25 DE AGOSTO DE 2010

098ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: RAUL MARCELO, MARCOS MARTINS e CARLOS NEDER

 

Secretário: OLÍMPIO GOMES

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - RAUL MARCELO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - VANDERLEI SIRAQUE

Relata visitas que fez à cidade de Santo André, onde ouviu reclamações da população relativas à área da Saúde. Lembra que a Saúde é direito de todos e obrigação do Poder Público. Afirma que não garantir o direito à Saúde é desrespeito ao ser humano.

 

003 - CARLOS GIANNAZI

Para comunicação, lembra que, ontem, ocorreu audiência pública em defesa da Rádio e da TV Cultura. Informa que o programa "Manos e Minas" retornará à TV Cultura. Cita a quebra de contrato da TV Cultura com a TV Assembleia. Dá conhecimento de que ainda são necessárias assinaturas para a instalação da CPI do Judiciário.

 

004 - EDSON FERRARINI

Registra que a Associação de Defesa dos Policiais Militares de São Paulo completa, hoje, 17 anos de existência. Lê informativo da entidade dando informações sobre trabalhos e projetos. Faz elogios e parabeniza a mesma. Saúda o Coronel Nogueira, dirigente da Associação. Menciona benefícios de ser sócio da entidade. Lembra a incorporação do ALE para policiais deficientes.

 

005 - OLÍMPIO GOMES

Lembra que hoje, 25 de agosto, é o Dia do Soldado. Lamenta o baixo salário pago a esta categoria. Questiona o aumento de 250% nos refeitórios da Polícia Militar. Informa que a Polícia de São Paulo, embora seja a responsável pelo treinamento para a Copa do Mundo dos policiais de todo o País, é a única que não recebe o "vale-Copa".

 

006 - CARLOS NEDER

Congratula-se com o Presidente da República pela lei que instituiu a "ficha limpa". Recorda fraude, ocorrida há 14 anos, em processo licitatório da Prefeitura de São Paulo que objetivava a compra de frango para merenda escolar. Menciona que o Ministério Público ingressou com ação civil pública e considerou culpado o prefeito de então. Ressalta a importância do papel de fiscalização desta Casa.

 

007 - MARCOS MARTINS

Assume a Presidência.

 

008 - RAUL MARCELO

Repudia os diveros "apagões", ocorridos nas linhas do Metrô. Informa que encaminhou representação ao Ministério Público pedindo a apuração desses incidentes. Responsabiliza a privatização de diversos setores do Metrô, promovida pelo atual governo, bem como a falta de energia. Faz menção aos últimos "apagões" ocorridos no Estado.

 

009 - CARLOS NEDER

Assume a Presidência.

 

010 - MARCOS MARTINS

Enaltece a importância de que a população se mantenha hidratada, devido à baixa umidade relativa do ar. Lamenta que os habitantes de Osasco não possam seguir estas recomendações, pois falta água em bairros da região. Menciona a necessidade de que os atuais encanamentos sejam trocados, tendo em vista que são compostos de amianto, material cancerígeno.

 

011 - SIMÃO PEDRO

Saúda o Deputado Carlos Neder por seu retorno a esta Casa. Comemora a instalação de universidades federais nas zonas Leste e Sul da Capital. Critica a estagnação da USP Leste, há anos sem criar novos cursos. Destaca a importância de um processo de expansão para a USP, Unicamp e Unesp.

 

012 - MARCOS MARTINS

Assume a Presidência.

 

GRANDE EXPEDIENTE

013 - CARLOS NEDER

Faz comentários sobre o complexo hospitalar de Sorocaba. Lê e comenta documento com as reivindicações dos funcionários da unidade. Trata da falta de pagamento das horas extras à categoria. Dá conhecimento de assembléia sobre o tema, a realizar-se dia 26 de agosto, em Sorocaba. Repudia as punições aos servidores do complexo. Cita tratativas sobre a questão.

 

014 - CARLOS NEDER

Assume a Presidência.

 

015 - MARCOS MARTINS

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

 

016 - Presidente CARLOS NEDER

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 26/08, à hora regimental, com ordem do dia. Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Raul Marcelo.

 

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O SR. PRESIDENTE – RAUL MARCELO - PSOL - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Olímpio Gomes  para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO – OLÍMPIO GOMES - PDT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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  O SR. PRESIDENTE - RAUL MARCELO - PSOL - Tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque.

 

  O SR. VANDERLEI SIRAQUE - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados Carlos Neder e major Olímpio Gomes, andei, hoje, por algumas ruas visitando pessoas em Santo André, na região da Vila Bom Pastor, e percebi uma grande reclamação em relação à Saúde, Deputado Carlos Neder, V. Exa., que é da área. Encontrei uma senhora que está esperando há quase 6 meses para marcar uma consulta, outra, que conseguiu uma consulta depois de alguns meses. O médico deu a receita e ela está aguardando há um tempão para conseguir o medicamento. Outra conseguiu uma consulta, precisa de um especialista, e demora quase um ano para conseguir essa consulta, depois, mais não sei quanto tempo para fazer o exame.

  Penso que a Saúde em alguns municípios, como é o caso de Santo André, e no Estado de São Paulo, não está levando em consideração a Constituição do Brasil, que no seu artigo 196 e seguintes afirma que saúde é um direito de todas as pessoas, é um direito de cidadania e um dever, uma obrigação do poder público. E essa obrigação diz que o cidadão tem direito a médico, aos exames necessários, aos medicamentos que tratam da saúde curativa e tem direito à saúde preventiva, que é o caso do saneamento básico e das ações, como, por exemplo, a segurança alimentar, que possam impedir as pessoas de adquirirem doenças.

