30 DE NOVEMBRO DE 2009

071ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AOCENTENÁRIO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS”

 

Presidente: MARCO PORTA

 

RESUMO

001 - MARCO  PORTA

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que esta sessão solene foi convocada pelo Presidente Barros Munhoz, a requerimento dos Deputados Marco Porta, este na direção dos trabalhos, e Paulo Alexandre Barbosa, pelo Centenário da Academia Paulista de Letras. Convida o público a ouvir, de pé, o Hino Nacional Brasileiro.  Comunica que Deputado Paulo Alexandre Barbosa não pode comparecer a esta solenidade, por questões de saúde. Dá conhecimento e agradece mensagem encaminhada pelo Reitor da USP  Prof. Dr. João Grandino Rodas.

 

002 - OLÍMPIO GOMES

Deputado Estadual, saúda a iniciativa. Elogia as obras dos imortais. Fala do reconhecimento do povo pela Academia Paulista de Letras. Destaca a importância da cultura e da educação.

 

003 - Presidente MARCO  PORTA

Enaltece o seu orgulho em presidir esta sessão solene. Recorda a fundação da Academia Paulista de Letras em 27 de novembro de 1909, pelo médico Joaquim José de Carvalho que, hoje, agrupa, 40 escritores, com o objetivo de tutelar o idioma e promover a leitura e a escrita. Reproduz citação do presidente da instituição, como espaço de reflexão em torno do Belo, do Bem e da Verdade. Elogia os acadêmicos presentes e saúda a memória dos falecidos. Presta homenagem, com entrega de placa, ao Presidente da Academia Paulista de Letras.

 

004 - JOSÉ RENATO NALINI

Presidente da Academia Paulista de Letras, ressalta princípios da Carta Federal relativos à educação. Cita o papel da Academia como espaço de reflexão, pensamento e estímulo ao ato de escrever. Fala da realização de concursos literários. Faz histórico sobre o Ministro Manoel da Costa Manso, que dá nome a escola dos estudantes convidados. Apresenta os seis acadêmicos presentes. Recorda que o Português é o quarto idioma mais falado em todo o mundo.

 

005 - DOM FERNANDO FIGUEIREDO

Bispo, elogia os jovens presentes. Recorda princípios filosóficos de Sócrates e Platão. Ressalta a importância do diálogo e da consciência das coisas. Lembra que a divindade está presente no ser humano, que deve buscar, continuamente, a Verdade. Concede a benção a todos.

 

006 - PAULO BONFIM

Decano da Academia Paulista de Letras, elogiou a presidência da instituição, "por salvar a Academia", depois que o teto do auditório ruiu. Enaltece a memória de Costa Manso, que atuou na Revolução de 1932. Lê o poema "Eu te amo, São Paulo", de sua autoria.

 

007 - JÚLIO MEDAGLIA

Maestro, faz saudação aos estudantes presentes. Ressalta a importância de valores culturais paulistas, como o escritor Mário de Andrade, a produção cinematográfica da Vera Cruz. Lembra que São Paulo esteve na vanguarda de vários movimentos, como o Tropicalismo. Elogia os arquitetos que criaram uma expressão paulista, como Rino Levi. Destaca o conteúdo do saber que ocupa a sede do Largo do Arouche. Revela preocupação com o fato de os brasileiros lerem, em média, dois livros ao ano.

 

008 - IVES GANDRA MARTINS

Ex-presidente da Academia Paulista de Letras, destaca a importância da presença dos jovens neste ato. Cita soneto, de sua autoria, elaborado no curso desta sessão.

 

009 - Presidente MARCO  PORTA

Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Marco Porta.

 

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O SR. PRESIDENTE – MARCO PORTA - PSB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - MARCO PORTA - PSB - Esta Presidência passa a nomear as autoridades que compõe a Mesa: Dr. José Renato Nalini, Presidente da Academia Paulista de Letras e Bispo Dom Fernando Figueiredo.

