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06 DE NOVEMBRO DE 2012

049ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

 

Presidente: BARROS MUNHOZ

 

Secretários: LUCIANO BATISTA, CARLOS CEZAR e GILMACI SANTOS

 

RESUMO

ORDEM DO DIA

001 - Presidente BARROS MUNHOZ

Abre a sessão.

 

002 - ENIO TATTO

Requer verificação de presença.

 

003 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido e determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe ao constatar quorum regimental. Coloca em discussão o PLC 31/12.

 

004 - HAMILTON PEREIRA

Discute o PLC 31/12.

 

005 - LUCIANO BATISTA

Discute o PLC 31/12 (aparteado pelo Deputado Hamilton Pereira).

 

006 - JOSÉ ZICO PRADO

Discute o PLC 31/12.

 

007 - CAMPOS MACHADO

Discute o PLC 31/12.

 

008 - CARLOS GIANNAZI

Discute o PLC 31/12.

 

009 - Presidente BARROS MUNHOZ

Registra a presença da ex-Deputada Federal Luciana Genro.

 

010 - CAMPOS MACHADO

Discute o PLC 31/12.

 

011 - MARCOS MARTINS

Solicita verificação de presença.

 

012 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido e determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe ao constatar quorum regimental.

 

013 - MARCOS MARTINS

Discute o PLC 31/12.

 

014 - ENIO TATTO

Para comunicação, informa que a bancada do PT estava em reunião quando de manifestação do Deputado Campos Machado. Comenta a posição da bancada sobre a deliberação de projetos. Pede a deliberação de projeto que cria vagas de defensores públicos.

 

015 - Presidente BARROS MUNHOZ

Registra a manifestação. Convoca sessão extraordinária, a realizar-se hoje, com início dez minutos após o término desta sessão.

 

016 - CAMPOS MACHADO

Discute o PLC 31/12.

 

017 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Discute o PLC 31/12.

 

018 - Presidente BARROS MUNHOZ

Lembra da sessão extraordinária, hoje, com início às 21 horas e 40 minutos. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Abre a sessão o Sr. Barros Munhoz.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

* * *

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, solicito uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. A Presidência convida dos nobres Deputados Luciano Batista e Carlos Cezar para a auxiliarem na verificação de presença requerida.

 

* * *

 

- É iniciada a chamada.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esta Presidência constata número regimental de Srs. Deputados, Sras. Deputadas, e agradece aos nobres Deputados Luciano Batista e Carlos Cezar.

Em discussão o Projeto de lei Complementar nº 31, de 2012, de autoria do Sr. Governador. Para discutir contra, tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira, pelo tempo regimental.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente, nobre Deputado Barros Munhoz, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, estamos iniciando a discussão, nesta primeira Sessão Extraordinária, do Projeto de lei Complementar nº 31, de 2012. Este projeto altera a Lei 10.291, de 1968. Mil novecentos e sessenta e oito foi um ano que ficou aqui gravado na História do Brasil como um dos piores da nossa História, porque foi o ano do AI 5, que tolheu a liberdade de tanta gente, de tantos brasileiros e brasileiras, sobretudo daqueles que lutavam pela redemocratização deste País.

Esta lei, na realidade, proíbe aos policiais civis e militares de exercerem atividades paralelas remuneradas, com exceção das relativas ao ensino e à difusão cultural. Agora, o PLC nº 31 altera essa lei que proíbe o policial militar, o policial civil de prestar serviço às empresas privadas e com isso fazer o chamado “bico”. Mas, no entanto, este projeto que o Governador pretende que seja aprovado por esta Casa autoriza a celebração de convênios entre a corporação Polícia Militar, a instituição Polícia Civil do Estado de São Paulo e os municípios do Estado de São Paulo para que os policiais, durante suas horas de folga, façam os “bicos”, agora institucionalizados através da prestação de serviços de segurança para as prefeituras.

Vale à pena ressaltarmos aqui que nos últimos dias tem havido uma ofensiva do crime organizado na cidade e que tem redundado na morte de vários policiais militares, policiais civis, agentes de segurança penitenciária. E o Governador manda a esta Casa um projeto que, longe de tratar do planejamento para que a Polícia seja unificada, torne-se mais eficaz no combate ao crime e à criminalidade e desta maneira, inclusive, defenda a Região Metropolitana de São Paulo, a Cidade de São Paulo, a região expandida de São Paulo e a Capital, pretende uma dispersão dos policiais militares e dos policiais civis aqui no Estado de São Paulo.

Isso significa que, se aprovado este projeto, através de convênios celebrados entre a Secretaria Estadual de Segurança Pública com as prefeituras, os policiais poderão ser transferidos ao interior para trabalharem durante as suas folgas. É óbvio que vão faltar profissionais da segurança aqui na Capital, na Grande Região Metropolitana de São Paulo, e, portanto este Projeto de lei Complementar nº 31, de 2012, se reveste de um caráter absurdo, que é a dispersão da Polícia, num momento em que estamos precisando de planejamento, de unidade, de coesão das forças de segurança aqui no Estado de São Paulo. Forças de Segurança, subtenda-se aqui Polícia Militar, Corporação Polícia Militar e Polícia Civil no Estado de São Paulo.

Gostaria até de fazer uma referência ao Manifesto Comunista. Ele foi escrito em 1846, pelo cientista político, economista Karl Marx, juntamente com seu amigo Engels. Mas por que faço esta menção ao Manifesto Comunista? Porque ele é muito atual neste momento, para esta discussão. O que preconizava ali Karl Marx e Engels? De que no futuro a sociedade passaria por uma evolução de tal monta, que o progresso tecnológico iria liberar a mão-de-obra dos trabalhadores do mundo inteiro e que os trabalhadores, dessa maneira, poderiam gozar de mais liberdade para a prática do lazer, da cultura, e para o convívio com a sua comunidade, com seus familiares; enfim ter horas junto aos seus familiares, aos seus amigos, à comunidade para que pudessem gozar de lazer, que é fundamental, segundo esta concepção marxista, que é muito atual nos dias de hoje, para que o ser humano possa recompor as suas energias.

Portanto o trabalhador, quando a tecnologia, depois de muito desenvolvida, viesse a substituir a mão-de-obra braçal, gozaria de mais tempo para, portanto, praticar o lazer, a cultura, o convívio com sua comunidade, com seus familiares e dessa maneira ter uma vida muito mais agradável. De tal maneira que, depois desse convívio, quando volta para o ambiente de trabalho, volta muito mais preparado, mais descansado, com muito mais vontade, inclusive, e isto, segundo essa teoria de Karl Marx e Engels, aumentaria a produção, porque os trabalhadores trabalhariam com muito mais prazer. O trabalho seria um prazer, juntamente com o exercício do lazer, do convívio com a comunidade e com os familiares.

No entanto, a despeito do avanço tecnológico extraordinário em todas as áreas - e é verdade que hoje a tecnologia substituiu a mão-de-obra, por exemplo, no campo, nas atividades rurais hoje temos máquinas fantásticas, grandes colheitadeiras que substituem um exército imenso de trabalhadores - essa tecnologia, longe de libertar a classe trabalhadora para o lazer, para o convívio com a comunidade, para o convívio com seus familiares, na realidade está a exigir cada vez mais que o Estado cumpra as suas funções, que estão consignadas, inclusive, na nossa Constituição. Nossa Constituição diz que Saúde é direito de todos, e é dever do Estado. Educação é direito de todos os cidadãos e é um dever do Estado. E a Segurança também é um direito de todos os cidadãos, e é um dever do Estado, segundo aquilo que está preconizado em nossa Constituição.

Mas, vejam, o que temos visto aqui em São Paulo nos últimos dias não é isso. Não só o cidadão trabalhador não tem segurança, como os próprios policiais militares, os policiais civis, os agentes de segurança penitenciária estão sendo caçados nas ruas. Estão sendo assassinados, fuzilados nas ruas, mostrando a precariedade da Segurança Pública no Estado de São Paulo, uma falta de planejamento.

E daí o Governador envia um projeto desta natureza para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, dizendo que agora os policiais irão sofrer uma dispersão, caso aprovemos este PLC 31. Aí os policiais serão distribuídos pelo interior do Estado. Para aqueles que moram no interior, próximos a suas casas, ainda menos mal, mas mesmo assim eles terão suprimidos os seus horários de descanso, de lazer, de convivência com a família, para poderem agora fazer a segurança para as prefeituras, abandonando a segurança nas grandes regiões metropolitanas, onde estão acontecendo esses assassinatos.

Basta abrir os jornais todos os dias, ou mesmo assistir aos jornais televisivos, para verificarmos a quantidade de pessoas assassinadas nos últimos dois meses: mais de 100 pessoas nos últimos 60 dias. Estamos contabilizando já uma média de pelo menos quatro pessoas assassinadas por dia aqui na Cidade de São Paulo e na Grande região metropolitana de São Paulo, o que é um absurdo.

O alvo principal da marginalidade, do crime organizado, são os policiais civis, militares, policiais aposentados, agentes penitenciários, mas também a sociedade civil tem sofrido com essa criminalidade. No último domingo à noite, um bombeiro, voltando de um passeio com sua família, foi cercado por alguns desses marginais, que atiraram no carro em que ele estava. E se não acertaram a ele e a sua família, uma bala perdida acertou um outro veículo, onde uma garotinha de 10 anos levou um tiro na cabeça e foi a óbito. Digo isso para exemplificar como também a sociedade civil está sendo penalizada, pela falta de segurança, pela falta de planejamento.

Portanto, não podemos concordar que este projeto seja aprovado agora e nós tenhamos uma dispersão das forças de Segurança Pública no Estado de São Paulo. Além do que, a supressão dos momentos de lazer junto aos seus familiares, aos seus entes queridos, claro que vai fazer que o policial fique muito mais sobrecarregado, e não consiga concentrar-se adequadamente num trabalho que exige planejamento, inteligência.

Ainda bem que há a sensibilidade da Presidenta Dilma Rousseff, que entrou em contato com o Governador. Veio hoje para São Paulo, para se reunir com o Governador e com esse Secretário de Segurança Pública, que não tem um plano para a Segurança para o Estado de São Paulo. Aliás, ele está sendo responsabilizado inclusive pela falta desse plano e por todas as mortes que estão ocorrendo em São Paulo.

Isso mostra uma desagregação total dos órgãos de Segurança Pública, Polícia Militar e Polícia Civil, com essas consequências que todos nós estamos vendo.

Hoje esse debate foi intenso neste microfone. Passaram por aqui Deputados dos mais variados partidos, falando sobre a importância de o Estado tomar as providências para voltarmos a ter segurança e garantirmos a integridade física dos cidadãos e dos próprios policiais civis e militares do Estado de São Paulo, principalmente da região metropolitana.

