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17 DE JUNHO DE 2011

066ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO

 

Secretário: CARLOS GIANNAZI

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - DONISETE BRAGA

Informa que acompanhou a sanção de lei, pelo Governador Geraldo Alckmin, referente à reorganização da região metropolitana. Comenta a demora para a aprovação do projeto. Enseja o cumprimento da lei em sua totalidade. Diz que se preocupa com a criação do fundo financeiro para a sustentação da nova região metropolitana. Elogia a iniciativa do Secretário de Desenvolvimento Metropolitano quanto às realizações das audiências públicas sobre o assunto.

 

003 - CARLOS GIANNAZI

Apela aos seus pares a aprovação das emendas apresentadas ao projeto de lei sobre o reajuste salarial dos servidores da Educação. Comenta a perda de quase 50% que os funcionários estaduais tiveram por falta de revisão salarial. Fala do processo do STF sobre o assunto. Enseja que a matéria entre em caráter de urgência para votação. Lembra que a data-base foi desrespeitada.

 

004 - OLÍMPIO GOMES

Tece comentários sobre campanhas políticas, considerando-as, em grande maioria, demagógicas. Informa sua participação em movimento de apoio aos servidores da saúde, hoje pela manhã. Comenta o parcelamento, referente ao reajuste salarial, anunciado pelo Governador Geraldo Alckmin. Critica o não cumprimento da data-base. Combate as condições trabalhistas dadas aos servidores do Estado.

 

005 - HAMILTON PEREIRA

Presta solidariedade à luta por reajustes salariais. Discursa sobre as atividades exercidas pela CPI, desta Casa, que investigou remunerações e serviços médicos, em 2007, e da qual foi relator. Diz que um relatório final foi entregue ao Tribunal de Contas do Estado para averiguações. Dá conhecimento de irregularidades no complexo hospitalar de Sorocaba, contidas no relatório. Informa a prisão, nesta madrugada, de dirigentes e ex-diretores do hospital. Comenta a repercussão na imprensa local. Enseja que o episódio culmine na moralização da unidade hospitalar.

 

006 - Presidente JOOJI HATO

Convoca as seguintes sessões solenes: dia 05/08, às 20 horas, com a finalidade de homenagear "O Metodista Wesleyano", lembrando o movimento fundado pelo missionário John Wesley, requerida pelo Deputado José Bittencourt; e dia 15/08, às 20 horas, com a finalidade de homenagear o "Dia da Comunidade Alemã", requerida pelo Deputado Roberto Engler.

 

007 - ADRIANO DIOGO

Dá boas vindas os professores presentes na galeria do Plenário. Considera excelente a assembleia dos servidores da saúde realizada hoje. Informa a realização da 6ª mostra de cinema árabe, em São Paulo. Fala da programação do evento. Tece comentários sobre matéria publicada na revista "Isto é" no que discerne sobre a época da Ditadura e do posicionamento de alguns evangélicos.

 

008 - CARLOS GIANNAZI

Considera inconcebível o parcelamento do reajuste salarial proposto no PLC 37/11, de iniciativa do Executivo. Ressalta que a Alesp tem o potencial de melhorar o projeto por meio das emendas. Sugere aos professores a cobrança e o pressionamento aos deputados em busca de melhorias. Fala do processo do STF que julga o Estado por não conceder reajustes salariais desde 1995.

 

009 - JOSÉ BITTENCOURT

Lembra da realização de sessão solene, hoje, com a finalidade de comemorar os 100 anos da igreja Assembleia de Deus no Brasil. Discorre sobre a importância da denominação no evangelismo da Nação e, por conseguinte, para o equilíbrio social. Ressalta a autonomia financeira das igrejas. Explica ao Deputado Adriano Diogo que os princípios dogmáticos não visam excluir as pessoas.

 

010 - ADRIANO DIOGO

Para comunicação, fala do respeito que tem pelo Deputado José Bittencourt. Explica que sua fala anterior não generaliza os evangélicos. Lamenta entrevista de padre ao jornal "Valor" sobre o kit de combate à homofobia. Destaca que não é a sua intenção promover uma guerra santa.

 

GRANDE EXPEDIENTE

011 - HAMILTON PEREIRA

Elogia ação da Polícia Civil em Sorocaba, por apreensão de documentos, que comprovam irregularidades de profissionais do Complexo Hospitalar de Sorocaba que recebiam sem trabalhar, enquanto usuários reclamam atendimento. Lembra que o direito à ampla defesa não descarta a apuração rigorosa que o caso requer. Informa que a unidade atende 48 cidades da região. Faz projetar reportagem televisiva sobre o tema.

 

012 - ENIO TATTO

Para comunicação, elogia a fala do Deputado Hamilton Pereira, como representante de Sorocaba. Informa reunião com o presidente da CPTM, para inteirar-se sobre a extensão da linha Jurubatuba à Varginha, na região da Capela do Socorro, sobre a qual não existe projeto. Questiona informações do Governador Alckmin sobre a ampliação do Metrô e trens para vários pontos da Capital e Grande São Paulo. Lamenta as complicações burocráticas sobre o transporte público.

 

013 - FERNANDO CAPEZ

Elogia a interpretação unânime do STF sobre dispositivo constitucional que garante a realização da Marcha Nacional pela Liberdade. Acrescenta que a liberdade de expressão não se confunde com a apologia ao consumo de drogas, fato tipificado como crime. Posiciona-se favorável ao debate sobre o assunto. Informa que é contra à descriminalização sobre o uso de drogas. Considera o tema inoportuno, no momento. Lembra os prejuízos provocados pelas drogas. Dá conhecimento de indicação para que o professorado seja capacitado a alertar os alunos sobre os efeitos nocivos das drogas.

 

014 - ADRIANO DIOGO

Informa que em 27/06 deve ocorrer audiência pública, nesta Casa, sobre projeto que trata da Comissão da Verdade e da Justiça. Fala da abertura dos arquivos militares do período da ditadura. Informa evento previsto para 30/06, sobre PL do Deputado Samuel Moreira, que trata do armamento não letal. Faz projetar e lê manifesto da comissão de familiares e mortos de desaparecidos políticos, que sugere emenda ao PL da Comissão da Verdade.

 

015 - CELSO GIGLIO

Pelo art. 82, combate medida provisória sobre a flexibilização quanto às obras para a Copa do Mundo. Lembra que a população deve saber o gasto de dinheiro público. Recorda princípios da Lei de Responsabilidade Fiscal. Lembra noticiário sobre o segredo eterno de documentos oficiais.

 

016 - ADRIANO DIOGO

Para comunicação, questiona a oportunidade do argumento feito pelo Deputado Celso Giglio. Recorda que se atinha ao período militar. Fala da flexibilização das leis sobre as obras da Copa do Mundo. Acrescenta que o PT não será conivente com gastos indevidos. Elogia o a gestão do ex-Presidente Lula, pela definição da Copa e Olimpíadas. Argumenta que o PSDB busca obstaculizar a realização da Copa. Informa que os governadores de Minas Gerais e Goiás apoiam a realização do evento.

 

017 - CELSO GIGLIO

Para comunicação, rebate argumento do Deputado Adriano Diogo. Informa que os tucanos trabalham a favor da Copa do Mundo. Lembra que não se deve ocultar os gastos públicos. Repudia os crimes políticos durante o período militar.

 

018 - ADRIANO DIOGO

Para comunicação, elogia a atuação do Deputado Celso Giglio quando prefeito de Osasco. Questiona o Secretário de Esportes, doutor Jorge Pagura, sobre questões relacionadas ao SUS. Recorda sua atuação política. Elogia o papel de Nelson Mandela quanto à Copa do Mundo, realizada na África do Sul. Combate os argumentos sobre a definição do estádio-sede dos jogos nesta Capital.

 

019 - CELSO GIGLIO

Requer o levantamento da sessão, com anuência das lideranças.

 

020 - Presidente JOOJI HATO

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 20/06, à hora regimental, sem ordem do dia. Lembra-os a realização de sessão solene, hoje, às 20 horas, pelo "Dia da Assembléia de Deus". Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Carlos Giannazi para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários da Casa, telespectadores da TV Assembleia e público que nos acompanha das galerias, ontem, eu acompanhei o Governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin que sancionou a lei, que aprovamos aqui na Assembleia Legislativa, que reorganiza a Região Metropolitana do Estado de São Paulo.

Eu fiz questão de presenciar a sanção do Governador, primeiro, porque debatemos muito esse PLC, tivemos seis audiências públicas e pude participar de quatro audiências onde debatemos a reorganização da Região Metropolitana do Estado de São Paulo, que é composta por 39 municípios do nosso Estado.

Eu acredito que esse modelo de governar é bem sucedido na Região do ABC Paulista, onde temos sete municípios que têm compartilhado grandes problemas, grandes desafios da Região do ABC e têm procurado buscar soluções de caráter regional.

Eu entendo que esse processo poderá estabelecer um novo marco na Região Metropolitana, mas continuo desconfiado ainda, até porque, primeiro, demorou 6 anos para aprovarmos esse projeto que foi apresentado em 2005, portanto no outro mandato do governador Geraldo Alckmin. Somente neste semestre aprovamos o projeto de iniciativa do Poder Executivo.

