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03 DE JUNHO DE 2011

056ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOSÉ BITTENCOURT e JOOJI HATO

 

Secretário: SIMÃO PEDRO

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOSÉ BITTENCOURT

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - CARLOS GIANNAZI

Comenta a realização de audiência pública para discutir a proibição de estacionamento em ruas de Moema. Acrescenta que a medida, imposta pela Prefeitura de São Paulo, prejudica comerciantes do local. Denuncia que o objetivo da ação é beneficiar empreiteiras. Mostra imagens de lojas que foram fechadas. Repudia a venda, para imobiliária, de um quarteirão inteiro no bairro do Itaim.

 

003 - OLÍMPIO GOMES

Sugere que o estacionamento desta Casa seja liberado para os funcionários da TV Alesp. Questiona visita do Sr. Alberto Luchetti, da Fundac, à Assembleia. Comenta envolvimento de policiais em roubos de caixas eletrônicos. Lê e comenta Balanço Geral do Estado, publicado no Diário Oficial. Questiona dados acerca de despesas com Segurança Pública.

 

004 - JOOJI HATO

Lamenta as enchentes ocorridas no Estado. Acrescenta que o lixo é um dos grandes responsáveis pelo problema. Apoia a coleta seletiva para reciclagem. Defende a instalação de pisos drenantes para absorver as águas pluviais.

 

005 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Registra a visita das Sras. Maria Aparecida Aguilar e Ana Lúcia Camargo, dirigentes da Faculdade 28 de Agosto. Comunica possível paralisação dos funcionários da Saúde. Lê e comenta Resolução nº 04, de 20 de fevereiro de 2002, do Ministério da Justiça. Destaca medidas contidas na propositura. Critica a Operação Delegada.

 

006 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

007 - SIMÃO PEDRO

Saúda a Presidente Dilma Rousseff pelo lançamento do Programa "Brasil Sem Miséria". Cita características do programa. Considera que a ação é um aprimoramento do que foi iniciado pelo ex-Presidente Lula. Comenta políticas públicas que incentivam o acesso à informação técnica. Ressalta a importância do acesso geral à Educação.

 

008 - JOSÉ BITTENCOURT

Cumprimenta a Presidente Dilma Rousseff pelo pronunciamento sobre o homossexualismo. Parabeniza o Deputado Simão Pedro pelo seu discurso. Fala de projeto de lei que visa o controle de frequência eletrônica nas escolas estaduais. Discorre sobre os benefícios da medida. Explica que o método impede o acesso de pessoas estranhas ao ambiente estudantil.

 

009 - CARLOS GIANNAZI

Informa a realização de debate acerca do Plano Nacional de Educação. Acrescenta que o objetivo do encontro é modificar o Projeto de lei 8035/10. Defende investimentos para o setor.

 

010 - OLÍMPIO GOMES

Apoia o controle eletrônico de frequência nas escolas. Acusa o Governador de negligenciar o reajuste salarial dos policiais militares. Critica o atraso do Executivo para o envio de projeto de lei voltado à Educação. Fala de sua participação em audiência pública, em Brasília, para discutir a PEC 300. Retoma o caso vivenciado pelo policial Rogério Weiers.

 

011 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, lamenta a crise do funcionalismo público do Estado de São Paulo. Condena o desrespeito à data-base. Considera o aumento dos servidores da Educação, concedido pelo Governador Geraldo Alckmin, enganoso, por não repor as perdas inflacionárias. Alega que há excesso de arrecadação no orçamento do Governo Estadual. Comenta caso de policial militar incapaz de pagar dívida decorrente do exercício profissional. Relata greves dos servidores estaduais. Defende a desmilitarização, e consequente possibilidade de greve, entre os policiais militares.

 

012 - CARLOS GIANNAZI

Requer o levantamento da sessão, por acordo entre as lideranças.

 

013 - Presidente JOOJI HATO

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 06/06, à hora regimental, sem ordem do dia. Levanta a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. José Bittencourt.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Simão Pedro para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - SIMÃO PEDRO - PT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENNTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - Tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado João Paulo Rillo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Regina Gonçalves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Gerson Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Baleia Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vinicius Camarinha. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente, telespectador da TV Assembleia, na última quarta-feira realizamos audiência pública nesta Casa para tratar de questão gravíssima que tenho denunciado aqui. Refiro-me à proibição, por parte da prefeitura, de estacionar em dezenas de ruas do bairro de Moema. Não se consegue mais estacionar nesse bairro porque nem Zona Azul existe mais. Essa medida do prefeito Gilberto Kassab criou grande crise nesse bairro. Além dos grandes transtornos aos moradores, o grande problema é o desemprego em massa.

O bairro tem comércio de rua, pequenas lojas e empreendimentos comerciais, lojistas de rua que com essa medida sofreram um impacto terrível. Muitas lojas já fecharam, outras fecharão porque não conseguem sobreviver, uma vez que as pessoas não têm onde estacionar então não param para comprar.

Há reclamações de vários setores da região, mas principalmente por parte dos trabalhadores do comércio. Os comerciantes fecharam as portas e foram obrigados a dispensar os funcionários. Então, muitas pessoas perderam o emprego e muitas ainda vão perder, com certeza, se nada for feito.

Há um ano estamos tentando reverter essa situação. A população se organizou, fez manifestações, fomos ao Ministério Público Estadual, houve reunião com o presidente da CET e SPtrans e nada foi feito. A única coisa que conseguimos foi manter 100 das 3.800 vagas que foram fechadas. Após um ano dessa tragédia fizemos uma análise e os moradores trouxeram uma denúncia gravíssima que gostaria de expor aqui.