Senhores Deputados, Sras. Deputadas, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Barros Munhoz, atendendo solicitação deste Deputado e do Deputado Paulo Alexandre Barbosa, com a finalidade de comemorar o Centenário da Academia Paulista de Letras.

Convido a todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro pela banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do Maestro 2º Tenente Músico PM David Serino da Cruz.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - MARCO PORTA - PSB - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo e a seus músicos em nome do 2º Tenente Músico PM David Serino da Cruz.

Esta Presidência agradece a presença do Deputado Olímpio Gomes; Sr. Paulo José da Costa; Sr. Paulo Bonfim; Sr. Luiz Antonio Arcuri, representando o Secretário do Emprego e Relações do Trabalho, Guilherme Afif Domingos; ex-Presidente da Academia Paulista de Letras, Sr. Ives Gandra Martins; Professor Juarez Gonçalves e a Professora Araceli Florêncio Bezerra, que representa a Escola Ministro Costa Manso. Quero agradecer também a presença do maestro Júlio Medaglia.

Gostaria de fazer uma menção a respeito do Deputado Paulo Barbosa. Ele é, junto comigo, autor desta Sessão Solene, mas que por uma questão de saúde não pôde estar aqui presente.

Também quero fazer o agradecimento ao Reitor da Universidade de São Paulo, Profº João Grandino Rodas, que recebeu o convite para participar desta Sessão Solene em comemoração ao Centenário da Academia Paulista de Letras, neste dia 30 de novembro, mas que, infelizmente, não pôde aqui comparecer em virtude do compromisso assumido anteriormente, mas deseja êxito a este evento.

Passo agora a palavra ao nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR OLÍMPIO GOMES - PDT - Exmo. Deputado Marco Porta, proponente desta Sessão Solene e que preside esta solenidade; Deputado Paulo Alexandre Barbosa também proponente desta Sessão Solene e que, como já foi dito, por motivo de saúde não está aqui presente; Exmo. Dom Fernando Figueiredo, Bispo de Santo Amaro, nosso amigo; Exmo. Dr. José Renato Nalini, Presidente da Academia Paulista de Letras; autoridades presentes; jovens que têm a felicidade de guardar para sempre este evento da Assembleia Legislativa em homenagem ao Centenário da nossa Academia Paulista de Letras, a Assembleia Legislativa tem 94 Srs. Deputados que são representantes de 41 milhões de habitantes deste Estado. Então, neste momento, através da iniciativa do Deputado Marco Porta, o povo paulista está recebendo os nossos imortais da Academia Paulista de Letras para lhes dizer do seu reconhecimento e satisfação a esses ícones da cultura e da educação.

Educação é mudança de comportamento. Só vamos mudar a nossa sociedade para melhor através do estímulo à educação. Esses nossos imortais representam o estímulo à cultura e à educação. Eles devem ser venerados, reconhecidos exatamente porque representam para nós uma chama acesa e uma lembrança permanente a toda sociedade, não só a autoridades governamentais, que o caminho único para o progresso de uma sociedade se faz através da educação.

Com muita satisfação compareço a esta solenidade para dizer muito obrigado à nossa Academia Paulista de Letras, por tudo que ela representa e pelo que tem feito ao povo paulista nesses 100 anos de sua existência.

Que Deus continue a abençoar os nossos imortais da Academia Paulista de Letras. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - MARCO PORTA - PSB - Exmas. Senhoras e Exmos. Senhores, Exmo. Sr. José Renato Nalini, Presidente da Academia Paulista de Letras, na figura de quem cumprimento todos os acadêmicos presentes, autoridades presentes, prezadas cidadãs e prezados cidadãos, é com muito orgulho que o Parlamento Paulista realiza hoje sessão solene em homenagem ao Centenário da Academia Paulista de Letras.

Precisamente em 27 de novembro de 1909 o médico Joaquim José de Carvalho conseguiu concretizar o sonho de agrupar 40 pessoas da cultura com o objetivo de tutelar o idioma e promover a leitura e a escrita.

Nesses cem anos, desde sua fundação até nossos dias, personalidades dos mais diversos meios culturais compuseram a Academia Paulista de Letras.

