045ª SESSÃO
SOLENE
RESUMO
001 - RAFAEL SILVA
Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes.
Informa que a presente sessão solene foi convocada pelo Presidente Barros
Munhoz, a requerimento do Deputado Rafael Silva, ora na direção dos trabalhos,
com a finalidade de comemorar o 23º Aniversário de Fundação da APABB
(Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco
do Brasil e da Comunidade). Convida o público presente a ouvir, de pé, o Hino
Nacional Brasileiro. Manifesta o orgulho de receber pessoas de todo o Brasil,
neste momento de grande importância para esta Casa e informa que esta sessão
solene constará do Diário Oficial e será gravada pela TV Assembleia.
002 - BERENICE SOUZA
Registra presenças e diz estar muito honrada com o comparecimento de todas
as pessoas.
003 - Presidente RAFAEL SILVA
Anuncia a apresentação de vídeo institucional com os programas e projetos
da APABB. Diz que o trabalho realizado pelos 14 núcleos da APABB, de todo o
Brasil, é especial e representa uma luz de esperança, lembrando que a pessoa
deficiente, com carinho e atenção, será mais feliz e mais efetiva.
004 - BERENICE SOUZA
Fundadora da Associação, faz uma explanação sobre o histórico da APABB.
Diz que a APABB foi criada em oito de agosto de 1987, por necessidade de autoajuda
e compreensão das questões próprias do convívio com os deficientes. Informa que
se trata de um movimento de reabilitação e que a APABB é uma entidade que
promove a inclusão social através do núcleo familiar e comunitário onde
vivemos, destacando que são realizados mais de 60 mil atendimentos.
005 - NILTON BRUNELLI
Diretor de Comunicação e Desenvolvimento da ANABB, diz ter passado por
quase todas as entidades do Banco do Brasil e considera a APABB, um caso
especial em sua carreira, lembrando que os recursos eram poucos, mas que tudo
era feito com muito amor. Cumprimenta a atual diretoria da APABB e os diretores
anteriores.
006 - GERALDO PEDROSO MAGNANELLI
Fala em nome de todas as entidades de São Paulo, diz que estas devem estar
sempre unidas e trabalhar junto com o Deputado Rafael Silva, que nunca as
esquece e sempre as homenageia.
007 - WILSON GOMES DA ROCHA FILHO
Jovem que faz parte do Projeto, diz que a APABB é a sua segunda família e
agradece à entidade pela ajuda que está dando a ele e a outros portadores de
deficiência.
008 - ROBERTO TINÉ
Presidente da APABB, cumprimenta as autoridades presentes e diz que, há 22
anos, um grupo de funcionários do Banco do Brasil criou a APABB, destacando que
alguns desses funcionários estavam presentes hoje aqui, nesta solenidade.
Manifesta o orgulho pelo trabalho realizado ao longo desses anos e lembra que o
Deputado Rafael Silva promoveu esta homenagem por saber que hoje a APABB faz
parte do cenário social do Brasil. Diz que a APABB é do povo e serve à comunidade,
tendo conquistado o título de utilidade pública concedido pelo Ministério da
Justiça.
009 - Presidente RAFAEL SILVA
Diz que a sua assessoria valoriza esse segmento por entender que a pessoa
com deficiência não escolheu esse destino. Manifesta a sua emoção por estar com
seus companheiros de trabalho do Banco do Brasil e com pessoas com deficiência.
Diz que conhece os dois lados da vida. Lembra que ficou cego há 23 anos e que
aprendeu a conhecer a força da mente humana, uma luz que habita no interior de
cada um, tendo vencido o desafio e, eleito vereador por dois mandatos, está
agora em seu 4º mandato de deputado estadual. Agradece aos fundadores da APABB
pela grandeza do papel que desempenham. Agradece a todos que colaboraram para o
êxito desta solenidade. Encerra a sessão.
* * *
- Assume a Presidência e
abre a sessão o Sr. Rafael Silva.
* * *
O SR. PRESIDENTE – RAFAEL SILVA - PDT - Havendo número legal,
declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Com
base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência
dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da
Ata.
* * *
- É dada como lida a Ata da sessão anterior.
* * *
O SR. PRESIDENTE – RAFAEL SILVA – PDT
- Sob a proteção de
Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Nos termos regimentais, esta Presidência
dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.
Sras.
Deputadas e Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene
foi convocada pelo Presidente efetivo desta Casa, atendendo solicitação deste
Deputado, com a finalidade de homenagear a Apabb - Associação de Pais, Amigos e
Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade.