Na verdade essa medida de proibir o estacionamento no bairro de Moema foi uma grande jogada da prefeitura para beneficiar as grandes empreiteiras para desvalorizar o comércio de rua, para que os prédios fossem colocados à venda para que as grandes empreiteiras construam ali grandes condomínios de luxo. Essa foi a grande questão colocada nessa audiência pública e vamos retomar a discussão com o Ministério Público.

Trouxemos algumas fotos que vamos mostrar a V.Exas. e aos telespectadores da TV Alesp, que foram tiradas pelo Marcelo Sampaio, da equipe de relações públicas da Amam - Associação dos Moradores e Amigos de Moema. Essas fotos demonstram claramente o que aconteceu em menos de um ano com uma boa parte da região de Moema. Vejam a degradação do local e como os imóveis estão todos colocados à venda, desvalorizados, a preços baixíssimos, para que as empreiteiras comprem esses imóveis e lá construam empreendimentos de alto luxo. São estabelecimentos que foram fechados por essa medida administrativa da prefeitura e estão sendo vendidos porque perderam o valor comercial. Isso é muito grave. São dezenas e dezenas de imóveis desvalorizados por uma medida autoritária da prefeitura, que não consultou a população. Estranhamos quando ela foi colocada em prática. Por detrás dessa medida há um interesse bilionário. É a força do poder econômico das empreiteiras para ocupar o espaço.

Apelamos ao Ministério Público e ao próprio Prefeito Gilberto Kassab para que reverta essa situação. O prefeito não pode administrar a cidade para beneficiar o poder econômico, as grandes empreiteiras, as grandes construtoras. Isso é u crime contra a cidade. A prefeitura de São Paulo tornou-se uma grande imobiliária que está vendendo o patrimônio de São Paulo, não só com táticas rasteiras como essa que foi elaborada e colocada em prática no bairro de Moema, como também o anúncio da venda de 20 grandes equipamentos públicos. O Prefeito Gilberto Kassab vai lotear e dilapidar o patrimônio público da cidade de São Paulo vendendo 20 equipamentos públicos, entre eles o quarteirão do Itaim, mais de 20 mil metros quadrados. Lá temos uma escola estadual, uma escola municipal, um posto de saúde, um Caps, uma biblioteca pública, um teatro público, uma Apae. A cidade de São Paulo não pode estar a serviço das empreiteiras que está destruindo a cidade de São Paulo, que é caótica, que não anda mais, que entrou no mais absoluto e tenebroso colapso em todos os níveis. O Prefeito Gilberto Kassab parece representar esse setor, parece que está a serviço do poder econômico das grandes empreiteiras e construtoras de São Paulo; ele degradou propositalmente a região de Moema para entregar a essas empreiteiras que vão construir os condomínios de luxo e ganhar muito dinheiro.

Então, Sr. Presidente, apelamos para que o Ministério Público estadual faça uma intervenção rigorosa nesse processo e impeça que a degradação do bairro de Moema continue dessa maneira. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Cauê Macris. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Estevam Galvão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários, telespectadores da TV Assembleia, antes de entrar na pauta principal dessa primeira fala, pediria à administração da Assembleia Legislativa que agilizasse os procedimentos para a autorização de estacionamento da Casa também para os funcionários da TV Alesp. São funcionários que estão trabalhando todos os dias na Assembleia Legislativa e estão ainda nessa incômoda situação de não poderem usar os estacionamentos da Assembleia Legislativa.

Por falar em funcionário da TV Alesp, hoje visitou a Casa e a TV Alesp - ou reassumiu as funções, ou fiscalizou as suas funções - o Sr. Alberto Luchetti. Segundo informações que a Fundac passou oficialmente em requerimento, não comporia mais a administração. Acho que deve ter sido uma visita de cortesia aos ex-comandados, mas nós vamos acompanhar.

Os jornais de hoje estampam uma matéria em que o Comandante Geral da Polícia Militar está pleiteando ao Tribunal de Polícia Militar que policiais militares envolvidos em crimes, como roubos a caixas eletrônicos, sejam encaminhados aos presídios comuns. Ninguém aceita, ninguém quer o policial que muda de lado, o policial bandido que usa a função pública para se locupletar de qualquer forma, ou para cometer crimes. Mas entendo que devamos ter um pouco de cautela para que o tiro não saia no próprio pé, Comandante Camilo. Muitas vezes o policial, no exercício da sua atividade, ou acaba exacerbando, ou num momento em que imagina uma situação, e trata-se de outra, acaba se envolvendo em circunstâncias que a legislação condena. Digo um tiro no próprio pé porque qualquer policial que caia no sistema prisional vai ter que ficar no seguro, e indiretamente é uma sentença de morte. Isso é uma proposta de sentença de morte realmente.

Daqui a pouco já vamos questionar: “ah, mas por que não os policiais envolvidos em crimes contra a vida?” Quer dizer, nesse momento, o Comandante está dando uma prioridade maior ao crime patrimonial do que ao crime contra a vida? Simplesmente um pouco de cautela; não vamos querer nos segurar na cadeira, não, à custa de manobras politicamente corretas, palatáveis inicialmente para a opinião pública, mas que possam trazer desconforto. O instituto da prisão especial - e ele existe no mundo todo - é justamente que se aplique a pena com justiça. Se colocarmos um ex-policial num ambiente com criminosos comuns, ele vai ser executado. Não tenho a menor dúvida.

Então estamos criando a pena de morte. Não sou favorável ao cometimento de crime. Acho que esses marginais que usaram a função pública nunca tiveram o espírito policial de verdade e devem ser severamente punidos. É um pouquinho exagerado tentar defender a pena de morte para esse tipo de caso.