O Presidente da Academia Paulista de Letras bem conceituou o que significa esta comemoração. Vou utilizar-me de seu fraseado: “Comemorar o centenário de uma instituição que tem por finalidade a tutela do idioma e o estímulo à escrita e à leitura, é uma auspiciosa sinalização de que ainda existe espaço para a reflexão em torno do belo e do bem, algo que em filosofia é expresso com o sentido de sinonímia: beleza, bem e verdade.”

Parabéns a todos os acadêmicos presentes; ficará consignado no Anais desta Casa do Povo paulista todo o respeito e consideração pelos acadêmicos já falecidos e que contribuíram para a formação desse centro do saber.  Registre-se a gratidão do povo paulista para todos aqueles que de forma ou de outra contribuíram para este centenário cheio de glórias.

Muito obrigado a todos.

Neste momento queremos fazer a entrega de uma placa ao Dr. José Renato Nalini, Presidente da Academia de Letras Paulista.

 

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- É feita a entrega da placa. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - MARCO PORTA - PSB - Temos a honra de receber a presença de Francisco Martins, mais um acadêmico.

Neste momento passo a palavra para o Sr. José Renato Nalini.

 

O SR. JOSÉ RENATO NALINI - Sr. Presidente desta sessão, Deputado Marco Porta, Sr. Deputado Olímpio Gomes, meus confrades da Academia Paulista de Letras, vou apresentar aos estudantes cada um desses acadêmicos que hoje vieram prestigiar esta Sessão Solene que a Casa do Povo realiza em homenagem ao centenário de uma instituição que existe para defender aquilo que hoje os seus professores estão tentando mostrar: que se nós não lermos, não escrevermos, não conseguiremos pensar e se nós não conseguirmos pensar nós não vamos transformar o Brasil naquela pátria justa, fraterna e solidária que é o desejo de todos nós, um desejo que consta expressamente da Constituição da República promulgada em 5 de outubro de 1988. O Poder Constituinte, aquele que tudo pode, elaborou esse pacto. A Constituição é um pacto, é um documento que impõe a todos os brasileiros uma missão: construir esta pátria justa, fraterna e solidária. Ainda falta muito e a nossa geração ainda não conseguiu fazer tudo. Vocês é que têm essa enorme responsabilidade.

Então, a Academia Paulista de Letras é uma Casa onde se reflete, onde se escreve, onde se estimula quem quer escrever. É uma Casa que se propõe a fazer concursos de contos, de poesia, de romance, de ensaios, tudo aquilo que provém da alma rica que vocês jovens têm. Então, há muito significado em contar com estudantes no centenário de uma Academia Paulista de Letras.

Não há coincidência. A coincidência é o desígnio da providência divina.

Vocês são da Escola Ministro Manoel da Costa Manso, que é uma pessoa a quem o Brasil muito deve. Um homem extremamente estudioso, era conciso, pois conseguia escrever em poucas palavras aquilo que era um problema enorme num processo que lhe traziam. Ele era juiz de Casa Branca, uma cidadezinha do interior de São Paulo. De lá, pelo seu mérito, pela sua capacidade de síntese - você lia a sentença dele e não sobrava uma palavra e não faltava uma palavra. Veja que beleza conseguir resumir um problema enorme numa folha e decidir fazendo justiça. De lá ele foi retirado e assumiu uma posição de desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Foi o único caso de um juiz de primeiro grau, de Casa Branca, que veio para o tribunal diretamente, sem passar pelas demais comarcas. E do Tribunal de Justiça de São Paulo, depois de uma vida maravilhosa e acho que os professores devem sempre lembrar para vocês quem foi esse patrono e a responsabilidade que vocês têm estando numa escola que leva o nome dele -, ele foi para o Supremo Tribunal Federal. Foi um paulista que se sentou no Supremo Tribunal Federal.

