http://www.al.sp.gov.br/web/images/LogoDTT.gif

 

 

24 DE JUNHO DE 2013

092ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO, FRANCISCO CAMPOS TITO, ORLANDO BOLÇONE e RAMALHO DA CONSTRUÇÃO

 

Secretário: ALEX MANENTE

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão. Cumprimenta a população de Jacupiranga pelo aniversário do município.

 

002 - OLÍMPIO GOMES

Comenta o cancelamento do aumento do aumento dos pedágios, anunciado pelo governador Geraldo Alckmin. Considera abusivo os preços praticados pelas concessionárias das rodovias. Lamenta a morte do soldado da Polícia Militar, Valmir Quinto dos Santos, assassinado em Suzano. Anuncia apoio a assembleia geral dos policiais do estado, no próximo dia 04/06, reivindicando melhorias salarial e de condições de trabalho.

 

003 - FRANCISCO CAMPOS TITO

Assume a Presidência.

 

004 - JOOJI HATO

Discorre sobre a fuga do cachorro Beethoven, do seu escritório, neste final de semana. Afirma que o animal foi encontrado no supermercado Extra, na Vila Clementino. Agradece àqueles que ajudaram na procura do cão.

 

005 - CARLOS GIANNAZI

Comenta a redução das tarifas de transporte público em São Paulo. Afirma que o Governo do Estado e a Prefeitura foram obrigados a tomar tal atitude por conta da pressão popular. Critica o sistema de cobrança de pedágio nas estradas de São Paulo. Lê texto do educador Paulo Freire a respeito das manifestações de protesto. Combate portaria da Prefeitura de São Paulo que impôs calendário de reposição de aulas no mês de julho.

 

006 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

007 - LUIZ CLÁUDIO MARCOLINO

Critica projeto do Governo do Estado que prevê a privatização de diversos parques estaduais. Cita contrariedade da população da região do entorno do parque do Jaraguá com esta proposta. Combate o que considera um excesso de privatizações por parte dos sucessivos governos estaduais do PSDB.

 

008 - MARCOS MARTINS

Discorre sobre o protesto realizado pela população contra a privatização do parque do Jaraguá. Considera abusivos os preços dos pedágios das estradas de São Paulo. Critica os sistema de transporte coletivo sobre trilhos gerenciado pelo Metrô e pela CPTM.

 

009 - Presidente JOOJI HATO

Saúda 23 cidades por ocasião de seus respectivos aniversários.

 

010 - WELSON GASPARINI

Lamenta a morte do manifestante Marcos Delafrate, que foi atropelado em Ribeirão Preto, durante protesto contra o aumento das passagens do transporte coletivo. Apoia as recentes manifestações, por todo o País, contra a corrupção. Afirma que a grande causa da corrupção é a impunidade.

 

011 - JOSÉ BITTENCOURT

Informa a realização de sessão solene com a finalidade de homenagear "PMs de Cristo". Discorre sobre os objetivos e a atuação do grupo.

 

GRANDE EXPEDIENTE

012 - RAMALHO DA CONSTRUÇÃO

Informa que, amanhã, deve ser realizado o I Simpósio Internacional de Segurança Cidadã, nesta Casa. Manifesta expectativa de encontrar solução para a questão da Segurança Pública. Discorre sobre os problemas enfrentados no dia-a-dia profissional dos professores. Questiona a razão de debates só virem à tona nos prelúdios da Copa do Mundo de Futebol. Comenta a importância do exemplo familiar na construção da cidadania. Considera que o combate ao consumo de drogas diminuiria o tráfico. Cita mortes de funcionários da construção civil por uso da droga "oxi".

 

013 - ADRIANO DIOGO

Menciona a importância de análise de projeto de lei, do Tribunal de Justiça, que solicita a criação de 610 cargos. Fez projetar e comenta emenda aglutinativa à matéria, apresentada pelo PT. Lê e comenta o Projeto de lei nº 232/2013, de sua autoria, que autoriza a CDHU a tomar providências quanto à proteção de mutuários em situação de vulnerabilidade social.

 

014 - ORLANDO BOLÇONE

Assume a Presidência.

 

015 - JOOJI HATO

Cita casos de arrastões ocorridos na Grande São Paulo. Mostra foto e conta a história de fuga de seu cão "Beethoven". Faz agradecimentos às pessoas que se mobilizaram no resgate do animal. Considera legítimas as manifestações ocorridas no País por representar a insatisfação da população em diversas áreas sociais. Afirma que a violência consome recursos do SUS. Comenta que os empresários do transporte ganham muito dinheiro, enquanto a população sofre com serviço de má qualidade e tarifas altas. Menciona que o Brasil apresenta condições territoriais e climáticas propícias para seu desenvolvimento. Combate o superfaturamento nas obras da Copa do Mundo de Futebol.

 

016 - JOÃO PAULO RILLO

Faz reflexão sobre o significado das manifestações no País. Anuncia a apresentação de vídeo que explica o que são opiniões de esquerda e de direita e auxilia na formação de opinião sobre o assunto. Elogia a didática do vídeo. Considera tendenciosa a cobertura da mídia de grande massa. Comenta que, a seu ver, a grande mídia influencia a opinião da população. Lê trecho da carta do Movimento Passe Livre à presidente Dilma Rousseff. Afirma que os movimentos, quando feitos com foco e de maneira organizada, geram conquistas.

 

017 - ADRIANO DIOGO

Pelo art. 82, anuncia a apresentação de vídeo "Dilma 2012 - O Fim está Próximo", feito na campanha presidencial de 2010, que relata um possível governo de Dilma Roussef e os efeitos negativos de supostas ações da candidata para o Brasil.

 

018 - RAMALHO DA CONSTRUÇÃO

Assume a Presidência.

 

019 - ORLANDO BOLÇONE

Pelo art. 82, discorre sobre o momento histórico por qual passa o País. Menciona a importância da defesa das instituições, por considerar que são os meios representativos da população. Afirma que o momento é de aprendizado no sentido de melhorar a Nação. Destaca a necessidade de contribuição por parte dos agentes políticos.

 

020 - JOOJI HATO

Assume a Presidência. Convoca uma sessão extraordinária, a realizar-se hoje, às 19 horas.

 

021 - ALCIDES AMAZONAS

Pelo art. 82, reflete sobre as manifestações em curso no País. Apoia a mobilização pela redução da tarifa de transporte público. Afirma que pouco se discutiu sobre os lucros dos empresários do setor. Comenta manifestação das centrais sindicais em Brasília, sobre a redução da jornada de trabalho. Cita benefícios da medida. Comenta questões do fator previdenciário e lamenta as perdas quando da aposentadoria. Lembra que o contingente das passeatas é constituído, em sua maioria, por jovens. Recorda as propostas sobre reformas política, tributária, trabalhista e previdenciária. Questiona a reforma trabalhista na gestão FHC. Menciona o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff. Saúda a Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, por sua ação em manifesto em frente à Prefeitura de São Paulo. Repudia o boato de que a redução da tarifa levaria à demissão de cobradores de ônibus. Lembra projeto de sua autoria sobre a categoria, quando vereador paulistano.

 

022 - ALCIDES AMAZONAS

Pede a suspensão dos trabalhos por vinte minutos, por acordo de Lideranças.

 

023 - Presidente JOOJI HATO

Defere o pedido e suspende a sessão às 16h43min; reabrindo-a às 17h01min.

 

024 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, saúda moradores mobilizados nas galerias deste plenário, contra a aprovação do PL 650/12, que trata da privatização de patrimônio público. Saúda as várias pessoas que estão se mobilizando nas ruas do País. Informa que governador afirmou que não deve aumentar os valores dos pedágios, o que ocorreria em 01/07. Faz projetar e comenta entrevista do educador Paulo Freire. Elenca os imóveis que poderão ser vendidos, se aprovado o projeto citado. Pede redirecionamento das propostas do Executivo. Adianta que deve obstruir o processo, como líder do PSOL.

 

025 - LUIZ CLÁUDIO MARCOLINO

Pelo art. 82, destaca projetos do Executivo, em regime de urgência, que a bancada considera danosos à população, como o que trata da venda de parques públicos. Cita ato, realizado em 23/06, com movimentos de moradia. Combate o PL 650/12, que trata da privatização de próprios públicos. Adianta que a bancada do PT deve obstruir o projeto. Recorda as privatizações feitas ao longo desta gestão tucana.

 

026 - CARLOS GIANNAZI

Requer o levantamento da sessão, com anuência das lideranças.

 

027 - Presidente JOOJI HATO

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 25/06, à hora regimental, com Ordem do Dia. Lembra a realização da sessão extraordinária, às 19 horas de hoje; como também da sessão solene, hoje às 20 horas, para homenagear os PMs de Cristo. Levanta a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Jooji Hato.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Alex Manente para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - ALEX MANENTE - PPS - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Olímpio Gomes.

Esta Presidência comunica que no último domingo foi aniversário da cidade de Jacupiranga. Em nome de todos os deputados, esta Presidência deseja um feliz aniversário e que esta cidade tenha muita propriedade, muito desenvolvimento, muita qualidade de vida e conte sempre com esta Casa.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, inicialmente devo dizer que o governador Geraldo Alckmin anunciou há poucos instantes a suspensão do reajuste dos pedágios. Também devo dizer que, se por um lado demonstra minimamente bom senso nesse momento, por outro lado significa que havia muita gordura, ou seja, seria realizado um reajuste desnecessário.

Esses reajustes estavam programados para o dia 1º de julho nas 280 praças de pedágios com o aumento em 5,85%, e os indicadores, a Comissão de Transportes desta Casa e todos que acompanham isso, já sabiam. Mas, eu fiz questão de vir à tribuna denunciar isso, sim, e pedir mobilização da população. E tanto estava errado o reajuste que o governador voltou atrás. Mas se acham que a população doravante vai esquecer e que logo ele poderá fazer o reajuste, estão todos muito enganados.

São absurdos e extorsivos os preços de pedágios no estado de São Paulo. E mais ainda, nos últimos cinco anos foram construídas mais de 80 praças de pedágios. Até tentamos abrir uma CPI, mas aqui ninguém abre CPI para apurar nada que tenha relevância. Temos só umas “CPIzinhas” que são apenas perfumarias para discutir coisas que não afligem diretamente a administração nem o Orçamento do estado.

