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12 DE SETEMBRO DE 2011

098ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: CARLOS GIANNAZI, JOOJI HATO, WELSON GASPARINI e FERNANDO CAPEZ

 

Secretário: WELSON GASPARINI

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - WELSON GASPARINI

Comenta a realização de passeatas, no dia 07/09, em diversas cidades do País, em protesto contra a corrupção. Condena a organização do movimento por proibir a participação de senadores e membros de partidos políticos. Defende o boicote na votação de candidatos com "ficha suja" nas eleições futuras. Pede responsabilidade aos eleitores.

 

003 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

004 - CARLOS GIANNAZI

Comunica decisão da Secretaria Estadual de Educação que determinou o fechamento da Escola Estadual Doutor Antonio Ablas Filho, no município de Santos. Informa que a unidade sediará a Diretoria de Ensino de Santos. Avisa que deverá acionar o Ministério Público Estadual em relação ao caso. Destaca a relevância desta instituição de ensino para a região. Condena as políticas do PSDB em relação à Educação pública no Estado de São Paulo.

 

005 - WELSON GASPARINI

Assume a Presidência.

 

006 - JOOJI HATO

Demonstra solidariedade ao Deputado Padre Afonso Lobato, vítima de assalto. Cita demais autoridades políticas que sofreram violência. Destaca os trabalhos realizados pela Frente Parlamentar de Combate ao Crack. Informa que os parlamentares que compõe o grupo realizam visita, hoje, na Fazenda Esperança, na região de Guaratinguetá, que visa o tratamento de jovens usuários de drogas. Elogia a "Lei Seca", de sua autoria enquanto vereador.

 

007 - SEBASTIÃO SANTOS

Comenta projeto de lei que cria o Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social, voltado aos agricultores familiares do Estado de São Paulo. Lê e comenta partes da matéria com destaque para seus objetivos. Elogia o projeto. Cita dados a respeito das famílias que deverão ser beneficiadas pelo programa.

 

008 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

009 - CARLOS GIANNAZI

Informa a cobrança de mensalidades nas faculdades de tecnologia do Estado de São Paulo. Esclarece que os cursos de pós-graduação do Centro Paula Souza são pagos, de acordo com o site da instituição. Considera o fato desrespeita a Constituição Estadual e à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Anuncia as providências que deverá tomar em relação ao caso.

 

010 - SEBASTIÃO SANTOS

Lamenta as dificuldades sofridas pelos pescadores profissionais. Critica o decreto 56.031/10, que proíbe a pesca de algumas espécies de peixes no Estado de São Paulo. Comenta a perda de empregos relacionados a esta atividade econômica. Informa que pediu providências ao Governador Geraldo Alckmin em relação ao tema.

 

011 - WELSON GASPARINI

Assume a Presidência.

 

012 - JOOJI HATO

Defende controle no consumo de bebida alcoólica no Estado. Cita estatísticas médicas sobre a questão. Comenta caso de arquiteto baleado na Marginal Tietê. Defende blitz do desarmamento em São Paulo.

 

013 - FERNANDO CAPEZ

Assume a Presidência.

 

014 - WELSON GASPARINI

Cita medidas e obras realizadas pelo Governo de São Paulo. Informa que requereu, junto ao Governador, projeto técnico de elaboração de novo sistema viário de acesso a Ribeirão Preto.

 

015 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

GRANDE EXPEDIENTE

016 - FERNANDO CAPEZ

Informa que foram enviados a esta Casa os PLCs 47, 48 e 49, de 2011, que tratam do reajuste salarial das Polícias Civil e Militar. Lamenta que as matérias não diferenciem o tempo de serviço necessário para a aposentadoria dos policiais masculinos e femininos. Considera esta ausência inconstitucional. Defende sua tese com a leitura de artigos das constituições Federal e Estadual.

 

017 - FERNANDO CAPEZ

Para comunicação, explica que as leis responsáveis por organizar as Polícias Militar e Civil não fazem distinção entre o tempo de serviço necessário para aposentadoria dos policiais masculinos e femininos. Afirma que tentará sanar a questão por meio de emendas.

