07 DE DEZEMBRO DE 2001

46ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM À FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA DO ESTADO DE SÃO PAULO

 

Presidência: WALTER FELDMAN e RAFAEL SILVA

 

Secretário: VALDOMIRO LOPES

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 07/12/2001 - Sessão 46ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: WALTER FELDMAN/RAFAEL SILVA

 

HOMENAGEM À "FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA DO ESTADO DE SÃO PAULO"

001 - Presidente WALTER FELDMAN

Abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que convocou esta sessão solene, a pedido do Deputado Rafael Silva, com a finalidade de homenagear a "Federação da Agricultura do Estado de São Paulo".  Convida a todos para, de pé, ouvirem a execução do Hino Nacional pela Banda da Polícia Militar. Cumprimenta o presidente da Faesp, Fábio de Salles Meirelles, pelo seu trabalho em defesa da agricultura no Estado.

 

002 - RAFAEL SILVA

Assume a Presidência.

 

003 - VALDOMIRO LOPES

Em nome do PSB, fala sobre o papel da agricultura no crescimento econômico do país, que poderia ser maior se houvesse maior apoio governamental.

 

004 - ANTONIO ERNESTO DE SALVO

Presidente da Confederação Nacional da Agricultura, fala sobre a importância da agricultura na manutenção da sociedade humana. Soma-se às homenagens a Fábio de Salles Meirelles.

 

005 - JUNJI ABE

Prefeito de Mogi das Cruzes e ex-Deputado nesta Casa, considera não ser possível dissociar a grande figura de Fábio de Salles Meirelles da Faesp. Ressalta a importância da Faesp para a agricultura do Estado.

 

006 - JORGE TADEO FLAQUER SCARTEZZINI

Ministro do Superior Tribunal de Justiça, elogia o papel de desbravador de Fábio de Salles Meirelles, a quem penhora sua admiração.

 

007 - FÁBIO DE SALLES MEIRELLES

Presidente da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo - Faesp, agradece as homenagens recebidas à sua pessoa e à Faesp. Enaltece a figura do agricultor brasileiro. Discorre sobre as atividades da Faesp em prol da agricultura, lembrando a vocação agrícola do Brasil.

 

008 - Presidente RAFAEL SILVA

Soma-se aos elogios ao trabalho de Fábio de Salles Meirelles frente à Faesp. Agradece a presença de todos que colaboraram para o êxito desta solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Valdomiro Lopes para, como 2º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - VALDOMIRO LOPES - PSB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Queria, neste momento, nomear as autoridades que compõem a nossa Mesa e, com muita satisfação, anunciar a presença do Exmo. Sr. Jean Pierre Juneaut, Embaixador do Canadá no Brasil, e do Sr. José Herrán Linea, Ministro-Conselheiro do Canadá, que abrilhantam a nossa sessão solene. Agradecer e cumprimentar o Dr. Fábio de Salles Meirelles, Presidente da Faesp, Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, motivo desta sessão; o Sr. Ministro do Supremo Tribunal Federal, Jorge Tadeo Flaquer Scartezzini; Dr. Antônio Ernesto de Salvo, Presidente da Confederação Nacional da Agricultura. Quero também agradecer e cumprimentar as presenças de Valdomiro Lopes, Antônio Salim Curiati e do proponente desta sessão, o Exmo. Sr. Deputado Rafael Silva. Esta sessão foi convocada a pedido do Deputado Rafael Silva para homenagear a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, Presidida pelo Dr. Fábio de Salles Meirelles.

Convido todos os presentes neste momento para, de pé, ouvirmos a execução do Hino Nacional Brasileiro, pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro, pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Quero agradecer ao maestro e a todos os componentes da Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo que, periodicamente, abrilhantam as nossas Sessões Solenes com a execução do Hino Nacional Brasileiro. Muito obrigado, Maestro!

Quero pedir um pouco de paciência aos Srs. e às Sras., mas nós vamos nominar todas as autoridades e representantes de instituições presentes. Primeiro, nosso querido amigo e Prefeito de Mogi das Cruzes, ex-Deputado Estadual, Dr. Junji Abe. Muito obrigado pela presença. Durante 10 anos foi um importante representante da agricultura do Estado de São Paulo, aqui nesta Casa de Leis. Cumprimentar e agradecer a presença do Conselheiro Antônio Humberto Fontes Braga; Dr. Ney Prado, Juiz do Tribunal Regional do Trabalho; Coronel Ariomar Martins, Assessor Parlamentar do Comando do Sudeste, representando aqui o Comandante Roberto de Albuquerque; Sílvio Rosa Júnior, Presidente da Fundação de Alta Tecnologia de São Carlos, ex-Presidente do Sebrae; Sr. Dr. Maurício Lima Vieira de Guimarães, Vice-Presidente da Faesp; Dr. Juvenal Domingos Martins Lopes, Vice-Presidente da Faesp; Dr. Carlos Monteiro, Vice-Presidente da Associação Comercial, aqui representando o Dr. Alencar Burti; Sr. Dr. João Yo, Diretor do Sebrae; Dr. Wilson Palhares, Diretor e Primeiro Secretário da Faesp; Dr. Irineu de Andrade Monteiro, Diretor Tesoureiro da Faesp; Olívio Salete Lobo, representando aqui o Exmo. Sr. Deputado Estadual Arnaldo Jardim; Sr. Dr. José Osvaldo Junqueira Franco, Diretor Tesoureiro da Faesp; Dr. Sérgio Perroni, Diretor Operacional do Sebrae; Saladino Simões de Almeida Filho, Presidente do Sindicato Rural de Tatuí; Márcio de Moura Barros, Superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural; Pedro Maranhão, representando o Exmo. Sr. Deputado Federal e Presidente Nacional do PSDB José Aníbal; Antônio Celso, Presidente do Sindicato Rural de São Miguel Arcanjo; Willian Marcos, Presidente do Sindicato Rural de Ipoã; Maurício Tachibana, Presidente do Sindicato Rural de Ibiúna; Sr. Yasuhiko Yamanaka, Presidente do Sindicato Rural de Bastos; Sr. Rui Kikuti, Diretor do Sindicato Rural do Município de São Paulo; Sr. Nobuhiro Kawai, Presidente do Sindicato Rural do Vale do Rio Grande; Ruy Okuma, Presidente do Sindicato Rural de Fernandópolis. São as autoridades presentes até este instante. Quero agradecer a paciência, mas todos têm uma enorme representatividade e teriam que ser citados.

Amigo Fábio Meirelles, digníssimo Presidente da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, antes de passar a Presidência dos trabalhos ao Deputado Rafael Silva, proponente desta Sessão, gostaria também, em nome de todos os Deputados desta Assembléia, de cumprimentá-lo pelo trabalho já antigo que vem realizando V. Sa. em defesa dos interesses da agricultura do Estado de São Paulo.

Quero dizer que, há minutos, recebi o Embaixador do Canadá, Dr. Jean Pierre, com quem conversamos sobre as relações Brasil-Canadá, mas, notadamente, sobre as questões da área agrícola. E, dizia-me o Sr. Embaixador que a política agrícola do Canadá é muito semelhante à política brasileira. Portanto, as relações deveriam ser aprofundadas, radicalizadas, no sentido de termos mecanismo comercial de importação e exportação mais eficiente do que temos até agora.

E, recentemente, o Sr. Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, dizia da nossa necessidade de sobrevivência de ampliarmos o nosso papel exportador no concerto internacional. Sabemos o papel que a agricultura, que o setor agrícola tem nesse sentido. Sem essa atividade seria, ou será impossível nós ampliarmos nossas fronteiras e criarmos as condições de divisas para melhorar as condições de vida e a qualidade de vida do povo brasileiro. Nós dependemos, precisamos da agricultura, que é uma atividade insubstituível. Nenhuma outra tecnologia, ou outra invenção, poderá ocupar o espaço e o papel que a agricultura ocupou na história do Brasil, no seu desenvolvimento, com café, algodão, cana, pecuária, e que continuará sempre desempenhando.

E, com o apoio do Governo sabemos que isso se dará com as características e a dimensão que a sociedade brasileira tanto precisa, tanto necessita para o seu desenvolvimento integral num processo de competitividade nessa globalização tão complexa que enfrentamos nos dias de hoje. É nesse sentido que quero, como Presidente eventual desta Casa, cumprimentá-lo pelo trabalho que vem sendo realizado, imaginando que esta sessão Solene presta uma homenagem a um homem que tem dedicado sua vida à ampliação do espaço da agricultura em São Paulo e no Brasil.