Também se está desrespeitando a dignidade da pessoa humana porque, às vezes, quanto se tenta garantir o direito à saúde, as pessoas pobres têm de pegar até quatro conduções e acabam gastando dinheiro com as passagens dos coletivos, que, aliás, são muito caras. Desrespeita-se também o direito à vida das pessoas, que seria o Art. 5º, desrespeita-se também o art. 6º da Constituição, porque saúde é um direito social.

Em resumo, estamos desrespeitando a dignidade da pessoa humana, que consta no Art. 1º da Constituição Federal, o direito à vida, que está no Art. 5º, o direito social, que está no Art. 6º, o Art. 196 e seguintes.

Então, lamento que o poder público, tanto da Cidade de Santo André quanto o poder público do Estado de São Paulo, não garanta aos cidadãos do nosso Estado o direito à vida, o direito à saúde pública. Nós temos de obrigar os governantes municipais e estaduais a cumprirem a Constituição, a garantirem esses direitos que, inclusive, que já foram garantidos juridicamente pelo Supremo Tribunal Federal há cerca de dois meses, quando decidiu que saúde é direito, de fato, dos cidadãos e obrigação e dever do poder público. Mas, infelizmente, observamos que o Legislativo faz as leis, que o Judiciário determina o cumprimento das leis, mas o Poder Executivo finge que não é com ele. Vemos alguns prefeitos e o Governo do Estado descumprindo esse direito fundamental, esse direito humano essencial que é o direito à vida, à dignidade. O ser humano não pode ser tratado como coisa, como objeto. Ele precisa ser tratado com respeito, como gente que pensa e tem direito à vida. E saúde é vida. Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, gostaria de passar duas informações importantes.

Ontem, realizamos uma grande audiência pública em defesa da Rádio e TV Cultura, e, logicamente, em defesa dos servidores da TV Cultura e do Programa Manos e Minas, que tinha sido extinto por João Sayad, interventor nomeado pelo ex-governador José Serra. Houve uma grande mobilização na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo junto ao movimento hip hop, que repercutiu na imprensa e, ontem, fizemos uma audiência pública vitoriosa, porque ontem mesmo João Sayad anunciou que o programa retornará à TV Cultura. Segundo ele, com outro formato, mas com os produtores mantidos. Enfim, teve de recuar porque foi pressionado, viu que cometeu um grave erro. E nossa luta continua no sentido de que ele não desmonte a TV Cultura, demitindo mais de 1400 funcionários, como tem sido anunciado. Inclusive, estamos fazendo a defesa dos funcionários da TV Assembleia porque é um verdadeiro absurdo que João Sayad queira dispensar os  funcionários da TV Assembleia. E com isso, além de dispensar vários servidores treinados e competentes que estão realizando uma programação de qualidade na Assembleia, ele também vai dispensar 20 milhões por ano. Se ele diz que quer sanear a TV Cultura não tem sentido esse tipo de atitude.

Também quero dizer que continuamos colhendo assinaturas para a instalação da CPI do Judiciário. Ontem, o Deputado Afonso Lobato, do Partido Verde, subscreveu nosso requerimento, cerrando fileiras com esse movimento em defesa dos servidores do Judiciário. Agora, estamos com 24 assinaturas e precisamos de 32 para instalar a CPI do Judiciário e fazer uma verdadeira devassa nas contas daquele Poder porque os servidores estão em greve há mais de 120 dias e até agora nada foi feito, nem pelo Governo Estadual nem pelo TJ para atender às justas e legítimas reivindicações dos servidores. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - RAUL MARCELO - PSOL - Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, a Polícia Militar tem várias entidades que a representam, todas elas muito dignas. Entre elas, a Adepom - Associação de Defesa dos Policiais Militares do Estado de São Paulo, que está completando 17 anos hoje, Dia do Soldado. Ela foi fundada em agosto de 1993 e recebe muitas homenagens pela sua brilhante atuação no amparo aos policiais militares da ativa, da reserva e inativos. Desde o início, seu idealizador, que é seu presidente até hoje, coronel da reserva Luiz Carlos Nogueira - que na época da fundação da Associação ostentava a patente de tenente - traçou como objetivo da entidade a luta em defesa da categoria policial militar.

Hoje, a Associação comemora suas conquistas como resultado de muito trabalho em prol dos associados com atendimentos jurídicos gratuitos, ingresso de ações contra a Fazenda Pública, apoio social, atendimento em sua clínica multidisciplinar, aulas e atividades, tudo isso de forma gratuita, o projeto Viva + Feliz, com mais de 250 convênios. Após anos de atividade, a Adepom está bem consolidada e atende cerca de 11 mil associados. Com uma política de gestão participativa, realiza um trabalho transparente e verdadeiro. A cada dia ganha mais força e representatividade com uma administração voltada a ajudar os sócios que enfrentam as maiores dificuldades.

Estou dizendo isso porque, outro dia, um cidadão me perguntou qual associação da Polícia Militar faz todos os tipos de atendimentos porque ele queria se associar a apenas uma. Disse-lhe para ficar sócio da Adepom.