Fico preocupado porque é comum nas câmaras municipais, nas assembleias legislativas e até mesmo no Congresso Nacional aprovarem leis muito boas que infelizmente não saem do papel. Espero que essa saia. Foi aprovada aqui a Lei Específica da Billings, depois de 20 anos, assim como a Lei da Guarapiranga, que também demorou 5 anos e ainda não saíram do papel. São leis que tratam de mananciais, de recursos hídricos, de moradia, de uso e ocupação do solo e ainda estão no papel.

Eu dizia que a bancada do PT , seus 24 deputados, aprovou esse projeto e a minha desconfiança é com relação a um fundo que será criado pelo governo do estado para discutir os projetos e investimentos, eis que os municípios já são muito penalizados porque, lamentavelmente, o governo deste estado não tem investido os recursos necessários na saúde, na segurança pública, nos transportes metropolitanos. Houve um corte significativo nos transportes metropolitanos da nossa região.

Estou numa expectativa muito grande. Vou acompanhar passo a passo esse processo porque não podemos iludir a população do estado, os prefeitos da região metropolitana que foram envolvidos nesse grande debate que foi promovido. Quero, inclusive, elogiar a iniciativa do secretário de Desenvolvimento, Edson Aparecido, pela iniciativa de realizar audiências públicas na região metropolitana. Participei de algumas com grande presença da população, de vereadores e estaremos vigilantes para que o governo do estado tire do papel essa lei tão importante aprovada aqui pelos 94 deputados desta Casa.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlão Pignatari. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Jooji Hato, nobres Deputados Major Olímpio, Donisete Braga, João Antonio, telespectadores da TV Assembleia, público presente, colegas da Educação, gostaria de fazer um apelo a todos os líderes partidários, aos 94 deputados desta Casa, no sentido de que aprovem as emendas que apresentamos ao Projeto de lei que foi enviado pelo Executivo estadual sobre o reajuste dos servidores da Educação. Diria o falso reajuste, porque a proposta apresentada pelo governo estadual, pelo Governador Geraldo Alckmin é uma verdadeira farsa porque não cobre nem a inflação do período. Esse reajuste será parcelado em 4 anos. Ou seja, na verdade esse reajuste se perde durante todos esses 4 anos e não vai recompor nem a inflação de cada período. Diria que não recompõe nem a inflação dos anos anteriores, porque a historia da política salarial do Estado de São Paulo, principalmente nos últimos 16 anos, tem sido a historia do arrocho salarial, da compressão salarial.

Temos dados estatísticos mostrando que de 1995 até agora os servidores do Estado de São Paulo tiveram uma perda de aproximadamente 50% dos seus salários por falta de correção da inflação. Não é à toa que o Supremo tribunal Federal está julgando nesse exato momento uma ação dos servidores do Estado de São Paulo, inclusive da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O relator do processo, ministro Marco Aurélio de Mello, no seu parecer, condena o Estado de São Paulo a pagar todas as diferenças. Ele diz que o Estado de São Paulo tem que pagar de 1997 até agora o que não corrigiu do ponto de vista das perdas inflacionarias. O parecer do ministro Marco Aurélio de Mello está sendo julgado. A ministra Carmem Lúcia pediu vistas, então, o julgamento ficou suspenso provisoriamente. Mas o próprio relator do processo condena o Estado de São Paulo, condena e critica esse comportamento, principalmente do PSDB, que administra o estado há 16 anos, desde 1995, a pagar todas essas diferenças. Por isso os salários dos servidores estão praticamente desatualizados e arrochados, perderam o poder de compra.

Nesse sentido, Sr. Presidente, apresentamos algumas emendas para corrigir, para ajustar, para melhorar esse projeto do governo estadual. A principal emenda que apresentamos obriga o governo a garantir o reajuste em uma única parcela, 42% já, agora, retroativo ao mês de março, que é a data base dos servidores públicos do Estado de São Paulo. Essa é a reivindicação feita pelos servidores e Educação. Qualquer outra proposta fora dessa que apresentamos, que reflete as propostas dos servidores da Educação, vamos entender como uma afronta aos servidores. Precisamos apresentar as emendas quando o projeto entrar em votação. Espero que entre em caráter de urgência para que possamos fazer imediatamente essa reposição. Não como quer o governo, a partir de julho, porque a data base de todos os servidores do Estado de São Paulo venceu no dia 1º de março e não foi cumprida.

Nesse sentido, precisamos melhorar esse projeto que foi apresentado aqui. Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo tem essa prerrogativa de alterar os projetos do Executivo. Para isso serve a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. para isso que serve deputado. Deputado tem que defender os interesses da população e nãos os interesses do Palácio dos Bandeirantes, das grandes empreiteiras, das concessionárias de pedágios. Essa não é função de deputado e de deputada. Nossa função aqui é defender os interesses das áreas sociais, da cidadania, sobretudo, nesse caso específico, dos professores e dos servidores da Educação.

Então, fica aqui nosso apelo a todas as lideranças partidárias, aos 94 deputados, para que no momento oportuno, no momento em que o projeto entrar em votação, que as nossas emendas sejam aprovadas, porque um projeto do governo é um verdadeiro engodo, uma verdadeira farsa, que não resolve a questão dos baixíssimos e degradantes salários dos professores e demais servidores da Educação. A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo não pode se curvar aos interesses do Palácio dos Bandeirantes. Espero que a base governista reaja porque diz que defende os professores, a Educação.

Chegou a hora da verdade, do voto no projeto de reajuste dos professores, porque há mais de um mês o governador Geraldo Alckmin anunciou a apresentação desse projeto aqui na Assembleia Legislativa, que veio atrasado, só chegou agora, há dois dias, depois de mais de um mês do anúncio, vários deputados da base governista vieram aqui nesta tribuna elogiar o Governo, dizendo que agora, sim, o Magistério iria ter aumento salarial. E não é aumento. É um falso reajuste, se for apresentado dessa maneira, em 42%, se essa porcentagem for fragmentada em quatro anos. Agora, a única maneira de valorizar de fato os servidores da Educação é alterando esse projeto.

Então nossa proposta, Sr. Presidente, é de 42% já, numa única parcela e retroativo ao dia 1º de março, que é a data-base salarial de todos os servidores do Estado de São Paulo. Contamos com o apoio de todos os deputados da Assembleia Legislativa para reverter esse quadro degradante de falta de investimento no Magistério estadual. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adilson Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Engler. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Orlando Bolçone. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Cauê Macris. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alencar Santana. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Paulo Rillo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários, telespectadores da TV Assembleia, 24 deputados na sexta-feira assinaram a lista de presença, cinco deputados na sessão. Isso é uma vergonha, um desperdício de dinheiro público.

Quero dizer, fazendo coro à manifestação do Deputado Carlos Giannazi, que não conheço nenhum político que no momento da campanha salarial não se coloque como intransigente defensor da Saúde, da Educação e da Segurança Pública. Colocam em seus programas de Governo, nas suas manifestações públicas, nos seus santinhos de campanha. Terminadas as eleições, com o povo já enganado, não é necessário se cumprir compromissos. Então, o que assistimos no Estado de São Paulo em relação à política salarial com todas as categorias de servidores públicos do Estado de São Paulo, em especial da Educação, da Saúde, da Segurança, é uma grande vergonha.

Agora pela manhã tive a oportunidade de participar - o Deputado Adriano Diogo também esteve presente - de uma manifestação de apoio aos servidores da Saúde do Estado de São Paulo, que estão tentando dizer desesperadamente à população “pelo amor de Deus, precisamos do seu apoio para podermos dar um pouco mais de condição no atendimento da Saúde no Estado de São Paulo”. Uma vergonha! Pisos salariais aviltantes, vale-alimentação, ou vale-coxinha, há mais de 12 anos com o mesmo valor, quatro reais! É vergonhoso. O vale-refeição aqui da Assembleia é de 22 reais. É lamentável, é doloroso. Esse projeto que foi encaminhado como a oitava maravilha da humanidade, que vai provocar uma grande valorização dos profissionais da Educação do Estado de São Paulo, todos sabemos que é um engodo, que é uma mentira, porque ele vem parcelado em quatro anos e não vai possibilitar nem a recomposição doravante das perdas salariais, produtos da inflação, quanto mais se falar do que já se perdeu de 95 para cá. É vergonhoso!

O Deputado Carlos Giannazi falou de uma emenda dos 42% já e retroativo a 1º de março, e não está falando de nenhum exagero, não. O próprio Geraldo Alckmin foi quem sancionou a lei que criou a data-base em 1º de março; ele nunca cumpriu, José Serra nunca cumpriu, e ele continua sem cumprir.

E parece que está tudo bem. Por isso, temos que dizer a todas as pessoas que nos acompanham a mentira que é a atuação do Governo do Estado em relação aos serviços públicos no Estado de São Paulo. Se você ainda tem uma Educação minimamente decente, um atendimento de Saúde minimamente decente, um atendimento de Segurança Pública minimamente decente, você deve isso, cidadão, à boa vontade, ao esforço e abnegação dos servidores públicos.