Aguardo, com muita ansiedade, a doação de uma escultura que a Federação fará a esta Assembléia. Construiremos um espaço da atividade econômica. Já temos a doação da Federação do Comércio, já temos a confirmação dessa doação da Agricultura, aguardamos da Indústria, para que São Paulo, definitivamente, na sua Assembléia, na sua Casa de Leis, possa representar aquilo que essa atividade já fez de bom e continuará fazendo em nosso Estado, em nosso país.

Muito obrigado, Dr. Fábio Meirelles, e cumprimento o Deputado Rafael Silva pela brilhante iniciativa. Muito obrigado. (Palmas.)

 

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- Assume a Presidência o Sr. Rafael Silva.

 

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O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - É uma satisfação assumir a Presidência desta Casa, sucedendo aqui, neste momento, ao nobre Deputado Walter Feldman, hoje Vice-Governador, porque na ausência do Vice-Governador temos, para nossa satisfação, Walter Feldman, um Deputado sério, homem correto, que representa muito bem esta Casa e representou agora, quando assumiu o Governo do Estado de São Paulo. É uma satisfação.

Dr. Antônio Humberto Fontes Braga, Conselheiro; Ministro Jorge Tadeo Flaquer Scartezzini; Dr. Antônio Ernesto de Salvo, Presidente da Confederação Nacional da Agricultura; e Fábio de Salles Meirelles, um homem que marcou sua vida criando uma história dentro da história da agricultura brasileira. É uma satisfação tê-los aqui. Quero cumprimentar todas as outras autoridades aqui, em nome de Wílson Palhares, que também é da Faesp. Foram citados aqui os nomes de muitas autoridades presentes. Do Junji Abe, nosso ex-companheiro, hoje Prefeito de Mogi das Cruzes; do Deputado Valdomiro Lopes, da região de São José do Rio Preto.

Agora, vamos passar a palavra ao Deputado Estadual Valdomiro Lopes, que também é agricultor, admirador do trabalho do Dr. Fábio Meirelles e reconhece o valor da Faesp, não apenas para o Estado de São Paulo, mas para toda a nação brasileira.

 

O SR. VALDOMIRO LOPES - PSB - Muito bom dia. Quero cumprimentar o Deputado Rafael Silva, meu colega de bancada, que Preside neste ato esta Sessão tão importante da nossa Assembléia Legislativa. Quero fazer uma saudação aos representantes do Poder Executivo na pessoa desse grande amigo, e também ruralista, o Prefeito Junji Abe. Quero saudar os presidentes dos Sindicatos Rurais, as lideranças rurais já citadas pelo protocolo na pessoa do meu amigo, Presidente do Sindicato de Ibiúna, Maurício Tachibana. Quero saudar todas as senhoras, todos os senhores, os amigos desta grande figura, que representa, sem dúvida nenhuma, aquilo que de melhor temos no Estado de São Paulo e no Brasil nesta área tão fundamental, que é da produção rural, da produção agrícola, do desenvolvimento, do agronegócio. O nosso homenageado de hoje, Dr. Fábio de Salles Meirelles, essa figura que todos admiramos e que estamos aqui para reverenciá-lo.

Sou do interior do Estado de São Paulo, sou Deputado Estadual, sou médico e também sou produtor rural. Talvez as pessoas não saibam, mas somos responsáveis pela grandiosidade deste país. Pouca gente tem conhecimento dos números daquilo que representa, na verdade, a produção rural e o agronegócio neste país. De toda a riqueza produzida neste país, 41% do PIB brasileiro - ao contrário do que possam pensar as pessoas que responsável por isso talvez fosse a indústria, talvez fosse o comércio, talvez fossem outras áreas - 41% da riqueza que se produz neste país é oriunda do agronegócio.

E nós poderíamos multiplicar isso muitas vezes, se tivéssemos, na verdade, a nossa voz, a voz da produção, a voz das entidades que realmente representam aquilo de mais caro e mais importante que existe neste país: a voz das lideranças ruralistas ouvidas nas mesas de negociações internacionais. Dói no nosso coração saber que mais da metade da soja que está sendo plantada neste instante já está comercializada e vendida ao exterior.

E, o Brasil exporta produtos in natura, matéria-prima, exporta soja para o exterior. Estou usando a soja como um exemplo daquilo que quero transmitir aos senhores e senhoras, porque a soja é um exemplo marcante. Mas, isso pode ser transportado para os outros produtos e, na verdade, essa soja vai para o exterior para ser esmagada, para produzir óleo, para produzir farelo e, às vezes, compramos o farelo de volta, mais caro do que o valor com que exportamos a soja. Gerando emprego lá, gerando desenvolvimento lá, quando o nosso governo tinha que bater na mesa na hora das negociações internacionais e fazer com que esse sistema de comercialização fosse mudado.

Até porque o Brasil é hoje o terceiro país em termos de comércio mundial. É o terceiro país consumidor do mundo. Só que os países europeus, os Estados Unidos, os países asiáticos vêm para cá vender produtos prontos, produtos que foram feitos, fabricados lá, que deram emprego lá e vêm vender esse produto acabado aqui. E, o nosso governo, infelizmente, na hora de vencer as barreiras aos produtos que nós produzimos, não tem a coragem nem a força suficiente de dizer: “Nós vamos também acabar os nossos produtos aqui e vocês têm que eliminar essas barreiras à exportação do produto brasileiro.” Fosse assim, ao invés de 41% do PIB, o agronegócio seria talvez correspondente a até 65% do PIB, bastaria que acabássemos esses produtos.

E o que estou aqui dizendo aprendi com meu grande professor, grande orientador Fábio Meirelles, que é um defensor dessa política de fortalecimento, mais do que nunca, do setor que nós representamos. O Dr. Fábio Meirelles não é só um grande ruralista, não é só uma figura que dedicou sua vida ao desenvolvimento do Estado de São Paulo e deste país. O Dr. Fábio Meirelles é um forjador de lideranças e de políticas importantes para o nosso Estado. Então, todas as homenagens que ele recebe ainda é pouco para dizer: “Muito obrigado ao trabalho e à liderança que ele representa.”

Posso dizer isso porque sou do Interior do Estado de São Paulo, da região de São José do Rio Preto, e desde menino - tenho 47 anos - vejo a peregrinação desse homem, desse verdadeiro bandeirante. Eu estava recentemente em Jales, na inauguração da sede do Sindicato Rural de Jales, e as pessoas me perguntavam: “Deputado Valdomiro Lopes, por que quase todo sindicato das cidades do Interior têm o nome de Fábio Meirelles?” Sabe o que eu dizia? Eu dizia que sempre tem o nome de Fábio Meirelles porque não existe um município neste Estado de São Paulo, não existe um Estado deste Brasil que no desenvolvimento da política agrícola, da política da pecuária, deixou de ter o dedo, deixou de ter a mão, deixou de ter o amparo, deixou de ter o trabalho desse verdadeiro bandeirante, desse grande brasileiro, desse grande paulista que é o Dr. Fábio Salles Meirelles.

Quero terminar minhas palavras e agradecer a esse Deputado valoroso, essa figura que é o Deputado Rafael Silva, que é do meu partido, Partido Socialista Brasileiro, o PSB. Rafael, parabéns a você! Parabéns pela sua sensibilidade de ter pinçado, dentro das lideranças do Estado de São Paulo e do Brasil, para fazer uma homenagem a essa figura que eu considero meu grande orientador político, meu grande padrinho aqui na Assembléia Legislativa e meu grande orientador das políticas por que devemos lutar e que devemos defender no Estado de São Paulo e no Brasil, que é o Dr. Fábio de Salles Meirelles. Parabéns, Dr. Fábio! Parabéns ao senhor, ao seu filho Tirso, que é meu grande amigo, à sua família. Parabéns por tudo que o senhor é, por tudo que o senhor tem feito por São Paulo e pelo Brasil. Muito obrigado! (Palmas.)

Quero aproveitar e ainda citar a presença de algumas autoridades que estão chegando: o Sr. Vanderlei Antônio Bassanezzi, representando o Prefeito de Tambaú e Presidente do Sindicato Rural de Tambaú; o Sr. Francisco Sérgio Ferreira Jardim, Delegado Federal, representando o Dr. Ministro Pratini de Morais; e o Sr. Dr. Arnaldo de Azevedo Silva Júnior, Diretor da Fiesp/Ciesp, representando o Deputado Federal Moreira Ferreira. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Agradecemos as palavras do Deputado Valdomiro Lopes. Ele demonstrou que conhece o setor. Médico, Deputado, político atuante, uma grande liderança da região de São José do Rio Preto, e também agricultor. Ninguém melhor do que ele para falar sobre as qualidades do nosso homenageado e sobre as qualidades desta entidade Faesp, que produz o progresso para o Estado de São Paulo e para a nação brasileira.

