03 DE MAIO DE 2010

051ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidente: JOÃO BARBOSA

 

Secretário: CARLOS GIANNAZI

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOÃO BARBOSA

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - CARLOS GIANNAZI

Combate decisão do Supremo Tribunal Federal que manteve a Lei da Anistia, inclusive para os torturadores. Pede revisão da citada lei. Recorda penalizações aos torturadores do período militar na Argentina. Faz reflexão sobre a desigualdade do regime militar. Questiona declarações de exilados favoráveis a manutenção da lei. Faz retrospecto sobre revoluções históricas brasileiras. Lembra que a tortura é crime contra a Humanidade.

 

003 - CARLOS GIANNAZI

Elogia a posição do Ministro Carlos Ayres Britto sobre o processo de revisão da Lei da Anistia. Lamenta que a mídia tenha destacado apenas os eventos do Dia do Trabalho, realizados pela CUT e da Força Sindical. Relata sua participação em ato pelo Dia do Trabalho, ocorrido na Praça da Sé. Lembra a necessidade de reflexão sobre ações do Governo. Repudia a dificuldade de acesso da população à Saúde, Educação e Segurança Pública de qualidade. Afirma parciais os efeitos do crescimento econômico brasileiro, pela falta de investimentos sociais.

 

004 - CARLOS GIANNAZI

Considera imperfeita a Lei 1093/09, sobre os funcionários contratados pela Lei 500. Informa que dez mil servidores da Saúde estão ameaçados de demissão, em decorrência da citada lei. Fala dos reflexos negativos na prestação de serviços do setor. Dá conhecimentos de três projetos de lei, de sua autoria, pleiteando revisão da citada lei. Acrescenta que há prejuízos na Educação, com os professores contratados apenas por um ano. Cita ações judiciais sobre o tema.

 

005 - CARLOS GIANNAZI

Requer o levantamento da sessão, com a anuência das lideranças.

 

006 - Presidente JOÃO BARBOSA

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 04/05, à hora regimental, com ordem do dia. Lembra-os da realização de sessão solene, hoje, às 20 horas, pelo "Dia da Soka Gakkai". Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. João Barbosa.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOÃO BARBOSA - DEM - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Carlos Giannazi para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao:

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOÃO BARBOSA - DEM - Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Barbosa. Na presidência. Tem a palavra o nobre Deputado Vinicius Camarinha. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. presidente em exercício, nobre Deputado João Barbosa, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, gostaria de registrar, mais uma vez, nossa total indignação e contrariedade pela decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal, na semana passada, em relação à revisão da Lei da Anistia, lei nº 6683, que foi promulgada em 1979 no nosso país. A OAB - Ordem dos Advogados do Brasil -, ajuizou uma ação no STF pedindo que os torturadores, os agentes representantes do Estado autoritário militar fossem punidos, que na verdade não fossem protegidos pela lei de anistia, até porque hoje o mundo inteiro caminha nessa direção. Existe no mundo inteiro uma revisão desse posicionamento jurídico das leis das anistias, principalmente na América Latina: no Chile, no Uruguai, no Paraguai, enfim, em vários países.

A Argentina, recentemente, puniu um ex-Presidente. O último Presidente do regime militar da Argentina acabou de ser condenado a 25 anos de cadeia, juntamente com cinco generais. Cinco generais, mais o ex-Presidente da República, foram todos encarcerados e terão que cumprir penas de 17 a 25 anos em prisão comum - isso na Argentina. Mas o Brasil recusa-se a punir nossos torturadores - que eu diria - que foram os nazistas do regime militar que, torturaram, estupraram, mataram, que violentaram milhares e milhares de pessoas em todo o território nacional.

Sr. Presidente, a Lei da Anistia, aprovada em 1.979, na verdade também contemplou esses torturadores. Acontece que, naquele momento, foi o acordo possível, até porque a sociedade civil não tinha força para exigir a punição. A correlação de forças, naquele momento histórico, era extremamente desigual, porque estávamos num regime militar, num regime discricionário, num regime de exceção onde mal tínhamos aqui uma oposição. A oposição era consentida; ela só existia porque o Governo - famoso PMDB - autorizava. Portanto, era uma negociação extremamente desigual, onde a sociedade civil não tinha forças para impor suas exigências; lógico que a lei foi aprovada do jeito que os militares queriam.

