06 DE AGOSTO DE 2008

096ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidente: WALDIR AGNELLO

 

Secretário: OLÍMPIO GOMES

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - WALDIR AGNELLO

Assume a Presidência e abre a sessão. Registra a visita de alunos da Cemeb Governador André Franco Montoro, do município de Itapevi.

 

002 - CARLOS GIANNAZI

Faz considerações sobre a aprovação da Lei nº 11.738, que estabelece o piso salarial para os profissionais da educação em todo o território nacional. Lembra que a questão salarial foi colocada como a principal na crise da educação nacional. Comenta que a lei aprovada está muito aquém do que os profissionais desejavam e que o piso salarial.

 

003 - OLÍMPIO GOMES

Critica a postura do Governo do Estado em cercear a liberdade de expressão e de imprensa das entidades da polícia civil. Informa que o Governador havia conseguido uma liminar na Justiça, a fim de que não fosse veiculada propaganda das entidades representativas da Polícia Civil.

 

004 - CONTE LOPES

Manifesta-se favorável à análise da questão salarial da polícia civil pelo Governo do Estado. Diz que o trabalho da polícia tem que ser valorizado. Critica os indultos de presos perigosos que ocorrem nos Dias das Mães e dos Pais. Lembra os ataques do PCC e o assassinato de 11 policiais militares ocorrido este mês.

 

005 - DONISETE BRAGA

Faz referência à questão da inclusão na educação superior no País, de modo que seja proporcionado aos alunos das escolas públicas a oportunidade para ingressar nas universidades. Informa que nos últimos cinco anos o Ministério da Educação e Cultura entregou 45 novas unidades de ensino e que o Governo Federal tem o objetivo de investir nas escolas técnicas do País.

 

006 - ADRIANO DIOGO

Refere-se à importância da Comissão de Saúde fazer uma visita ao Hospital de Mogi das Cruzes, pois existem denúncias graves. Fala sobre a situação do Hospital de Vila Alpina. Comenta que todos os hospitais que foram terceirizados apresentam situação de calamidade. Informa que os médicos do Iamspe estão para entrar em greve, apesar dos recursos enviados pelo Secretário de Administração ao hospital.

 

007 - LUIS CARLOS GONDIM

Associa-se ao discurso do Deputado Adriano Diogo. Confirma que o Hospital de Mogi das Cruzes precisa de uma visita e que este é momento propício para saber o que está acontecendo. Lembra que muitos Deputados desta Casa são candidatos a prefeito e pede que o Regimento Interno desta Casa possa ser mudado, de modo a permitir que os suplentes assumam o mandato. Manifesta a sua preocupação com a polícia de Ferraz de Vasconcelos e de Poá pela falta de atenção à segurança dos policiais militares e civis.

 

008 - CARLOS GIANNAZI

Comenta que o Governo do Estado conseguiu paralisar a rede estadual de ensino ao promulgar legislação que dificulta o acesso do servidor às consultas médicas. Refere-se à paralisação no dia 13 dos profissionais da Segurança Pública. Informa que os servidores da Secretaria da Fazenda se mobilizaram contra o PLC 35/08, que trata da reestruturação dos agentes fiscais da Secretária da Fazenda.

 

009 - ADRIANO DIOGO

Refere-se à situação do Hospital do Servidor Público e informa que a assembléia realizada pelos médicos decidiu pelo estado de greve, a partir de 14 de agosto, porque a residência médica está ameaçada, com o fim dos plantões e das horas extras. Lembra que o Hospital do Servidor é hospital-escola, além de ser um dos mais importantes do País.

 

010 - ADRIANO DIOGO

Pelo Art. 82, fala sobre a decisão dos médicos do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo, de entrar em greve. Argumenta que deve ser revista a situação dos hospitais que têm administração terceirizada.

 

GRANDE EXPEDIENTE

011 - EDSON FERRARINI

Sugere que o Governo Federal crie projeto específico para combate à criminalidade, citando como exemplo, o rigor na aplicação da chamada "Lei Seca", que resultou na diminuição dos acidentes de trânsito. Defende revisão do Código de Processo Penal, que considera arcaico.

 

012 - ADRIANO DIOGO

Elogia a política econômica do Presidente Lula. Considera a implementação dessa política como responsável pelo crescimento da classe média brasileira. Mostra sua posição contrária ao crime organizado; pede solução para esse problema (aparteado pelo Deputado Edson Ferrarini).

 

013 - PEDRO TOBIAS

Parabeniza a cidade de Bauru, por constar em sexto lugar em pesquisa sobre desenvolvimento, realizada em cem municípios brasileiros, dos quais 80 pertencem ao Estado de São Paulo. Diz que esse fato demonstra o bom desempenho do governo na promoção do desenvolvimento paulista.

 

014 - JOÃO BARBOSA

Solicita o levantamento dos trabalhos, por acordo de lideranças.

 

015 - Presidente WALDIR AGNELLO

Acolhe o pedido. Cancela a sessão solene prevista para o dia 29/08, às 20 horas, que comemoraria o "Dia do Bancário", por solicitação do Deputado Cido Sério. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 07/08, à hora regimental, com ordem do dia. Levanta a sessão.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Olímpio Gomes para, como 2º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - OLÍMPIO GOMES - PV - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Convido o Sr. Deputado Olímpio Gomes para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - OLÍMPIO GOMES - PV - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

* * *

 

- Passe-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Srs. Deputados, com muita satisfação esta Presidência anuncia a presença de ilustres visitas a esta Casa. São os alunos da Cemeb Governador André Franco Montoro, do Município de Itapevi, em São Paulo, acompanhados da Sra. Paula Pezoni e outros. Em nome de todos os Deputados da Assembléia sejam muito bem-vindos a esta Casa. É sempre um prazer receber visita de escolas, de cidadãos e cidadãs que estão aprendendo sobre cidadania também.

Srs. Deputados, vamos passar à lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente. Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Felício. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Cândido. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Caramez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Rita Passos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rodolfo Costa e Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Engler. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Baleia Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Carlos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vicente Cândido. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celino Cardoso. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Célia Leão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Bruno Covas. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Estevam Galvão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, público aqui presente, telespectadores da TV Assembléia, gostaria hoje de fazer algumas considerações sobre a aprovação da Lei federal 11.738, que estabelece o piso nacional salarial para os profissionais da Educação. Na verdade, essa lei apenas regulamenta o Art. 60 da Constituição, em suas Disposições Transitórias. Há muito tempo, a nossa Constituição já colocava a emergência desse piso salarial para todo o Brasil. Até porque essa é, com certeza, a principal questão colocada na área da crise da Educação nacional. Ou seja, há o consenso nacional de que se não houver investimento em salários dignos para os profissionais da Educação não haverá saída, principalmente para a Educação pública nacional.

A lei foi aprovada e promulgada pelo presidente da República no dia 17 de julho, e estabelece que o valor de 750 reais, que é o piso salarial, por 40 horas semanais, só entrará em vigor em 2010. É um absurdo total. E esse valor de 950 reais está muito aquém das necessidades e das reivindicações dos profissionais da Educação em todo o território nacional.

Não haverá nenhum impacto na rede estadual de ensino, na rede municipal de São Paulo, e de muitas redes de ensino do nosso País, das capitais, dos estados que têm orçamentos mais significativos. Talvez haja alguma diferença em municípios mais pobres, no interior do Brasil. Mas, nas principais redes de ensino do nosso País o piso salarial não trará nenhuma melhoria nos salários do professores. Essa é a grande verdade.

O único avanço é que ela estabelece que uma parte da jornada de trabalho, de 40 horas, será destinada ao trabalho extracurricular do professor. Ou seja, 2/3 da jornada de trabalho, que representam 12 horas/aulas seriam realizadas fora da sala de aula. Em 2010, o piso salarial não levaria em conta os subsídios como gratificações a abonos. Seria o salário-base de todos os professores do Brasil.

Mesmo com uma lei que não atende às expectativas do nosso País, há um descontentamento dos prefeitos e governadores, principalmente da Secretária de Educação do Estado de São Paulo, que recentemente participou de uma reunião com outros secretários de educação, em Porto Alegre. Ela fez críticas dizendo que não teria condições de pagar esse piso. Criticou essa questão de jornada dizendo que se essa lei entrar em vigor, o Estado de São Paulo teria que contratar 70 mil professores e teria que gastar mais de 1,4 bilhão de reais. Disse que é gasto. Entendemos que é investimento em Educação. Seria realizado concurso público, e isso é muito importante.

Até a “Folha de S.Paulo” publicou editorial, ontem, criticando a aprovação do piso. Ou seja, é um piso que não agradou professores, secretários de educação, prefeitos e governadores, que não querem investir em educação.

Só no Brasil acontece uma situação como essa. Uma lei aprovada em Brasília, sancionada pelo presidente, com uma forte oposição dos prefeitos, governadores e secretários de Educação. Pior, ainda, que a lei nem beneficia totalmente os professores.

Quer dizer, só existe a falácia e o discurso em relação ao investimento na educação. De concreto não há investimento algum. Uma lei federal é aprovada, não atende as necessidades dos professores, e é duramente criticada pelos governadores e prefeitos do nosso País. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PV - Sr. Presidente, Srs. Deputados, cidadãos que nos acompanham pela TV assembléia, funcionários desta Casa, jovens que hoje freqüentam as instalações da Assembléia Legislativa, de ontem a tarde para hoje, fiquei em dúvida se o Governador de São Paulo seria Hugo Serra Chávez. Porque só ditador tem postura de cercear liberdade de expressão, e até mesmo a liberdade de imprensa; e a liberdade discussão de necessidades associativas e sindicais.

O nosso governador Hugo Serra, ou José Serra, conseguiu uma liminar na Justiça para que não se veiculasse ontem, no horário do Jornal Nacional, da Rede Globo, uma propaganda das entidades representativas da Polícia Civil do Estado de são Paulo, alertando a população da possibilidade de paralisação das operações da Polícia Judiciária, no Estado de São Paulo, no próximo dia 13 e dias subseqüentes. O direito de greve - estão aqui escolares e pessoas que nos acompanham - está esculpido no Art. 9º da Constituição federal. O direito de associação e de sindicalização está no Inciso XVII, do Art. 5º, que trata justamente dos nossos direitos e garantias fundamentais. O Art. 223 da Constituição fala da liberdade de expressão.

Mas, a postura tirânica do Governador tentando tapar o sol com a peneira, enganar a população dizendo que está tudo bem com a Polícia Militar do Estado de São Paulo, conseguiu essa medida após a publicidade já ter sido veiculada no dia 1º e dia 2, na Rede Bandeirantes e na Rede Record, respectivamente.

“Ah, mas se mostrar na Rede Globo, no horário do Jornal Nacional, o Brasil vai descobrir o péssimo e incompetente gestor da Segurança Pública que é o Governador José Serra”.

O que as entidades estão tentando alertar é justamente isso.

Quero dizer aos cidadãos, àqueles que tiverem acesso à internet, que enquanto as nossas entidades derrubam essa liminar judicialmente para que então possam mostrar, para os 41 milhões de habitantes, o Governador que São Paulo tem, ou que não tem, aqueles que quiserem consultem no site “www.comitedocidadao.com.br” ou podem consultar também no meu site “www.majorolimpio.com.br” a propaganda na íntegra, que está disponível.

O Governador José Serra está matando os policiais de fome. Aqueles policiais, os quais as facções não estão matando, o Governo está tentando matar de fome. E o alerta das associações é, como já dissemos, justamente nesse sentido.

Não adianta. Governador, tirano na América Latina nós temos Hugo Chávez. Não tente imitá-lo. Não tente cercear a imprensa. Não tente calar a boca da polícia com seu descaso, com a incompetência da gestão. Não bastam os policiais estarem tombando nas ruas e V. Exa. provocando esse desrespeito à Constituição?

Se não houver negociações a polícia civil vai parar. E a Polícia Militar, não por estrutura de comando, mas o policial na ponta da linha vai cumprir só o que está na lei.

O dia em que o policial militar fizer só o que está na lei vai aparecer todas as incompetências em todas as áreas do Estado porque a ambulância do pobre na periferia ainda é a viatura de rádio patrulha. Oitenta por cento dos atendimentos sociais são feitos pela Polícia Militar. Quem leva preso para fazer legitimação, que não é missão da Polícia Militar, são as viaturas da Polícia Militar. Quem leva droga apreendida para fazer constatação, que não é responsabilidade da Polícia Militar, é a Polícia Militar porque o Estado não dá estrutura.

Portanto é bom que a população saiba o Governo que tem, que escolheu mal, que fica pulando do trampolim o dia todo pensando em 2010 e esquece de governar São Paulo, e esquece de cuidar da segurança. E ainda trata com indignidade os recursos humanos, os policiais que estão morrendo pela população.

Basta, Sr. “Hugo Serra Chávez”! Na América Latina só temos um ditador; e se Deus quiser já será página virada dessa história. Apoiador de Farcs nós temos um, não precisamos de mais nenhum.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Samuel Moreira.(Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz.(Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Waldir Agnello na Presidência dos trabalhos. Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais .(Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Almeida.(Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CONTE LOPES - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, somos também favoráveis a que o Governo do Estado venha analisar o problema salarial da polícia civil e militar do Estado de São Paulo.

É realmente um absurdo. A polícia de São Paulo não pode ser a polícia que ganhe o pior salário no Brasil até pelo trabalho que tem feito. Nossas cadeias estão superlotadas com cerca de 150 mil presidiários.

Normalmente a polícia está prendendo detento, ou seja, quem já deveria estar na cadeia. Portanto, a polícia tem que ser valorizada, sim.

Se São Paulo não é como o Rio de Janeiro que vive num terror total, pedindo ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que ponha o exército na rua, para que traga a guarda nacional para as ruas, aqui em São Paulo nunca se pediu nada nesse sentido.

Se há dificuldades quanto à segurança pública não é devido ao trabalho da polícia, pois este é muito bom. O problema é que se libera muitos bandidos. No dia das mães soltaram 18 mil detentos. Talvez no próximo domingo soltem mais 18 mil presidiários; e põe a polícia para correr atrás deles.

Falando em Segurança Pública, quero me referir a um absurdo que está veiculado em todos os jornais de hoje. Nunca vi uma coisa desse tipo em toda a minha vida. A reunião do Abadia, da Farc, do Beira-Mar, do Comando Vermelho, e de um tal de Barbosa do PCC. Qual é o objetivo dessa reunião? Seqüestrar o filho do Presidente da República, ou seqüestrar juízes, ministros da justiça, parentes de ministros da justiça, parentes de Deputados, Deputados, etc.

