02  DE AGOSTO DE 2010

087ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidente: BARROS MUNHOZ

 

Secretário: EDSON FERRARINI

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - Presidente BARROS MUNHOZ

Abre a sessão.

 

002 - CARLOS GIANNAZI

Comenta denúncias de profissionais da Educação sobre a falta de pagamento do vale-refeição. Cita artigo da "Folha de S. Paulo" sobre a matéria. Apela para que o valor do vale-refeição seja reajustado em favor da categoria.

 

003 - EDSON FERRARINI

Tece considerações sobre a impunidade. Faz paralelo entre o sistema penitenciário do Brasil e dos Estados Unidos. Considera tendencioso o editorial da "Folha de S. Paulo" sobre o uso de drogas. Ressalta a importância de trabalho de prevenção contra o vício. Questiona comparações com a Holanda no que tange à liberação do uso de entorpecentes.

 

004 - EDSON FERRARINI

Menciona que a droga é a base da criminalidade. Enaltece a importância da prevenção. Faz histórico sobre a evolução do problema no indivíduo. Combate a apologia à maconha. Rebate declarações do ex-presidente Fernando Henrique sobre a descriminalização das drogas. Recorda efeitos da aprovação da lei antifumo.

 

005 - CARLOS GIANNAZI

Critica o Governo FHC no que tange à Educação. Faz convite aos Parlamentares para audiência pública com os funcionários do Judiciário, dia 04/08, às 16 horas, no auditório Franco Montoro, para debater questões relativas à greve do setor. Solicita apoio para a criação de CPI do Judiciário. Informa que a categoria está em greve há 94 dias.

 

006 - CARLOS GIANNAZI

Fala que o Conselho Nacional de Justiça deve investigar a atuação do Judiciário. Comenta que a CPI do Judiciário é uma questão que deve envolver todos os partidos. Informa que foi sugerida inspeção no STJ ao Conselho Nacional de Justiça. Dá conhecimento de caravanas dos servidores em direção à Brasília, para fazer reivindicações. Ressalta que o movimento da categoria é pacífico e legítimo. Considera violenta a ação da Tropa de Choque contra os servidores.

 

007 - Presidente BARROS MUNHOZ

A pedido do Deputado José Bruno, cancela sessão solene, marcada para o dia 09 de agosto, às 20 horas, que teria a finalidade de "Homenagear as Entidades Envolvidas com o Trabalho Social"

 

008 - DONISETE BRAGA

Menciona expectativa sobre os debates dos candidatos ao Governo do Estado. Ressalta a necessidade de investimentos em cultura e lazer. Comenta erros de planejamento do Rodoanel no que se refere às alças de acesso à rodovia. Repudia valores cobrados pelos pedágios no Estado.

 

009 - CARLOS GIANNAZI

Manifesta apoio ao pronunciamento do Deputado Donisete Braga. Cita que o Estado de São Paulo tem o maior número de pedágios no mundo. Repudia o fechamento de vagas de estacionamento no bairro de Moema. Ressalta que a atitude foi tomada sem o conhecimento da população. Dá conhecimento de abertura de inquérito civil contra a Prefeitura de São Paulo e a CET sobre fechamentos das citadas vagas. Justifica que tal medida desfavorece o comércio e causa desemprego.

 

010 - CARLOS GIANNAZI

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

 

011 - Presidente BARROS MUNHOZ

 Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 03/08, à hora regimental, com ordem do dia. Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Barros Munhoz

 

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O SR. PRESIDENTE – BARROS MUNHOZ - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Edson Ferrarini  para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO – EDSON FERRARINI - PTB - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