Vejam que esse projeto não pode contar com a concordância dos Srs. Deputados e das Sras. Deputadas. Precisamos, além disso, fortalecer também outros organismos que ajudam na questão da Segurança no Estado de São Paulo.

Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas sabem que temos aqui um projeto também para abrir um concurso para contratação de mais defensores públicos no Estado de São Paulo. É fundamental a Defensoria Pública, sobretudo para defender os chamados hipossuficientes, os cidadãos que não podem pagar um escritório de advocacia, desses sofisticados, que custam muito dinheiro, mas que necessitam do trabalho de uma pessoa que os defenda na área do Direito, perante a Justiça. Os hipossuficientes têm que ter o direito a sua defesa, e, portanto precisamos aprovar esse projeto.

No entanto, esse projeto não entrou na pauta. Entra este, que propõe uma desagregação da Polícia Militar e da Polícia Civil no Estado de São Paulo, autorizando os “bicos” institucionalizados através de convênios com as prefeituras. É claro que este projeto, neste momento principalmente, é de uma infelicidade extraordinária.

Neste momento precisamos de agregação dos órgãos policiais, precisamos de planejamento dos órgãos de Segurança no Estado de São Paulo, precisamos de coesão desses órgãos, de mais armamento, de mais preparação, de mais ciência inclusive, no combate à criminalidade, ao crime organizado.

Precisamos, finalmente, de mais planejamento, e vem um projeto desses, que vai na contramão de tudo aquilo de que nós estamos precisando, de tudo aquilo que estamos cobrando inclusive do Governo do Estado, da Secretaria estadual de Segurança Pública, para que tenhamos mais segurança no Estado de São Paulo.

É um absurdo nós estarmos discutindo um projeto desses, num momento tão delicado como este. Toda a sociedade cobra uma alternativa de combate à criminalidade, com a organização dos órgãos de Segurança Pública e o planejamento.

O Governo Federal, felizmente, oferece agora ajuda e se os órgãos de Segurança Pública aqui tiverem um entendimento agora, do Governador, do Secretário estadual de Segurança Pública, poderemos ter, finalmente, a Inteligência da Polícia Federal, dos órgãos de Segurança Pública do Governo Federal, ajudando o Estado de São Paulo.

Mas este momento não é o momento de nós aprovarmos um projeto como este, que vai desagregar a polícia e os órgãos de Segurança Pública aqui no Estado de São Paulo, quando precisamos de mais unidade, de mais coesão e de mais planejamento. Eram essas as minhas considerações.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato, para falar a favor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edinho Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Samuel Moreira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luciano Batista.

 

O SR. LUCIANO BATISTA - PSB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, sou favorável ao projeto porque a maioria dos meus amigos, que fazem parte da honrosa milícia paulista, a Polícia Militar, com quem conversei, gostaria de ver essa lei aprovada.

Eles justificam que é muito mais seguro. Nas suas indagações e justificativas, eles dizem: “Luciano, é muito mais seguro trabalhar pela Lei Delegada, na Prefeitura da Cidade, uniformizado, em dupla, em trio ou até em mais. É muito mais seguro porque posso trabalhar uniformizado, fardado, com a arma da Corporação e o risco à vida é muito menor.”

Se a Assembleia Legislativa, por acaso, não aprovar esse projeto, os policiais vão ter que continuar fazendo o bico, infelizmente. Os salários pagos aos policiais militares de São Paulo estão muito abaixo do que deveriam ser. Isso não é novidade. Fala-se que é o pior salário do Brasil, que é o 15º, 18º, 20º pior salário. Seguramente, nenhum desses números está de acordo com o que a tropa mereceria. A Polícia Militar de São Paulo deveria ter um salário entre os três ou quatro primeiros do Brasil, pela eficiência e qualidade da grande maioria da tropa. Não só da infantaria, mas dos bombeiros, dos pelotões de operações especiais, da Polícia Ambiental, de todo o aparato que forma os quase 90 mil policiais militares.

Eis o dilema. Não votamos a Lei Delegada e o policial vai continuar, por necessidade, a fazer o bico, ganhando menos, trabalhando em área de risco, no mercado, na padaria, na feira, na porta da lan house, porque ele precisa levar para casa o complemento ao salário.

Hoje, gostaria de votar um projeto de equiparação do salário da Polícia Militar do Estado de São Paulo com a Polícia do Distrito Federal. Isso, sim, seria o ideal. Ou será que o nosso Estado não tem disponibilidade orçamentária para isso? Lembro-me de que, no meu primeiro mandato de deputado, de 2007 a 2010, votamos nesta Casa de Leis projetos que corrigiram distorções de várias categorias de trabalhadores do Estado - procuradores, fiscais da Fazenda. Evidentemente, são categorias com efetivo menor, mas com salários bem maiores. Parece-me que foram 13 ou 15 categorias. Na legislatura passada, discutimos e adequamos os salários. É uma dificuldade decana colocar um salário condizente para a Polícia Militar, para a Polícia Civil e para a Polícia Técnico-Científica de São Paulo.

Fico pensando. Vamos ajudar, não tenho dúvida alguma de que vamos ajudar se for aprovada a decisão de oficializar o bico, que é a Lei Delegada. Mas também penso que todos os trabalhadores do Brasil, os civis, até do Estado mesmo - os funcionários que trabalham nesta Casa, os funcionários do Palácio do Governo, os funcionários das Secretarias de Estado -, todos têm os respectivos salários e cumprem a jornada de trabalho. Todas essas pessoas, ao término da jornada de trabalho, para onde vão? Vão para casa, vão estudar, vão se divertir, enfim, mas se desligam do trabalho e vão fazer algo que não tem relação com as horas de trabalho. Por exemplo, ficar junto das famílias. O único trabalhador brasileiro que é obrigado a sair do trabalho e cumprir outra jornada é o policial militar. Por quê? Porque ele precisa complementar a sua receita mensal, porque o bebê chora, o aluguel grita, a luz e a água são cortadas.

Ficamos em um dilema. É melhor ver o policial fazendo o bico na lotérica e ser fuzilado? É o que temos visto aí, nas ruas. Lá na Baixada é o caos: o cara é fuzilado com 10, 15, 20 tiros. O cara já está morto, mas os caras vão lá e dão mais tiros.

Vamos aprovar, provavelmente, e o policial vai ter o bico oficializado, mais seguro, mas não é o ideal. Não é uma atitude da grandeza de São Paulo. Não é uma atitude que está de acordo com o orçamento deste estado, que é o maior orçamento do Brasil. Deputado Hamilton, o maior orçamento do Brasil é o nosso, mas não temos condições de pagar um salário compatível com a função. Não temos condições de fazer um seguro decente, um seguro de acordo com a função que a pessoa exerce, porque o policial é policial 24 horas por dia, ou não? O policial é policial 24 horas.

São questões que precisam ser melhor avaliadas e resolvidas. Estamos em 2012, será que para resolver as questões da Segurança Pública de São Paulo, vai ter que mudar o governo? Será que para fazer uma política pública de segurança é só quando mudar o governo? Só assim teremos uma política mínima de Segurança Pública?

Às vezes, as pessoas podem discordar do que estou falando, mas só quem conhece um amigo policial que levou 10, 15 tiros, que não tem nada de errado em sua carreira profissional, e vai ao seu velório, é quem vê o sofrimento da família, do pai e da mãe daquele policial, da esposa, dos filhos.

Será que alguém pode imaginar? Deputado Enio Tatto, V. Exa. consegue imaginar a filha desta policial feminina assassinada, vendo a mãe caindo sobre ela com uma rajada de tiros? Quando esta criança conseguirá tirar este trauma da sua cabeça? Nunca mais.

Era uma policial que trabalhava internamente. Será que o Estado vai colocar à disposição desta criança equipe de profissionais - psicólogo, pedagogo, assistente social - para amparar o seu futuro? Será?

Eu, particularmente, sou favorável a esta Lei Delegada. Mas acho que é muito pouco. Parece que estamos dando em doses homeopáticas, “Pegue isso que é bom”. Parece que está tratando uma fratura exposta com mertiolate. É assim que me sinto.

Precisamos fazer uma reflexão. Para onde vamos? A cada policial tombado neste Estado é um pouco da sociedade que está indo. Tenho a sensação de que, quando os delinquentes atiram no policial, eles estão atirando para a sociedade. Eles estão mostrando e dizendo para a sociedade “Nós estamos matando policial, podemos matar qualquer um.”

Concedo um aparte ao nobre Deputado Hamilton Pereira.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Somente para dizer que, se votarmos a favor deste projeto, nós não estaremos dando muito pouco para os policiais, não estaremos dando em doses homeopáticas. Na realidade, estaremos tirando dos policias a sua hora de lazer, a hora de convívio com os seus familiares, de se divertir com as pessoas que ele estima. Estaremos tirando dele o sagrado direito ao convívio com a sua família.

 

O SR. LUCIANO BATISTA - PSB - Evidentemente, a Lei Delegada não vai obrigar ninguém a trabalhar. Trabalha se quiser. O policial que quiser fazer bico oficial para a Lei Delegada vai fazer, mas respeito a opinião de V. Exa., a posição da bancada do Partido dos Trabalhadores. De qualquer forma, independente das questões, penso que é muito pouco. A resposta que esta Casa está dando à sociedade está abaixo da sua possibilidade. Esta Casa de Leis tem de ajudar a virar este jogo, sob pena de que, em outubro de 2014, a população virará o jogo. E a população já demonstrou isso nesta eleição: ou mudamos a política de Segurança Pública, ou a população muda.

Isso é muito claro na minha cabeça. Na rua, hoje, só se fala isso: quando vai parar essa matança, quem vai resolver isso? A dona de casa, o trabalhador ou a classe política. Esta é a pergunta que fica no ar, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra, para falar contra, o nobre Deputado José Zico Prado, pelo prazo regimental.

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, não poderia deixar de dar a minha opinião sobre este projeto de lei, enviado pelo Governador Geraldo Alckmin à Assembleia Legislativa, num momento em que não poderia ser pior para a sociedade do Estado de São Paulo, que passa por uma das maiores crises da Segurança Pública.

Acompanhei o discurso do Deputado Luciano Batista. Por tudo que ele disse, vale a pena votar contra este projeto. Deveríamos estar discutindo é o aumento de salário para os policiais do Estado de São Paulo, e não um aumento de serviço. Estamos discutindo neste momento o aumento de serviço, e nem sabemos quanto vão ganhar em outras prefeituras do Estado de São Paulo. Isso não está escrito no projeto de lei.