Outra coisa interessante para vocês se lembrarem: um filho do ministro Costa Manso, o desembargador Odilon da Costa Manso, foi também acadêmico da Academia Paulista de Letras. A cadeira que ele ocupou é hoje ocupada pelo professor Paulo José da Costa Jr., que é o maior penalista do Brasil, um grande advogado, um professor catedrático da Universidade de Roma, o único brasileiro a quem o governo italiano conferiu cidadania, convidou para ser italiano sem a necessidade de provar que tinha sangue italiano. Foi pelos seus méritos. É um acadêmico, hoje, da Academia Paulista de Letras, como é o nosso decano Paulo Bonfim, que é o príncipe dos poetas brasileiros.

Vocês sabem o que significa decano? É o mais antigo acadêmico. Não é o mais velho, mas o mais antigo. Sabem quando que ele entrou para a Academia Paulista de Letras? No dia 23 de maio de1963. Ele foi saudado por um outro brasileiro ilustre chamado Ibrahim Nobre, o tribuno de 1932. Vocês deveriam exigir que ele declamasse alguma coisa porque ele é maravilhoso, um poeta que tem esse título eleito pelo Brasil inteiro - príncipe dos poetas brasileiros. (Palmas.)

Está aqui o professor Dr. Ives Gandra da Silva Martins, que é o maior tributarista do Brasil. Tributarista é um advogado que conhece bastante Direito Tributário. Tributo é alguma coisa que nos acompanha permanentemente. Dizem que daqui a cem anos pode ter desaparecido muita coisa, só vai sobrar o tributo. É o imposto que a gente paga. Por tudo que você compra, você paga imposto. Agora mesmo o Vereador Gabriel Chalita não está aqui porque está participando de uma audiência pública na Câmara Municipal discutindo o aumento do IPTU. Então temos IPTU, Imposto de Renda, ICMS, ISS, Imposto de Importação, taxas, contribuições de melhoria, e o professor Ives Gandra da Silva Martins é um tributarista que estuda a importância, a influência do tributo, e tenta mostrar que essa fome do Estado, do Governo, para arrecadar muito, às vezes não corresponde aos serviços que o Estado devolve à população. Então, o professor Ives Gandra da Silva Martins não é só advogado. Ele é professor, professor emérito de muitas universidades (Palmas.) Ele é um homem que está continuamente sendo chamado a dar sua opinião relevante, corajosa, porque ele fala tudo aquilo que os outros não têm coragem de dizer. Ele presidiu a Academia Paulista de Letras antes da minha gestão. É uma pessoa que o Brasil e o mundo admiram.

Ao lado do professor Ives Gandra da Silva Martins temos alguém que vocês devem conhecer, que é o maestro Júlio Medaglia, que tem aquele trabalho maravilhoso na TV Cultura, na Rádio Cultura, que estimula as vocações. Ele sabe que a música é um fator de aperfeiçoamento educacional e do aperfeiçoamento da alma humana.

Através da música nos desarmamos e nos preparamos para amar. Nós amamos melhor quando conhecemos e cultivamos a música. E o maestro Júlio Medaglia foi eleito para a Academia Paulista de Letras. Vai tomar posse no dia 03, quinta-feira, na Sala São Paulo. E vai tomar posse regendo.

Ao lado do professor Paulo José da Costa Júnior, que já apresentei, está o grande romancista, o grande escritor e pensador brasileiro Francisco Marins. O professor Francisco Marins tem livros maravilhosos. Passei toda minha juventude lendo seus livros de aventuras, livros que têm uma brasilidade muito grande. Se deixássemos de importar esses Harry Potter da vida e nos lembrássemos de Francisco Marins, de Monteiro Lobato, de Ruth Rocha, de Marcos Rey, de Walcyr Carrasco, esses que escrevem para a juventude, teríamos uma autoestima muito maior. (Palmas.) Além de ter sido presidente da Academia Paulista de Letras, em Botucatu, onde reside, o professor Francisco Marins construiu uma verdadeira casa de cultura, uma beleza de biblioteca, uma das maiores bibliotecas com obras de arte, com lugar para reuniões. Ele é um verdadeiro cultor do pensamento, do bom e do nobre, é uma pessoa que merece ser conhecida.