                                  PEQUENO  EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fausto Figueira. (Pausa.) Tem a palavra o  nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR – Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público presente, telespectadores da TV Assembléia, gostaria de dizer que quando achávamos que o pior já tinha acontecido em relação ao massacre sofrido pelos professores, pelos profissionais da Educação aqui no  Estado de São Paulo, algo pior vem acontecendo agora nos últimos dias. Temos recebido aqui no nosso gabinete e também nas escolas que visitamos fazendo diligências, diversas denúncias de profissionais da Educação dizendo que não estão recebendo o vale-refeição, um direito garantido por lei a todos os servidores do Estado de São Paulo. Alguns professores não recebem o vale-refeição desde fevereiro deste ano, inclusive hoje a "Folha de S.Paulo" traz uma matéria dando conta da gravidade dessa situação: “São Paulo atrasa alimentação de professor. Docentes da rede estadual não recebem auxílio desde fevereiro. Governo afirma que o problema será corrigido.” Ou seja, um verdadeiro absurdo, um absurdo em cima de um absurdo, primeiramente porque o valor desse vale-refeição é de apenas quatro reais e não é à toa que os professores dizem que é um vale-coxinha porque o valor é tão baixo e humilhante que daqui a alguns dias não vai dar nem para comprar uma coxinha e um refrigerante. Quatro reais é o valor do vale-refeição de um professor da Rede Estadual de Ensino. Uma humilhação, uma afronta à dignidade dos profissionais da Educação, uma afronta à escola pública e à própria população que utiliza o serviço público da Secretaria da Educação. Um Estado que paga quatro reais de vale-refeição para o professor não é um estado digno, não é um estado sério. Não bastasse esse valor humilhante para os profissionais da Educação e todos os servidores que recebem esse auxílio, o Estado não está pagando. Desde fevereiro que milhares e milhares de profissionais da Educação não estão recebendo o vale-refeição, conhecido como vale-coxinha. Portanto, exigimos que o Governo do Estado tome providências regularizando essa situação, sobretudo reajustando o vale-refeição. Foi por isso que nós, já há um bom tempo, apresentamos um projeto de lei, inclusive já aprovado em todas as comissões da Casa, propondo reajustar o vale-refeição dos profissionais da Educação e demais servidores de acordo com o salário-mínimo regional, o que daria algo aproximado a 15, 20 reais, que seria o mínimo a ser oferecido aos servidores do Estado. Assim, apelamos para que o nosso projeto seja aprovado porque ele reajusta o vale-refeição dos professores de acordo com o reajuste do salário-mínimo estadual, ou seja, o mínimo que o Estado poderia oferecer em relação à manutenção da dignidade dos professores, que já têm um salário de fome, que trabalham em condições precárias. Professores são vítimas da violência nas escolas, professores trabalham em salas superlotadas, professores têm dificuldade de trabalhar com a questão da aprovação automática, professores são vítimas de assédio moral e perseguidos dentro da Lei da Mordaça. Mesmo tendo aprovado aqui o fim da Lei da Mordaça, muitos profissionais da Educação estão sendo perseguidos. Professores não têm o direito à liberdade de expressão, de manifestação e de opinião. Não bastasse isso, o professor da rede estadual recebe um vale-alimentação de quatro reais e neste momento, por uma falha técnica, segundo o Governo, os professores não estão recebendo nem os quatro reais.

Que o Governo tome providências imediatas - Secretaria de Gestão Pública e Secretaria de Educação - regularizando essa situação e reajustando o vale-refeição de todos os servidores.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra  o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Felício. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini, pelo tempo regimental.

 

  O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente Barros Munhoz, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, amigos da TV Assembleia, temos mostrado que o problema da impunidade no Brasil passa pela nossa legislação penal. Vamos falar sobre esse tema, trocar mais ideias e mostrar o porquê de no Estado de São Paulo 95% dos crimes ficarem impunes e sabemos que deputado estadual não pode legislar sobre esse tema. Pela nossa legislação o crime compensa. Nos Estados Unidos, onde há uma legislação mais severa, para uma população de 300 milhões de habitantes há dois milhões encarcerados. No Brasil, com uma população próxima de 200 milhões, há 400 mil encarcerados. Mas o indivíduo não cumpre pena aqui. Ele tem todas as reduções e não há nenhum acompanhamento. Há projetos em tramitação objetivando acompanhar, via satélite, o preso. No Brasil tudo é feito para beneficiar o delinquente. Agora, precisa ter vontade política do presidente da República; o governo precisa ter vontade política para alterar essa situação. É preciso uma lei federal, não pode ser uma lei feita por deputado estadual. Por isso temos feito indicações, sugestões, pois não podemos fazer a lei.