É um
orgulho imenso, como Presidente desta sessão, receber pessoas do Brasil todo,
neste momento de grande importância para esta Casa.
Temos,
compondo a Mesa, o Sr. Roberto Tiné, atual Presidente da Apabb, e Berenice
Souza, ex-Presidente.
Esta
Sessão Solene, que está sendo gravada pela TV Legislativa, é uma sessão oficial
da Assembleia Legislativa e tudo que aqui for dito constará no “Diário Oficial”
do Estado de São Paulo.
Convido
todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado
pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do 2º
Tenente Músico PM Jassen Feliciano.
* * *
- É
executado o Hino Nacional Brasileiro.
* * *
O SR. PRESIDENTE – RAFAEL SILVA – PDT
- Esta Presidência
agradece à a Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, na pessoa do
Tenente Músico PM Jassen Feliciano.
A
Presidência concede a palavra à Sra. Berenice Souza, ex-Presidente da Apabb,
para que faça a leitura dos nomes das autoridades presentes, das pessoas que
vieram de vários pontos do Brasil para abrilhantar este acontecimento.
A SRA. BERENICE SOUZA – Gostaríamos de registrar a presença
da Sra. Márcia Gurgel, da Gestão de Pessoas do Banco do Brasil, Waldenor
Moreira Borges Filho, Presidente da Apabb, Waldemar Ieri, Presidente da Aabb de
São Paulo, Nilton Brunelli, Diretor de Comunicação e Desenvolvimento da Anab;
Sra. Mércia Clemente Kottke, representando o Diretor Jurídico do Banco do
Brasil, Sr. Joaquim Portes de Cerqueira César; Sra. Mariza Maurer, da
Cooperforte; Sra. Magali Pereira, representando a Cassi; Sra. Maria Claúdia,
representando a CliniCassi; Sra. Carmelita dos Santos Nova, Representando o
Conselho Deliberativo da Satélite Esporte Clube; Sr. Údine Verardi,
representando o Deputado Salim Curiati; Sr. Geraldo Sola, representando a
Apabb.
Agradecemos
a todos e queremos dizer que estamos muito honrados com sua presença.
O SR. PRESIDENTE – RAFAEL SILVA – PDT
– Esta Presidência
anuncia a apresentação de Vídeo Institucional com os programas e projetos da
Apabb. Esse vídeo será apresentado para que as pessoas que ainda não conhecem
esse trabalho maravilhoso possam ter ciência do que é feito em favor de pessoas
que precisam de uma oportunidade especial.
* * *
-
É feita a apresentação do vídeo.
* * *
O SR. PRESIDENTE – RAFAEL SILVA – PDT
– Convém destacar
que esse trabalho é realizado por 14 núcleos da Apabb distribuídos por todo o
Brasil. É um trabalho gigantesco feito em favor dessas pessoas especiais.
Também é um trabalho especial que representa uma luz de esperança.
A
sociedade humana seguia o tripé crenças, normas e valores. Os valores
defendidos pela Apabb deverão atingir um dia, se Deus quiser, todas as
instituições, todos os grupos sociais e todas as pessoas que entenderão que a
pessoa com deficiência não escolheu essa realidade. Ela faz parte desta grande
Nação que se chama Brasil. Ela recolhe seus impostos, participa. Com carinho,
atenção e oportunidade a participação será muito mais efetiva e feliz.
Esta
Sessão Solene será transmitida no sábado, às 23 horas, na TVA, canal 66, e na
Net, canal 13.
Quero
fazer uma referência especial à D. Yeda, uma pessoa maravilhosa que nos
acompanha na sessão e nos orienta para que tudo saia bem. Queremos estender
nosso abraço e agradecimento ao pessoal que, de forma anônima, participou,
valorizando a iniciativa da Sra. Berenice Souza e de outros em favor dos
portadores de deficiência, hoje chamados de pessoas com deficiência.
Temos
aqui o Sr. Roberto Tiné, que está seguindo o mesmo caminho. Os dois, porém,
representariam muito pouco se não tivessem o apoio de tanta gente. Ao chegar
aqui, falei com o Magnanelli,
uma bandeira do Banco do Brasil, como todos sabem. Ao lado de outros
companheiros, defende a instituição e as entidades do banco, sempre presente em
todos os acontecimentos.