Quero também aproveitar esse momento para lamentar e dizer da nossa tristeza e das nossas orações pela morte do soldado Valmir Quinto Santos, na última sexta-feira, no município de Suzano. Ele foi executado com três tiros, sem levarem nada, pelo simples fato de ser policial militar.

Então, se estão achando que o mundo está maravilhoso, que está cor de rosa, por causa das grandes manifestações, podem parar o mundo porque o bandido não está parando não. Ao contrário, o bandido está cada vez mais violento.

Então, meus sentimentos a toda a família policial militar, à família do Valmir, de forma muito especial, e dizer que o crime organizado não se desorganiza. O Governo só se desorganizou mais do que já é.

Também na sexta-feira à noite, enquanto havia o deslocamento pacífico de populares na Marginal Tietê, perto da favela Marconi, próximo ao Viaduto Curuçá, também alguns bandidos da favela resolveram atirar nos policiais que balizavam essa manifestação com tirinhos de fuzil, Sr. Presidente. Tivemos um sargento do 15º Batalhão de Guarulhos, que estava auxiliando esse balizamento, ferido na perna com tiro de fuzil. Logicamente a Rota e a Força Tática ocuparam ruas e os tiros foram correndo frouxos. As duas viaturas Águia, do Grupamento Aéreo, foram atacadas a tiros de fuzil. E sabem onde era isso? Na Marginal Tietê, na Vila Maria, em São Paulo. Daí a preocupação de cidadãos que faziam sua manifestação, de policiais que estavam ali como alvos fáceis, porque poderiam ter sido mortos. Três marginais foram mortos, dois fuzis de longo alcance apreendidos, e graças a Deus não tivemos policiais ou cidadãos mortos naquele local.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Francisco Campos Tito.

 

* * *

 

Finalmente, Sr. Presidente, gostaria de convidar não só todos os policiais, civis e militares, a família policial em si, mas o cidadão de bem, os conselhos comunitários de segurança, as sociedades de amigos de bairro, a juventude universitária, todas essas pessoas que estão se mobilizando e cobrando posturas governamentais em todos os níveis para que se juntem aos policiais do estado de São Paulo no próximo dia 4 de julho, semana que vem, às 10 horas, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, na Rua Galvão Bueno, 782, na Liberdade, para uma grande assembleia geral de policiais. Vamos exigir do Governo do Estado reposição salarial, que a reposição dos policiais é zero; por enquanto não se cumpriu data base coisa nenhuma, mentira do Governo para parar na mídia. Não há plano de carreira nenhum e a perspectiva de qualquer revisão de salários é zero também.

Então se você, cidadão, concorda com a segurança que tem hoje, fique quieto, não se mobilize, não. Se você acha que a sua segurança, a segurança da sua família, a segurança do cidadão de bem tem que ser melhorada, apoie os policiais no dia 4, às 10 horas da manhã. Estarei presente; vou propor à assembleia, e só posso propor porque quem decide é ela, que saiamos às ruas, que votemos, após o término da reunião no sindicato, e daí saiamos diretamente para o Palácio do Governo, até para mensurar se o governador enxerga o policial como um cidadão, como ele diz. Quando o cidadão foi protestar, teve um acesso liberado até a porta do Palácio; agora vamos ver o termômetro, se teremos o acesso para manifestar a nossa indignação à porta do Palácio dos Bandeirantes, ou se o governador vai fazer como em 16 de outubro de 2008 e colocar a Tropa de Choque, Polícia contra Polícia.

Então no dia 4, às 10 horas da manhã, na Rua Galvão Bueno, 782. Pela melhoria na Segurança Pública e nas condições de trabalho dos policiais do estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - FRANCISCO CAMPOS TITO - PT - Tem a palavra o nobre deputado Welson Gasparini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Ramalho da Construção. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Carlos Neder. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Osvaldo Verginio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, hoje falarei sobre o Beethoven, que é esse que está nas fotos. Peço que focalizem as imagens.

Beethoven é um cão sem raça, comumente chamado de vira-lata, que nos deu muito trabalho esse final de semana. Ele morava em uma comunidade em Itaquera, no Pintadinho, onde está havendo um processo de desocupação dos moradores, que há muitos anos construíram as suas casas em um terreno abandonado.

Há cerca de dois anos a minha esposa conheceu esse cãozinho, que ficava amarrado e quase não saía da casa de seu dono, muito humilde e pequena. Marlene, minha esposa, mandava ração para o cão.

Terça-feira passada ele ficou doente e nós o trouxemos para nosso escritório. Demos banho e a Marlene o levou ao veterinário.

Costumamos ceder espaço do nosso escritório para um restaurante que tem em frente, que usa o local para guardar os carros. Um dos guardadores deixou o portão aberto e o Beethoven saiu por volta das 20 horas e 30 minutos, na sexta-feira, mas ficamos sabendo do seu desaparecimento apenas na manhã de sábado. Foi uma correria. Procuramos desesperadamente por ele, mas era como procurar uma agulha em um palheiro. É impressionante como a cidade de São Paulo é grande.

Mobilizamos várias pessoas no Facebook, entramos em contato com os protetores de animais e fizemos uma caçada nas regiões da Chácara Inglesa, Praça da Árvore, Vila Mariana, Clementino, Ipiranga e Jabaquara. Recebemos, inclusive, o apoio de vizinhos, aos quais agradeço de coração. Foi um ato de solidariedade durante o momento difícil pelo qual estávamos passando. Precisávamos encontrar um animal que, na verdade, nem era nosso, mas que havíamos acolhido para realizar o tratamento veterinário de que ele necessitava.

O Sr. Satoru Takase ficou em nosso escritório, em pleno sábado, usando o Facebook e pedindo ajuda para localizar o cão. O Sr. Henrique Flauto, nosso vizinho, também veio nos ajudar a procurar o Beethoven, como outros. Mas estava sendo muito difícil e já estávamos perdendo a esperança. Foi quando arranjamos um carro sonorizado para procurá-lo. Todos saímos. Uma das minhas assessoras, a Cleusa, nesse sábado frio, foi até a pastelaria Yokohama, na Rua Luís Góis, e colocou um cartaz. Muitas outras pessoas vieram nos ajudar: o Wilsinho, a Cristina, o Ricardo, o João Carlos, a professora Ricardina, o Dinho, o Alan, o Caldeirão. Era como uma caçada, e nós procurávamos o Beethoven, que havia desaparecido.

É uma situação semelhante a tantas outras, de pessoas que perdem seus cães. Mas esse não era nosso animal, era de uma pessoa humilde, do Pintadinho, em Itaquera, e que tinha entregue a minha esposa, em confiança, para que o Beethoven tivesse um tratamento veterinário.

Postaram no Facebook: procurem o Beethoven na manifestação, talvez ele esteja na Av. Paulista. Havia também zombarias. São pessoas que não têm coração.

A Sra. Cristiane, da Vila Clementino, e sua filha Joana foram até a pastelaria Yokohama, viram a foto do Beethoven e conseguiram localizá-lo no supermercado Extra. Fomos avisados por volta da meia-noite. Fomos até a Vila Clementino. Ele estava lá, triste e com fome. Trouxemos até nossa casa, por volta das três horas da madrugada, e ele se alimentou bastante. É um animal de certa idade, nem dentes ele tem.

Um animal merece todo o nosso carinho. Estamos todos felizes, porque graças a todos os protetores de animais esse animal, indefeso, está de volta. Ele está recebendo tratamento e assim que ele melhorar devolveremos ao seu dono.

Agradeço a cada um que torceu pela volta do Beethoven. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - FRANCISCO CAMPOS TITO - PT - Tem a palavra o nobre deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente, telespectadores da TV Assembleia, hoje é um dia importante, histórico, porque já estamos colhendo algumas vitórias das grandes manifestações que foram realizadas em São Paulo e em todo o Brasil.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

* * *

 

Uma delas é a entrada em vigor, hoje, da redução no preço das passagens de ônibus, metrô e trens da CPTM. Os governos, tanto municipal como estadual, foram obrigados, por conta da pressão popular, pela fúria da cidadania, a voltar atrás e conceder a redução no preço das passagens, que foram aumentadas recentemente.

É uma vitória importante que mostra o poder das ruas, o poder da mobilização popular. Ao mesmo tempo, por conta dessas grandes manifestações, o governador Geraldo Alckmin foi obrigado a anunciar hoje que não haverá aumento dos pedágios. A revisão seria feita no próximo dia 1º de julho, pois anualmente o PSDB aumenta os pedágios do estado de São Paulo, colocando em curso a farra dos pedágios. A instalação de praças de pedágio em várias regiões do nosso Estado tem sido uma das grandes marcas do PSDB.

Com medo das manifestações, o governador se antecipou e disse que não vai reajustar. Eu duvido mesmo que ele reajuste, pois está acuado pelas manifestações sociais. Mesmo assim, continuamos denunciando a farra dos pedágios no estado de São Paulo, que tem um dos pedágios mais caros do mundo e é um dos estados que possui o maior número de praças de pedágio do Brasil e da América Latina.

Gostaria de compartilhar com os deputados, o público presente e os telespectadores da TV Alesp uma entrevista concedida em 1997 pelo Prof. Paulo Freire, um dos maiores educadores do mundo. Ele foi Secretário Municipal de Educação na época do Governo Erundina, de 1989 a 1990, e nesses dois anos implantou uma grande mudança educacional na rede de ensino de São Paulo. Ele diz o seguinte:

 “Eu morreria feliz se visse o Brasil cheio em seu tempo histórico de marchas. Marcha dos que não têm escola, marcha dos reprovados, marcha dos que querem amar e não podem, marcha dos que se recusam a uma obediência servil, marcha dos que se rebelam, marcha dos que querem e estão proibidos de ser. Eu acho que as marchas são andarilhagens históricas pelo mundo. O meu desejo, o meu sonho é que haja outras marchas, como a marcha pela superação da sem-vergonhice que se democratizou terrivelmente neste País. Essas marchas nos afirmam como gente, como sociedade querendo democratizar-se.” Este trecho da entrevista cai como uma luva no momento histórico que estamos vivendo.