Sr. Presidente, ainda na área da Segurança Pública, no dia 30 foi publicado no Diário Oficial da Assembleia Legislativa o Balanço Geral do Estado, com quase 600 páginas. Muitas vezes o Governador encaminha, dizendo que "os Deputados não vão se ater a esse tipo de coisa".

E fui verificar primeiramente quanto foi gasto com pessoal, no ano de 2010. E aí já vi que cai por terra, nas primeiras páginas, o argumento governamental de que não poderia ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal. A lei fala em 60% e foram gastos 45%. Mas quando entramos no campo da Segurança Pública, fiquei extremamente preocupado com o que o Governador, o Secretário da Segurança Pública e o Comandante da Polícia Militar estão dizendo para a opinião pública.

Em relação ao número de policiais - e está errado porque não consta no balanço a Polícia Civil - segue só como quadro da Secretaria, 39.475 ativos, que seria a Polícia Civil mais o quadro administrativo da Secretaria de Segurança Pública.

Da Polícia Militar, 89.432, mas tenho visto o Governador, o Comandante e o Secretário dizendo que a Polícia Militar tem 100 mil homens hoje disponíveis para a população, sendo 94 mil ativos e seis mil temporários. Gostaria de saber se os temporários estão incluídos aqui, se eles também não receberam nada, porque aqui fala em quanto foi gasto e o efetivo disponível para isso.

Sr. Presidente, peço que esta minha fala seja encaminhada ao gabinete do Governador, para a Casa Civil, para o Secretário de Segurança Pública, para o Delegado Geral e para o Comandante da Polícia Militar, porque alguma está errada com o Balanço Geral do Estado: está dizendo que até 31 de dezembro nós só pagamos 89 mil homens, mas estamos dizendo para a população que temos 100 mil. Onze mil trabalhariam de graça?

O Deputado Marcolino tem reclamado aqui do fechamento de delegacia de polícia. Diz aqui que o efetivo total é de 39 mil homens da Polícia Civil mais o quadro administrativo da Secretaria de Segurança Pública. Onde? Estão dizendo que não é por falta de efetivo, que não é por falta de concurso.

Fica aqui a minha preocupação. Voltarei à tribuna para falar de outros questionamentos em relação ao Balanço Geral do Estado, mas, por favor, Governador, 600 páginas de documentação aqui da Secretaria de Segurança Pública, alguma coisa não está certa aqui.

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - Tem a palavra o nobre Deputado Adilson Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Caramez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Isac Reis. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alencar Santana. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Deputados telespectadores da TV Assembleia, quero hoje abordar o tema das enchentes, que assolam a grande região metropolitana, provocando danos materiais e de saúde em várias cidades.

Sempre defendemos os pisos drenantes, que possam absorver as águas pluviais. Quando você concreta seu quintal, a água que seria absorvida vai parar nos bueiros, ou chegará às casas mais humildes, nas regiões de baixada.

Às vezes, há calçadas de três, quatro metros de largura, como na região do Ipiranga. Por lá, não passam tantos pedestres como na região da Rua Direita, por exemplo. Então, a calçada poderia ser de um metro de largura e, no restante, poderia ser gramado ou pedrisco, que dá menos manutenção. Assim, esses locais iriam absorver a água da chuva.

Quando asfaltamos ruas de pouco movimento, diminuímos a absorção da água pluvial. Nessas ruas, poderíamos usar pisos drenantes, cuja manutenção é mais barata e mais fácil do que o asfalto.

Estou dizendo isso porque, durante a discussão do projeto da Região Metropolitana, estivemos em vários locais e ouvimos muitas autoridades - prefeitos, vereadores - dizendo que não há verba. Uma das maneiras de resgatar recursos é com pisos drenantes, que fazem prevenção contra as enchentes.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, o que mais provoca enchente na Região Metropolitana? O lixo. O cidadão joga entulho, garrafas PET em qualquer lugar. Esse lixo acaba entupindo os bueiros, fazendo com que convivamos com as enchentes. Se todos nós separarmos o lixo - papel, plástico, metais, vidros - o que vai sobrar? O lixo orgânico, que pode ser utilizado, inclusive, para produzir energia para que não precisemos construir usinas nucleares em Angra dos Reis, ou em Iguape, como queriam há 30 anos.

Se conseguirmos fazer uma coleta seletiva, o lixo será reutilizado, economizando recursos. Inclusive, os nossos aterros sanitários estão lotados. Gastamos muitos recursos que poderiam ser utilizados na saúde, na educação e outros setores. Assim, poderíamos não agredir a natureza.

Concluo a minha fala dizendo que temos condições sim, fazendo as medidas de prevenção, de economizarmos os recursos que poderiam ser utilizados nesses setores fundamentais. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários, inicialmente quero saudar as Sras. Maria Aparecida Aguilar e a Ana Lúcia Camargo, dirigentes da Faculdade 28 de Agosto, presentes nas galerias. Elas estão acompanhando o Seminário sobre o Plano Nacional de Educação, quando o Deputado Simão Pedro, Presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, esteve também presente nesta manhã.

Tivemos uma assembleia hoje de manhã, na quadra do Sindicato dos Bancários, com a presença de mais de dois mil trabalhadores da área da Saúde. Após várias tentativas junto ao Governo do Estado, eles não conseguiram ainda progredir nas negociações. A proposta do Governo até agora é apenas de ampliar o prêmio-incentivo, de 18 reais para 30 reais. A partir dessa proposta apresentada, os trabalhadores apontam para uma paralisação de 48 horas nos dias 15 e 16. Haverá uma nova assembleia no dia 17 e, a partir de então, eles poderão entrar em greve por tempo indeterminado.