Torno a dizer que nunca vi tal coisa. Mas é importante alertar que isso não é brincadeira. Já aconteceu há dois anos.

Essa mesma conversa já ouvi do Secretário Saulo, à época do Governador Cláudio Lembo no 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar, dizendo que o PCC pretendia seqüestrar alguns políticos daqui de São Paulo.

Isso foi dito durante o dia numa festividade no 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar, onde se homenageava oficiais militares que evitaram uma situação num jogo do Corinthians aqui no Pacaembu, onde os policiais tiveram de enfrentar a massa até para evitar que jogadores fossem espancados.

Nesse dia essa conversa saiu do próprio Secretário Saulo. À noite o PCC não seqüestrou políticos, mas atacou e matou vários policiais, atacou São Paulo inteiro de tal forma que durante três dias, praticamente, não se andava pelas ruas de São Paulo.

Quando vejo nos jornais de hoje a polícia federal dizendo que está  prendendo o advogado do Abadia que também é advogado do Beira-Mar, e também vejo pela Rede globo de Televisão um advogado dos quadrilheiros, dos bandidos, usando o tempo da televisão dizendo o seguinte: “os meus clientes são inteligentes. Eles não vão fazer uma ação dessa, seqüestrar autoridade, para trocar por alguém”.

Vejam bem o bandido ainda é chamado de inteligente. Ele não é chamado de criminoso,de assassino. Esse Abadia mandou matar mais de 150 pessoas. Está aqui refugiado no Brasil. Aliás a sociedade até fez festa com as coisas dele. Pessoas simples do povo na frente da câmera da Rede Globo, da Rede Bandeirantes comprando um par de meias. Os mais ricos compravam os carros do Abadia, compravam lancha de um milhão e quinhentos mil reais. Outros compravam televisores. Enfim, isso foi até como uma propaganda ao próprio tráfico de drogas.

Quando vemos que a Polícia Federal, desde 2007, tem alertado o Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva da possibilidade de ele ter um filho seqüestrado, então estamos entrando numa situação realmente difícil.

Quando o bandido começa a enxergar essa possibilidade, quando o bandido, até pelas emissoras de televisão, em conversas gravadas, um chama o outro de irmão e manda matar porque alguém mexeu com a mulher do outro, e manda-se matar e mata-se...

Manda-se matar policial. Só este mês onze policiais militares foram assassinados em São Paulo, fora os civis. O policial, ao sair de serviço, quando está chegando em casa... Quer dizer, alguma coisa está acontecendo. Com relação aos políticos, a Polícia Federal conseguiu descobrir. E esses policiais que estão sendo assassinados? Será coincidência? Só se assalta PM?

Aproveitando deixo o alerta aos PMs para que tomem cuidado nas horas de folga, quando saem do serviço ou quando vão trabalhar. Francamente, onze policiais assassinados num período de 30 dias, por dezenas de anos de trabalho na polícia, jamais vi.

Portanto, todo cuidado é pouco para os policiais quando saem de serviço, ou quando voltam para casa.

Enfim,uma união que conseguiram deixar num presídio a Farc, o Comando Vermelho, com o Beira-Mar, as Farc, com Abadia, e o PCC representado por um tal de Barbosa, unindo-se os três grupos de bandidos com o intuito de seqüestrar o filho do Presidente da República. É brincadeira uma coisa dessas. Onde vamos parar? Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Mário Reali. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Sr. Presidente, nobre Deputado Waldir Agnello, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembléia e alunos de Itapevi, que nos visitam nesta tarde. Para nós é motivo de muita alegria receber os estudantes das escolas de São Paulo.

Educação é um tema de grande importância. O presidente Lula tem procurado imprimir em seu governo a inclusão ao sistema educacional, um dos temas que reputo da mais alta importância. O objetivo é proporcionar, especialmente aos alunos oriundos das escolas públicas da periferia, a oportunidade de um dia ingressarem numa universidade. Sabemos que hoje, para ingressar numa universidade pública, a disputa é muito acirrada até porque quem muitas vezes acaba conquistando esse espaço é quem paga um colégio particular, um cursinho. Quando pegamos os dados, por exemplo, de 1909 até 2002, vemos que foram construídas 140 escolas técnicas no País. Nos últimos cinco anos, porém, o Ministério da Educação e Cultura já entregou à população 45 unidades das 64 previstas na primeira fase do plano de expansão da rede federal de Educação. Todo o investimento da expansão educacional profissional e tecnológica soma o valor de quase 750 milhões de reais.

O governo federal tem como objetivo expandir, pulverizar, distribuir em todas as regiões da Federação investimentos nas escolas técnicas do nosso País. Aliado a isso, há investimentos altos no Programa Universidade para Todos, o ProUni, que tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais a estudantes de baixa renda em cursos de graduação em instituições privadas de Educação superior. É importante destacar que no processo seletivo de 2005 o ProUni ofereceu 112 mil bolsas em 1.142 instituições de ensino superior em todo o País.

Sem dúvida alguma, Sr. presidente, esses dados demonstram a preocupação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em estabelecer um processo de inclusão à Educação de qualidade para dar oportunidade não só à juventude, mas a todos os brasileiros de se capacitar porque hoje até em função da nossa economia a grande demanda é empregar indivíduos com formação tecnológica.

Não tenho dúvida alguma que os 750 milhões de reais investidos nas escolas técnicas são um elemento fundamental para que possamos ter uma política inclusiva para que todos tenham a oportunidade de um dia ingressar numa universidade. A nossa cobrança e a sintonia do governo federal em expandir os campi universitários no País, especialmente no Estado de São Paulo, é fundamental para que estabeleçamos um ciclo inclusivo educacional com qualidade.

Travamos uma grande luta no ABC Paulista e hoje temos a Universidade Federal do ABC, localizada no município de Santo André. Estamos numa luta também para expandir o campus da Universidade Federal para o município de Mauá para atender Mauá, Ribeirão e Rio Grande da Serra. Não tenho dúvida, deputado Luis Carlos Gondim, que é a luta de V. Exa. também na região de Mogi das Cruzes. Temos que cobrar especialmente do governo federal, que tem tido essa rotina de investir na educação do povo brasileiro. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado André Soares. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Cido Sério. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jorge Caruso. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlinhos Almeida. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luciano Batista. (Pausa.)

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Cido Sério. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, estamos em regime de censura. Avisamos a todos os telespectadores da TV Assembléia que estamos absolutamente censurados, não podendo discutir política ou qualquer outro assunto relevante e inerente à nossa função. Entendo que a TV Assembléia não é uma concessão pública e, portanto, as regras deveriam ficar mais claras, porque nós Deputados estamos impedidos de discutir o processo eleitoral ou qualquer coisa que diga respeito embora não sejamos candidatos, nem estejamos participando diretamente do processo eleitoral. Mas como neste País nem sempre as regras são claras sempre tentaremos nos adaptar. Essa eleição é completamente atípica, muito parecida com aquelas do tempo da ditadura, mas para não dar pretexto aos nossos algozes vamos tentar fazer o possível dentro da linha da lei e da dignidade.

Nesse sentido, Deputado Luis Carlos Gondim, é da maior relevância que façamos aquela visita ao Hospital de Mogi das Cruzes. Tem razão V. Exa. quando diz que aquele hospital estadual de Mogi merece uma visita e inspeção da Comissão de Saúde. As denúncias são graves. Tivemos uma reunião na Comissão de Saúde ontem - excelente reunião, por sinal - com a presença de todos os Deputados que a compõem. Ao mesmo tempo, Deputado Luis Carlos Gondim, a situação do Hospital de Vila Alpina é gravíssima. Todos os hospitais terceirizados pelo Governo do Estado estão em situação de quase calamidade. A sorte de alguns hospitais é que a terceirização foi feita com as faculdades de medicina. O Hospital Estadual de Sapopemba, por exemplo, é administrado pela Faculdade de Medicina da USP.

E a situação do Iamspe, Deputado Luis Carlos Gondim? Os médicos do Iamspe estão fazendo de tudo para não decretar uma greve, mas isso está na iminência de acontecer, embora o Sr. Secretário de Administração tenha dito que irá liberar recurso para a manutenção do Hospital do Servidor.

Na medida em que o Secretário de Saúde não se julga mais responsável pela situação do Iamspe, que está na mão da Secretaria da Administração, o novo administrador do Iamspe é um neófito, um sujeito ligado a plano de saúde privado.

O pessoal do Instituto de Previdência do Rio Grande do Sul esteve aqui, a convite do Deputado Celso Giglio, e nos deu uma verdadeira aula de como tratar a Previdência do servidor.

O desconhecimento de administração pública do atual Secretário de Administração é himalaico, ou seja, de uma altitude incalculável. Secretário, embora V. Exa. não confie nos pares do seu próprio partido, poderia convidar o Instituto de Previdência do Rio Grande do Sul, Estado governado por Yeda Crusius, para ver como funciona. É um instituto modelar, exemplar. Não essa vergonha que é o Hospital do Servidor Público Estadual.

Senhor Secretário de Administração, V. Exa. que fez aquela cerimônia de auto-elogio no Palácio dos Bandeirantes em relação ao Iamspe, liberando verbas, conheça como funciona o Instituto de Previdência do Rio Grande do Sul.

Governador, V. Exa. vai, toda manhã, em frente ao espelho e pergunta: “Espelho, espelho meu, quem foi o melhor Ministro da Saúde do Brasil?” O espelho não responde, mas V. Exa. diz: “Fui eu.” Governador, veja como está a situação do Iamspe.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim.

 

O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Deputado Adriano Diogo, a Comissão de Saúde ontem teve quórum total, o que é muito bom.

O Deputado Adriano Diogo sugeriu que fosse feita uma visita ao Hospital Luzia de Pinho Melo, pela ocorrência de morte de crianças, embora não tenhamos denúncia formal. Quando pedimos essa visita em junho, queríamos saber o que estava acontecendo, se o hospital estava realizando cirurgias, o número de pacientes que eram atendidos, e mais algumas coisas.

Faço questão dessa visita, porque, no momento da crítica, estamos aqui e, no momento do aplauso, também temos de estar aqui. Na minha opinião, este é o momento propício para visitarmos esse hospital e saber o que realmente está acontecendo.

Falar que a Saúde no Estado de São Paulo está boa, não é verdade. Estou entrando com requerimento de informação, porque o AME de Mogi da Cruzes ainda não foi instalado. Temos tido problemas seriíssimos. Ontem, em São José dos Campos, foi aprovada uma moção dos vereadores indagando se essa cidade irá receber o AME ou não.

Essas perguntas contínuas dos municípios são razão suficiente para não nos afastarmos daqui. Conforme citou o jornal de Diadema, 30,8% dos Deputados desta Casa são candidatos a prefeito. Dentro em breve, aquele painel em verde estará todo amarelo. É uma situação muito delicada. Se todos pedirem licença, a situação ficará complicada. O que vai acontecer? Não haverá Deputado presente, a sessão será cancelada, projetos de Deputados não serão votados; aliás, normalmente, não se vota mesmo.

Queremos que o Regimento Interno da Casa seja mudado, dando possibilidade de o suplente assumir no caso de licença de Deputado. Se saírem 30% dos Deputados, a Casa não terá quorum. É uma situação de extrema irresponsabilidade. Os 435 municípios que nos deram votos nos cobram a resolução dos problemas das Santas Casas, das Apaes, além de outros ligados à Saúde. Deputado Adriano Diogo, quero estar junto com V. Exa. nessas visitas.

Mais uma vez, quero dizer da necessidade de se mudar o Regimento da Casa o mais rápido possível. Assim, se houver necessidade de o Deputado se afastar por um determinado período, o suplente assumirá imediatamente. Dessa forma, a Casa não sofrerá com a falta de quórum.

Quero abordar um outro assunto que nos chama atenção: a matança de policiais que está ocorrendo na Zona Leste nos últimos dias. Parece estar havendo uma guerra em Ferraz de Vasconcelos, Suzano, Poá. Já temos poucos policiais, e a situação está séria na nossa região. Não sei como esses casos serão resolvidos, mas a Segurança Pública precisa receber mais atenção, assim como os policiais militares e civis. É necessário que esses policiais recebam aumentos salariais, não bônus.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembléia, o Governo Estadual, em especial o Governador José Serra, vem tratando muito mal e com muito descaso os servidores públicos do Estado de São Paulo. Recentemente o governador conseguiu paralisar a rede estadual de ensino ao promulgar uma legislação aprovada na Assembléia Legislativa, a Lei n° 10.041, que impede o servidor público de ter acesso à saúde. Ao mesmo tempo, promulgou também um decreto no “Diário Oficial” dificultando, impedindo a transferência, a remoção e a contratação dos professores especialistas da educação. Houve uma grande paralisação que também visava à melhoria da qualidade de ensino, melhores condições de trabalho, melhores salários. Agora estamos assistindo à preparação de uma outra paralisação, a dos profissionais da segurança pública. A Polícia Civil, por meio das suas entidades, está se organizando e denunciando já há algum tempo os baixos salários, as precárias condições de trabalho e vai fazer uma paralisação no dia 13, na semana que vem.

Outras categorias também estão sendo injustiçadas. Os projetos apresentados pelo Governo Estadual que tratam de reestruturação das carreiras dos mais diversos segmentos são todos ruins. É incrível, Srs. Deputados, mas tudo o que chega do Governo em matéria de servidor público tem a contestação e a oposição veemente dos servidores e das suas entidades representativas.

Há um caso exemplar. O Governo apresentou recentemente o Projeto de lei Complementar n° 35/08, que trata da reestruturação dos agentes fiscais da Secretaria da Fazenda. O governo se propõe a reestruturar a carreira. Houve uma grande mobilização desses servidores, como julgadores tributários, técnicos de apoio às arrecadações tributárias. Eles não só se mobilizaram, como estão mobilizados contra o projeto, tecendo duras críticas ao PLC 35/08. Esse projeto deveria melhorar a carreira, incentivar o servidor dessa secretaria estratégica, pois trata da arrecadação, do fisco do nosso Estado. O governador apresentou um projeto de lei descaracterizando, desvalorizando a carreira, inclusive extinguindo cargos importantes como a dos julgadores tributários. Essa categoria será extinta nesse projeto de reestruturação da carreira.