Quanto a prefeitura vai pagar pela Ação Delegada? Aqui em São Paulo pode ser um valor, em Guarulhos outro, em São Bernardo do Campo outro. Cada prefeito vai decidir através de projeto de lei. Na Câmara Municipal, qual será o valor da Operação Delegada?

É um projeto de lei que vai contra toda a história da classe trabalhadora brasileira. Temos na nossa bancada, e talvez em outras bancadas, muitos companheiros que foram sindicalistas, e de origem. A classe trabalhadora brasileira hoje está discutindo o fim das horas extras e estamos no momento de banco de horas, que vai acumulando. O trabalhador vai tendo direito a pegar isso em folga. Mas aqui estamos fazendo o contrário. Quando cheguei a São Paulo eram 56 horas para ganhar o domingo. Depois passamos a 48, chegamos a 44 horas de hoje, e há muitas empresas já discutindo 40 a 36 horas. E nesta Casa os tucanos enviam um projeto de lei aumentando a jornada de trabalho dos policiais do Estado de São Paulo.

Isso é para ver que os tucanos já passaram da hora de administrar um estado deste tamanho, e com a responsabilidade que nós temos. Por isso, a nossa bancada está muito tranquila em dizer que a maioria tem uma tendência muito grande em votar contra este projeto de lei. Não fechamos a questão ainda, mas pensamos que é um retrocesso da luta dos trabalhadores brasileiros. Não podemos votar a favor de um projeto de lei que retrocede a luta dos trabalhadores.

Estamos sempre ao lado na luta dos trabalhadores. Neste momento, poderíamos estar discutindo o aumento do salário dos policiais do Estado de São Paulo. Ao contrário, o Governador envia um projeto de lei aumentando a jornada de trabalho dos policiais. Este é um projeto de lei que deveria retroceder, pelo menos, a 40, 50 anos.

Estou dizendo isso porque queria discutir a Segurança do Estado de São Paulo. Qual é o momento que vivemos? Estamos vivendo numa guerra. Às vezes, assistimos o jornal e vemos a guerra do Oriente Médio e ouvimos o número de mortes. E quantos morrem em São Paulo por dia? Ouvi o nobre Deputado Hamilton dizer quatro mortes por dia.

Não temos de contabilizar o número de mortes, mas dizer que a Polícia Militar, no Estado de São Paulo, está enfrentando uma guerra contra o tráfico aqui em São Paulo e não tem um governador que mais contribuiu para que os presídios esparramassem pelo Estado de São Paulo. Ele fez um Carandiru em cada município deste Estado. Cada município hoje tem um Carandiru. Quem conhece Pracinha, que é uma cidade do lado de Lucélia, sabem que há l.800 moradores na cidade e tem uma penitenciária com 6.600 presos, o dobro da cidade, e muita gente acha que o governador está enfrentando esse problema.

Temos a plena consciência de que o Governador Geraldo Alckmin perdeu o controle do Estado de São Paulo. O governador não sabe o porquê, quando vem o secretário da Segurança pública, fala que a situação está dominada.

Dominada por quem? Essa a grande pergunta que tem que fazer ao secretário. Quem está dominando não é o Estado. Quem está dominando é o outro lado. Então temos que fazer uma reflexão para discutir.

A questão do policial quando ele é morto. A família não recebe o seguro se ele não morrer fardado. É isso que acontece. Deveríamos discutir aqui como vamos aumentar o seguro desses policiais que ficam 24 horas expostos, correndo risco de vida. Estamos discutindo aqui para colocar eles mais expostos ainda porque eles não vão ficar com a família e vão ficar expostos perante a criminalidade.

Não dá para entender como sindicalista, como deputado que o governador tenha a coragem de mandar para a Assembleia Legislativa um projeto de lei com tamanho retrocesso aqui no Estado de São Paulo. Pensando nisso que queremos fazer o debate. Queremos discutir aqui qual o seguro do policial, como vai ser amparada a sua família depois de um trágico acidente. Como são tratadas as viaturas, como estão as delegacias do Estado de São Paulo porque a maioria das delegacias do Estado de São Paulo quem mantém são os prefeitos do interior que tiram, às vezes, dinheiro da saúde, da educação para ajudar o governo a bancar a segurança.

Sabemos disso. É isso que acontece. Têm prefeituras que tiram o salário que deveria ser aplicado na educação, na saúde para manter a delegacia do município porque o governador não manda os recursos, os combustíveis e os carros quebrados não consertam. É assim que é tratada a polícia no Estado de São Paulo. Não precisa ir longe. Vá lá, em São Mateus, para ver como os policiais trabalham. Vá ao pátio da delegacia de São Mateus e olhe quantas viaturas estão paradas porque faltam peças.

Que Segurança Pública esse governo tem que apresentar para os cidadãos no Estado de São Paulo? Qual o projeto de lei que esse governo apresenta para a sociedade do Estado de São Paulo para dar tranquilidade para o cidadão? Um projeto de lei que sobrecarrega muito mais ainda o policial militar, que tira o seu direito de viver com a sua família, que tira o direito de ter o seu descanso semanal.

Tenho acompanhado - pode olhar na lista - como é estressante o trabalho da Polícia Militar no Estado de São Paulo. Quantos afastamentos médicos acontecem aqui no Estado de São Paulo e como eles são tratados no dia a dia.

Essa a questão que deveríamos discutir aqui: os problemas que o Estado de São Paulo tem e o que deve para a Polícia Militar no Estado de São Paulo porque eles são trabalhadores honestos. Muitos são pais de família comprometidos com a segurança pública e são tratados pelo governador com salário ridículo, um dos piores salários do Brasil.

A Presidente Dilma colocou, há cinco meses, à disposição aqui do secretário da Segurança Pública. Com a disputa eleitoral, o governador não teve a capacidade de reconhecer que ele perdeu o controle no Estado de São Paulo pela Segurança Pública. Esse o reconhecimento do Governador Geraldo Alckmin. Ele não tem mais controle aqui no Estado de São Paulo.

Queremos discutir este projeto de lei, discutir o problema da Polícia Militar, o salário digno da Polícia Militar. Sabemos que vamos governar o Estado de São Paulo brevemente, provavelmente em 2015, mas queremos fazer um plano de carreira de salário para Segurança Pública aqui no Estado de São Paulo. Temos que dar segurança para os trabalhadores da Segurança Pública. Temos que ter um plano de carreira para os policiais. Temos que discutir aqui, na Assembleia Legislativa, um projeto de lei que dê perspectiva de segurança no seu trabalho para o policial e para a sociedade do Estado de São Paulo a tranqüilidade porque vamos pagar decentemente o policial e vamos ter condições de cobrar dele, depois, sua responsabilidade.

Hoje o governador finge que paga e o trabalhador da Segurança Pública muitas vezes finge que dá segurança porque ele não tem instrumento, não tem carro, não tem a Polícia Científica com os equipamentos que precisa.

Queremos, aqui, fazer uma discussão sobre a questão da Segurança Pública mais abrangente do que, pura e simplesmente, discutir uma operação delegada. Quero aqui como sindicalista, como deputado estadual fazer o repúdio a este projeto de lei que, como um trabalhador, envergonha-me porque eu, neste momento, quero discutir aqui com os Srs. Deputados um projeto de lei que dá segurança ao trabalhador. Quero discutir um projeto de lei aqui que, além de dar segurança, dá um salário digno para o trabalhador da Segurança Pública.

Esse o projeto de lei dos meus sonhos para a Assembleia Legislativa. Mas, para que isso aconteça, sabemos que não vai ser com o Governador Geraldo Alckmin, nem com os tucanos no Estado de São Paulo. Essa forma de fazer política retrocede na história a luta de todos os trabalhadores. O trabalhador da Segurança Pública é um policial, mas, antes de tudo, ele é um trabalhador que dedica uma boa parte da sua vida na segurança, colocando em risco a sua própria vida e, muitas vezes, de seus familiares. Conheço muitos policiais hoje que não têm a coragem de sair fardados de sua casa. Usam a sua farda dentro do quartel. Essa a discussão que temos que fazer aqui.

Fazer uma discussão aqui que estamos legalizando o bico, que estamos legalizando o aumento de hora para os trabalhadores da Segurança Pública, sinceramente me envergonha enquanto trabalhador brasileiro, enquanto deputado do Estado de São Paulo, Estado mais rico da nação.

É aquilo que o Deputado Luciano Batista falou: nós deveríamos discutir aqui um projeto de lei dando melhores condições, repito, para a Polícia Militar do Estado de São Paulo, que tanto tem contribuído para a segurança dos paulistas.

Quero deixar o meu sentimento enquanto trabalhador: precisamos dizer alto e bom som que o Governador Geraldo Alckmin faz um retrocesso na política brasileira.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Campos Machado, para falar a favor.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero saudar a volta a esta Casa do meu irmãozinho Deputado Luciano Batista, que retorna em conformidade ao decidido pela com a Justiça.

Luciano Batista é um homem leal. Costumo dizer que lealdade é a cicatriz da alma de um político, é o carimbo no coração de um político.

Saúdo também o prefeito eleito de Santos, cujo pai foi uma das figuras mais proeminentes que tive a felicidade de conhecer, Dr. Paulo Barbosa.

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, cá estou novamente para dizer inicialmente que sou favorável à aprovação deste projeto. Ou acha o PSDB ou os partidos aliados que só eles é que são governistas? Ou amigo do Governador Geraldo Alckmin? Tenho compromisso político com o Governador Geraldo Alckmin, mas aprendi há muito tempo que eu só sou vassalo da minha consciência. Não nasci para ser lacaio e não posso aceitar que parlamentares da maior Assembleia Legislativa da América Latina tenham receio de lutar pela dignidade desta Casa, não defendam as suas prerrogativas ou façam ouvidos de mercador. É mais fácil não ouvir o líder do PTB falar.

Aproveitando a presença da Deputada Rita Passos e do Deputado Antonio Salim Curiati quero repetir de que maneira nasceu o Conselho de Defesa das Prerrogativas Parlamentares.

A Deputada Rita Passos, Líder do PV em seu primeiro mandato, entra em plenário – conversava eu com o Deputado Rui Falcão – e me diz: ‘Campos, aconteceu um fato hoje que me entristeceu muito. Fui a uma audiência com o Secretário de Desenvolvimento Social e descendo com ele, na portaria o recepcionista apanhou minha bolsa e revistou meus objetos pessoais.

O Deputado Rui Falcão, como eu, achava que a situação estava ficando por demais avassaladora quanto às prerrogativas dos Senhores Parlamentares.

