21 DE MARÇO DE 2025

31ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: CARLOS GIANNAZI e EDUARDO SUPLICY

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência e abre a sessão às 14h01min.

        

2 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

3 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência.

        

4 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

5 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY

Endossa o pronunciamento do deputado Carlos Giannazi.

        

6 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

7 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

        

8 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

9 - EDUARDO SUPLICY

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

10 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI

Defere o pedido. Endossa o pronunciamento do deputado Eduardo Suplicy. Menciona manifestação da Apeoesp a ser realizada hoje, em prol de servidores da Educação. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 24/03, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h42min.

        

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

                                                                  

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando início à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra o deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Com a palavra o deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra o deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Com a palavra o deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Com a palavra o deputado Tomé Abduch. (Pausa.) Com a palavra o deputado Reis. (Pausa.) Com a palavra o deputado Rafael Saraiva. (Pausa.)

Com a palavra o deputado Agente Federal Danilo Balas. (Pausa.) Com a palavra a deputada Leci Brandão. (Pausa.) Com a palavra o deputado Donato. (Pausa.) Com a palavra o deputado Enio Tatto. (Pausa.) Com a palavra o deputado Barros Munhoz. (Pausa.) Com a palavra o deputado Major Mecca. (Pausa.)

Com a palavra agora o deputado Eduardo Suplicy, que fará uso regimental da tribuna.

 

 O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente, deputado Carlos Giannazi, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente, prezados amigos da Polícia Militar, senhores e senhoras que trabalham aqui na Assembleia, gostaria de primeiro comentar o fechamento da escola de Heliópolis e também o caso que está acontecendo com o caso Júlio Lancelotti.

Notícia da “Folha de S. Paulo” de hoje traz a informação que a Escola Municipal Péricles Eugênio da Silva Ramos, em Heliópolis, está fechada há mais de dois anos devido ao acúmulo de metano no solo. Segundo a reportagem, no interior do imóvel, a vegetação avança sobre o terreno que os vizinhos dizem estar abandonado.

O lixo espalhado pelo chão denuncia um cenário que se transformou em símbolo das consequências reais do segundo gás estufa que mais contribui para o aquecimento global, atrás apenas do dióxido de carbono (CO2).

A prefeitura não respondeu à “Folha” se há previsão para a reabertura do colégio fechado há dois anos. Isso é extremamente grave, e precisamos pressionar para que a Prefeitura - seja o prefeito Ricardo Nunes, o vice-prefeito, o secretário da Educação - faça as adequações necessárias para garantir a reabertura da escola.

O outro assunto que quero trazer ao plenário é o meu apoio ao padre Júlio Lancelotti. O padre Júlio tem sofrido alguns ataques do vice-prefeito de São Paulo, Mello Araújo. Na semana passada, o vice-prefeito havia feito um comentário em uma postagem nas redes sociais, dizendo que o aumento de pessoas com o uso problemático de drogas em São Paulo é culpa do padre Lancelotti.

O vice-prefeito chegou a publicar em suas redes sociais que o padre “promovia um desserviço” na região do Belém, mesmo sem os dois se conhecerem. Nesta semana, o padre Júlio foi ao encontro do vice-prefeito em uma agenda pública na Praça Barão do Tietê, e eles se reencontraram novamente no Centro Comunitário São Martinho de Lima.

Lancelotti informou ao G1: “Depois das coisas que ele disse na internet, fui ao encontro dele para pedir que não me colocasse em risco. As falas de uma autoridade alimentam o ódio contra mim e contra a população de rua. As pessoas me xingam, sacodem o portão da minha casa, gritam na minha porta”.

O padre Lancelotti tentou explicar que muitos moradores de rua precisam de suporte psiquiátrico e segurança habitacional antes de conseguir um emprego, mas afirmou que o vice-prefeito insistia em perguntar se ele queria dinheiro da Prefeitura.