  Da mesma forma o problema das drogas, que faz com que 50% das cadeias sejam ocupadas. Sobre esse problema, o que está faltando no âmbito de Brasil? Prevenção. O que é prevenção? É o governo federal determinar como os 5.500 municípios brasileiros devem atuar orientando os nossos filhos, falando com os jovens. Isso não está sendo feito, pelo contrário. Sou assinante da Folha de S.Paulo e li outro dia o Editorial falando da maconha e ele é altamente tendencioso à liberação da droga. Não vi ainda um editorial cobrando do presidente da República e dos municípios um trabalho de prevenção. Dizer que o presidente Fernando Henrique é favorável à descriminalização da maconha é péssimo, mas toda vez que ele fala isso ganha uma página inteira do jornal. Eu mantenho há 38 anos um centro de recuperação onde recebo 150 viciados às terças-feiras, 150 às quintas, e, para eu divulgar uma linha, tenho que pagar para o jornal de bairro. O presidente Fernando Henrique fala a favor da maconha, o que é péssimo. O jovem vê isso e pensa: se o ex-presidente da República fala que a maconha precisa ser descriminalizada é sinal que ela não faz mal. É terrível o estelionato mental que o presidente Fernando Henrique e outros usam quando querem liberar a maconha e quando eles comparam com a Holanda. Esquecem de explicar que a Holanda é menor que o estado do Espírito Santo; que a Holanda cabe 14 vezes dentro de Minas Gerais; que a Holanda cabe 208 vezes dentro do Brasil. Nenhum país do mundo liberou a maconha. Na Holanda é completamente diferente e os holandeses têm vergonha disso. Fala-se: a Holanda tem o futebol, o Ajax, a Laranja Mecânica; e vende maconha. A Holanda tem mais coisas para mostrar, tem um povo maravilhoso, trabalhador. Mas não, a Holanda é a porta de entrada da droga do mundo. E não é liberada, nem na Holanda e em nenhum outro país do mundo.

Aqui temos de falar sobre prevenção. A grande notícia é que o governador José Serra é frontalmente contrário à liberação de qualquer tipo de droga, como o mundo pede. Estive com o governador José Serra inaugurando algumas clínicas de recuperação em São Paulo, e em todas as vezes ele disse o quanto lamenta o uso da droga.

Voltaremos a esse assunto porque ele é muito importante e diz diretamente respeito à saúde dos nossos filhos e do povo brasileiro.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado André Soares.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Barbosa.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Eli Corrêa Filho.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Garcia.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Rita Passos.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Bruno Covas.

Esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente, Deputado Barros Munhoz, como estava falando, o problema da droga está na base da criminalidade; 50% das pessoas entram na droga, que as levam ao crime. Mas como a droga se associa ao crime? Uma pessoa de bem pode começar a fumar um cigarro de maconha aos 13, 15 anos de idade. Como isso não tem cura, o mundo não tem  remédio que possa curar uma pessoa drogada - por isso tenho pacientes que foram internados 10, 20, 30 vezes em internações de três, seis meses – resta fazer a prevenção para ele não usar. No começo, ele obtém a droga com pequenos gastos, até pedindo dinheiro ao pai; depois ele vai pedindo um pouco mais; depois ele faz pequenos tráficos; depois aparece um grupo de amigos e um revólver, acontece um assalto e aí a droga se encontra com o crime, o que é inevitável, porque ele vai ter vontade e necessidade da droga porque seu organismo pede. Ele não busca nenhum local que possa ajudá-lo a estacionar o vício, que é o que podemos fazer. E muitas pessoas fazem apologia da maconha. Outro dia comprei vários bujões de gás, peguei bexigas e as enchi com a mensagem mostrando que elogiar a maconha é propaganda enganosa, mostrando que as famílias precisam estar informadas para dar a seu filho a consciência dele saber dizer não, porque a droga vai vir pela mão do melhor amigo, do namorado ou namorada.