Eis que surge um homem que aprendi a admirar na minha infância: o Deputado Antonio Salim Curiati, que me dizia na mesma oportunidade, na convergência dos acontecimentos, que tinha ido à Secretaria e na entrada lhe haviam pedido a identidade e tirado uma foto sua. Foi assim que resolvemos criar o Conselho de Prerrogativas.

O que quer dizer prerrogativa? Será que equivale a dizer até por simbologia ou analogia que é direito? Será que se formos à origem da palavra vamos notar que prerrogativa equivale, até por analogia, à palavra direito? Sim. Aí fico indagando: se é prerrogativa, se é direito desta Casa, como abrir mão dos nossos direitos? Como ceder a algo a que temos direito constitucionalmente?

Esta Casa votou no ano passado uma emenda constitucional que lhe assegurou pelo menos três vagas no Tribunal de Contas do Estado. Fizemos um acordo para duas vagas. Líderes diziam, no Conselho de Prerrogativas, ... ‘tem de ser um deputado ativo para ocupar a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas.’ No Conselho de Prerrogativas assumi o compromisso de não mencionar parlamentares. E eu acreditei que aquilo fosse uma demonstração de respeito à história desta Casa.

Passada a primeira aprovação, iniciamos o ano de 2012. Só havia o Deputado Jorge Caruso como pré-candidato. Repentinamente surge outro candidato, o do meu amigo deputado federal. Comecei a indagar: será que no Tribunal de Contas da União tem algum deputado estadual? Logo tem início uma movimentação no ninho tucano e todo mundo sabe que o PSDB é um partido unido ou alguém tem alguma dúvida disso?

Ah, mas os líderes dos partidos manifestaram o seu apoio.

De repente surge a candidatura do meu amigo Deputado Dimas Ramalho.

Vou passar a ler, sem mencionar nomes em respeito aos meus colegas da Assembleia, alguns pronunciamentos feitos à época: “O Deputado Jorge Caruso deve ser indicado por esta Casa ao conselho do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Este Legislativo sai engrandecido do episódio.”

“É preciso também atentar que estamos numa grande convergência a partir da retirada extremamente importante das assinaturas do Deputado Jorge Caruso para que possamos conduzi-lo ao Tribunal de Contas quando abrir a segunda vaga.”

Vou mencionar o nome do Deputado Edinho Silva, Presidente Estadual do PT: “Eu penso que na política não existe contrato, na política não existe publicação de documento. Na política, aquilo que efetivamente tem valor é a palavra. Na política o que constrói relações de fato...é a lealdade. Aí continua o Deputado Edinho Silva: “Este processo de acordo, hoje celebrado, 29 de maio, vai culminar na indicação do Deputado Jorge Caruso para o Tribunal de Contas do Estado.” Aí vem outro Deputado importante desta Casa: “Quero deixar claro que eu apoiava desde o início o Deputado Dimas”. Isso equivale a dizer que eu não vou deixar de apoiar o Deputado Jorge Caruso para a segunda vaga. Aí vem um: “Tivemos a grandeza de ter o entendimento já na candidatura do Deputado Jorge Caruso, com quem convivo nesta Casa há 13 anos e dispenso respeito, carinho e admiração”. Quero ressaltar que Dimas Ramalho pertence ao nosso partido, o PPS, mas tenho muito orgulho disso. Mas também tenho compromisso que no próximo semestre a segunda vaga será do Deputado Jorge Caruso.

            O que querem V. Exas. que eu diga mais? Que querem mais que eu fale? Amanhã estarei aqui cumprimentando meu amigo, Secretário-Chefe da Casa Civil, Sidney Beraldo. Não vou participar da sabatina, vou cumprimentá-lo. E devo dizer que, depois de encerradas as nove horas de discussão, vou votar nos eu nome para conselheiro. O que eu não posso é me acovardar num momento desses. Não posso concordar com o que foi feito nesta Casa com a não publicação das duas listas simultâneas e daqueles que eu chamo de Deputados retirantes, aqueles que retiram as assinaturas. O que é um Deputado retirante, Deputado Roque Barbiere? É o que retira aquela palavra que ele deu, não tem respeito, ou acha que não sou amigo do Dr. Geraldo Alckmin.

Dirijo-me agora aos tucanos desta Casa: perdemos a eleição em virtude de uma passagem de ônibus mal interpretada e mal colocada pelo meu amigo Celso Russomano. No 2º turno, atendendo solicitação do Dr. Geraldo Alckmin, com quem conversei várias vezes do dia 8 para cá, sem nunca ter sabido que o Dr. Beraldo seria indicado, assumi o compromisso de apoiar, em 14 dias, o Deputado José Serra. Quem acompanhou sabe que a campanha que fizemos foi mais forte do que a campanha que o PSDB fez: 4.000 cavaletes na rua, e fiz questão de mencionar o PTB apoiando; reunindo 2.000 mulheres, que contou com a presença de Dona Lu Alckmin, Dona Alaíde Quércia e minha amiga Kaká, esposa do Presidente; 130 carreatas e eventos todos os dias. E no evento que o PSDB marcou aqui no sábado, num adesivaço, só havia o PTB Jovem, mais de 200 jovens de camisas vermelhas.

Acham que eu não tenho palavra? Acham que eu não cumpro aquilo que digo? Não posso mais permitir que Deputados venham a este plenário queixarem-se do mau atendimento de Secretário, porque quando ele teve oportunidade de lutar pelos seus direitos, ele não fez, curvou-se, recuou nos seus horizontes, nos seus sonhos. Não há como chegar aqui e dizer que foi maltratado pelo Governo. O Secretário não atendeu, aí vou indagar a ele: Esse é o seu compromisso? E anteriormente, quando você teve a oportunidade de conjugar o verbo mais forte que existe, vou dignificar, V. Exa. não conjugou. E V. Exa. vem agora reclamar que teve um mau atendimento, quando teve a oportunidade de erguer a cabeça, ser altivo, honrar as tradições desta Casa, V. Exa. não o fez.

Sabe, Deputado Roque Barbiere, o que me deixou entristecido foi que apareceu um documento assinado pela Deputada Heroilma. Alguém deve ter colocado mais um papel para a Deputada Heroilma assinar, porque ela é leal à liderança do PTB. Assediar os Deputados do PTB só porque faço distinção entre ser aliado e alienado? Quero deixar claro aqui que perdemos uma oportunidade de sair desta Casa com a cabeça erguida, de mostrar a nossa grandeza, o nosso valor.

O tempo se esvai e como vou ter que voltar outras vezes a esta tribuna na noite de hoje peço que V. Exas. reflitam sobre a oportunidade que perdemos de cravar aqui, neste plenário, a bandeira da dignidade desta Assembleia, que abrigou homens como Jânio Quadros, Américo Marco Antonio, Ulysses Guimarães, Franco Montoro. Perdemos uma oportunidade histórica de mostrarmos que 150 anos de História merecem ser respeitados.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Em discussão. Para discutir, tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins, pelo tempo regimental. (Ausente.) Para discutir, tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Cruz, pelo tempo regimental. (Ausente.) Para discutir, tem a palavra o nobre Deputado João Paulo Rillo, pelo tempo regimental. (Ausente.) Para discutir, tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro, pelo tempo regimental. (Ausente.) Para discutir, tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino, pelo tempo regimental. (Ausente.) Para discutir, tem a palavra a nobre Deputada Ana Perugini, pelo tempo regimental. (Ausente.) Para discutir, tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente, telespectadores da TV Assembleia, em primeiro lugar gostaria de registrar aqui no plenário a honrosa presença da nossa sempre Deputada Federal Luciana Genro, que foi uma das fundadoras do PSOL, que está hoje visitando São Paulo, a Assembleia Legislativa, participando aqui de um grande debate, de uma grande luta nacional pela revogação da Emenda 41, que instituiu a famosa reforma da Previdência Social, em 2003, que prejudicou milhares e milhares de trabalhadores no Brasil.

A Deputada Luciana Genro foi uma das grandes lutadores contra essa reforma, e contra as reformas anteriores, porque todas as reformas previdenciárias feitas no Brasil, a própria Emenda 20, que foi aprovada ainda no Governo do tucanato, do Governo Fernando Henrique Cardoso, também foi uma verdadeira afronta aos direitos dos trabalhadores brasileiros. Depois tivemos a reforma da Previdência do Governo Lula, do Governo do PT, que deu continuidade à supressão dos direitos dos trabalhadores, principalmente nessa área previdenciária. E é dessa luta que surge nosso partido, o PSOL.

Então é uma honra, Luciana Genro, recebê-la aqui ao lado de Mário Agra, um grande lutador também do nosso partido. Muito obrigado pela presença de vocês. (Palmas.) E quero dizer que o PSOL está muito por conta da intervenção da Luciana Genro com o movimento, já preparando uma Adin.

Vamos ingressar com uma Adin no Supremo Tribunal Federal pedindo a revogação, a anulação da Emenda 41, porque o PSOL já apoia a PEC 555, que tramita no Congresso Nacional, e tem como foco principal anular a Emenda 41. Mas com o julgamento da Ação Penal 470, conhecida como o julgamento do mensalão, ficou claro, e o Supremo confirmou que a votação da Reforma da Previdência foi feita com a compra de votos de parlamentares. Logo, foi uma votação viciada, fraudada. Houve compra de votos. Houve ali a quebra do decoro, então essa reforma não tem validade. Ela tem que ser revogada imediatamente, por isso nós, do PSOL, estamos já nos mobilizando para revogar a Emenda 41.

Agradeço também à Luciana Genro, por estar nessa luta, fazendo esse movimento dentro do PSOL e também em todo o Brasil.

Voltando ao tema da Segurança Pública, que tanto tem sido discutido aqui na Assembleia, na Cidade de São Paulo, gostaria primeiramente de registrar que nós não estamos só discutindo e denunciando. Nós do PSOL estamos também apresentando alternativas, apresentando propostas para resolver essa grave situação do Estado de São Paulo, que é na verdade a insegurança pública.

Está claro para a população, e até aqui para a base do Governo, porque eu já vejo alguns Deputados da base do Governo. O Deputado Ferrarini veio hoje, no Pequeno Expediente, tecendo sérias críticas ao Governo estadual, ao Governo Alckmin, dizendo que o Governo perdeu o controle da situação.

Na verdade, a população já entendeu que o PSDB acabou com a Segurança Pública do nosso Estado. O PSDB, que está quase 20 anos na máquina do nosso Estado, faliu a Segurança Pública, como também faliu a Educação. A escola pública está destruída no Estado de São Paulo. A Saúde pública foi toda privatizada, entregue para as OSs, chegando ao ponto de a Assembleia Legislativa aprovar um projeto instituindo a privatização dentro da privatização, quando a Assembleia, a base do Governo, votou uma lei que está sendo agora impugnada pela Justiça.