Temos Dom Fernando Antonio Figueiredo. Aqueles que assistem à missa que a Globo retransmite duas vezes por semana sabem quem ele é. O bispo de Santo Amaro, que ao lado do padre Marcelo Rossi faz com que muita gente volte à religião, cante e pense em construir um Brasil melhor. Mas ele não entrou por causa disso na Academia. Ele é um doutor, ele é especializado nas primeiras obras religiosas, nos primeiros padres da Igreja, é um filósofo e uma pessoa que, assim como outros de outras confissões, está direcionando a juventude para um caminho melhor. (Palmas.)

Hoje, com seis de seus quarenta acadêmicos, a Academia veio aqui para agradecer ao Deputado Marco Porta, ao Deputado Paulo Alexandre, ao Deputado Major Olímpio que fez uma saudação tão bonita, por esse gesto de carinho que a Academia recebe como um significativo abraço do povo de São Paulo.

Gostaríamos muito que assim que a Academia tenha terminado suas obras de restauração, no Largo do Arouche, que vocês visitassem nossa Academia, vissem a nossa biblioteca com 120 mil volumes, procurassem saber alguma coisa a mais desses 40 paulistas. Paulistas de todas as origens. Nosso fundador era carioca. Temos alemães, italianos. O único objetivo de se recrutar alguém para a Academia é que ele tenha disponibilidade para estimular o cultivo do Português, da nossa língua, que passa a ser hoje o quarto idioma mundial, com o acordo ortográfico, pelo qual trabalhou o Dr. Francisco Marins. Vamos passar a ser mais respeitados, a nossa comunidade lusófona terá sua língua como uma das mais reconhecidas e prestigiadas.

Agradeço a todos vocês. Peço desculpas se me alonguei, mas quis apresentar quem são os seis acadêmicos que trouxemos hoje para vocês conhecerem. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - MARCO PORTA - PSB - Antes de chamar o próximo orador, gostaria de fazer menção a todos os jovens presentes na plateia. Há pouco, antes de iniciarmos a sessão, fui chamado para falar à imprensa a respeito dessa sessão. Disse que em nosso país temos de enaltecer todas as instituições que estão ligadas à educação. Todos sabemos, e vocês jovens também sabem disso, que a salvação da cultura do nosso país, a salvação do bem-estar futuro do nosso país está na Educação; temos que investir na Educação. E foi esse um dos motivos por que o Deputado Paulo Alexandre Barbosa e eu tivemos a ideia de chamar aqui esta sessão solene para poder homenagear a Academia Paulista de Letras, que está ligada à Educação. E quero agradecer muito a todos vocês, jovens que estão aqui na plateia, hoje na segunda-feira de manhã, para poder prestar essa homenagem à Academia Paulista de Letras. Muito obrigado pela presença de vocês, de coração. O Dr. Nalini está me dizendo aqui que cada professor estará recebendo um exemplar deste que está saindo agora, novinho; é uma revista pelo centenário da morte de Euclides da Cunha.Mais uma vez, quero muito agradecer a vocês, jovens, por estarem aqui.

Quero passar a palavra, reconhecendo o segmento religioso, ao Bispo Dom Fernando Figueiredo, da Paróquia de Santo Amaro.

 

O SR. DOM FERNANDO FIGUEIREDO - Um bom-dia a todos vocês que aqui se encontram. Com alegria, vendo essa juventude, sempre eu me recordo que também eu sou jovem: juventude acumulada, como tantos e tantos nós que assim desejamos, quando participamos, sempre, dessa jovialidade que nos ultrapassa e que nos é concedida pelo próprio Deus.

Agradeço e quero saudar os nossos deputados, Marco Porta, assim como também Paulo Alexandre Barbosa, que promoveram esse encontro, o nosso grande amigo, Deputado Olímpio Gomes, Dr. Nalini, que é o Presidente da Academia Paulista de Letras, e todos os demais confrades que aqui se encontram, e amigos, esses que estão transmitindo esta sessão, trabalhando aqui, realmente formamos esta comunhão entre nós.