Fazemos então um apelo ao Governador Geraldo Alckmin para que atenda à reivindicação dos trabalhadores da área de Saúde. Temos os trabalhadores da CPTM que deram agora uma pausa na sua greve - eles estão aguardando a retomada das negociações. Há também os trabalhadores da área da Educação, que não concluiu totalmente o processo de negociação, e os do Metrô ainda que tiveram uma proposta de reajuste, mas com um problema sério no plano de carreira deles. É necessário que o Governador do Estado, nos próximos dias, apresente propostas que atendam a necessidade dos trabalhadores.

Passarei a ler a Resolução nº 04, de 20 de fevereiro de 2002, do Ministério da Justiça. Ela é assinada pelo antigo Presidente da Conasp, Aloysio Nunes Ferreira Filho, hoje Senador da República pelo Estado de São Paulo, e ela faz algumas considerações em relação à Polícia Militar do Estado de São Paulo:

Estabelece diretrizes de procedimentos a serem adotados pela Polícia Militar em relação às suas atribuições legais e dá outras providências.

O Conselho Nacional de Segurança Pública - Conasp, usando das atribuições que lhe confere o artigo 1º do Decreto n o 2.169, de 04 de março de 1997.

E, considerando as conclusões do diagnóstico produzido pelo Comitê de Assessoramento ao Núcleo de Ministros sobre a Estrutura, Organização e Conflitos de Competência das Instituições de Segurança Pública;

Considerando a necessidade de serem detalhadas e definidas as atividades essenciais de cada instituição policial e enfocadas como metas principais, no sentido de se evitar ações concorrentes e usurpação de competências previstas em lei;

Considerando que a Polícia Militar deve se concentrar no policiamento ostensivo e ter suas ações de inteligência policial voltadas para o planejamento de operações preventivas de segurança pública e de preservação da ordem pública;

Considerando a importância de ser constituído um comando operacional único, visando a integração das polícias civil e militar;

Considerando o dispositivo da Constituição Federal (art. 144, § 5º) que atribui a polícia militar o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública.

E, considerando que o policiamento ostensivo e preventivo, principal missão da Polícia Militar, deve ser mais valorizado, resolve:

Art. 1º Recomendar que seja delegada competência ao titular da Pasta responsável pela Segurança Pública dos entes federados para supervisionar e coordenar operacionalmente as atividades das Polícias Civil e Militar, de maneira integrada, dentro dos princípios estabelecidos na Constituição Federal, na Lei Orgânica do Distrito Federal e nas Constituições Estaduais.

Art. 2º Recomendar aos Governos Estaduais e do Distrito Federal que envidem esforços no sentido de adequarem as atividades funcionais e operacionais das Polícias Militares, priorizando o policiamento ostensivo e o atendimento à comunidade; compatibilizando as áreas de atuação das policias civil e militar, e promovendo ações visando integração das policias, respeitados os princípios constitucionais e as leis que disciplinam suas competência.

Art. 3º Recomendar as operações combinadas, a formação de forças tarefas, o compartilhamento de informações, o boletim de ocorrência único, o intercâmbio de conhecimentos técnicos comuns e ações comunitárias conjuntas;

Art. 4º Recomendar aos Estados Federados e ao Distrito Federal que não utilizem seu efetivo policial em atividades de segurança patrimonial privada, em serviços de vigilância e proteção de prédios públicos;

Art. 5º Recomendar a execução de tarefas administrativas por não-policiais, conforme a ação nº 98 do compromisso nº 12 do Plano Nacional de Segurança Pública, e dispositivos da Lei Federal 10.029/2000, incentivando que cargos ou funções administrativas possam ser ocupados por servidores não policiais.

Art. 6º Recomendar, mediante realização de cursos, a qualificação do policial militar e o intercâmbio de experiências, visando a padronizar o policiamento ostensivo, as ações de preservação da ordem pública e os conhecimentos na área de inteligência orgânica e policial.

Art. 7º Recomendar programas de modernização administrativa, inclusive com o emprego de tecnologia da informação.

Art. 8º Priorizar recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública - FNSP à Polícia Militar, quando destinados à compra de equipamentos e de tecnologias compatíveis com a atividade de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública.

Art. 9º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Aloysio Nunes Ferreira Filho

Presidente do Conasp

Pedro Alberto da Silva Alvarenga

Vice-Presidente do Conasp

Agilio Monteiro Filho

Diretor-Geral do DPF

Álvaro Henrique Viana de Moraes

Diretor-Geral do DPRF

Paulo José Lima Rocha

Representante do Inspetor Geral das Polícias Militares

Athos Costa de Faria

Presidente do Conselho do Entorno

Paulo CelsoPpinheiro Sette Câmara

Presidente do Comen

Demóstenes Lázaro Xavier Torres

Presidente do Consec

José Tavares da Silva Neto

Presidente do Codesul

Francisco Glauberto Bezerra

Presidente do Consene

Edson Ribeiro do Carmo

Presidente do Condeste

Jorge Honorato

Presidente do Consenor

Fernando Melo da Costa

Presidente do Consefo

Laerte Rodrigues de Bessa

Presidente do CNCPC

Rui César Melo

Presidente do CNCG

Maria Eliane Menezes de Farias

Procuradoria Geral da República

Luiz Flavio Borges D’Urso

Conselho Federal da OAB

Publicada no DOU nº 36, sexta-feira, 22 de fevereiro de 2002 página nº43

Sr. Presidente, estamos vendo nos últimos dias que a Polícia Militar está sendo responsável pela segurança interna das instituições financeiras. Então, isso está errado pela resolução. A Polícia Militar não pode fazer uma segurança como vem sendo feito às agências bancárias. Nós sabemos que traz uma segurança aos usuários, aos clientes do sistema financeiro. Mas essa obrigação de trazer segurança para os bancários no interior da agência bancária é dos próprios bancos que deveriam aumentar o número de vigilantes. E as prefeituras começam a se utilizar também a partir da operação delegada de policiais militares, no seu momento de folga, para fazer o policiamento dos municípios.