Queremos
cumprimentar o Nilton Brunelli, aqui presente, que é de Ribeirão Preto, e agora
está
A
Presidência concede a palavra à Sra. Berenice Souza, fundadora da Associação
que fará uma explanação sobre o histórico da Apabb.
A SRA. BERENICE SOUZA - Boa-noite a todos. Queremos
agradecer ao nobre Deputado Rafael Silva, um “apabebeano” antigo que nos concede
esta honraria. Quero cumprimentar todos os presentes e dizer que estamos
felizes em estar aqui.
Gostaria
de fazer uma menção especial ao Magnanelli,
que hoje está aqui representando o Instituto Cooperforte. Na verdade, ele
representa todas as bandeiras das lutas do funcionalismo do Banco do Brasil –
já esteve na Cassi, na Previ, no Satélite, na ABB. Magnanelli representa essa
força do funcionalismo do Banco do Brasil. Na sua pessoa, quero agradecer a
presença de todos nesta noite para prestigiar a Apabb.
Estou muito feliz, porque estou vendo não apenas os
representantes das entidades, mas as famílias, nossos meninos do Projeto
Movimento, minha filha Emília, delegados de São Paulo.
Caros
amigos, estamos todos muito honrados por estarmos aqui hoje recebendo esta
homenagem, e a mim coube relatar aos senhores um pouco da história da Apabb e
do contexto em que ela foi criada.
As
associações de pais nasceram sempre do envolvimento de famílias, notadamente
familiares de deficientes intelectuais, como representantes de um segmento sem
voz, ou melhor, muitas vezes, sem o devido discernimento para a autodefesa de
seus interesses.
A época
em que se vivia era a pós-ditadura, já não havia os presidentes militares e
vivíamos o que se chamou a Nova República. Eram novos os ares que se respirava,
e entre os bancários do Banco do Brasil, assim como entre outras categorias de
empregados, nascia um sentimento de igualdade, que superava o das diferenças.
Movimento
semelhante acontecia em outras empresas como a Autolatina, que já tinha a
Avape; no Banespa a Apabex; no Metrô, nascia a AME; na Eletropaulo, a Apade; na
antiga Telesp, a Semear. Essas empresas e entidades tiveram um papel
fundamental nessa época, chegando a formar a Jipee, Jornada de Integração de
Pessoas Especiais nas Empresas, movimento este que, juntamente com o Ministério
Público Estadual, desempenhou um papel histórico na revisão da Constituição de
88, no que se refere à pessoa com deficiência.
O que
uniu essas famílias foi uma necessidade de autoajuda, de compreender questões
próprias e específicas da realidade do convívio, notadamente com o deficiente
intelectual no ambiente familiar. Mas o que realmente tomou forma, dentro do
Banco do Brasil, foi a urgência, na maioria dos casos, de procedimentos de
habilitação e reabilitação amparados no nosso convênio de saúde, Cassi.
Nascia
então, no dia 8 de agosto de 1987, uma entidade que imediatamente contou com a
solidariedade das demais entidades já existentes dentro do BB, como a própria
Cassi, o Satélite Esporte Clube, a Aabb-SP, que impulsionaram seu crescimento.
Dadas
as peculiaridades do banco, logo em seguida outros Estados seguiram o que
acontecia
Ao
tentarmos entender nossa realidade, acabamos por nos unir a outros movimentos,
outras lutas, ampliando, abarcando todas as deficiências num movimento natural
e tornando-nos o que é a Apabb hoje: da comunidade, filantrópica, de utilidade
pública, participando das políticas públicas, desenvolvendo parcerias.
Enfim,
uma Apabb diversificada, mas sem perder seus laços de origem, sua ligação com o
Banco do Brasil, com o funcionalismo e com o seu caráter quase intimista de uma
entidade que promove a inclusão social através do núcleo familiar e comunitário
onde vivemos, realizando atualmente mais de 60 mil atendimentos por ano.
Muito
obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE – RAFAEL SILVA – PDT
– Agradecemos as
palavras da Sra. Berenice Souza, ex-Presidente e fundadora da Apabb.
Dona
Yeda tem uma sensibilidade fantástica, entende esta Sessão Solene como muito
importante e é uma pessoa indispensável. Conversando comigo, ela falou do
carinho que devemos ter pelas pessoas que precisam de uma palavra amiga, de uma
oportunidade. Os senhores podem perceber, portanto, que esta Sessão Solene não
representa apenas um reconhecimento, mas ela atinge também o coração das
pessoas que fazem parte da vida desta Casa.