Gostaria, para vocês estudantes, para todos nós, de lembrar o nome de alguém. Duvido que vocês descubram. Eu ali ouvindo, veio-me à mente.Quais seriam? Duas figuras significativas que estudamos, refletimos: Sócrates. Vocês conheceram Sócrates? Evidentemente que não; mas leram, ouviram algo. Sócrates era íntegro, portanto vigoroso nas suas intervenções políticas - nós estamos num ambiente político - e sabemos como ele ali estava presente.

Outro grande filósofo, também da antiguidade, Platão. Ele fundou a academia onde reuniu intelectuais, os mais sábios da época, para formar aqueles que iriam construir a Cidade-Estado, Atenas. Portanto, vemos aí intelectuais, vemos os acadêmicos, vemos os políticos, como eles se reúnem para que realmente possamos cada vez mais caminhar para alcançar um aperfeiçoamento integral da nossa pessoa, de todas as pessoas. Não há, realmente, possibilidade de um diálogo sem que nós tenhamos esse coração aberto como eles a algo, e que às vezes nos esquecemos. É uma palavrinha grega: “nous”. Não é nu, ficar sem roupa; nous com “n”, “o”, “u”, “s” que significa consciência. E eles diziam “é algo divino presente no homem”. É esse algo divino presente no homem que deve ser desenvolvido e cada vez mais impregnar toda nossa vida, essa consciência no agir, no falar, em todos os momentos e que realmente reconheçamos essa consciência como uma sementezinha, a semente da verdade colocada em nós e que nos conduz à verdade plena total. E é o que nós desejamos. Por isso, que esse esforço seja sempre cada vez mais renovado entre nós, e o diálogo se estabeleça entre alunos, professores, entre políticos, acadêmicos, para que realmente a sociedade seja por nós beneficiada.

É o que desejamos, e ao mesmo tempo digo a vocês: parabéns por estarem aqui, por esse esforço, por essa dedicação, e que a consciência, sempre mais iluminada, faça com que alcancemos em nossa vida essa verdade, a que nos é concedida, colocada em nós, mas que deve desabrochar até chegar à verdade plena, à verdade total revelada pelo nosso Deus, ao qual eu peço a benção para todos vocês. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - MARCO PORTA - PSB - Muito obrigado por suas palavras, Bispo.

Gostaria de anunciar a presença de Arnaldo Saldanha, poeta, que nos honra com sua participação em nossa Sessão Solene. (Palmas.)

Gostaria de chamar o poeta Paulo Bonfim para fazer uso da palavra.

 

O SR. PAULO BONFIM - Caro Deputado Marco Porta, ilustre Deputado Major Olímpio, Sr. Presidente da Academia Paulista de Letras, meu querido amigo José Renato Nalini, que apresentando todos nós esqueceu de se apresentar. José Renato Nalini é desembargador do Tribunal de Justiça, foi presidente do Tribunal de Alçada Criminal, autor de um livro notável chamado “Rebelião da Toga”, professor de Ética, jornalista, intelectual dos mais brilhantes  e, como não, nessa crise que a Academia de Letras Paulista passou por causa da queda do nosso auditório, eu poderia dizer brincando que em tupi-guarani Nalini quer dizer aquele que salvou a Academia. (Palmas.)

Em homenagem a esta Casa, que tem o nome de Palácio Nove de Julho, em homenagem aos alunos do Colégio Ministro Costa Manso, um homem intimamente ligado ao Nove de Julho, aos meus queridos colegas da Academia Paulista de Letras aqui presentes, este canto de amor a São Paulo:“Eu te amo, São Paulo. Em teu mistério de chão antigo, em teu delírio de cidades novas e porque teus cafezais correm por meu sangue e tuas indústrias aquecem o ritmo de meus músculos, pela saga de meus mortos que vêm voltando lá do sertão, pela presença dos que partiram, pela esperança dos que vêm vindo - eu te amo, São Paulo.