Sr. Presidente, na verdade, a Lei da Anistia aprovada em 1.979 foi dos militares para os militares. Enfim, foi uma lei para proteger muito mais os militares; essa é a grande verdade. Ficamos chocados com esse retrocesso, com esse medo, com essa covardia, de vários setores da sociedade brasileira, de cassar, de pegar os nossos torturadores; é um absurdo.

Sr. Presidente, fiquei mais chocado ainda com as declarações feitas pelos representantes do PT, do PSDB, do PV, do PCdoB que também são contra à revisão da referida lei; todo mundo neste País, agora se acovardou. É vergonhoso que o Brasil mantenha ainda essa danosa política de conciliação das elites com as elites. As elites entendem-se quando brigam. Porém, quando se trata de movimentos populares, daí seus líderes são todos punidos, esquartejados.

Pegue a História do Brasil; as grandes manifestações populares do nosso País foram todas massacradas, suas lideranças foram mortas, esquartejadas: Tiradentes, a Cabanagem, a Balaiada, Canudos, Quilombo dos Palmares - o que aconteceu com Zumbi -; não houve perdão. Os movimentos das camadas populares são todos dizimados, suas lideranças são mortas. No entanto, quando se trata de briga da elite contra a elite, daí há um arranjo, há uma conciliação. Isso é péssimo porque atenta contra a democracia brasileira e contra a cidadania.

Sr. Presidente, quero repudiar essa decisão do Supremo Tribunal Federal, sobretudo o posicionamento dos principais partidos deste País. É lamentável, por exemplo, ler uma declaração do Deputado Genuíno, do PT, que voltou atrás em relação a esse tema, do Deputado do PSDB, José Aníbal, que disse “não, não tem mais o que mexer na Lei da Anistia”, do PCdoB, cujo Presidente, Deputado Aldo Rebelo também voltou atrás. A própria Marina Silva, candidata à Presidência da República, também é contra a revisão da Lei.

Então, o passado é passado? Não. Temos que fazer justiça, porque milhares de pessoas foram mortas neste País pelos nazistas do regime militar. O Brasil não tem que se acovardar. O Brasil não tem que ter medo dos militares. Muitos desses que torturavam e matavam em nome do estado autoritário estão vivos, impunes, e ocupando cargos públicos na administração pública.

Vamos cassar. O Brasil tem que cassar, tem que pegar os seus torturadores. Temos que honrar a memória dos que tombaram na ditadura militar, em nome da redemocratização, em nome da democracia, em nome da liberdade de expressão. Foram muitas pessoas mortas e torturadas, estupradas; crianças também foram mortas, inclusive mulheres grávidas.

Isso não pode ficar assim. Isso não é revanchismo, isso é justiça. A Argentina está fazendo isso já há um bom tempo, assim como o Uruguai, o Paraguai, o Chile, todos os países da América Latina. Só o Brasil não. O Brasil vai conciliar, na base do “deixa para lá”, “já passou”.

Encobrindo essa impunidade, que não é muito distante, são 30 ou 40 anos atrás no Brasil, podemos estar estimulando que uma situação dessa venha a ocorrer novamente. Por isso, somos contra essa posição, tanto do STF como também dos principais partidos do Brasil.

Nós do PSOL somos a favor da alteração da Lei da Anistia, que ela inclua os torturadores do regime militar, que sejam todos punidos, que se acabe a impunidade em relação aos crimes de tortura.

O Brasil é signatário de vários tratados internacionais contra tortura, e esses tratados dizem claramente que tortura é crime imprescritível, é crime contra a humanidade. Ou seja, o Brasil é signatário dessas convenções internacionais, que têm inclusive peso jurídico. Os tratados são superiores a uma “leizinha” tupiniquim que foi imposta pelos militares, em 1979. Essa lei que garante a impunidade dos torturadores, a Lei 6683/79, não é superior aos tratados internacionais que o Brasil assinou.