Faço aqui meu apelo para que o vice-prefeito Mello Araújo conheça melhor o formidável trabalho desenvolvido pelo querido padre Júlio, que dá suporte em diversas áreas para as pessoas em situação de rua, inclusive com moradia, saúde e alimentação.

Eu convido o vice-prefeito para que possa, em uma dessas manhãs - eu até posso fazer companhia para o prefeito Mello Araújo -, visitar o lugar onde o padre Júlio, todas as manhãs, fornece um café da manhã e alimentação para a população em situação de rua. São dezenas, se não centenas de pessoas, que estão em situação de rua e dependem dessa ajuda que o padre Júlio provê para a população carente de diversas regiões de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, deputado Eduardo Suplicy. Gostaria de chamar V. Exa. para continuar presidindo a sessão. Enquanto isso, eu chamo o deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputado Fábio Faria de Sá. (Pausa.) Deputada Monica Seixas do Movimento Pretas. (Pausa.) Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Deputado Dr. Elton. (Pausa.) Deputada Carla Morando. (Pausa.)

E agora, na Lista Suplementar, com a palavra o deputado Agente Federal Danilo Balas. (Pausa.) Passo a palavra para o deputado Suplicy continuar presidindo a nossa sessão.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.

 

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O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Tem a palavra, pelo tempo regimental, o deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigado, presidente deputado Eduardo Suplicy. Eu gostaria de, aqui da tribuna da Assembleia Legislativa, Sr. Presidente, prestar o meu total apoio a minha solidariedade ao professor de História da rede municipal de Ilhabela.

Me refiro aqui ao professor César Augusto Cruz, que está sendo duramente perseguido pela atual gestão, pela administração, pelos gestores. Ele trabalha numa escola cívico-militar, que leva o nome, inclusive, do ex-deputado, nosso colega aqui da Assembleia Legislativa, o Major Olímpio.

Mas que o professor que cumpre exatamente o que está estabelecido na Base Nacional Comum Curricular e também no Currículo Paulista, nas suas aulas, ele prepara os seus alunos com os conteúdos programáticos da Base Nacional Comum Curricular e do Currículo Paulista.

 Ele está sendo perseguido porque, Sr. Presidente, ele, em uma das suas aulas, falando sobre a questão do tempo e utilizando, inclusive, ilustrando a sua aula com símbolos, músicas, como, por exemplo, uma música do Caetano Veloso, uma música lindíssima, que se chama Oração ao Tempo, uma música que fala sobre essa questão do tempo, uma música extremamente filosófica, que fala sobre o tempo.

O professor está sendo perseguido porque foi mal interpretado por alguns pais, talvez por alguns alunos, e a gestão. Ao invés de defender o professor, que está corretamente dando o conteúdo programático, com eficiência, com qualidade, dentro do currículo, como eu disse aqui, ele agora está sendo perseguido, foi chamado para dar explicações, Sr. Presidente.

Isso é grave porque abre um precedente e também mostra claramente que aquele movimento Escolas Sem Partido não acabou, ele continua. Ele acabou na prática, do ponto de vista formal, mas ele continua existindo em algumas regiões, em algumas prefeituras, em algumas escolas, que é o caso, exatamente, do município de Ilhabela.

Então, o professor estava desenvolvendo conteúdos programáticos de história relacionados ao tempo, ao espaço e formas de registro, à questão do tempo, sincronias e diacronias, reflexões sobre o sentido das cronologias e, na aula, o professor utilizava representações culturais e de cosmovisão.

Enfim, uma aula normal, uma aula que um professor de história tem que dar exatamente com esses conteúdos, Sr. Presidente. Mas nós vivemos um momento de muita desinformação, onde a extrema-direita dissemina fake news e promove uma cultura e também uma educação obscurantista, que nos remete à Idade Média, que defende que a cloroquina cura epidemias, que a terra não é redonda, que a terra é plana e tantas outras maluquices dessa extrema-direita, que reza para pneus em avenidas.