Ontem estivemos conversando com os vários segmentos desse setor de servidores que compareceram aqui na Assembléia Legislativa e participaram da reunião de líderes e de vários encontros com diversos Deputados sobre essa questão. Deixaram também um ofício com uma síntese das contradições do projeto e um estudo crítico, uma análise técnica dessa proposta da Secretaria. Seria bom que todos os Deputados lessem para perceber como o Governador José Serra ataca todos os servidores de todas as secretarias. A situação é grave.

Queremos manifestar o nosso total repúdio a esse Projeto nº 35/08, de reestruturação dos agentes fiscais de renda do Estado de São Paulo, e dizer que esse projeto tem de ser retirado desta Casa, rediscutido com os servidores, com os agentes fiscais. Do jeito que ele foi enviado só vai prejudicar ainda mais a carreira desses servidores.

Sr. Presidente, passo a ler o ofício do Sindicato dos Agentes Fiscais de Rendas do Estado de São Paulo e a análise técnica anteriormente citada. Esses documentos foram entregues para todos os líderes partidários. Faço essa leitura para que possamos dar visibilidade a essa discussão e discutir de forma ampla com todo o funcionalismo e Deputados esse projeto de destruição da carreira dos agentes fiscais de renda do Estado de São Paulo.

Reestruturação da Carreira de AFR

Projeto de lei Complementar

Análise Técnica da Minuta da Secretaria da Fazenda

Elaboração: Comissão de Apoio Técnico ao Sinafresp

Sindicato dos Agentes Fiscais de Rendas do Estado de São Paulo

Sinafresp – Julho/2008

Comunicado do Presidente do Sinafresp aos sindicalizados

Caros colegas filiados ao Sinafresp,

De 23 a 27 de junho vivemos uma semana decisiva do projeto de reestruturação de nossa carreira. Isto porque, a partir de lº de julho, a Assembléia Legislativa entrou em recesso e em seu retorno, 1º de agosto, a campanha eleitoral dos municípios estará absorvendo a atenção dos parlamentares, dificultando a obtenção do quorum mínimo para a tramitação de projetos e votações na Alesp. Diante disto e visto a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) no último dia 26 que possibilitou o encerramento do semestre legislativo paulista no dia 30 de junho, o Projeto de Reestruturação não foi votado na Assembléia neste semestre, somente podendo ser a partir de agosto e é provável que encontre mais dificuldades de tramitação e votação até o término do calendário eleitoral (novembro).

Não custa relembrar que nossa Classe vive dois grandes problemas no presente momento:

1) ameaça às atribuições privativas do cargo, principalmente através da atuação do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG) por meio de Convênio firmado com a Secretaria de Gestão Pública do Estado, tentando desenvolver atividades de planejamento da ação fiscal na Secretaria da Fazenda atividade privativa de nosso cargo;

2) o projeto de reestruturação de nossa carreira, que ameaça direitos que conseguimos ao longo de muitos anos de lutas.

Com relação à atuação do INDG a Diretoria do Sinafresp em união com colegas colaboradores, tem empreendido intensa luta na preservação das atribuições de nosso cargo, tendo enviado dois ofícios ao Secretário da Fazenda e um ao Secretário de Gestão Pública, -buscando saber em que termos foi firmado o convênio com o Movimento Brasil Competitivo (MBC), que por sua vez contratou o INDG para desenvolver ações de planejamento fiscal na Sefaz. Mesmo antes do envio de cópia do convênio por parte do Secretário de Gestão Pública, a Diretoria do Sindicato ingressou com representação no Ministério Público Paulista argüindo a inconstitucionalidade e a ilegalidade da atuação do MBC e do INDG na atividade de planejamento fiscal e no acesso a dados de contribuintes protegidos legalmente por sigilo fiscal, do cadastro de contribuintes da Secretaria da Fazenda do Estado. A par disto, a diretoria do Sinafresp em conjunto com a Afresp vem desenvolvendo trabalho de aproximação com formadores de opinião da imprensa escrita, falada e televisionada, o que permitiu que nossa luta contra o MBC e o INDG fosse tema de reportagem de mais de meia página no jornal Folha de S.Paulo, onde renomados juristas como Ives Gandra Martins e Adilson Dallari questionaram a legalidade do convênio. Coincidência ou não, após nossas ações, a parte da atuação do INDG dedicada ao planejamento fiscal no tocante ao ICMS foi paralisada segundo informações que nos chegam, porém houve continuidade no tocante ao ITCMD, IPVA e Taxas, pelo que nossa luta continua. Estamos monitorando a atuação dos dois institutos (MBC e INDG) e acompanhando também a Representação que se encontra no Ministério Público, além de um Pedido de Informação sobre o assunto elaborada pela deputada Maria Lúcia Prandi (PT) ao Secretário da Fazenda e um convite da Comissão de Finanças e Orçamento da Alesp, também encaminhada ao Secretário da Fazenda, para falar sobre o mesmo assunto.

Por outro lado, em sintonia com decisão expressa pela Classe em várias AGEs deste ano, a Diretoria do Sindicato foi contra o envio do Projeto de Reestruturação da Classe à Assembléia Legislativa, nos termos em que se encontra, visto que entre outras coisas:

- Não contempla um sub-teto salarial equivalente ao da Magistratura, Ministério Público e Procuradoria Geral do Estado;

- Cria uma trava de aumento de quota (que por sua vez irá progredir menos do que a atual), com liberação vinculada ao aumento do sub-teto do Estado, o que tem se demonstrado muito difícil de ocorrer nos últimos anos;

- Prevê situações não negociadas com a Classe, como a alteração dos critérios de promoção, na qual extingue-se a promoção por antiguidade;

- Cria critérios a serem obedecidos para percepção da Participação nos Resultados, com metas a serem atendidas por unidades subordinadas à CAT, além de meta coletiva, critério confuso e impróprio, uma vez que dá margem a muitas injustiças;

- Tem imprecisões jurídicas na criação da Participação nos Resultados, que geram intranqüilidade da Classe;

- Prevê valores de resíduo salarial com exclusão de parcelas e gratificações regularmente recebidas, o que pode provocar reduções nominais de vencimentos, além de estar em desacordo com a legislação;

- Outras situações que se encontram mais detalhadamente descritas na análise do projeto de reestruturação que segue anexada.

Assim, da forma como foi elaborada a minuta, o projeto de reestruturação torna-se inaceitável para nossa Classe, pelo que a Diretoria do Sinafresp disse NÃO ao seu envio à Assembléia Legislativa e pede sua retirada daquela Casa, para nova negociação junto à Secretaria da Fazenda.

Com o objetivo de ajudar os colegas a entenderem melhor porque este projeto não é aceito por nós, segue adiante Análise Técnica da Minuta do Projeto de Lei Complementar que trata da reestruturação de nossa Carreira, elaborada pela Comissão de Apoio Técnico ao Sinafresp.

São Paulo, 1º de julho de 2008

Lauro Kuester Marin - Presidente do Sinafresp

Reestruturação Da Carreira de AFR

Analise Técnica da Minuta do PLC

Elaborada pela Comissão de Apoio Técnico ao Sinafresp

O exame mais cuidadoso da minuta do Projeto de Lei Complementar elaborado pela Secretaria da Fazenda para reestruturar a carreira de Agente Fiscal de Rendas revela que o último texto é ainda mais problemático que os anteriores, embora com pequena melhoria introduzida na versão que saiu da Casa Civil. Justifica-se, portanto, o esforço que a Classe vem desenvolvendo pela sua rejeição, pois, o PLC fazendário é tão desfavorável à carreira que nem a aprovação de uma PEC estabelecendo o teto único estadual seria suficiente para evitar os danos que poderia causar à estrutura remuneratória da carreira quando ela viesse a ser aprovada.

Não obstante contenha outros equívocos bastante sérios, os mais graves, no entender desta Comissão Técnica, são, em primeiro lugar, a indevida extensão aos AFRs do instituto de participação em lucros e resultados, que constitucionalmente é reservado apenas aos empregados das empresas privadas, bem como a definição de que o pagamento dessa participação deva ser feito sem respeito ao limite do teto salarial vigente no Estado. Em segundo lugar, é a possibilidade de quebra da paridade já que a Participação nos Resultados, na forma como foi concebida no Projeto de Lei Complementar, de verba eventual e desvinculada da remuneração, não tem condições de se estender aos proventos dos AFRs aposentados e às pensões de seus beneficiários, pois ali só cabem as parcelas que compõem e integram a remuneração do servidor. Isso é melhor explicado no corpo deste Relatório. É preciso dizer que este parecer foi elaborado com todo cuidado, mas representa apenas o entendimento da Comissão Técnica sobre os pontos mais importantes do PLC. Os estudos foram dificultados pela falta de maiores explicações técnicas e jurídicas da Administração para justificar junto à Classe as soluções que adotou para os problemas a que se propôs enfrentar. Essas explicações se tomaram mais necessárias na medida em que a versão final encaminhada à Casa Civil era bastante diferente das anteriormente divulgadas e de lá saiu também modificada.

Por isso, dada a importância do assunto, seria de todo interesse que os colegas que não concordem com os pontos de vista expendidos pela Comissão Técnica neste Relatório inclusive os colegas da Administração mais envolvidos na elaboração do PLC que exponham essa discordância à Classe com os argumentos técnicos e jurídicos que a embasem. Isso vai enriquecer o debate e dar melhores condições para que todos os colegas fiquem esclarecidos e orientados.

Comissão de Apoio Técnico ao Sinafresp:

Emílio Bruno Diretor do Sinafresp (Coordenador)

Dorival Ita Adão Aposentado S.J.R. Preto

Fábio R. L. Cicerre Ativo Campinas

Ivan Netto Moreno Aposentado - Capital

Jorge Luís Breder Ativo Campinas

Luiz Augusto de C. Guedes Aposentado Capital(*)

Luiz Cláudio R. Carvalho Ativo - Representante do Sinafresp - Capital

Ricardo Castro dos Santos Ativo - Campinas

Wellington A. Di Giacomo Ativo Ribeirão Preto

*O colega Luiz Augusto de C. Guedes, por motivo de viagem, não participou do debate e elaboração deste Relatório.

Reestruturação da Carreira de AFR

Projeto de lei Complementar

Resumo da Análise Técnica da Minuta da Secretaria da Fazenda

Do exame que procedeu na minuta do Projeto de lei Complementar elaborado pela Secretaria da Fazenda para reestruturar a carreira de AFR, a Comissão de Apoio Técnico ao Sinafresp resume abaixo os principais problemas daquele projeto. Esses e outros assuntos são tratados com mais profundidade no corpo do Relatório:

1 - Rebaixa o Piso Salarial da Classe: o PLC levaria a remuneração inicial dos novos AFRs em funções externas a cair 40% (sem a PR) e 30% (com a PR100%), em relação ao valor de junho/2008. Isso desvalorizaria a carreira e desestimularia o ingresso de profissionais mais qualificados no futuro.

2 - Rebaixa e congela a grade salarial da Classe: ao reduzir e mudar o critério de correção do valor da quota de cálculo da remuneração, toda a grade salarial seria rebaixada e congelada.

3 - Cria uma Participação nos Resultados de duvidosa constitucionalidade: há fundados riscos de que essa verba possa ser impugnada por estender a servidores públicos uma participação prevista apenas para os trabalhadores da iniciativa privada e também porque é prevista como pagamento acima do limite do teto salarial. A Participação nos Resultados também não poderia ser incluída no 13º salário e no 1/3 de férias.

4 - Não tem garantias de paridade plena: pela sua própria concepção de verba desvinculada da remuneração, a Participação nos Resultados teria sérios impedimentos jurídicos para integrar os proventos dos aposentados e as pensões dos beneficiários. Ademais, o PLC inova ao limitar o valor do prêmio de produtividade que o AFR pode levar para a aposentadoria.

5 - Não tem regras claras e objetivas para as metas: o trabalho do AFR externo e de funções internas estaria cingido a uma complexa mistura de indicadores, metas e critérios de assiduidade, com alto grau de subjetividade. Do inseguro atendimento das metas assim fixadas, dependeria o valor a receber trimestralmente como Participação nos Resultados e ainda

6 - Contém regras prejudiciais ao correto cálculo do resíduo salarial: na apuração da diferença entre a atual e a nova remuneração, há regras que impedem a plena inclusão, nos cálculos, dos valores hoje recebidos.

7 - Dificulta a evolução na carreira: o PLC extingue a promoção por antiguidade e inova ao criar interstícios na promoção por merecimento.

Comissão de Apoio Técnico ao Sinafresp

Reestruturação da Carreira de AFR Analise Técnica da Minuta do PLC

I - As Mudanças na Remuneração

1 - Níveis da Carreira e Piso Salarial (§ 3º - Art. 3º):

Como é hoje: 6 Níveis

Como ficaria: 7 Níveis; o primeiro é o Nível Básico, para quem entra na carreira.

O que isso significa: O novo Nível Básico foi criado para permitir a redução do Piso Salarial da carreira. O valor do Piso Salarial atual, correspondente ao AFR FDT, de Nível I, é de R$ 12.159,00 (junho/2008) e na nova estrutura o Piso cai para R$ 6.806,25 (sem PR) ou R$ 8.560,41 (com 75% da PR), queda, respectivamente, de 44% e 30%. Ao concluir o estágio probatório de 3 anos, o AFR será enquadrado automaticamente no Nível I.

2 - Composição dos vencimentos (Art. 15 e Art. 26):

Como é hoje: Valor-base, quotas fixas, Prêmio de Produtividade, Geia (gratificação), “bolão” mensal, “bolinho” semestral, Reserva Anual de Quotas, Pro Labore, Adicional por Tempo de Serviço e Sexta-Parte. Também há a indenização correspondente ao Adicional de Transporte.

Como ficaria: Valor-base em quotas fixas, Prêmio de Produtividade, Pro Labore, Adicional por Tempo de Serviço, Sexta-Parte e Participação nos Resultados. O Adicional de Transporte ficaria mantido.

O que isso significa: Saem dos vencimentos a Geia (gratificação), o “bolinho” semestral, o “bolão” mensal e a Reserva Anual de Quotas. Entra a Participação nos Resultados em categoria especial.