A
Presidência concede a palavra ao Sr. Nilton Brunelli.
O SR. NILTON BRUNELLI – Boa-noite a todos. Quero dizer que
Deus tem sido muito generoso comigo, porque tive oportunidade de passar por quase
todas as entidades do funcionalismo do Banco do Brasil: dirigi uma ABB, depois
tive a sorte de ser vice-Presidente da Fenabb – Federação das ABBs -, estive
nas cooperativas de consumo dos funcionários do Banco, fundamos a cooperativa
de Ribeirão Preto, uma das que sobreviveram a toda essa tempestade; estive
depois na Fecob, Federação das Cooperativas, estive na Cassi, estou na Anab.
Por
toda essa trajetória, posso dizer que a Apabb é uma coisa especial na minha
carreira dentro do Banco do Brasil. Na Cooperativa de Ribeirão Preto,
empregávamos, e até hoje são empregados, portadores de deficiência mental. A
Berenice soube disso e me ligou sugerindo que eu me candidatasse a delegado,
porque havia necessidade no interior de São Paulo. Entramos, então, como delegado
na Apabb e ficamos, depois, na diretoria por dois mandatos.
O
sentimento de estar na família Apabb, de todas as entidades do banco – sem
nenhuma demagogia, por estar hoje neste evento -, é totalmente diferente. O
lema da época em que eu fazia parte era: “Aqui, o normal é ser feliz.” Não sei
se ainda é o mesmo. Os eventos eram realizados com recursos pequenos -
diferente de entidades como a Previ, a Cassi –, mas feitos com muito amor.
Podia-se notar, no semblante das pessoas, a felicidade de fazer parte da
família Apabb.
Quero
cumprimentar a atual diretoria da Apabb, na pessoa do Presidente Roberto Tiné,
pelo trabalho que vem sendo realizado, assim como as diretorias anteriores.
Estou me lembrando da Janete, do Messias, da Clécia, da própria Berenice,
pessoas com quem tive o prazer de trabalhar.
Desejo,
de todo coração, que a Apabb continue trilhando este caminho maravilhoso que
trilhou até hoje.
Muito
obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE – RAFAEL SILVA – PDT
– A Presidência
concede a palavra ao Sr. Geraldo Magnanelli, cujo coração fala, mesmo quando
Magnanelli se mantendo em silêncio.
O SR. GERALDO MAGNANELLI – Se os companheiros das outras
entidades permitirem, falarei em nome de todas as entidades de São Paulo.
Nosso
grande Deputado Rafael Silva nunca se esquece das nossas entidades e nisso
vemos sua preocupação com a nossa união. Devemos estar sempre unidos, pois a
união faz a força. Temos um órgão principal que é a Previ – uma moça linda que
nasceu em 1904. Nunca mais ficou velha, pelo contrário. Cada vez fica mais
bonita, mais rica, mais elegante, mais inteligente.
Precisamos
ter muito cuidado, porque estão querendo tirar essa namorada de nós. Temos de
nos unir para defender a nossa Previ, a nossa Cassi. As nossas entidades de
todo Brasil precisam trabalhar juntas ao lado deste grande Deputado que faz
questão de sempre ajudar, homenagear e apoiar nossas entidades com grande
carinho e dedicação.
Obrigado
a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE – RAFAEL SILVA – PDT
– Vamos ouvir agora
um jovem que está inserido neste projeto desenvolvido pela Apabb: Wilson Gomes
da Rocha Filho.
O SR. WILSON GOMES DA ROCHA FILHO – Boa-noite. Eu acho que não tenho
muito a falar a respeito da Apabb, porque eu considero a Apabb, depois da minha
casa, minha segunda família.
Peço
desculpas, porque estou nervoso.
Eu só
tenho a agradecer à Apabb, por toda a ajuda que está dando não só a mim, mas
também a outras pessoas portadoras ou não de deficiência, já que é uma via de
mão dupla.
Eu só
vim agradecer e vou parar antes que eu fale alguma bobagem. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE – RAFAEL SILVA – PDT
– A emoção do Wilson
e suas palavras representam o valor que a Apabb dá a essa causa maravilhosa.
Wilson, a sua presença, a sua fala, a sua emoção, tudo isso faz com esta Sessão
Solene tenha um sentido bem profundo.
A
Presidência concede a palavra ao Sr. Roberto Tiné, Presidente da Apabb e
pedimos a ele que faça uso da tribuna.