Então, essa extrema-direita acaba contaminando também a formação de várias comunidades, que são reféns desse tipo de anti-educação, Sr. Presidente. Então, essas comunidades acabam se rebelando, sem perceber, contra professores, como o professor César Augusto Cruz. Mas a função da administração é esclarecer, é conscientizar, é informar e não perseguir professores. Então, Sr. Presidente, eu aqui já pedi, inclusive, a convocação da Secretaria da Educação Municipal para prestar depoimento aqui na Assembleia Legislativa.

Eu quero registrar também que nós temos aqui uma nota, uma moção de repúdio ao assédio sofrido pelo professor César Augusto Cruz, de Ilha Bela, que é da Associação Nacional de História, a Anpuh. Uma associação muito séria, muito respeitada no Brasil, na área de história, soltou aqui uma nota pública, um parecer, defendendo o professor César Cruz.

E registro também, Sr. Presidente, uma nota também da Apeoesp, Sindicato dos Profissionais da Educação dos Professores do Estado de São Paulo. Também soltou uma nota em apoio ao professor, que tem que ser defendido por todos nós, Sr. Presidente.

Porque é inadmissível esse tipo de perseguição, esse tipo de assédio contra um professor que cumpre o que está na programação da Base Nacional Comum Curricular, do Currículo Paulista, e que desenvolve, sim, uma educação séria, uma educação crítica, emancipadora dos seus alunos.

Então, todo o nosso apoio ao professor César Cruz. Repudiamos veementemente a atitude da Prefeitura de Ilhabela em relação a esse tipo de perseguição, e outros tipos também. Que isso seja resolvido imediatamente, Sr. Presidente. A Secretaria da Educação, ao invés de punir o professor e reclamar do professor, o professor César Cruz deveria ser condecorado, homenageado pela sua competência, pelo seu preparo, pela sua formação e pelo nível de ensino, de educação que ele promove na rede municipal de Ilhabela.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Muito bem. Expresso também a minha solidariedade aos professores citados nos dois casos.

Queria convidar o deputado Carlos Giannazi, se puder novamente presidir a sessão, para que eu possa ainda, estando na Lista Suplementar, falar outra vez. (Fala fora do microfone.) Sim, façamos isso. Como ambos estamos inscritos novamente na Lista Suplementar, então...

Com a palavra o deputado Enio Tatto, na Lista Suplementar agora.

Então, deputado Carlos Giannazi, que também está inscrito na Lista Suplementar.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, de volta à tribuna no dia de hoje, quero repercutir uma denúncia gravíssima que tem a ver com a famosa privataria bolsotucana. Estamos acompanhando o desmonte do estado de São Paulo pelo governador Tarcísio de Freitas, que dá continuidade, mas de uma forma muito mais violenta e selvagem, à privataria tucana, aquela privataria que durou anos aqui, desde a gestão Mário Covas, passando pelas gestões do Geraldo Alckmin, do Serra, do Doria, do Rodrigo Garcia.

Eles estavam já liquidando o patrimônio público, mas, com essa gestão, esse modelo de privatização se acentuou de uma forma drástica, de uma forma jamais vista. É isso que o governador Tarcísio de Freitas está fazendo com as rodovias, com as escolas públicas, com o sistema de Saúde, privatizando tudo o que ele encontra pela frente. A Sabesp já foi privatizada.

Agora, Sr. Presidente, ele faz um ataque ao Poupatempo. O governador pretende privatizar o Poupatempo. Para isso, ele está fazendo o desmonte do Poupatempo. Ele está desmontando, sucateando, degradando o Poupatempo, que sempre foi bem avaliado pela população.

É um equipamento que atende a população com uma certa qualidade, que tem uma boa avaliação do povo de São Paulo. Agora, tudo o que funciona bem, que é público, é desmontado para justificar a privatização.

Então, tem uma matéria hoje, que saiu no UOL, na “Folha de S.Paulo”: “Promotoria investiga suposto desmonte para privatização do Poupatempo pela gestão Tarcísio”. Essa denúncia, inclusive, do Ministério Público, é fruto de uma denúncia do ex-deputado estadual Fernando Capez, que foi inclusive presidente da Assembleia Legislativa, que foi presidente do Procon e que foi também procurador de Justiça.