Fomos ao Ministério Público que, através de uma ação civil, conseguiu provisoriamente suspender a execução dessa lei. Mas todos se lembram aqui que o PSDB aprovou uma lei na Assembleia Legislativa autorizando a entrega de 25% do atendimento e dos leitos hospitalares dos hospitais públicos para os convênios médicos, um verdadeiro absurdo.

Como se já não bastasse aqui a existência desse processo de entrega para as OSs, agora o Governo estadual entrega também o atendimento, os espaços públicos dos hospitais que foram construídos pelo erário, com o dinheiro dos nossos impostos, para os convênios médicos.

Mas agora estamos discutindo exatamente a crise na área da Segurança Pública. Há muito tempo estamos denunciando que o Estado de São Paulo perdeu o controle da situação. Não temos um plano estadual de Segurança Pública. Estamos assistindo cada vez mais ao aumento da criminalidade, dos assaltos, dos arrastões. Temos toque de recolher em várias regiões do Estado, da Cidade de São Paulo, da Grande São Paulo, da Baixada Santista.

Temos um número excessivo de chacinas. Os nossos jovens negros e pobres da periferia estão sendo exterminados pelo crime organizado, pelo esquadrão da morte, por grupos da própria polícia, além da situação hoje do extermínio de policiais, de servidores da Segurança Pública, que estão sendo também exterminados.

Entramos na pauta de discussão hoje em relação à aprovação ou não desse Projeto de lei, do Governador Geraldo Alckmin, um projeto altamente discutível e polêmico, que institui a Operação Delegada, que mostra mais uma vez a incompetência e, sobretudo a falência definitiva da Segurança Pública do nosso Estado. Mostra claramente que não há política de Segurança Pública, que essa área está totalmente à deriva. Por isso o crime organizado cresce no Estado de São Paulo.

A situação é tão grave que agora estamos tendo a intervenção do Governo Federal. O Ministério da Justiça está fazendo já a parceria. O Governo estadual foi obrigado a aceitar a parceria com o Ministério da Justiça, a Polícia Federal entrando no caso, talvez as forças federais, talvez até mesmo tenhamos a presença do Exército, das Forças Armadas, como ocorreu no Rio de Janeiro.

Isso demonstra que o PSDB não tem competência para administrar o nosso Estado, sobretudo essa área tão sensível, que é a área da Segurança Pública. Entendemos que o projeto da Operação Delegada representa um verdadeiro atestado de falência da Segurança Pública, primeiro porque não temos investimento nos servidores da Segurança Pública.

Os servidores do Estado de São Paulo são os que mais sofrem do ponto de vista do salário, das condições de trabalho. As nossas delegacias estão altamente sucateadas, não têm nem impressora para imprimir um Boletim de Ocorrência. Os policiais estão desfalcados também, do ponto de vista salarial, do ponto de vista de estrutura de trabalho. Muitos não têm colete a prova de bala, não existem viaturas. Os batalhões da Polícia Militar estão, todos eles, com os seus quadros incompletos.

Visitamos várias regiões, atuamos muito nessa área, e conversamos com os comandantes de cada região, e todos reclamam: nosso efetivo é pequeno, faltam funcionários, o Governo não realiza concurso público para contratar novos policiais. Enfim, é um debate que nós já fizemos aqui na Assembleia Legislativa, à exaustão, denunciando a falta de investimento nos servidores da Segurança Pública, tanto da Polícia Militar como na Polícia Civil, e, sobretudo nos servidores do sistema prisional.

Isso aumenta mais a crise da Segurança Pública no Estado de São Paulo. Por isso, nós, do PSOL, continuamos no Congresso Nacional firmes, defendendo a aprovação imediata da PEC 300, que estabelece um piso salarial nacional para os servidores dessa área.

Lembro que em 2010, antes das eleições, quase todos os partidos se comprometeram a aprovar a PEC também na segunda votação. Após as eleições, todos os partidos traíram o acordo. Só o PSOL defende. O PSOL continua defendendo, e alguns Deputados, mas de uma forma avulsa, porque os partidos lavaram as mãos em relação à aprovação da PEC 300. Mas os nossos representantes do PSOL, tanto na Câmara dos Deputados como no Senado Federal, continuam pressionando o Congresso e, sobretudo o Governo Federal a colocar o projeto em votação.

Aqui em São Paulo continuamos também fazendo a luta em defesa dos servidores, sobretudo da Segurança, mas principalmente a luta para a construção de um plano estadual de Segurança Pública, que há uma carência enorme.

Esse projeto atesta a falência da Segurança Pública do Estado de São Paulo, do PSDB, até porque a Operação Delegada não oferece segurança para a população. A Operação Delegada, na verdade, oficializa o “bico”, oficializa o arrocho salarial dos servidores da Segurança Pública.

Sabemos como funciona, porque São Paulo foi o laboratório da operação na Cidade de São Paulo. Nós acompanhamos esse laboratório. Na prática, os policiais militares que são deslocados para a Operação Delegada defendem apenas o comércio. Eles não podem sair daquele perímetro comercial, para atender ocorrências nos bairros e nas regiões onde estão atuando. A função dos policiais da Operação é simplesmente impedir que os camelôs, que os trabalhadores da economia informal se instalem nos corredores comerciais. Essa é a verdade. Por isso queremos aqui aprofundar o debate sobre Segurança Pública.

Quero registrar ainda que tomamos a iniciativa de protocolar na Comissão de Segurança Pública dois requerimentos pedindo a convocação dos dois Secretários da área - Segurança Pública e Administração Penitenciária. Nossos requerimentos já foram aprovados na Comissão de Segurança.

Agora, queremos que a Assembleia Legislativa faça a convocação ou o convite desses dois Secretários; queremos ouvi-los. A Assembleia Legislativa tem que participar desse processo, tem que fiscalizar o Poder Executivo.

O Secretário, na verdade, faltou com a verdade. Antes das eleições, disse que não havia crise alguma, que estava tudo sob controle. Terminadas as eleições, o Secretário admitiu que uma crise, sim, que o crime organizado vem ganhando espaço, mas não veio prestar depoimento, não veio discutir com os deputados. Exigimos a presença dos dois Secretários da área de Segurança Pública. Eles serão obrigados a explicar para os deputados e para a população a crise na Segurança Pública.

Espero que a base do Governo não interfira e ajude-nos. É lógico que o nosso pedido, que era de convocação, virou um convite. É o que acontece normalmente nas comissões. A base do Governo exige essa conversão. Então, os nossos pedidos foram convertidos em convite. Agora, é importante que os Secretários venham aqui, até porque hoje houve uma reunião importante entre a Secretaria de Segurança Pública, a Secretaria de Administração Penitenciária e o Ministério da Justiça, com a Polícia Federal. Queremos saber quais as medidas que serão tomadas para resolver essa situação que tem prejudicado toda a população do Estado, não só na Capital, mas também na Grande São Paulo, na Baixada Santista e em algumas regiões do interior paulista, como São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e Campinas.

A Assembleia Legislativa não pode mais se curvar aos interesses do Palácio dos Bandeirantes, tem que cobrar, no mínimo, a presença dos Secretários. Tenho visto alguns deputados da base do Governo mostrarem, na tribuna, uma preocupação com a questão da segurança, mas na hora de votar os nossos requerimentos, votam contra. Já tentamos instalar nesta Casa a CPI da Segurança Pública e o nosso pedido foi vetado pela base do Governo. No entanto, vamos continuar fiscalizando e cobrando medidas concretas do Governo Estadual para debelar essa crise na área da Segurança Pública. Muito obrigado.

 

O Sr. Presidente - Barros Munhoz - PSDB - Esta Presidência quer esclarecer que chamou rapidamente os nomes dos oradores inscritos para falar contrariamente - e quer até se desculpar por isso. Mas queria que chegasse rapidamente a vez do Deputado Carlos Giannazi para que, regimentalmente, ele pudesse falar e saudar a Deputada Luciana Genro. Esta Presidência faz questão também de saudá-la e pedir a toda Casa que homenageie a sua presença, que nos honra muito. (Palmas.)

Não vai haver prejuízo aos nobres Deputados Marcos e Geraldo. Peço a consideração deles para esse fato.

Para falar a favor, tem a palavra o nobre Deputado Roque Barbiere.

 

O SR. Roque Barbiere - PTB - Sr. Presidente, gostaria de ceder o meu tempo ao meu Líder, Deputado Campos Machado.

 

O Sr. Presidente - Barros Munhoz - PSDB - Por cessão de tempo do nobre Deputado Roque Barbiere, tem a palavra o nobre Deputado Campos Machado.

 

O SR. Campos Machado - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, estava refletindo comigo: o PT é um partido demagógico. Grande conclusão a que cheguei, não? Vocês acham que a Bancada do PT está discutindo esse projeto, imaginando que faz um bem para o nosso povo? Ou eles estão com os olhos voltados para 2014? Operação Delegada.

Vem aqui o Deputado José Zico Prado, especialista em agricultura, e mostra-se um professor em segurança. Morre gente de meia em meia hora, segundo o Deputado José Zico Prado. Onde está a participação da Bancada do PT quando se trata de defender, por exemplo, a dignidade desta Casa? Em reunião? Ou, por acaso, a bancada petista não se preocupa com os destinos desta augusta Assembleia Legislativa, que, no dizer de Ibrahim Nobre, era o grande sonho da democracia paulista. Onde está a Bancada do Partido dos Trabalhadores?

Vejo ilustres membros, Deputados Geraldo Cruz, Marcos Martins e uma das pessoas que mais trabalharam na campanha do Prefeito Haddad, Deputado Simão Pedro. Poucas pessoas trabalharam na campanha, mas todos saíram na fotografia. Encontrei-me com o Deputado Simão Pedro em vários debates. Cabia-me a responsabilidade de presidir o Conselho Político da campanha de Celso Russomanno. Perdemos as eleições por um mau entendimento de uma passagem de ônibus. Hoje, a Bancada do PT fez a campanha inteira.

É como o PSDB, em 2008. Onde estavam os vereadores do PSDB, em 2008, que não apoiaram a candidatura de Geraldo Alckmin a prefeito? Eu era o candidato a vice-prefeito. Onde estavam os diretórios? Onde estavam os deputados estaduais do PSDB, em 2008? Quando Geraldo Alckmin ganhou as eleições, como surgiram “alckmistas”. Como tem “alckmista” hoje nesta Assembleia! Dizem: “Deputado Campos Machado, temos que apoiar Sidney Beraldo porque o Governo mandou.” “Alckmistas” de carteirinha, de história. Se Geraldo Alckmin perder uma eleição, não vai sobrar nenhum dos novos “alckmistas”.