O Presidente Fernando Henrique Cardoso - que tem vários espaços na mídia, é um homem com um currículo brilhante, sociólogo, uma vida repleta de estudos, professor; mas defender a maconha?!

Presidente Fernando Henrique Cardoso, invente outra coisa. Vamos falar das pessoas que estão morrendo na maca no corredor dos hospitais, vamos falar das escolas onde faltam professores; encampe essa briga. Professor Fernando Henrique Cardoso - o senhor que gosta de ser chamado de professor - encampe os problemas da Educação de São Paulo e do Brasil; encampar a liberação da maconha, é ficar contra a nossa juventude.

Parece que no PSDB - ainda bem - ele é a voz solta. Os demais integrantes parecem que são tomados pela razão e, consequentemente, são contra essa situação. Portanto, falar dessa forma a respeito da maconha é uma propaganda enganosa.

Presidente Fernando Henrique Cardoso, aprovamos aqui a lei - do Governador José Serra - contra o fumo. Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, essa lei aprovada por esta Casa fez com que o INCOR recebesse de 20 a 30 por cento a mais de pessoas buscando ajuda para deixar o vício do fumo. Agora os jovens sabem que fumar faz mal, o cigarro faz mal e isso dificulta o ingresso dos jovens no vício do cigarro. Essa lei aprovada  na Assembleia Legislativa foi imitada por dezessete dos estados brasileiros; a lei antifumo, que aprovamos aqui, é modelo do Brasil. O Presidente Fernando Henrique Cardoso, lamentavelmente, um homem que tem netos, um homem que tem um passado de trabalho e de cultura, se prestar, agora, à defesa da liberação da maconha? Vai com o nome de descriminalização, mas, no fundo, o que eles querem é vender maconha em charutaria. Isso é agora. Da próxima vez vão dizer que “é bom ter, também, cocaína na charutaria”. Por que cocaína? Para não comprar cocaína impura; vai fazer mal para a saúde, vai afetar o pulmão; o mesmo será dito da maconha.

E qual é a polêmica? O Presidente foi falar no Rio de Janeiro sobre a descriminalização da maconha no morro. E o que o morro exigiu? “Tudo bem, vai descriminalizar, mas quem faz a distribuição é o morro. Não vai se constituir a Maconhabras, uma instituição brasileira para distribuir maconha para o Brasil; não, não! É o morro”. Só que outro morro está dizendo: “não, não, no Rio de Janeiro somos nós”. Outro já está dizendo: “não, não, no Rio de Janeiro é outro morro que fará a distribuição”. Olha a inutilidade, o desserviço que o Presidente Fernando Henrique Cardoso - um homem de tamanha cultura - está fazendo para os nossos filhos e para a juventude!

A boa notícia é que o Governador José Serra é absolutamente contrário à liberação de qualquer tipo de droga, ou qualquer facilitação para as drogas. Por isso, eu que há 38 anos recupero pessoas, salvo vidas, defendo nossos filhos, estou aqui desta tribuna, que o povo me deu,  para defender e dizer que a maconha mata, a maconha é o primeiro degrau para todas as outras drogas. Se você colocar a maconha como uma opção de vida, estará tirando do jovem a opção do esporte, a beleza da família, a beleza de Deus, enfim, está tirando uma série de situações para o jovem.