O PSDB e esse Governo vêm satanizando a figura dos servidores públicos, como se fossem culpados de todas as mazelas. Vai-se fazer uma reforma da Previdência do Estado: quem criou um buraco na Previdência do Estado? Os servidores públicos é que não. Foram governos e mais governos do Estado, com corrupção, com uma má administração, que provocaram um rombo. Quem vai pagar a conta? Os servidores.

Vejo essa terceirização, essa privatização dos serviços de Saúde do Estado de São Paulo. O Deputado Adriano Diogo hoje falou, com muita propriedade, na manifestação de apoio aos servidores da Saúde, e deve até se manifestar a respeito, porque é alguém que vem se aprofundando e conhece com maior profundidade.

Mas é uma vergonha o que se quer fazer com a Saúde no Estado de São Paulo, como é uma vergonha o que está acontecendo com a Educação. Pior que a mentira é só a meia-verdade. A meia-verdade é um projeto que foi anunciado com pompas e circunstâncias, mas na hora em que se vai avaliar o seu conteúdo, vê-se que é uma grande farsa.

E a Segurança Pública, que se vai empurrando com a barriga? O próprio Comandante da PM faz reuniões por determinação do Governador e do Secretário, dizendo que "em julho, vocês, PMs, terão aumento de salário". Faltam hoje duas sessões da semana que vem e mais três da última semana, para votarmos a LDO, e nada mais será votado antes do recesso.

Que a população entenda: o Governo do Estado trata com total indignidade os seus servidores. É um posicionamento escravagista e demagógico, no momento em que apresenta projetos, feito esse da Educação.

Fica aqui a minha manifestação. Que os nossos parlamentares saiam do discurso demagógico de campanha, em dizer que apoiam a Educação, a Saúde e a Segurança, e passem para ações concretas. Nesse projeto da Educação vamos aprovar as emendas. "Ah, mas essas emendas são inconstitucionais, porque vão provocar aumento da despesa".

Então, para que existe o Parlamento hoje, se não é para aperfeiçoar os projetos? Vamos acatar as emendas que proporcionam reajuste integral, e a contar a partir de 1º de março, e vamos parar com demagogia em relação aos outros setores do serviço público. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Gerson Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Regina Gonçalves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Isac Reis. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato (na Presidência) Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Estevam Galvão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Bezerra Junior. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Cruz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado André Soares. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Bigardi. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Grana. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, público que nos visita na tarde de hoje, manifestamos nossa solidariedade à luta dos servidores públicos da saúde, da educação e da segurança pública que convivem com as mazelas e péssimos salários que o Estado paga para esses profissionais.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, no segundo semestre de 2007 tivemos nesta Casa a instalação de uma CPI com o objetivo de investigarmos a remuneração dos serviços médicos e hospitalares. Fui designado relator daquela CPI. Investigamos os próprios hospitalares. Descobrimos uma série de desvios de função e de recursos. A CPI terminou com um relatório elaborado por este deputado com a conclusão de que deveríamos solicitar algumas investigações por parte do Ministério Público e também do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, posto que muitos desses próprios de saúde recebem recursos do Estado de São Paulo e os empregavam muito mal, proporcionando péssimos salários para os servidores da saúde e péssimo atendimento para os usuários do Sistema Único de Saúde. Tenho, inclusive, cópia daquele relatório em mãos.

Na época, fizemos uma visita, juntamente com o presidente da CPI, ao Tribunal de Contas solicitando auditoria nas contas de alguns hospitais, entre eles o Conjunto Hospitalar de Sorocaba, que há muito tempo sofre com desmandos, desvios de recursos, de verbas estaduais. Naquela oportunidade, o Tribunal de Contas se comprometeu de que estudaria toda a investigação que fizemos na CPI, todo o material que apresentamos e envidaria esforços no sentido de fazer uma auditoria. Se foi feita ou não, ninguém sabe, mas as mazelas permaneceram, os desvios de recursos e comportamento continuaram. Os servidores públicos da saúde, os sérios, aqueles que a despeito dos maus salários pagos neste Estado continuam se dedicando a cuidar dos seus semelhantes, dos usuários do Sistema Único de Saúde, esses continuaram trabalhando, a despeito dos péssimos salários e condições de trabalho que lhes são proporcionados.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, ontem pela madrugada alguns órgãos especializados da Polícia Civil - o Gaeco, Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado e GAS, Grupo Antissequestro - às cinco da manhã, entraram em um condomínio de alto padrão na Cidade de Sorocaba e prenderam o diretor do Conjunto Hospitalar. Depois, prenderam o ex-diretor do Conjunto Hospitalar. O resultado foi retumbante. Todos os órgãos de comunicação, não só da Cidade de Sorocaba e região, mas também do Estado, anunciam as prisões feitas ontem. Foram 12 pessoas: os dois diretores, o anterior, o atual, vários médicos. Enfim, foi assim que amanheceram os jornais de Sorocaba: “Operação desmantela quadrilha do Conjunto Hospitalar de Sorocaba e o Estado faz intervenção.”

Até que enfim prisão por contratos fraudulentos, desvio de recursos, médicos que tinham em sua ficha, assinada pelo diretor, que trabalhavam mais de cem horas por semana, sem comparecerem ao serviço. A população reclamando que não havia plantonistas, que não havia médicos para atender; as pessoas nas macas, espalhadas pelos corredores do hospital. Finalmente, a Polícia Civil fez essa intervenção, prendeu algumas pessoas, em que pese o direito ao contraditório, à ampla defesa dos acusados.

Espero que essa ação enseje a moralização do Conjunto Hospitalar de Sorocaba e que, doravante, culmine com atendimento de qualidade, humanizado, a todos os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) das 48 cidades atendidas pelo conjunto.

Voltarei à tribuna para falar sobre esse assunto, que está nos jornais do interior, da Cidade de Sorocaba e região, e também na grande imprensa do Estado. Na Capital, também houve algumas intervenções nesse sentido e vários médicos, dirigentes e gerentes operacionais de hospitais foram presos ontem, numa operação que, espero, arraste-se até limparmos totalmente a corrupção existente nos órgãos hospitalares do Estado de São Paulo. Obrigado.

 

O Sr. Presidente - Jooji Hato - PMDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esta Presidência, atendendo solicitação do nobre Deputado José Bittencourt, convoca V. Exas., nos termos do Art. 18, inciso I, letra “r”, da XIII Consolidação do Regimento Interno, para uma sessão solene a realizar-se no dia 5 de agosto de 2011, às 20 horas, com a finalidade de homenagear o metodista wesleyano, lembrando o movimento fundado pelo missionário John Wesley, que, em 24 de maio de 1738, teve sua primeira experiência espiritual extraordinária, cuja herança marca a identidade da Igreja Metodista, da Igreja Metodista Livre, da Igreja Metodista Wesleyana, do Exército da Salvação, da Holiness Igreja Evangélica e da Igreja do Nazareno, entre outras.

Esta Presidência, atendendo solicitação do nobre Deputado Roberto Engler, convoca V. Exas., nos termos do Art. 18, inciso I, letra “r”, da XIII Consolidação do Regimento Interno, para uma sessão solene a realizar-se no dia 15 de agosto de 2011, às 20 horas, com a finalidade de homenagear o Dia da Comunidade Alemã.

Esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra a nobre Deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários da Educação presentes nas galerias, sejam muito bem-vindos, nobre Deputado Hamilton Pereira, de Sorocaba, cuidado com essa espetacularização da Justiça. Esse negócio de ficar prendendo gente em camburão, ficar tirando foto, de gente sem nenhuma prova formal e sem nenhum processo é um perigo para a democracia. Até o habeas-corpus estão querendo acabar. Não comemoremos as prisões arbitrárias para não parafrasear o velho Brecht. Primeiro, prenderam os comunistas e eu não estava nem aí porque não era comunista. Depois prenderam os socialistas, depois judeus, depois os homossexuais. E finalmente eles vieram a minha casa de madrugada. Tomemos cuidado que essa moçada é louca para fazer uma espetacularização da Justiça, mas ela é dirigida.

Tivemos hoje uma excelente assembleia dos trabalhadores da Saúde, que estão aguardando o projeto de lei. Só que ele não chegou e a Saúde está sendo entregue para as Organizações Sociais. Mas nesses minutos que tenho, professores, reparem bem quem estão no plenário hoje: o Deputado Jooji Hato, na Presidência, os Deputados Hamilton Pereira, Carlos Giannazi e Olímpio Gomes. Nem para recebê-los, numa sexta-feira. Veja que vergonha este plenário vazio. E o projeto de V. Exas. está em discussão e o máximo que dá é para falar no caminhão da Apeoesp. Olha o desrespeito, mas iremos para o caminhão daqui a pouco.