Solicito
que as pessoas façam uso da tribuna, porque é nesta tribuna que acontecem
pronunciamentos, é desta tribuna que nascem ideias, discussões que norteiam os
trabalhos da Assembleia Legislativa.
O SR. ROBERTO TINÉ – Boa-noite a todos. Excelentíssimo
Sr. Presidente da Sessão Solene da Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo, Deputado Rafael Silva, minhas senhoras e meus senhores, como vimos, faz
exatos 22 anos que um grupo de funcionários da então Agência Centro São Paulo
fundava a Apabb. Alguns desses funcionários estão presentes aqui nesta
cerimônia; E se eles fizerem um exercício de voltar o pensamento para o dia 08
de agosto de 1987, verão que naquele dia, no momento em que eles criavam a
Apabb, eles não imaginavam que a Associação fosse um dia ser homenageada nesta
Casa com a presença de personalidades tão ilustres, como vemos aqui hoje. Assim
como eu, eles devem estar sentindo muito orgulho pelo trabalho que
desenvolveram ao longo desses anos. Pois foi o trabalho dos fundadores da
Apabb, das pessoas que se juntaram ao grupo na caminhada e aos funcionários da
entidade que permitiu que a Apabb chegasse ao dia de hoje. Com certeza, um dia
que ficará na história da Associação.
Acredito
que esta homenagem não está acontecendo por acaso. O ilustre Deputado Rafael
Silva, conhecedor da seriedade do trabalho da Apabb, promoveu este momento por
saber que hoje a Apabb é uma entidade que faz parte do cenário social do
Brasil, e acredito que, por isso, a Casa do Povo do maior Estado do País presta
hoje esta homenagem. Porque hoje a Apabb é do povo, é da comunidade.
Mas
como se deu essa trajetória? Como foi que uma Associação que nasceu dentro de
uma agência do Banco do Brasil hoje serve à comunidade? Vou traçar um breve
paralelo entre a história da Apabb que nós ouvimos anteriormente e a evolução
da sociedade inclusiva para mostrar como se deu essa passagem.
Em primeiro
lugar, vamos ver qual era o cenário da época da criação da Apabb. Muito embora
desde 1960 que o assunto deficiência é tratado em nossa legislação, foi somente
no final da década de 1980 que o tema ganhou força, e a sociedade passou a
discutir os direitos das pessoas com deficiência com naturalidade. A
Constituição Brasileira de 1988 deu o pontapé que faltava ao garantir a
liberdade de ir e vir e o acesso à Educação, ao mercado de trabalho, ao sistema
de saúde pública e à convivência social em igualdade de condições com as
pessoas que não têm deficiência. Mas, mesmo assim, muita gente ainda utilizava
os termos “defeituosos”, “deficientes”, “excepcionais” “portadores de
deficiência” ou na melhor das hipóteses “especiais” para chamar a pessoa com
deficiência. E pouco se falava
O nosso
pioneirismo chamou a atenção da sociedade para um problema que as famílias
preferiam não mostrar. E com isso as pessoas com deficiência começaram a ser vistas
e consequentemente a ser incluídas nas discussões e fazer parte da sociedade. E
foi a partir daí que a Apabb conquistou a sociedade e deixou de atuar
exclusivamente dentro do Banco do Brasil, passando a atender toda a comunidade.
Como
fruto disso, em 1997, fomos certificados com Entidade Beneficente de
Assistência Social, anteriormente chamado de Entidade Filantrópica, pelo
Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), órgão vinculado ao Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, e conquistamos também o título de
Utilidade Pública Federal, concedido pelo Ministério da Justiça.
Consequentemente,
nossa atuação, nas políticas públicas, foi ficando cada vez mais forte com a
participação nos conselhos estaduais e municipais da área, culminando em 2004
quando conquistamos um assento no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
Portadora de Deficiência (Conade), órgão vinculado à Secretaria Especial de
Direitos Humanos da Presidência da República. No Conade, representamos as
múltiplas deficiências. Hoje, como representante da Apabb, ocupo não só o
assento de Conselheiro como coordeno a Comissão de Comunicação Social do Conade
e participo da Presidência Ampliada do Conselho. É a Apabb presente no órgão
superior criado para acompanhar e avaliar o desenvolvimento da política
nacional voltada para o segmento.