Estamos aqui; vamos continuar nossa luta; esta é nossa trincheira. A "Folha de S.Paulo" concede uma página inteira a Fernando Henrique quando ele fala a favor. Mas estamos de mãos dadas, eu e você, telespectador da TV Assembleia, na defesa dos nossos filhos. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Bruno Covas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ricardo Montoro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

  O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, inicialmente gostaria de tecer alguns comentários sobre o pronunciamento do Deputado Edson Ferrarini, em relação à citação do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, no tópico da Educação.

  O nobre Deputado Ferrarini sabe muito bem que o ex-Presidente Fernando Henrique teve a oportunidade de melhorar a Educação neste País porque foi Presidente durante dois mandatos e nada fez pela Educação, não investiu no Ensino Fundamental e no Ensino Médio e nem nas nossas Universidades públicas. Ao contrário, prestou um grande desserviço implantando uma política de privatização do ensino e vetando um artigo importante, que foi aprovado no Plano Nacional de Educação, em 2001, e que obrigava o Brasil a investir no mínimo 7% do PIB em Educação pública.

  Mas o Presidente Fernando Henrique vetou esse artigo do Plano, o que representou um verdadeiro retrocesso histórico para a Educação, principalmente a educação pública no País. Por isso, o Deputado Ferrarini nem deveria se preocupar mais em ficar chutando um cachorro morto político. Nem o ex-Governador Serra tem defendido o governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso.

  Sr. Presidente, vamos realizar uma grande audiência pública na próxima quarta-feira, dia 04 de agosto, no Plenário Franco Montoro, às 16 horas, em defesa e apoio ao movimento dos servidores do Judiciário, que estão sendo massacrados e humilhados pelo Tribunal de Justiça. Continuamos colhendo assinaturas para a instalação de CPI do Judiciário.

  Os servidores estão em greve há mais de 94 dias porque o Tribunal de Justiça não respeita a lei. O Tribunal de Justiça, que é o guardião da lei, que deveria respeitar minimamente a legislação, principalmente a legislação trabalhista, não respeita; não respeita a data-base salarial dos servidores do Judiciário, cuja lei foi aprovada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo desrespeita princípios constitucionais importantes, como por exemplo o direito de livre manifestação em espaços públicos: todas as assembléias, realizadas às quartas-feiras na Praça João Mendes, são proibidas. O Tribunal de Justiça não permite que os servidores façam manifestações, que realizem as assembléias sindicais na Praça João Mendes, no centro de São Paulo. As associações são obrigadas a recorrer à própria Justiça, com liminares, com mandados de segurança para exercer um princípio constitucional, que é o direito de livre manifestação em espaços públicos, como reza a nossa Constituição Federal, cujo Art. 5º diz que não há necessidade de pedido de autorização para a realização de manifestações pacíficas e públicas em espaços públicos. Há necessidade apenas de um prévio aviso, mas não de autorização. No entanto, os servidores do Judiciário são obrigados a recorrer à própria Justiça, que está contra o movimento dos trabalhadores do Judiciário. Como disse, estão sendo humilhados e massacrados. Há inclusive servidores fazendo greve de fome na porta do Fórum João Mendes. Esse movimento, que tem todo o nosso apoio, está revelando o que vem acontecendo na Justiça do Estado de São Paulo: a falta de gestão democrática na execução orçamentária. Recebemos um dossiê imenso que está sendo fundamentado para o nosso pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito do Judiciário, com várias aberrações. Por exemplo, que os juízes têm um vale-livro de cinco mil reais, ou que, para fazer um plantão, recebem três mil reais.

  Na próxima quarta-feira, dia 4, às 16 horas, realizaremos uma grande audiência pública no Plenário Franco Montoro, e estamos convidando todos os 94 Deputados, inclusive Vossa Excelência, nobre Deputado Barros Munhoz, que é o Presidente da Assembleia Legislativa. Já enviamos convite também para o presidente do Tribunal de Justiça, para o presidente do Conselho Nacional de Justiça, para o presidente do Tribunal de Contas do Estado e para o Ministério Público Estadual. Queremos realizar um grande debate para tentar resolver essa situação de intransigência. Há um autoritarismo por parte do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que não vem respeitando a legislação. O Presidente do TJ não negocia diretamente, mas envia comissões. Tentamos até montar uma comissão de deputados para ajudar, mas os deputados não foram recebidos pelo presidente do Tribunal de Justiça, que enviou uma comissão para negociar.

