais de trabalho. E nós, ali, de braços abertos para poder ajudar o Estado, mas totalmente engessados por má vontade política. Não vou dizer que é do presidente não, porque não é de agora que estamos lutando por isso. Mas é má vontade política de alguém que seja responsável que esteja protelando.

Para encerrar, é uma sessão em homenagem ao Dia das Secretárias. O presente mais bonito que essas secretárias poderiam receber até o final do ano seria o conselho próprio. (Manifestações nas galerias.) Bernadete, desculpe o meu desabafo. Realmente eu não visto só essa camisa de algodão não. Eu a visto na pele. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Obrigado, Sr. José Augusto da Silva Filho, que falou em nome da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio, da qual a Confederação das Secretárias é filiada.

  Dando prosseguimento a nossa sessão, esta Presidência concede a palavra a Sra. Stela Pudo Basiuk, vice-presidente executiva da Federação Nacional das Secretárias e Secretários.

 

  A SRA. STELA PUDO BASIUK - Boa noite a todos. Quero cumprimentar a mesa em nome dos deputados Simão Pedro e Vicentinho; o companheiro José Augusto, que me emocionou finalmente; a amiga querida, companheira Bernadete; a Isabel, nossa companheira de luta; a Ondina, presidente de Campinas e toda a diretoria do SINSESP, muito nos orgulha esta Assembléia cheia e é isso realmente que nos dá prazer, de estar lutando por todas as causas da categoria.

  Sabemos como é difícil conciliar a ocupação de vocês, principalmente numa segunda-feira como esta. É por isso que parabenizo cada uma de vocês aqui presente e que vem lutar pela nossa causa, que também é de vocês.

  É sempre muito importante termos as oportunidades de reunir a categoria - os estudantes, professores, secretariados, dirigentes sindicais - para refletirmos e demonstrarmos as autoridades e representantes do governo a real necessidade da criação do conselho profissional para o secretariado. Por isso os meus parabéns à diretoria do SINSESP em promover esse evento em comemoração ao Dia Nacional de Secretariado.

  Essa nossa luta pela criação do conselho tem sido difícil, pois estamos há vários anos realmente envolvidos nesse processo, que é longo e moroso. Mas a cada dia percebo que estamos mais perto de realizá-lo porque a categoria está mais unida e uníssona em busca do mesmo objetivo, que é a maior valorização e fiscalização da profissão.

  Camilo Castelo Branco disse que os dias prósperos não vêm acaso, são granjeados como as searas, com muita fadiga e com muitos intervalos de desalento, por isso não podemos desanimar em nenhum momento.

O Sinsec-ABC e a categoria dos profissionais de secretariado da região do Grande São Paulo apóiam a criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais, por isso estamos juntos nessa luta. Parabéns a todos pelo Dia Nacional de Secretariado! Obrigada. (Palmas.)

 

  O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Obrigado, Stela. Parabéns!

  Esta Presidência concede a palavra à Sra. Maria Bernadete Lira Lieuthier, presidente da Federação Nacional das Secretárias e Secretários. Seja bem vinda a São Paulo novamente!

 

  A SRA. MARIA BERNADETE LIRA LIEUTHIER - Obrigada, Deputado Simão Pedro.

  Exmo. Sr. Deputado Simão Pedro; Exmo. Sr. Deputado Federal Vicentinho; Exmo. Sr. Deputado Ivan Barbosa, que muito nos honra com a sua presença e é mais um parlamentar aderindo à nossa luta pela criação do nosso Conselho; Ilmo. Sr. José Augusto, meu companheiro de luta, luta não só do profissional de secretariado, mas de todos os trabalhadores brasileiros, estamos sempre juntos lá em Brasília a qualquer momento através do Fórum Sindical dos Trabalhadores, na luta pelos direitos e pelas conquistas da classe trabalhadora; Ilma. Sra. Presidente do Sindicato de Secretárias e Secretários do Estado de São Paulo, Isabel Baptista; Ilma. Sra. Presidente do Sindicato de Secretária e Secretários da região de Santo André, Stela Pudo: Ilma. Sra. Presidente do Sindicato de Secretária e Secretários da região de Campinas e vice-presidente da Federação Nacional, Ondina Fratini; caros profissionais, docentes, coordenadores de cursos, estudantes de Secretariado e convidados, boa noite.