Vamos ouvir agora as palavras do Sr. Antônio Ernesto de Salvo, Presidente da Confederação Nacional da Agricultura, que também é uma grande liderança nacional deste importante setor.

 

O SR. ANTONIO ERNESTO DE SALVO - Sr. Presidente desta Casa, Srs. parlamentares, meu companheiro Flávio Meirelles, autoridades. Há algum tempo, no fim da Grande Guerra que enlutou o mundo na metade do século, um agrônomo americano, que fazia parte da força de ocupação do Japão, era um homem curioso e viu uma variedade de trigo, muito forte, muito resistente. Ele levou as sementes para os Estados Unidos. Essas sementes foram trabalhadas no Centro de Genética da Triticultura no México e isso é o início da revolução verde.

Esse caso foi contado em uma reunião em Washington pelo Secretário de Agricultura americano, que encerrou com uma conta curiosa. A ONU, examinando o resultado dessa revolução verde nos países da Península Hindustânica - na Índia, no Paquistão, em Bangladesh - concluiu que nesses países houve uma redução de cem milhões de mortes de pessoas, que deixaram de passar fome pela super resistência e produtividade desse tipo de trigo. E concluía o Secretário de Agricultura dos Estados Unidos da América: que hospital, que serviço de saúde do mundo, que local pode se gabar de um feito dessa grandeza: salvar a vida de cem milhões de pessoas numa só região do mundo?

Isso, meus companheiros, é o que faz a agricultura. E, agricultura e Fábio Meirelles são sinônimos. O que se está homenageando aqui é uma personalidade tripla do Fábio. A primeira, da pessoa humana, da pessoa que soube conquistar o respeito; a gratidão; a amizade; o companheirismo de vocês agropecuaristas de São Paulo e desse Brasil todo. A figura humana, coração grande, bom de briga - já briguei com ele. Prefiro não brigar, prefiro tê-lo como aliado, acho mais conveniente e mais prudente.

A segunda coisa que se homenageia em Fábio é a pessoa do produtor rural; o cafeicultor; o pecuarista; o desbravador do cerrado; o homem que hoje, nas horas ditas de lazer, abre uma propriedade modelo nas regiões próximas a Brasília. Ensinou tecnologia, praticou tecnologia. Mas, é a terceira qualidade do Fábio que eu acho que motivou o ilustre Deputado e que motiva esta Casa, a razão central, o cerne da homenagem que se presta ao Fábio. O Fábio usou sua vida para aglutinar homens, juntar idéias, dar formas a desejos, criar políticas e gerar fatos. Ele é pastor de gado, mas é pastor de gente. (Palmas.)

A sua vida e o seu mérito maior residem na capacidade de vender resistências, de colocar idéias em ordem, de juntar gente com objetivo comum. E o objetivo é que me volta ao início das minhas palavras. O objetivo de Fábio, o objetivo de sua força e eu acredito que a razão maior da homenagem que se lhe é prestada hoje é o fato de que, se vitoriosas as idéias que ele propugna - e muitas já o foram, e outras serão certamente - o grande beneficiário é o cidadão brasileiro, é a sociedade urbana. Não é o produtor rural, instrumento do crescimento e da melhoria de condições de vida da cidade, nem sempre lembrado como responsável pela pujança da sociedade urbana deste país e de outros. É o cidadão que labuta nas cidades do Interior, que se perde nas brumas da manhã na ordenha de suas vacas, que se estiola ao sol, que pratica o patriotismo na sua essência, gera emprego, gera produção, e nem sabe definir o que é patriotismo.

A vitória de Fábio, e o que hoje se presta a ele de homenagem, espraia-se pelo campo brasileiro. E me sinto, Fábio - e acho que falo em nome de muita gente que está aqui -, parte da homenagem que é prestada a você. Porque o que a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo homenageia hoje, tenho certeza, é a agricultura brasileira na pessoa do seu líder, Fábio Meirelles. Muito obrigado e parabéns! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Anunciamos, também, a presença do Sr. Antônio Gomes Barbosa, representando o Deputado Edson Gomes, que ainda ontem conversou comigo, à noite, nesta Casa e, muito triste, colocou-me que teria que estar fora de São Paulo. Tem compromissos sérios em sua região, inclusive com seu irmão, Deputado Federal Vadão Gomes, e não pôde estar presente. Mas, inclusive, já visitou o Dr. Fábio Meirelles, comunicando esse fato e toda a sua tristeza de não poder estar aqui, porque compromissos o impediram.

O Sr. Antônio Ernesto de Salvo fez colocações importantes e, pode ter certeza, essa homenagem estende-se às lideranças anônimas, em muitas vezes. Porque a sociedade brasileira, os grandes órgãos de comunicação, não têm conhecimento dessa realidade, não têm conhecimento da força desses líderes que promovem o progresso e ajudam a diminuir os problemas sociais.

Então, o Sr. Antônio Ernesto de Salvo, como Presidente da Confederação Nacional da Agricultura, sinta-se também homenageado porque a homenagem ao Dr. Fábio Meirelles estende-se a toda a categoria.

Ouviremos agora o Deputado, digo Deputado porque foi nosso companheiro desta Casa, Deputado Junji Abe e atual prefeito de Mogi das Cruzes. É um companheiro que aprendemos a estimar e que tem todo um trabalho voltado para este setor importante da economia nacional.

 

O SR. JUNJI ABE - Meu caro amigo e companheiro que preside este Parlamento, Deputado Rafael Silva, representando o Deputado, Presidente desta Assembléia, Walter Feldman. Quero, Deputado Rafael Silva, neste instante, ao saudá-lo e cumprimentá-lo por este evento, também aqui registrar os nosso sinceros agradecimentos à sua querida esposa, Maria Clara Machado Silva, que está sempre junto à sua pessoa.

Quero aqui cumprimentar o médico, o produtor, o homem público, o Deputado estadual que, por uma feliz coincidência, dez anos após ter deixado esta Casa, o meu amigo e companheiro da grande cidade de São José do Rio Preto, Valdomiro Lopes ocupa o gabinete que durante dez anos o acolheu, com muito calor. Quero aqui registrar, meu companheiro Valdomiro Lopes, a minha alegria e satisfação. Com a sua inteligência, você enriquece os trabalhos desse Parlamento do Estado de São Paulo. Quero aqui cumprimentar e saudar o Dr. Jorge Tadeo Flaquer Scartezzini, digníssimo Ministro do Supremo Tribunal Federal. Cumprimentar e saudar o Dr. Antônio Humberto Fontes, representando neste ato a Sua Exa., Ministro das Relações Exteriores, Dr. Celso Lafer. Cumprimentar, sempre com sentimento de gratidão, o nosso querido Dr. Francisco Sérgio Ferreira Jardim, delegado do Ministério da Agricultura no Estado de São Paulo, representando neste ato a Sua Exa., Ministro da Agricultura, Sr. Marcos Vinícius Pratini de Morais. Quero aqui, através de um abraço fraterno e forte, registrar os nossos agradecimentos, saudando esse grande líder da Agricultura Brasileira, Presidente da Confederação Nacional da Agricultura, companheiro Antônio Ernesto de Salvo.

Cada vez que participamos de um evento onde a nossa Faesp é o centro das atenções, a emoção torna-se extremamente forte porque, como falar da Faesp, sem falar do Fábio de Salles Meirelles? Como dissociarmos uma das maiores representações da agropecuária do Estado, e com certeza do país, sem falar do nosso querido Fábio? Amigo, irmão, Presidente Fábio. Desculpe chamá-lo de você, neste instante. Todos nós, produtores rurais, vivemos, acima de tudo, num companheirismo e numa informalidade e você, mesmo com toda sua importância, sempre nos permitiu essa aproximação de - até num momento solene desta natureza - chamá-lo de você. Obrigado por este momento, Fábio.