Nós votamos o Orçamento do TJ e queremos saber como é gasto o dinheiro do Tribunal de Justiça. Esse é o motivo da realização dessa grande audiência pública, com todos os servidores do Judiciário do Estado de São Paulo.

  Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

  O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

  O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Gostaria de concluir esse assunto do Judiciário, Sr. Presidente, que para nós é fundamental e pertinente. A sociedade tem acompanhado que o Judiciário vive uma grande crise, sem nenhum controle social. É um poder incontrolável e intocável e a sociedade não sabe como funciona o seu processo de execução orçamentária. Isso é muito sério. É por isso que foi criado o Conselho Nacional de Justiça, para fiscalizar os Judiciários dos nossos estados. Ele vem numa boa hora e nós aqui saudamos a sua criação.

O nosso mandato vem tomando várias providências nesse sentido. Primeiro, apresentamos o pedido para a instalação da CPI do Judiciário. Já temos 19 assinaturas de vários partidos, inclusive da base governista. Por exemplo, o Deputado Pedro Tobias - o mais votado da Assembleia Legislativa e do PSDB -, assinou o pedido de CPI porque a situação é muito grave e merece a atenção de todos os partidos. É uma questão suprapartidária.

É por isso que estamos tendo adesão de deputados também da própria situação. Já acionamos o Conselho Nacional de Justiça, pedindo para que faça uma inspeção, uma audiência pública no TJ de São Paulo, como será feito agora em relação ao Ministério Público. O Conselho Nacional do Ministério Público irá fazer uma inspeção no Ministério Público do Estado de São Paulo. Estamos reivindicando que o Conselho Nacional de Justiça venha para São Paulo e realize uma audiência pública no TJ, porque os documentos enviados pelas associações são sérios e comprometedores. O Conselho Nacional de Justiça e a Assembléia Legislativa têm que investigar também. Por isso que apresentamos o nosso pedido de instalação de uma CPI - e ele é muito bem fundamentado.

  Quero informar também que os servidores já partiram hoje para Brasília,  em 20, 30 ônibus, porque não encontram solução no Estado de São Paulo. Há uma omissão aqui de todos os Poderes.

Como ninguém pode com o Poder Judiciário, eles foram recorrer a Brasília. Estarão fazendo amanhã uma grande manifestação em frente ao Supremo Tribunal Federal, novamente reforçando a intervenção do Conselho Nacional de Justiça para que os servidores sejam respeitados aqui nos seus direitos básicos trabalhistas.

Os trabalhadores do Judiciário não são respeitados na questão da lei do dissídio salarial. Eles estão em estado de greve, em dissídio coletivo de trabalho. Quando há dissídio não pode, por exemplo, ocorrer o corte de ponto. Isso é proibido por lei. No entanto, os servidores já estão passando fome porque o TJ está sendo extremamente duro e não respeita o dissídio, descontando os dias parados.

Foi montado, inclusive, o fundo de greve para auxiliar na cesta básica desses servidores. A situação é grave no Estado de São Paulo. É por isso que pedimos apoio de todos os deputados, 94 deputados aqui da Assembléia Legislativa de São Paulo, do Tribunal de Contas, do Ministério público.

Alguém tem que respeitar a lei. Se o Tribunal de Justiça rasga a Constituição Federal e a joga no lixo, não respeitando a legislação trabalhista, a quem esses trabalhadores vão recorrer? Por isso que estamos irmanados, apoiando e prestando o nosso apoio, a nossa solidariedade às associações e a esse movimento pacífico, democrático e legítimo dos servidores do Judiciário do Estado de São Paulo.