3 - Valor da Parte Fixa (art. 15 e Anexo I):

Como é hoje: A parte fixa é composta de um pequeno valor em reais e mais um número de quotas fixas que varia segundo o nível, de 4.800 quotas para o Nível VI, a 1.500 quotas para o Nível I.

Como ficaria: A parte fixa seria composta apenas de quotas fixas, variando de 6.000 quotas para o Nível VI, até 2.800 quotas para o, Nível Básico, e 4.000 quotas para o Nível I.

O que isso significa: Embora pareça que o valor da parte fixa tenha aumentado para todos, na verdade isso ocorre apenas na quantidade de quotas. Em termos de valor, a nova sistemática, com redução no valor da quota, como exposto nos itens 7 e 8, abaixo, proporciona, nesta parte fixa, um pequeno aumento apenas para os que estão hoje no Nível I, com perdas para ue estão nos níveis seguintes. O AFR que estiver hoje (junho/08) no Nível I ganha como parte fixa o valor aproximado de R$ 3.337,69 (1.500 quotas x R$ 2,1781 + valor-base de R$ 70,54). Na reestruturação, esse AFR passará a ganhar na parte fixa R$ 4.950,00. Entretanto, cabe observar que, no conjunto da remuneração, os AFRs internos de Nível I, mesmo recebendo 75% de índice de Participação nos Resultados, só não sofrem perdas em relação à situação atual devido ao Resíduo e apenas enquanto este não for absorvido.

Os demais níveis ficam assim: Nível II, cai de R$ 6.177,68 para 5.445,00; Nível III cai de R$ 7.101,97 para 5.940,00; Nível IV cai de R$ 8.158,07 para R$ 6.435,00; Nível V cai de R$ 9.389,71 para R$ 6.930,00; e Nível VI cai de R$ 10.579,20 para R$ 7.425,00. Entretanto, cabe observar que os AFRs de funções internas de Nível I que

4 - Prêmio de produtividade (art. 17):

Como é hoje: O prêmio de produtividade para os AFRs de funções internas varia de 3.112 (ESI) a 3.600 quotas (CAT). O AFR de funções externas tem o máximo de 2.700 quotas.

Como ficaria: O número de quotas fica igual.

O que isso significa: O fato de manter-se o atual número de quotas no PLC não significa que o valor do prêmio de produtividade continuará igual, tendo em vista que o valor da quota foi reduzido (ver itens 7 e 8, abaixo). Por exemplo: o prêmio de produtividade do ESI vale hoje R$ 6.778,24 (junho/08); com a reestruturação, mantido mesmo número de quotas, cairá para R$ 3.851,10 (3.112 quotas x 1,2375), com perda de 43,18%. O mesmo se aplica às demais funções. O novo valor fica congelado por força da sistemática criada para a correção do valor da quota.

5 - Pro Labore (art. 18):

Como é hoje: O Pro Labore de funções internas varia (junho/08) de R$ 2.644,80 (ESI) a R$ 5.289,60 (CAT).

Como ficaria - O Pro Labore passa a ser fixado em quotas, até o máximo de 2.400 para o CAT. Na prática, o valor do Pro Labore se reduz bastante, caindo a R$ 1.485,00 (ESI) e R$ 2.970,00 (CAT), o que se repete nas demais funções. A escala de valores do Pro Labore será fixada em resolução do Secretário da Fazenda.

O que isso significa: A queda de valor do pro labore é de 43,85% em relação aos valores atuais. Essa redução repete o que acontece com o prêmio de produtividade e com outras parcelas da remuneração. O novo valor fica congelado por força da sistemática criada para a correção do valor da quota (ver itens 7 e 8, abaixo).

6 - Adicional de Transporte (art. 19):

Como é hoje: O valor do AT corresponde a 20% da parte fixa do Nível VI. Em junho/08, corresponde ao valor de R$ 2.115,84.

Como ficaria: O AT passa a valer 28,50% também da parte fixa do Nível VI, correspondendo ao valor de R$ 2.116,12 (6.000 quotas x 1,2375 x 24,79%).

O que isso significa: Embora igual ao de hoje, o Adicional de Transporte ficará Congelado pela nova sistemática de correção do valor da quota (ver itens 7 e 8, abaixo).

7 - Valor da Quota (Art. 16):

Como é hoje: Valor de junho/2008: R$ 2,1781; valor de janeiro/08: R$ 1,9964.

Como ficaria: O valor da quota inicial da reestruturação, no mês em que o PLC for aprovado, estará fixado em R$ 1,2375.

Isso significa: O valor da quota a partir do mês inicial cai bastante em relação ao valor da quota calculada na forma atual para o mesmo mês. Comparado com o valor de junho/2008, por exemplo, a queda representa 43,18%. Será reduzido na mesma proporção o valor da maioria das parcelas da remuneração e, assim, o seu valor total.

8 - Cálculo da quota (Art. 16):

Como é hoje: O valor da quota é corrigido mensalmente pela variação nominal (inclusive inflação) da arrecadação do ICMS, na forma da LC 652/90.

Como ficaria: São criadas duas regras: o valor da quota de janeiro/2008 (R$ 1,2375) será corrigido mensalmente pela variação real (sem inflação) da arrecadação de todos os tributos; ao mesmo tempo, cria-se uma "trava" ao limitar o valor da quota a 0,008334% do valor do teto salarial vigente. Revoga-se a LC 652/90 e elimina-se a Geia; cria-se novo sistema de cálculo da quota.

O que isso significa: O valor da quota utilizada no pagamento ficará congelado em R$ 1,2375 até o momento em que venha ser aprovado um novo teto salarial. Enquanto isso não ocorre, o valor teórico da quota continuará subindo de acordo com o crescimento real da arrecadação, mas esse aumento não será repassado ao valor de pagamento, até que o valor do teto seja elevado algum dia.

E tem mais: não significa que quando o valor do teto aumentar, o valor da quota também subirá automaticamente na mesma proporção. Se o valor da quota corrigido mensalmente ainda não atingiu o porcentual de 0,008334% do valor novo teto, será repassado ao pagamento apenas o valor que a quota corrigida apresentar no momento. Mas se quando o teto aumentar, o valor da quota já tiver ultrapassado 0,008334% do teto, valerá este limite-trava para pagamento, desprezando-se o valor real da quota.

Em outras palavras, o valor da remuneração permanecerá congelado enquanto o teto não subir; mesmo quando subir esse teto, a remuneração não subirá automaticamente a esse valor, mas será corrigida apenas parcial e paulatinamente , de acordo com o crescimento do valor real da arrecadação no período. Nessas condições, para a remuneração chegar ao valor do novo teto poderá levar anos, mesmo se ele fosse elevado na semana que vem.

II - A Participação nos Resultados (PR)

9 - Criação e estruturação da PR (art. 26):

Como é hoje: Não existe participação em resultados.

Como ficaria: É criada a Participação nos Resultados (PR), que o PLC considera "prestação pecuniária eventual, desvinculada da remi servidor, que a perceberá de acordo com o cumprimento de metas fixadas pela Administração". A PR "não integra nem se incorpora à remuneração para nenhum efeito e não será considerada para cálculo de qualquer vantagem pecuniária ou benefício".

O que isso significa: A PR foi estruturada de forma a não se confundir, de nenhuma forma, com as parcelas que compõem a remuneração do AFR. Por isso, sua definição como verba eventual, desvinculada da remuneração e, assim, não passível de integração ou incorporação na remuneração 'para nenhum efeito"e também não passível de consideração no cálculo de qualquer vantagem pecuniária ou benefício". Como se verá adiante, essas regras foram criadas para permitir seu pagamento além do limite do teto salarial, mas traz problemas para sua inclusão na aposentadoria e pensões.

10 - A PR como verba extra teto (§ 2º - Art. 26):

Como é hoje: A PR não existe hoje. De qualquer forma, o valor recebido pelo AFR não pode, hoje, ultrapassar o valor do sub-teto vigente.

Como ficaria: Definiu o projeto que a PR não será considerada para fins de determinação do limite a que se refere o inciso XII do artigo 115 da Constituição Estadual.

O que isso significa: Como o próprio nome indica, o PLC pretende apoiar a Participação nos Resultados no inciso XI do artigo 7º da Constituição Federal, que prevê a participação dos trabalhadores em geral nos lucros e resultados das empresas onde estão empregados. A arquitetura legal da PR considera que, se a verba é participação em resultados, ela não é remuneração; se não é remuneração, não sofre a limitação do sub-teto.

Todavia, o raciocínio fica prejudicado pelo fato de a Constituição Federal não permitir a extensão da participação dos servidores em resultados ou lucros dos órgãos em que servem (art. 39, § 3º, da C.F.), até porque a Administração Pública não tem lucros nem previsão legal para produzir resultados passíveis de distribuição a seus funcionários. Assim sendo, a PR quando muito poderia ser considerada uma nova gratificação componente da remuneração do AFR, o que, por conseqüência, a sujeitaria ao limite do teto salarial vigente no Estado.

Falta, portanto, amparo constitucional à Participação nos Resultados, tanto no aspecto de sua concepção, quanto na possibilidade pagamento além do limite do teto salarial.

11 – Metas para cálculo da PR(art.27):

Como é hoje: Hoje existem metas de arrecadação na Administração Tributária, mas elas não geram participação aos AFRS.

Como ficaria: O pagamento da PR a cada AFR será diretamente proporcional ao cumprimento de metas definidas para a Coordenação da Administração Tributária, e dela para cada unidade administrativa a ela subordinada, em especial para aquela onde o AFR estiver desempenhando suas funções, conforme for avaliado anualmente ou em período menor.

O que isso significa: Pelo estabelecido no PLC, haveria 2 níveis de metas a serem atendidas: a) a meta para a CAT e b) a meta para as unidades a ela subordinadas, que, se depreende, irão variar de uma para outra, de acordo com padrões a serem fixados. Ao contrário das versões anteriores do projeto, não foi especificada a meta de crescimento da arrecadação como a única ou a principal meta do programa. Quer dizer que, embora a meta de arrecadação deva figurar no elenco de objetivos, deverá haver outros tipos de metas de natureza administrativa ou estratégica a serem atendidas pelas unidades e pelos AFRS. Não foi divulgado que metas seriam essas, nem o peso que cada uma teria, inclusive a de arrecadação, na meta geral a ser perseguida. Todavia, o PLC define que a avaliação de cada unidade da CAT considerará indicadores (e portanto terá metas) que devem refletir fatores como economia de gastos, qualidade dos serviços prestados e sua importância para o contribuinte.

Além da subjetividade que poderá existir nos processos de fixação de metas e de sua avaliação, há o risco de, por exemplo, determinada unidade atingir e superar determinada meta de arrecadação, mas ficar insuficiente em outros indicadores, levando ao rebaixamento do valor da PR de seus funcionários. Há ainda o risco de que o AFR seja levado a tentar cumprir metas cujo adequado cumprimento dependa de fatores fora de sua esfera de controle.

Outro questionamento é quanto ao ponto que dispõe que "as metas deverão evoluir positivamente" em relação ao período anterior. Isso significa que não haverá um padrão ideal a ser perseguido, mas a preocupação de que, independentemente dos resultados atingidos, estes deverão ser continuamente superados para que possa haver o pagamento da Participação nos Resultados.

O aspecto condenável desse dispositivo é que há maiores possibilidades de “evolução positiva” nas atividades cujos indicadores são menos satisfatórios do que aquelas que apresentam resultados próximos do parâmetro máximo alcançável. Isso significa que as unidades com piores resultados anteriores terão mais possibilidade de evolução e serão melhor premiadas do que as unidades que já apresentam alto grau de eficácia. Na realidade, a partir de certo ponto não mais se poderia pagar a PR porque não,haveria mais espaço para "evoluir positivamente" a partir de certo nível "máximo".

12 - O exercício efetivo, como critério de pagamento da PR (arts. 28 a 34):

Como é hoje: Não existe a PR.

Como ficaria: Além do grau de cumprimento das metas da CAT e da unidade, a apuração do índice de cumprimento das metas pelo AFR dependerá do número de dias em que ele efetivamente trabalhou no período de avaliação, excetuados, em princípio, apenas os dias de férias. E, além disso, o AFR só conseguirá a PR se tiver "participado do processo para cumprimento das metas" em pelo menos 2/3 do período avaliado. Estão previstas exceções para casos em que o AFR fará jus à PR, a serem definidas em resolução.

O que isso significa: Pelo definido taxativamente no inciso III do artigo 28, excluídas as férias, o AFR não fará jus à PR se trabalhar menos de 2/3 do período avaliado, seja qual for a razão da ausência (faltas, licença-saúde, licença-gestante, licença-prêmio, gala, nojo, júri, serviços obrigatórios em lei etc.). Mesmo tendo cumprido o requisito de 2/3, será proporcionalizado o período de efetivo trabalho do AFR em relação ao número total de dias do período avaliado, que poderá ser anual ou trimestral, como definir a Administração. Isso deverá afetar o índice de cumprimento de metas do AFR a ser aplicado ao número de quotas a que tem direito na PR.

13 - O Valor a Receber como PR (art. 33):

Como é hoje: Não há PR.

Como ficaria: O valor da PR deverá variar, segundo escala a ser fixada por resolução, do máximo de 4.800 quotas (CAT no Nível VI) até o mínimo de 1.890 quotas (AFR FDT no Nível Básico). Com o valor da quota a R$ 1,2375, isso significa que a variação será do máximo de R$ 5.940,00 (CAT no Nível VI) ao mínimo de R$ 2.338,87 (AFR FDT Nível Básico), se forem cumpridas integralmente as metas propostas (100%).

O que isso significa: A resolução deverá estabelecer a escala de quotas de Participação nos Resultados a serem atribuídas aos AFRs de funções internas e aos de funções externas. Como a idéia divulgada era de utilizar a PR para contribuir com a hierarquização salarial, a escala deverá resultar de uma combinação de níveis com as funções desempenhadas pelos AFRS.

Sobre o valor bruto da PR, deverá incidir o desconto previdenciário, do Iamspe e do Imposto de Renda, mas deverá ficar fora do cálculo dos adicionais de tempo de serviço e de sexta-parte.

14 - O Pagamento Trimestral da PR (art. 33):

Como é hoje: Não há PR.

Como ficaria: A PR será paga a cada trimestre, de uma só vez, e seu valor dependerá do índice de cumprimento das metas globais da CAT, do índice de cumprimento no período avaliado de metas obtido por sua unidade administrativa, combinado com o porcentual de dias de seu efetivo exercício, resultando num índice a ser aplicado ao número limite de quotas correspondente a sua função e nível.