Falando em educação, não posso deixar de registrar que nosso mandato está recebendo centenas de denúncias de professores, servidores da educação, alunos e pais de alunos do EJA em relação a uma medida extremamente autoritária do prefeito de São Paulo e da Secretaria de Educação. Eles estão obrigando as escolas a reporem aulas no recesso, desrespeitando o calendário homologado pelas escolas por meio dos conselhos de escola.

O direito ao recesso escolar e às férias na Rede Municipal de Ensino foi conquistado pelos professores com muito sacrifício. Para punir os professores que fizeram greve, que lutaram pelo cumprimento da data-base, pela valorização dos profissionais da educação e por uma educação pública gratuita e de qualidade, bem como contra a superlotação de salas e a violência nas escolas, o prefeito Haddad e a Secretaria Municipal de Educação, por meio de uma portaria autoritária e fascista, querem obrigar os alunos a terem aulas no recesso escolar, prejudicando o planejamento de várias famílias que já se organizaram para outras atividades nesse período.

É inadmissível que um partido que já teve Paulo Freire, que acabei de citar - ele foi um dos maiores educadores do mundo, criou uma filosofia extremamente revolucionária e progressista de Educação -, faça isso com os professores e com a comunidade escolar. Os professores estão sendo punidos porque fizeram greve, os calendários já foram aprovados pelos Conselhos de Escola e os professores têm todo o ano para repor. Mas o prefeito Haddad está desrespeitando a autonomia das escolas, uma gestão democrática da escola pública que é um princípio constitucional, escrito na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases. É inconcebível que, mesmo com todas as manifestações populares, sociais e com as grandes marchas que estamos acompanhando em São Paulo, o prefeito continue autoritário, mantendo uma portaria fascista e tenebrosa que prejudica os professores, servidores da Educação, os alunos e suas famílias, principalmente os jovens - EJA, Educação dos Jovens e Adultos. Os alunos que estudam no período noturno serão duramente prejudicados por essa portaria.

Faço apelo ao prefeito Haddad e ao secretário municipal de Educação para que revoguem essa portaria fascista e autoritária que não combina com os novos tempos. Não haverá mais espaço para esse tipo de ação política e administrativa dos entes federativos, de perseguir professores e punir pessoas que fizeram manifestações públicas. Temos agora um novo protagonista político: a população organizada são os servidores. Os governos terão de recuar no seu autoritarismo.

Gostaria que o prefeito Haddad e o secretário municipal de Educação recebessem cópias do meu pronunciamento para que possam extinguir definitivamente essa medida, de não respeitar os Conselhos Escolares, que são os grandes responsáveis pela gestão democrática da escola pública. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre deputado Luiz Cláudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLÁUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários, durante a semana passada vínhamos anunciando a mobilização na zona oeste e noroeste. A bancada do Partido dos Trabalhadores estava organizando, em conjunto com o Movimento de Moradia da zona oeste e noroeste, sobre a venda - o Governo do Estado encaminhou um projeto dessa venda - do Parque Estadual do Jaraguá, do Parque Estadual da Serra da Cantareira, do Parque Estadual do Campos do Jordão, da Floresta de Itirapina e da Floresta de Cajuru.

Dialogamos com os moradores das regiões oeste e noroeste, inclusive com os da zona norte e outras áreas do estado sobre a necessidade da construção de mobilizações para pressionar o governo a retirar da pauta o projeto que propõe a venda desses parques. Este debate ganhou força no último domingo, com uma grande manifestação: quase cinco mil pessoas participaram desse evento. O deputado Marcos Martins também esteve presente em conjunto com o Movimento de Moradia.

Há uma aldeia indígena localizada em frente ao Pico do Jaraguá. Os índios moram em frente ao Pico do Jaraguá, inclusive o cacique, como mostra uma das fotos.

 

* * *

 

- É feita a exibição de fotos.

 

* * *

 

Os índios foram expulsos de seu local de moradia e residem hoje em frente ao parque, sem condições de higiene, educação e saúde.

O governo tirou os índios de dentro do parque e os colocou do lado de fora. Agora, o Governo do Estado quer tirar o acesso da população ao parque; é um direito à população poder frequentar o Parque do Jaraguá.

O abraço ao Pico do Jaraguá teve como objetivo demonstrar que os Parques Estaduais do Pico do Jaraguá, a Serra da Cantareira, a Serra do Campos do Jordão, a Floresta Estadual do Cajuru e a Floresta Estadual de Itirapina são da população do estado de São Paulo. O governador está pretendendo vender esses espaços.

A população formou o Movimento de Moradia da zona oeste e noroeste contra a venda do Pico do Jaraguá, da Serra da Cantareira e em defesa do patrimônio público do estado de São Paulo. Os parques, hoje, são a única área de lazer e esporte desses moradores.

É um absurdo o que o governo pretende fazer: vender o pouco que sobrou de patrimônio público do nosso Estado. Os bancos públicos estaduais e boa parte da Sabesp já foram vendidos. “Vendeu-se”, também, o transporte sobre trilhos e a energia elétrica. Boa parte do Metrô é empresa privada. E agora querem vender os parques. Isso demonstra que o Governo do Estado está desmontando o patrimônio da população. Mas o que está por trás dessas vendas?

 Se a Expo 2020 for aprovada, ela será realizada na região de Pirituba, próxima ao Pico do Jaraguá. Então, é uma região que será explorada pelo capital imobiliário da cidade de São Paulo com a finalidade de construir hotéis. Assim, o capital privado explorará essas áreas por trinta anos, prorrogáveis por mais trinta anos.

A população, que hoje não paga para entrar no Pico do Jaraguá, terá que pagar. O Secretário veio à Assembleia Legislativa, na Comissão de Meio Ambiente, e falou que o valor será de aproximadamente sessenta reais.

A bancada do PT se mobilizou e fizemos esse grande evento em conjunto com o Movimento de Moradia da zona oeste e noroeste para demonstrar a insatisfação da população com a privatização e venda dos parques públicos do estado de São Paulo.

Como eu disse, os alvos são o Pico do Jaraguá, a Serra da Cantareira, o Parque Estadual do Campos do Jordão e as Florestas do Cajuru e de Itirapina. É um absurdo o Governo do Estado de São Paulo querer vender o que é patrimônio do povo.

É importante que o povo pressione deputados e envie e-mail para o governador. Nós não aceitamos que essas áreas sejam vendidas e permaneçam durante trinta anos sob a administração privada.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre deputado João Paulo Rillo. (Pausa.)

Esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Fernando Capez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Orlando Bolçone. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Ramalho da Construção. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Luiz Moura. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado André do Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Marcos Martins.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Alesp, ouvimos o colega Luiz Cláudio Marcolino falar dos parques. A propósito, estivemos na manifestação contra a privatização do Pico do Jaraguá, que mobilizou muita gente. Falou-se algo em torno de cinco mil pessoas, a Polícia Militar esteve presente e o interessante é que não ocorreu nenhum tipo de incidente, não vimos nenhum tumulto, diferentemente de algumas manifestações que por não terem um foco propicia que pessoas infiltradas causem problemas os mais variados. Mas certamente a população que frequenta o parque terá de pagar depois porque à medida que se transfere a responsabilidade de gerir esse parque é certo que haverá cobrança para o acesso, o que não acontecia antes, visto se tratar de um parque público.

Faço este registro e lamento que isso possa ocorrer.

Por outro lado, estamos vendo em manchetes de jornais - e isso tem se repetido nas emissoras porque é um quadro que interessa um pouco: “Reajuste de pedágios no dia 1º está indefinido, diz governador Alckmin”. Vejam, está indefinido, não quer dizer que não haverá aumento em breve nos pedágios, que são os mais caros do País.

Ora, todo mundo sabe que num momento como este, com mobilizações em estradas, de repente aumentar o preço dos pedágios pode fazer com que as baterias se voltem para esse problema, que parece estar passando despercebido nas movimentações que têm ocorrido no estado de São Paulo. Pedágios caros encarecem o preço da produção, encarece a vida de quem utiliza as estradas, encarece locais que vivem em obras como o rodoanel. O rodoanel, como uma estrada de grande movimentação, que deveria ter uma durabilidade de 20, 30 anos, vive em reformas, com trânsito e é justamente nas praças de pedágio onde existe praticamente um piquete natural. Ali se formam filas e quilômetros de congestionamento. À medida que se congestiona qualquer via no entorno da Capital, as cidades vizinhas ficam intransitáveis e sem acesso de entrada e saída. É um gargalo do trânsito na cidade de São Paulo, são congestionamentos de 500 quilômetros que temos diariamente. Uma das razões disso tudo é o transporte público, que não é de qualidade. Se o transporte público fosse de qualidade, certamente haveria uma opção para aqueles que utilizam as estradas deixarem seu veículo em casa. Mas o metrô sempre lotado e limitado à cidade de São Paulo. Não é metropolitano porque não sai da Capital. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos anda devagar a qualquer ameaça de chuva. Ontem, possuía atrasos, circulando com problemas de retenção e tração reduzida, fato que se repetiu na data de hoje. O Metrô também está na mesma situação. Assim, esse quadro caótico, somado ao preço das passagens, leva a população a utilizar veículos particulares. As estradas não suportam o tráfego porque os transportes públicos não oferecem alternativas para atrair esse público, o qual tem de ir e vir, trabalhar e estudar para sobreviver. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Esta Presidência cumprimenta as 23 cidades que aniversariam na data de hoje, quais sejam, Alto Alegre, América de Campos, Atibaia, Balbinos, Clementina, Gastão Vidigal, Ibaté, Iepê, Joanópolis, José Bonifácio, Lucélia, Mirandópolis, Nhandeara, Ouroeste, Populina, Rio Claro, Salto de Pirapora, Santa Albertina, Santa Fé do Sul, São João da Boa Vista, São João das Duas Pontes, São João de Iracema e São João do Pau d’Alho. Desejo aos respectivos cidadãos muito sucesso, desenvolvimento e qualidade de vida. Contem sempre com esta Casa e seus deputados.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre deputado Welson Gasparini.