 

018 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, comunica a realização de audiência pública, dia 13/09, nesta Casa, para discutir a fiscalização exercida pela Ordem dos Músicos do Brasil sobre seus associados. Combate a necessidade de que os músicos sejam filiados à autarquia para que possam exercer sua profissão. Parabeniza decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o tema. Lê pareceres de ministros do STF sobre a questão.

 

019 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, pede pela revogação da Lei 1093/09, que dispõe sobre a contratação por tempo determinado de professores da rede estadual de ensino. Comenta os malefícios da medida. Tece críticas ao PSDB.

 

020 - CARLOS GIANNAZI

Requer o levantamento da sessão, com assentimento das lideranças.

 

021 - Presidente JOOJI HATO

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 12/09, à hora regimental, com ordem do dia. Lembra a realização de sessão solene, hoje, às 20 horas, para "Celebrar os 140 anos de Organização da Primeira Igreja Batista em Solo Brasileiro". Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Welson Gasparini para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - WELSON GASPARINI - PSDB - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Regina Gonçalves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edinho Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Bigardi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alencar Santana. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini.

 

O SR. WELSON GASPARINI - PSDB - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, no dia 07 de setembro tivemos passeatas em várias cidades brasileiras protestando contra a corrupção em nosso país. Já ocupei essa tribuna várias vezes citando a situação angustiante do povo brasileiro, principalmente daquelas pessoas que acompanham, através dos jornais, do rádio e da televisão o noticiário diário.

Podem ver hoje nos jornais: tem o escândalo do dia. São milhões e milhões de reais roubados do patrimônio público e vemos uma reação muito pequena. De qualquer forma, começou. Tivemos algumas passeatas. A maior delas, em Brasília, onde é a sede do governo federal. Mas estranhei um fato. Parece-me que dois senadores com tradição de combate à corrupção quiseram apoiar e desfilar na passeata, mas foram proibidos pelos organizadores; fato semelhante aconteceu em São Paulo. Alguém com uma camiseta de juventude de um partido também foi impedido de desfilar. Desculpem os organizadores, mas acho isto errado. Todos aqueles que querem protestar contra a corrupção pedem providências urgentes e querem desfilar deveriam ser recebidos de braços abertos. Menos, claro, gente de ficha suja. Mas quem tem ficha suja não teria coragem de se apresentar para esses desfiles que não podem, entretanto, ficar somente nos desfiles.

É preciso entender a necessidade de uma ação bem definida, uma estratégia definida e lideranças capazes de dar seqüencia a esses movimentos. Não adianta a pessoa falar que “não quer” políticos porque se a solução não vier através de políticos só poderia ser através de uma revolução. E quem pode garantir que uma revolução ajudaria a construir um Brasil diferente e livre da corrupção? No mundo temos vários países dirigidos por ditadores que fizeram revoluções armadas e cuja corrupção é tremenda. Então, gostemos ou não da política, a política manda na vida das pessoas.

É importante  o povo em geral participando da política, marcando aqueles que não prestam, que são fichas sujas, e não permitindo a eles grandes votações neste país. Por que isso acontece? Porque faltam lideranças para esclarecer o eleitorado. No ano que vem deveremos começar esse processo de purificação da vida publica brasileira pelas eleições municipais. São mais de cinco mil cidades brasileiras somadas formando o Brasil. Já pensaram a beleza da eleição maciça de prefeitos e vereadores fichas limpas? De gente competente e idealista? Se esses fossem os selecionados, seria uma beleza. Teríamos todas as cidades brasileiras com um quadro político bom, bem escolhido.  Não se pode argumentar depois que não conheciam os candidatos. Na sua cidade, você conhece e sabe quem presta e quem não presta. E é possível selecionar votando bem. Agora não vendam seu voto e nem o troquem por vantagens pessoais. Porque uma verdade precisa ser dita: muitos políticos não prestam, mas quando eles compram voto é porque tem eleitor que o vende.  É triste falar isso. Mas trocam o voto por vantagens; trocam o voto por cesta básica; trocam o voto por dinheiro. Tem muito disso em nosso país. Então, é preciso mudar! E para isso precisamos de lideranças que não tenham vergonha de entrar na política.