Mas não
paramos por aí. Acompanhamos as mudanças que foram acontecendo na sociedade
empurrada pela inclusão. E convém fazer uma pausa e mostrar outro cenário que
apareceu. A sociedade passou a considerar como pessoa o deficiente que, segundo
o especialista em inclusão da pessoa com deficiência, Romeu Sassaki, o que
parecia ser somente um caso de semântica era o reflexo da sociedade em atribuir
o valor “pessoa” àquele que tinha deficiência, igualando-os em direitos e
dignidade à maioria dos membros de qualquer sociedade. Vieram as leis e os
decretos que descreveram e regulamentaram os princípios constitucionais.
Destaco aqui a Lei de Cotas de 1991 que revolucionou a forma de inclusão da
pessoa com deficiência no mercado de trabalho. A acessibilidade, por sua vez,
passou a ser um assunto corrente na sociedade e muitos outros avanços foram
incorporados ao conjunto da legislação brasileira. E mais recentemente, em
2008, aconteceu a ratificação brasileira da Convenção sobre os Direitos da
Pessoa com Deficiência da ONU e seu Protocolo Facultativo com a particularidade
de ter sido incorporada à nossa legislação com equivalência de emenda
constitucional.
Acredito
que, na construção desse novo cenário, teve a participação e a influência da
sociedade civil organizada através de entidades como a Apabb, mas todos esses
avanços certamente não seriam possíveis sem a participação direta desta Casa.
Os parlamentares desta Casa e muitos outros que por aqui passaram tiveram um
papal preponderante nas conquistas sociais e na construção de uma
sociedade mais inclusiva. Pessoas como o
ilustre Deputado Rafael Silva, em seu terceiro mandato na Assembleia e autor de
várias leis na área, e a ilustre Deputada Célia Leão que, com o apoio dos
demais parlamentares, defenderam os direitos e lutaram pela inclusão da pessoa
com deficiência.
Nesse
novo cenário, a Apabb, acompanhando as mudanças, voltou suas ações também para
o mercado de trabalho. Fizemos parceria, adaptamos projetos e começamos a atuar
na capacitação da pessoa com deficiência para o mercado de trabalho. O Banco do
Brasil tem hoje centenas de funcionários com deficiência visual, auditiva e
física trabalhando em suas unidades e que veem a Apabb como sua entidade de
defesa e representação. Nesse sentido, nossas ações estão sintonizadas com as
necessidades do mercado e também atuamos junto à sociedade buscando melhorar a
qualidade de vida da pessoa com deficiência e de sua família.
E assim
vemos que hoje a Apabb é muito mais da comunidade do que do Banco do Brasil. E
é por ser da comunidade e servir ao povo, que está sendo homenageada pelos
representantes do povo. Representantes de 40 milhões de pessoas do Estado de
São Paulo. Por isso que o ilustre Deputado Rafael Silva e os demais
parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo reservaram um espaço em
seu precioso tempo que é dedicado a nobres causas, como defender os interesses
democráticos da população paulista para homenagear a Apabb e registrar
No
entanto, estou aqui apenas como o representante da Apabb, pois a homenagem é
para todos os que fazem a Apabb. Sim, porque ninguém faz nada sozinho. Sozinha,
a Apabb é apenas um nome. Mas junto com os voluntários, funcionários e
parceiros, a Apabb é uma instituição forte, necessária e imprescindível na
defesa dos direitos das pessoas com deficiência e na sua inclusão.
Nosso
corpo de voluntariado dedica as suas horas que poderiam ser utilizadas para o
descanso e lazer para trabalhar pela causa da pessoa com deficiência. E isso é
o que faz a diferença. O voluntário trabalha por amor à causa. E tudo que
construímos com amor, fazemos bem feito. E os voluntários da Apabb estão sendo
homenageados por vocês.
Nossos
funcionários, além da sua capacidade técnica, também são contaminados pelo amor
à causa e, com isso, conseguem se superar e fazer a diferença. A tecnologia
social que a Apabb desenvolveu voltada para a inclusão da pessoa com
deficiência através do lazer e do esporte e do Programa de Atenção às Famílias
foi construído por essa equipe de funcionários, e hoje é referência no
segmento. E os funcionários também estão recebendo esta homenagem.