Quero aqui cumprimentar os diretores da Faesp, como também os Presidentes e Diretores dos Sindicatos Rurais do Estado de São Paulo, através do nosso querido amigo, Juvenal Domingos Martins Lopes. Quero aqui cumprimentar os Prefeitos e seus representantes, saudando meu querido companheiro Quico, Francisco Rodrigues Corrêa, Prefeito da cidade de Salesópolis, onde nasce o nosso glorioso Rio Tietê. Quero aqui cumprimentar todos os Vereadores, presidentes de câmaras e seus representantes, ao saudar o meu amigo, produtor rural, líder sindical da nossa agropecuária, Hélio Mori, vereador da nossa querida São Miguel Arcanjo. E, não obstante a sua ausência, uma saudação especial ao Embaixador do Canadá que, instantes atrás, presenteou-nos com a sua visita, vindo à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, Sua Exa. Jean Pierre Juneaut. Produtores rurais, meus amigos, minhas senhoras e meus senhores, é um momento de extrema dificuldade para que as palavras, adequadamente, possam ilustrar, como um retrato vivo, a importância deste momento.

A importância com que o nosso amigo, Deputado Rafael Silva, com a sua inteligência, com a sua sensibilidade, faz com que, através deste Parlamento - modéstia à parte, com certeza, o mais importante da nossa Nação - preste-se esta homenagem à agricultura brasileira do Estado de São Paulo. Deputado Rafael Silva, V. Exa. que trouxe à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, quando aqui chegou, uma visão diferente, onde o ser humano, acima de tudo, precisa saber reconhecer a importância das pessoas que estão ao nosso redor. E digo isso, senhoras e senhores, porque, pela primeira vez - pelo menos no meu entendimento - anos atrás, este Parlamento teve a satisfação e a honra de receber uma pessoa com deficiência visual. Ele substitui essa deficiência, dando uma lição fundamental da sua sensibilidade e do seu tato.

Razão pela qual, meu amigo Fábio, meu amigo Ernesto, Presidente da CNA, caros produtores: por mais que sejamos sindicalistas, defendendo atividade rural, por mais que sejamos faespianos, é importante destacarmos que, da visão da sensibilidade do Rafael Silva, podemos, aproveitando esta oportunidade, fazer com que, cada vez mais, os nossos companheiros, irmãos das cidades sintam a importância da nossa agropecuária nacional. Rafael Silva, registro aqui, em nome de todos nós, os sinceros agradecimentos por este momento, rico em todos os sentidos.

O tempo passa e, tenho certeza, que o tempo não será suficiente para nós podermos, com toda a ênfase, destacar a importância deste momento. Mas, meus amigos, minhas amigas, cada um de nós ligados à agricultura, ligados à pecuária, temos uma história. Cada um de nós tem uma ligação profunda - com legítimo interesse, com total amor à causa e desprendimento - ao servir à classe agrícola e, ao servir a classe agrícola, estamos servindo a Nação. Portanto, tudo aquilo que hoje somos, cada qual dentro das suas responsabilidades, numa reflexão sincera, vamos lá buscar, porque devemos muito das nossas ações ao nosso Sindicato Rural, à nossa Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, à nossa Confederação Nacional da Agricultura. Cada passo que damos na defesa dos interesses desta Pátria, através da agropecuária, aprendemos com homens.

E entre tantos homens, ao longo da nossa história - talvez, sim, uma história modesta, mas uma história de determinação, de legitimidade, de seriedade em cada passo - nós nos espelhamos, meus amigos, com total sinceridade e honestidade, no grande líder Fábio de Salles Meirelles. Você, Fábio, desenhou, para cada um de nós aqui - políticos, líderes da agropecuária, servidores, enfim, todos - o caminho da determinação, o caminho da seriedade, o caminho da renúncia, o caminho do companheirismo, o caminho da solidariedade e, acima de tudo, o caminho do amor por tudo aquilo que esta classe tem feito para o desenvolvimento da nossa Pátria.

Poderíamos aqui, complementando a brilhante colocação e as considerações do nosso amigo Deputado Valdomiro Lopes, trazer números, números esses que, sobejamente, somente nós, que representamos a classe, sabemos. Números fantásticos que, se não fosse a agropecuária, este país estaria numa situação muito pior. E, graças a Deus, se ainda estamos num processo de equilíbrio, não obstante as dificuldades que enfrentamos, não obstante o paradoxo das classes sociais. Graças à nossa agropecuária, este país ainda encontra o caminho do equilíbrio. É só abrirmos a janela da nossa Nação e olharmos internacionalmente os acontecimentos que afloram em outros países. Falta, sim, às lideranças maiores - principalmente do contexto político, institucional da nossa Pátria, dos Estados e dos municípios, na sua maior parte - entenderem que é muito mais fácil aprimorarmos aquilo que de mais rico a nossa Nação tem, que é a vocação voltada para a agricultura.

Tenho dito, em algumas oportunidades, cujos exemplos sempre tenham mirado este grande líder Fábio Meirelles. Ainda jovem, ao chegar à Faesp - não esqueço até hoje - dentre tantas colocações e considerações sábias e inteligentes, disse Fábio Meirelles: “Junji, todos nós, quando nos tornamos pais, e quando nossos filhos começam a entrar na fase da puberdade, a maior preocupação dos pais é tentar descobrir a vocação de cada filho, a inclinação vocacional dos filhos para encaminhá-los, conforme a vocação. Porque aquilo que gostamos, temos condições de executar com total competência. É isso que falta à maioria da nossa população brasileira. Entender que, ao lado das geladeiras, dos liqüidificadores, dos veículos, o mais importante, para diminuir a desigualdade social no nosso país, é através da nossa agropecuária.” Esta lição, senhoras e senhores, é que o Fábio Meirelles tem irradiado a todos os quadrantes do nosso Estado, do nosso país.

Razão pela qual, ao terminar as minhas singelas considerações, faço-as extremamente emocionado, por mais uma vez, através deste evento, após quase um ano, voltar a esta Casa para, ao usar esta tribuna, deixar registrado os agradecimentos ao Deputado da envergadura moral e ética de um Rafael Silva, da grandiosidade e da inteligência de um Valdomiro Lopes; para dizer a vocês, meus caros Deputados: todos nós produtores agradecemos esta lembrança, que só é possível porque na frente, no meio e atrás da nossa gloriosa Federação da Agricultura do Estado de São Paulo tem a qualidade, a determinação, a inteligência, a sabedoria, o companheirismo de um grande líder, acima de tudo, uma pessoa cristã e humana que se chama Fábio de Salles Meirelles. Muito obrigado a todos vocês. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Agradecemos a presença, as palavras do sempre Deputado Junji Abe, atual Prefeito de Mogi das Cruzes, também entende do setor e é um grande batalhador em favor da agricultura brasileira.

Vamos pedir ao Mestre de Cerimônias para que leia os nomes de algumas das autoridades que enviaram correspondências para esta Casa, justificando a não-presença nesta importante homenagem ao Dr. Fábio Meirelles e à Faesp.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Obrigado, Deputado Rafael Silva. Enviaram os cumprimentos S. Exa., o Vice-Presidente da República, Marco Maciel; Sr. Seia Yshibashi, do Sindicato Rural de Suzano; Sr. Armando Augusto Tricoli, presidente do Sindicato Rural de Atibaia; Sr. José Amade Júnior; Sr. Leôncio de Souza Brito Filho, Presidente da Famasul; Sr. José Ramos Torres de Melo Filho, Presidente da Federação da Agricultura do Estado do Ceará; e os Deputados desta Casa Edmur Mesquita, Edson Gomes e Paschoal Thomeu. Além do Sr. Ílson Garcia Godói, do Sindicato Rural de Presidente Prudente e o Vereador Ademir Torrezan, Presidente da Câmara Municipal de Tietê. Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva.

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Anunciamos agora as palavras do Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Dr. Jorge Tadeo Flaquer Scartezzini, que nos honrará, também, com o seu conhecimento, com a sua cidadania e com a sua participação em favor de dias melhores para este país. Dr. Scartezine.

 

O SR. Jorge Tadeo FlaQUer ScartezZini - Deputado Rafael Silva, senhores integrantes desta Mesa Diretora, Srs. agricultores, minhas senhoras, meus senhores, prezado amigo Fábio Meirelles. Não sei qual é a razão e me confesso confuso pela gentileza de me concederem a palavra. Não sou da agricultura, não entendo de agricultura, só conheço dela - como falou agora há pouco o Deputado - o que se encontra na geladeira ou no liqüidificador.