  Encontramo-nos hoje reunidos para comemorar, mas, ao mesmo tempo, para reivindicar. Reveste-se, portanto, esta solenidade de um duplo propósito: celebrar oficialmente o 30 de setembro, dia nacionalmente consagrado ao profissional de secretariado, e postular a criação dos conselhos regionais e do Conselho Federal de Secretariado, sonho há tanto tempo acalentado pela nossa categoria.

   Afastamo-nos do lugar-comum segundo o qual, não há motivos que justifiquem a comemoração de uma corporação profissional no Brasil que justifiquem a comemoração do nosso dia. Queremos colocar-nos acima desse discurso ortodoxo e ácido. Razões para festejar, nós as temos, senão consideremos: nossa profissão está legalmente regularizada há vinte e três anos; perfazemos, em todo o País, o significativo número de mais de dois milhões de profissionais; fruto de nossa organização e de nosso aperfeiçoamento, o respeitável jornal inglês “The Guardian”, no início desta década, afirmou que as secretárias brasileiras são as mais preparadas do mundo.

   Contamos com a organização da nossa categoria em sindicatos que se distribuem pelo vasto território nacional. Congregam-se tais sindicatos numa entidade nacional, a Federação Nacional das Secretárias e Secretários (FENASSEC), cuja presidência tenho o privilégio de ocupar neste relevante momento.

   Decorrência de nossa organização, ao longo dessas mais de três décadas de existência como categoria legalmente constituída, é o movimento de profissionalização que nos tem impulsionado, evidenciado pelo surgimento de cursos específicos em diversos níveis de formação: técnicos e tecnólogos em Secretariado, secretários executivos, com especialização e pós-graduação. Esse movimento resulta na ampliação do acervo científico, técnico e filosófico para o exercício da profissão.

   Não podemos, em conseqüência do que acabamos de expor, desconsiderar os avanços que se verificam em nossa profissão e as importantes conquistas que conseguimos, a exemplo da regulamentação da profissão, das diretrizes curriculares nacionais para os cursos de Secretariado Executivo, da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), dos níveis de atuação do profissional de Secretariado, entre outras.

   Entretanto, não devemos permitir que a comemoração pelo Dia Nacional do Profissional de Secretariado e as vitórias até então conseguidas nos inebriem o espírito critico e nos levem a esquecer de importantes pleitos. Apresenta-se, entre as nossas reivindicações, uma mais necessária e urgente: a criação dos conselhos regionais e do Conselho Federal de Secretariado.

   Podemos justificar a instituição de nossos conselhos, quer quantitativa, quer qualitativamente. Conforme já afirmamos, somos uma categoria de dois milhões de profissionais em todo o Brasil. É intrínseco às próprias funções do profissional de Secretariado o valor da confiança. Por tudo o que caracteriza a nossa atividade, faz-se urgente estabelecer um código de ética, com força de lei, que estabeleça o sigilo profissional.

   Reputam, a Federação Nacional das Secretárias e Secretários e o conjunto da categoria, que a instituição dos conselhos resultará na consolidação desta que é a profissão das conectividades e do futuro.

   O amadurecimento da nossa categoria, obtido ao longo de anos de atuação e organização, autoriza-nos a pretendermo-nos maduros para a auto-regulamentação e fiscalização da prática e atuação do Secretariado.

   Reivindicamos apenas o que outras categorias já possuem, a exemplo de médicos, odontólogos, engenheiros, arquitetos, advogados: um conselho de auto-regulamentação profissional. Diga-se, brevemente, chegam a cumprir um papel que é benéfico à sociedade, que ultrapassa em muito suas atribuições originárias.

   Em que pese a nossa organização, a nossa força e a nossa importância como categoria, essa não é uma luta que possamos travar sozinhos. Precisamos da ajuda daqueles aos quais a sociedade outorgou mandatos políticos como seus legítimos representantes. Trata-se de um embate político, no melhor e no mais próprio sentido do termo.