Gostaria de falar que está tendo em São Paulo a 6ª Mostra de Cinema Árabe, no Cine Sesc, totalmente gratuito, do dia 16 ao dia 29 deste mês. É algo inédito. São filmes com legendas em português, como “Porto da Memória”; “Casanegra”, do Marrocos; “Mascarados”, da Argélia e França; “Vhs Kahlouchka”, da Tunísia; “Segredos Enterrados”, da Tunísia; “Microfone”, filme fantástico do Egito que se passa na cidade de Alexandria, feito por dois jovens árabes que fizeram um documentário na Favela de Heliópolis; “Um a Zero”, também de Egito; “Reciclar”, da Jordânia; “Outra Vez”, da Síria; “Caindo por Terra”, do Líbano”; “Todo dia é feriado, do Líbano”; “Filhos da Babilônia” do Iraque, é um filme fantástico; “Cidade da Vida”, dos Emirados Árabes; “Fora da lei”, é um filme da história da luta da libertação da Argélia, novíssimo, maravilhoso, de 2010, de Bouchareb. É um filme incrível que conta a história do povo argelino e a luta da sua libertação e a história da Frente de Libertação da Argélia.

Os senhores pode abrir o site do Cine Sesc, do Centro Cultural São Paulo, na Cinemateca, que apresenta toda a programação. Os filmes são gratuitos, todos os dias, às 17 e 19 horas, e estão à disposição dos professores, alunos, sessão gratuita. Basta entrar em contato e reservar. A nova juventude árabe, a nova geração dos árabes que está fazendo essa mostra de cinema.

Sr. Presidente, para concluir, gostaria de falar mais um assunto sobre a matéria da “Istoé”, sobre os evangélicos. Essa matéria mostra o trabalho feito por um grupo de evangélicos que guardou na Suíça todos os arquivos do “Brasil: nunca mais,” e agora foram repatriados ao Brasil. Trabalho do Jayme Raith, D. Paulo Evaristo, Luiz Eduardo Greenhalgh, advogada Eny, todos os arquivos estavam guardados na Suíça, por esse senhor da Acnur. Os evangélicos lutaram muito pela resistência à memória da ditadura.

Nessa época, não viviam de pedofilia, de perseguir os gays, de fazer a demonização da marcha da maconha. Tratavam de coisas sérias. Esses evangélicos, ligados ao Conselho Mundial de Igrejas Protestantes, Enéas Tognini, 97 anos, batista, se alinhou à ditadura e no começo apoiava o regime militar. Aí reverteu. Os metodistas também fizeram um trabalho importante na resistência à ditadura militar. E agora, todos os arquivos, inclusive Paulo Raith, que era irmão do Jayme Raith, foi assassinado, e Rubens Cesar Fernandes, presbiteriano, levou todo esse material para o exterior e lá estava guardado.

Todos podem acessar a revista “Istoé”. Os batistas, os presbiterianos, os metodistas e os adventistas fizeram esse trabalho junto a Acnur.

A luta contra a ditadura e contra as injustiças continua. Agora ela vem revestida por esses falsos democratas, por esses falsos fariseus. Professores continuem na luta, continuem na resistência. Parabéns. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, servidores da Educação, professores, alunos, pessoal do quadro de apoio, diretores, supervisores, é um prazer enorme tê-los aqui na Assembleia Legislativa. Gostaria de informá-los que o PLC 37, de 2011, o projeto encaminhado pelo Governador à Assembleia Legislativa e que reclassifica os salários dos servidores, que, na prática, traz aquele falso reajuste de 42%, que não repõe nem a inflação dos meses anteriores muito menos a dos meses que virão pela frente.

Já fizemos os cálculos, as entidades do magistério já fizeram os cálculos e percebemos que o projeto é um verdadeiro engodo. Mas a Assembleia Legislativa pode melhorar o projeto. A Assembleia Legislativa tem a prerrogativa de apresentar emendas a qualquer projeto que tramite neste plenário.

Assim que o projeto foi protocolado e publicado no “Diário Oficial”, apresentamos duas emendas ao projeto. São as emendas de nº 1 e de nº 2. Basicamente as nossas emendas obrigam o reajuste em apenas uma única parcela, os 42% já, agora. Nada de fragmentar essa percentagem em quatro anos. Isso é um absurdo. A fragmentação em quatro anos significa uma verdadeira afronta à dignidade e aos direitos dos servidores da Educação porque os 42% se perdem nos quatro anos.

Sr. Presidente, fazemos um apelo aqui, os 94 deputados que compõem a Assembleia Legislativa, aos 14 partidos desta Casa para que possamos melhorar, aperfeiçoar esse PLC nº 37 porque do jeito que ele está hoje não vai repor as perdas inflacionárias e não vai também valorizar o Magistério Paulista. Esse o primeiro ponto.

Nós, do PSOL, já apresentamos as emendas e agora depende da Assembleia Legislativa, sobretudo da base governista, dos deputados que compõem a base de sustentação do Governador Geraldo Alckmin porque nós, da oposição, do PT, do PCdoB, temos aqui 28 votos a favor.

Eu tenho certeza das nossas emendas. Agora temos que pressionar outros 66 deputados do PMDB, PSDB, PDT, DEM, PV, PSB, dos partidos que são da base do governo que votam sempre com o Governo, contra os servidores e contra a população.

Eu faço aqui uma recomendação para que cada servidor da Educação, cada professor e cada professora, pressione os deputados desses partidos, excetuando o PSOL, o PT, PCdoB. É importante que vocês falem com todos os deputados para que eles votem a favor das nossas emendas, que já estão publicadas no “Diário Oficial” do Estado de São Paulo. Aí, podemos reverter pelo menos uma parte do problema

Sr. Presidente, eu tinha colocado aqui no meu primeiro pronunciamento, no tempo do Pequeno Expediente, que o Supremo Tribunal Federal está julgando o Estado de São Paulo que não cumpriu a data-base salarial, que não cumpriu o Art. 37, da Constituição Federal, que obriga todo ente federativo a repor as perdas inflacionários dos servidores de cada ente. Como o Estado de São Paulo não vem fazendo isso há muitos anos, desde 1995, o Relator desse processo, que é o Ministro Marco Aurélio de Mello, deu parecer favorável aos servidores do Estado de São Paulo, condenando o Governo Estadual do Estado de São Paulo a pagar todas as perdas inflacionárias desde 1997.

A sorte do governador é que uma Ministra do Supremo pediu vistas e o julgamento foi interrompido. Mas, assim que terminar o prazo regimental de pedido de vistas, vamos voltar ao julgamento no Supremo Tribunal Federal. O próprio ministro Marco Aurélio Mello faz coro com os nossos pronunciamentos, com as nossas denúncias dizendo que o Estado de São Paulo é devedor dos servidores públicos. A emenda que apresentamos ao Projeto de lei Complementar 37 de 2011 obriga o Estado a pagar os 42%; eu não diria agora, mas retroativamente ao dia 1º de março, data base salarial dos servidores, por lei aprovada neste plenário. Não adianta o governo dizer que não tem recursos porque tem, sim.

Acompanhamos a execução orçamentária e sabemos que nesses 5 meses o Estado já tem excesso de arrecadação de mais de 2 bilhões do previsto, sem contar que o governador Geraldo Alckmin, em janeiro, congelou 1 bilhão e 500 milhões. Há em caixa, portanto, excesso de 3 bilhões e 500 milhões para reajuste salarial não só dos professores e funcionários da Educação, mas de todos os servidores da Segurança Pública, do Sistema Prisional, da Saúde, dos professores e funcionários das Etcs e Fatecs. Essa é a verdade. O governo dizer que não tem dinheiro é uma farsa, um engodo à população.

De nossa parte vamos resistir, vamos denunciar esse governo que vem achatando e desvalorizando os salários dos servidores, principalmente os da Educação. Um governo que mantém um vale refeição de 4 reais não é um governo sério, mas um governo que afronta a dignidade e os direitos de professores e demais servidores.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt.

 

O SR. JOSÉ BITTENCOURT - PDT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, todos que nos assistem neste instante , imprensa local e funcionários desta Casa, teremos esta noite, por volta das 20 horas, uma sessão solene convocada solicitada por este deputado para celebrar os 100 anos da Igreja Evangélica da Assembleia de Deus no Brasil, uma instituição histórica dentro do chamado Movimento Pentecostal que trouxe para o evangelismo pátrio nacional uma influência muito forte com relação à propagação do evangelho no Brasil e no Estado de São Paulo.

Fazemos esse registro dada a importância da presença da Igreja para o equilíbrio social, para o fortalecimento das pessoas. Aliás, a Igreja atua não só no campo espiritual, intelectual e racional, mas também no campo social. Reiteradamente falo nesta tribuna que a Igreja é um braço social do Estado. A Igreja age socialmente de uma forma supletiva, por isso dizemos que é o braço social do Estado sem deste depender. A Igreja não depende em hipótese alguma de recursos públicos. O artigo 19, inciso I da Constituição federal proíbe que as igrejas sejam subvencionadas com recursos públicos. O estado não pode interferir nem no funcionamento das igrejas, não embarcar seu funcionamento, como também não pode subvencioná-las; diz o texto da Constituição.

De tal modo, Sr. Presidente, deixamos aqui o convite a V.Exa., aos demais deputados desta Casa, e a todos que nos assistem nesse instante, para esse grande momento de celebração no parlamento de São Paulo, da Assembleia de Deus no Brasil.