Em 2008, eu estava aqui, defendendo. Era candidato a vice-prefeito de Geraldo Alckmin. Em 2009, o seu escritório político vivia às moscas. Não tinha um ilustre deputado tucano visitando Geraldo Alckmin, nem aliados. Ganhou as eleições, é uma revoada de pombos. Como surgiram os pombos “alckmistas”? Amigos fiéis? Amigos leais? Não. Já disse ao Governador que nunca vi tanto “alckmista” na minha vida. Disse ao João Câmara, ontem: “Onde estavam os ‘alckmistas’ de hoje e os aliados?” Encontro aliado batendo no peito: “Eu sou governo.” Até quando? Em 2014, não vai estar ao lado de Geraldo Alckmin, não.

Sou obrigado a vir a esta tribuna, obrigado pela minha consciência. Nem está aqui o Deputado Jorge Caruso. Estou eu, não para defender o Deputado Jorge Caruso, mas para defender o direito, a obrigação que a Assembleia tinha de indicar um deputado para uma vaga no Conselho do Tribunal de Contas do Estado.

Alguns dizem: “Campos, você está sendo repetitivo.” Digo eu, citando Voltaire: “Vou me repetir tanto, até que todos se corrijam.” Não é possível admitir até a passividade de pessoas que tinham a responsabilidade de liderar a base aliada nesta Casa. O próprio Deputado Samuel Moreira, que eu tenha percebido, não fez um gesto ainda em direção ao consenso. Vossa Excelência sempre fala em consenso e não vi V. Exa. fazer um gesto, o mesmo que fez insistentemente, quando da indicação do Conselheiro Dimas Ramalho. Não vejo.  Ou, acaso, não é responsabilidade da Liderança do Governo, pelo menos, tentar equacionar a chamada base do Governo?

            É evidente que, deste episódio, vão surgir sequelas. Aprendi com o tempo que não importa apenas a vitória. Importa estar do lado certo, e estou do lado certo defendendo aquilo que a Casa deveria defender. Mas não está defendendo. Aí vem o Deputado Enio Tatto, altaneiro, satisfeito porque a família elegeu dois vereadores ,quero dizer, aliás, que Dona Inês Tatto, matriarca da família, é uma pessoa extraordinária. Mas o Deputado Enio Tatto não é muito entendido em questão de Justiça. Diz ele “Temos de votar o projeto da  Defensoria Pública, que defende os pobres.” Deputado Enio Tatto, V. Exa. está no café, uma hora dessas, reunido com os demais deputados da bancada do PT, examinando qual é o melhor caminho para acabar com a fome do povo, evidentemente. É assim que entendo como a bancada do PT raciocina em termos de povo.

            Vossa Excelência sabe, Deputado Enio Tatto, que é preciso mais de cinquenta mil e poucos advogados para atender a um milhão de caso de pessoas pobres e humildes? E V. Exa. quer resolver o caso com mais 100, 200 defensores públicos? Gostaria de ouvir o Deputado Fernando Capez, que acaba de chegar ao plenário, quando V. Exa. se dispuser a manifestar a sua posição em relação à Lei Orgânica, que chegou a esta Casa. Vossa Excelência, que é Procurador de Justiça, sabe que a Defensoria Pública tem a intenção de se transformar em Ministério Público 2? Acaba de chegar o Deputado Enio Tatto, a quem questionava pouco, especialista em questões de Defensoria Pública, Justiça, Ministério Público, Tribunal de Contas e tudo que diz respeito à Justiça. Mas quero ouvir a sua manifestação favorável a essa proposta de alteração da Lei Orgânica da Defensoria Pública, ou contrário a esse acinte, a esse Frankenstein. Quero ouvir Vossa Excelência.

É chegado o momento de tomar posições, de ter lados. Deputado Cauê Macris, que vai se casar no próximo dia 9, e que é um homem que está amando profundamente. Não sei se a mando da esposa, ou a mando do seu coração. Sempre acreditei nas pessoas que amam. O amor é fundamental, é a palavra que une os corações, que faz as almas baterem no mesmo compasso. Isso é amor. É com este sentimento que você vai subir ao altar, e vou estar lá para presenciar este momento marcante da sua vida.

Mas eu dizia que, de quando em quando, precisa-se ter lado. Certo ou errado, tem de ter lado. Muitos deputados retiraram as assinaturas. Eu ainda não compreendi o significado da retirada da assinatura. Será que é temor ao Governo, medo do líder do Governo? Medo de quem? Aliado não significa ser alienado. Eu sou aliado, alienado não. Deputado Caramez, é muito mais fácil chegar aqui e desfilar loas e loas. Deputado Jorge Caruso não está em plenário, o Deputado Baleia Rossi, do PMDB, também não está. Eu também poderia muito bem deixar o plenário. E como é que fico comigo mesmo, com a minha consciência? É fácil estar do lado de quem manda, do lado dos poderosos. O difícil é ter um lado, e até o final do ano esta Assembleia vai ter de mostrar a cara em muitas oportunidades. E Defensoria Pública é uma.

Quero saber quem é que vai votar no projeto de lei que altera a Lei Orgânica da Defensoria Pública. Quero dizer ao Deputado Enio Tatto que, grande parte dos defensores públicos são arrogantes, prepotentes. Alguns deles entraram até com ações judiciais contra o Prefeito Kassab, quando a competência para isso era do Ministério Público. Estou defendendo o Prefeito Kassab? Não. Estou mostrando a ilegalidade da Defensoria Pública. Vamos ter de mostrar aqui o lado. Quero ver pautado, e é o meu direito, o projeto que restringe a bebida alcoólica. O Presidente vai ter de pautar o meu projeto porque não tive nenhum projeto votado em 2011. E não é justo que os deputados, que não tiveram projetos votados em 2011, sejam atropelados pelos deputados que querem votar os deles em 2012. Isso não é correto. Vou esperar que o Presidente tenha a sensibilidade de votar o meu projeto. Quero ver a posição dos evangélicos. Ou, acaso, alguém tem alguma dúvida da influência nefasta que o álcool tem em relação à droga? Alguém tem alguma dúvida desse caminho sinuoso que vai do álcool à maconha, da maconha à cocaína, da cocaína ao crack? Alguém tem essa dúvida?

Será que vamos ter a condição de enfrentar empresas do porte da Schincariol, da AmBev? Eu não vou querer sentir nos corredores desta Assembleia o cheiro de cerveja. Isso me cheira indignidade. É muito simples. Os deputados vêm aqui e votam contra. Eu me lembro que me posicionei contrário à questão do Corregedor da Polícia Civil. Nunca vi tanto deputado machucar perna e sofrer ameaça de enfarte como aquele dia. Pelo menos, contei 25 que estavam com luxação na perna. Plenário vazio. Aí sai no jornal: “Campos Machado, deputado derrotado.” Só no Sírio Libanês tinha 18 deputados na fila esperando para serem atendidos; no Centro Médico, no 5º andar, tinha 14. São 32 e 16 estavam a caminho do Einstein. Como é que vamos ter número para votar? Vamos ter de fechar esses quatro cantos deste plenário para poder votar alguns projetos. Aí vamos ver - e o Deputado Cauê já deverá ter voltado de lua de mel - e vamos examinar quais serão as posições dos deputados.

Para encerrar essa primeira parte do meu pronunciamento, quero dizer que não posso mais aceitar deputado neste microfone de apartes, e da tribuna, reclamar do mau atendimento do secretariado. Quem não tem dignidade para defender aquilo que lhe pertence, os direitos e a dignidade desta Casa, não pode reclamar de um mau atendimento, por parte de qualquer secretário e diretor. Isso sim é de uma crucial indignidade.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra, para falar contra, o nobre Deputado Marcos Martins.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - Sr. Presidente, solicito uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE – BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental.

Esta Presidência solicita, novamente, ao Deputado Luciano Batista e ao Deputado Gilmaci Santos auxiliarem a Mesa na verificação de presença ora requerida.

 

* * *

 

- É iniciada a verificação.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência constata número regimental de Srs. Deputados em plenário, pelo que agradece aos nobres Deputados Luciano Batista e Gilmaci Santos e devolve a palavra ao Deputado Marcos Martins.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, estamos discutindo o projeto do Governo do Estado que cria a Operação Delegada. Altera a Lei 10.291, de 26.11.68, que institui o Regime Especial de Trabalho Policial nas formas que especifica.

Na verdade, é criar aqui - alguns colegas deputados já falaram - uma obrigatoriedade para oficializar os bicos dos policiais, transferir mais responsabilidade para as cidades que já pagam o aluguel de distritos policiais, do setor de comando da Polícia Militar, que muitas vezes ajudam as viaturas e emprestam funcionários para as delegacias. Na falência de políticas para enfrentar o crime organizado, essa guerra civil que praticamente estamos vivendo, cria um paliativo para tentar iludir a população.

Aqui já tivemos deputados estaduais ligados à Polícia Militar. Um deles hoje não está mais eleito aqui, mas falava: “Aqui, em São Paulo, não precisa de polícia pacificadora, entramos em qualquer lugar. Aqui, não tem problema”.

Esse problema era no Rio. E agora? O problema é aqui em São Paulo. O pessoal do Rio de Janeiro, quando vem para São Paulo, fala: “Cuidado você está indo para São Paulo”. Então, a situação é muito mais grave do que se imagina.

A nossa bancada tem opinião e todos os assuntos aqui votamos com a nossa opinião, independente daquilo que alguns querem determinar que a gente vote. As nossas assinaturas, com relação ao Tribunal de Contas, estão todas aí. Não foram retiradas. Se as foram, são de outros partidos e não nossa. É bom deixar isso bem claro. As nossas estão aí.

Sr. Presidente, V. Exa. perguntou aonde está a Bancada do PT. Mantivemos a assinatura e estamos aguardando a posição do candidato se está mantendo ou não sua candidatura. O quadro é saber em que lugar está a base do governo.

Aqui, essa tal de Operação Delegada, significa, além de transferir para os municípios a responsabilidade que é do Estado, ter que contratar, fazer convênio. A Polícia Militar certamente não conseguirá porque é no seu horário de folga.