Então, ele fundamentou bem a denúncia em relação a esse tema e eu também recebi, Sr. Presidente, tenho recebido várias denúncias de funcionários, de pessoas ligadas a essa área, dizendo exatamente, sobretudo, do sucateamento, da degradação do Poupatempo, com o objetivo central de privatizá-lo.

Essa é a velha tática dos governos. Tudo que funciona bem, tudo que é público é degradado, é abandonado, não há mais investimento para justificar o quê? A privatização, a entrega desse serviço, desse patrimônio público para os grandes grupos econômicos terem lucro em detrimento do péssimo atendimento à população e, sobretudo, do aumento das taxas e dos serviços, o aumento para a população, logicamente.

É o que está acontecendo agora com a Sabesp, aumentando a conta d’água, piorando os serviços. É o que aconteceu já com a Enel, com a energia elétrica no estado de São Paulo e tantos outros serviços.

Então, nós, Sr. Presidente, estamos aqui tomando também algumas medidas, através do nosso mandato, porque não basta só denunciar. Deputado tem que fiscalizar; o deputado tem que tomar providências, e nós estamos já tomando providências pelo nosso mandato, aqui pedindo a convocação dos secretários envolvidos nesse processo, para que eles venham explicar, para que eles venham depor aqui nas comissões pertinentes o que está acontecendo com o Poupatempo.

Repito: o Poupatempo é um patrimônio do estado de São Paulo, um patrimônio. defendido pela população que será agora, caso isso se consolide, destruído, será sucateado e privatizado.

A população vai ter que pagar mais para utilizar o Poupatempo e terá mais dificuldade de utilizá-lo, porque haverá, com certeza, uma queda drástica na prestação de serviços, como já vem acontecendo com outras áreas que foram privatizadas. Todos sabem muito bem do que eu estou falando aqui, então.

Então, não ao sucateamento, não ao desmonte do Poupatempo. Poupatempo é um patrimônio do estado de São Paulo, e não também à privatização. Ele deve continuar sendo administrado, Sr. Presidente, pelo Estado, que funciona muito bem nesse caso do Poupatempo.

Então, as providências estão sendo tomadas aqui pelo nosso mandato, e espero que a Promotoria consiga barrar na Justiça qualquer possibilidade de desmonte e privatização do Poupatempo.

Quero ainda, Sr. Presidente, também dizer que nós estamos acompanhando logicamente há muitos anos a farra dos pedágios no estado de São Paulo. São Paulo é o estado que tem o maior número de pedágios no Brasil e que tem também os pedágios mais caros da América Latina.

Nós já, há muitos anos, estamos denunciando. Sobretudo nas últimas gestões do PSDB, esse processo foi intensificado. Nós já fizemos várias audiências públicas aqui na Assembleia Legislativa, fizemos manifestações públicas em várias rodovias onde foram instalados os pedágios, até mesmo o Rodoanel. O Rodoanel foi construído, e na época o ex-governador Mário Covas dizia que não haveria pedágio no Rodoanel, e tem pedágio no Rodoanel.

Nós fizemos manifestações no Rodoanel e em várias outras estradas para impedir a introdução das praças de pedágios. Acionamos o Ministério Público, o Tribunal de Contas do Estado, enfim já tivemos várias iniciativas ao longo de vários anos aqui na Assembleia Legislativa, pelo menos desde o meu primeiro mandato aqui, que teve início em 2007.

E agora, Sr. Presidente, o governador Tarcísio de Freitas anunciou que vai instalar pedágios em mais de 916 quilômetros de estradas do estado de São Paulo, inclusive já abriu uma consulta pública, já está aberta aqui, Sr. Presidente, em dois trechos, praticamente dois lotes.

Ele fala aqui no Circuito das Águas, onde vai ter aproximadamente 533 quilômetros. E está aqui, saiu já no Diário Oficial: “Governo de São Paulo abre consulta pública para concessão dos lotes Rota Mogiana e Circuito das Águas.”