 

O SR. WELSON GASPARINI - PSDB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, gostaria de utilizar minhas primeiras palavras para registrar uma nota de pesar pelo falecimento do jovem Marcos Delefrate, da cidade de Ribeirão Preto. Esse moço estava na manifestação contra a corrupção quando foi atropelado e assassinado por um motorista que atirou seu veículo contra um grupo de jovens, deixando vários feridos graves e ceifando a vida de Delefrate.

São muitos os motivos das manifestações e passeatas ora tomando as ruas brasileiras. A maioria, aparentemente, reivindica apenas a diminuição do preço da passagem do transporte coletivo urbano, um item pequeno e já atendido. Importantes sãos os outros objetivos que representam tudo aquilo que a população brasileira (e não apenas os jovens e participantes das manifestações) repudia e está cansada de ver como, por exemplo, a corrupção. Todos os dias nos jornais, televisão ou rádio, deparamo-nos com uma denuncia de corrupção atrás da outra. O triste é que essas manifestações são muito pequenas face à gravidade do assunto. É verdade que a redução de alguns centavos no preço das passagens vai ajudar bastante a população, mas já pensaram se o dinheiro roubado diariamente dos cofres públicos pelos políticos e funcionários corruptos fosse aplicado em Educação, Saúde e transporte coletivo? Teríamos, efetivamente,,uma mudança na qualidade de vida do país.

Quero ressaltar também que o importante não é apenas protestar; temos é de exigir mudanças em muitas áreas. Por exemplo: por que existe a corrupção? Porque não há punição neste País. Veja-se o caso do “mensalão” do qual hoje em dia quase nem mais se fala. Pessoas foram condenadas inicialmente a dez, 12 anos de presídio por roubar o dinheiro público e agora há um silêncio generalizado porque um ministro vai estudar o assunto. Talvez tenhamos o cumprimento das sentenças no final do ano que vem.

Passaram-se praticamente dez anos para falar se houve ou não ladroagem no caso do “mensalão”, se houve ou não desvio do dinheiro público. E o mais grave: além da condenação dos corruptos onde está o dinheiro roubado do povo? Onde está o dinheiro desviado e que poderia ter sido aplicado em Educação, Saúde e tantas outras áreas?

É preciso haver uma reação. É isso eu estou vendo com entusiasmo nessas passeatas que estão sendo feitas. Mas isso não pode ficar apenas na passagem de ônibus e no grito de que a corrupção precisa acabar. Não. Não parem as passeatas enquanto as leis deste País não mudarem e o Judiciário efetivamente funcionar.

Essa demora não ocorre apenas no caso do “mensalão”. Se uma pessoa entra com um processo hoje, só daqui cinco, dez ou 15 anos haverá o desfecho. É provável que os juízes, os desembargadores, os ministros e os promotores digam: “é que não temos recursos; faltam funcionários, faltam recursos materiais”. Lutem por esses recursos!

O que não pode é demorar cinco, dez ou 15 anos para as pendências judiciais serem resolvidas. Gostaria inclusive de dizer que refleti seriamente sobre o problema da corrupção e cheguei à conclusão de que todos nós devemos investigar e não apenas os promotores. .

Há a discussão se promotor pode ou não investigar. Que investiguem! E que os juízes sejam enérgicos no trâmite desses processos; que os agentes da Polícia Civil e da Polícia Militar também investiguem ao máximo.

Também cabe esse papel às entidades sociais. Onde elas estão para, diante de um princípio de corrupção ou dúvida fundamentada, exigirem apurações? Que a Ordem dos Advogados do Brasil e outras entidades, assim como os sindicatos patronais e de trabalhadores exijam providências e acompanhem as investigações.

Que não fiquem, porém, numa investigação que leve dez anos para dizer se a pessoa é culpada ou inocente. Quem é inocente vai sofrer durante esse período a desconfiança quanto a sua honra. E quem é culpado vai rir na cara de todo mundo enquanto o julgamento final não chega, ainda assim se chegar....

Acho que a corrupção deveria, hoje, ser a matéria principal de todos os protestos e passeatas porque ela está ocorrendo, abertamente, na cara de todos. Por que isso continua assim? Onde estão as falhas?

Quero fazer um apelo às lideranças desta Casa: temos muitas coisas para fazer como, por exemplo, melhorar a legislação no estado de São Paulo. É lógico que não podemos melhorar o Código Penal ou fazer a reforma tributária em geral, pois se tratam de atribuições do Governo e do Congresso Nacional. Mas há muitas coisas que esta Casa pode fazer como, entre outras, dar o exemplo, comparecendo em Plenário e discutir os temas.

Assim, faremos com que essas galerias estejam cheias de gente para acompanhar a atuação dos deputados e apurar como estamos correspondendo aos votos recebidos durante o processo eleitoral. E principalmente, Sr. Presidente, faremos com que as lideranças analisem o que está acontecendo hoje neste País. Vamos fazer uma união de forças. Não importa o partido - PT, PSDB etc. Vamos unir todos nesta Casa na busca de objetivos comuns. Tenho certeza de que, se agirmos assim, o povo passará a ter orgulho de seus representantes.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre deputado José Bittencourt.

 

O SR. JOSÉ BITTENCOURT - PSD - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Alesp, funcionários desta Casa, imprensa e todos que nos acompanham neste instante. Quero fazer um registro da sessão solene que conduziremos esta noite.

A sessão irá homenagear, deputados Ramalho da Construção e Adriano Diogo, os “PMs de Cristo”. Temos, no estado de São Paulo, cerca de 100 mil policiais na ativa. Desse contingente, 25% são professos da fé evangélica. Os “PMs de Cristo” são uma associação devidamente organizada, com estrutura jurídica adequada, com formalidade legal e personalidade jurídica também adequadas. O ato de hoje será uma primeira sessão solene para homenagear tal organização.

Qual é a lógica, qual é o objetivo dessa entidade? Não é somente trazer amparo espiritual à própria corporação, nem levar as boas normas do evangelho para o policial militar, agente que enfrenta, no dia a dia, as mais diversas situações, e precisa ter o devido preparo espiritual.

Quero dizer, ainda, que esta Casa deve refletir sobre o serviço de capelania militar. Há um projeto de nossa autoria que visa criar uma lei para a chamada capelania carcerária. O estado de São Paulo não tem uma lei própria que dê regramento e orientação legal àqueles que querem exercer tal atividade. Poderiam perguntar-me: “mas, deputado, qual é o objetivo?” Bem, temos uma massa carcerária que ultrapassa a casa dos 300 mil. São números dos quais nós ouvimos falar. Tendo em vista essas circunstâncias, deputado Ramalho da Construção, meu projeto estabelece uma norma legal para a capelania carcerária. Precisamos discutir tal tema aqui; o Estado necessita de uma lei sobre isso.

Somos pela recuperação do ser humano, somos cristãos humanistas. Precisamos acreditar naquele que comete uma prática antissocial, uma conduta ilícita, e que paga sua devida pena dentro dos estreitos limites da lei, não acima daquilo que lhe fora imposto. Consequentemente, ele tem uma segunda chance para retornar ao seio da sociedade. Essa lei contribuiria muito. Hoje em dia, igrejas de todos os credos querem fazer trabalho adjacente, suplementar, nesses presídios, nessas inúmeras unidades prisionais que existem em nosso Estado.

Os “PMs de Cristo” têm essa visão. Não querem dar o preparo espiritual somente àqueles que professam a fé cristã evangélica, mas também aos que precisam de ajuda, de um apoio social e espiritual. Como exemplo deste caso, temos as famílias daqueles que combatem diariamente o crime e a violência, tanto de maneira preventiva como ostensiva, buscando diminuir esses números que nos estarrecem.

Assim, tentaremos refletir sobre o tema ao celebrar essa sessão solene em comemoração aos “PMs de Cristo” no estado de São Paulo. Vamos levantar esse debate nesta Casa. Precisamos de capelanias militares, carcerárias e hospitalares. Já existe orientação a esse respeito na Constituição Federal e em algumas leis esparsas, mas precisamos de uma lei própria nessa linha de entendimento.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, há uma permuta entre o nobre deputado Roberto Massafera e o nobre deputado Ramalho da Construção. Tem a palavra o nobre deputado Ramalho da Construção.

 

O SR. RAMALHO DA CONSTRUÇÃO - PSDB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, companheiros e colaboradores desta Casa, venho à tribuna mais uma vez para falar sobre o evento que será realizado neste Legislativo no dia de amanhã, o Primeiro Simpósio Internacional de Segurança Cidadã.

Nele, vamos comentar vários temas com a presença de diversos especialistas, como Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça, e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Vamos debater sem apontar o dedo, sem querer achar culpados ou ser o dono da verdade. Devemos iniciar uma discussão para que possamos encontrar uma saída para a atual crise da Segurança Pública, que ocorre não só em São Paulo como em todo o Brasil.

Mais uma vez reforço o convite a todos os parlamentares desta Casa e agradeço o deputado Adriano Diogo, que tem comentado e anunciado o evento. Muito obrigado por suas colocações. Esse é um debate sem partidos, até porque a NAV possui integrantes de vários partidos, e sem bandeiras sindicais.

Apoio esse debate para que possamos encontrar um caminho para a melhoria da segurança cidadã. Essa proposta nasceu ano passado, com o coronel da segurança estratégica dos Estados Unidos, Charles Saba, que estará aqui amanhã, junto com o diretor da SWAT e outros especialistas americanos, para que possamos encontrar formas de combater essa insegurança.

Também estamos discutindo um projeto de indicação de minha autoria, o “25ª hora”, também chamado de “salas ou celas”. Nele pretendemos discutir o que queremos para os nossos jovens e para o futuro do País. Queremos salas de aula e debates sobre melhores condições de educação, ou o futuro de muitos desses jovens serão celas, que custam caro. Sabemos que, na Fundação Casa, são gastos sete mil, cento e dez reais por mês com as crianças que lá estão. Não seria mais barato investir em algum projeto?

Esse simpósio que começou a ser debatido em outubro do ano passado, será realizado amanhã. Na abertura, contaremos com a rápida presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Possivelmente, ele virá dar apenas uma “palavrinha”, pois, em seguida, ele deverá seguir para outro compromisso, e, à noite, fará o lançamento de seu livro, em outro local. Mas é importante que prestemos atenção às suas palavras, ainda que poucas, pois devemos reconhecer, independentemente de questões partidárias, que se trata de um grande sociólogo, de grande experiência.