Sr. Presidente, temos a Resolução nº 4, de 20 de fevereiro de 2002, que estabelece as diretrizes e procedimentos a serem adotados pela Polícia Militar, em relação às suas atribuições legais e dá outras providências, que foi assinada inclusive pelo hoje atual Senador da República pelo Estado de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira Filho. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, vou comentar e saudar, porque fiquei bastante entusiasmado e já era algo esperado desde o início do ano, o lançamento por parte da Presidente Dilma Rousseff, o Programa Brasil sem Miséria.

É de conhecimento de todos que o nosso País é um dos mais injustos do mundo, por conta da injusta distribuição de renda, que ainda grassa por conta da estrutura social em que poucos ficam com quase toda a renda nacional e uma grande parte fica com a pequena parte. Fora isso, na base da pirâmide social, embora com os avanços obtidos por políticas públicas corretas, como foi o Programa Bolsa Família, implementado pelo Presidente Lula, com política de incentivo ao acesso à educação, à educação técnica e o direcionamento para fortalecer o mercado interno e gerar empregos, o Brasil conseguiu gerar quase 15 milhões de novos empregos em oito anos.

Apesar de tudo isso, ainda resta 17 milhões de brasileiros cujas famílias ainda vivem com uma renda per capita de setenta reais, ou seja, uma família de quatro membros vive com duzentos e oitenta reais, metade de um salário mínimo. São essas famílias que a Presidente Dilma pretende resgatar com esse programa.

Sr. Presidente, de que se trata esse programa? Trata-se de investir 20 bilhões de reais, por ano, em políticas públicas, na área de saneamento, na área de estender programa de transferência de renda, na área de melhorar principalmente a situação dessas famílias, porque quase 50% vivem nos Estados do Norte e do Nordeste, Estados estes que vêm passando por mudanças, por exemplo, como no crescimento da sua economia. Mas sabemos que nas regiões mais distantes vivem esses brasileiros que passam necessidades. Não dá para convivermos com isso.

Nós vamos ter um Brasil moderno, um Brasil, por exemplo, que vai abrigar aqui a Copa do Mundo em estádios modernos, que vai ter a Olimpíada. Então não podemos conviver com essa ideia de ter uma grande parte dos nossos irmãos brasileiros vivendo sob o risco da desnutrição, fome, falta de acesso ao saneamento básico, falta de perspectiva na sua vida.

Eu estava, hoje, comentando, no Plenário Franco Montoro, à Comissão Especial da Câmara dos Deputados que está aqui, neste momento, debatendo o Plano Nacional da Educação, que a educação, de fato, dá acesso à melhoria de vida ou a ascensão social para as famílias. Quanto mais acesso à educação, é melhor. Isto está demonstrado em todas as estatísticas. Agora, temos um contingente no Brasil que nem conseguiu se acessar a educação. Eles vivem vulneráveis à situação, como eu disse, de fome, desnutrição e outras intempéries.

Eu quero, aqui, saudar a Presidente Dilma que vem cumprindo com os programas que ela se comprometeu. Por exemplo, a postura do Governo e das lideranças em relação ao Código Florestal, a posição firme da Presidente. Quer dizer, não podemos anistiar aqueles que devastaram nossas florestas para o enriquecimento ilícito.

A Presidente dá esse novo passo agora para aprimorar os programas que o Presidente Lula já implementou, com resultados muito satisfatórios. Mas ainda resta essa parcela que o Governo pretende ter, com as ações articuladas com vários ministérios, não só com o Ministério do Desenvolvimento Social, do Interior, da Educação, da Saúde, da integração e tantos outros, uma série de programas, de forma articulada, para dar um passo significativo para ter um Brasil mais justo, mais humano.

Quando falamos de um país democrático, não é só do ponto de vista da política, da possibilidade de o cidadão votar. Queremos um país democrático do ponto de vista também social, onde todos os brasileiros possam ter acesso a uma renda melhor.

Nós já aprendemos que quanto mais melhorar a renda dos brasileiros, dos trabalhadores, quanto mais acesso dá à educação o Brasil se desenvolve, o mercado interno se dinamiza. Foi com esse tipo de política, quando houve crises mundiais financeiras na área de economia, em 2008/09, que o Brasil passou quase que incólume.

Sr. Presidente, quero parabenizar, mais uma vez, a Presidente Dilma e desejar boa sorte a todos os ministros. O Estado de São Paulo e os municípios têm tudo para ajudar para acabarmos com a miséria neste País. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Bigardi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Grana. (Pausa.)

Esgotada a lista de oradores inscritos, vamos passar à Lista Suplementar. Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rogério Nogueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt.

 

O SR. JOSÉ BITTENCOURT - PDT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, quero fazer um registro também de agradecimento à ilustre Presidenta Dilma, que estancou o projeto do Ministério da Educação de distribuir nas escolas do País material fazendo apologia ao homossexualismo.