Mas, conheço, também, as flores. Conheço, também, os espinhos, que eventualmente existem nessas flores. E, conheço uma citação de Saint Exupéry, que dizia que existem homens que se assemelham demais às flores: uns, na trajetória da vida, da caminhada ascensional de sua existência, exalam perfumes, encantam, transmitem paz, transferem e doam alegria; enquanto outros só conseguem arranhar e machucar através dos espinhos. Fábio Meirelles está no primeiro escalão. Homem, que já se disse aqui, é um desbravador. Já se disse, também, que é um líder. Já se disse, também, que é uma pessoa profundamente carinhosa. Não o conheço como agricultor, mas conheço uma fase, que talvez pouco dos senhores conheçam. Conheço a sua relação com alguma irmãs enclausuradas na cidade de Franca, onde doou um terreno para que ali se construísse um convento a essas irmãs. Daí nasceu nossa amizade; daí a razão da minha presença; daí o respeito pela sua pessoa. Houve aqui quem falasse que com a agricultura cem milhões de pessoas passaram a existir. E eu me lembro de uma guerra que está ocorrendo neste instante, em que muitos milhões de dólares estão sendo gastos, para se eliminar vida, quando seria mais fácil combater o terror criando-se amor, criando-se pessoas, dando-se carinho. (Palmas.)

Fábio Meirelles, colhido pela surpresa, não sabia que ia fazer uso da palavra. Peço desculpas se equívocos cometi, mas só deixei aqui transparecer o que vai no âmago do meu coração: meu respeito, minha admiração e meu carinho pela justa homenagem que está sendo prestada a você. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Agradecemos a presença e as palavras do Ministro Scartezzini, que demonstrou aqui que também fala de flores, quer dizer, demonstrou sua veia poética, engrandeceu essa homenagem ao Dr. Fábio Meirelles. O nosso ministro é um exemplo de cidadania, é um exemplo de seriedade e essa seriedade engrandece, sim, Sr. Ministro, este evento. Suas palavras, realmente, demonstram a sensibilidade que o Sr. tem quando cuida dos assuntos de interesse da população brasileira.

Antes de ouvir as palavras do Dr. Fábio, poderíamos abrir a oportunidade, lógico que de forma rápida, para quem quiser se manifestar usando a tribuna. Se algumas pessoas quiserem usar a palavra, poderemos abri-la.

Não havendo interesse dos presentes, convidamos o Dr. Fábio de Salles Meirelles, o nosso homenageado, que representa esta grande força nacional, que é a força da agricultura. Nós o convidamos, Dr. Fábio, para que faça uso da palavra. O Sr., como um grande homem público, com a sua seriedade, vai nos trazer grandes ensinamentos. Vai fazer uso da tribuna desta Casa e, com certeza, esta tribuna, que já é valorizada, vai passar, a partir de hoje, a ter mais valor com a sua presença, Dr. Fábio.

 

O SR. FÁBIO DE SALLES MEIRELLES - Permita-me, Sr. Presidente, Deputado Rafael Silva, saudar, em primeiro lugar, na pessoa de sua senhora, juntamente com a minha esposa Ivele Lacerda Meirelles, as mulheres aqui presentes e, particularmente, o que elas representam: aquela notável companheira que é a mulher dos agricultores, das lideranças, inclusive, das lideranças políticas.

Desejo, saudando V. Exa., saudar todos os Deputados desta notável Assembléia Legislativa de São Paulo. Agradecer a abertura dessa solenidade do Presidente, Deputado Walter Feldman, cumprimentar também sua pessoa a figura das personalidades estrangeiras que aqui se apresentaram na abertura do evento. Ainda em seu nome, as eminentes autoridades presentes, que aqui vieram numa demonstração não apenas de amizade a quem vos fala, mas num reconhecimento à agropecuária de São Paulo e brasileira.

Ainda meu amigo Junji Abe, sentimos hoje que a população brasileira, principalmente a mais urbana, passa a reconhecer a importância social, política e econômica da agricultura nacional. E, as suas expressões, daquilo que falamos no início do nosso conhecimento e da amizade de hoje de que sem vocação é difícil conseguir êxito na vida do homem ou da mulher, é uma realidade. E o ministro Scartezzini mostrou que a força espiritual, a alma do homem toca também ao seu desejo da conquista por vocação dos princípios morais e religiosos de cada um de nós.

Lembrando aqui com coração as dedicadas irmãs Carmelitas Descalças, que têm o grande poder de unir o homem, o mundo material, a força espiritual e alcançar com isso todo o poder máximo de todo mundo, de todo segmento, de toda a vida e após a vida, que é Deus. E, ainda nas palavras de todos que aqui pronunciaram, meu amigo Junji Abe, nobre Deputado Valdomiro, meu companheiro Antônio Ernesto Salvo, que entende tanto quanto a nós, que na defesa da agropecuária e dos interesses nacionais tem que prevalecer os debates, muitas vezes acirrados, para encontrar o caminha certo, a luz para resolver os problemas que nos foram delegados pela confiança do homem do campo.

Nesta exposição preliminar deixo aqui, em seu nome, todo o respeito, todo o reconhecimento e homenagem que faço em seu nome, também o faço a todo o homem da agropecuária, inclusive o produtor e o trabalhador rural porque vejo aqui entre nós um dos grandes líderes dos trabalhadores rurais do Estado de São Paulo. Meu amigo, nobre Deputado, Rafael Silva.

A Faesp recebe, com muita honra, com muito respeito, a sua proposição feita à Assembléia do Estado, aprovada e ratificada por todos os Deputados e pelo Sr. Presidente, o Deputado Walter Feldman. Pelo seu conhecimento da economia agrícola, pela sua dignidade de homem e o respeito que tem no comportamento em suas responsabilidades, por tudo isso afirmo que ao imaginar hoje aqui presente, querer descobrir, alcançar a razão desta notável reunião na Assembléia de São Paulo, expressiva no que representa não só agora, mas num marco que ficará para a agropecuária paulista, com a presença do Presidente da CNA, no exemplo para a agropecuária brasileira.

É que V.Exa. pertence a uma região reconhecida aqui em São Paulo, em todo o Brasil, e inclusive na América Latina, que é realmente o ponto mais forte da economia produtiva da agropecuária brasileira, a região de Ribeirão Preto. E isso lhe dá, por conseqüência, as condições mínimas para analisar os princípios que o levaram a um procedimento dessa ordem. O agradecimento que faço a V.Exa, é pelo estímulo que nos leva a conduzir, com mais competência ainda, a agricultura brasileira e a agricultura de São Paulo. (Palmas)

Em nome dos Presidentes dos sindicatos rurais, da liderança aqui presente, fica o nosso reconhecimento, o aplauso por esse apoio inusitado, mas que é um chamamento nesse momento de tantos conflitos e dúvidas que ocorrem no mundo, tanto no econômico, quanto no social e no político para a unidade nacional embasar a sua luta no campo da economia brasileira, na grande esperança como sempre foi a agropecuária de São Paulo e do Brasil.

Muito obrigado, Deputado Rafael Silva por tanto estímulo e por tanto reconhecimento.

Permitam-me senhoras e senhores, ao homenagear as autoridades notáveis que estão aqui, lembrar, na minha convicção, como o homem do campo em todo esse País pensa sobre elas.

O agricultor brasileiro é nada menos e nem mais do que um legalista. E ele na sua modéstia, até humildade, tem o maior respeito pelo Poder Legislativo, pelas leis que dele emanam, pelo Poder Judiciário, que é a esperança do homem consciente e democrata. Ele confia, ele acredita que o Poder Judiciário, que tem o símbolo da balança, na idéia do mais modesto dos advogados, fará justiça e fará compreender nas suas decisões, que ao dá-la, ele está sendo olhado, não apenas como juiz, mas como detentor do Poder Judiciário. Este é o homem do campo.

O Poder Executivo é visto pelo homem do campo como a força de encaminhar as soluções nas linhas mestras dos princípios gerais do processo social e econômico e até na integração desse desenvolvimento no campo de abastecer o processo político. E teme esse homem, quando por esta ou aquela razão, sofre esses poderes ingerência de um ou de outro, muitas vezes contrariando os princípios básicos do direito, da boa norma, da boa dignidade e do respeito, principalmente, ao sentido social do homem brasileiro. Este é o homem do campo.

E ele não sobrevive e nem sobreviveria se não tivesse, como disse aqui o Deputado Junji Abe, o princípio básico da vocação, porque lembro-me que há 30 anos passados, quando fiz uma modesta palestra a formandos, na região de Ribeirão Preto, eu havia afirmado que a agricultura brasileira tinha uma notável vocação e naquele momento fui motivo de riso. A nossa vocação tem que estar preparada técnica e cientificamente para reconhecer a vocação da própria terra. Nesse caminho é importante ficar certo o respeito que nós temos pelos poderes constituídos do País. E quando há qualquer tipo de ruptura, o homem do campo só analisa se ela era realmente necessária para restabelecer a ordem que estaria em perigo. Mas ele jamais perde a ética e a dignidade de agredir, violentar e desrespeitar os poderes constituídos. E porque nós mostramos essa figura no princípio de doutrina e filosofia do homem do campo? Porque não pode permitir no estágio que alcançou a agropecuária brasileira, o desrespeito, a anarquia ou a violência na atividade agrícola, levando o homem do campo muitas vezes até perder espaço para continuar a trabalhar a fim de abastecer 170 milhões de brasileiros e vencer o mercado internacional.