É uma coincidência que esse simpósio seja realizado agora, quando vários movimentos estão acontecendo por todo o Brasil. Começou com o Movimento Passe Livre, mas sabemos que a sociedade tem outras reivindicações para todos nós. Não são apenas investimentos na Educação. Esse é um dos poucos países do mundo em que os jovens precisam enfrentar um vestibular para ter acesso a um curso superior.

No passado, as escolas públicas eram invejadas. Existia um slogan para descrever as escolas particulares, era o chamado “PP”: “Pagou, passou”. Atualmente isso mudou, as escolas públicas têm ficado em segundo plano, os professores ganham mal e não há investimentos na conscientização das famílias.

Tenho uma irmã que é professora do estado e do município. Ela tem que fazer malabarismos, pois trabalha na periferia, na região de Itaquera e São Miguel Paulista. Felizmente, ela já tem o tempo necessário para se aposentar e nunca teve nenhum grande incidente, pois sempre teve equilíbrio para conversar com os alunos e seus pais. Mas ela relata as dificuldades de relacionamento e sempre diz que os alunos não têm culpa, pois lhes falta a educação de base, a atuação da família.

Precisamos ouvir as pessoas de boa fé, de boas intenções, pois só assim poderemos construir o Brasil de nossos sonhos.

Esse será o primeiro evento internacional. Em novembro, faremos outro, com o seguinte slogan: “Por que só na Copa?”. Por que é só na Copa que fazemos cobranças? Por que é só na Copa que tantos debates vêm à tona? Por que não podemos debater de forma permanente, para que o Brasil possa encontrar uma saída legal e democrática? Como podemos conscientizar as famílias, para que elas aconselhem seus filhos a ficarem longe do vandalismo e da criminalidade?

Abrimos os jornais e os portais de internet e vemos que atos de violência ocorrem em todos os lugares deste País. Avaliando a situação, podemos perceber que falta investimento na base. Ninguém nasce doutor e ninguém nasce marginal. A criança nasce chorando e, depois de certa prática, ela passa a se espelhar no pai, na mãe, num tio ou num avô que lhe dê exemplo. Ela terá orgulho de fazer parte daquela família. Mas se, ao contrário, a família nunca deu bom exemplo, essa criança passará vergonha, ainda que queira agir de modo correto.

Nasci no nordeste, no sertão da Paraíba. Naquele período, as pessoas eram muito ignorantes. Quando um filho nascia, o brinquedo que davam para ele era um revólver ou uma pistola. Às vezes o pai tinha orgulho do filho valente, do filho que usava arma. Mas estamos em um outro mundo. Damos para nossos filhos outro tipo de brinquedo, para que ele possa construir o progresso da Nação, ser cidadão, fazer o bem, produzir e conquistar espaço.

É nesta linha que precisamos debater. Repito e vou repetir por várias vezes: só existe ladrão de toca-fitas porque há quem compre. Só existe traficante porque existe o consumidor. Podemos preparar nossa sociedade e nossos filhos para que cresçam já sabendo que as drogas não são boas e que não levam a nada. Desta maneira, é possível que o traficante procure outra coisa para sobreviver. Como diz o nobre deputado Edson Ferrarini, a droga pode ser uma coisa boa no começo, mas é fantasia.

Mas tudo isso é um projeto a longo prazo, não é nem de médio prazo. Temos amigos nossos que às vezes defendem maconha, cocaína e outras drogas. Eles acham que a liberação das drogas em alguns países é uma coisa boa. Não posso concordar com alguém que defenda o consumo de alguma espécie de droga. Sabemos que cada pessoa tem seu equilíbrio emocional, cada pessoa tem sua genética. Pode haver pessoas que usam drogas por toda a vida sem nada lhes acontecer. Há outras que usam, usam e ficam loucas - às vezes, pessoas muito bem intencionadas. Na frente de nosso sindicato, situado na baixada do Glicério, há uma imensidade de pessoas dependentes de drogas que não são criminosas. Elas estão morrendo aos poucos com o consumo de drogas.

Na construção civil, uma imensidade de companheiros nossos está morrendo com uma droga chamada óxi, fabricada com cal, querosene e com restos de cocaína. Cada pedra custa menos de 50 centavos e mata em menos de dois anos. Há uma imensidade de pessoas morrendo por conta disso.

Por isso que convidamos todos desta Casa, em especial os nobres companheiros deputados, a comparecerem amanhã, para que possamos sair daqui com alguma visão. Acho que colheremos alguma coisa e poderá servir para a continuidade do debate, que está faltando no Brasil.

Muito obrigado, nobre presidente Jooji Hato, pessoa por quem tenho profunda admiração e com quem aprendo muito.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Obrigado pelas palavras, nobre deputado Ramalho da Construção.

Há uma permuta entre o nobre deputado Osvaldo Verginio e o deputado Adriano Diogo. Tem a palavra o nobre deputado Adriano Diogo.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, senhoras e senhores, estamos entrando na última semana de junho do processo legislativo. Vou fazer hoje uma fala de plenário mais técnica, para analisar uma proposta que veio do Tribunal de Justiça, com o Projeto de lei Complementar nº 09, de 2013.

Vou apresentar na tela a mensagem que veio do governo, o projeto de lei que pede a criação de cargos. Esta é a emenda complementar que nós fizemos. Eu queria tê-la apresentado antes, mas não tem problema.

Vamos analisar a emenda que o PT apresentou:

“Artigo 1º - Ficam criadas 30 (trinta) Varas Regionais de Execuções Criminais, classificadas na entrância mais elevada, providas por concurso, distribuídas e instaladas nas sedes das regiões judiciárias estabelecidas pelo Tribunal de Justiça, através de seu Órgão Especial.”

Será criado exatamente o número de cargos que o Tribunal de Justiça pediu. Ele quer criar: 30 cargos de diretor, referência XII, da Escala de Vencimentos; 40 cargos de coordenador, referência X, da Escala de Vencimentos; 40 cargos de supervisor, referência VIII, da Escala de Vencimentos; e 80 cargos de chefe de seção. Todos são cargos em comissão. Somados aos 400 cargos efetivos de escrevente, totalizam 610.

O Tribunal de Justiça propôs a criação de 610 cargos. Nós, do PT, concordamos com isso. Vejamos a diferença, na Justificativa:

“Ao contrário do que ocorre com a criação de mero Departamento de Execuções Criminais, composto por juízes de direito designados por órgão da administração superior do Tribunal de Justiça, a criação de Varas Regionais de Execuções Criminais preserva a garantia do juiz natural, insculpida no artigo 5º, incisos XXXVII e LIII, da Constituição da República.”

Qual é a divergência? Senhoras e senhores, nós, do PT, apresentamos uma emenda de plenário ao projeto sobre o Tribunal de Justiça, pois concordamos com a criação dos 610 cargos que o Tribunal propõe, mas não queremos o juiz designado.

Todos pediram ao PT que apresentasse uma emenda de plenário. Estamos apresentando-a. Hoje, segunda-feira, haverá Ordem do Dia, bem como durante toda esta semana. Esse projeto seguramente vai entrar em pauta.

Assim como o Brasil inteiro está discutindo a PEC 270, a PEC sobre o Ministério Público e as mudanças nas atribuições do Ministério Público no estado de São Paulo, também queremos discutir o projeto do Tribunal de Justiça.

O PT é claramente favorável ao juiz natural. Gostaríamos de saber, neste início de discussão que fazemos, qual é a posição do Governo e da liderança do Governo. Está havendo reunião do Colégio de Líderes e daqui a pouco haverá Ordem do Dia. Seguramente, esse projeto será discutido.

Também quero apresentar o Projeto de lei nº 232, de 2013, de minha autoria, aprovado nesta Assembleia, que autoriza a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano a tomar providências necessárias à proteção de mutuários em situação de vulnerabilidade social.

É um pequeno projeto, de quatro artigos. Leio o primeiro:

“Artigo 1º - Fica a Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano - CDHU autorizada a, em caráter excepcional, tomar as seguintes providências, com vistas a regularizar a situação dos mutuários em situação de vulnerabilidade social:

I - renegociar dívidas anteriores de mutuários originais;

II - cancelar reintegrações de posse de famílias que estejam em extrema situação de vulnerabilidade;

III - transformar contratos de compra e venda em instrumentos provisórios, como permissão de uso ou locação social, em casos em que possam ser utilizados no lugar da reintegração de posse;

IV - transferir contratos de gaveta, propondo novas condições de financiamento.

Parágrafo único - As providências especificadas no “caput” deverão ser justificadas através de laudo técnico emitido por Assistente Social devidamente credenciada e vinculada à CDHU.”

Hoje, qualquer mutuário do CDHU é regido pelas leis do antigo BNH, de 40 anos atrás. Esse pequeno projeto de lei autorizativo pretende dar uma contribuição para a vida dos mutuários, fazendo com que as negociações - principalmente as reintegrações de posse de populações com vulnerabilidade social - sejam melhor esclarecidas, para não haver tamanha injustiça social.

Essa é a minha contribuição. Espero que o projeto do Tribunal de Justiça seja aprovado no segundo semestre, com maior discussão e maior amadurecimento. Não é possível que um projeto que tira a atribuição da Assembleia Legislativa da reestruturação e da organização do Tribunal de Justiça seja aprovado sem a discussão devida.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Orlando Bolçone.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - ORLANDO BOLÇONE - PSB - Tem a palavra, por permuta de tempo com o nobre deputado André do Prado, o nobre deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, senhoras e senhores amigos e colaboradores desta Casa, telespectadores, volto a um assunto que acho extremamente importante.

Estamos passando por um momento muito difícil em termos de violência. Arrastões ocorrem por toda a cidade. Em Osasco, quatro homens entraram numa pizzaria assaltando os clientes, trazendo pânico a essas pessoas.

Mas, novamente, quero mostrar a foto do Beethoven, um animal que não tem raça definida (SRD), mas que tem bom coração, tem todo nosso carinho - está aqui uma foto colorida do Beethoven.

Essa história que nós vivenciamos no final de semana protagonizada por um animal que nós trouxemos lá do Pintadinho, em Itaquera, uma comunidade formada por pessoas carentes, onde havia uma senhora que cuidava desse Beethoven.