Também quero parabenizar o Deputado Simão Pedro pela referência que fez a este programa de acabar com a pobreza e a miséria no País. Acho que todos os entes federados deveriam participar desta empreitada. Mas destaco a frase da Presidenta Dilma quando disse que opção sexual não pode ser propagada pelo Estado, que ela não iria fazer propaganda de opção sexual de ninguém nas escolas públicas.

Mas, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, a minha fala é no sentido de refletir sobre o Projeto de lei 550/11 publicado hoje no "Diário Oficial" de nossa autoria que institui a frequência eletrônica nas escolas estaduais do Estado de São Paulo. É um projeto importante para a classe estudantil, importante para a Educação no Estado, importante para os pais de alunos, importante para professores também. Este projeto visa controlar a frequência eletrônica nas escolas estaduais do alunato em geral e traz alguns benefícios. O primeiro é que o professor, deixando de fazer a chamada, estaria com um pouco mais de tempo para expor sua aula, para interagir com os alunos. Mas a grande ideia deste projeto, que, aliás, já foi implementado no Estado do Espírito Santo e aqui na Cidade de Praia Grande e com excelente resultado, é que vai permitir à família controlar a frequência do filho na sala de aula principalmente nessa faixa etária onde essa meninada fica vulnerável a todo tipo de assédio. É importante os pais acompanharem seus filhos nas escolas.

O que o projeto prevê? Que os pais semanalmente receberão um relatório da frequência do seu filho em casa e evitará o acesso de pessoas estranhas à unidade escolar. Este projeto é bom para o professorado, que vai ter mais tempo para se dedicar ao estudo, à exposição da aula, à interação com os alunos; vai beneficiar o próprio aluno que através das digitais estará registrando a sua frequência e terá um pouco mais de tempo para estar com seus professores; vai beneficiar os pais que receberão uma notificação semanal da frequência do seu filho na escola e no aspecto da segurança vai evitar que pessoas estranhas adentrem aos estabelecimentos de ensino. De tal modo, Sr. Presidente, que colocada em prática essa ideia, e com resultados positivos no Estado do Espírito Santo, em Praia Grande, na Baixada Santista, acho que isso pode ser feito no Estado de São Paulo, o que propiciará melhores estruturas e melhores condições aos professores e aos alunos da rede pública estadual.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, volto a esta tribuna para dizer que hoje está ocorrendo uma discussão, um seminário sobre o Plano Nacional de Educação. Como disse há pouco o Deputado Simão Pedro, presidente da Comissão de Educação, esse debate é realizado no âmbito da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados percorrendo o Brasil, fazendo discussão sobre o Projeto de lei 8035 de 2010. O projeto versa sobre o Plano Nacional de Educação, que estabelece diretrizes, objetivos para a Educação Nacional no prazo de dez anos. É um Plano decenal que vai reorganizar a Educação brasileira em todos os níveis, da educação infantil ao ensino superior.

O principal ponto de discussão nesse debate foi exatamente o financiamento da educação. Ficou muito clarão que o Brasil investe pouco na educação, principalmente em educação pública. A luta histórica do magistério público, das pessoas que realmente defendem uma educação pública gratuita e de qualidade para todos é no sentido de que o Brasil possa investir durante dez anos no mínimo 10% do PIB. Hoje o Brasil não investe nem 5%. No Plano apresentado pelo governo federal e que tramita na Câmara Federal o investimento é de 7%, o que, em nossa opinião, está muito aquém das verdadeiras necessidades da educação pública brasileira. Precisamos de no mínimo 10%. Todos os países do mundo que conseguiram melhorar o seu sistema educacional investiram 10 ou mais por cento em educação, pelo menos nesse prazo de dez anos.

No Brasil não é diferente. O Brasil tem um passivo com a educação, uma dívida histórica com a educação pública, por isso que devemos lutar para mudar esse projeto. O projeto tem de ser ajustado à realidade da sociedade brasileira.

Participamos do debate por meio da nossa bancada de deputados em Brasília e aqui, na parte da manhã. O que chamou mais atenção foi a manifestação da professora, Lizete, doutora e pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, que é inclusive a diretora da faculdade. Ela fez uma explanação muito lúcida, muito clara e competente sobre esse ponto do financiamento da educação, mostrando que a escola pública pode dar certo, sim. Se houver investimento na carreira dos professores a escola pública vai funcionar com qualidade. Ela citou o exemplo da Escola de Aplicação da USP, uma escola vinculada à Faculdade de Educação. Essa escola teve a melhor nota do Saresp na última avaliação. Ela disparou na pontuação. É uma escola pública gerida com recurso público, mas que tem um diferencial. Um professor dessa Escola de Aplicação tem um salário de 4 mil reais por mês, por uma jornada de 40 horas semanais, sendo que ele fica em sala de aula 18 horas, tendo fora da sala de aula uma jornada de 22 horas para fazer pesquisa, leitura, reuniões pedagógicas, reuniões com os pais; todo um trabalho preparativo das aulas que é remunerado. Então, é um professor de escola pública, com jornada integral de trabalho, dedicação exclusiva àquela escola, por um salário minimamente digno para exercer sua profissão. Esse exemplo mostra que quando existe de fato investimento em educação pública de qualidade a escola pública funciona e oferece qualidade.

Temos muitos casos de escolas que mesmo em condições adversas, em que os professores têm os baixos salários que conhecemos e denunciamos constantemente, exaustivamente, e eles conseguem oferecer qualidade. Imaginem se houver mesmo investimento em educação. Está faltando uma política de financiamento, no Brasil, sobretudo no Estado de São Paulo, que paga um dos piores salários da federação. Não temos perspectiva de melhorar porque o governador do estado apresentou um reajuste que está muito aquém de resolver essa situação; 42% parcelados em quatro anos, o que não vai repor nem as perdas inflacionárias do período. Então, a educação do Estado de São Paulo precisa de investimento, uma grande reforma precisa ser feita junto com o magistério e com as entidades representativas do professorado paulista para reverter essa situação.