Vamos cassar. Vamos pegar os nossos torturadores e colocá-los na cadeia, em nome de quem tombou, de quem já morreu por conta desse estado autoritário militar, que foi instalado no Brasil em 1964 e durou até 1985. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOÃO BARBOSA - DEM - Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado André Soares. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rogério Nogueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Leite Filho.

Srs. Deputados, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar. Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rogério Nogueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vinicius Camarinha. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Otoniel Lima. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, ainda em relação ao tema da revisão da Lei da Anistia, gostaria de render as minhas homenagens ao voto do Ministro do STF, Carlos Ayres Britto. Além do voto a favor da revisão, a favor da ação ajuizada pela OAB, o Ministro fez um pronunciamento histórico, comovente, em defesa da democracia, da liberdade e do resgate histórico, equiparando os torturadores da ditadura brasileira a monstros. Segundo ele, a tortura não teve conotação política nem ideológica durante o regime militar, mas sim um caráter de monstruosidade.

Na semana passada, reproduzi aqui parte desse discurso, que é perfeito e representa a aspiração do povo brasileiro, sobretudo das pessoas que lutam pela democracia e liberdade no nosso país.

Sr. Presidente, como a tribuna é o espaço onde fazemos as cobranças, as denúncias, não poderia deixar de mencionar o dia 1o de maio, Dia Internacional do Trabalho, ocasião em que participamos de várias atividades em São Paulo, que tinham como meta central cobrar e denunciar o Governo, sua política econômica, a falta de acesso dos trabalhadores à Saúde pública, à Educação pública de qualidade, à Segurança Pública.

Infelizmente, no dia 1o de maio, assistimos pela grande imprensa apenas a atos da CUT, da Força Sindical, entidades que estão com o Governo. Não houve qualquer questionamento em relação à política econômica desenvolvida em nosso país, aliás, uma política econômica antissocial, que permite o pagamento de mais de 200 bilhões de juros da dívida pública brasileira por ano. Isso vem enriquecendo os especuladores do sistema financeiro.

Não houve qualquer mobilização dessas centrais sindicais e dos sindicatos em geral em relação à situação brasileira. Já em outros países, como Argentina, França, Grécia, Espanha, Alemanha, foram feitas várias manifestações e houve até enfrentamento entre trabalhadores e polícia. No mundo todo, os trabalhadores estão se organizando contra a crise econômica, o desemprego, mas no Brasil parece que não está acontecendo nada, que está tudo bem, que as todas pessoas têm emprego, que não há crise nem inflação, que todos têm acesso a uma Saúde pública de qualidade, que a Segurança Pública está funcionando, que as escolas estão oferecendo ensino de qualidade. Os trabalhadores brasileiros continuam massacrados, desempregados ou no subemprego.

Logicamente houve uma retomada do crescimento econômico, mas isso só beneficia uma parcela da população. A maioria não está sendo beneficiada por esse crescimento, que, infelizmente, não tem sido acompanhado de investimentos nas áreas sociais.

O Governo tem arrecadado muito. Há excesso de arrecadação em muitas prefeituras, em muitos Estados, principalmente no caixa da União, mas o dinheiro não está sendo canalizado para fortalecer, por exemplo, o Sistema Único de Saúde, a Educação básica no nosso país, educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, universidades públicas. Muito menos para valorizar os profissionais dessas áreas.

Lamento que as principais centrais sindicais do Brasil também se acovardaram. Distribuíram prêmios, apartamentos, aparelhos de TV, levaram artistas famosos. É lógico que, dessa maneira, lotaram todos os eventos. Mas não houve nenhum tipo de questionamento, de mobilização. É para isso que serve o Dia do Trabalho. É um dia de luta, não é só um dia de festa, até porque não temos nada para comemorar no nosso País.