A Adepom merece ser homenageada, mas quero saudar o coronel Nogueira, que com tanta dignidade, com tanto brilhantismo, dirige essa Associação. A você, meu amigo que me mandou um e-mail dizendo que queria ficar sócio de apenas uma associação entre tantas da Polícia Militar, digo, fique sócio da Adepom. Lá, você terá a amizade das pessoas. Por exemplo, no Departamento Comercial está o cabo reformado Celso Rafael da Silva, um “gentleman”, que estará à sua disposição. Os colaboradores, como o 3º sargento Nadir Pereira dos Santos, e toda a diretoria, a quem presto homenagem. A Adepom está completando 17 anos. Os policiais podem entrar com ações por meio da Adepom, como para pedir pensão integral, adicional de insalubridade, adicional de local de exercício.

Tive o privilégio de conversar com o comandante-geral três dias depois de tomar posse. Ele me disse que queria que fosse feita justiça aos inativos e às pensionistas. Queria a incorporação do ALE, pois era uma injustiça algumas cidades ganharem mais e outras ganharem menos. Os inativos já estão recebendo. Saí do quartel-general, fui à Casa Civil. Conversei com Aloysio Nunes Ferreira, que também concordou com a nossa ideia. Saí dali, fui à Secretaria de Gestão, onde expliquei a injustiça do ALE. O Secretário me disse: vou comprar essa briga. Fui falar com o Governador, que me disse: é justiça. E chegou a esta Casa o projeto sobre a incorporação do ALE em cinco vezes, uma única vez para portadores de deficiência. O mérito é da Associação dos Deficientes da Polícia Militar. Conseguimos incorporar, já está no holerite. A Adepom levou uma delegação a Brasília para lutar pela PEC 300, para que o piso dos policiais do Brasil seja o piso dos policiais do Distrito Federal.

Presidente da Adepom, Coronel Luiz Carlos Nogueira, Cabo Celso, Nadir, quero dizer a vocês parabéns pelo muito que os senhores dignificam a Polícia Militar. Com muito orgulho, sou sócio da Adepom. Quando preciso entrar com alguma ação, entro por meio da Adepom. Quero dizer aos senhores: continuem nessa caminhada, essa diretoria é brilhante.

Policial que me disse que queria ser sócio de uma única entidade: seja sócio da Adepom, Associação de Defesa dos Policiais Militares do Estado de São Paulo, cujo Presidente é o Coronel Luiz Carlos Nogueira.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - RAUL MARCELO - PSOL - Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, hoje, 25 de agosto, é Dia do Soldado. Não poderia deixar, como soldado que sou, de vir a esta tribuna manifestar meu contentamento por um dia ter ingressado nas fileiras da Polícia Militar. Na essência, para a população, todos nós somos soldados. Não importa se a graduação é de soldado, de coronel, de general. São pessoas que fazem o juramento de até morrer em defesa da população e que são realmente capazes de cumprir esse juramento, como muitos cumprem todos os dias na rua em todo o país.

Estamos falando do Dia do Soldado. Não poderia deixar de dizer da desconsideração que o Governo do Estado tem com o soldado-bandeirante, piores salários brasileiros. Uma vergonha. Esta Casa aprovou 126 bilhões no Orçamento no dia 17 de dezembro. Votamos contra por causa disto: ter a Polícia mais mal paga do País. É uma vergonha ver o Governo do Estado reajustar esta semana em 250% o preço da refeição para o policial em serviço no refeitório da Polícia Militar, no Centro de Subsistência e nos ranchos regionais. Uma vergonha. O soldado, que pagava um real e 20 centavos para se alimentar em serviço, agora vai pagar três reais. Os sargentos e subtenentes, que pagavam um real e 40 centavos, vão pagar quatro reais. Os oficiais pagavam dois, vão pagar cinco reais. Olha que vergonha. Olha o que o Governo do Estado está dizendo que está fazendo pela Polícia de São Paulo. Não dá para ficar aqui comemorando. É preciso mostrar, escancarar.

Ontem, o noticiário mostrou para o mundo o treinamento da Polícia de São Paulo para a Copa de 2014. Agora, preciso dizer da omissão do Governo de São Paulo e da omissão da Assembleia Legislativa. Estamos preparando os policiais de todo o País, fizemos cenas para mostrar o preparo da Polícia de São Paulo, mas o único Estado em que os policiais não estão recebendo, desde 1º de junho, o Bolsa Copa, é o Estado de São Paulo. O Bolsa Copa é uma suplementação que o Governo Federal está dando, neste primeiro ano, de 555 reais para todo policial civil e militar ou Guarda Municipal de Estado que será sede da Copa do Mundo. Sabem por que? Porque o Governo de São Paulo deveria ter cumprido um dos requisitos formulados pelo Governo Federal, de encaminhar à Assembleia Legislativa um projeto com o escalonamento de salário para os policiais, para que tivesse um piso de três mil e 200 reais em 2014. O Governador de plantão, Alberto Goldman, simplesmente desconsiderou.