Sr. Presidente, a única saída é de fato a aprovação de um Plano Estadual de Educação porque o Plano Nacional de Educação está sendo discutido. Aqui em São Paulo não tem discussão ainda. Um anteprojeto foi encaminhado ao Conselho Estadual de Educação, que não representa os professores das escolas públicas; os seus membros representam outros interesses. Não tem discussão democrática no Estado de São Paulo em relação ao Plano Estadual de Educação, que é um fator importante para desenvolver a educação pública do Estado de São Paulo para beneficiar os nossos cinco milhões de alunos matriculados nas nossas 5300 escolas. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre deputado Olímpio Gomes, pelo tempo remanescente do Pequeno Expediente.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, funcionários da Casa, todos que nos acompanham, quero declarar meu total e integral apoio ao projeto do nobre deputado José Bittencourt, do meu partido, sobre o controle eletrônico de frequência nas escolas. Mas também proporia, Sr. Presidente, para que tivesse o controle eletrônico de frequência dos deputados da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Queremos fazer para 5,5 milhões de alunos, mas não damos o exemplo. Temos 26 deputados na Casa, hoje, entre 94, nesta sexta-feira; 26 que passaram por aqui em algum momento. Mas é o dia de estar nas bases, é o dia de estar em outras atividades. Mas gostaria de ver esta Casa também com controle eletrônico de frequência para os nobres deputados darem o exemplo para a população. Tenho certeza de que o reconhecimento da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo será muito maior.

Mas quero aproveitar esse tempo para lembrar que estamos no dia 03 de junho, faltam 27 dias para o recesso parlamentar de julho, restam 11 dias com possibilidade de votação - terças, quartas e quintas. Sendo que os últimos três dias deverão ser dedicados ao debate e à votação da LDO.

V. Excelência falava do minguado recurso que o governador disse que vai disponibilizar para o reajuste salarial dos servidores, que não vai compensar as perdas da Educação, mas até agora esse projeto não chegou à Assembleia. Para a Segurança Pública foi dito, através do Comandante Geral da Polícia Militar, numa reunião no dia 17 de maio agora, no Comando Geral, com os representantes das entidades das associações policiais militares que em julho os policiais teriam aumento salarial.

E por que estou falando isso? Porque se alimentam com ilusões aqueles que já estão por demais sofridos, e a gente observa que não vão ter, os policiais militares e civis, qualquer reajuste de jeito nenhum. Ainda se fosse encaminhada uma mensagem na segunda-feira, mesmo com pedido de urgência, mesmo com relator especial, mas não vai. E a estratégia do Governo é essa; já faz mais de 15 dias que foi feito o anúncio da Educação e o projeto não deu entrada aqui. Fez pompas e circunstâncias no Palácio do Governo, mas não deu entrada aqui, porque acharam que os profissionais da Educação iam dizer: “Nossa! Graças a Deus o Messias voltou.” Só que na hora em que vamos fazer as contas, em vez disso nem as perdas inflacionárias dos últimos quatro anos serão repostas. E da Segurança Pública pior ainda.

Então eu gostaria de pedir ao Comandante Geral da Polícia Militar para dizer exatamente para o Secretário a situação caótica que estão vivenciando seus comandados. Não é porque está fazendo o bico oficial do Kassab, não, que isso é uma vergonha institucional; 180 anos de corporação e essa é a maior humilhação a que se submeteu uma instituição, essa patifaria dessa operação delegada. O policial quer ter um reajuste diferenciado; merece. Diferenciado, não; um mínimo que lhe dê dignidade.

Estive, na terça-feira, na Audiência Pública da PEC 300 em Brasília e fiquei com vergonha de ser paulista, de ter um Governo feito esse que consegue pagar salários muito mais aviltantes que estados com menor capacidade. E quando falarem do tamanho da Polícia de São Paulo, a Polícia, Sr. Governador, Sr. Secretário da Segurança Pública, Sr. Delegado Geral da Polícia Militar, é do tamanho da importância dela para a população.

Ontem, este Deputado e o Deputado Giannazi trouxemos aqui o Rogério Weiers, um policial militar que bateu uma viatura em 99, e estão aplicando 500% de correção: de 9 mil reais para 50 mil reais para o pagamento da viatura. E ele não teve 1% de reajuste nesses 11 anos. Esse é o Estado de São Paulo. Essa é a vergonha.

Então, policiais militares, policiais civis, desistam dessa ideia de que terão reajuste em julho. E mais: o Governador vai empurrar com a barriga esse restinho de semestre e se mandar o projeto no segundo semestre, o último artigo de todos os projetos que versam sobre qualquer espécie de correção salarial vem: “Esta lei entrará em vigor a partir do primeiro dia útil do mês subsequente da sanção”.

Então, pelo amor de Deus, vamos parar de alimentar os coitados dos policiais que estão se desdobrando, morrendo pela sociedade, o que chamamos nos quartéis desses “bizus” mentirosos, como sair do discurso, Sr. Governador, e vir para a medida concreta. Mande o projeto já para não desgastar a figura do Comandante da PM de dizer às associações: “Digam aos policiais que o aumento vem em julho. Não sei se é 42, se é 46, se é 80.”. Só coisa maravilhosa. E até agora nada de concreto. E de data mesmo para votar, aqui há 11 dias até o recesso.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, está terminado o Pequeno Expediente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, nobre Deputado Jooji Hato, telespectadores da TV Assembleia, gostaria de me associar aqui ao que disse o nobre Deputado Major Olímpio em relação a essa crise no funcionalismo público estadual, principalmente nessa área dos servidores da Segurança Pública, que tem a ver com uma única questão, a falta de respeito à execução da data-base salarial dos servidores.