O que isso significa: O número efetivo de quotas de PR a ser pago a cada AFR vai depender do resultado da aplicação: a) do índice de cumprimento das metas globais da CAT; b) do índice de cumprimento das metas específicas para as unidades à qual pertence; e c) da porcentagem de dias em que o AFR trabalhou em relação ao total de dias do período. Como as metas serão anuais, ou trimestrais, a existência de tantos fatores complexos na fixação das metas, na realização das atividades necessárias a seu cumprimento e, finalmente na apuração do grau de atendimento das metas traçadas, pode-se antecipar que haverá grande dificuldade para definir o que cada AFR deverá receber como Participação nos Resultados.

15 - A primeira avaliação da PR (art. 5º, DDTT):

Como é hoje: Não há PR.

Como ficaria: O índice de cumprimento de metas a ser utilizado no período iniciado em 10 de janeiro de 2008 será o que for apurado na primeira avaliação que ocorrer após a publicação da Lei Complementar.

Isso significa que: Não ficam claros os parâmetros que serão utilizados nessa primeira avaliação, tendo em vista que não se tem nenhuma idéia dos critérios, metas e indicadores a serem utilizados e porque não há metas fixadas a partir de desempenho em períodos anteriores. Também não se sabe quando deverá ocorrer essa primeira avaliação. Observe-se que, para o primeiro pagamento, a PR usará a quota de R$ 1,2375 a partir de janeiro de 2008.

16 - A PR fora do 13º Salário e do l/3 de Férias (art.26):

Como é hoje: Não há PR.

Como ficaria: Como citado acima, a Participação nos Resultados (PR) foi classificada no PLC como "prestação pecuniária eventual, desvinculada da remuneração do servidor, que "não integra nem se incorpora à remuneração para nenhum efeito e não será considerada para cálculo de qualquer vantagem pecuniária ou benefício".

O que isso significa: A Participação nos Resultados não poderá integrar o 13º salário, nem o acréscimo de 1/3 sobre o valor das férias, devido ao fato, como determina o PLC, de tratar-se de verba eventual e não integrar a remuneração, além de não ser considerada para o cálculo de nenhuma vantagem pecuniária. Essa regra, naturalmente, exclui a PR do 13º salário e o adicional de férias, uma vez que elas são exatamente "vantagens pecuniárias" calculadas sobre o valor da remuneração do servidor.

Essa interpretação decorre da disciplina trazida pela Lei Complementar nº 644/89 que diz em seu art. 1º que essa vantagem é calculada "... com base na remuneração integral ou no valor dos proventos de aposentadoria...". No § 1º, a “remuneração integral” é definida como sendo “a soma de todos os valores percebidos pelo servidor em caráter permanente' e são listados os vários tipos de parcelas dessa natureza. Constata-se, portanto, que, na forma como foi instituída no PLC, a Participação nos Resultados não tem condições de fazer parte do 13º salário.

A PR também não pode fazer parte do acréscimo de 1/3 referente a férias, por tratar-se de outra vantagem pecuniária calculada também sobre o valor da remuneração, da qual a PR não faz parte, conforme explícita o PLC.

17 - Quem vai fixar as metas (art. 30):

Como é hoje: Não há PR.

Como ficaria: Os indicadores a serem utilizados para fixação das metas e os critérios de avaliação e apuração serão estabelecidos por comissão composta pelas Secretarias da Casa Civil (que a presidirá), de Gestão Pública e de Economia e Planejamento. Caberá ao Secretário da Fazenda a definição de metas e indicadores no âmbito da CAT e de suas unidades.

O que isso significa: Todo o processo de fixação de indicadores, dos critérios de avaliação e das metas para a CAT, para suas unidades administrativas e para os AFRs que as integram estarão fora da esfera de decisão da CAT, mas em poder das Secretarias citadas e do próprio Secretário da Fazenda.

18 - Superação das metas (§ 3º, art. 33):

Como é hoje: Não há PR.

Como ficaria: Quando o cumprimento de metas for superior à meta anual definida, será pago ao AFR um adicional de até 20% da Participação nos Resultados, na forma que será ainda definida em resolução do Secretário da Fazenda.

O que isso significa: Não se sabe as condições desse adicional de até 20% por superação das metas fixadas, nem o valor sobre o qual incidirá essa porcentagem, nem forma de pagamento, nem quando. O certo é que o AFR que conseguir o resultado superior vai participar apenas parcialmente desse resultado. Ademais, não foi previsto nenhum mecanismo pelo qual possam ser utilizados excessos parciais ocorridos durante o exercício para cobrir eventuais insuficiências ocorridas no mesmo período, como ocorre com o prêmio de produtividade do AFR em funções externas.

III - Aposentados e Pensionistas

19 - A Aposentadoria do AFR (art. 39):

Como é hoje: Ao se aposentar, o AFR leva aos proventos praticamente todas as parcelas incorporadas e habituais de sua última remuneração, de acordo com as regras e cálculos previstos na Constituição Federal e na legislação estadual sobre a carreira.

Como ficaria: Ao se aposentar, fica assegurado ao AFR as quotas fixas, o Prêmio de produtividade, o Adicional por Tempo de Serviço, a Sexta-Parte e parcelas incorporadas. O artigo 39 exclui dessa garantia os que vierem a se aposentar nos termos do artigo 40 da Constituição Federal,e do artigo 2º da EC-41/2003, que tratam, respectivamente, das aposentadorias limitadas ao valor das contribuições (art. 201, da C.F.) e das aposentadorias proporcionais. Ademais, não figura no artigo 39 qualquer garantia de pagamento da Participação nos Resultados aos que se aposentam.

O que isso significa: Não ficou clara a ressalva contida no 'caput' do artigo 39, porque não se definiu se os aposentados indicados seriam mesmo excluídos do direito de perceber as parcelas de remuneração ali enumeradas, o que seria um evidente equívoco. Ou se devem ser seguidas outras regras de cálculo para aquelas parcelas utilizando a mesma proporcionalidade do cálculo dos proventos, conforme as condições previstas para a aposentadoria amparada num dos dispositivos constitucionais citados. Mas esta última possibilidade não está explicitada no PLC, o que pode ser um sério problema para os AFRs enquadrados nas hipóteses da ressalva.

Quanto à não inclusão da Participação nos Resultados entre as parcelas asseguradas aos que se aposentam, isso decorre da própria estrutura legal adotada para aquela verba: se a PR não faz parte da remuneração, não poderá ser mencionada entre as parcelas que compõem a remuneração e que irão servir de base de cálculo para os proventos de aposentadoria.

O problema é que, se a própria lei complementar deixa de incluir expressamente a PR entre os componentes da remuneração do AFR, e mais que isso, taxativamente a desvincula da remuneração, como incluí-ia nos proventos dos aposentados e nas pensões dos beneficiários?

20 - Limitação do Prêmio Produtividade na Aposentadoria:

Como é hoje: O prêmio de produtividade do AFR de função interna que se aposenta é calculado pela média mensal dos últimos 12 meses, atribuindo-se o mínimo de 1.275 quotas, se o resultado apurado for inferior a esse valor.

Como ficaria: O cálculo de média dos últimos 12 meses continua, mas o resultado será limitado ao máximo de 2.700 quotas. A diferença entre essa quantidade e aquela que o AFR percebia na ativa, se houver, será calculada com base no art. 133 da Constituição Estadual e apenas a parte da diferença que já estiver incorporada é que será levada à aposentadoria. Além disso, deixa de haver limite mínimo de quotas para a aposentadoria.

O que isso significa: Na reestruturação, os AFRs de funções internas em atividade perceberão,, como hoje, de 3.112 a 3.600 quotas em prêmio de produtividade. A modificação de critério introduzida pelo PLC para a inclusão do prêmio de produtividade nos proventos de aposentadoria poderá representar uma redução do valor que o AFR perceberá nos proventos, em relação ao que recebia na ativa, a exemplo do que ocorre hoje com as parcelas de pro labore não incorporado.

21 – Extensão da PR a Aposentados e Pensionistas(art. 37):

Como é hoje: Não há PR

Como ficaria: No artigo 37 é estabelecido que a Participação nos Resultados é extensiva aos AFRs aposentados e pensionistas, nos termos da resolução do Secretário da Fazenda a que se refere o artigo 33 desta lei complementar".

O que isso significa: O artigo 33 define que o valor da PR será de até 4.800 quotas mensais, na forma a ser definida em resolução do Secretário da Fazenda, considerando: a) o índice de cumprimento das metas obtido pela unidade administrativa; e b) o porcentual de dias de efetivo exercício no período de avaliação.

Como os aposentados e pensionistas não têm metas a atingir, nem têm dias de efetivo exercício, depreende-se que aqui deve ser considerada apenas a parte do "caput" do artigo 33 que trata do limite de quotas a serem atribuídas aos AFRs. Também por dedução, pode-se antever que aos aposentados e pensionistas poderia ser atribuído determinado número de quotas a título de PR e que essa atribuição seria definida pelo Secretário da Fazenda em sua resolução.

Mas convém relembrar que a PR foi estruturada de forma a não se confundir, de nenhuma forma, com as parcelas que compõem a remuneração do AFR. Por isso, sua definição como verba eventual, desvinculada da remuneração e não passível de integração ou incorporação na remuneração ""para nenhum efeito"" e também não passível de consideração no cálculo de qualquer vantagem pecuniária ou benefício".

A conseqüência mais importante dessas definições e vedações é que a PR não poderá, de modo algum, vir a ser incluída nos proventos da aposentadoria do AFR, nem na pensão de seus dependentes. Isso porque, na definição da própria Constituição Federal, esses pagamentos são, considerados “benefícios” a que fazem jus todos os servidores, dentro das condições ali estabelecidas, como se vê na redação do artigo 3º da Emenda Constitucional nº 41/2003:

"Art. 30 - É assegurada a concessão, a qualquer tempo, de aposentadoria aos servidores públicos, bem como a pensão a seus dependentes, que, até a data de publicação desta Emenda, tenham cumprido todos os requisitos para obtenção desses benefícios, com base nos critérios da legislação então vigente."

Em complemento, observa-se que o artigo 6º da mesma EC-41/2003 dispôs que "... o servidor da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios ... que tenha ingressado no serviço público até a data de publicação desta Emenda poderá aposentar-se com proventos integrais, que corresponderão à totalidade da remuneração no cargo efetivo em que se der a aposentadoria, na forma da lei...".

Para os pensionistas a regra é igual, como se vê no § 7º do artigo 40 da EC 41/2003, onde é estabelecido que "... a lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte, que será igual ... ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se deu o falecimento...".

Como a Participação nos Resultados está desvinculada da remuneração e a ela não se integra nem se incorpora em nenhuma hipótese, nem pode ser considerada em qualquer benefício. conclui-se, obviamente, que a PR não poderá integrar nem os proventos dos aposentados, nem as pensões por morte de seus dependentes.

E o impedimento perdura independentemente da provável intenção dos autores do PLC de favorecer os AFRs aposentados pensionistas, uma vez que o importante é a natureza intrínseca da Participação nos Resultados na forma como definida no artigo 26 e não a singela declaração constante no artigo 37 de que a PR "é extensiva aos AFRs aposentados e pensionistas". Isso é absolutamente insuficiente para alicerçar a pretendida extensão. Muito menos poderá uma resolução administrativa dispor de modo diferente nesse assunto, como prevê o mesmo artigo 37, eis que a definição do valor dos proventos e pensões do servidor é matéria de reserva legal, com origem na norma constitucional.

Na realidade, o Projeto de lei Complementar, quanto à Participação nos Resultados, criou um impasse: para poder colocar a PR fora do teto, excluiu-a da remuneração, mas fora da remuneração, a PR não pode integrar os proventos dos aposentados. Para ser estendida aos aposentados e pensionistas, a PR precisaria entrar na remuneração; mas dentro da remuneração, a PR não poderia ser verba extra teto.

O PLC, portanto, no entender da Comissão Técnica, não proporciona nem assegura a paridade entre ativos, inativos e pensionistas no que respeita a Participação nos Resultados.

22 - Distinção entre "nível" e "cargo" (art. 3º, par. único):

Como é hoje: A Classe de AFRs é constituída de um número determinado de cargos e a remuneração do AFR compreende 6 níveis. De tempos para cá surgiram controvérsias sobre o correto entendimento dessas disposições, tendo a Administração de Pessoal adotado a posição de que, ao se aposentar, o AFR deveria ter permanecido pelo menos 5 anos no nível que vinha ocupando, para poder levá-lo à aposentadoria.

Como ficaria: O PLC define a quantidade de cargos da Classe, como hoje, mas deixa claro, em parágrafo, que o cargo de AFR compreende determinado número de níveis retribuitórios.

O que isso significa: A providência deve por fim à interpretação prejudicial da Administração e garantir que o AFR, ao se aposentar, não enfrente restrição para permanecer no nível da carreira em que estava na data do pedido da aposentadoria.

IV - Resíduo Salarial

23 - Cálculo do Resíduo (Art. 2º - DDTT):

Como é hoje: Não tem.

Como ficaria: Se o valor da retribuição global auferida em dezembro de 2007

Foi superior ao valor da retribuição global instituída pelo PLC, o AFR terá direito à diferença, como vantagem pessoal, cujo valor não será mais reajustado, nem será incluído no cálculo de adicionais por tempo de serviço ou sexta-parte. Essa vantagem pessoal (resíduo) será absorvida com o tempo, em razão de elevação do valor da quota, por promoções de níveis, pela assunção de funções mais elevadas, etc.

Para apurar-se o valor dessa diferença, devem ser consideradas nas duas retribuições globais em confronto apenas as seguintes parcelas recebidas de modo permanente: valor-base em reais; valor das quotas fixas; valor do prêmio de produtividade, até o limite de 2.700 quotas; valor das parcelas de pro labore e prêmio de produtividade incorporados. Portanto " não devem ser consideradas no cálculo do resíduo a Participação nos Resultados, bolinho semestral; boião mensal; reserva anual de quotas; pro labore e outras parcelas não incorporadas ou não incorporáveis, bem como parcelas eventuais como diárias, 130 salário, substituições etc.