Se nós temos esse respeito às instituições brasileiras, à ordem pública, às autoridades de segmentos integrados dentro dessas instituições fundamentais na vida brasileira, e respeitamos, é preciso devolver o mesmo carinho e o respeito ao agricultor brasileiro. Reconhecer que ele é um parceiro poderoso da instituição, da organização nacional, da ordem e do progresso desse País, que é o Brasil de todos nós. (Palmas)

Nobre Deputado Rafael Silva, tenho a absoluta convicção de que ele já imaginava qual seria a palavra de um homem que na sua vida foi galgado por outros líderes, a liderar. Ao líder só não se pode perdoar um ponto fundamental: a omissão do seu dever, a verdade dos fatos e a relevância da ação. Isto, com a graça de Deus, nós nunca nos omitimos.

Lembro-me, quando muito jovem, fui chamado pelo governo federal, nós que tínhamos sido recentemente nomeados, por S.Exa., o Presidente da República, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, como Presidente do Banco Nacional de Crédito Cooperativo, e a pergunta era uma só: qual seria a política mais rápida a ser adotada para abastecer os grandes centros agrícolas, principalmente São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, porque naquele período estava difícil a capacidade de abastecimento das grandes populações, inclusive de outras áreas do País.

E nós afirmamos que se obtivéssemos de pronto dos cofres públicos que estavam numa baixa terrível, quase sem resistência, financiamento para insumos básicos, a agricultura, provavelmente nós em 60 ou 70 dias poderíamos responder. Mas, como, com as cooperativas, com o setor produtivo, levando material para o rebanho, para o hortifrutigranjeiro, isso permitiria iniciarmos a essa atividade. Ele simplesmente determinou ao ministro da Fazenda que colocasse os recursos necessários, ainda que parcos, pequenos naquele momento, à agropecuária, via Banco Nacional de Crédito e Cooperativa. E, realmente as cooperativas, com fôlego, com seus cooperados, com as atividades amplas, e aí entra a grande força do pequeno e médio produtor rural, avançaram a trabalhar e a melhorar a sua avilcultura, a sua floricultura, o seu rebanho, e cresceu em oferta dentro de 60 ou 70 dias o procedimento da produção e foi caminhando no abastecimento das nossas populações.

Quase recente, em 1964 e de lá para cá o Brasil começou a se desenvolver no campo da agropecuária, de tal ordem, que hoje o setor rural brasileiro é um dos mais fortes aliados à economia nacional, gerador na concessão de novos empregos com custos menores, aliado, por conseqüência, do trabalhador. Com grande feito, a mão-de-obra mais carente também é absorvida. Aquela que muitas vezes é desprezada porque não alcançou o novo avanço técnico de conhecimento, absorve o campo. Como ele fez antes, cedendo na implantação das gigantescas hidroelétricas, os melhores trabalhadores do campo, os mais jovens, os mais preparados, os mais fortes, e nem aí ruiu a agricultura brasileira.

E a sociedade esquece de fatos como esses que estamos relatando na Casa importante de leis de São Paulo, a notável Assembléia Legislativa do Estado, que rendo hoje, ontem e sempre a homenagem aos magníficos representantes Deputados estaduais que por aqui passaram e que aqui estão e que continuarão a vir para engrandecer esse Legislativo e principalmente a responsabilidade do Estado de São Paulo no caminhar da própria nacionalidade.

Veja, pois, que esse caminho adotado confirma a assertiva de que nesse instante a sociedade urbana abriu o seu olhar. Ela sabe que para evitar o processo da violência, eliminando, é claro o processo migratório, e atingir a paz na sua sociedade, temos que gerar emprego, principalmente aqueles que têm menos capacidade de conhecer o avanço repentino da tecnologia mundial, porque nós ainda tivemos um ponto relevante. Foi que o Brasil também e a sua região, Deputado Rafael Silva, descobriu e implantou a tecnologia notável da cana-de-açúcar. Lembro que foi no governo Geisel que a Faesp foi chamada para comparecer como implantador do Genepa, que era o desenvolvimento do álcool no Estado de São Paulo. Os projetos tinham que ser aprovados pela Federação da agricultura, sem nenhum ônus para o Estado. E, foi ratificada pelo Governo do Estado a indicação de Camilo Pena, que era Ministro da Indústria e Comércio. Está aí, o desenvolvimento, a grande tecnologia.

Por isso que para importar tecnologias, tem que se verificar primeiro os nossos conhecimentos e a capacidade do homem do campo para absorvê-la. É claro que ao surgir em 1988, o Senar na mão das entidades representativas da agropecuária via sua Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil, a CNA. Já alcançamos milhões de aprimoramento da mão-de-obra. Só em São Paulo já atendemos mais de 800 mil trabalhadores, inclusive em convênios com os nossos sindicatos rurais patronais e em convênio com os sindicatos dos trabalhadores, elevando a mão-de-obra.

Se não bastasse deixar aqui registrado o que ocorreu com um projeto promovendo a saúde no campo, Deputado Rafael Silva, ministro Scartezzini, representante do ministro Celso Lafer, representante do Comandante do sudeste ao Presidente da CNA, um pequeno projeto promovendo a saúde no campo, que lembro-me que em Capão Bonito há poucos anos a primeira dama deste País, Dona Ruth Cardoso, numa reunião em que participamos com a presença do saudoso Mário Covas, ela dizia que precisávamos que o Presidente da Faesp nos auxiliasse aqui no sul do Estado para diminuir também o processo da mortalidade infantil. Implantamos em primeiro lugar no Município de Itararé esse projeto, que é um projeto preventivo, feito pelo Prof. Roberto Meireles, da USP, sem nenhum custo para a nossa instituição, com outros colegas, ajudou a queda recente em mais de 50% da mortalidade infantil na região de Itararé.

Permita-me a Mesa que honra esta Casa, na figura do Deputado Rafael Silva, abrir um pouco do muito que fizemos para deixar claro que a assertiva do Deputado Rafael Silva é das mais relevantes, porque nos dá uma injeção de ânimo e demonstra aquilo que reclamamos, que é respeito pela agricultura nacional e respeito pelo homem que trabalha de sol a sol na sua atividade agrícola para fortalecer o povo nacional, o povo brasileiro, para elevar os seus recursos do trabalho pela sua produção em todos os níveis no mercado internacional, fortalecendo a moeda brasileira, base do real, porque quando surgiu o real nesse País, a agricultura aliou-se, ajoelhou-se como boi na canga para carregar aquela moeda, que nós queríamos e queremos, uma moeda forte, uma moeda real para manter a solidariedade entre essa nação e os demais povos.

Um fato relevante, que divulgo pela primeira vez. Estava lá conosco o Presidente Antônio Ernesto. Na terça-feira passada quando nós chegamos num pequeno grupo de 20 e poucos líderes no Palácio da Alvorada para jantar com o Presidente Fernando Henrique Cardoso. O que ocorreu naquele jantar? Um ato que ratifica a decisão da Assembléia em prestigiar, apoiar, dar uma demonstração de consistência ao nosso sistema em torno da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, órgão oficial da representação agrícola. Era um jantar simples, parece que todos estavam fazendo regime, mas muito agradável, pela tertúlia que ocorreu. O Presidente disse que tinha nos convidado para jantar porque gostaria de agradecer, na figura de cada líder que lá estava, os agricultores brasileiros pelo feito que acabamos de obter mais uma vez nesse País, o superávit da balança comercial brasileira. (Palmas)

Esta é a nação agrícola que Deus nos deu, com a proteção divina, como disse o ministro Scartezzini, das santas irmãs Carmelitas Descalças. E nós que somos um povo cristão, aprendemos muito antes de comungar os princípios e respeitar outras religiões que existem no Brasil. O Vaticano via o homem do campo como um exemplo do ecumenismo implantado no Brasil. Vejam pois, Srs. Deputados, Sr. Presidente da Casa, senhoras, senhores e lideranças, a importância do sistema agrícola, sem o qual não se pode sequer pensar na necessária e importante segurança nacional e inclusive nos seus limites geográficos se não tiver o colosso nacional embasado no segmento da produção agrícola.