   Já demos o primeiro passo: o projeto de criação dos conselhos encontra-se protocolado no Ministério do Trabalho e Emprego, em Brasília. E já logramos a primeira vitória: o parecer favorável do Ilmo Sr. Secretário de Relações do Trabalho e Emprego

   Para avançarmos mais e alcançarmos a consecução do nosso objetivo, qual seja, a criação dos conselhos, precisamos do imprescindível e inestimável apoio de V. Exas., Srs. Deputados Simão Pedro, João Barbosa e Vicentinho.

   A criação dos conselhos - para cuja concretização V. Exas. vão decisivamente contribuir, pelo que lhes seremos gratos e saberemos retribuir - vai-se traduzir não apenas em benefícios à própria categoria, mas à sociedade em geral, uma vez que propiciará a inibição de práticas que não valorizam a formação intelectual e a capacidade técnica dos profissionais, bem como trará maior agilidade e versatilidade às empresas, com segurança jurídica em relação à confiabilidade e fidelidade das informações, elementos indispensáveis ao crescimento econômico e à geração de empregos.

   A profissão de Secretariado - cujas atribuições vão do planejamento, organização, assistência, consultoria, assessoramento direto, coleta de informações para a consecução de objetivos, redação de textos profissionais até a tradução e distribuição de expediente - são reconhecidamente atribuições de alta relevância social. Assim o é desde os primórdios de nossa civilização, quando aqueles dotados de poder decisório passaram a necessitar de suporte para exercer suas atividades. A evolução de nossa civilização passou a exigir, cada vez mais, conhecimentos daqueles que assessoram e gerenciam informações, cuja atividade propicia a tomada de decisões e contribui sobremaneira para o desenvolvimento do país e da sociedade. Portanto, a profissão de Secretariado precisa, urgentemente, da criação do seu conselho profissional.

   Por fim, agradecemos às autoridades presentes, em especial ao Deputado Simão Pedro, que já nos trouxe a esta Casa, onde sempre somos muito bem recebidos, e ao Deputado Vicentinho, que em Brasília tem dado uma contribuição imensurável.

   Agradecemos este espaço e esta oportunidade para podermos realizar este encontro, que é simultaneamente de comemoração e reivindicação, congraçamento de festa e luta.

  Antes de encerrar, Isabel chamou-os para o “Eu Defendo”, e eu convoco-os para que, juntos, afirmemos, em alto e em bom som: “Nós queremos sim a criação do Conselho de Secretariado!”

  Muito obrigada. (Palmas.)

 

  O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Convido agora o nosso último orador inscrito para fazer uso da palavra: o nosso querido Deputado Federal, apoiador dessa causa e luta, Vicente Paulo da Silva.

 

  O SR. VICENTE PAULO DA SILVA - Boa noite. É com alegria que participo dessa sessão tão importante, revendo muitas pessoas. Saúdo, antes de tudo, os funcionários desta Casa de Leis do Estado de São Paulo que estão trabalhando conosco até agora; saúdo o meu companheiro especial, com quem temos muitas parcerias, que é o Deputado Simão Pedro, autor dessa sessão - não só autor, mas um defensor, e temos uma parceria, com um link entre o meu gabinete em Brasília com o nobre deputado; através de figuras como o Dr. Marco Antonio, que tem nos ajudado muito, inclusive por me emprestar a sua gravata hoje porque esqueci a minha; do nosso companheiro Amaral, da Assessoria, com quem lidamos a questão da luta contra qualquer tipo de discriminação, sendo uma parceria de longa data e temos apenas uma divergência profunda - ele é palmeirense e eu sou corintiano, e quero dizer que estamos na Segunda Divisão porque o Palmeiras já ganhou esse título e queremos ganhá-lo também; o colega e Deputado João Barbosa pela sua presença e assumir essa luta conosco para sermos luzes, tanto neste Parlamento como no Federal, e convencer os outros parlamentares, quando o projeto chegar à Câmara, atentos para transformar este sonho em realidade; o meu companheiro José Augusto da Silva Filho, 1º Secretário da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio; as companheiras e companheiros, secretárias e secretários, estudantes e professores.