Já está provado que o ser humano necessita de descanso para poder realizar o seu trabalho. Não são máquinas, são seres humanos. Já vivemos um problema sério, por exemplo, com os cortadores que morrem por exaustão porque têm que produzir certa tonelada de corte de cana. Para ganharem o mínimo, se sujeitam a trabalhar e vão, vão, vão até morrer. Agora, parece que estão querendo legalizar isso e passar também para a polícia. A polícia para ter aumento de salário tem que trabalhar 40 horas por semana. E que tranquilidade, que perspicácia, que atenção que a polícia vai ter se estiver com o sono. Quantas horas trabalham em pé com varizes? São 10/12 horas, em pé. Aqui, na Assembleia Legislativa, também temos policiais que certamente tem problemas porque isso é um excesso. Mas não estou dizendo daqui, mas de fora. Tivemos já matança de policiais em torno de mil, sem contar os civis, os jovens que morrem tanto no tráfico e, eventualmente, pela polícia.

Essa legalização do pico, que garantia que a polícia vai ter que estará segura. Ela vai continuar exposta no horário de folga trabalhando. Muitas vezes, com algum arranjo pode estar trabalhando num lugar e aparentemente prestar serviço em outro. Isso já ocorre.

Vários deputados já trouxeram aqui denúncias, inclusive, deputado da Polícia Militar. Que garantia a população vai ter retirar os policiais daqui e mandar os que estavam de folga, que poderiam eventualmente ser convocados aqui para uma emergência? Ser transferidos para outro lugar para prestar serviço em prefeituras e as que tiverem guardas municipais terão problemas sérios porque os policiais ganham mais do que os guardas municipais.

Em São Paulo, tivemos uma greve na Guarda Municipal exatamente por causa disso. Sentiram-se passados para trás ganhando menos e tendo que trabalhar com essa tal de Operação Delegada. Os policiais não vão se sentir bem cuidar de ambulante e também a população que necessita de segurança quando chega a sua casa. Os trabalhadores, que vêm e voltam nos finais de semana, que segurança terão? Qual grau de segurança vai aumentar? Essas perguntas não se respondem com apenas um paliativo como esse da Operação Delegada, contrariando a natureza do ser humano e também as leis de proteção existentes já de muito tempo de que é preciso ter mais eficiência no trabalho, observar o número de horas disponíveis e não aumentar as horas de trabalho para justificar a ausência de tecnologias na Polícia, a ausência de investimentos. Vai acabar gastando mais, como no caso das OSs. Tudo sai dos cofres públicos. Aí as OSs pagam melhor os médicos, mas quem paga indiretamente é o Poder Público. É o Poder Público que acaba se responsabilizando por esse pagamento e assim vai acabar onerando mais as prefeituras, que já reclamam da falta de recursos para transporte, Saúde, Educação, além de ser um paliativo para dizer ao Governo Federal que não necessita da sua ajuda. Agora passadas as eleições é preciso resolver o problema.

Dizem que aqui não é como no Rio de Janeiro, que aqui o crime organizado não tem o domínio, mas os toques de recolher estão se verificando, inclusive rádio e televisão mostrando isso em diversas cidades. Só não vê o pior dos cegos: aquele que não quer enxergar.

A ausência de segurança não se resolve com um paliativo desses: um projeto que vem à Casa para tentar iludir os prefeitos do interior de que vai melhorar a Segurança Pública na sua cidade. Na capital é diferente, é outra realidade.

Os prefeitos desesperados. Para onde vamos agora? Temos de nos agarrar em alguma coisa. É possível que alguns se iludam com isso, mas não terão nenhum tipo de garantia de que a segurança de sua cidade será melhorada. Pessoalmente tenho uma posição a respeito e verei depois com a bancada, mas não dá para votarmos favoravelmente a um projeto que é paliativo: ao invés de aumentar recursos para a área de Segurança Pública, para as delegacias, distritos policiais, para o comando - viaturas caindo aos pedaços fazem policiais procurarem ajuda de uma oficina aqui e ali ou irem de pires na mão pedir a um prefeito colocar gasolina para poder continuar rodando - querem fazer o policial trabalhar não hora do descanso. Isso não resolve o problema da Segurança Pública, é mais ou menos parecido com uma outra questão: redução da maioridade penal. Aí começa a condenar a criança já na barriga da mãe porque poderá ser um futuro marginal. Vejam as aberrações a que estamos chegando e nós discutindo um problema dessa envergadura: falta de Segurança Pública no Estado de São Paulo.

Hoje, ninguém mais se sente seguro. As políticas de Segurança Pública adotadas pelos tucanos nestes 16 anos não dão tranquilidade.

Há questão aproximadamente de dois, três anos ninguém mais aguentava tanta matança. Nesse furacão Dennis, nos Estados Unidos, morreram aproximadamente 800 e poucas pessoas. Aqui, sem furacão, já passam de 100 policiais, sem contar os inocentes, os civis que já morreram em razão desta ausência de segurança nesta guerra civil estabelecida aqui. O Governo do Estado tenta não aceitar, o Secretário de Segurança Pública também argumenta contra o apoio da Polícia Federal dizendo que aqui não é o Rio de Janeiro, mas os policiais estão morrendo, civis estão morrendo, os arrastões continuam, a população está insegura. Vivemos um clima de intranquilidade e não é com um remendo desses que se resolverá um problema estrutural da Segurança Pública.

Portanto, quero deixar a minha posição: este projeto não resolve o problema da Segurança Pública nem na capital, nem no Estado, muito menos nas prefeituras, que muitas vezes não têm sequer um delegado ou então tem um delegado para cobrir 10, 15, 20 cidades porque falta concurso público, porque não se aumenta o contingente de servidores públicos das polícias Civil e Militar para atender à população, enfim. Aí vem um remendo desses: pegar aqueles que têm horário para descansar e já prestaram seu serviço e botar para trabalhar até morrer, como acontece com os cortadores de cana ‘trabalhar até morrer’. Ou seja, tem de produzir bastante, inclusive na hora de folga. Esta a realidade deste remendo que não resolverá o problema da Segurança Pública. A população continuará insegura nessa guerra civil estabelecida entre o crime organizado e a Polícia e no meio de tudo isso civis morrendo pelos quatro cantos do nosso Estado.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, numa certa hora em que o Deputado Campos Machado, a quem respeitamos muito, usava da tribuna, a Bancada do PT fazia uma reunião para discutir a posição que vai tomar nas votações em alguns temas. Por isso não estava em plenário. A Bancada do PT não tem dificuldade em se posicionar em relação a projeto algum. Toda vez que um projeto do Governo ou de qualquer deputado tramita na Casa o nosso parâmetro é baseado sempre naquilo que beneficia a população e principalmente, não exclusivamente, a população mais pobre, portanto, a gente defende a aprovação do projeto da defensoria pública justamente para defender as pessoas mais humildes e necessitadas porque não tem nada mais importante do que ter com quem contar na hora em que uma família precisa de ajuda e não tem como pagar um escritório de advocacia. Nós vamos continuar defendendo essa população mesmo porque percebemos que no último pleito eleitoral uma das grandes discussões aqui na capital foi quem defendia e quem não defendia o pobre.

Defender o projeto da defensoria pública é defender a população mais carente. Este o nosso posicionamento. Por isso pedimos encarecidamente a V. Exa. e aos líderes partidários para que se paute este projeto. Não é um projeto de deputado ou de bancada. É um projeto do Executivo que tem o apoio praticamente de todos e ainda assim não é pautado. Quem for contra que vote contra, mas este projeto precisa ser aprovado o mais rápido possível mesmo porque serão 100 defensores públicos que poderão começar a defender a população mais necessitada imediatamente.

Portanto, a Bancada do PT pede que este projeto da defensoria pública seja votado o mais rapidamente possível.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência registra a manifestação de Vossa Excelência.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, nos termos do Art. 100, inciso I, da XIV Consolidação do Regimento Interno, convoco V. Exas. para uma Sessão Extraordinária, a realizar-se hoje, 10 minutos após o término da presente sessão, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia: Projeto de lei Complementar nº 31, de 2012, de autoria do Sr. Governador.

Em discussão. Para discutir a favor, tem a palavra a nobre Deputada Heroilma Soares, pelo tempo regimental.

 

A SRA. HEROILMA SOARES - PTB - Sr. Presidente, passo meu tempo ao Deputado Campos Machado.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Para discutir, por cessão de tempo, tem a palavra o nobre Deputado Campos Machado, pelo tempo regimental.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, inicialmente quero dizer ao Deputado Marcos Martins: quanta demagogia, hein Deputado Roque Barbiere? Quanta demagogia por parte da Bancada do PT. Primeiro não me referi à Bancada do PT. Eu estava reclamando que a Bancada do PT se omitiu dos pronunciamentos aqui da tribuna, na defesa daquilo que ela, eu imaginava, sempre acreditara, como o Presidente nacional do PT acredita, Deputado Rui Falcão. Não ouvi nenhum deputado se manifestar a respeito do que vem acontecendo nos últimos dias nesta Casa, onde a Assembleia Legislativa está perdendo um pouco da sua dignidade e do seu respeito.

O Deputado Marcos Martins, mestre em segurança, especialista na área de segurança pública, muito mais militante partidário, porque V. Exa. fala em tom de eleição de 2014. Já disse que os prefeitos vêm com o pires na mão, já mudou, pelo que eu percebi, a orientação partidária, porque “eu vou votar favoravelmente a esse projeto”. Vossa Excelência já começou a dizer que é melhor votar. Eu estou dizendo que o Deputado Marcos Martins deitou falação sobre um assunto que ele não conhece. E fala com aquela arrogância das pessoas que acham que sabem tudo, e se volta para mim e diz, Deputado Roque Barbiere: “Nós da Bancada...”, não falei que V. Exas., de papel assinado, falei que V. Exa. não falou nada daqui da tribuna sobre a questão do Tribunal de Contas do Estado. Eu não ouvi. Não tive essa alegria de ver V. Exa. defender as prerrogativas da Assembleia. Não tive essa felicidade. Quem sabe eu venha a ter no futuro.

Temos uma situação de insegurança, não apenas no Estado de São Paulo. É insegurança generalizada. O Governador Geraldo Alckmin faz aquilo que pode, manda o Projeto da Operação Delegada para cá e cabe a esta Casa decidir. Eu não falo em nome da bancada, porque a bancada não decidiu ainda qual o voto, mas vamos votar, teoricamente, favoravelmente a este projeto. Primeiro por uma razão simples, Deputado Samuel Moreira: somos aliados, pelo menos até segunda ordem. Somos aliados. Não somos dessa base aliada que ora está com V. Exas, ora está contra. Estamos sempre juntos. Vamos votar, apoiar o Governo, mas quero deixar claro aqui que existem algumas questões muito mal esclarecidas.