Para finalizar, não poderia deixar, senhoras e senhores, de lembrar um pouquinho da história rápida do que representa o sistema nosso e a agropecuária. O Brasil só acordou para a agrícola depois que descobriu que. tinha vocação para fazer política muitas vezes até em nome da agropecuária. Porque os nossos coronéis daquela época eram homens que estavam na sua atividade de produzir para sobreviver, porque a derrocada mundial do café abalou a estrutura de tal monta que por onde passava nesse País via-se uma placa onde estava escrito: “Fazenda do banco”, porque os bancos ficaram com as terras. Aí surgiram as lideranças.

Uma delas, naqueles idos, foi de Iris Memberg, lá de Barretos, pecuarista, promotor, que com um grupo pequeno, e com três associações iniciais, Associação do Vale do Rio Grande, sediada em Barretos, Associação do Vale do Sapucaí, sediada em Franca, e Associação Rural do Vale do Moji, sediada em Moji-Mirim, iniciou a implantação na Sete de Abril, numa sala de 20 metros quadrados, do setor pecuário paulista, que transformou logo em seguida na Federação das Associações Rurais do Estado de São Paulo, na Faresp. Daí caminhou-se, e Iris Memberg, um desbravador de idéias, foi ao Rio de Janeiro, para tentar, com suas convicções, criar a Confederação Rural Brasileira.

Lá encontrou Luis Simões Lopes, Presidente da Sociedade Nacional da Agricultura, que tem mais de 100 anos, e ligado a esse princípio, chegaram ao então Presidente Getúlio Vargas, que entendeu que era necessário e ficaria mais fácil para o seu governo ter uma sociedade rural organizada. Vejam que já naqueles primórdios o gaúcho, que também era agricultor lá do Sul, Getúlio Vargas, entendeu que era para ajudar o seu governo, porque quem tinha que conduzir o setor agrícola eram os homens que detinham a sua capacidade e a sua vocação de produzir. E, os três, Getúlio Vargas, Luis Simões Lopes e Iris Memberg acabaram fundando a Confederação Rural Brasileira.

Até 1967, Iris Memberg foi Presidente da Confederação Rural Brasileira, porque foi convocado por um outro desbravador e eu tenho a honra porque na época ainda muito jovem era polêmico, havia polêmica por todos os lados sobre a implantação de Brasília. Falo aqui no Plenário Juscelino Kubitschek. Não teve dúvida que ao implantar o sistema, Iris Memberg pouco procurou também ir para Brasília, a fim de obter uma área para lançar a Confederação Rural Brasileira e que se tornou Confederação Nacional da Agricultura. Hoje a CNA tem o nome de Confederação Agrícola e Pecuária do Brasil por idéia do Sr. Presidente e aprovada por todos nós, Antônio Ernesto. Lá, Juscelino Kubitschek entrega naquele sertão do planalto uma pequena área de terra onde está situada a Confederação Agrícola e Pecuária do Brasil, a CNA.

Esses homens do interior, como Rafael Silva, foram, com suas idéias, notáveis desbravadores desse País. Quando, diz Antônio Ernesto, da nossa implantação do sistema de uma área lá em Brasília, nada mais estávamos fazendo do que seguir o caminho e a orientação. Sinto-me feliz, porque vejo aqui um filho do Iris Memberg presente, e ele deve ser testemunha daquilo que acabo de afirmar.

Cresceu o sistema e em 1988 surge o Senar e Flávio da Costa Brito, senador da República, transfere então para a Casa São Paulo que tem lá a Confederação Nacional da Agricultura, que tem 50 anos. Hoje a CNA completa 50 anos, transformada de CRC para CNA. Instalou-se em todo o Brasil, em todos os Estados, com milhares de sindicatos patronais, porque de Associação passou pela Faesp por uma lei de Jango Goulart. Em 1963, Jango Goulart, como Presidente da República, implantou na realidade o sistema sindical rural patronal, que determinava a investidura das nossas associações no sistema sindical patronal para representar toda a agropecuária. Nesse campo de atividade, hoje São Paulo tem por volta de 240 sindicatos aproximadamente, 330 extensões de base e está colocado em toda a estrutura do Estado de São Paulo inclusive com o Senar aplicando.

Há ainda uma pequena história relevante que se apresenta aqui para ser registrada. Imediatamente àqueles atos que se implantaram na Mojiana, criou-se em Guaratinguetá, em 1935 a 1936, a notável Associação Rural de Guaratinguetá, que estruturou uma pecuária de leite avançada para esse Estado, caminho também do Vale para dentro que foi do café. É curioso que entre notáveis fundadores estava o Prof. João Alckmin, líder inconteste da pecuária leiteira, lutador na atividade da pecuária, tio do atual governador Geraldo Alckmin, que continua na mesma pegada de seu pai, médico-veterinário, do seu tio, João Alckmin, com sua pequena pecuária de leite, lá em Pindamonhangaba. Isso quer dizer que a vocação agrícola caminha para os seus herdeiros, e perder essa estrutura social, essa vocação do homem do campo é colocar em risco a própria nacionalidade. Nós somos a força também do comércio, do mercado, a compra de máquinas, tratores, da evolução tecnológica, a agricultura passa a absorver.

Deixo aqui a análise que fiz, conceitual, política, social do homem do campo. Ele não quer ser convocado para esta ou aquela função, até como legislador. Mas, quando convocam o homem do campo para qualquer atividade, estejam certos de que ele vai procurar fazer o melhor, e às vezes encontra pela frente dificuldades que não deveria encontrar porque ele é um legalista e ele não foge do princípio da legalidade. Está aí a figura que não plantei, que eu trouxe dos homens que estruturaram o nosso sistema, que deram a fé ao nosso princípio.

As últimas palavras são para dizer que se alcancei o dia de hoje, devo à fé religiosa do latino, dos cristãos. Recebi com muita humildade porque ali vi o meu egoísmo. Não senti que tinha entrado em outro segmento agrícola fora do Estado de São Paulo. Foi quando fui recebido numa audiência especial por Sua Santidade o Papa João Paulo II. Logo no início do seu vigoroso e santo pontificado. Como filho de católicos, de uma família muito religiosa, pensava como poderia me aproximar mais do céu, pois estaria com Sua Santidade, que liga ou desliga a terra com o nosso Deus. Mas, na hora em que conversava com Sua Santidade, primeiro ele não permitiu que eu me ajoelhasse para beijar o seu anel, suas mãos, segurando-me.

E, para minha surpresa, de repente disse: “Santidade, preliminarmente gostaria de pedir a sua benção aos agricultores de São Paulo”. Surpreso com as minhas palavras, ele segurou as minhas mãos e me disse para levar a sua benção permanente a todos os agricultores brasileiros. Ele viu o Brasil, tão longe, mais perto dele do que eu aqui que não enxergava a nação que é de todos nós e que temos obrigações fora dos limites geográficos de cada Estado. E, assim, ele por várias vezes retornava onde nós ficamos para reprisar isso. Qual a palavra de agradecimento que eu poderia dar a ele, Assembléia Legislativa do Estado, ao Presidente Walter Feldman, que abriu esse evento, ao meu dileto e respeitado e digno Deputado Rafael Silva, que honra essa Casa, a todos os que se pronunciaram até esse momento, as personalidades que estão aqui, aos Presidentes de sindicatos, as mulheres, a todos enfim, qual o agradecimento? Não tem palavra no vocabulário de um cidadão para agradecer quando alguém reconhece a estrutura representativa da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo. Não há palavras.

E, em respeitando todos os credos dentro do ecumenismo, apenas agradeço, ainda que sendo um homem que não tenha tantas condições para falar em nome de uma figura lendária, santa figura papal, de João Paulo II, um exemplo de todos nós, diria ao Deputado Rafael Silva, à esta Casa e a todos que aqui vieram para prestigiar a Confederação da Agricultura do Estado de São Paulo e a nós: a benção de João Paulo II a todos os agricultores de São Paulo e a todos que aqui estão porque falamos sobre a agricultura, razão pela qual ele nos deu esse poder de realmente dizer que levasse por onde estivéssemos, a sua benção aos agricultores brasileiros e o meu respeito à nossa Assembléia Legislativa.