A maioria dos parlamentares desta Casa, alguns até que dizem que defendem a Polícia, não toma nem conhecimento disso e sai bajulando o Governo, tentando renovar essa linha macabra do PSDB para permanecer no Governo de São Paulo. São 555 reais que o policial civil e militar do Estado de São Paulo poderia estar recebendo. Nos outros 11 Estados, que são sede de Copa do Mundo, os policiais já estão recebendo. Só o Estado de São Paulo não. É mais uma forma de o Governo de São Paulo demonstrar o apreço que tem pela sua Polícia. Aumenta em 250% o valor da refeição, não adere ao Bolsa Copa, deixa seus policiais de fora e, além disso, o candidato a retornar a ser ditador por mais quatro anos, do PSDB, vai para os debates dizendo que vai tratar da questão salarial da polícia. Está nos massacrando há 16 anos e vai mentir para a opinião pública que vai aumentar o efetivo da Polícia Militar, quando, na verdade, só completaria com os seis mil homens que estão faltando porque deixaram de fazer concursos públicos.

  Tomara a Deus que haja sapiência da população e aos servidores públicos, principalmente meus irmãos policiais, civis e militares. É hora de dizer basta! Nós não merecemos ser os soldados piores pagos do País. Morremos pela população, hoje é o Dia do Soldado, dia da nossa reflexão. Fora esse sistema de Governo que massacra os policiais do Estado de São Paulo!

 

O SR. PRESIDENTE - RAUL MARCELO - PSOL - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder.

 

  O SR. CARLOS NEDER - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, a nação brasileira comemora um avanço extremamente significativo, que foi a aprovação e sanção, pelo Presidente da República, da Lei da Ficha Limpa. É preciso lembrar que anteriormente já tínhamos uma experiência de grande mobilização da sociedade civil brasileira para a aprovação de uma lei que coíbe a corrupção eleitoral no nosso país. Agora, com o projeto transformado em lei, da Ficha Limpa, todos aqueles e aquelas que se propõem a disputar um mandato eletivo, e que tenham tido uma condenação em algum órgão ou colegiado do Poder Judiciário, ficam automaticamente excluídos do processo eleitoral, sem o direito a pleitear o voto da população.

  Esta semana, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo analisou várias situações. Uma delas, bastante conhecida, diz respeito à compra de frangos em pedaços congelados para a merenda escolar no Município de São Paulo, a partir do ano de 1996. Eu, no exercício do mandato parlamentar de vereador, a partir de 1997, desencadeei um processo de investigação e denúncia daquilo que veio a ser conhecido, fartamente documentado pela imprensa, do “Frangogate”, que foi a aquisição de frangos em pedaços congelados de empresas e familiares do então prefeito do Município de São Paulo, aquisição esta feita de empresa de familiares do próprio prefeito.

  De acordo com a investigação que nós fizemos, não houve uma licitação adequadamente conduzida que propiciasse uma condição igual para que outras empresas viessem a fornecer esse frango para a merenda escolar. Em razão disso, encaminhamos ao Ministério Público Estadual diversos documentos mostrando que algo de errado tinha acontecido neste processo de compra feito pela Prefeitura de São Paulo àquela época. E o Ministério Público Estadual, de posse dessas informações e de todos os dados que recebemos, inclusive, alguns no exercício do mandato parlamentar, com direito à preservação do sigilo de fonte, entendeu por fazer um estudo para analisar em que medida os valores praticados eram condizentes com os valores de mercado, ou se também havia uma aquisição com preços superfaturados de frangos para a merenda escolar no Município de São Paulo. E tendo chegado à conclusão de que, de fato, houvera um favorecimento de empresa de familiares e, mais do que isso, a aquisição de frangos para a merenda escolar no Município de São Paulo com preços superfaturados, o Ministério Público, na pessoa do promotor Alexandre de Moraes, que havia recebido toda a documentação a partir do nosso mandato parlamentar, ingressou com uma ação civil pública que originou a condenação 13 anos depois.

  Ou seja, foram necessários 13 anos de tramitação do processo do Poder Judiciário, em primeira instância, até que houvesse uma condenação em órgão colegiado, com diversas manobras protelatórias e recursos que são legítimos, do ponto de vista da tramitação do processo, mas que visava a postergar uma decisão pelo Poder Judiciário. Temos, agora, uma decisão que impede a candidatura do mandatário de então, ao cargo de deputado federal pelo Estado de São Paulo.

  Eu chamo atenção para esse fato para mostrar que o Parlamento brasileiro não apenas tem a obrigação de apresentar projetos, de pensar no interesse público, de discutir o orçamento, de definir as prioridades de gastos, mas também cabe aos parlamentares, no âmbito do município, do Estado, na Assembleia Legislativa de São Paulo, no Congresso Nacional, de efetuar investigação e controle rigoroso dos atos do Poder Executivo, denunciando, quando necessário, ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas, ao Poder Judiciário, toda aquela situação entendida como irregular.

  Portanto, a situação mencionada no Município de São Paulo, do “Frangogate”, com a condenação recente do mandatário e a sua inclusão no processo da Ficha Limpa, pode ser o indício que também a Assembleia Legislativa de São Paulo deve cumprir essas prerrogativas, por exemplo, implantando a CPI para investigar os desmandos e a corrupção no Detran, que também foi fartamente analisado e documentado por este Deputado no exercício do mandato parlamentar entre 2005 e 2007.

  Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

  O SR. PRESIDENTE - RAUL MARCELO - PSOL - Tem a palavra o nobre Deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fausto Figueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlinhos Almeida. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Felício. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Patrícia Lima. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luciano Batista.

 

O SR. PRESIDENTE - RAUL MARCELO - PSOL - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rogério Nogueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Barbosa. (Pausa.)

 

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- Assume a Presidência o Sr. Marcos Martins.

 

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 O SR. PRESIDENTE - MARCOS MARTINS - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Raul Marcelo.