O que isso significa: O valor da diferença a ser apurada como resíduo vai depender do nível, das funções e do tempo de serviço de cada um. Desses fatores também dependerá a velocidade da absorção do resíduo e do tempo que levará para desaparecer. Outra questão a ser considerada quanto ao direito à irredutibilidade, é o fato de o PLC tomar como referência a remuneração de dezembro de 2007, quando as dos meses mais recentes apresentam valores globais superiores à daquele mês. Isso deverá provocar uma distorção inevitável, em prejuízo dos AFRS, pois o critério adotado vai reduzir sensivelmente o valor do resíduo apurado em relação aos pagamentos mais recentes.

Na forma do § 2º do artigo 2º das Disposições Transitórias, cabe a interpretação de que, para efeito do cálculo do resíduo, o premio de produtividade dos AFRs internos será computada apenas a quantidade de 2.700 quotas, independentemente da quantidade atribuída realmente ao AFR que estivesse designado para função interna em dez/2007 e que não contasse com décimos dessas quotas incorporados. Essa quantidade valeria tanto para a retribuição global de dez/2007, quanto para a de jan/2008.

Em nosso entendimento, embora não esteja clara na redação do PLC, a diferença superior àquele limite, desde que incorporada à remuneração, também deverá ser considerada nos cálculos. E como o acessório deve acompanhar o principal, a computação do adicional por tempo de serviço e da sexta-parte, se for o caso, também deve se restringir àquela quantidade de quotas, mais as parcelas incorporadas.

No que se refere à Geia-gratificação, a redação do PLC não contempla sua inclusão entre as verbas a serem somadas na retribuição global de dezembro/2007. Contudo, em exposições recentes sobre o projeto, foi apresentada a Geia-gratificação entre as parcelas que entram no cálculo do resíduo. Essa é uma dúvida a ser esclarecida.

Tais regras não alcançam os aposentados e pensionistas que terão considerado no enquadramento o mesmo número de quotas de prêmio de produtividade auferido em dezembro de 2007.

V - Pontos Diversos do PLC

24 - Extinção da promoção por antiguidade (art. 22)

Como é hoje: O AFR tem possibilidade de ser promovido anualmente, por merecimento ou por antiguidade. Os interstícios mínimos para promoção por antiguidade são de 3 anos nos Níveis I, II e III e de 4 anos nos Níveis IV e V.

Como ficaria: As promoções continuam anuais, mas apenas por merecimento, mantidos os mesmos interstícios que eram previstos apenas para as por antiguidade.

O que isso significa: A supressão da promoção por antiguidade combinada com o sistema de interstícios mínimos de 3 ou 4 anos, inexistente na regra atual nas promoções por merecimento, levará a uma dificuldade muito maior para galgar níveis mais altos na carreira.

25 - Vigência no PLC: (art. 44):

Como é hoje:

Como ficaria: A lei complementar entraria em vigor na data da publicação, e seus efeitos retroagiriam a 1º de janeiro de 2008, menos o artigo 41, referente à PIQ e ASU, que entrariam em vigor no mês seguinte à publicação.

O que isso significa: Todas as regras do PLC retroagem ao início do ano. Haverá o risco de muitos AFRs terem recebido, durante o ano, valores maiores que o resultante do enquadramento na nova lei complementar, como o caso de AFRs em início de carreira ou outros que não atinjam o teto. O PLC nada diz sobre isso e, portanto, poderá haver exigência pelo órgão de pagamento de que sejam devolvidos os valores recebidos a mais.

26 - Acréscimo de Competências ao AFR (art. 2º):

Como é hoje: A LC 567/88 descreve como competências privativas do AFR a fiscalização direta dos tributos estaduais e as funções relacionadas com a coordenadoria, direção, chefia, encarregatura, assessoramento, assistência, planejamento da ação fiscal, consultaria e orientação tributária, além de representação junto a órgãos julgadores.

Como ficaria: Às competências atuais o PLC acrescenta mais as seguintes: inspeção, controle de arrecadação de tributos, supervisão, julgamento em la. instância, correição da fiscalização, gestão de projetos da administração tributária e planejamento estratégico da CAT.

O que isso significa: Além de atualizar a legislação para incluir funções que, na prática, já vinham sendo desempenhadas no âmbito da CAT, a alteração é bastante conveniente para a Classe, por delimitar com mais precisão o campo de atuação privativo do Agente Fiscal de Rendas. Isso se torna mais salutar na medida em que há tendência de outras carreiras e mesmo do setor privado avançarem no território reservado às atribuições e competências da fiscalização estadual.

27 - Ampliação do uso do excesso de quotas (art. 17-§2º):

Como é hoje: Quando o AFR da fiscalização direta de tributos produz quotas em quantidade que ultrapassa o limite máximo previsto para a função, o excesso é utilizado para cobrir insuficiências verificadas em outros meses do mesmo semestre.

Como ficaria: O excesso poderá ser utilizado nas insuficiências verificadas nos 6 meses anteriores e nos 6 meses posteriores à sua produção.

O que isso significa: Isso dará ao AFR da fiscalização mais possibilidades ao AFR de preencher os limites máximos de sua produção. Também proporcionará mais equilíbrio na distribuição dos excessos durante o exercício, sujeito naturalmente a picos e a depressões no desenvolvimento e conclusão de serviços fiscais.

28 - Redução do número de horas de trabalho (art. 4º):

Como é hoje: O AFR sujeita-se à prestação de no mínimo 40 horas e no máximo 48 horas de trabalho semanais e, se estabelecido, ao rodízios de períodos noturnos e diurnos.

Corno ficaria: O PLC mantém o número mínimo de 40 horas, mas reduz o máximo para 44 horas semanas semanais, mantendo-se a possibilidade do estabelecimento de sistemas de rodízios diurnos e noturnos, além da faculdade de compensação de horários.

O que isso significa: Adapta a carga horária ao estipulando pela Constituição Federal e permite a faculdade de compensação de horários.

 

Análise Técnica do Projeto Oficial de Reestruturação – Quadro Sinótico

 

 

        ITENS

SITUAÇÃO ATUAL (dez/07)

PROPOSTA DO GOVERNO

ANÁLISE

COMPETÊNCIAS PRIVATIVAS DO AGENTE FISCAL DE RENDAS

 

Art. 1º, LC 567/88

Art. 2º

Acrescentadas competências de inspeção, controle de arrecadação, supervisão, julgamento em 1ª.instância, correição da fiscalização, gestão de projetos da adm. tributária e planejamento estratégico da CAT. Medida interessante para a Classe. 

ESTRUTURA DA CARREIRA

 

6 níveis (I a VI)

7 níveis (Básico, I a VI)

O Nível Básico tem a finalidade de permitir a redução do  salário inicial de ingresso na carreira. Além disso, aumenta o tempo para atingir o último nível

PISO SALARIAL

R$ 10.565,04 (nivel I – AFR - FDT)

R$ 6.806,25 (nivel básico)–Sem a PR

R$ 9.145,13 (nivel básico)–Com a PR - 100%

Redução de 55% no salário bruto mensal s/a PR)

Redução de 16% no salário bto. mensal c/a PR –100%)

TETO SALARIAL

R$ 14.850,00

R$ 14.850,00 (exceto PR)

- Mantido o valor do teto., exceto para PR

VALOR-BASE – R$

De 70,54 (Niv I) a 124,32 reais (N. VI)

-

- Extinto

PARTE FIXA - QUOTAS

De 1.500 (N.I) a 4.800 (N.VI) quotas

(2.836,25 a 9.076,32 reais)

2.800 (básico), 4000 (I) – 6.000 (VI) quotas

(3.465,00, 4.950,00 – 7.425,00 reais)

Mantida a quantidade de quotas, em geral; mas valor em reais é reduzido pela redução do valor da quota, do Nível II a VI.

PREMIO PRODUTIVIDADE

2.700 (FDT)–3.112 (ESI)-3.600 (CAT) quotas; 5.105,43 (FDT); 5.884,48 (ESI) e 6.807,24 reais (CAT)

Mesmo número de quotas;

Valor em reais: 3.341,25 (FDT); 3.851 (ESI) e 4.455,00 reais (CAT)

Embora mantido o número de quotas, há redução de 45% no valor em reais, pela redução no valor da quota.

Excesso de quotas compensa insuficiências no ano, ao invés de somente no semestre, favorecendo o AFR.

GEIA

50% do Prêmio de Produtividade

-

 Extinta

BOLÃO MENSAL

Parcela mensal, vinculada ao excesso de quotas.

-

 Extinto

PRÓ-LABORE

1.200 (ESI) – 2.400 (CAT) quotas

(2.269,08 – 4.538,16 reais)

1.200 (ESI) – 2.400 (CAT) quotas

(1.485,00 – 2.970,00 reais)

Redução de 45% no valor em reais.

ADIC. TRANSP.

20% do valor da Parte Fixa do Nível VI (equivalente a 960 quotas)

24,79% do número de quotas do Nível VI

O valor fica praticamente igual e fica congelado devido a nova sistemática da quota.

BOLINHO SEMESTRAL

Até 2.700 quotas

-

- Extinto

RESERVA ANUAL DE QUOTAS

 Distribuição anual de 100% do saldo de excesso de quotas de produtividade

-

- Extinta

 


 

ITENS

 

SITUAÇÃO ATUAL (dez/07)

PROPOSTA GOVERNO

ANÁLISE

PARTICIPAÇÃO RESULTADOS (PR)

-

- Parcela eventual desvinculada da remuneração, a qual não integra nem se incorpora para nenhum efeito;

- não será considerada para cálculo de qualquer vantagem pecuniária ou benefício, inclusive Adic T. Serv. E 6ª.Parte;

- Não será considerada no limite do subteto; - não entra no 13º salário ou 1/3 de férias; -- Recebimento por trimestre, de uma só vez; - Sofre descontos do IR, IAMSPE e Previd.

- Mínimo de 1.890 (FDT-Nivel Bás.) a 4.800 (CAT-Nivel VI) em quotas; 

- Depende de cumprimento de metas globais da CAT e parciais das unidades fiscais;

- Pagto proporcional ao nº de dias trabalhados (mínimo de 2/3 de dias de efetivo trabalho, inclusive férias).

 

- Parcela de duvidosa constitucionalidade, por estender a servidores públicos participação em resultados reservada na C.F. apenas a empregados privados.

- Também inconstitucional o pagamento extra-teto.

- Não é recebido em licenças-prêmio, abonos, licenças-saúde, licença gestante, entre outros

- Perde-se a PR em licenças para prestação de serviços em outros órgãos e mandatos eletivos.

- Critérios obscuros para definição de metas e não especificado em LC;

 

VALOR QUOTA

- R$ 1,8909

- Corrigida pela arrecadação nominal

- R$ 1,2375

- Corrigida pela arrecadação real (sem inflação)

- Limitada a 0,008334% do teto vigente

- Redução de 45% do valor nominal

- Pode não acompanhar a inflação em períodos de crise

- Tem o seu limite controlado politicamente;

- Congela a remuneração até fixação de novo teto.

PARIDADE

- Plena, com exceção da parcela de pro labore não incorporado

- P.Produtividade: máximo de 2.700 quotas; excedente apenas parte incorporada. 

- Extende a PR para os aposentados e  pensionistas, nos termos de resolução do SF.

- Precária para os atuais inativos e pensionistas, face a inconstitucionalidade da Participação nos Resultados.

- Incerta para os futuros inativos, mesmo havendo desconto de previdência sobre a PR

VIGÊNCIA DA LEI

-

Retroage a 01 de janeiro de 2008, mas só para a PR; demais itens valem a partir da publicação.

 

 

 

PROMOÇÃO

- Antigüidade e merecimento intercalados (20% ao ano por nível)

- Merecimento sem interstício mínimo

- Automática: I para II (3 anos)

- Promoção só por Merecimento (20% ao ano por nível), com interstício mínimo de 3 anos (Niv. I, II e III) e de 4 anos (Niv. IV e V)

- Automática: Básico para I (3 anos)

- Aumenta e dificulta o tempo para gargar os níveis mais elevados da carreira

IRREDUTIBILIDADE SALARIAL (RESÍDUO)

-

- Resíduo salarial nominal (consumíveis)

- Diferença entre retribuição global do mês da publicação x mês seguinte.

- Não inclui no cálculo bolão mensal, bolinho semestral, reserva anual de quotas.

- Redução do valor do resíduo, pela exclusão de parcelas habituais de dez/07;

- Previsão de absorção do resíduo: variável segundo o valor e nível do AFR (média estimada de 5 anos).

- Quando o Resíduo for absorvido, grade salarial será mais baixa.

 

 

 

Sinafresp

São Paulo, 01 de agosto de 2008

Oficio Conjunto Nº 101/08

Excelentíssimo Senhor Deputado,

O Governador do Estado enviou a essa Casa Legislativa, no último mês de junho, o Projeto de lei Complementar nº 35 de 2008, que "Dispõe sobre o regime de trabalho e remuneração dos ocupantes do cargo de Agente Fiscal de Rendas, institui a Participação nos Resultados - PR, e dá providências correlatas".

Tal projeto de lei altera de forma substancial a carreira dos Agentes Fiscais de Rendas do Estado, pelo que tem causado profunda apreensão em toda a Classe, tendo motivado, entre outras iniciativas, a realização de Assembléia Geral Extraordinária convocada pelo Sinafresp - Sindicato dos Agentes Fiscais de Rendas do Estado de São Paulo com apoio da Afresp Associação dos Agentes Fiscais e Rendas do Estado de São Paulo.

Após análise do projeto de lei encaminhado, a Assembléia da categoria deliberou da seguinte forma:

1 - A Classe dos Agentes Fiscais de Rendas entende inaceitável o PLC nº 35/2008, na forma de sua redação original que chegou à Alesp e sem que seja modificado por emendas saneadoras encaminhadas pela Classe, apoiadas pelo Governo e aprovadas pelo Legislativo.

2 - A Classe entende que, mesmo com emendas saneadoras, o Projeto de Reestruturação continuará apresentando prejuízos à Classe, mas tudo fará, em termos de emendas corretivas, para torná-lo menos danoso e preparado para acolher uma PEC de sub-teto único de remuneração de servidores, com limite correspondente à remuneração do desembargador estadual, que deverá ser buscada concomitante à aprovação do Projeto.