E, se aqui vim falar, porque foi dessa tribuna que recebi meu título quando eleito Deputado federal, e entendi que um Deputado deve cumprir, como Junji Abe fez, os seus princípios éticos e respeitosos pela tribuna que está ouvindo, razão pela qual me aproximei desse nível da tribuna, que é muito mais alto do que o nível físico em que aqui me encontro. Muito obrigado. (Palmas)

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Ouvimos as sábias palavras do Dr. Fábio Meirelles. Eu perguntei ao nosso assistente se ele estava lendo, e ele me disse que não. Então, Fábio Meirelles realmente representa a força, a sabedoria, a tenacidade e o entusiasmo. Conversando com Valdomiro Lopes, que foi obrigado a se retirar, porque tinha um vôo marcado, soube que Fábio Meirelles é amigo da família. Junji Abe me falava mil e uma do Fábio Meirelles. Outros Deputados da divisa do Mato Grosso também me falavam dele. Enfim, Fábio Meirelles está presente em todo o Estado de São Paulo ou em toda a nação brasileira. É uma força incomum.

O Deputado Valdomiro Lopes fala que ele tem um entusiasmo fantástico. Lembro-me muito bem do significado da palavra entusiasmo. Para os gregos, entusiasmo significa ter Deus dentro de si, ter uma força divina. Os gregos, que eram politeístas e acreditavam em muitos deuses, quando viam uma pessoa vencer na luta, nos esportes, nas artes, na indústria, no comércio, na agricultura, aquela pessoa forte, vigorosa, que se destacava dos demais, eles diziam que ele tinha entusiasmo, ou seja, tinha a força de um deus dentro de si. Posso dizer, com toda certeza, que esse entusiasmo está presente em Fábio Meirelles, porque ele tem uma força divina, fantástica. Ele acredita no que faz e faz com amor.

Agradeço aqui na mesa a presença do Sr. Antônio Humberto Fontes Braga, representando o ministro Celso Lafer, do nosso grande ministro Jorge Tadeo Flaquer Scartezzini, do Presidente da CNA, Confederação Nacional da Agricultura, Antônio Ernesto de Salvon, Junji Abe, Prefeito agora, Deputado Valdomiro Lopes, do Presidente desta Casa, Walter Feldman.

Quero cumprimentar a todos presentes, prefeitos, vereadores, vice-prefeitos, sindicalistas, em nome do grande amigo Wilson Palhares, que me falava recentemente, que o Dr. Fábio é um orador de primeira, é um homem vigoroso. Eu disse a ele que para mim não era novidade, pois já o conheço há 40 anos. Tenho 56 anos de idade e o conheço há 40 anos. Lembro-me de sua participação importante na economia nacional, à frente do BNCC, Banco Nacional de Crédito e Cooperativo. Fábio Meirelles na Afaesp e em outros vários setores de atividade desta nação, demonstrou aquele entusiasmo bonito, forte, vigoroso, que carrega dentro de si.

E, a memória de Fábio Meireles? Não é comum vermos uma pessoa com tantas atividades, com tantos trabalhos a serem desenvolvidos, com uma memória dessas.

Platão, filósofo grego, falava do perceptivo e do intelegível. Ele se referia à realidades. Uma delas, a que a pessoa percebe mas pode se enganar. Há outras que vêm através da inteligência. Daí o perceptível e o inteligível. Aquela que vem através da inteligência e da análise acaba sendo fruto de uma realidade vivida por quem analisa. E eu posso dizer, sem medo de errar, que essas cinco décadas de Fábio Meirelles à frente de setores importantes para a nação brasileira, essa sua vivência, essa sua participação, esse seu exemplo, é um exemplo inteligível, ou seja, é a realidade que é vivida por um homem que tem uma história que se confunde com o heroísmo daqueles que trabalham no setor agropecuário. Coloco heroísmo porque muitas pessoas perderam tudo o que tinham para produzir, perderam suas fortunas, perderam o seu dinheiro e os seus valores morais e financeiros conquistados ao longo de décadas e décadas porque acreditaram na agricultura e na pecuária. Esse setor é privilegiado pela dignidade, mas não é privilegiado pelos homens públicos que deveriam reconhecer e investir muito mais.

Trabalhei no Banco do Brasil, Dr. Fábio Meirelles, e quando alguém dizia que aquela agência do Banco, em tal ponto, não dava lucro, porque não tinha uma atividade que dava retorno financeiro, e eu afirmava e afirmo que dá lucro sim, porque na medida em que pratica o fomento aos setores primários produtivos, na medida em que incentiva os pecuaristas, os produtores, ele promove o desenvolvimento econômico e social da região e a produção retorna em forma de impostos e melhor resultado para a balança comercial.

Infelizmente, na nação brasileira pouco se fez em favor desse setor tão importante. Hoje compramos produtos que são fabricados em outros países e lá produzem renda, empregos e impostos. Se houvesse um investimento decisivo nesse setor, com certeza a nação brasileira seria muito mais feliz. Muitas pessoas não entendem quando defendemos os investimentos para a agricultura e para a pecuária. Não se trata de investimento para favorecer um produtor, não. Na medida em que se fortalece o produtor e se aumenta a produção, estamos criando mais oportunidades de trabalho, principalmente para as pessoas não especializadas.

Esta Casa não está promovendo uma homenagem, não. Ela está fazendo justiça. Fábio Meirelles, repito, confunde-se com a história heróica e brava de um povo que acredita na terra, na produção e na nossa gente. Portanto, é justiça Fábio Meirelles, o que estamos fazendo. E, estendemos também ao Antônio Ernesto de Salvo e ao pessoal que produz e acredita nesse País, os nossos agradecimentos.

Para encerrar, lembro-me de uma história de uma galinha que chocou ovos que não eram dela. Um garoto saindo fora do controle do pai, subiu nas montanhas e trouxe alguns ovos que encontrou em ninhos no meio das pedras, e colocou-os para a galinha chocar. A galinha, entendendo aquilo como uma dádiva, porque ela queria transformar um ovo numa nova vida, foi chocando. De repente foram saindo alguns animais alados, com penas, mas diferentes de galinhas. Porém, foram sendo criados como galinhas. Voavam pouco, voavam baixo, tinham um vôo curto, ciscavam e comiam aquilo que encontravam pelo chão. De repente, uma daquelas aves, mais ousada, saiu e foi para um ponto mais distante, ultrapassando o limite das nuvens e enxergou a realidade de outra forma e manteve contato com outras aves semelhantes que disseram a ela que ela não era uma galinha, mas sim, uma águia. O homem não nasceu para ser galinha. O homem não nasceu para ter vôos curtos. Fábio Meirelles é uma dessas aves que se desgarrou, que cresceu, que subiu num ponto mais alto para mostrar que o agricultor tem que ser valorizado, tem que ter o horizonte muito mais amplo, porque a agricultura brasileira precisa ser reconhecida.

Fábio Meirelles é aquele líder corajoso, que para mim tem condições plenas e sempre teve para ser governador ou Presidente da República. Com certeza, sem medo de errar, eu afirmo que o nosso País seria muito mais feliz e desenvolvido se tivéssemos à frente dos nossos destinos, uma pessoa com vigor, tenacidade, dignidade, força, raça e coragem de Fábio Meirelles. Ele é um exemplo a ser seguido. Por isso, Dr. Fábio de Sales Meirelles, esta justa homenagem, este justo reconhecimento, através de sua pessoa, transmitimos para aqueles que acreditam num futuro melhor, para aqueles que produzem e que lutam para que o Brasil deixe de ser uma nação subdesenvolvida e passe a ocupar um espaço entre as nações do primeiro mundo.

Parabéns Dr. Fábio de Sales Meirelles! O senhor representa a dignidade dessa raça brasileira e a força que deveria estar presente em todas as ações políticas deste País. Por isso, o senhor recebe o nosso reconhecimento. Muito obrigado por sua presença aqui.

Muito obrigado pela presença das autoridades, e com certeza, esta Casa hoje ficou maior, se engrandeceu e passou a ter mais valor porque reconhece num homem brasileiro o valor da raça brasileira, o valor que deveria ser admirado e imitado. Quero agradecer também a presença do Sr. Rodrigo Simões, de Ribeirão Preto, da TV Clube, TV Bandeirantes, que vai levar uma imagem para 110 municípios.

Com muita felicidade digo que sou da região de Ribeirão Preto. Fábio Meirelles nasceu em Cajuru, portanto é da nossa região, é de Franca, é do Estado de São Paulo, mas principalmente, da região de Ribeirão Preto, e com orgulho falo disso.

Muito obrigado pela presença de todos. É uma satisfação enorme contar com vocês aqui, realmente ajudando a promover este justo reconhecimento, esta justa homenagem a quem realmente merece. Muito obrigado. (Palmas)

Está encerrada a sessão.

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- Encerra-se a sessão, às 12 horas e 55 minutos.

 

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