Eu não poderia deixar de mencionar que há três semanas o Tribunal de Justiça acionou o aparato repressivo do Estado contra os trabalhadores. Houve espancamento,  repressão da Tropa de Choque da Polícia Militar, acionada contra uma assembléia trabalhista dos servidores, machucando servidores do Judiciário como fez o Governador José Serra jogando a cavalaria contra as professoras e os professores, contra os servidores da Segurança Pública, na porta do Palácio dos Bandeirantes, há dois anos. O TJ se iguala ao Poder Executivo reprimindo, com aparato repressivo do Estado, as manifestações sindicais, populares e sociais, reforçando o que estamos denunciando aqui exaustivamente, que é o processo de criminalização dos movimentos sociais no Estado de São Paulo. 

Por tudo isso, vamos realizar uma grande audiência pública aqui. Espero que o presidente do Tribunal de Justiça compareça para discutir, porque os trabalhadores querem negociar, querem voltar ao trabalho, mas não voltarão humilhados dessa maneira.

Essa audiência pública da quarta-feira vai ser fundamental para que possamos ajudar a encontrar uma saída para essa grave crise no Poder Judiciário no Estado de São Paulo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, esta Presidência, atendendo solicitação do Deputado José Bruno, cancela a Sessão Solene convocada para o dia 9 de agosto, de 2010, às 20 horas, com a finalidade de homenagear as entidades envolvidas com o trabalho social.

Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Sr. Presidente Barros Munhoz, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, leitores do Diário Oficial, telespectadores da TV Assembléia, assomo a esta tribuna porque não poderia deixar de falar sobre o processo eleitoral que já está em curso, quando os eleitores irão às urnas para escolher os candidatos a presidente, governadores, senadores e deputados federais e estaduais, sem falar da importância do debate político para o Estado de São Paulo, o estado mais rico do País. Portanto, enquanto cidadão - não apenas como deputado - aguardo com muita expectativa um grande debate em relação às principais políticas públicas do Estado. Temos visitado várias regiões do Estado e a população tem apontado como um tema preocupante a Segurança Pública. Esse tema causa uma grande angústia à população do Estado, que quer saber que tipo de política teremos nessa área no próximo governo. Os policiais militares e civis ainda ganham um péssimo salário no Estado de São Paulo. Temos ainda uma questão mal resolvida quanto à questão Fundação Casa. Temos visitado a Fundação Casa e constatado que não existe uma política efetiva de recuperação da criança e do adolescente e é fundamental apontar um norte para esse tema tão importante. Precisamos estruturar políticas públicas que possam recuperar os nossos adolescentes. Isso tem a ver com investimentos nas políticas de esporte, lazer, cultura, formação e qualificação, inclusive da nossa juventude. Outro tema que atinge diretamente a minha região é o traçado Sul do Rodoanel. Acompanhamos todo o processo de obras e ainda há um grande déficit por parte do Estado quanto às alças de acesso, especialmente nos municípios de Diadema, São Bernardo e Santo André. Muitos bairros ficaram ilhados e sofrem com a falta dessas alças de acesso. Outra preocupação da população do ABC está relacionada aos pedágios. O cidadão que vai acessar o Rodoanel em Mauá vai pagar um pedágio e se for acessar a Anchieta sentido Capital, um percurso de menos de 10 minutos, vai pagar um segundo pedágio. Este é um tema que preocupa não só a população do ABC, mas de todo o nosso Estado. Portanto, é um tema importante que merece a atenção dos candidatos ao governo do Estado: os pedágios no Estado de São Paulo, que têm valores exorbitantes. Pedágios e Segurança Pública são temas que a população tem nos questionado e espero que possamos apresentar para os eleitores em 03 de outubro a melhor proposta para resolvermos de uma vez por todas essas questões tão emblemáticas no Estado de São Paulo.

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, o Deputado Donisete Braga acabou de fazer um pronunciamento importante e com uma visão crítica sobre a farra dos pedágios no Estado de São Paulo.