  Não liguem se os chamo de companheiros. Aprendi isso na fábrica. Como Presidente do sindicato na época, fazia palestras em algumas universidades, e quando me atrapalhava chamava as pessoas de companheiros. Ficava confuso, “Mas não é companheiro, é outro nome. É colega, amigo.” O Dom Cláudio Hummes, numa daquelas grandes greves que fizemos nos anos 80, e que é hoje prefeito da Cúria Romana, falou: “Vicentinho, não se preocupe em chamá-los de companheiros. Essa é uma das palavras mais bonitas, pois é a junção de duas palavras do latim, “cum” + “panis”, que é compartilhar o pão. Quer coisa mais bonita?”

  Então, companheiros e companheiras, de novo o meu abraço a vocês. (Palmas.)

  Quero saudar a nossa querida companheira Maria Bernadete Lira Lieuthier, Presidente da Federação Nacional das Secretárias e Secretários, com quem convivemos na demanda em Brasília; a nossa companheira e Presidente do Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo, a nossa querida Isabel Cristina Baptista; a querida Stela Pudo da nossa região e Presidente da Região do ABC; a nossa companheira Ondina, Presidente do Sindicato da Região de Campinas.

  Quero declarar que a categoria tem desenvolvido uma luta até emocionante. Não sei quem esteve em Brasília nos últimos dias. Vocês viram o quanto aquela Casa ficou iluminada? Lotaram aquele Espaço Nereu Ramos e saímos depois em caminhada para chamar a atenção do Plenário da Casa, onde queria me pronunciar para o Brasil inteiro. Fiz o pronunciamento, mas queria me pronunciar ao vivo, com a Casa lotada. Foi um dos dias mais bonitos que aquela Casa teve, com tanta gente, de todos os estados, mostrando que essa é uma luta, um desejo para que essa profissão não só seja regulamentada, mas que exista no Conselho Federal para definir um “modus vivendi”, um caminho para que vocês tenham direitos e deveres, e sejam respeitadas, conseguindo, assim, caminhar de modo mais seguro possível.

  Quero uma salva de palmas para os dirigentes aqui presentes. (Palmas.) Vocês estão nos seus locais de trabalho, ou nas escolas, e não sabem o que essas pessoas têm passado para serem recebidas nos gabinetes, para pressionar e buscar. O meu companheiro José Augusto falou da busca nos ministérios, dos desgastes, mas tenho certeza que vai valer a pena. Um dia, comemoraremos com muita alegria essa conquista, e não vai demorar muito. Se Deus quiser, será logo.

  Por isso, a minha saudação ao Dia do Secretariado Nacional, comemorado no dia 30 de setembro, e dizer que aquela ocupação que chamei de cívica deve continuar.

  Estou cada vez mais convencido da criação desse Conselho Federal. Primeiro, para definir direitos e deveres; definir direito ao sigilo profissional, porque já foi dito várias vezes que essa categoria não é uma função qualquer, é uma profissão, e para isso há curso, academia. Já estive em São Caetano e São Bernardo, na Metodista, participando de debates com alunos. A academia tem uma formação, e é merecido o respeito reivindicado por todos nós. Na definição de “modus vivendi” desse termo de conduta dos direitos e deveres muitas coisas importantes se definem.

  Falei do sigilo profissional, termo de conduta, defesa contra assédio moral - quando não é assédio sexual - muita gente confunde os papéis. Isto é muito sério. É muito importante isso ficar claro no regimento que vai definir a vida dos novos profissionais.

  Fui relator do projeto que define em lei o que é assédio moral, um mal da modernidade, muito sério, onde tem a piadinha, gozação, desmoralização, humilhação, isso é muito grave, porque passamos um terço da nossa vida no trabalho, e não queremos deixar de ir para o trabalho porque nos sentimos mal. Quando acordamos, falamos: puxa vida, como é bom sábado, domingo; mas, quando chega segunda-feira, eu vou lá encarar aquele cara, que me maltrata, que me perturba.

   É preciso definir responsabilidades e tarefas. Vou apresentar inclusive meu relatório sobre isso, para vocês nos ajudarem a dar um salto de qualidade.