Então nós vamos ter aproximadamente, Sr. Presidente, 37 novas praças com pedágios no estado de São Paulo nessas regiões, e isso vai afetar várias cidades, moradores de várias regiões, e de uma forma mais ampla para todo o estado de São Paulo, porque são aproximadamente 37 pedágios que serão instalados nessas regiões, que vão atingir, por exemplo, na região do Circuito das Águas, cidades como Itapira, Holambra, Serra Negra, Lindóia, Águas de Lindóia, Socorro.

Toda aquela região do Circuito das Águas, que é uma região turística importante, será afetada e haverá um grande prejuízo para toda a população da região e para a população que também procura essas cidades para turismo. Ou seja, toda a região será afetada.

E também a Rota Mogiana, onde nós vamos ter, aproximadamente, pedágios em 383 quilômetros. Ela é administrada hoje pelo DER, e envolve cidades como Campinas, Mogi-Mirim, Mogi-Guaçu, Casa Branca, Mococa, São José do Rio Pardo e outras cidades. Essas cidades serão todas afetadas, ou seja, receberão pedágios, Sr. Presidente. Então o prejuízo será incalculável do ponto de vista econômico e social para todas essas regiões.

São quase mil quilômetros de novos pedágios no estado de São Paulo, fora o que ele já anunciou recentemente, que vai também colocar nove praças com pedágios na Rodovia Manoel da Nóbrega, que liga Praia Grande a Peruíbe. Haverá também instalação de pedágios na Rodovia Mogi-Bertioga e na Mogi-Dutra.

Esses anúncios já foram feitos, Sr. Presidente, então é pedágio que não acaba mais. O governador está mesmo entregando estradas, escolas, Poupatempo, tudo o que ele pode para os grandes grupos econômicos terem muito lucro em cima do patrimônio público do estado de São Paulo.

Nós temos que reagir a isso. Nosso mandato já está tomando medidas junto ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, junto ao Ministério Público Estadual. Vamos também incentivar, organizar e participar de várias manifestações, de atos, de passeatas, de audiências públicas aqui na Assembleia Legislativa, nas câmaras municipais.

E faço um apelo aos vereadores e aos prefeitos de todas essas cidades para que se rebelem, para que se coloquem contra, para que façam movimentos nas suas cidades, nas suas regiões, que aprovem moções nas câmaras municipais contra a instalação desses pedágios.

Faço também um apelo aos deputados, sobretudo os deputados dessas regiões, que moram nessas regiões, que atuam nessas regiões, que têm trabalho nessas regiões, nessas cidades, sobretudo os deputados da base do Governo. Porque nós, da oposição, somos contra esses pedágios.

É uma posição nossa, histórica, aqui na Assembleia Legislativa. Então nós queremos, Sr. Presidente, que esses deputados e essas deputadas que buscam votos, que moram nessas regiões, que se dizem os defensores dessas cidades, dessas regiões, que eles atuem, que eles façam gestões, movimentos, que eles venham a público se colocar contra a instalação desses pedágios.

Inclusive, há um novo modelo de pedágio, Sr. Presidente, que é esse sistema automático livre, o famoso sistema “Free Flow”, em que não há cancelas. As placas são filmadas e depois a pessoa recebe a conta na sua casa. É um novo sistema, mais sofisticado, de arrecadação, de confisco do dinheiro da população. A população, às vezes, nem vai ver direito essas câmeras, esse sistema.

Enfim, é isso, Sr. Presidente. Nós estamos em luta contra a farra dos pedágios. Agora nós lutamos contra a farra dos pedágios do Tucanato, do Tucanistão, do PSDB, e agora nós continuamos a luta contra a privataria, contra a farra dos pedágios do governo Tarcísio, do governo “Bolso-tucano”, porque mistura bolsonarismo, extrema-direita, com o Tucanistão, com o neoliberalismo, com o Estado mínimo, com privataria. Ou seja, duas coisas horríveis juntas, no mesmo governo.