 Em teu passado em mim presente, em teus heróis sangrando rumos, em teus mártires santificados pela liberdade, em teus poetas e em teu povo de tantas raças, tão brasileiro e universal que - eu te amo, São Paulo.

Pela rosa-dos-ventos do sertão, pelas fazendas avoengas, pelas cidades ancestrais, pelas ruas da infância, pelos caminhos do amor - eu te amo, São Paulo. Na hora das traições, quando tanto se erguem contra ti, no instante das emboscadas quando novos punhais se voltam contra o teu destino - eu te amo. São Paulo.

Pelo crime de seres bom, pelo pecado de tua grandeza, pela loucura de teu progresso, pela chama de tua história - eu te amo, São Paulo.

Desfazendo-me em terra roxa, transformando-me em terra rubra, despencando nas corredeiras do meu Tietê, rolando manso nas águas santas do Paraíba, vivendo em pedra o meu destino nos contrafortes da Mantiqueira, salgando pranto, dor e alegria na areia branca de nossas praias, na marcha firme dos cafezais, nas lanças verdes do canavial, no tom neblina deste algodão, na prece de nossos templos, no calor da mocidade, na voz de nossas indústrias, na paz dos que adormeceram – eu te amo, São Paulo!

Por isso, enquanto viver, por onde andar, levarei teu nome pulsando forte no coração, e quando esse coração parar bruscamente de bater, que eu retorne à terra donde vim, à terra que me formou, à terra onde meus mortos me esperam há séculos; por epitáfio, escrevam apenas sobre meu silêncio, minha primeira e eterna confissão: – eu te amo São Paulo!(Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - MARCO PORTA - PSB - Obrigado, poeta Paulo Bonfim. Gostaria de chamar, para fazer uso da palavra, o maestro Júlio Medaglia.

 

O SR. JÚLIO MEDAGLIA - Excelentíssimos Srs. Deputados, que saúdo na figura do Deputado Marco Porta; Dr. Desembargador Nalini, Presidente da Academia Paulista de Letras; senhoras e senhores, molecada aqui presente, bom-dia.

Morro de inveja de vocês. Quem me dera, quando eu tinha a idade de vocês, poder estar aqui nesta Casa e ter contato com pessoas tão queridas e tão importantes da nossa cultura, como vocês estão tendo no dia de hoje. Realmente seria maravilhoso eu conhecer de perto um Mário de Andrade, um Oswald de Andrade, um Guilherme de Almeida, todas essas figuras que povoaram de tanta beleza esta cidade e este Estado, e fizeram até de São Paulo uma cidade líder da cultura brasileira, nas mais diversas áreas.

Se a gente imagina, quando o cinema se industrializou e teve uma ideia mais de vanguarda, foi feito aqui na Vera Cruz; quando a poesia se revolucionou, em meados do século XX, foi através dos grandes movimentos poéticos de vanguarda, da poesia concreta e da poesia práxis, de Mário Chamie, foi nos grandes arquitetos paulistas que se reuniram e criaram uma arquitetura paulista e fizeram as grandes revoluções, através de um Rino Levi, de um Vilanova Artigas, Salvador Candia e tantos outros.

A própria bossa-nova, música popular brasileira, quando se renovou, veio para São Paulo, através das nossas televisões, fazerem as suas propostas, quando no Rio elas eram contestadas. O Tropicalismo nasceu aqui em São Paulo. Todas essas coisas aconteceram nesta cidade, uma cidade que absorve e industrializa idéias e culturas com tanta facilidade e com tanta criatividade.

Também estiveram aqui em São Paulo e fizeram uso das palavras e das letras poderem se sedimentar. Na realidade, a Academia Paulista de Letras não é uma academia apenas de poetas e literatos, mas é uma academia onde a expressão da palavra traz todos os tipos de mensagem, em todas as linguagens, em todas as formas de expressão cultural e também tecnológica.