 

  O SR. RAUL MARCELO - PSOL - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, hoje quero falar sobre uma notícia que deixou milhares de cidadãos da Capital de São Paulo atônitos em relação às sucessivas paralisações que têm ocorrido no metrô de São Paulo. Inclusive, encaminhei uma representação ao Ministério Público dando conta do acidente ocorrido no dia 4, na Linha 3, Linha Vermelha do metrô, que ainda é de responsabilidade da empresa estatal, a Companhia do Metropolitano de São Paulo, por conta dos trens que foram comprados da companhia espanhola, avaliados em custo unitário de 30 milhões de reais, que demonstraram problemas, inclusive, colocando em risco a população que utiliza o metrô aqui na Cidade de São Paulo.

Esse acidente ocorreu há alguns dias e fizemos uma representação ao Ministério Público denunciando essa situação e pedindo uma apuração aprofundada para que esses incidentes não voltem mais a ocorrer no metrô de São Paulo.

  Ontem, a Linha 4 do metrô, essa que foi privatizada, que está sob a responsabilidade da CCR, que é um consórcio de empresas, sofreu um apagão e ficou paralisada por quase uma hora. Conversamos com alguns servidores do Metrô e acompanhamos as notícias. O que nos deixa preocupados é que essa Empresa pública Metrô opera, do ponto de vista da energia elétrica, com um ponto de fornecimento de energia elétrica. O segundo ponto é para fornecer energia no caso desse primeiro ponto principal falhar e isso tudo é automático. Quando o ponto primário - é o nome técnico correto - falha, de forma automática o segundo ponto entra em funcionamento. Portanto, o fornecimento da energia elétrica continua, e quando o segundo ponto de fornecimento, esse ponto secundário, também entra em pânico, tem ainda uma terceira forma de fornecimento de energia, que não é 100%, mas faz com que o metrô funcione.

Esse o sistema de fornecimento de energia da empresa pública Metrô. Ocorre que a CCR, uma empresa privada, que tem o lucro como pedra fundamental, não opera com esse sistema. Ela só tem uma linha de fornecimento de energia.

Ontem, por volta das 11 horas da manhã, faltou energia. Portanto, a linha foi interrompida. Sabe que horas foi restabelecido o fornecimento da energia?  Foi às 9 horas da noite. Quem forneceu energia para empresa privatizada? Foi a empresa pública e os tucanos dizem que a privatização é o melhor caminho para o país. Foi a estrutura pública do Metrô que forneceu a energia, porque  a estrutura privada da CCR não tem o sistema não só automático como tem a empresa pública, mas um sistema também de urgência para funcionar em caso como esse de apagão.

Repito aqui que o metrô tem uma linha 1ª, que é a linha primária, tem uma linha secundária, caso a primária não funcione, e ainda tem uma terceira, caso ocorra uma pane geral no sistema. A CCR não tem nada disso. Teve um problema que até agora a empresa ainda não veio a público esclarecer para a população de São Paulo o porquê de ontem, às 11 horas da manhã, ter interrompido o sistema por conta de falta de energia e só ter sido restabelecido às 9 horas da noite. O pouco que funcionou foi com a energia fornecida pela empresa pública, a Companhia do Metropolitano de São Paulo. Aliás, estamos fazendo um adendo à nossa representação em relação ao último acidente do metrô, para que seja investigado também pelo Ministério Público de São Paulo, se essa energia fornecida pelo Metrô, que é uma empresa pública, a essa empresa privada CCR, vai ser paga por ela e, também, para que novos acidentes como esses e novos apagões não ocorram mais.

  Quero concluir dizendo que os tucanos são campeões em apagões. Deixaram este País um ano sem energia elétrica porque privatizaram o sistema de geração e distribuição de energia. Aqui, em São Paulo, o Metrô está caminhando no mesmo sentido. A Linha Amarela foi privatizada e já começou a dar mostras de que a CCR, que patrocinou, pressionou e hoje administra essa linha, não está fazendo investimentos necessários para o metrô, que ainda é muito pequeno em São Paulo. Temos apenas 68 quilômetros em metrô, enquanto que a Cidade do México tem 200 quilômetros. O pouco que temos ainda está mal administrado, foi privatizado e a privatização está se mostrando, por conta dessa denúncia e das informações desse último acidente, danosas à população usuária do metrô de São Paulo.

  Deixo aqui registrada a nossa opinião de que essa paralisação de horas no fornecimento de energia na Linha 4 precisa ser investigada também pelo Ministério Público. E é por isso que vamos fazer um adendo à representação que já fizemos em relação a outro acidente do metrô para que o Ministério Público também acompanhe essa nova denúncia, para que questões como essas não voltem a se repetir e que o próximo governo de São Paulo discuta, sim, a reestatização do Metrô em São Paulo porque isso tem que ficar sob controle público.

O metrô faz transporte de massa eficiente e mais barato porque carrega mais pessoas, portanto, precisa de um gerenciamento muito efetivo e muito cuidadoso. Não dá para deixar o lucro na mão dessas empresas que não fazem investimentos necessários. 

  Fica aqui registrada a nossa preocupação em relação ao Metrô de São Paulo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

                                                 ***

 

-              Assume a Presidência o Sr. Carlos Neder.

 

                                                 ***

 

  O SR. PRESIDENTE -  CARLOS NEDER - PT - Tem a palavra, ainda na Lista Suplementar, o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins.