  Também queria chamar a atenção de vocês, porque está incomodando muito, está reduzindo direitos, que é a questão da terceirização. Eu já vi secretário terceirizado. Achei muito estranho, porque um secretário normalmente tem uma relação.

  Espero que nesse termo de conduta tenhamos como assegurar que a pessoa seja contratada pela sua capacidade técnica, profissional, e não pela cor da sua pele, religião, fisionomia ou origem, mas, que se combata qualquer tipo de discriminação. Isso é importante para construirmos uma vida digna para todos. Espero poder contribuir.

  Vou falar de um exemplo na Mercedes-Benz, onde fui funcionário por 25 anos. A secretária não é somente agendeira, falando popularmente. A Débora era secretária do Dr. Chamas, diretor de Recursos Humanos da Mercedes-Benz. Quando eu precisava, ela agendava com o Dr. Chamas. Eu era presidente do sindicato, e com isso tínhamos tensões, realizávamos greves, negociações, e muitas vezes tínhamos problemas internos no trabalho, e se eu brigava com o Dr. Chamas, ele ficava uma semana sem falar comigo por causa dos conflitos e das greves, eu tinha um canal que era a Débora. Eu dizia: “Oi, Débora, tudo bem? Como está o clima aí? Como está o homem hoje?” Ela dizia: “está assim, está assado. Vai assim, vai assado.” Eu dizia: “fala com ele, vamos conversar. O pessoal está em greve, como é que faz? A empresa vai ficar parada? Logo, ligava o homem nervoso, “Vicentinho, a Débora falou comigo, vamos sentar para conversar.” E quantos acordos importantes nós obtivemos: redução de jornada de trabalho, aumento de salário, chefias que maltratavam trabalhadores que seriam trocadas, cursos sobre ética e comportamento. A secretária não é somente agendeira. Ela é articuladora, conciliadora, conselheira, “resolvedora” de problemas. Na verdade, a secretária é uma artista. Por isso, queremos considerar essa categoria, essa profissão, com muito carinho. Quero dizer em alto e bom som que defendo a criação do Conselho Federal do Secretariado.

  Quero também lembrar que é preciso percorrer alguns caminhos na esfera federal, porque é o Poder Executivo que tem o direito de apresentar projeto de lei, senão, eu já teria feito há muito tempo. Há um parecer assinado hoje, positivo, sobre o projeto, pelo nosso amigo, ex-sindicalista e companheiro, Luiz Antônio de Medeiros, Secretário Nacional das Relações do Trabalho. A minha proposta concreta, Isabela, é que já nesta semana, procuremos o ministro, e em audiência, o ministro assine, para que vocês tirem fotografia, positivamente, não pode ser negativo, assine, para comemorarmos o primeiro passo, e aí, marcamos a data, e eu procurarei vocês, porque depois vai para a Casa Civil, e na Casa Civil, temos a sensibilidade da Ministra Dilma Roussef e do Governo Federal. Lá nós vamos trabalhar. Não é, Dr. Marcos? Lá, para poder pressionar, porque se a Casa Civil resolver já, aí vamos ao Presidente Lula, que é quem tem o poder de determinar a apresentação de um projeto de lei para discutirmos, apresentarmos emendas, votarmos e aprovarmos.

Ao aprovarmos, passando pelas comissões, como já aconteceu na época do FHC, essa proposta vai ao Senado. Se o Senado não apresentar nenhuma emenda, ela vai direto para a sanção presidencial. Presidente que é oriundo do povo brasileiro e com a sua história, que hoje é considerado o melhor Presidente do período republicano, que, graças a Deus, conseguimos fazer com que 16 milhões de pessoas saíssem da condição de miseráveis para condição de dignidade humana.

Fizemos com que 804 mil famílias tivessem o direito a uma coisa simples para nós, que é a chegada da energia elétrica em sua casa. Trinta milhões de pessoas chegaram à condição de classe média. Conseguimos gerar até o mês passado 10 milhões e 680 mil novos empregos.