Sr. Presidente, participamos e ajudamos a organizar o ato da Praça da Sé, um ato de denúncia, de mobilização com vários sindicatos críticos, várias centrais sindicais, como a Conlutas, a Intersindical, o pessoal da Pastoral da Terra. Os movimentos autênticos populares continuam mobilizados. Setores ligados à Teologia da Libertação estavam todos ali denunciando e dizendo que é possível mudar este País por meio da mobilização e da luta. Não dá para aturar essas centrais sindicais pelegas, vendidas, todas já incorporadas à máquina estatal, recebendo dinheiro público. Na verdade, essas centrais são utilizadas eleitoralmente. O fato é que isso é péssimo. O Brasil precisa avançar na luta e na organização sindical, com sindicatos e centrais sindicais independentes e não atrelados ao Governo Federal, Estadual ou Municipal.

Fica o registro da nossa indignação. Os trabalhadores devem estar mobilizados na luta pela melhoria das condições de trabalho, de salário e para que o Brasil mude essa política econômica, com os juros mais altos do mundo. Uma parte significativa da nossa riqueza, do nosso PIB, é direcionada para o pagamento dos juros da dívida pública, que só enriquece os especuladores, os rentistas. Esse dinheiro não é investido na produção. Enquanto isso, temos de sobreviver em condições precárias.

Quando toda a nossa riqueza vai para o pagamento dos juros da dívida, no Brasil somos obrigados a pagar por tudo. Diria que temos dois estados: um que conhecemos e outro que financiamos quando pagamos uma mensalidade numa escola particular, um convênio médico, segurança particular. Estamos alimentando um estado paralelo, um estado privado, porque o estado, apesar de ficar com todo o nosso dinheiro, não funciona. Aliás, funciona só para os banqueiros, para os grandes empresários, para as elites econômicas do nosso País e internacionais.

Sr. Presidente, entendemos que sindicato é para lutar, para organizar os trabalhadores, para fazer a luta política em defesa dos interesses e necessidades dos trabalhadores e da população e não para ficar fazendo média com o governo, fazendo showzinho, levando milhares de pessoas a esses eventos sem nenhuma conotação crítica e de mobilização. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOÃO BARBOSA - DEM - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, gostaria de abordar um tema que estou discutindo há um bom tempo nesta Casa, a Lei nº 1.093, de 2009. Essa lei foi fruto de um projeto de lei aprovado nesta Casa, de autoria do Governador José Serra. A Bancada do PSOL votou contra esse projeto, pois já tínhamos alertado esta Casa de que o projeto era danoso, traria sérios prejuízos para vários segmentos dos servidores públicos do Estado de São Paulo. Dito e feito. O projeto foi aprovado, os deputados não aceitaram os nossos argumentos técnicos, jurídicos e políticos e agora a situação se consolidou.

Essa Lei nº 1.093 tem várias imperfeições e várias afrontas à dignidade dos servidores públicos e da população. A primeira delas é em relação ao Art. 25 da Lei nº 1.093, que aponta na direção da demissão de mais de dez mil servidores do Estado de São Paulo, principalmente da área da Saúde. Esses servidores foram contratados por meio de concurso público, pela Lei nº 500, de 1974. Ou seja, eles passaram por processo seletivo, entraram pela porta da frente na administração pública, só que esse artigo coloca em processo de demissão, a partir de julho, todos esses servidores de hospitais importantes e estratégicos do nosso Estado.

Uma questão burocrática, eu diria até um erro grave da Secretaria de Saúde, da Secretaria de Gestão, da Casa Civil e da Assembleia Legislativa, que não nos ouviu, coloca em risco o emprego de dez mil trabalhadores, que estão há um bom tempo na rede pública de Saúde, tiveram formação em serviço, são profissionais competentes. Agora, eles poderão ser demitidos - e serão, se nada for feito -, a partir de julho deste ano.

Vamos perder esses profissionais e a população vai perder muito no tocante ao atendimento. Até o Estado realizar um concurso público e investir na formação de novos profissionais nessa área, muitas pessoas que utilizam os hospitais públicos serão prejudicadas. Vamos pagar um preço caro não só em relação à demissão de servidores, mas, sobretudo, em relação à população usuária do serviço público de Saúde.