Recordando o que há pouco disse desta tribuna, ele vivia amarrado porque a casa era muito pequena, praticamente não tinha quintal, portanto o Beethoven era um animal que não estava acostumado a sair pelas ruas. De repente a minha esposa conheceu essa senhora e sabendo da dificuldade dela tratar do animal em questão, passou a levar ração para ajudá-la a custear a alimentação do Beethoven.

Depois de dois anos o Beethoven adoeceu e nós o trouxemos ao escritório e, de repente, na sexta-feira, próxima passada, ele escapou e foi para as ruas. Só ficamos sabendo no dia seguinte, pela manhã, que ele havia saído do escritório porque o manobrista esquecera o portão aberto.

De qualquer forma, foi uma procura desesperada, sentimento que só quem convive com animal de estimação e esse desaparece de sua casa - é que conhece; quem ama um animal sabe do que estou falando; é como se perder um filho, uma filha, como acontece a algumas pessoas devido a esse grau de violência que estamos vivendo, como por exemplo, seqüestros, assaltos, etc.

Mas quero aqui agradecer à Cristina e ao Ricardo, que estavam em Ilha Bela descansando e de repente soube que o Beethoven havia saído de casa e desaparecido, vieram para cá para nos ajudar na procura do Beethoven.

Ela é minha assessora e não tinha obrigação alguma com essa questão. Mesmo assim largou seu descanso lá em Ilha Bela - repito - e veio o mais rápido possível ajudar-nos nessa procura, no sábado pela manhã, procura essa que se prolongou pelo dia inteiro, mostrando uma dedicação impar.

Portanto, quero agradecer à minha assessora Cristina e também seu esposo, pelo carinho, pela preocupação de dar esse apoio na busca desse animal, que já tem uma idade avançada, mas que nós o amamos muito. Eu que fiquei com esse animal por três dias já criei um carinho enorme por ele, imaginem a minha esposa que já o conhece há mais de dois anos?

Mas de qualquer forma eu quero ler aqui um depoimento recebido pelo facebook, desejando a todos nós que tivéssemos sorte nessa procura pelo Beethoven, que estava até com sarna, velhinho, quase sem dentes, sem raça, mas que ela entendeu o nosso desespero na nossa procura e nos deu essa mensagem de solidariedade através do facebook.

Agradeço à senhora Vera pelo carinho, pedindo a Deus que nos ajudasse na busca ao Beethoven. Quero agradecer de coração a essa senhora que mora na Vila Clementino, e à sua filha Joana, que teve o trabalho de buscar por meio das fotos que distribuímos nas lojas, nas panificadoras, nos restaurantes e na pastelaria Yokohama, na Luís Góis; ela viu a foto do Beethoven e nos comunicou que o havia visto, tendo esse gesto solidário de nos avisar do seu paradeiro. Fomos, então, buscar o Beethoven - passava da meia noite, num sábado gelado; felizmente conseguimos resgatá-lo pela madrugada.

Muito obrigado caríssimas Cristiane e Joana. Que Deus sempre as proteja, porque quem ama aos animais indefesos, certamente tem um bom coração.

Mas quero voltar a falar sobre as manifestações que aconteceram por todo o País. Eu disse que essas são manifestações legítimas. São manifestações de uma insatisfação geral em termos de Educação, Saúde, Segurança Pública, Habitação e qualidade de vida. É claro que nós não concordamos com o vandalismo, mas algumas pessoas aproveitam o movimento para praticá-lo. Inclusive saiu uma reportagem no jornal "Folha de S. Paulo", com um cartaz, acredito ser uma zombaria, dizendo “Vende-se um Pálio.” Isso é interessante, meu caro deputado Orlando Bolçone, porque mostra que os manifestantes estavam protestando contra tudo que acham estar errado, inclusive o pedágio, entre outras coisas.

Mas quero dizer que esse movimento é legitimo, pois é um movimento da insatisfação do povo que o governo foi deixando rolar. É a insatisfação de quem hoje procura um hospital, mas não recebe um atendimento médico-hospitalar decente. Acredito que a causa de tudo isso, em grande parte, é exatamente a violência que consome recursos do SUS, leitos de UTIs e leitos de emergência.

E por que temos essa violência? Porque adentram em nosso território armas contrabandeadas, que ao chegarem aqui são vendidas nas ruas, em praças públicas, sem nenhuma coibição. Sem nenhum cumprimento da Lei, essas armas ficam nas mãos de adolescentes. Por exemplo, no Jardim Míriam um adolescente portava uma metralhadora AR-15, e como sempre tenho dito desta tribuna, adolescente mata outro adolescente para roubar celular. Como aconteceu na zona leste da Capital, no bairro do Belém, quando para roubar um celular o adolescente atirou e acabou tirando a vida de outro adolescente, o estudante de jornalismo. Isso nos entristece muito.

Essa insatisfação também é em relação, por exemplo, a má qualidade do ônibus. Se o prefeito Fernando Haddad, que assumiu a prefeitura agora, pedir a planilha de custos da tarifa das passagens, ficará abismado com essa tarifa que é alta porque eles maquiam o preço para tirar o dinheiro público.

Eu nunca vi um empresário de ônibus pobre, sempre os vejo com iates e mansões. O mesmo acontece com os empreiteiros que constroem viadutos e rodovias, são todos riquíssimos porque as empreiteiras ganham muito dinheiro em todo o Brasil. Não encontramos nenhum empreiteiro e nenhum empresário de ônibus pobre, porque não tem. Mas vemos na classe trabalhadora, as pessoas serem transportadas como sardinhas enlatadas, as mulheres sofrerem assédio sexual dentro dos ônibus, no metrô e nos trens. Isso é uma vergonha para todos nós.

Também quero dizer que essa insatisfação vem das pessoas que não têm moradia; das pessoas que não têm moradia, não têm teto, porque sabemos que a coisa mais importante para o ser humano é ter a sua casa, o que é fundamental e o mais importante. Também vemos que os filhos dessas pessoas carentes não têm educação, ou porque não têm escolas ou porque as que têm não têm professores, porque estes são mal pagos. E assim por diante.

Também vemos com muita tristeza esse quadro trágico da dívida social que é muito grande, está sendo retratada e manifestada pelas ruas de São Paulo, tanto que a presidenta Dilma reconheceu e vai tomar as devidas providências.

Espero que Deus ilumine a presidenta Dilma para que ela tome rapidamente medidas importantes que possam ajudar a efetuar o “pagamento” da grande dívida social que nós temos.

Para finalizar, caro deputado Orlando Bolçone, quero dizer que o nosso País é um país abençoado por Deus; que nós temos condições territoriais e climáticas para a produção, e por isso não deveríamos estar nessas condições. Tem gente protestando também contra os estádios de futebol, até contra o futebol. Isso é errado. Se há superfaturamento na construção dos estádios tem que ser coibido, assim como temos que coibir esse ganho enorme de empresários de ônibus, das empreiteiras, dos banqueiros, que ganham muito dinheiro e deixam a maior parte da população esmagada, transportada nos coletivos como sardinhas em lata.

Esse movimento quer o resgate da grande dívida social que todos nós temos. Sempre procuramos, através de projetos de lei, da tribuna, sempre denunciando, pedindo, que essa dívida seja paga.

Desejo então aos governantes, sucesso. Acredito que as instituições não tenham culpa nenhuma. Os manifestantes não podem culpar o Senado, a Câmara Federal, as Assembleias Legislativas, o próprio Governo. Se há um governador, um prefeito, um presidente, um deputado ruim tem que ser tirado da vida pública. O que não se pode é condenar a instituição, porque aí teremos o caos.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - ORLANDO BOLÇONE - PSB - Tem a palavra o nobre deputado João Paulo Rillo, em permuta com o nobre deputado Luiz Moura.

 

O SR. JOÃO PAULO RILLO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Orlando Bolçone, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, uso a tribuna para dar continuidade ao debate mais importante nesse momento, que é discutir, tentar decifrar, ao mesmo tempo participando do que acontece no Brasil, qual o significado das manifestações das diversas organizações que vão às ruas e que têm como ponto de vista, uma das indignações à realidade institucional, um questionamento acima de tudo às instituições.

Há muita confusão sobre esse tema. Isso tem ocupado as redes sociais, as rodas de debate, os parlamentos. Estamos vendo uma produção intelectual muito importante de professores, sociólogos, também uma cobertura absolutamente parcial, tendenciosa por parte de alguns órgãos de imprensa e um movimento oportunista de partidos de direita, de organizações fascistas sobre o que está acontecendo.

De tudo que li, vi e assisti chamou-me atenção o vídeo que vou pedir para ser mostrado, do PC Siqueira, da MTV, numa linguagem muito interessante, para fazermos uma reflexão. Importante é dar vazão às diversas formas de linguagem para a comunicação e para entender um pouco o que acontece.

 

* * *

 

- É feita a exibição do vídeo.

 

* * *

 

Sr. Presidente, por mais que eu tentasse explicar, eu jamais chegaria aos pés desses dois jovens comunicadores, que de uma maneira didática e, acima de tudo, dialética, expuseram o que está acontecendo no Brasil.

Como bem disseram, esse movimento nasceu e é um movimento de esquerda. É um movimento progressista, é um movimento com política pública definida, com rumo. No entanto, foi apropriado, foi sequestrado pela imprensa fascista, por parte da imprensa que existe, que é fascista neste País. Foi apropriado pelo oportunismo dos homens da direita do País e pela Rede Globo de comunicações, que é a grande golpista deste País, histórica.

Uso esse vídeo, eu me aproprio dele para deixar muito bem claro que nós, da esquerda, não sairemos das ruas, senhores donos de emissoras, senhores donos de partidos, senhores donos de grandes empresas, que querem, sim, dar um golpe na presidenta Dilma, que querem fazer desse movimento um movimento “antitudo”, porque tudo que é tudo é nada, e tudo que é de ninguém pode ser de todo mundo. E é isso que eles querem fazer com o movimento.

Nós, da esquerda, não permitiremos, e vamos resistir até o fim. Vocês não vão dar um golpe neste País, vocês não vão derrubar a presidenta Dilma, a não ser que o povo assim queira, nas urnas, na forma já pactuada entre o povo, entre as instituições, a partir da redemocratização.