O Presidente transformou-se na maior liderança latino-americana pelo equilíbrio, e em um dos maiores líderes do mundo que controlou a inflação, que distribuiu renda.

E Deus é tão bom que agora o pré-sal nos faz uma das nações mais ricas do mundo. Agora, mesmo com esse abalo internacional pela crise econômica, estamos firmes com o mercado interno, e não estamos preocupados como no passado.

O Presidente, apesar de muitas vezes ter sido chamado até de analfabeto conseguiu construir 10 universidades públicas federais. Vamos votar agora a criação de mais duas universidades federais, lá no fundo do nosso país, chamadas Universidades Latino-Americanas, e, no Ceará, a Universidade Zumbi dos Palmares, na cidade de Redenção, para gerar uma política de combate à discriminação.

O Presidente criou este ano o Pró-Uni para formar o primeiro grupo de jovens negros pobres e indígenas, que são mais de 380 mil pessoas. No final do ano, serão 600 mil pessoas.

O Presidente nos ajudou a aprovar vários projetos, como o Estatuto do Idoso, Estatuto do Adolescente e agora o Estatuto da Igualdade Racial.

Pessoal, um Presidente que faz tudo isso, graças a Deus, não é possível ele dizer não à criação do Conselho Federal do Secretariado. Tenho muita fé que isso vai acontecer. Um abraço! (Palmas.)

 

  O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Parabéns, Deputado Vicentinho! Obrigado pelo apoio.

  A Maria Bernadete mandou buscar uma mensagem que chegou para ela em homenagem ao dia de vocês e está chegando aqui.

Vou aproveitar para cumprimentá-la, assim como cumprimentar o Deputado Vicentinho, o José Augusto, a Stela, a Izabel e, na pessoa dela, cumprimentar todos vocês.

Quero, mais uma vez, agradecer a presença, a paciência, dizer da minha satisfação de considerar agora amigo dessa categoria. Eu já fui comerciário, trabalhei quatro anos no Sindicato dos Comerciários de São Paulo, fui bancário do Banespa, metalúrgico, professor da rede estadual e hoje sou sociólogo, professor universitário, e cumpro essa função de Deputado pelo segundo mandato, mas eu me considero já um amigo dessa categoria porque tive acesso à luta de vocês há mais ou menos quatro anos, desde o meu primeiro mandato.

O meu assessor jurídico Marcos Júnior, que também assessorou o sindicato, nos apresentou. Eu até falava: Marcos, eu, como Deputado Estadual, talvez não tenha poder aqui de legislar sobre esse assunto, mas o que poderíamos fazer é abrir as portas com amigos, com companheiros como o Vicentinho, que abraçou essa causa.

Também contamos com a sensibilidade do Presidente do Congresso Nacional, Deputado Arlindo Chinaglia, que assumiu o compromisso com vocês de encaminhar o mais rápido possível a votação desse projeto, assim que chegar à Câmara.

Nesse período, fui aprendendo muito com a categoria e confesso que foi crescendo a minha admiração pela luta desses dirigentes sindicais que representam vocês em todo o Brasil, aqui no Estado e em várias cidades. Fui tendo a convicção de que essa é uma causa justa e necessária por todos os motivos que já foram falados aqui pelas pessoas que nos precederam, através de seus discursos e que foram muito convincentes. 

Achei muito bonito, Vicentinho, esse exemplo que você deu, que ilustrou bem o papel desse profissional quando citou o caso daquela secretária Débora, que exercia esse papel de intermediação. Acho que você ilustrou bem a importância dessa profissão.

Para mim, é uma honra muito grande prestar esta homenagem a vocês neste dia, através desta Sessão Solene. Aqui, neste plenário, realizam-se sessões de votação de projetos de leis, moções, e vamos votar agora o principal projeto do ano, que é o projeto do Orçamento do Estado, ou seja, qual vai ser a destinação de mais de 100 bilhões que este Estado vai arrecadar em impostos e taxas e para que políticas públicas vamos dirigir esses recursos.

Também fazemos estas sessões solenes para homenagear alguém ou datas ou profissões. Estas sessões são realizadas nas segundas e sextas-feiras.