Por esse motivo é que apresentamos três projetos de lei. Dois deles tramitaram nesta Casa e foram estranhamente barrados na Comissão de Justiça. Temos um terceiro projeto, mas já estamos achando que é um boicote, que a base governista, a serviço do Governador de plantão, está boicotando e não está querendo resolver essa situação. Havendo vontade política, é só revogar o Art. 25 dessa lei e a situação estará resolvida, não haverá a demissão desses servidores. Isso é muito fácil de resolver. Ou que o Governo envie um projeto de sua autoria, para que essa situação seja solucionada. Esse é um fato gravíssimo. Fazemos novamente um apelo aos deputados deste Parlamento para que aprovem o PLC nº 14, de 2010, que dá conta de resolver essa situação.

Entretanto, não é só a área da Saúde que está sendo afetada pela Lei nº 1.093. Há também o pessoal da Educação. Essa lei diz que a contratação de novos professores da Rede Estadual de Ensino se dará apenas pelo período de um ano. Passado esse período, o professor entrará em quarentena: 200 dias fora da Rede Estadual de Ensino. Depois, ele poderá voltar. Portanto, o professor poderá trabalhar um ano sim, um ano não. Isso é tão perverso. Ao ser contratado por uma escola, um professor tem que estar inserido no projeto pedagógico, criar vínculos com a escola, com os alunos, com a comunidade, com os professores. Em um ano, isso não é possível. é pouco tempo. Esse professor vai ingressar na escola sabendo que só vai ficar um ano. Ele nem vai ter muito interesse em criar vínculo, pois sabe que, depois de um ano, vai entrar numa quarentena de 200 dias. É um projeto irracional que vai contra os professores, os alunos e a comunidade escolar.

Estamos então pedindo a revogação imediata dessa lei. Já fomos à Justiça, acionamos a Tribunal de Justiça e estamos mobilizando os servidores, mas o Governo continua intransigente dando um tratamento tenebroso aos servidores do Estado de São Paulo. Apelamos ao novo Governador, Goldman, à Casa Civil, aos secretários da Saúde e da Educação, principalmente ao Secretário de Gestão Pública, que tomem providências em relação a isso. Da maneira que essa lei foi aprovada, prejudicará as áreas da Saúde e da Educação, sobretudo aos nossos alunos da rede estadual e às pessoas que precisam dos nossos hospitais públicos.

Apelamos para que os deputados entrem nessa luta pela aprovação do PLC 14, de 2010, que traria a solução imediata. Ou, que o Governo envie a esta Casa de Leis um projeto como esse. Pode copiar o nosso, não fazemos nenhuma questão da autoria do projeto, mas que o Governo resolva essa situação. Já aprovamos aqui tantos projetos e o Governo disse que eram de vício de iniciativa. Tudo bem, os projetos foram aprovados, como os da mordaça e da licença-maternidade.

O Governo que vete o nosso projeto, mas que envie um em caráter de extrema urgência. Em julho, teremos a demissão de mais de 10 mil servidores, apenas na área da Saúde, por conta dessa lei. Cada deputado aqui tem a responsabilidade de ajudar nessa revisão, até porque foram os deputados, principalmente da base governista, que votaram nessa lei. Nós votamos contra essa lei, fizemos de tudo, mas a base governista insistiu em aprová-la. Agora é correr atrás desse prejuízo. Muito obrigado pela tolerância, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - JOÃO BARBOSA - DEM - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esta Presidência, cumprindo disposição constitucional, adita à Ordem do Dia da Sessão Ordinária de amanhã os Projetos de lei Complementar de nº 15, de 2010, e de nº 16, de 2010, que tramita com urgência constitucional. Adita também, nos termos do Art. 239 do § 6º da XIII Consolidação do Regimento, os Projetos de Decreto Legislativo de nº 05, de 2010, e de nº 12, de 2010.

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, informando que a Ordem do Dia será a mesma da 49ª Sessão Ordinária e o aditamento ora anunciado, lembrando-os ainda da Sessão Solene de hoje, a realizar-se às 20 horas, com a finalidade de comemorar o Dia da Soka Gakkai.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 14 minutos.

 

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