Então, “não à privataria, não à farra dos pedágios do governo “Bolso-tucano”, governador Tarcísio de Freitas. Tudo faremos para que essas praças não sejam instaladas nas rodovias do estado de São Paulo, Sr. Presidente, porque, concluindo, isso vai aumentar o preço da cesta básica, porque uma boa parte das mercadorias da cesta básica são transportadas pelas rodovias paulistas.

Então não só as pessoas dessas regiões serão impactadas e prejudicadas, mas todo o estado de São Paulo, porque o valor do pedágio vai para o frete, vai para a mercadoria que chega à mesa da nossa população, sobretudo na cesta básica.

Então todo o estado de São Paulo vai pagar a conta dessa “privataria”, por isso que essa luta tem que ser uma luta de todo o estado de São Paulo, de toda a população e de todos os 94 deputados e deputadas aqui da Assembleia Legislativa.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Obrigado. Cumprimento o deputado Carlos Giannazi. Agradeço se puder presidir novamente a sessão, para que eu possa usar da palavra, pois também estou inscrito na Lista Suplementar do Pequeno Expediente.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Ainda na Lista Suplementar do Pequeno Expediente, nós temos, agora na lista, para fazer uso da tribuna, pelo tempo regimental do nosso Regimento Interno, o deputado Eduardo Suplicy, que fará uso agora da tribuna.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Carlos Giannazi, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, eu aqui venho, mais uma vez, lembrá-los do que aconteceu no massacre de Paraisópolis e sobre a letalidade policial.

No dia primeiro de dezembro de 2019, nove jovens foram mortos numa dispersão de baile funk, por policiais militares, em Paraisópolis. Eu me lembro de ter estado lá e conversado com muitas pessoas que haviam testemunhado aquele problema.

Decorridos cinco anos do massacre, o processo judicial tramita a passos lentos. Notícia publicada na última quarta pela “Ponte Jornalismo” alerta não apenas para a morosidade processual, mas aponta ainda para a parcialidade do procedimento administrativo levado a cabo pela Corregedoria da Polícia Militar, que concluiu que os policiais militares agiram em legítima defesa.

Cinco anos após a tragédia, os réus sequer foram submetidos a júri popular, e ainda não há como afirmar que isso de fato ocorrerá. O laudo da Corregedoria da Polícia Militar que isentou os agentes foi produzido sem que o autor do laudo tivesse sequer ido ao local dos fatos.

Baseou-se apenas nos relatos dos próprios réus, como testemunhou o próprio policial que o elaborou. A impunidade se arrasta, enquanto as famílias das vítimas seguem vivendo um luto interminável.

Mas o massacre de Paraisópolis não foi um caso isolado. Os números da letalidade policial seguem alarmantes. Matéria publicada pela “CNN Brasil” em seis de fevereiro último, intitulada “Mortes por policiais em serviço cresceram 84% no ano passado em São Paulo”, apresenta pesquisa do instituto Sou da Paz, com dados coletados a partir da própria Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública, controle externo da atividade policial do Ministério Público do Estado de São Paulo - GAESP, indicando que no ano de 2024 policiais em serviço mataram 650 pessoas no Estado, com aumento de 84% em relação ao ano de 2023. Consideradas também as mortes cometidas por policiais de folga, esse número sobe para 720 pessoas, com aumento de 42% em relação a 2023.

Segundo a diretora executiva do Sou da Paz, Sra. Carolina Ricardo, os números mostram o abuso da força e que o tema não está entre as prioridades da gestão do governador Tarcísio de Freitas. Diz ela que é uma escolha política evidenciada tanto pelos dados da letalidade policial, como pelo esvaziamento das medidas de profissionalização do uso da força implementadas entre os anos 2020 e 2022, ela afirma.

Em contrapartida, o estudo mostrou que enquanto a letalidade policial aumentou no estado de São Paulo nos últimos anos, em 2024, o número de autos de prisão em flagrante delito militar caiu pela metade em comparação com o ano anterior.