 

  O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR – Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, estamos vivendo o momento em que a imprensa acaba noticiando a preocupação em relação à umidade atmosférica. O ar está muito seco por causa das queimadas. O Deputado Carlos Neder, que é médico, sabe que isso causa problema respiratório e uma série de consequências.  Em muitos bairros está faltando água há vários dias, como tem ocorrido com frequência lá na Cidade de Osasco, Morro do Socó, Portais, Morro do Sabão, Baronesa, etc. A água só vem de madrugada.

Já estivemos na Sabesp com um grupo de moradores do Morro do Socó. Eles falaram que a responsabilidade é da Prefeitura, mas, na verdade, o contrato de prestação de água, o serviço de água e esgoto, é da Sabesp, é do Governo do Estado. Então, numa situação crítica como essa, a população sofrendo com a falta de água, a Sabesp precisa tomar providência.

Percebemos que, de vez em quando, manifesta-se um movimento de privatização porque os tucanos não gostam de nada público. Os servidores da Sabesp fizeram uma greve recentemente. Foi um movimento grande. Eles estiveram aqui na Assembleia Legislativa.

Os serviços da Sabesp continuam com a qualidade ruim e não depende da vontade dos seus funcionários. Outro fator recorrente, a coisa mais comum, é o vazamento de água. A Prefeitura faz o recapeamento no asfalto, mas logo vemos a água brotando.

Os canos que levam a água para as residências já estão velhos, com vida útil vencida, tem de trocar a rede e uma grande parte da rede continua de amianto, que é cancerígeno e mata milhares de pessoas no mundo. Os canos de amianto da Sabesp precisam ser trocados, primeiro, porque são cancerígenos e, segundo, porque estão velhos, ultrapassados, deteriorados e necessitam ser substituídos. Então, a população da Região Norte da Cidade de Osasco tem sofrido muito com a falta d’água e justamente no momento em que os órgãos de Saúde alertam a população para tomar bastante água, para se hidratarem, em função do baixo índice de umidade do ar, que já é alarmante, só que não chega água naquela região. A Prefeitura tem feito a sua parte, dado a sua contribuição e o Estado - a Sabesp é do Estado - também precisa dar a sua contrapartida.

  Encerro por aqui.

 

  O SR. PRESIDENTE - CARLOS NEDER - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Marcos Martins.

 

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  O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero aproveitar a presença do nosso colega de bancada, Deputado Carlos Neder, no plenário, para dar-lhe as boas-vindas. Ele, que pela Justiça recuperou o seu mandato, um mandato combativo, de muito conteúdo, que agrega muito valor à ação da nossa bancada. Desejo-lhe sucesso no seu trabalho aqui e na sua campanha.

Mas, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero falar sobre um episódio que ocorreu sábado, muito positivo para a população da Grande São Paulo, a consolidação, através de um processo de lutas que durou quase dois anos por parte da população das Zonas Leste e Sul, do campus de uma universidade pública federal. No caso da Zona Leste, tivemos uma grande festa, uma grande assembleia sábado de manhã na Jacu-Pêssego, avenida que vai ligar a Trabalhadores ao Rodoanel. O prefeito da Cidade de São Paulo anunciou que está em processo de desapropriação os galpões da antiga fábrica metalúrgica Gazarra, em Itaquera, que no passado chegou a abrigar mais de mil trabalhadores, para doar ao Ministério da Educação, esse era o acordo para que o Ministério pudesse instalar o campus da universidade federal, uma luta que foi coordenada pelo Padre Ticão, uma grande liderança na Região Leste, e também pelo Padre Rosalvino. Mais do que um campus de uma universidade federal, o Ministro da Educação, Fernando Haddad, se comprometeu, por conta da dimensão das instalações, a implantar um instituto técnico federal também na Zona Leste, que é uma escola técnica federal - mudou de nome, agora é instituto. Isso vai ajudar no desenvolvimento daquela região, vai preparar mão de obra qualificada. Com o processo da Jacu-Pêssego concluído, a possibilidade de dinamização do polo industrial de Itaquera com a atração de empresas vai ser fundamental. O outro campus será no Município de Embu. Enfim, isso cria oportunidades para a nossa população, principalmente a juventude, poder estudar.

  A Unifesp se comprometeu a fazer cursos na área da Engenharia, para começar.

Do outro lado, também tivemos uma grande conquista em 2003/2004: a criação do campus da USP Zona Leste. A USP se instalou com dez cursos, mas estagnou. Fizemos o debate da reforma do estatuto da USP para aquele item que diz que não pode ter cursos iguais na mesma cidade em dois campi diferentes. Isso permanece em vigor, o que é um absurdo, porque esse estatuto é da década de 70. Nós já estamos na primeira década do novo século e a cidade mudou completamente, a Grande São Paulo mudou completamente. Temos uma outra realidade, é outro mundo. Então a USP precisa se adaptar, precisa ampliar. Ela tem recebido mais recursos, já que a receita do Estado de São Paulo tem crescido ano a ano. Em 2007, o Orçamento do Estado foi 85 bilhões e pulou para 140 em 2010. Então, com o crescimento da economia, a arrecadação também cresce, é maior o repasse para a universidade e, assim, tanto a Unicamp quanto a USP precisam ampliar também as suas instalações, a oferta de novos cursos, precisam se aproximar mais da população nesse novo contexto da realidade. A mesma coisa a Unesp. A Unesp parou. Há 10 anos que não se verifica um processo de expansão. Agora é que vão abrir novos cursos onde já tem um campus. A Mogiana, por exemplo, permanece como a região mais pobre dentro da Região Administrativa de Campinas, sem qualquer campus de ensino superior público, a não ser o campus do instituto técnico federal que agora tem um curso tecnológico de nível universitário. Nós precisamos mudar. O Estado de São Paulo não pode ficar parado. A ampliação da universidade, a oferta de novos cursos, a necessidade de crescimento de determinadas regiões é fundamental para o Estado de São Paulo acompanhar o ritmo do Brasil neste momento.