E é com
os nossos parceiros que conseguimos dar vida aos nossos projetos transformando
as ideias
Mas tem
um parceiro que não posso de citar nominalmente: Banco do Brasil. Foi no prédio
do Banco do Brasil da então Agência Centro São Paulo que foram realizadas as
reuniões que deram início à ideia de criar uma associação. E a Sede da Apabb
continua até hoje lá. A maioria dos nossos Núcleos Regionais está instalada em
prédios do Banco. Sempre que precisamos fazer reuniões ou assembleias, o Banco
abona o ponto dos funcionários que são voluntários e que participam dos
encontros. O Banco do Brasil sempre apoiou nossas ações e sempre que precisamos
utilizar sua estrutura conseguimos sem dificuldades. Hoje, exerço a Presidência
da Apabb graças ao Banco do Brasil, uma vez que sou funcionário da ativa e
estou integralmente cedido para atuar na Apabb. Sem a liberação do Banco, seria
impossível ser Presidente de uma Associação deste porte. Nossos primeiros
projetos aconteceram na Associação Atlética Banco do Brasil – AABB -,
As
demais entidades da família BB são todas nossas parceiras: Caixa de Previdência
dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), Associação Nacional dos
Funcionários do Banco do Brasil, (Anabb), Associação dos Antigos Funcionários
do Banco do Brasil, (Aafbb), Associação dos Funcionários Aposentados do Banco
do Brasil, (Afabb), Satélite Esporte Clube, Federação Nacional das AABB,
(Fenab), Seguro de Vida AABB São Paulo (Segasp) e Cooperativa de Economia e
Crédito Mútuo dos Funcionários das Instituições Financeiras Públicas Federais
(Cooperfort). E o mais importante: a cultura criada pelo Banco do Brasil, ao
longo de seus 200 anos, com base em princípios éticos e valorizando a
integridade de seus funcionários é a mesma cultura que guiou todas as
administrações da Apabb.
Finalmente,
agradeço ao nobre Deputado Rafael Silva
- permita-me chamá-lo de colega Rafael Silva, pois trabalhamos na mesma
casa, o Banco do Brasil - pela homenagem aqui prestada e pela oportunidade que
deu à Apabb de mostrar o seu trabalho para este plenário.
Agradeço
ao Presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Exmo. Deputado Barros
Munhoz, e a todos os demais deputados por reservar este espaço no Palácio 9 de
Julho e na agenda da Assembleia Legislativa para a Apabb ser ouvida pelo povo.
E
agradeço às pessoas presentes na Assembleia Legislativa que vieram prestigiar
esta noite.
Muito
obrigado a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE – RAFAEL SILVA – PDT
– O companheiro e
colega – tenho a honra de chamá-lo colega - Roberto Tiné deu a todos as
informações sobre atos e ações que a Apabb desenvolve a favor de pessoas que,
verdadeiramente, precisam de oportunidades especiais.
Tenho
na minha assessoria a Marina e o Abrão Júnior, aqui presentes, que também
valorizam esse segmento, pois entendem a necessidade de darmos esse apoio. A
pessoa com deficiência não escolheu esse destino. Temos ainda um grande
colaborador Geraldo Getulino, carinhosamente chamado de Neto, que também sabe
do nosso pensamento. Sempre me pergunto: quem será a próxima pessoa com
deficiência? Quem será o próximo paraplégico ou tetraplégico? Quem será o
próximo cego?
Fiquei
cego há 23 anos. Eu enxergava e, de repente, fiquei sem a visão física. Fiquei
no escuro. Temos aqui o Deni Carlos que também não enxerga, é programador de
computador do Banco do Brasil, e um exemplo positivo, como muitos outros.
Quero
lembrar a todos que no próximo mês teremos uma Sessão Solene em homenagem à
AABB - Waldemar, Presidente dessa entidade, está aqui presente. Muitos
movimentos nasceram dentro da AABB, e, como o Roberto Tiné disse, a AABB sempre
cedeu seu espaço em favor dos funcionários e das entidades dos funcionários.
Posso
estar cometendo injustiça em não citar o nome de muitas pessoas que deveriam
ser lembradas, e, por isso, peço desculpas. A Wilma, que acompanha os trabalhos
da Assembleia, conhece bem meus pronunciamentos, sabe que hoje estou um tanto
diferente. É a emoção, Berenice, Roberto.
Além de
ter aqui comigo companheiros antigos do Banco do Brasil e colegas, tenho também
pessoas com deficiência. Como disse, fiquei cego há 23 anos. Conheço bem os
dois lados da vida. De repente, sem visão, disse a Maria Clara, minha esposa
que sempre me acompanhou, que iria me candidatar a vereador
Roberto,
Berenice, eu andava pelas ruas fazendo campanha. Naquele tempo, o preconceito
era muito maior. Algumas pessoas zombavam dizendo: “Cego existe para pedir
esmola.” Para outras pessoas, o cego não tinha capacidade para ser vereador.