Volto a dizer: ou nós consertamos este país através da democracia e, conseqüentemente, pelos meios políticos ou, então, vamos ter de pegar em armas sem saber quais as conseqüências disso, além de tirar a vida de muitos inocentes ou até idealistas. Mas, no final, pode  aparecer um sem-vergonha qualquer,  intitular-se o rei da revolução e acabar dominando o nosso país. Vamos usar a democracia através das eleições e selecionar melhor os políticos em nosso país.

Pesquisas feitas sessenta dias depois das últimas eleições mostraram que 82% dos eleitores não sabiam dizer em quem votaram para deputado. Como é que pode? Votou de que jeito? Não lembrar nem o nome do candidato escolhido para ser deputado estadual, deputado federal. Essa tristeza mostra a necessidade de ser modificado o quadro brasileiro. Precisamos de líderes. E não basta desfilar na rua não. Tem de ter a coragem de sair candidato, seja a vereador ou a prefeito na sua cidade. Vamos ajudar a mudar a cara do Brasil. E eu tenho a certeza: o único caminho justo, sério e que pode dar resultados é através das eleições com a vitória dos bons candidatos.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Samuel Moreira (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Moraes (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Neves (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Bezerra Jr. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Caramez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Cândido (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Vieira (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adilson Rossi (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Engler (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Gerson Bittencourt (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado André Soares (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público aqui presente, telespectador da TV Assembleia que está nos assistindo em todo Estado de São Paulo, gostaria de dizer que nós recebemos aqui na Assembleia Legislativa uma denúncia muito grave, em relação a uma suposta decisão da Secretaria Estadual de Educação de fechar uma escola estadual na cidade de Santos.

Eu me refiro a Escola Estadual Dr. Antonio Ablas Filho, uma escola que funciona desde 1970, na cidade de Santos. É uma escola de ensino médio que tem mais de 570 alunos matriculados, uma escola que funciona em três turnos e atende uma demanda importante da cidade de Santos. Inclusive recebemos um documento, uma carta que foi enviada a todos os Deputados, ao Secretário de Educação, dando conta dessa denúncia, dessa preocupação de toda a comunidade escolar da escola Dr. Antonio Ablas Filho. A justificativa para o fechamento dessa escola tem a ver com a cessão do prédio da escola para a implantação da Diretoria de Ensino de Santos. A Diretoria de Ensino, que é um órgão burocrático, vai ocupar o prédio de uma escola pública. É um verdadeiro absurdo! Um acinte, uma afronta a LDB, a Constituição Federal e uma afronta ao Ministério Público. Mas, sobretudo, é uma afronta, Sr. Presidente, se essa decisão for tomada pela Secretaria de Educação. É uma afronta aos alunos, aos professores e à Educação do Estado de São Paulo.

Não vamos permitir que uma escola estadual com 570 alunos seja desativada para abrigar uma burocracia, um órgão burocrático do Estado de São Paulo. Se a Diretoria de Ensino de Santos não tem espaço, ela que alugue um espaço, não é possível que na cidade de Santos não haja um espaço ocioso do Governo Estadual, ou mesmo da Prefeitura ou do Governo Federal. Na pior das hipóteses existe recurso para que um prédio seja alugado ou comprado pela Secretaria. Agora desativar uma escola pública em funcionamento, do ensino médio, é no mínimo um crime. É no mínimo um crime, Sr. Presidente.

Caso isso ocorra, nós vamos acionar o Ministério Público Estadual, porque o próprio Ministério Público tem se comportado contra o fechamento de escolas. Nós precisamos da abertura de mais escolas e não do fechamento de escolas, mas o Governo Estadual historicamente, principalmente nestes dezessete anos dos governos do PSDB nós estamos já assistindo há um bom tempo o fechamento de escolas. Escolas que são entregues para a Polícia Militar. Tem escola aqui mesmo em São Paulo que virou sede da Polícia Militar, escolas que viraram também diretorias de ensino, que abrigaram órgãos burocrático. Isso vem acontecendo já há um bom tempo aqui no Estado de São Paulo e essa prática tem continuidade agora com essa ameaça do fechamento da Escola Estadual Dr. Antonio Ablas Filho, no Município de Santos.