É o que vem acontecendo. Historicamente falando, nos últimos anos, o Governo estadual, que é controlado pelo PSDB desde 1995, não vem cumprindo com rigor a data-base salarial dos servidores do Estado. A data-base foi aprovada aqui, em 2006, neste plenário. Mesmo que não tivesse sido aprovada aqui, temos uma Constituição estadual e uma outra Federal, que impõem a reposição das perdas salariais para todas as categorias profissionais. Temos em São Paulo uma afronta, uma violação a dispositivos constitucionais, porque o Governo não respeita essa legislação.

Na área da Educação, o Governador anunciou um falso reajuste. Os professores estão sabendo disso, já fizeram as contas e perceberam que esse reajuste é para inglês ver, para dar uma satisfação não ao Magistério, mas para a sociedade, para tentar ludibriar a sociedade, dizendo que o Governo está investindo no Magistério.

Mas isso não é verdade. Esse reajuste será parcelado em quatro anos, e já tem a incorporação de uma gratificação que é um valor que o professor já recebe no seu holerite. O impacto, portanto, será insignificante no holerite. É por isso que temos a crise.

Os professores receberam esse anúncio, mas o projeto não chegou aqui. Os servidores da Segurança Pública não receberam nem o anúncio de um possível reajuste, assim como os servidores do sistema prisional, os da Saúde e os servidores do Judiciário.

Os servidores do Judiciário estão esperando que o Governador faça a suplementação orçamentária prometida no final do ano passado, para que o Tribunal de Justiça honre os seus compromissos com os servidores e acabe esse jogo de empurra. O Judiciário diz que não tem dinheiro, que depende do Executivo. Este, por sua vez, diz o contrário, que o Tribunal de Justiça tem condições de dar o aumento. O servidor então fica nesse jogo de empurra. Essa situação tem que acabar. O Governo tem que investir nos servidores.

Digo isso porque acompanhamos aqui a execução orçamentária e já existe dinheiro para isso. Tivemos, nesses quatro meses, dois bilhões de excesso de arrecadação, com a previsão de chegarmos a 6 ou 7% até o final do ano. Portanto, existe dinheiro para reajustar o salário de todos os servidores do Estado.

Falta vontade política de investir nos nossos servidores. É bom ressaltar que o Governo do PSDB não chega nem a investir o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal. Existe ainda uma margem significativa de investimento. O Governo pode investir mais nos servidores, nos salários, valorizando as carreiras, para que a população tenha acesso a um serviço público de qualidade; caso contrário, acompanharemos o caos nos nossos hospitais públicos, nas nossas escolas, nossas delegacias de ensino, o sucateamento da própria Polícia Militar.

Vimos ontem o caso do policial militar Rogério Weiers, que está sendo condenado a pagar uma indenização; e ele não tem condições. Ele cumpria o seu dever, perseguindo criminosos, conduzindo uma viatura, e sofreu um acidente. Estão cobrando dele mais de 50 mil reais, e sua casa foi penhorada pelo Governo Estadual. Isso é uma afronta à dignidade não só desse policial, mas a todos os servidores do Estado de São Paulo. Por isso, vamos continuar exigindo que o Governador Geraldo Alckmin cumpra a data-base salarial que ele mesmo sancionou quando era Governador em 2006. A lei foi sancionada por ele, mas não é cumprida. Por isso, temos categorias em greve. O Governador está empurrando várias categorias para a greve, como aconteceu com a CPTM.

A CPTM fez greve porque o governo foi intransigente, não investiu nos salários dos servidores, não negociou. O Metrô está quase entrando, está em estado de greve. Os funcionários da Sabesp estão em estado de greve. Os servidores das Etecs e das Fatecs estão em greve desde o dia 13, por conta dessa intransigência. O governo nem negocia com as categorias profissionais.

Há outras categorias que certamente entrarão em greve. O sistema prisional está se mobilizando, os servidores da segurança pública também, principalmente a Polícia Civil, que já não aguenta mais e prepara uma grande movimentação.

A Polícia Militar só não está fazendo movimento porque é proibida por lei, está amordaçada por uma legislação autoritária, da época do regime militar. Temos outro entendimento. Entendemos que a Polícia Militar tem o direito de fazer greve. Essa legislação não fala das polícias militares, fala dos militares, das Forças Armadas. Tanto é que há um projeto nesta Casa que muda o nome de Polícia Militar para Força Pública. A Polícia Militar foi militarizada. Ela se chamava Força Pública. Foi militarizada após o golpe de 1964 para combater a luta em defesa da cidadania. Ela foi instrumentalizada pelos golpistas para perseguir as pessoas que não aceitavam a ditadura neste País, mas ela tem outro caráter. Então, a Polícia Militar tem o direito sim, na nossa opinião e de vários juristas, de fazer suas mobilizações, tem direito a liberdade de expressão, de opinião.

Sr. Presidente, fazemos um apelo. Se o Governador do Estado de São Paulo não quiser ter outras paralisações, que podem prejudicar toda a população, tem de negociar e atender as reivindicações dos servidores. Como disse, há dinheiro no caixa. Há mais de dois bilhões de reais de excesso de arrecadação.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de segunda-feira, sem Ordem do Dia.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 43 minutos.

 

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