É necessário deixarmos bem claro: nós, esquerda, não permitiremos esse golpe. É óbvio que o movimento, que começa de esquerda e perde o foco, pode muito bem ser apropriado. E um partido de esquerda, que assume o Governo e perde o foco, também pode ser instrumentalizado pela direita.

Sou um homem de esquerda, sou um homem de partido, e lutarei até o fim contra qualquer tipo de golpe. Mas sou um homem com liberdade, para ter posição crítica, dentro do Parlamento, dentro do meu partido. Digo que fiquei muito feliz com a declaração da presidenta Dilma, mas digo que não basta. Além da boa declaração, de um pronunciamento correto, firme, é necessária uma guinada no Governo. É necessário um encontro com as ruas, é necessário um encontro com a nossa história.

Quero ler um pequeno trecho do manifesto Passe Livre, que foi endereçado à presidenta Dilma, e que resume e expressa a expectativa de todos nós: “Carta aberta do Movimento Passe Livre à presidenta Dilma Rousseff. Ficamos surpresos com o convite para essa reunião. Imaginamos que também esteja surpresa com o que vem acontecendo no País nas últimas semanas. Esse gesto de diálogo que parte do governo federal destoa do tratamento aos movimentos sociais que tem marcado a política desta gestão. Parece que as revoltas que se espalham pelas cidades do Brasil desde o dia 6 de junho têm quebrado velhas catracas e aberto novos caminhos.

O Movimento Passe Livre, desde o começo, foi parte desse processo. Somos um movimento social autônomo, horizontal e apartidário, que jamais pretendeu representar o conjunto de manifestantes que tomou as ruas do País. Nossa palavra é mais uma dentre aquelas gritadas nas ruas, erguidas em cartazes, pichadas nos muros. Em São Paulo, convocamos as manifestações com uma reivindicação clara e concreta: revogar o aumento. Se antes isso parecia impossível, provamos que não era e avançamos na luta por aquela que é e sempre foi a nossa bandeira, um transporte verdadeiramente público. É nesse sentido que viemos até Brasília.”

Vamos colocar no devido lugar a tentativa de golpe, Sr. Presidente, que tenho certeza absoluta que irá sucumbir, se a esquerda fizer o seu papel. O grande resumo, entre tantos, dessa história, dessa relação do Movimento Passe Livre, é que estabeleceu uma verdade, que todos nós sabemos, mas que agora foi cristalizada de maneira dialética.

Quando os governos dizem que não é possível fazer tal coisa, nem sempre eles estão falando a verdade, porque o Movimento Passe Livre provou que, quando eles falam que não pode fazer, muitas vezes pode ser feito, sim. E essa é a grande lição. Quando o povo vai para a rua, de maneira organizada e com foco, tem conquistas. Mas, quando vai para a rua desorganizada e estimulada pela “Rede Globo Golpista de Televisão”, fica muito perigoso. Nós, da esquerda, não permitiremos um golpe praticado pela elite, pela aristocracia, pelas grandes oligarquias e pela Rede Globo.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - PELO ART. 82. - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, alguém pode achar que o deputado João Paulo Rillo está delirando ao falar de golpe e de direita. Contudo, entre o primeiro e o segundo turno da eleição presidencial, a campanha do candidato José Serra veiculou, com assessoria do Instituto Millenium, este pequeno vídeo que vou exibir, que se chama “Dilma: o fim do mundo”.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

Não precisa falar mais nada. O golpe já estava preparado, só não estava assinado.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Ramalho da Construção.

 

* * *

 

O SR. ORLANDO BOLÇONE - PSB - Sr. Presidente, para falar pelo Art. 82, pelos minutos restantes.

 

O SR. PRESIDENTE - RAMALHO DA CONSTRUÇÃO - PSDB - É regimental. Tem a palavra o nobre deputado Orlando Bolçone, pelos minutos restantes.

 

O SR. ORLANDO BOLÇONE - PSB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, há uma preocupação constante e permanente neste Parlamento no sentido de interpretar o momento histórico que o País está vivendo. Quero também, de forma modesta, com muito interesse, carinho e estudo, deixar a minha contribuição a essa reflexão.

Há um consenso entre os estudiosos - sociólogos, filósofos, políticos - que vivemos um momento similar a 1968, quando eclodiu na França uma série de manifestações parecidas com as que estamos vivendo no País. A França vivia um bom momento econômico, de avanço social, mas ainda assim surgiam novas demandas. Essas demandas, à época, foram difíceis de ser entendidas. Isso repercutiu aqui. Nos anos seguintes - 69, 70 e mesmo em 68 - eu cursava a faculdade de História e, nas aulas de História, Sociologia e Filosofia, tentávamos interpretar o momento.

Há muita semelhança com o momento de hoje. Acredito que as manifestações de diversas linhas e matrizes ideológicas têm um princípio fundamental que é a defesa das instituições e do sistema como o país está organizado.

É muito importante a presença dos partidos políticos, com todas suas imperfeições e mudanças ocorridas ao longo da história. É por meio dessas instituições que a representação é feita e que se pode efetivamente mudar e melhorar a vida das pessoas.

As manifestações nas ruas são um recado legítimo com repercussão em todo o mundo. Talvez nós, agentes políticos, devemos buscar exatamente esse entendimento, cada um dando a sua contribuição. Há, também, uma visão realista e, ao mesmo tempo, otimista para que possamos aprender e sair desse momento mais fortalecidos.

Lembro de que, em 1968, o saudoso Dom Helder Câmara lapidou uma frase: feliz essa juventude do Brasil que tem tudo por fazer.

Vivemos um momento diferente, avançamos muito, mas ainda há muitos desafios. Em especial, a desigualdade de renda, a questão social, a saúde e a educação. Temos muito a avançar. Dentro desse processo, todos nós temos condições de contribuir. Os agentes políticos, em especial, têm de entender esse momento, transformá-lo em ação, adotar as suas posições e buscar o aprendizado no passado.

O alerta maior - o professor Tito viveu bem isso em 1968, nos anos de chumbo - é que devemos buscar a certeza da manutenção da democracia para que possamos continuar nos manifestando.

Gostaria de lembrar uma frase da Teologia e da Filosofia Cristã que diz que a paz se faz com desenvolvimento. Então, vemos a importância de continuar cada um dando a sua contribuição para que avancemos em paz e continuemos esse processo de desenvolvimento.

Muito obrigado.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, nos termos do Art. 100, inciso I, do Regimento Interno, convoco V. Exas. para uma sessão extraordinária a realizar-se hoje, às 19 horas, com a finalidade de apreciar a seguinte Ordem do Dia: PLC 9/13, que altera a organização e a divisão judiciárias do Estado.

 

O SR. ALCIDES AMAZONAS - PCdoB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Alesp, também quero falar um pouco sobre esta questão das manifestações que tivemos em São Paulo e em várias partes do Brasil. Fiz questão de ir a duas delas: uma que teve concentração no Largo de Pinheiros e outra na Praça da Sé. Fiz questão de acompanhar para entender um pouco o que está acontecendo e pude perceber o que já foi dito pelos colegas que me antecederam: parece que é o movimento pelo movimento, porque não tem um foco bem claro. É óbvio que a grande maioria dos trabalhadores, do povo em geral, é favorável às bandeiras que surgiram, ainda que difusas. Quem é contra a redução da tarifa? Todos nós somos favoráveis a uma tarifa mais justa e por que não até a uma tarifa zero? Ocorre que de zero mesmo não terá nada. O povo, os contribuintes vão acabar pagando a conta. Seja ela cara, barata, justa ou não, alguém tem de pagar a conta e será aquele que paga impostos, não existe mágica. Será o governo, os empresários.

Prestando atenção neste debate dos últimos dias, percebi que pouco se fala nos empresários. Acho que os empresários de ônibus, conhecidos como os tubarões da catraca, precisam assumir mais o seu papel, não pensarem no lucro, mas brigar pela qualidade do transporte, investir na qualidade do transporte. Por que não pensar em reduzir seus lucros para contribuir com um transporte melhor em São Paulo?

Ainda falando das manifestações, quero me referir às palavras de ordem.

Dia 6 de março, houve uma grande manifestação das centrais sindicais, em Brasília. Um dos pleitos era a redução da jornada de trabalho sem redução do salário. Uma medida dessas geraria cerca de dois milhões e meio de novos postos de trabalho.

Outra questão que prejudica bastante os trabalhadores quando se aposentam é o fator previdenciário. Infelizmente um trabalhador, ao se aposentar pelo atual regime, perde cerca de 35 a 40% do salário, se comparado com o da ativa.

Duas importantes bandeiras, a redução da jornada de trabalho e o fim do fator previdenciário, confesso não ter visto serem levantadas em momento algum das manifestações. E vejam que a grande maioria das pessoas que estão participando destas manifestações são jovens e poderiam colocar como reivindicações, uma vez que serão os aposentados de amanhã. Mas não é isso que temos visto.

É verdade que há um conjunto de reivindicações que mesmo difuso acaba aparecendo, mas infelizmente não conseguimos fazer a reforma política, a reforma tributária, a reforma trabalhista, a reforma previdenciária. A propósito, quero lembrar que no governo FHC tentou-se fazer a reforma trabalhista. Mas que reforma trabalhista o governo FHC tentou fazer naquela oportunidade? Para retirar direitos e conquistas dos trabalhadores. Reforma tem que ser para garantir mais direitos e conquistas para os trabalhadores. Neste momento, a presidenta Dilma Rousseff, democrata que é, está recebendo representações dos manifestantes. Acredito que ela faz muito bem. Em seu pronunciamento, já tinha sinalizado que receberia parte das representações. Isso é importante. O governo Dilma, assim como o Lula, sempre procurou dialogar com todas as forças políticas, o que é fundamental para o bom desenvolvimento do País.

Para concluir, faço uma saudação especial à Guarda Civil Metropolitana de São Paulo. Assisti pela televisão aquela minoria (200 dentre 50 mil manifestantes) que tentavam invadir a Prefeitura. De forma heróica, a Guarda Civil Metropolitana conseguiu evitar referida invasão.