3 - As Emendas saneadoras consideradas fundamentais para o aperfeiçoamento do PLC-35/2008, entre outras, são as seguintes:

a)  emenda que garanta a irredutibilidade salarial, incluindo no Resíduo o bolão mensal, bolinho semestral, reserva anual e quotas, Geia e pro labore não incorporado;

b)  emenda que estabeleça piso para o valor da quota;

c)  emenda que garanta o não abatimento no Resíduo do valor de promoções, qüinqüênios, sexta-parte e decorrente de elevação automática de nível;

d)  emenda que suprima o Nível Básico;

e)  emenda que atribua à Sefaz e à CAT a fixação e avaliação das metas da CAT e as de suas unidades subordinadas;

f)   emenda com exclusão do critério de dias de efetivo trabalho para percepção da Participação nos Resultados;

g)  emenda de autorização para que os dias de afastamento, considerados de efetivo exercício, não prejudiquem a percepção na Participação nos Resultados;

h) emenda que melhore a grade salarial, com alteração do valor da quota inicial de R$ 1,2375 para seu valor em janeiro de 2008 de R$ 1,8909;

i) emenda que suprima o limite superior do valor da quota;

j)            emenda que faça a inclusão expressa da meta de arrecadação, dando-lhe maior peso relativo, entre as metas a serem consideradas para efeito da apuração da Participação nos Resultados;

k) emenda que mantenha a promoção por antiguidade, tal como se encontra na LC nº 567/88;

l) emenda que amplie a segurança jurídica para percepção da Participação nos Resultados a aposentados e pensionistas, incluindo essa participação no “caput” do artigo 39, excluindo a definição de verba eventual do “caput” do artigo 26, e adotando definição de que, para aposentadoria, o cálculo da participação seguirá as mesmas regras previstas para o prêmio de produtividade.

4 - A Classe deverá mobilizar-se junto aos senhores deputados na Alesp e em suas bases, principalmente junto às lideranças partidárias e aos que compõem a base governista, com o objetivo de ser elaborado e requerido regimentalmente um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) que estabeleça o limite único remuneratório no Estado, com fundamento no § 12, do artigo 37, da Constituição Federal, para aprovação imediata e ter vigência a partir de 01.01.2009.

5 - Todos os setores que compõem a Classe deverão unir-se em tomo do objetivo único de obter-se a aprovação do Projeto de Reestruturação com as correções necessárias, e de uma PEC simultânea ou imediata àquela aprovação.

A Classe dos Agentes Fiscais de Rendas do Estado responsável nos últimos anos por arrecadações tributárias recordes em nosso Estado, vem apresentar a Vossa Excelência sua profunda apreensão com o PLC 35/2008, na forma em que foi encaminhado a essa Casa, solicitando apoio às emendas saneadoras ao projeto de lei que minimizam os prejuízos à carreira do Fisco Estadual, simultaneamente à apresentação e aprovação de uma PEC que estabeleça o limite único remuneratório no Estado, com fundamento no § 12, do artigo 37, da Constituição Federal, como medida de justiça.

Na oportunidade, apresentamos nossos protestos de elevada estima e consideração, contando com a compreensão e colaboração de Vossa Excelência quanto ao solicitado.

Lauro Kueser Marin – Presidente do Sinafresp

Luiz Carlos Toloi Junior - Presidente da Afresp

Exmo. Sr. Deputado Adriano Diogo

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembléia, volto a esta tribuna para falar da situação do Hospital do Servidor Público. Em assembléia realizada com cerca de 200 médicos, assistentes e residentes desse hospital, decidiu-se pelo estado de greve a partir do dia 14 de agosto, a ser confirmado em assembléia a ser realizada no dia 13 de agosto. Qual é o motivo do protesto dos médicos do Hospital do Servidor? Primeiro, a defesa da residência médica. Segundo, contra o fim das preceptorias, o fim dos plantões e o fim das horas extras.

Sr. Governador, assistentes e secretários, existe um estado de greve no Hospital do Servidor Público Estadual proveniente dos médicos porque a residência médica está ameaçada. A residência médica é a formação de médicos. Além da demissão anterior de todos os professores que faziam a preceptoria, que recebiam os estudantes, que recebiam os jovens médicos, agora toda a residência médica do Hospital do Servidor Público está ameaçada. Isso além do corte dos plantões e corte das horas extras. Antes que alguém da situação venha dizer que é uma atitude eleitoral, não tem nada a ver.

Sr. Governador, foi um erro ter tirado o Hospital do Servidor da Secretaria de Saúde e colocá-lo na Secretaria de Administração. A situação está piorando. São milhares e milhares de servidores públicos mal atendidos. E agora a direção do hospital resolveu investir contra a área de residência médica. Sr. Governador, o Hospital do Servidor é um hospital-escola. Como tanto, é uma verdadeira faculdade de medicina. É a continuação dos estudos dos médicos recém-formados, além de ser um dos hospitais mais importantes do país.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Srs. Deputados, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Governador, sei que V.Exa. é uma pessoa dura e, ao mesmo tempo, tem sensibilidade para a questão da saúde porque foi Ministro da Saúde e sabe do que estou dizendo. Não se pode deixar que esse secretário de Administração, que é uma pessoa completamente despreparada para gerir o Hospital do Servidor Público, permita que o hospital vá à greve, de iniciativa dos médicos. Quando a greve é oriunda do pessoal de nível médio, os governantes nem tomam conhecimento, mas nessa ocasião a greve terá iniciativa por parte dos senhores médicos.

Os hospitais terceirizados, como é o caso do Vila Alpina e do Mogi das Cruzes, precisam ser revistos. No caso do Hospital do Servidor Público Estadual, a administração é direta. É o seu nome, Sr. Governador. O Dr. Barata, de uma forma inconseqüente, permitiu que o Hospital do Servidor Público saísse do âmbito da Secretaria de Saúde.

E agora? Como é que vai ficar o Hospital do Servidor Público e toda a rede conveniada? Não adianta ficar recorrendo às Santas Casas porque toda a rede conveniada está comprometida. Sr. Governador, o senhor que se auto-intitula todo dia o melhor ministro da Saúde que o Brasil já teve, que, quando foi prefeito da cidade de São Paulo, fez o programa das AMAs e dos AMEs, como está a situação da Saúde agora, no Governo do Estado? Como está a situação do Hospital do Servidor Público Estadual e toda a rede conveniada?

O Secretário de Administração anunciou verbas suplementares. Encontrava-se aqui no plenário o nobre Deputado Roberto Massafera, que foi o único que esteve presente na cerimônia. Disse-me o secretário de Administração que até pensava que o nobre Deputado Roberto Massafera fosse o presidente da Comissão de Saúde porque era o único presente. Ora, pode ter sido o único convidado, mas ele não é da Comissão de Saúde.

Sr. Secretário de Administração, é evidente que ninguém duvida da sua ignorância em saúde pública. Não é crime a pessoa ignorar a saúde pública. O crime foi de quem pôs o senhor lá como secretário, demonstrando total ignorância porque não sabia que o Hospital do Servidor Público era um Hospital-Escola. Ou melhor, nem sabe o que é um hospital-escola. A culpa, então, não é sua e nisso o senhor está perdoado.

Sr. Secretário de Administração, Sidney Beraldo, que já foi até Presidente desta Assembléia, o senhor não pode destruir o Hospital do Servidor Público Estadual e a sua Residência Médica! Em todas as eleições - e eu não vou falar de eleições -, todos os governantes falam que a sua área de Saúde será exemplar. E como é que está a situação do Hospital do Servidor Público Estadual? Por que ele está na eminência de uma greve? Os médicos têm alguma tendência ou orientação política? Essa greve viria a favorecer algum movimento político? Não. Esse infantilismo está completamente superado. Lá é um lugar de pessoas responsáveis, de professores. Todo mundo sabe do processo de destruição do Hospital do Servidor Público Estadual do Governo do Estado de São Paulo.

Sr. Governador, impeça essa destruição. São os servidores públicos, tão maltratados, que financiam o hospital. É através do dinheiro deles que sai o financiamento desse hospital. Sr. Governador, não permita mais esse crime contra a saúde do nosso povo.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, amigos da TV Assembléia, estamos diante de um fato que pode ser considerado uma grande escola. A Lei Seca, que foi sancionada pelo Presidente Lula no dia 19 de junho, está apresentando resultados absolutamente incríveis. O próprio ministro da Saúde dizia que os resultados da Lei Seca transcendem todas as expectativas do Governo Federal. O número de acidentes nas estradas caiu em todos os estados. Em São Paulo, teve uma queda de 47 por cento.

Isso se deve a uma coisa que se chama tolerância zero. Pela Lei Seca, se você vai dirigir, qual a quantidade de bebida alcoólica que pode ingerir? Absolutamente nada. A multa é pesada, de R$ 955,00; a apreensão da carteira é por um ano se a dose for um pouco maior. Isso trouxe um resultado fantástico, e o cidadão pode beber o quanto quiser, pode encher a cara, pode ficar com cirrose, pode quebrar os móveis da sua casa. Só não pode beber e dirigir porque porá em perigo a sociedade.

Vamos relacionar isso com o problema da Segurança Pública que nos aflige porque é um dos maiores problemas do Brasil. A Lei Seca melhorou o trânsito muito mais do que em 20 anos de aula nas escolas, ensinando as crianças como devem dirigir e os cuidados que devem tomar com a bebida. Isso não estava dando certo e, com essa lei, o resultado tem sido fantástico.

Vamos raciocinar quanto à criminalidade. O que está acontecendo no Brasil? Vamos de novo comparar com a Lei Seca: beber e ir ao volante não compensa porque o risco não compensa e não vale a pena arriscar. Porém, o crime, no Brasil, compensa.

Em Nova York, nos Estados Unidos, tinha um índice muito alto de criminalidade, que crescia de forma insuportável. Dois pesquisadores - George Kelling e James Wilson - publicaram um artigo muito interessante. Ele foi publicado numa revista e se chamava “Janelas Quebradas”. O artigo dizia que, se, numa rua, tivesse uma fábrica com vidro quebrado, daria a impressão de falta de cuidado a quem passasse por ali e olhasse o vidro quebrado. E que, de repente, vários vidros poderiam ser quebrados.

Era teoria de um psicólogo criminalista e o outro, escritor, sociólogo. O prefeito Rudolph Giuliani aplica a lei, e Nova York hoje tem índices de criminalidade dos mais baixos.

Tolerância zero é quando a polícia prende o pequeno traficante, o homem que comete uma contravenção. Aqui no Brasil, a polícia prende, mas a legislação que está em vigor solta.

É precioso que o Presidente Lula entenda que o nosso Código de Processo Penal, de 1941, está superado, arcaico e beneficia tudo para o bandido. Se dissessem aos bandidos: façam uma lei, façam um código de processo bom para vocês, eles diriam: não mexa, deixa como está, que está uma maravilha. Está do jeito que o diabo gosta.

A tolerância zero do álcool deu um exemplo fantástico. A tolerância zero na criminalidade não existe.

Lendo na “Folha de S.Paulo” de domingo, o iluminado, nomeado pelo Presidente Lula - que não dá sorte nas pessoas que nomeia na área de segurança - que se chama Airton Michels, Diretor-Geral do Departamento Penitenciário Nacional, Depen, numa entrevista, afirmou: “vamos soltar, precisamos tirar da cadeia todos os pequenos traficantes. Eles não são criminosos.” E esses representam 77 mil pessoas no Brasil. Vejam que infelicidade desse homem. Ele é o atual diretor desse departamento, que é ligado ao Ministério da Justiça, cujo Ministro é Tarso Genro.

Vejam o recado que ele está dando a todos os traficantes do Rio de Janeiro: recrutem as pessoas para fazer os pequenos tráficos. Isso não é crime. Quem fala isso é Airton Michels, dizendo que 77% devem ser soltos, e foi publicado na “Folha de S.Paulo” de domingo.

Aonde vamos chegar com essa liberdade?

No “Diário de S.Paulo” de hoje, temos uma notícia sobre a cidade de Assis, onde surge o crediário do crime - o cidadão já está furtando automóvel e aceitando o resgate em três parcelas, três pagamentos, sem acréscimo - tem essa vantagem. E o cidadão, pagando à vista, recebe o carro já; em três vezes, quando pagar a última parcela, recebe o carro. Isso é Assis, há 460 quilômetros de São Paulo.

Acreditem. Quem está fazendo isso já foi preso pela Polícia Militar, no mínimo, 20 vezes. Já foi preso pela polícia de São Paulo, no mínimo, 10, 15, 20 vezes. E o mesmo homem vai para a rua. O mesmo homem é solto.

A polícia de São Paulo enxuga gelo. Prende de manhã, ele é solto na manhã seguinte. Aliás, esse exemplo vem de cima.Vem do Supremo. A Polícia Federal leva seis meses, um ano, para fazer escuta, para prender criminosos. O Ministro faz soltar em poucas horas, ainda há pressa para soltar.

Decisão de Ministro do Supremo não se discute, cumpre-se. Mas, como representante do povo, posso dizer que isso é um péssimo exemplo, mostrando que o crime compensa.

Em programas de entrevista dizem que a polícia não consegue resolver o problema. A Polícia Militar de São Paulo atende 150 mil chamados por dia no telefone “190”. Eu disse “por dia”. É mais do que a polícia de Nova York, de Tóquio. Só que a polícia prende as pessoas, é feito o flagrante. Mas, no dia seguinte, elas são soltas. É nisso que tem que se mexer, Presidente Lula. Isso não pode ser uma decisão do Deputado Estadual. Tem que ser do Congresso, dos senadores.

O problema já vem de longa data, mas precisa alguém ter essa visão da tolerância zero com relação ao crime.

Em oito anos, 77% mais de mulheres nas prisões. O Brasil não se preparou para fazer prisões. Não se preparou para fazer prisões para mulheres e nem para homens. O Brasil tem que ter cadeia, segundo o número de criminosos.

Os Estados Unidos tem 290 milhões de habitantes; o Brasil tem 190 milhões, só cem mil a menos. No Brasil inteiro há 400 mil encarcerados. Nos Estados Unidos existem dois milhões de encarcerados. Lá, o cidadão comete crime, ele vai para a cadeia. Aqui, a polícia precisa ter melhores salários, o aposentado e a pensionista têm que ser tratados com dignidade. Mas, ou endurecemos a situação, ou vamos ficar na mão dos criminosos, como já está o Rio de Janeiro. E poderíamos colocar o slogan: visite o Rio de Janeiro, antes que ele acabe, porque a criminalidade tomou conta nas eleições e tomou conta do governo. É o governo paralelo no morro.