O Deputado Enio Tatto fala da luta do pobre contra o rico. O maior defensor da Defensoria Pública chama-se Márcio Thomas Bastos. O PT ainda não entendeu a minha posição em relação à Defensoria Pública. Eu estou defendendo que o número de defensores públicos é insuficiente para cuidar de um milhão de casos que acontecem em todo o Estado. Não sou contra a criação desses 100 cargos, não, Deputado Enio Tatto. Sou contra essa maneira que o PT tem de se expressar como dono da verdade, dizendo: ...” Ganhamos a luta do pobre contra o rico”. Quem viu a campanha em São Paulo, a campanha do Prefeito Haddad, viu que  foi uma campanha milionária. É a luta do pobre contra o rico. E eu sou obrigado a ouvir isso numa terça-feira à noite. A Defensoria Pública não tem condições de atender a demanda dos humildes, dos pobres neste Estado. Aí eu defendo os convênios com a OAB. Apareceu agora uma Associação de Direito da Defesa do Direito, do Direito, do Direito, que a pessoa tenha assistência judiciária.

Aí fico meditando, refletindo, e pergunto a mim mesmo o que pretende o Deputado Enio Tatto, como ele pretende resolver a situação de mais de um milhão de pessoas que precisam de um advogado. Alguém é preso, lá em Teodoro Sampaio, acusado de furtar uma marmita, laranja; até chegar um defensor público já ficou três, quatro meses na cadeia. Vossas Excelências sabiam que os defensores públicos têm uma verba acessória de mil reais quando vão a comarcas com um determinado número de quilômetros? Sabiam que os defensores públicos querem ter as prerrogativas... Que palavra danada “prerrogativa”, machuca-me, constrange-me quando olho nas caras dos Deputados e vejo falarem em prerrogativa; fico constrangido, porque o que menos se defende aqui são as prerrogativas. Mas vamos lá: como é possível 500, 600 defensores públicos cuidarem de mais de um milhão de processos existentes no Estado de pessoas que não podem pagar? A preocupação do Deputado Enio Tatto está com meia dúzia, 10, 20 mil pessoas, e os outros 950 mil vão ficar à míngua, porque o Deputado Enio Tatto, junto com a Bancada do PT, é contra esse projeto que trata desse convênio com a OAB.

E por falar em OAB, a eleição está partidarizada. Alberto Toron é candidato do Partido dos Trabalhadores, a política chegando à OAB. E o candidato Alberto Toron trata a questão das drogas de maneira diferente. É o candidato do Partido dos Trabalhadores, apoiado por Márcio Thomaz Bastos, que acha que a droga tem que ser tratada de uma outra maneira, com outros olhos. Aí eu verifico: a ex-candidata à Presidência da OAB, Rosana Chiavassa, que desistiu para ser vice de Alberto Toron, defende a Defensoria Pública. O que está acontecendo? “Não importa onde estamos, importa para onde vamos”. E para onde vamos assim? O candidato à Presidência da OAB no Estado de São Paulo tem visão periférica, mais ou menos descentralizada sobre a questão das drogas: “Não podemos criminalizar as drogas”. É uma teoria, uma teoria até interessante. Cheguei hoje ao plenário e mencionei Lord Byron, que disse que com a chegada do crepúsculo, ou da noite, chegam os morcegos e as dúvidas. Eu ainda vou começar a tratar dos morcegos, porque as dúvidas, não consigo mais dirimi-las. Vou começar a tratar dos morcegos. E os morcegos me mostram que durante a escuridão é possível enxergar alguma coisa além.

            Mas quero fazer um repto, Deputado Enio Tatto. Vossa Excelência concorda que nós possamos rever essa Lei Orgânica da Defensoria Pública, que é um acinte, um achincalhe, quer subestimar a inteligência alheia? Podemos até votar, não votar esse achincalhe da Defensoria Pública. Mas vocês têm também que admitir que não é possível entrar no ridículo. Dizia Fernando Pessoa, e tem razão: tudo menos o ridículo.

E é exatamente o que está acontecendo aqui. E é por isso que eu gostaria de manifestar a minha posição em relação à Defensoria Pública. São arrogantes? Os defensores públicos são arrogantes. Prepotentes? São prepotentes. São dominantes? São dominantes. Ambiciosos? Ambição não é palavra adequada aos defensores públicos.

Eles querem ter as regalias do Ministério Público: salário, prerrogativas, e lá voltei eu com a palavra de novo, Deputado Marcolino, já que vocês não são mais 24, são 23. Não deveria mais tocar nesse assunto de prerrogativa, que me constrange. Prerrogativa me deixa arrepiado. É palavra que machuca os corações das pessoas que gostam desta Casa.

Mas quero indagar de V.Exa., Deputado Enio Tatto. Vamos dar uma olhada nessa Lei Orgânica do pretendente a Ministério Público, a Defensoria Pública. Estou dizendo porque não sou contra votar esses 100 cargos. O que não posso é aceitar hoje uma conversa entre o Deputado Alencar e o Deputado Samuel Moreira: ...”nós já fizemos um acordo”. Mas vocês fizeram um acordo com quem? Isto aqui tem dono, agora? Aqui é a Assembleia Legislativa do PSDB e do PT? Não há mais partido nenhum aqui? Já fizeram acordo, os outros que engulam? Não.

Ah, não. E precisam ver como falaram: já fizemos o acordo, o Deputado Alencar e o Deputado Samuel Moreira. Fizeram o acordo, está resolvida a questão! A partir de amanhã a segurança do povo vai ser total. Não haverá mais homicídio, não haverá mais nada, porque o Deputado Alencar fez acordo com o Deputado Samuel.

E as outras bancadas? Estou falando com gente grande. Aqui, importantes, segundo os Srs. Deputados, são só o PSDB e o PT. E aí invoco os Deputados das demais bancadas. Vamos silenciar, vamos nos quedar ao silêncio? É a mesma coisa que alguém entrar na minha casa e falar que a geladeira está no lugar errado. Imaginem, Deputado Enio Tatto, chegar na dona Inês, a grande matriarca, mãe do Deputado Enio Tatto, mãe de um Deputado Federal, um Deputado estadual e de dois vereadores: dona Inês, essa geladeira tem que ir para o lado de lá, esse fogão tem que ficar atrás da copa.

Esperem um pouco. Estamos aceitando isso aqui na Casa: dizer para mim que a geladeira da minha casa está errada, e que a minha filha talvez não devesse usar vestido curto. Sabe-se como se começa uma intromissão e não se sabe quando se para. Esse diálogo, interessantíssimo, entre o Deputado Samuel Moreira e o Deputado Alencar, dá a entender que 23 mais 22 são 45, que não precisam de mais ninguém na Casa. Só os dois Deputados, os dois líderes resolvem tudo. Os outros, ora, danem-se os outros. Não há nem a sensibilidade de procurar.

Aí vejo o PP, PR, PV, PPS, todos aqui. Todos silenciosos, enquanto os dois gigantes da Casa fazem o acordo. Sabe, Deputado Gondim, eu estava contando que o Deputado Samuel Moreira, conversando com o Deputado Alencar, disseram: nós já fizemos o acordo. Fizeram o acordo com quem? Só os dois? Não há mais partidos nesta Casa? O PR não existe, nem PTB, nem PPS, nem PV, nem PP. É só o Deputado Samuel Moreira e o Deputado Alencar.

Vamos aceitar isso, Deputado Gondim? Ninguém diz nada. Tudo silencia. Até me lembro de Camões. Sabe, Deputado Simão Pedro, estou aqui comemorando uma união “jaconça”, o jacaré com a onça. O Deputado Alencar com o Deputado Samuel Moreira fizeram um acordo, os dois resolveram o quê? Chegaram, e “já fizemos o acordo”.

Já comunicaram ao Presidente? Sr. Presidente, comigo V.Exa. até a campainha tem funcionado rápido ultimamente. Além da questão de ordem, temos as datas e a campainha.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Nobre Deputado, só para esclarecer, essa campainha não é o Presidente que aciona.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Começo a imaginar que o Presidente tem alguma questão de ordem para ser resolvida comigo, não é possível!

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Nenhuma questão de ordem, muito pelo contrário.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Olha a rapidez com que ele aperta a campainha e a falta de tolerância comigo, a mesma rapidez que foi de sexta-feira para sábado, de sábado para segunda-feira, de segunda-feira para terça-feira, e hoje, e amanhã já é a sabatina.

Mas que adentra mais dois Deputados do PSDB. Para encerrar, quero dizer que o Deputado Samuel Moreira, conversando com o Deputado Alencar, resolveram, e já fizeram o acordo. Estou indagando se são só os dois partidos que mandam nesta Casa. Quero consultar V.Exa., líder do PSB, se V.Exa. concorda que o Deputado Samuel Moreira converse com o Deputado Alencar, encerre as questões e as pendências todas.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Cruz, para falar contra, pelo restante do tempo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro, que passa a palavra ao nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino.

Esta Presidência esclarece que não é a Presidência que aciona a campainha, quando vence o tempo. A Presidência aciona só quando passa, e a Presidência tem sido tolerante demais com todos os Srs. Deputados, principalmente com o grande companheiro e irmão Campos Machado.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, o debate em alguns momentos esquenta, em alguns momentos esfria.

É o período que vive o nosso Estado, numa crise permanente em relação à Segurança Pública. E o Governador encaminha justamente um projeto para a Assembleia Legislativa, que não trata da totalidade da Segurança Pública no Estado de São Paulo.

Ouvimos atentamente todos os oradores que me antecederam no dia de hoje, em relação ao projeto ora apresentado, e algumas indagações acabam ficando. Temos hoje um efetivo de quase 100 mil policiais no Estado de São Paulo, e cadastrados na Operação Delegada temos 3.718. E perguntamos: se temos hoje 100 mil policiais e apenas 3.700 policiais estão cadastrados para, em seu momento de folga, poder trabalhar na Operação, há aí algum erro.

Fala-se tanto na Operação Delegada, calcula-se tanto que é um projeto importante para o Estado de São Paulo, e o Governador apresenta o projeto como a solução para o Estado. São 3.700 policiais militares hoje cadastrados. Estamos falando de 3,7%; de um total de um efetivo de 100 mil PM, apenas 3.7 hoje são cadastrados na Operação Delegada.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Nobre Deputado Marcolino, esta Presidência lamenta interrompê-lo, mas V.Exa., na próxima sessão, terá o remanescente do seu tempo, 13 minutos.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esgotado o tempo da presente da sessão, esta Presidência a dá por encerrada, lembrando-os da segunda Sessão Extraordinária, a realizar-se dentro de 10 minutos.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 30 minutos.

 

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