Sobre esse tema gostaria de lembrar que de janeiro até julho as concessionárias de pedágios neste Estado já faturaram mais de três bilhões de reais, dados publicados no período de recesso parlamentar. O Estado de São Paulo é o que tem o maior número de pedágios na América Latina e tem os pedágios mais caros do mundo, igualando-se aos dos Estados Unidos, Japão e Europa. É um verdadeiro absurdo. São mais de 260 praças de pedágios em todo o Estado, por isso o nosso movimento, a frente constituída contra a farra dos pedágios no Estado de São Paulo.

            Vou abordar outro tema também relacionado ao transporte, mas aqui da capital, da cidade de São Paulo. Temos denunciado aqui medida arbitrária, autoritária e danosa tomada pela Prefeitura de São Paulo. Trata-se da proibição de estacionar em ruas de alguns bairros. São medidas tomadas sem consultar as entidades que representam os moradores, os lojistas. Em Moema aconteceu algo extremamente nefasto para a população. De forma autoritária a Prefeitura de São Paulo, pela Secretaria de Transportes e CET, fechou mais de 3.200 vagas de estacionamento. Isso vem causando grandes transtornos, prejuízos gravíssimos para os trabalhadores do comércio de ruas, das lojas, para os lojistas e para os moradores. Está havendo desemprego em massa nesse bairro com o fechamento de lojas e transtornos aos próprios moradores, que são contra essa medida. Houve um processo de privatização das ruas de Moema.

Como havia uma intransigência por parte do governo de não receber o movimento de moradores, de lojistas e trabalhadores fomos ao Ministério Público Estadual e recentemente fomos contemplados com uma medida importante, que foi a abertura de um inquérito civil para investigar a Prefeitura, a Secretaria Municipal de Transportes e também a CET por conta dessas medidas que só estão criando prejuízos e transtornos para toda a população, mas principalmente para trabalhadores que estão sendo demitidos porque não há mais movimento no comércio local.

  Já tivemos várias reuniões com a CET e estávamos encaminhando uma readequação desse processo de fechamento de ruas, mas a CET voltou atrás juntamente com a Secretaria de Transportes dizendo que era por conta de uma possível intervenção do Ministério Público. Fomos ao Ministério Público, conversamos com o promotor Dr. Carlos Cardoso, que analisa esse caso e que pediu o inquérito. Ele disse que não há nenhum óbice, nenhuma restrição a que a CET promova as mudanças, que inclusive volte atrás no fechamento dessas ruas.

  O fato é que o que a população reivindica é que haja uma readequação, que se volte ao estado original porque não havia e não há necessidade de proibir o estacionamento nas ruas desse bairro, até porque não são ruas de acesso.

  Enquanto a Prefeitura e o Estado não investirem pesadamente em transporte sobre trilhos nesta cidade, não haverá solução para o trânsito da capital e da Grande São Paulo. Por isso que nosso movimento tem sido para pressionar os governos, inclusive o federal, que também tem obrigação de investir em metrô, em trem. Nosso problema de transporte público só será solucionado se houver investimento maciço em transporte sobre trilho - trem e metrô. Então, essa medida inócua e estéril que a prefeitura tomou vem prejudicando a população não só do bairro de Moema, mas também as pessoas que precisam ir até Moema nos consultórios médicos, dentários, psicólogos, e de tantos outros serviços prestados à população da nossa cidade.

Fica nosso apelo ao prefeito Gilberto Kassab e ao novo secretário de Transportes, que também acumula o cargo de presidente da CET, para que providências sejam tomadas e para que o governo faça uma autocrítica e volte atrás. Não tem problema nenhum voltar atrás, porque são grandes os prejuízos para a população de Moema: trabalhadores desempregados, lojas sendo fechadas e transtornos imensos para os moradores.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças, solicitamos o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças, antes de dar por levantados os trabalhos, convoco V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da sessão de 30 de junho.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 26 minutos.

 

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