Quero encerrar minha fala com uma ressalva à fala do ilustre deputado Adriano Diogo, que é um brilhante parlamentar, com uma historia de vida política e de cidadania impar, invulgar, porque passou por várias situações da vida, mas sempre defendendo princípios da liberdade, da cidadania. E quando ele faz menção de que os evangélicos perseguem homossexuais, não quero entrar numa discussão mais aprofundada porque não tenho tempo. É só dizer ao deputado Adriano Diogo que na estrutura não só constitutiva, jurídica, doutrinária e dogmática da igreja não há nenhuma menção de que se faça discriminação a quem quer que seja, à dignidade da pessoa humana, à pessoa humana em si. Agora, temos direito de pensar de modo diferente das outras pessoas, assim como as outras pessoas têm o mesmo direito de pensar diferente de nós.

Deputado Adriano Diogo, V.Exa. faz menção ao Conselho Mundial de Igrejas - CMI. É uma organização mundial que prega o ecumenismo, a união das igrejas, só que é hiper avançada, ultraliberal, de modo que quase a maioria absoluta das igrejas não faz parte desse conselho.

De tal modo que a reflexão de V.Exa. é importante, é positiva, e absorvo por esse aspecto quando da ação não só de evangélicos, mas de outros segmentos religiosos na busca da chamada verdade. Aliás, nós somos pela verdade, não verdade parcial, mas verdade absoluta. Nós somos pela verdade. E para finalizar, a verdade absoluta é a chamada aletheia, que em grego quer dizer a verdade divina. A verdade do homem tem ressalva, mas a verdade divina é absoluta.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Deputado José Bittencourt, o respeito que V.Exa. tem por mim eu lhe devolvo em dobro, pela sua seriedade e pela sua dignidade.

Quando falei da questão dos evangélicos, evidente que eu não estava generalizando. Estava me referindo a algumas manifestações feitas da tribuna. Mas esse reacionarismo, como católico que sou, se fosse de algum setor religioso das evangélicas e pentecostais, seria uma fração.

Pena e vergonha foi a entrevista do bispo católico de Guarulhos, Sr. Bergonzini, de 75 anos de idade, que já passou da idade da aposentadoria, de página inteira ao jornal “Valor”, dizendo que o PT é o partido da morte, é o partido do aborto, e que ele vai dar combate ao kit gay, amaldiçoando a nossa geração e a nossa historia.

Não estou querendo fazer daqui nenhuma guerra santa porque acho isso incorreto nos católicos, nos evangélicos, nos agnósticos, em quem quer que seja. Estou querendo, por exemplo, tratar a questão da pedofilia como sinônimo do homossexualismo. Estava me atendo mais à questão do repatriamento dos arquivos que os evangélicos que existiram no Brasil, à época da ditadura, como Jaime Wright, mandaram para o exterior junto com Dom Paulo Evaristo. Mas infelizmente a primeira parte da matéria da “Isto é” diz respeito aos evangélicos, porque quem puxou o movimento de massas de apoio à ditadura foi a Igreja Católica, através do movimento “Tradição, Família e Propriedade” do movimento anticomunista, aquela coisa horrorosa da delação de centenas de milhares de pessoas que foram para a cadeia.

Então, o obscurantismo e a grande obra da inquisição no Brasil ainda não foram nem contados e nem revelados, nem seus crimes, nem seus assassinatos. Queria deixar bem clara essa posição para V. Exa., que qualquer posição de obscurantismo, de perseguição às ideias de transformar a coisa numa guerra santa está errado. Todos somos seres humanos e todos somos filhos de Deus.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra, por permuta de tempo com este Deputado, o nobre Deputado Hamilton Pereira.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, ilustres visitantes, representantes da Educação em luta para melhorarem suas condições salariais, condições de trabalho, que aqui no Estado de São Paulo se revela um verdadeiro flagelo contra os nossos educadores; volto à tribuna para retomar aqui o que eu havia iniciado no Pequeno Expediente.

Gostaria de dialogar aqui com meu companheiro Adriano Diogo, e que em nenhum momento estamos fazendo juízo de valores precipitados. Não; agora com a entrada da Polícia Civil no Conjunto Hospitalar de Sorocaba, com a apreensão de documentos que estão vindo a público, há a constatação de que efetivamente ali havia muita irregularidade, e por que não dizer, desonestidade. Havia ali profissionais da Saúde que preenchiam uma ficha e que num dia ele trabalhava 14 horas, noutro dia 08, noutro 12. Existem lá profissionais que ao final de uma semana de serviço prestado contabilizavam 98 horas, mais de 80 horas de trabalho; e para cada plantão 600 reais de remuneração. E a população reclamando que não havia profissionais no hospital.

Os usuários do Sistema Único de Saúde ficavam esparramados pelas macas, nos corredores, pela ausência de plantonistas, de médicos para atendê-los. Enfim, em cima de tudo isso, quero crer que o Ministério Público já vinha investigando há algum tempo e que a operação policial posta em andamento, ontem de manhã, que prendeu alguns profissionais da Saúde por conta dessas fraudes todas, tenha sido amparada nessa investigação e, portanto, muito bem documentada.

Ora, nosso Código Penal, nossa legislação criminal dá direito à ampla defesa, e eu sou o maior defensor da ampla defesa, do direito ao contraditório. Acho que essas pessoas vão ter o direito de se explicarem agora, inclusive diante de todos os documentos apreendidos no Complexo Hospital de Sorocaba, que reputo, atende 48 municípios da região de Sorocaba. É muita gente que acorre àquele próprio da Saúde lá em Sorocaba e que, portanto, agora se descobriu que vinham sendo lesados. Quer dizer, pessoas que têm direito ao atendimento pelo Sistema Único de Saúde com um péssimo atendimento que se prestava ali, enquanto pessoas estavam embolsando recursos destinados à Saúde.

Peço ao serviço técnico que nos apoia na Assembleia que mostre a reportagem feita ontem pela TV Tem, repetidora da Rede Globo lá na região, e que mostrou a ação policial no Complexo Hospitalar de Sorocaba.

 

* * *

 

- É feita a apresentação de vídeo.

 

* * *

 

Na realidade, espero que a história do Conjunto Hospitalar esteja mudando a partir dessa operação dos grupos especializados da Polícia Civil, o Gaeco e o GAS de Sorocaba. Finalmente eles montaram um esquema que, penso, aponta para nós todos, Deputados, que temos entre as missões a de fiscalizar como estão sendo empregados os recursos públicos, e para toda a população, usuários do SUS, que doravante o Conjunto Hospitalar vai ser moralizado, com os prestadores de serviço, profissionais sérios, e nós os temos, muitos vocacionados, que trabalham honestamente. Aliás, honestamente, submetidos às vezes a salários aviltantes, que depõem contra a dignidade do trabalhador da Saúde: enfermeiros, atendentes, médicos.

Obviamente louvamos as pessoas sérias, mas é claro que aquelas que cometem desvios de recursos públicos e se locupletam com o dinheiro público, que deveria estar sendo utilizado para o tratamento dos nossos pacientes, devem ser exemplarmente punidos, e eu espero. Eles vão ter o direito a ampla defesa, o que é garantido por nossa legislação, e espero que a partir de então tenhamos uma moralização do serviço de Saúde pública prestado no Conjunto Hospitalar de Sorocaba, e que isso resulte efetivamente também numa qualidade melhor de atendimento a todos os usuários do Sistema Único de Saúde lá na região de Sorocaba.

Quero parabenizar os policiais do Gaeco e do Grupo Anti-Sequestro, que deflagraram essas ações agora, enfim, todos aqueles que estão efetivamente empenhados em moralizar o serviço público de Saúde prestado no Conjunto Hospitalar de Sorocaba.

Felizmente, vamos ter um processo de saneamento das finanças públicas, dos serviços prestados na área da saúde na região de Sorocaba.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, quero primeiramente parabenizar o nobre Deputado Hamilton Pereira pelo pronunciamento. Tenho certeza de que a população da região de Sorocaba tem orgulho de tê-lo como parlamentar nesta Casa.

Às 14 horas, estive com o presidente da CPTM, Sr. Mário Bandeira, para pedir informações sobre a extensão da linha Jurubatuba até a Estação Varginha. Há muitas informações contraditórias sobre essa extensão. Quando essa linha chegava até a Estação Jurubatuba, transportava 70 mil pessoas. Hoje, chega até o Grajaú e transporta mais de 300 mil pessoas. A reivindicação é que chegue até o Terminal de Ônibus Varginha, construído pela Prefeita Marta Suplicy.

O Governador Geraldo Alckmin anuncia alguma coisa em cada lugar que vai. Ontem, anunciou que o Metrô vai chegar até Guarulhos. Já havia anunciado que o trem chegaria até Guarulhos. Em São Bernardo do Campo, anunciou que o Metrô chegaria até São Bernardo. Na Vila Sônia, região do Taboão da Serra, falou que o Metrô chegaria até Taboão.