 

  O SR. PRESIDENTE - MARCOS MARTINS - PT - Encerrado o tempo destinado ao Pequeno Expediente vamos passar ao Grande Expediente.

 

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-                 Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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  O SR. PRESIDENTE - MARCOS MARTINS - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão, que permuta seu tempo com o nobre Deputado Carlos Neder.

 

  O SR. CARLOS NEDER - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, inicialmente, quero agradecer ao Deputado Rui Falcão a permuta do tempo.

  Recentemente, fiz uma visita ao complexo hospitalar de Sorocaba.

Sabendo-se que ali é um campo de estágio, de treinamento e residência médica para os alunos da Pontifícia Universidade Católica, qual não foi minha surpresa ao me deparar com o abandono, o desleixo e insatisfação por parte dos servidores que ali trabalham em relação à gestão do complexo hospitalar de Sorocaba.

  A situação é de tal magnitude, e é tanta a irritação por parte dos trabalhadores, que eles resolveram convocar uma assembleia geral para esta quinta-feira, dia 26 de agosto, às 10 horas, que vai ocorrer no Sindicato dos Condutores de Sorocaba, na Rua Capitão Augusto Franco nº 159, na Vila Amélia. Os trabalhadores do complexo hospitalar, sejam eles efetivos, temporários ou até mesmo de empresas terceirizadas, estão chamando esse ato de Agita Saúde. Eu quis saber por que razão é necessário organizar um ato com essa denominação, Agita Saúde, e a resposta foi: “porque não suportamos mais o grau de autoritarismo, a falta de respeito para com os servidores por parte da diretoria imposta ao conjunto hospitalar de Sorocaba”. Perguntei por que uma diretoria imposta. “Temos aqui uma diretoria de 60 membros trazidos da cidade de São Paulo. É como se o complexo hospitalar de Sorocaba não tivesse uma tradição, não tivesse diretores e profissionais à altura de assumirem a gestão daquele equipamento de grande importância para a cidade e para a região”. Acontece que esse mesmo complexo hospitalar já foi gerenciado em outros momentos por funcionários efetivos e com reconhecimento por parte da opinião pública, os usuários, dos trabalhadores, quanto aos métodos democráticos utilizados e a ausência de assédio moral, da violência e da prepotência que se observa hoje nesse conjunto hospitalar.

  Vejam o documento que dá subsídio ao ato que será realizado no dia 26, no período da manhã, na cidade de Sorocaba. Missão: reverter o projeto e o processo gerencial com retorno do atual grupo dirigente para sua cidade de origem, São Paulo, e assunção de uma nova diretoria composta por pessoas de comprovada competência e concursadas no conjunto hospitalar de Sorocaba.

  É interessante comparar isso com o discurso que observamos agora, durante o período eleitoral, em que determinados candidatos dizem que não fazem loteamento político nas áreas de Educação, Saúde e em outras áreas de políticas públicas essenciais. Mas não é o que este documento dos servidores de Sorocaba mostra. Ele mostra que houve uma imposição de uma diretoria totalmente trazida da Cidade de São Paulo para ocupar o lugar de servidores efetivos daquela cidade.

  Denúncias: plantões extras sem que o profissional tenha cumprido o respectivo plantão; uso indevido de plantões extra no conjunto hospitalar para complementação salarial do grupo do diretor, que é o Dr. Ricardo Salim, composto por cerca de 60 pessoas; todo tipo de entrave burocrático para fornecer a informação requerida pelo Sindicato dos Servidores Públicos da área da Saúde, no plano estadual, para ter acesso à lista de pagamento dos plantonistas. Não há negociação, não há diálogo e o que acontece? Os plantões extras foram retirados, sem negociação prévia, daqueles que de fato necessitavam, como é o caso dos infectologistas concursados do conjunto hospitalar, ou até mesmo do pessoal da área de enfermagem. Então, quem precisava fazer plantão extra para completar o quadro de funcionários não teve autorização. Entretanto, trabalhadores, ou pretensos trabalhadores do setor administrativo, vinculados ao diretor do complexo hospitalar, têm direito ao plantão extra, mas ninguém sabe em que quantidade e recebendo qual acréscimo salarial.

  Além disso, funcionários do grupo do secretário ou do diretor do hospital, de nível médio, utilizando salários complementares como diárias e aluguel de casa para pernoite em Sorocaba, enquanto isso, as equipes técnicas não têm tido liberação de diárias, nem mesmo viaturas para comparecer às reuniões de trabalho agendadas pelas coordenações técnicas. Ou seja, paga-se o deslocamento e até mesmo a moradia de pessoas desse grupo, ou deslocamento diário de pessoas que veem e voltam da Cidade de São Paulo, enquanto que os profissionais não podem ter o apoio necessário para o exercício de suas funções.