Sr. Presidente, aventou-se ainda a possibilidade de se demitir os cobradores de ônibus (desonerando a folha de pagamento em 12%) para compensar a redução de vinte centavos na tarifa. Essa possibilidade foi veiculada por parte da imprensa, mas o prefeito de São Paulo, Sr. Fernando Haddad, rapidamente desmentiu referida notícia. Esses trabalhadores não podem ser demitidos em função de uma lei de minha autoria (quando fui vereador na capital), a Lei 13.207, que garante o emprego dos cobradores de ônibus. O prefeito divulgou uma nota e tranquilizou a categoria dos cobradores, que ameaçou, inclusive, entrar em greve para a defesa de quase 20 mil postos de trabalho.

 

O SR. ALCIDES AMAZONAS - PCdoB - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre deputado Alcides Amazonas e suspende a sessão até as 16 horas e 55 minutos.

Está suspensa a sessão.

 

* * *

 

- Suspensa às 16 horas e 43 minutos, a sessão é reaberta às 17 horas e 01 minuto, sob a Presidência do Sr. Jooji Hato.

 

* * *

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, visitantes, funcionários desta Casa, gostaria de saudar os moradores da região do Brooklin, da Av. Águas Espraiadas, que estão mobilizados, exercendo o poder da cidadania e se manifestando contra a aprovação do Projeto de lei n° 650. Trata-se de um nefasto projeto, privatizante, que entrega vários equipamentos públicos para a iniciativa privada, incluindo o Ginásio do Ibirapuera, a sede da Cetesb, em Pinheiros, e tantos outros equipamentos estratégicos para as áreas sociais e de segurança pública. Eles serão privatizados, o que é um verdadeiro contrassenso, um absurdo.

Mas antes de falar sobre este assunto, gostaria de homenagear todas as pessoas que estão se manifestando nas grandes marchas que estão ocorrendo no Brasil. Estão balançando o nosso País, as instituições oficiais, o Parlamento brasileiro e os poderes Executivo e Judiciário. São manifestações que estão sacudindo o mundo político.

Estamos vendo a entrada na cena política do protagonista principal da sociedade, que é a população, o povo. Isso tem alterado de forma espetacular a correlação de forças. O próprio governador Geraldo Alckmin, por exemplo, com medo da mobilização, já anunciou que não vai mais aumentar o valor dos pedágios no próximo dia 01 de julho. Além disso, hoje começa a vigorar a redução dos 20 centavos no valor das passagens do Metrô, dos trens da CPTM e dos ônibus da Capital. Tudo isso é uma vitória do movimento organizado.

Gostaria, Sr. Presidente, de mostrar uma frase tirada de uma entrevista dada pelo grande educador Paulo Freire, em 1997, ano de sua morte. Ele nos deixou esta entrevista que cai como uma luva neste momento histórico que estamos vivendo. Gostaria de ler esse trecho para os telespectadores, para os deputados e deputadas e para os moradores da região de Santo Amaro, do Brooklin e do Campo Belo, que aqui estão.

Paulo Freire diz o seguinte: “Eu morreria feliz se visse o Brasil cheio, em seu tempo histórico, de marchas. Marcha dos que não têm escola, marcha dos reprovados, marcha dos que querem amar e não podem, marcha dos que se recusam a uma obediência servil, marcha dos que se rebelam, marcha dos que querem e estão proibidos de ser. Eu acho que as marchas são andarilhagens históricas pelo mundo. O meu desejo, o meu sonho, como eu disse antes, é que haja outras marchas, como a marcha pela superação da sem-vergonhice que se democratizou terrivelmente neste País. Essas marchas nos afirmam como gente, como sociedade querendo democratizar-se.” (Palmas.)

Esta é uma homenagem ao grande Paulo Freire. Espero que sirva de lição para as grandes mobilizações que estão apenas começando a acontecer neste momento.

Gostaria de dizer que nós, do PSOL, somos totalmente contra a aprovação do Projeto de lei n° 650. Trata-se de um projeto privatizante, que entrega o patrimônio público para os mercadores. É um absurdo privatizar o Ginásio do Ibirapuera, que é um patrimônio histórico da população. Além do ginásio, o projeto de lei também abrange a sede do Detran da Vila Leopoldina, um batalhão da Polícia Militar na região de Campinas, um parque ecológico, também na região de Campinas, e tantos outros espaços, como a sede da Cetesb, do DER e do Iamspe. Tudo será entregue à iniciativa privada. A aprovação deste projeto aqui na Assembleia Legislativa é um atentado, é um crime contra a população.

Em um momento histórico como este, ao invés de colocar projetos para beneficiar a Educação, a Saúde, o transporte público e a Segurança Pública, a Assembleia Legislativa insiste em votar projetos contra a população, como o Projeto de lei nº 249, de 2013, que entrega alguns parques estaduais para a iniciativa privada. O Pico do Jaraguá, o Parque da Cantareira, o Parque de Campos do Jordão e mais dois outros espaços públicos serão privatizados. Esta é a pauta negativa e danosa da Assembleia Legislativa contra a população.

Quero registrar, Sr. Presidente, que vamos obstruir. Vamos organizar um movimento de guerrilha regimental contra a aprovação do Projeto de lei nº 650, de 2012, que, além de entregar um patrimônio público à iniciativa privada, prejudica milhares de moradores, pessoas que já moram nestes espaços públicos. São moradores de baixa renda, pessoas que lutam muito por sua sobrevivência. Eu diria que já são casas populares construídas pelos próprios moradores. Este projeto também é um atentado contra a habitação popular, contra a moradia popular. Nós do PSOL vamos obstruir, vamos nos colocar contra este projeto. Se ele for aprovado, vamos ao Supremo Tribunal Federal, através de uma ADIn.

Muito obrigado e parabéns aos moradores da região de Santo Amaro pela mobilização.

 

O SR. LUIZ CLÁUDIO MARCOLINO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, população que nos acompanha pelas galerias da Assembleia Legislativa, a bancada do PT vem acompanhando a discussão de projetos do Poder Executivo que estão tramitando na Assembleia Legislativa em regime de urgência. São projetos danosos para a população da nossa Cidade e do nosso Estado - Projeto de lei nº 249, de 2013, e o Projeto de lei nº 650, de 2012, que vendem ou colocam à disposição áreas que são da nossa população, que são patrimônio do estado de São Paulo.

O governador tem insistido. No final do primeiro semestre de 2013 quer colocar projetos para vender o patrimônio da população do estado de São Paulo. Iniciou pelo projeto dos parques. São três parques que o Governo do Estado quer vender - Parque Estadual do Jaraguá, conhecido como Pico do Jaraguá, o Parque Estadual da Cantareira, o Parque Estadual Campos do Jordão, a Floresta Estadual de Itirapina e a Floresta Estadual de Cajuru.

No dia de ontem, em conjunto com um movimento de moradia das zonas oeste e noroeste, fizemos uma caminhada e um abraço para a defesa de mais este patrimônio público que o governador do estado de São Paulo tenta vender.

Temos projetado aqui na tela a entrada do Parque Estadual do Jaraguá. Foram quase cinco mil pessoas mobilizadas no dia de ontem, demonstrando que a população não concorda com a venda dos equipamentos públicos do estado de São Paulo - os parque estaduais, no caso. Temos que fazer este mesmo movimento em relação aos outros projetos.

Há o Projeto de lei nº 650, de 2012, que vende várias áreas do estado de São Paulo. Boa parte das famílias está na região do Brooklin. Mas também temos a área do Parque do Ibirapuera, próxima de nós. O governador do estado de São Paulo cria condições de tentar vender várias áreas.

Assim como houve a mobilização de ontem na região do Parque do Jaraguá, é importante que seja feito um diálogo com todas as entidades e regiões que serão afetadas pelo Projeto nº 650. É importante essa grande mobilização.

Este é o momento de nos posicionarmos, e a bancada do PT já se declarou contrária a esse projeto. Não vamos deixar que vendam essas áreas - pertencentes hoje ao DER e ao Estado -, nem que se retirem as famílias que já estão lá. A bancada do PT, juntamente com a bancada do PSOL e o deputado Olímpio Gomes, já se declarou favorável a que se faça uma obstrução, para que esse projeto não seja debatido ou votado na Assembleia Legislativa.

Faremos o mesmo em relação aos parques estaduais - áreas que são, hoje, patrimônio da população do estado de São Paulo e não podem ser vendidas ou privatizadas. Esse é o movimento que o governador está tentando fazer. Ele vendeu, ao longo dos últimos anos, boa parte dos bancos públicos do Estado e da Sabesp, além das empresas estaduais de energia elétrica. Praticamente, destruiu o que era da população. Agora, sobraram áreas que têm moradores - conjuntos residenciais, inclusive. O governador quer se desfazer dessas áreas e vendê-las para o mercado imobiliário. É esse o debate que fazemos na Assembleia Legislativa. Não aceitamos a venda dos parques estaduais.

Também não aceitamos o Projeto nº 650, de 2012, que vende mais de 600 áreas importantes do Estado. O governador quer vendê-las e passá-las para a iniciativa privada. Dessa forma, capitalizam as PPPs, Parcerias Público-Privadas e desmontam, aos poucos, o patrimônio do povo do estado de São Paulo.

Da mesma forma que foi contrária, na época, à venda do Banespa, da Nossa Caixa e das empresas de energia, a bancada do PT também se posiciona, agora, contrária à venda dos parques estaduais e, principalmente, ao Projeto nº 650, que é um arremedo.

Com a desculpa de que vai repassar algumas áreas para as prefeituras, o governador quer vender o patrimônio do Estado. A bancada do PT é contrária à discussão ou a que se paute o projeto de lei que vende os parques do estado de São Paulo. É muito importante que, nesse debate, a população se mobilize para demonstrar ao Governo do Estado de São Paulo que não aceitamos a privatização dos nossos espaços públicos.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, informando que a Ordem do Dia será a mesma da sessão de hoje. Lembra, ainda, da Sessão Extraordinária, a realizar-se hoje, às 19 horas; e da realização da sessão solene de hoje, às 20 horas, para homenagear os PMs de Cristo.

Está levantada a sessão.

 

* * *

 

- Levanta-se a sessão às 17 horas e 14 minutos.

 

* * *