Conversei com o presidente da CPTM - ninguém melhor para dar informações. Ele me falou que nem existe o projeto executivo ainda do trem até o Terminal Varginha. Isso é um absurdo. O cronograma que ele me deu é de que o projeto executivo vai demorar pelo menos seis meses. Depois, mais seis meses, se não houver ações judiciais, para a licitação. Enfim, as obras começarão, se tudo correr bem, no segundo semestre de 2012. É um absurdo. Vemos nos jornais uma quantidade enorme de obras, de duplicação de rodovias, de Metrô, de trem, mas é tudo propaganda. Afinal, no ano que vem teremos eleições. Então, em cada município que ele vai, anuncia projetos. Mas o que precisamos é que as obras sejam iniciadas e não o que vem acontecendo. A população imaginava que as obras já iriam começar, mas nem sequer o projeto executivo está pronto. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez.

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, gostaria de fazer um comentário a respeito da recente ação de arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental proposta pela vice-procuradora-geral da República Dra. Débora Macedo Duprat de Britto Pereira, no exercício da função de procuradora-geral da república. Ela ingressou com essa Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental com o objetivo de que o Supremo Tribunal Federal, órgão máximo do Poder Judiciário brasileiro, desse a interpretação conforme a Constituição Federal, ao Art. 287 do Código Penal. Traduzindo do juridiquês para a linguagem normal da população, várias ações têm sido propostas em todo o País objetivando a proibição da chamada marcha da maconha, com base no Art. 287 do Código Penal. Ingressa-se com a ação e pede-se que o Poder Judiciário dê uma decisão proibindo a realização dessa manifestação sob o argumento de que ela implica em apologia de crime ou de autor de crime.

A ação ingressada pela Procuradoria Geral da República se destinava a que o Supremo Tribunal Federal desse a adequada interpretação ao Art. 287 do Código Penal. Afinal de contas, manifestações nos moldes da chamada marcha da maconha caracterizam o crime previsto no Art. 287 do Código Penal? A realização da marcha da maconha configura o crime de fazer apologia de fato criminoso ou de autor de crime?

Esse é o argumento que tem levado inúmeras ações a serem propostas em todo o território nacional para obter liminares junto aos Poderes Judiciários de cada estado, no sentido de proibir a manifestação. Ou seja, pede-se que os tribunais de Justiça de cada estado concedam uma ordem proibindo a realização dessa manifestação sob o argumento de que caracteriza o crime de fazer apologia de fato criminoso ou de autor de crime.

O Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, oito votos a zero, entendeu que não se pode proibir a realização dessa manifestação sob o argumento de que ela implica em crime de fazer apologia de fato criminoso ou de autor de crime. Portanto, de acordo com essa interpretação, as Justiças de cada estado não poderão mais proibir a realização da marcha da maconha alegando que se cuida de fazer apologia de fato criminoso.

Tenho recebido vários e-mails porque o Exmo. Sr. Ministro Marco Aurélio de Mello, ao proferir o seu voto, honrou-nos com a citação de uma de nossas obras. Gostaria de esclarecer porque que a decisão do Supremo Tribunal Federal juridicamente está correta, quando diz que “não se pode proibir essa manifestação sob o argumento de que ela implica no crime do Art. 287, fazer apologia de fato criminoso ou de autor de crime.”

Você não pode chegar na hora e, demagogicamente, esquecer tudo o que ensinou nas aulas ou que escreveu nos livros para dizer o que muitas vezes a população quer ouvir. O Supremo Tribunal Federal tomou uma decisão incensurável. Quero agradecer ao Ministro Marco Aurélio de Mello pela honrosa lembrança de nosso nome.

De fato, escrevemos aqui no Curso de Direito Penal, Parte Especial, Volume III, a respeito do crime “apologia de crime ou criminoso” de que só se caracteriza esse crime quando é feita a apologia de um crime já praticado.

Vamos ver: apologia de fato criminoso. Apologia quer dizer elogiar, enaltecer, louvar, destacar, promover. Só existe o crime de apologia de fato criminoso quando o autor desse crime elogia, enaltece, destaca, louva, faz apologia de um fato já praticado. Não se caracteriza o crime do Art. 287 quando se faz apologia de um fato futuro. Só existe este delito quando a apologia é feita de um crime já ocorrido. Ocorre o delito, por exemplo, quando o sujeito, indiretamente, estimula a prática de crimes por meio da exaltação, de elogios a um fato criminoso já ocorrido e praticado. Por exemplo, elogiar publicamente o massacre ocorrido na Favela de Vigário Geral, no Rio de Janeiro. Aí você está estimulando a prática de genocídios, de homicídios qualificados, fazendo elogio de um massacre já ocorrido, de um crime específico já ocorrido. Não se caracteriza e nem pode se invocar o Art. 287, do Código Penal, para fazer apologia de um crime que ainda não ocorreu.

No caso a esta manifestação, quero deixar uma posição clara. Sou radicalmente contrário à descriminalização das drogas, à legalização das drogas. Acho um debate, neste momento, inoportuno, inconveniente, sem o mal que as drogas têm provocado aos jovens a um esforço muito grande em ganhar a batalha na mente do jovem contra a droga. Todos são por demais conhecidos. E este debate sobre a legalização da maconha, longe de ajudar, só atrapalha essa política. No entanto, é errado impedirmos o debate, a discussão, porque a Constituição Federal, ao assegurar direitos fundamentais, está acima de qualquer interesse pontual por maior que seja. Hoje nós proibimos alguém de dizer que a descriminalização das drogas é uma providência positiva; amanhã se impede uma pessoa de discutir a descriminalização do aborto; de discutir o casamento, da união homoafetiva; e assim por diante.

Voltaire, um grande filósofo do Século XVIII já dizia: “Eu posso não concordar com nenhuma das coisas que você disser. Mas defendo até a morte o direito de dizê-las.” A verdade é que a Constituição Federal assegura o direito à liberdade de expressão, à liberdade de pensamento, de as pessoas se reunirem pacificamente, sem armas, para professarem as suas ideias, ainda que sejam com as quais não concordamos. Não se pode ingressar sob o argumento de que uma determinada manifestação, que postula descriminalização de algum delito pelo fato de não concordarmos com o mérito dessa manifestação, implique em apologia de um fato criminoso. Já vimos que esse crime previsto no Art. 287 somente ocorre quando a apologia é feita de um fato passado, e não de um fato futuro.

Andam bem, portanto, o Supremo Tribunal Federal nesta decisão, o que não significa que o fato desta manifestação se realizar, como livre expressão do pensamento, seja motivo para as pessoas que participem dessa manifestação promover a incitação pública ao uso da droga. Neste caso, aí sim, aquele que fizer a incitação pública ao uso da droga terá incorrido num crime previsto no Art. 286 do Código Penal.

Resumindo, não é possível censura prévia às manifestações; não é possível proibir-se de antemão reuniões ou manifestações em que as pessoas vão professar o seu pensamento, a sua linha de ideologia. A Constituição Federal, ao permitir a reunião das pessoas pacificamente e sem armas, ao permitir a livre expressão de pensamento, ao garantir a liberdade de consciência e convicção filosófica, garante a todos o direito de expressar suas ideias. Se essas ideias vierem a configurar incitação de alguém à prática de um delito, aí sim, deve atuar a Justiça Penal, criminalizando a conduta daquele que abusou do direito à liberdade de expressão do pensamento. Nós não podemos mutilar as garantias constitucionais. Não podemos deixar de fazer valer os direitos previstos na Constituição do Estado Democrático. E não podemos compactuar com censura prévia, que impeça as pessoas de defender as suas ideias. Não devemos ter medo do debate. Ao contrário, devemos estimulá-lo e levar o nosso ponto de vista. Inclusive, quando nós permitimos esse debate, por exemplo, da descriminalização das drogas, nós damos oportunidade para aqueles que não querem a descriminalização, como é o meu caso, de exporem as ideias, conversarem, argumentarem, para tentar exercer uma atividade de convencimento.

Por essa razão, não devemos colocar o Supremo Tribunal Federal, órgão mais importante do Poder Judiciário brasileiro, em anteposição com a sociedade. Se o Supremo Tribunal Federal, como Guardião da Constituição, como órgão encarregado de zelar pelas garantias constitucionais previstas na Carta Magna, de 05 de outubro, de 88, deixar de exercer a sua função para satisfazer o clamor popular, as pressões momentâneas da mídia, nós então não teremos um órgão julgador, um órgão defensor dos nossos direitos. Mas, simplesmente, uma caixa de ressonância das pressões episódicas que os meios de comunicação exercem.

A decisão do Supremo foi correta, foi corajosa. Nós não devemos temer o debate. Não devemos cercear as pessoas de expressarem o seu pensamento. Mas, realizada a manifestação, se no seu curso pessoas usarem e se servirem do direito de expressão para abusarem desse direito, se algumas pessoas usarem da garantia constitucional da liberdade de expressão do pensamento, para abusarem, para se excederem e para aí, sim, incitarem outros a praticarem delitos, incitarem ao consumo de drogas, nesse caso, cada um deverá ser responsabilizado nos termos do Artigo 286, do Código Penal. Mas, a censura não pode ser prévia. Senão, amanhã, vai ter uma manifestação defendendo a descriminalização do aborto. Quero deixar claro que sou contra a descriminalização do aborto. É um crime contra a vida, que protege a vida intrauterina.

Não é por essa razão que nós vamos nos furtar ao debate, que vamos impedir as pessoas que pensam de maneira diferente de nós de colocarem as suas posições.