  A listagem de pagamento dos plantões extras é inacessível. Não há transparência na aplicação dos recursos públicos e não é apenas na área de recursos humanos, diz respeito também aos contratos, terceirizações e valores praticados.

  Há perseguição de funcionários, como aconteceu no Núcleo de Epidemiologia Hospitalar, bem como desconto em folha de pagamento, como uma forma de pressão para intimidar os trabalhadores e profissionais que estavam denunciando esse tipo de arbitrariedade no conjunto hospitalar.

  Vejam a gravidade da situação. E, aparentemente, não há loteamento político no governo do Estado de São Paulo na área da Saúde, há democracia, há respeito com os trabalhadores. Mas não é o que estamos constatando a partir das denúncias recebidas por este deputado e que serão levadas a público na assembleia que será realizada quinta-feira em Sorocaba.

  Agressividade, ausência de negociação, assédio e violência moral a tal ponto que o Núcleo de Epidemiologia resolveu instituir um termo de orientação aos trabalhadores, denominado “Combate à violência no cotidiano de trabalho”, mostrando a cada servidor o que é aceitável ou não na relação entre quem dirige e quem trabalha equipamento hospitalar. Constituíram também uma ficha de atendimento à vítima de violência no ambiente de trabalho no conjunto hospitalar de Sorocaba e essa ficha está sendo a alegação para punição de mais servidores e mais diretores dentro do hospital.

  Desconhecimento do Plano Diretor do Hospital e do Conjunto, inclusive, o fato de que ele foi construído em parceria com a PUC de São Paulo. Trata-se de um convênio universitário de um ambiente de formação de professores, de trabalhadores e de alunos e que está sendo comprometido pela falta de democracia e pelo desrespeito ao plano diretor daquele conjunto hospitalar.

  Contratos envolvendo as terceirizações, reforma do ambulatório sem o aval de técnicos, terceirizações sem critérios, caras e parciais, a ponto de eles estarem recorrendo ao Poder Judiciário pedindo uma investigação séria do que acontece naquele conjunto hospitalar.

  Mas vejam que a coisa vai além. O Dr. Ricardo Salim, diretor do conjunto hospitalar, também presidente da agora em liquidação extrajudicial, depois da denúncia feita, da Sermed - Serviços Médicos Hospitalares Sociedade Anônima Ltda, ele teve seus bens tornados indisponíveis e consta que foi autorizada, provisoriamente, a liberação do seu salário. Diz aqui o documento dos trabalhadores. É sabido que o Dr. Ricardo José Salim, atual diretor técnico do departamento - eu lembro que ele já passou pela Cidade de São Paulo, ele tem história no Hospital da Vila Nova Cachoeirinha, tem história no Hospital de Itaquera, Valdomiro de Paula, eu o conheço de longa data. O Dr. Ricardo Salim e seu grupo, indo para a região de Sorocaba por indicação política do governo do Estado de São Paulo, colocou também o seu sócio, Dr. Eduardo Salim Haddad Filho, para um contrato que vem se perpetuando dentro do conjunto hospitalar de Sorocaba. E seguem aqui várias outras denúncias que justificam a manifestação que será feita nesta quinta-feira.

  Como é possível o conjunto hospitalar estar deteriorado, não fazer a reposição de tecnologia de equipamentos, desrespeitar os trabalhadores, pagar plantões extras que, segundo a denúncia, não são efetivamente cumpridos, favorecer o pessoal da área administrativa em detrimento daqueles que atuam como profissionais médicos, na área de enfermagem e em outras áreas, dizer que não tem recursos financeiros para pagar aquilo que é necessário para o exercício da função técnica, e editar uma revista como esta, uma revista de alto padrão, e que traz, indevidamente, porque se trata de um órgão público, ainda que sob gestão privada cada vez mais terceirizada dentro da lógica das organizações sociais e das parcerias com o setor privado, propaganda de três empresas, cujos nomes não vou citar, porque, aí sim, eu também estaria fazendo propaganda indevida. É uma revista que não informa qual sua tiragem, qual o seu custo e como foi licitada, qual é a empresa que fez essa revista e se houve algum tipo de consulta púbica, algum processo licitatório para a escolha de quem executou esse tipo de trabalho.

  Agradeço, Sr. Presidente, pela oportunidade de fazer esse pronunciamento e informo a V. Exa., e a todos os que nos acompanham, que estou encaminhando estas denúncias ao Ministério Público Estadual, ao Grupo de Atuação Especializada em Saúde Pública para que, acompanhando a manifestação de amanhã, na Cidade de Sorocaba, investigue a fundo o que é que está acontecendo e por que essa diretoria está sendo mantida à frente do conjunto hospitalar de Sorocaba, porque, segundo consta, houve acordo político para que eles lá permaneçam até passar o dia 3 de outubro. Após essa data, pode ser que haja algum tipo de mudança, mas, até lá, temos de manter a aparência de que está tudo sob controle. Mas o ato dos servidores, amanhã, mostra que eles não se calarão e eles querem, mesmo durante o período eleitoral, que o Ministério Público e a Secretaria de Estado da Saúde e o Governo Estadual tomem uma atitude para mudar essa situação de descalabro do conjunto Hospitalar de Sorocaba.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Neder.

 

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O SR. MARCOS MARTINS - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS NEDER - PT - Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em Plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da sessão ordinária de hoje.

  Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 42 minutos.

 

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