Os processos administrativos disciplinares caíram cerca de 25% e os inquéritos policiais militares cinco por cento. Cerca de 60% das vítimas de policiais militares em serviço no estado de São Paulo tinham entre 18 e 39 anos. Cinquenta adolescentes foram mortos por policiais militares em serviço, mais que a soma do número de adolescentes mortos em 2022 e 2023. As pessoas negras compuseram 62,9% de todas as vítimas de mortes cometidas em serviços por policiais militares.

 Esse cenário de violência institucional não pode ser tratado com naturalidade ou com efeito colateral da política da Segurança Pública para usar termo e tem sido utilizado pelo próprio governo, quando o Estado permite que a polícia execute jovens negros e periféricos sem uma rigorosa responsabilização, chancela uma política de extermínio.

O monopólio do uso legítimo da força deve vir acompanhado do compromisso inegociável com a legalidade democrática, com a transparência, com o controle externo e social da atividade policial e com o respeito aos direitos humanos.

É nosso dever como representantes do povo garantir que esses crimes sejam investigados com rigor, Sr. Presidente, e que os responsáveis sejam punidos exemplarmente. Aproveito para lembrar que hoje é o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. Não podemos silenciar frente à violência do Estado, de um Estado que discrimina, de uma Justiça que é seletiva.

Hoje haverá um grande ato pelo fim da violência policial contra povos negros e periféricos, convocado pela frente Povo Negro Vivo, com concentração às 18 horas, em frente à Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

E eu convido todas e todos para estarem lá, para dizer que o povo negro está vivo e não pode mais ser objeto desta perseguição, inclusive por parte das forças de Segurança do estado de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças, peço que seja feito o levantamento da sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Antes de levantar a sessão, deputado Eduardo Suplicy, primeiro é apoiar a essa manifestação que V. Exa. citou contra o racismo, contra a discriminação racial que vai acontecer hoje e também já lembrar que dentro de alguns instantes, nós vamos participar de uma grande manifestação, também, da Apeoesp, da rede estadual de ensino, na Praça da República, às 16 horas, cuja pauta é a seguinte: “Reajuste salarial imediato de 6,27% no piso nacional no salário base”.

Ou seja, o governo estadual não deu ainda, Sr. Presidente, o reajuste do piso nacional do Magistério, que é de apenas 6,27%, e nós queremos que esse reajuste seja feito com repercussão em toda a carreira no salário-base.

Outro ponto importante da pauta é o fim do autoritarismo e assédio moral que vêm assolando toda a rede estadual, um assédio promovido pela Secretaria da Educação. Queremos também a climatização em todas as escolas da rede estadual para enfrentar a crise climática e o calor intenso; plano de recomposição do poder de compra; melhores condições de trabalho e de aprendizagem nas escolas; e reabertura das classes fechadas, vagas aos estudantes e aulas atribuídas aos professores.

Nós estamos denunciando já, deputado Suplicy, o fechamento de salas, de turnos e até a possibilidade de fechamentos de escolas da rede estadual, porque o governo pretende adequar o orçamento que ele reduziu da Educação - reduziu de 30% para 25% - a essa nova realidade.

Então ele começa a enxugar a rede demitindo professores, impedindo que alunos trabalhadores possam estudar no período noturno no ensino médio. É isso que vem acontecendo no estado de São Paulo.

Então nós estaremos todos lá, daqui a pouco, na Praça da República, em frente à Secretaria da Educação, para pressionar o secretário Renato Feder a atender as reivindicações que a rede estadual, que o Magistério estadual, que todos os profissionais da Educação estão lutando e reivindicando.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Esta Presidência, cumprindo determinação constitucional, adita à Ordem do Dia os seguintes projetos de autoria do Sr. Governador: Projeto de lei Complementar nº 2, de 2025; Projeto de lei nº 20, de 2025.

Havendo acordo de líderes, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 14 horas e 42 minutos.

 

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