Daí, porque, quero fazer uma referência elogiosa ao Pretório Excelso, agradecer ao Ministro Marco Aurélio de Mello, a lembrança dos nossos estudos, das nossas colocações e dizer que estamos prontos e abertos a esse debate. E esta Casa Legislativa pode se servir de palco, sim, para essa discussão.

Sr. Presidente, gostaria de deixar registrado que apresentamos uma indicação ao Sr. Governador do Estado, para que em toda rede pública estadual se faça uma capacitação do corpo docente, para que em todas as matérias, não importa a matéria da área do professor, os professores estejam capacitados para o tempo todo estarem lembrando os jovens, as crianças, os adolescentes, sobre os efeitos nocivos das drogas, esse grande mal do Século XXI. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo, por permuta de tempo da nobre Deputada Telma de Souza, por 10 minutos regimentais.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, Deputado Fernando Capez, antes que V. Exa. se retire do plenário, no dia 27, aqui na Assembleia Legislativa, no Auditório Teotônio Vilela, vai haver uma audiência pública da Câmara Federal e da Assembleia Legislativa Estadual , sobre o projeto de lei da Comissão da Verdade.

Dia 27 é uma segunda-feira, e eu queria convidar V. Exa., os demais Deputados, Deputadas, porque esse projeto diz respeito à abertura dos arquivos militares depositados no STM e o projeto de lei prevê a abertura desses arquivos. Esse é o convite que está projetado no telão e que foi aprovado pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.

Deputado Fernando Capez, no dia 30 vai haver uma discussão, também no âmbito da Comissão, o Projeto de lei do Deputado Samuel Moreira pela regulamentação do emprego do armamento não letal.

Então, são duas audiências. Estou convidando V. Exa. e os demais deputados, mas, em particular, V. Exa. para no dia 27, às 14 horas, no Plenário Teotônio Vilela, discutir sobre o projeto de lei da Comissão da Verdade.

Eu quero aproveitar para ler o manifesto feito pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos. É uma emenda ao projeto de lei da Comissão da Verdade.

A introdução desse artigo, diz:

“São Paulo, 27 de maio de 2011

Para virar a página, antes é preciso lê-la. Baltasar Garzón

O Brasil, entre 1964 e 1985, viveu sob uma ditadura civil-militar que seqüestrou, manteve em cárceres clandestinos, torturou, assassinou e ocultou cadáveres de seus opositores, e, com a forte censura que impôs, impediu o conhecimento completo destes fatos, que até hoje permanecem sem que tenham sido esclarecidos devidamente. Por isso, a sociedade vem lutando, por diversos meios, para que o Estado apure toda a verdade, abrangendo os fatos, as circunstâncias, o contexto e as responsabilidades. E faça Justiça.

Queremos uma Comissão da Verdade com a finalidade de revelar e promover a verdade histórica, o esclarecimento dos fatos e as responsabilidades institucionais, à semelhança do que vem ocorrendo no âmbito internacional.

O Poder Executivo apresentou à Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 7.376, de 20 de maio de 2010, para a criação, na esfera da Casa Civil da Presidência da República, da Comissão Nacional da Verdade, tendo esta a finalidade de “examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período“ de 1946 a 1988, “a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional”.

Embora bem-vinda a Comissão, Nacional da Verdade, esta foi originalmente concebida como uma Comissão de Verdade e Justiça. O Coletivo de Mulheres pela Verdade e pela Justiça, e a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, por meio deste documento, aberto à adesão de todos e todas e às entidades da sociedade civil, propõe as seguintes alterações ao Projeto:

Para que tenhamos uma Comissão que efetive a Justiça:

· o período de abrangência do projeto de lei deverá ser restrito ao período de 1964 a 1985;

· a expressão “promover a reconciliação nacional” seja substituída por “promover a consolidação da Democracia”, objetivo mais propício para impedir a repetição dos fatos ocorridos sob a ditadura civil-militar;

· no inciso V, do artigo 3º, deve ser suprimida a referência às Leis: 6.683, de 28 de agosto de 1979; 9.140, de 1995; 10.559, de 13 de novembro de 2002, tendo em vista que estas leis se reportam a períodos históricos e objetivos distintos dos que devem ser cumpridos pela Comissão Nacional da Verdade e Justiça.

· o parágrafo 4°, do artigo 4°, que determina que “as atividades da Comissão Nacional da Verdade não terão caráter jurisdicional ou persecutório“, deve ser substituído por nova redação que delegue à Comissão poderes para apurar os responsáveis pela prática de graves violações de direitos humanos no período em questão e o dever legal de enviar suas conclusões para as autoridades competentes;

Para que tenhamos uma Comissão de verdade:

· o parágrafo 2°, do artigo 4º que dispõe que “os dados, documentos e informações sigilosos fornecidos à Comissão Nacional da Verdade não poderão ser divulgados ou disponibilizados a terceiros, cabendo a seus membros resguardar seu sigilo”, deve ser totalmente suprimido pela necessidade de amplo conhecimento pela sociedade dos fatos que motivaram as graves violações dos direitos humanos;

· o artigo 5°, que determina que “as atividades desenvolvidas pela Comissão Nacional da Verdade serão públicas, exceto nos casos em que, a seu critério, a manutenção do sigilo seja relevante para o alcance de seus objetivos ou para resguardar a intimidade, vida privada, honra ou imagem de pessoas”, deve ser modificado, suprimindo-se a exceção nele referida, estabelecendo que todas as atividades sejam públicas, com ampla divulgação pelos meios de comunicação oficiais.

Para que tenhamos uma Comissão da Verdade legítima:

· os critérios de seleção e o processo de designação dos membros da Comissão, previstos no artigo 2º, deverão ser precedidos de consulta à sociedade civil, em particular aos resistentes (militantes, perseguidos, presos, torturados, exilados, suas entidades de representação e de familiares de mortos e desaparecidos);

· os membros da Comissão não deverão pertencer ao quadro das Forças Armadas e Órgãos de Segurança do Estado, para que não haja parcialidade e constrangimentos na apuração das violações de direitos humanos que envolvem essas instituições, tendo em vista seu comprometimento com o principio da hierarquia a que estão submetidos;

· os membros designados e as testemunhas, em decorrência de suas atividades, deverão ter a garantia da imunidade civil e penal e a proteção do Estado.

Para que tenhamos uma Comissão com estrutura adequada:

· a Comissão deverá ter autonomia e estrutura administrativa adequada, contando com orçamento próprio, recursos financeiros, técnicos e humanos para atingir seus objetivos e responsabilidades. Consideramos necessário ampliar o número atual de sete (07) membros integrantes da Comissão, conforme previsto no Projeto Lei 7376/2010.

Para que tenhamos uma verdadeira consolidação da Democracia:

· concluída a apuração das graves violações e crimes, suas circunstâncias e autores, com especial foco nos casos de desaparecimentos forçados ocorridos durante o regime civil-militar, a Comissão de Verdade e Justiça deve elaborar um Relatório Final que garanta à sociedade o direito à verdade sobre esses fatos. A reconstrução democrática, entendida como de Justiça de Transição, impõe enfrentar, nos termos adotados pela Escola Superior do Ministério Público da União, “(...) o legado de violência em massa do passado, para atribuir responsabilidades, para exigir a efetividade do direito à memória e à verdade, para fortalecer as instituições com valores democráticos e garantir a não repetição das atrocidades”.

Para que a Justiça se afirme e se consolide a cultura de respeito e valorização aos direitos humanos.

Para que a Justiça se afirme e se consolide a cultura de respeito e valorização aos direitos humanos, nós abaixo assinados:

Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos:

Alberto Henrique Becker

Célia Silva Coqueiro

Cesar Augusto Teles

Clelia de Mello

Clóvis Petit de Oliveira

Criméia Alice Schmidt de Almeida

Derlei Catarina de Luca

Derly José de Carvalho

Edson Luis de Almeida Teles

Elizabeth Silveira e Silva

Elzita Santa Cruz

Eni Mata de Carvalho

Gertrudes Mayr

Iara Xavier Pereira

Igor Grabois Olímpio

Ivan Akselrud de Seixas

Izaura Silva Coqueiro

Janaina de Almeida Teles

João Carlos S. A. Grabois

Jocimar Souza Carvalho

Laura Petit da Silva

Lorena Morani Girão Barroso

Lucia Vieira Caldas

Marcelo de Santa Cruz Oliviera

Maria Amélia de Almeida Teles

Maria do Amparo Araújo

Maria Eliana de Castro Pinheiro

Maria Socorro de Castro

Pedrina José de Carvalho

Rosalina Santa Cruz

Suzana Keniger Lisbôa

Togo Meirelles Netto

Victória Lavínia Grabois Olímpio

Zilda Paula Xavier Pereira

Coletivo de Mulheres pela Verdade e Justiça

Deisy Ventura

Eleonora Menecucci

Ivy Farias

Maria Aparecida Costa Cantal

Rita Sipahi

Rose Nogueira

Terezinha Gonzaga de Oliveira

Zenaide Machado de Oliveira

Apoiadores:

Adriano Diogo

Adriano Galvão Dias Resende

Ana Cristina Arantes Nasser

Beatriz Cannabrava

Candida Moreira Magalhães

Cássia Cristina Carlos

Darci Toshiko Miyaki

Dulcelina Vasconcelos Xavier

Elza Ferreira Lobo

Frei Betto

Joel Rufino dos Santos

Julia de Oliveira

Margareth Rago

Maria Auxiliadora Galhano Silva

Roberto Nasser Jr.