Quando se fala a palavra “acadêmico”, às vezes se tem uma ideia de que é uma coisa retrógrada, uma coisa fora de tempo, algo assim. Mas, não. Nesta Academia aqui ninguém está dormindo. Não é um mausoléu. São todos muito ativos, são todas figuras de vanguarda, todas pessoas com grande presença na vida cultural brasileira, provocando suas áreas todas. E nesse sentido, então, é possível ser orgulhoso não só deste prédio maravilhoso do Largo do Arouche, cheio de flores em volta e uma porta bonita de ouro, que vocês devem conhecer, mas também pelo conteúdo que ela armazena e expressa, e faz que este País possa realmente receber essa informação cultural melhor.

Vocês que lidam mais com Internet do que leem, procurem se dar conta de que no fundo a Internet também se comunica através das palavras. É triste a estatística que ouvi ontem no rádio, de que nos Estados Unidos os estudantes leem 10 livros por ano, e foi o país que inventou a Internet, e aqui o estudante só lê dois livros por ano.

Não se esqueçam que a leitura - e a palavra impressa é a palavra como um instrumento de cultura e de ideias, de transmissão de pensamento - ainda vai ser eternamente o veículo mais forte.

Parabéns a vocês. Sejam bem-vindos e apareçam lá na nossa Casa. Eu tive a felicidade de ser eleito agora. Ainda sou um jovem, ainda nem tomei posse, mas espero brevemente fazer parte de um círculo tão maravilhoso de personalidades como essas.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - MARCO PORTA - PSB - Obrigado, Maestro Júlio Medaglia.

Convido para fazer uso da palavra o ex-presidente da Academia Paulista de Letras, Sr. Ives Gandra Martins.

 

O SR. IVES GANDRA MARTINS - Brilhantes Deputados Marco Porta, Olímpio Gomes, caros confrades e confreiras presentes, meus queridos alunos, estudantes, ultimamente sou professor universitário, mas já fui professor de preparação para os cursinhos de vestibular, e apesar da idade, sempre estou em contato com os jovens. A Academia Paulista de Letras, como uma casa de cultura, permite o contato permanente entre os jovens e aqueles que, menos jovens, ou jovens há mais tempo, galgaram a posição de serem acadêmicos na Academia Paulista de Letras.

Espero, olhando essa juventude, um dia ver os 40 aqui presentes também participando da Academia, quando nós já não mais lá estarmos. Enquanto o nosso querido Nalini, o atual presidente, que deu uma nova dimensão à Academia, discursava, fiz um pequeno soneto de agradecimento da Academia para todos vocês:

Aos queridos estudantes

na Assembleia hoje presentes

somos gratos sem rompantes

por em vocês sermos crentes.

 

Aos deputados paulistas

e a todos que aqui estão

bandeira das 13 listas

que brilha no coração.

 

Somos todos os seus filhos,

os filhos dos bandeirantes,

aqueles que novos trilhos

criaram São Paulo d’antes.

Por isso é que neste dia

somos hoje Academia. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - MARCO PORTA - PSB - Obrigado, Ives Martins, ex-presidente da Academia Paulista de Letras.

Gostaria de dizer que para mim é uma honra poder ter ao meu lado o presidente da Academia Paulista de Letras, Nalini, e outros representantes, como o representante do segmento religioso.

Gostaria também de dizer que estaria presente hoje nesta sessão o Vereador Gabriel Chalita. Como todos sabemos, o vereador é um grande escritor, mas não pôde estar presente por conta de seu mandato de vereador na Câmara Municipal de São Paulo, em função de um projeto de lei que está tramitando na Câmara.

É um prazer muito grande poder ter presidido esta sessão com todas essas pessoas ilustres e com vocês, jovens, a quem mais uma vez agradeço por estarem conosco prestigiando o Centenário da Academia Paulista de Letras.

Gostaria de ressaltar mais uma vez a ausência do Deputado Paulo Alexandre Barbosa, que foi, junto comigo, um dos mentores desta sessão. O deputado não pôde estar presente devido a um problema de saúde.

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, aos funcionários desta Casa e àqueles que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e 20 minutos.

 

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