É uma honra muito grande realizar esta sessão solene e quero dar parabéns a vocês, não apenas à categoria profissional. Acho que esta sessão solene mostrou bem isso, ou seja, não é só uma comemoração vazia que fazemos aqui. Quando cumprimento um aniversariante, gosto de parabenizá-lo pela vida, pelo que ele representa, pelo que faz. Não é só uma data. E aqui esta comemoração se transformou num espaço de luta e de divulgação do pleito de vocês, num espaço de articulação, de encaminhamento, como o Deputado Vicentinho fez no seu discurso, ou seja, ele já deu encaminhamento à demanda: vai se responsabilizar com o Marcão e não com o Ministro do Trabalho o envio para a Casa Civil do parecer da criação do conselho o mais rápido possível.

Quero ainda dizer a vocês que esta sessão solene está sendo transmitida pela Internet e os nossos discursos serão publicados no "Diário Oficial", que vai para todas as escolas e repartições públicas. A TV Assembléia, que está fazendo a cobertura desta sessão, fez uma reportagem que vai ser reproduzida durante a semana. Enfim, esta é uma forma de divulgar. Acho que cumprimos nosso objetivo ao prestar esta homenagem a todos vocês, aos profissionais, à profissão, que tem uma dimensão muito grande nessa luta pela criação do conselho, que acho justa e assino embaixo. Naquilo que eu puder contribuir para que esta luta se torne vitoriosa, contem comigo.

Costumo dizer para as pessoas que não existe vitória se não houver luta. Sou testemunha da luta do sindicato, da federação, dessas dirigentes. A presença de vocês em debates e seminários configura uma grande luta, que vai sensibilizando deputados, que vai ganhando adesões, como a do Deputado João Barbosa, que é de um partido importante, que tem uma representação muito grande, que tem muita influência aqui e também no Congresso. Tenho muita convicção e esperança de que essa luta vai se transformar numa conquista, numa vitória muito em breve.

Muito obrigado pela oportunidade. (Palmas.)

  Vou pedir para que a Bernadete leia uma mensagem muito bonita e importante de uma figura que já foi citada pelo Deputado Vicentinho.

 

   A SRA. MARIA BERNADETE LIRA LIEUTHIER - “Brasília, setembro de 2008

Companheiros profissionais de secretariado, na oportuinidade das comemorações do Dia Nacional do Profissional de Secretariado, envio às secretárias e aos secretários de todo o Brasil calorosos cumprimentos. Recebam também a expressão de meu apreço pelo importante trabalho que vêm desenvolvendo, quer no setor público, quer no privado.

Qualquer organização para funcionar com eficiência necessita de competentes secretárias ou secretários. Empresários, dirigentes, autoridades governamentais sabem que o bom andamento das atividades sob sua condução requer esse tipo de profissional, com quem possa contar nas inúmeras tarefas do dia-a-dia. A rotina organizacional depende muito da assistência que o executivo recebe dele.

O progresso e a evolução tecnológica exigem cada vez mais capacitação do profissional de secretariado: é necessário que ele se mantenha atualizado, domine novos equipamentos - que lhe facilitarão o exercício da atividade - e desenvolva habilidades de comunicação.

Estou certo de que a categoria das secretárias e secretários valoriza sua profissão e assim a considera como elemento de realização profissional. Seus membros certamente correspondem à confiança de que diuturnamente são alvo e agem sempre a bem da verdade, da moral e da ética.

O Brasil precisa de profissionais - inclusive de secretariado - capacitados para enfrentar os contínuos desafios que o mundo globalizado apresenta-nos no contexto de nossa inserção cada vez mais afirmativa e importante no cenário econômico e político internacional. O grande desenvolvimento experimental pelo País nos últimos anos requer deles presença crescentemente efetiva.

Secretárias e secretários, parabéns pelo seu dia.

Luiz Inácio Lula da Silva”

 

O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Esgotado o objeto desta sessão esta Presidência agradece as autoridades, aos funcionários da Casa que se envolveram com a realização desta sessão solene e a todos vocês que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade.

Convido todos os presentes para se dirigirem ao Hall Monumental, onde será servido um coquetel.

  Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 48 minutos.

 

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