Sr. Presidente, Ministro da Justiça, tolerância zero, ou não tem outra solução. Digo isso depois de 34 anos trabalhando na Polícia Militar, comandando a Rota e várias outras atividades de valor. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Gilmaci Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra, por permuta de tempo com o nobre Deputado Antonio Salim Curiati, o nobre Deputado Adriano Diogo, por dez minutos regimentais.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, Deputado Antonio Salim Curiati, agradeço sua gentileza, sua educação, suas regras democráticas, agradeço a permuta. Importante o espírito de Vossa Excelência. Tomara todos pudessem agir assim para que pudéssemos construir uma verdadeira democracia. Tenho muita admiração pela sua biografia, sua história de médico e de político. Muito obrigado, o senhor é um professor de política.

Deputado Pedro Tobias, saudações. Deputado Edson Ferrarini, primeiro V. Exa. assoma à tribuna e fala sobre a chamada lei seca, agora federal, de combate ao exagero ao alcoolismo na direção. E fala do Presidente Lula, que é muito infeliz nas suas indicações, porque o moço do Ministério da Justiça deu uma entrevista - não houve tempo para que eu lesse a reportagem - mas, evidente que a frase do senhor é completamente fora do contexto. O que tem a ver o Presidente Lula com a citação de um jovem que trabalha no Ministério da Justiça a respeito da superpopulação carcerária?

O Presidente Lula não tem nenhum vínculo com o crime organizado, com o estado paralelo. Diga-se de passagem, que o estado paralelo, criado no Rio de Janeiro, não foi criado agora. Foi criado quase que uma teocracia religiosa em aliança com o crime organizado.

O que o Presidente Lula tem feito, o senhor poderia trazer essa notícia, que com a política econômica e com outros avanços mudou a cara do país, que nos últimos cinco anos a classe média brasileira voltou a crescer. Então um dos melhores jeitos de combatermos o crime organizado é que as pessoas possam voltar a trabalhar.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Deputado Adriano Diogo, realmente isso que V. Exa. está falando é mérito do Presidente Lula. Diria que ele realmente mudou o país. Ele conseguiu fazer uma coisa fantástica. A partir dos pobres, ele mantém a pessoa na sua terra natal. Fantástico! Os índices econômicos do Brasil são surpreendentes.

Vou até fazer uma confissão ao senhor. Se fosse possível o terceiro mandato do Lula, eu votaria nele hoje. Para V. Exa. entender o quanto respeito o Presidente Lula.

Mas o que estou falando é que da mesma forma que ele baixou essa lei seca, que ele sancionou porque poderia ter vetado, ele foi superior à pressão das grandes AmBevs da vida. Os fabricantes de bebida alcoólica ele venceu. Então ele foi firme. O que estou pedindo a ele é que reconheça todo esse mérito, não só a pobreza.

Nesse estudo de Nova Iorque, concluiu-se que a desorganização social é mais grave até que a pobreza. Eu reconheço que o Presidente Lula está fazendo um governo fantástico, surpreendente.

Outro dia, numa reunião de empresários, perguntei: Se o Lula fosse candidato? Vários deles me disseram que votariam no Lula. Então quero render aqui uma homenagem a esse trabalho magnífico do Presidente Lula. Mas peço a ele que na área da Segurança Pública escolha pessoas que queiram realmente contribuir. Eu estou dando uma modesta contribuição aqui deste microfone.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - Ficou perfeitamente esclarecido.

Coronel Ferrarini, o senhor lembra que antes da lei seca foi feita uma Portaria Federal, impedindo a venda da bebida na beira das rodovias? Vários estados começaram a ver liminares, liminares e liminares contra essa medida, voltando a vigorar a venda de álcool.

Quanto ao crime organizado, coronel Ferrarini, temos total acordo porque o crime organizado é uma face da organização do nosso país, que para nós que somos da esquerda, que vivemos nos meios das comunidades não nos interessam. As nossas crianças, os nossos jovens estão sendo recrutados pelo crime organizado, porque na medida em que as crianças não têm escola, não têm lazer, não têm emprego, não têm o início da profissionalização, não têm o primeiro emprego, eles são vítimas do recrutamento do crime organizado.

O crime organizado não tem dó. Não é só no Rio de Janeiro que o crime organizado está elegendo seus representantes. Não é só no Rio de Janeiro que o crime organizado, o tráfico não deixa a gente entrar para fazer propagando dos nossos candidatos.

Aqui em São Paulo também, coronel Ferrarini. Aqui em São Paulo também têm lugares que entramos para fazer campanha e estamos sendo ameaçados. Sabemos quais os candidatos que estão sendo apoiados nesses lugares. Então o crime organizado é nosso inimigo. Com ele fazemos enfrentamento todos os dias. Lógico que tem que haver repressão. Mas tem que haver também solução porque se essas crianças e jovens ficam o dia inteiro sem ter o que fazer, ou se vão a uma escola que não lhes ensina nada, que não lhes dá profissionalização, que não lhes dá futuro não adianta o Presidente da Fiesp ir à televisão fazer campanha política através do Senai.

Qualquer um de nós, que somos Deputados, quer ver qualquer criança estudar no Senai, fazer um curso no Senac caríssimo, inatingível.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Em São Paulo os índices de homicídio baixaram de uma forma drástica. São Paulo usou a inteligência da Polícia de São Paulo, usou tudo e baixou o índice mais que os demais estados brasileiros.

Em São Paulo, prendemos a mesma pessoa 30 vezes, mas há também casos de 40 vezes. Precisamos de uma lei federal em que um cidadão vá para a cadeia porque o crime não pode compensar, e no Brasil o crime compensa. O cidadão sabe que se arrisca assaltando um banco, mas em poucas horas ele está na rua e assalta.

Nunca podemos esquecer que 70% de todas as pessoas que cumprem pena no Brasil voltam para o crime. De novo eles vêm para as mãos da polícia, pois eles entram no curso primário e agora vão para a universidade do crime.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - Eu não vou ensinar o Padre Nosso para o vigário, mas a impressão que eu tenho, primeiro, é que a Polícia não é problema. A Polícia de São Paulo é solução, é exemplo.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Falta só um salário melhor para os aposentados e os pensionistas.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - Tanto que até a propaganda anunciando a greve da Polícia foi proibida. Acho que só se prende ladrão de galinha, coronel. Só se pega a ponta do sistema.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - É isso que precisamos mudar. Aí que vem a tolerância zero, desde o colarinho branco até lá embaixo.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - Não é possível que todo esse crime organizado não tenha uma cúpula, não tenha os grandes mandantes, os grandes empresários.

Havia uma época em que para achincalhar o PT, a Igreja Católica, dizia que éramos os defensores dos direitos humanos, portanto dos bandidos. Não somos. Somos inimigos, somos vítimas, principalmente porque nossos filhos e das pessoas das nossas comunidades são aliciados por esses senhores, e eles são os primeiros a serem presos e mortos. Repudiamos isso.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Deputado Adriano Diogo, eu nunca vi alguém assaltar para comprar uma cadeira de rodas para a mãe, para fazer operação para a mãe. Nada disso, eles compram drogas, armas e ficam cada vez mais criminosos e mais bandidos.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - Teve aquele plebiscito que permitiu que as armas continuem nas mãos dos bandidos.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Foi uma pena. Eu sempre fui contra.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Por permuta de tempo, tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. PEDRO TOBIAS - PSDB - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este é o meu primeiro discurso depois do recesso parlamentar do mês de julho.

Essa semana, saiu no “Estadão” que, na pesquisa da Associação da Indústria, o Índice de Desenvolvimento Social foi 80 em cem cidades do Estado de São Paulo. Inclui Saúde, Educação e emprego.

Foi uma alegria receber o resultado da pesquisa. Tanto reclamamos da nossa Bauru que ficou em sexto lugar. Eu reclamo mesmo. Se fomos tão bem no Estado de São Paulo, os outros estão ruins demais. Mas fico muito feliz com o resultado dessa pesquisa. Vi muitas vezes a oposição criticar São Paulo porque a Saúde é ruim, a Educação é ruim, mas das 100 melhores cidades avaliadas, 80 são daqui do Estado de São Paulo. O Estado de São Paulo, para mim, tem toda uma configuração de país, parece que estamos na Europa, na África, porque o Brasil é um país continente.

Viajei para a Argentina. Foi a primeira vez que fiz uma viagem. Não conheço ainda nenhum estado brasileiro, só trabalho. Andar por lá é como andar numa mini Paris ou mini Itália. A diferença de uma região para outra é muito grande. A Argentina, tanto em população como em orçamento, não chega perto do Estado de São Paulo. Portanto, essa pesquisa me deixou muito feliz. A avaliação se deu até 2005. Quanta gente criticou o nosso governo. E precisa-se fazer muito ainda em todas as áreas. O problema no Brasil é que não valorizamos a instituição. Valorizamos o homem e o homem é algo transitório. Lembro-me muito bem do dia em que Charles de Gaulle demitiu-se. Fez referendo para acabar com o Senado. Dizia que se não passasse, pediria demissão. Eu tinha 17 anos. E pediu demissão mesmo. Abriu mão de cinco anos do seu mandato de presidente da república. No Líbano, que foi uma colônia francesa, perguntei para um professor meu “E agora, o que vai acontecer com a França? Acabou o país.” Ele me respondeu “Vocês do Terceiro Mundo valorizam o homem. Nós valorizamos a instituição.” É verdade. A França existia antes De Gaulle, com De Gaulle e depois De Gaulle. Não foi De Gaulle que fez a França. A França é que fez De Gaulle.” Infelizmente no Brasil nem estrutura partidária temos, cada um faz o que quer. Aquele que chega no poder acha que pode tudo, mas vamos chegar lá um dia.

Mas Deputado Adriano Diogo, tenho muito respeito pela Bancada do PT. Vejamos essa questão da Alstom no Brasil. Na apuração das denúncias descobriu-se o envolvimento de um assessor de Quércia e agora vem a Bancada do PT e diz “há denúncia de corrupção envolvendo também a Siemens.” Não é assim.

Vocês querem atingir o nosso candidato que em todas as pesquisas é o favorito para vencer a eleição à prefeitura, tudo bem, mas não é esse o caminho.

 

* * *

 

- Fala longe do microfone.

 

* * *

 

Não sei o que podemos e o que não podemos falar, mas enfim.

Se nós Deputados não podemos fazer o debate, estamos aqui para quê?

Ora, esta é uma casa política. Não acho correto sermos escravos da normatização do Judiciário ou do Ministério Público. Daqui a pouco a Assembléia não vai fazer nada. A nossa função é eminentemente política. Eu não sou padre, não sou engenheiro. Sou um político. Se não se pode falar em política aqui, do que vamos falar? Vamos falar do tempo?! Não acho certo abaixarmos cada vez mais a cabeça.

Eu realmente não sei o que posso e o que não posso falar, mas vou continuar a falar o que penso e assumo a responsabilidade. Posso até ter a minha palavra cassada amanhã - aliás, isso já aconteceu - mas não vou deixar de falar o que penso. Eu, por exemplo, tenho um projeto que não querem pautar para votação. O projeto trata de nepotismo, proíbe contratação de parente. O projeto está pronto para votação já há dois anos e não colocam em pauta para votação. Eu entendo isso como uma censura. A Mesa está me censurando há dois anos. Se querem me censurar porque estou falando de política, tudo bem. Uma censura a mais, uma censura a menos, já estou acostumado. Eu realmente não sei o que está autorizado a falar, vou perguntar depois ao Presidente. Não sei se há normas agora, mas se não puder falar sobre política é melhor não vir ao plenário até passarem as eleições, porque nós somos políticos. Podem discordar, mas a nossa condição é política.

Volto a falar da pesquisa. Parabéns São Paulo, pois 100 das melhores cidades, 80 são do Estado de São Paulo. Isso é resultado do bom trabalho dos governos locais.

Há pouco houve uma polêmica sobre segurança. Não adianta o Governo Federal lavar as mãos dizendo que isso é problema do estado. Não. O problema é de todos nós. Acho que o Governo Federal deveria criar o ministério da Segurança porque segurança é problema nacional, porque bandido ninguém segura. Para policiais serem transferidos de um estado para outro - se não é federal - é preciso autorizar. Eu acho que o governo federal - não é porque hoje é Lula, amanhã pode ser o Serra, como foi com Fernando Henrique - seja quem for, precisa encarar a segurança como problema nacional porque armas e drogas não se fabricam em São Paulo. É um problema do estado, como é do município, todo mundo tem responsabilidade. Não basta simplesmente jogar a culpa no outro. A União diz que é responsabilidade do Estado. O Estado diz que droga e arma vêm de fora. Não. Todos são responsáveis. Nós também somos responsáveis.

Deputado Adriano Diogo, na Argentina, eu andava até as duas horas da madrugada sem medo, sem me preocupar se alguém estava me seguindo. No Brasil a gente fica assustado. Não só em São Paulo, mas no país todo. Segurança é problema nacional. Lógico que estado e município têm sua responsabilidade, mas a política de segurança é problema nacional. Concordo plenamente com o Deputado Adriano Diogo: segurança pública tem alguma relação com o social. O desemprego e a miséria ajudam a criar bandido. Precisamos dar emprego, escola, enfim, várias coisas, não só a segurança como a Polícia Militar enxerga, combater a violência com morte, dente por dente, olho por olho. Tem vários fatores.

Vou consultar o Presidente da Assembléia porque não sei o que podemos e o que não podemos falar. Mas, se não podemos falar nada como políticos, vamos fechar a Assembléia até a eleição, porque, por ordem do juiz não podemos abrir o bico a favor ou contra a política. Em casa de político o político não pode falar, mas juiz pode, Ministério Público pode falar o que quer, coloca lista, não coloca lista - há essa polêmica. Por isso sugiro fecharmos a Assembléia e voltarmos para falar daqui a dois meses porque o máximo que conseguimos aqui é falar, não temos poder.

 

O SR. JOÃO BARBOSA - DEM - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - É regimental. Antes, porém esta Presidência comunica que, atendendo solicitação do nobre Deputado Cido Sério, cancela a sessão solene convocada para o dia 29 de agosto com a finalidade de homenagear o “Dia do Bancário”.

Havendo acordo entre as lideranças esta Presidência convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia.

Está levantada a sessão.

 

* * *

 

- Levanta-se a sessão às 16 horas e 11 minutos.

 

* * *