A minha
esposa falava que eu não precisava passar por aquela humilhação, porque eu era
aposentado do Banco do Brasil e tinha uma renda. Eu dizia aquilo não era
humilhação, mas sim um desafio. E venceríamos aquele desafio.
Quando
jovem, aprendi a conhecer a força da mente humana. Aprendi a conhecer essa
força maravilhosa e uma luz divina que está dentro de todos nós. Disse, então,
que iria fazer valer essa energia.
Quando
vencemos a primeira eleição para vereador, minha esposa estava com pneumonia,
tamanho foi o desgaste físico e emocional. Quando ganhamos a eleição, disse a
ela que seria deputado estadual. Eu nem tinha assumido a cadeira de vereador e
já determinei esse objetivo para o futuro. Fui vereador por oito anos
Foi uma
luta difícil, mas nem tanto, porque, na medida em que você enfrenta o
obstáculo, você o vence. Se você não vence, você cresce. Quando termina a luta,
você é muito maior do que era antes.
Cito
sempre a história de Helen Keller, que nasceu em 1880 nos Estados Unidos e
morreu em 1968. Com um ano de idade, ela era surda e cega. Não via nada e não
ouvia. Era um animal. Um animal desprovido de qualquer conhecimento. Era tida
como um animal irracional por quem desconhecia o íntimo do ser humano e a
energia divina que o ser humano tem. Era tida como uma pessoa incapaz.
A
família contratou Anne Sullivan, uma professora com deficiência visual que
conhecia o íntimo de cada um. Anne Sullivan provou ao mundo que Helen Keller
não era um animal irracional, que precisava apenas de uma oportunidade para
explodir, para se desenvolver. Anne Sullivan provou que Helen Keller tinha
também a luz divina no seu interior, como todos nós.
Um camarada
atrevido nos Estados Unidos, descendente de negros – sabemos que o negro sofre
muito preconceito naquele país -, deficiente visual, quis ser político: David
Paterson. Tornou-se senador e, hoje, é Governador do Estado de Nova Iorque. Que
atrevimento! Mas foi um atrevimento positivo, pois mostra que a pessoa com
deficiência pode realizar coisas maravilhosas quando tem oportunidade.
A Apabb
veio colocar no coração de muita gente – se não coloca, pelo menos, desperta –
a sensibilidade, o respeito e uma forma diferente de enxergar pessoas
especiais. Por isso, a Apabb não sendo homenageada, pois, como disse Dona Yeda,
aqui do meu lado, nós estamos fazendo justiça, estamos tornando público, pelo
menos, para esta Casa, o valor desta entidade.
Berenice,
Roberto, vocês perceberam, desde o começo desta sessão, a emoção que tomou
conta de mim. Essa emoção representante meu entendimento sobre a grandeza do
papel que vocês desempenham.
Os
companheiros me agradeciam, quando conversava com eles, mas a verdade é que eu,
sim, tenho de agradecer. Eu sou grato a vocês. Estou aqui na Assembleia, sou
deputado e ganho para estar aqui. Disputei várias eleições e estou aqui. Vocês,
não. Vocês estão aqui porque seu coração representa algo fantástico: amor,
dedicação, a vida que vocês colocam em favor das pessoas que precisam desse
carinho e dessa atenção. Vocês não devem a mim qualquer agradecimento. Temos
companheiros de diversos núcleos – 14 núcleos existem no território nacional.
Temos
aqui uma companheira que falou: “Eu sou de Fortaleza.” Eu pedi que ela
repetisse, por causa do sotaque, um sotaque bonito. Da mesma forma, pessoas do
Rio de Janeiro, também com sotaque diferente. O sotaque é diferente, mas o amor
é o mesmo.
De
coração, agradeço a todos. Saio hoje desta sessão muito mais feliz. Pelo menos,
entendo que cumpri um pouco do meu dever de reconhecer o valor de todos os
senhores.
Esgotado
o objeto da presente sessão, a Presidência agradece às autoridades, à minha
equipe, aos funcionários do Serviço de Som, da Taquigrafia, do Serviço de Atas,
do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV
Legislativa e das Assessorias Policiais Civil e Militar, bem como a todos que,
com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade e convida a todos
para uma Coquetel no Hall Monumental com a apresentação do Projeto Movimento –
Núcleo Regional com exibição do seu Grupo de Capoeira.
Está
encerrada a sessão.
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Encerra-se a sessão às 21 horas e 36 minutos.
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