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, para que nunca mais haja tortura nessa terra, para que os arquivos sejam abertos, para que os segredos da guerra do Paraguai, da anexação do Acre, da expansão de fronteiras, da escravidão, e todos os documentos secretos venham à tona, para a Comissão da Verdade, se você tem interesse nesse tema, no dia 27, às 14 horas, por iniciativa da Câmara Federal, da deputada Luiza Erundina, e pela comissão Estadual de Direitos Humanos desta Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, haverá uma audiência pública sobre a Comissão da Verdade. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CELSO GIGLIO - PSDB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, na verdade queria ter pedido um aparte ao ilustre e querido amigo, deputado Adriano Diogo, sobre esse tema. Quero dizer que concordo plenamente. É preciso que se divulguem os nomes daqueles que cometeram tantas atrocidades, não por uma questão de vingança, mas para que isso não ocorra nunca mais.

Por outro lado, meu caro deputado, gostaria de saber a opinião de V.Exa. a respeito dessa Medida Provisória que impede que os brasileiros sabiam os custos dos projetos que estão elaborados e das obras que serão realizadas para a Copa, ocultando do povo os verdadeiros valores gastos.

Se de um lado acho que V.Exa. tem toda a razão em dar toda essa ênfase à Comissão da Verdade, também tenho a impressão que V.Exa. não será favorável à edição dessa Medida Provisória que tira dos brasileiros o direito de saber quanto se gasta.

A Lei de Responsabilidade Fiscal determina outra conduta. E estamos num tempo em que a transparência é essencial em todos os atos do governo.

Achei um absurdo. Se de um lado se fala em segredo eterno e V.Exa. vem exatamente numa linha contrária, apoiando a Comissão da Verdade, por outro lado tenho certeza de que V.Exa. também não será favorável à edição dessa medida e vai com certeza mostrar sua revolta, porque V. Exa., como brasileiro, como cidadão e como deputado atuante, um dos mais ativos desta Casa, não vai concordar com esse comportamento.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT – PARA COMUNICAÇÃO - Deputado Celso Giglio, V. Exa. tem toda razão: nada deve ser oculto. Agora, eu não imaginava tomar uma rasteira de V. Exa. tão baixa, um golpe tão baixo. Quando falamos do período histórico da ditadura militar, dos mortos, desaparecidos, V. Exa., que resistiu à ditadura, vem colocar que essa flexibilização da Lei de Responsabilidade Fiscal, para agilizar em pleno período da democracia, da mesma natureza que o ocultamento dos cadáveres, das vítimas, dos arquivos da ditadura é no mínimo, com a sua cultura política, uma má intenção.

 

O SR. CELSO GIGLIO - PSDB - Não é.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT – PARA COMUNICAÇÃO - Deputado, eu estou com a palavra e V. Exa. vai responder o que quiser. É evidente que não sou a favor de ocultamento de documento nenhum e prestação de contas da Copa. Mas esse jeito tucano, esses ciúmes que vocês têm é porque o Presidente Lula trouxe a Copa e as Olimpíadas para o Brasil. E o Governo do Estado de São Paulo está fazendo de tudo, de tudo, de tudo para obstaculizar a possibilidade de São Paulo sediar a abertura. Já perdemos toda a possibilidade de ter o centro de imprensa, de comunicação.

O Governador Aécio Neves, de Minas Gerais, que é muito mais inteligente e preparado que os tucanos de São Paulo, está criando todas as condições. E em Goiás, o Governador tucano está se matando, esforçando-se para fazer o melhor para receber a Copa. Eu não tenho culpa que vocês, os tucanos de São Paulo, gostam de tênis, de críquete e odeiam o povo, odeiam o futebol e todas as manifestações populares. Vocês, tucanos, deveriam ser são-paulinos para o resto da vida.

 

O SR. CELSO GIGLIO - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Deputado Adriano Diogo, V. Exa. exagera nas palavras. Primeiro, que não é do meu feitio dar golpes baixos e V. Exa. não merece isso. Segundo, que eu queria saber o que V. Exa. falou, que V. Exa. é contra ocultar dados, como na verdade V. Exa. acha que devem ser mostrados os valores que se gastam. Entendi que V. Exa. falou isso. E nós, tucanos aqui de São Paulo, tenha a certeza que nos sentimos engrandecidos com a Copa. Estamos fazendo o possível. Mas é importante que V. Exa. saiba que dessa forma, ocultar aquilo que se gasta da população, não tem justificativa. Não quero que oculte de forma nenhuma aqueles que cometeram crimes atrozes no período da ditadura. Eu cumprimentei V. Exa. pelo seu pronunciamento.

E por outro lado, queria saber sua postura. Entendi que V. Exa. também disse que não é a favor de se ocultar nada. Era a resposta que eu queria. Mas V. Exa. não precisava de forma alguma me responder de forma afrontosa, porque não fui afrontoso com V. Exa. e muito menos dei um golpe baixo em V. Exa., porque V. Exa. não merece e não é do meu feitio.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Vossa Excelência que foi um dos melhores superintendentes que o Hospital do Servidor Público já teve; Vossa Excelência que foi um dos melhores prefeitos de Osasco, principalmente na área de Saúde, acordou de mau humor, hoje. Vossa Excelência sabe quem é o Secretário de Esportes do Governo do Estado de São Paulo? Já que V. Exa. quer enfrentar o debate, vou até o fim: é o Jorge Pagura. Vossa Excelência sabe quem é o Jorge Pagura? Ele foi a pessoa que ocultou toda a corrupção do PAS no tempo do Pitta. É uma pessoa que não tem currículo. Ele é o Secretário de Esportes de São Paulo. Vossa Excelência acha que esse moço, neurologista, colega seu, médico, tem perfil para ser Secretário de Esportes? Vossa Excelência acha que ele tem perfil? Faço oposição aqui séria ao Governo Kassab. Vossa Excelência sabe o respeito que tenho pelo Governador Geraldo Alckmin, porque acho que Kassab é influenciado por Serra, influenciado por Bornhausen. Esse é o campo de divergências que tenho, profundo.

Mas São Paulo não merece ter um Secretário de Esportes como o Pagura. A postura de V. Exas. em relação à Copa está equivocada. Sou contra a Copa da exclusão, uma Copa para fazer maquiagem, para tirar pobre que mora debaixo de viaduto, de favelas, para não dar chance para as crianças.

Toda a minha formação política começou em 1963. Eu era um garoto da Mooca, que não sabia nada de nada, e entrei na organização dos Jogos Pan-Americanos de São Paulo; estudava lá no Firmino de Proença e era do voluntariado. Trabalhei um ano para a organização dos Jogos Pan-Americanos em São Paulo, como todos os jovens das escolas estaduais da região central.

Sou radicalmente contra qualquer bandalheira da Copa do Mundo, má utilização de dinheiro público, essa coisa de trazer turista e excluir o povo. Mandela deu um exemplo fantástico na África do Sul. Com toda a pobreza, eles fizeram uma Copa com a maior dignidade.

Mas, querer dizer que nós do PT vamos querer acobertar qualquer sujeira, qualquer má utilização de dinheiro público na Copa, nas Olimpíadas... Quero dizer, Deputado Celso Giglio, com a sua experiência, que V. Exa. quando era prefeito de Osasco tinha a melhor seleção de vôlei, V. Exa. que levou para lá, e sabe da importância do esporte como inclusão. E essa posição reacionária, burra, atrasada, conservadora?

São Paulo tinha condição de fazer a Copa no Morumbi. Fizeram tanta confusão, que não pôde ser no Morumbi. Fizeram, não; os governos fizeram tanta confusão, que não podia ser. Aí, o Corinthians queria fazer lá em Pirituba. Disseram que o terreno estava contaminado e o Belluzzo tentou fazer no Palmeiras, mas não aprovaram. E foi parar lá em Itaquera.

Sei o que V. Exas. querem dizer. O Presidente Lula se empenhou, pessoalmente, para levar o campo para Itaquera. Mas não pense V. Exa. que nós do PT vamos nos ajoelhar e nos resignarmos para fazer uma Copa do Mundo para excluir o povo pobre e humilde. E aquele negócio, depois de construído vai virar um elefante branco, nós somos contra. Somos contra também em relação a ocultar.

 

O SR. CELSO GIGLIO - PSDB - Obrigado, era isso que eu queria ouvir de Vossa Excelência. E era isso que eu esperava de Vossa Excelência, que continua, para mim, com um grande valor que tem aqui nesta Casa.

 

O SR. CELSO GIGLIO - PSDB - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia, lembrando-os ainda da Sessão Solene a realizar-se hoje às 20 horas, com a finalidade de comemorar o Dia da Assembleia de Deus, que neste ano completa seu 100º aniversário, solicitado pelo nobre Deputado José Bittencourt.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 16 horas e 24 minutos.

 

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