Estamos, Sr. Presidente, tomando providências. Logicamente, acho que todo deputado, toda deputada, tem que agir imediatamente contra o fechamento dessa escola estadual. Estamos já acionando aqui a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa. Já estamos também fazendo um requerimento de informação para a Secretaria Estadual de Educação. E confirmado o fechamento nós vamos acionar imediatamente o Ministério Público Estadual para que providências sejam tomadas contra esse verdadeiro crime, contra a educação no Estado de São Paulo.

Essa escola é estratégica na região pelo seu posicionamento e, sobretudo, por atender também alunos de escolas técnicas praticamente vizinhas dessa Escola Estadual Antonio Ablas Filho. Ela recebe muitos alunos que cursam o ensino técnico. Crianças e adolescentes são obrigados a cursar também o ensino médio. Vamos imaginar que a escola seja fechada, então esses alunos que frequentam o ensino médio terão dificuldade de prosseguir os seus estudos.

Assim, não sei de onde saiu essa ideia. O fato é que quando a gente pensa, quando imagina que toda maldade já foi feita por esse Governo do PSDB contra a educação, contra alunos contra professores e contra funcionários, como por exemplo, dividir as férias dos professores em quinze dias em janeiro e quinze dias em julho já é uma verdadeira afronta também nós agora somos surpreendidos com o anuncio do fechamento de uma escola estadual numa cidade importante e estratégica, que é a cidade de Santos e que tem demanda escolar. Temos quinhentos e setenta alunos matriculados nessa escola.

Nós vamos acionar o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Conselho Tutelar da região. Nós vamos, Sr. Presidente, no bom sentido aqui fazer uma guerrilha armada. Quando eu falo guerrilha armada não estou me referindo logicamente pegar em armas, mas pegar sobretudo na grande arma que é a Constituição Federal e a LDBEN, a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, que não permite esse tipo de comportamento.

Eu gostaria ainda, Sr. Presidente, que primeiramente essa carta aberta para a Secretaria de Educação e que foi também endereçada a todos os deputados dessa Casa de Leis fosse publicada na íntegra no Diário Oficial do Estado de São Paulo para que toda a população tenha acesso a essa informação. A população tem que acompanhar e cobrar que o Governo não feche uma escola estadual, como já fechou lá em Santos. Há uma escola lá fechada há dez anos, a Escola Estadual Cesário Bastos. Essa escola foi fechada apara abrigar um órgão burocrático. Isso aconteceu há aproximadamente dez anos e agora a Secretaria da Educação quer reproduzir o mesmo erro, fechando uma segunda escola na Cidade de Santos, a Escola Estadual Dr. Antonio Ablas Filho.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Welson Gasparini.

 

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Estamos mobilizados para que isso não ocorra. Passo a ler a carta que traz a denúncia desse fato, e que foi entregue aqui na Assembleia Legislativa e também para o próprio Secretário da Educação.

“Carta aberta para a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo contra o fechamento da Escola Estadual Dr. Antonio Ablas Filho.

Santos-SP

Secretaria de Educação do Estado de SP, Deputados estaduais da Assembleia Legislativa,

Soubemos por meio da Diretoria de Ensino de Santos, que a Escola Estadual em que trabalhamos e estudamos, Antonio Ablas Filho, será fechada em 31 de dezembro de 2011 para abrigar a nova sede da citada Diretoria, que por sua vez precisará sair do atual endereço (Rua Rangel Pestana, prédio do Colégio Cesário Bastos) para dar lugar ao novo campus da Universidade de São Paulo. A chegada da USP e a consequente mudança da Diretoria foram anunciadas oficialmente por volta de junho de 2011.

Por meio desta carta deixamos claro que não concordamos com o fechamento do Ablas, em fechar uma Escola Pública em pleno funcionamento desde 1970, Entendemos que fechar uma Escola pública como o Ablas Filho para dar lugar ao serviço burocrático significará criar um grave transtorno, contrariando os objetivos da educação.

Somos ao todo 60 professores e aproximadamente 550 estudantes ocupados em três períodos nas três séries do Ensino Médio. Estamos localizados na Av. Bartolomeu de Gusmão, avenida da praia, via de acesso fácil para os estudantes de outros bairros e de outras regiões, como São Vicente, Guarujá, Ilha de Santa Cruz, Praia do Góis e Praia Grande (temos estudantes provenientes de todas estas localidades). Também estamos localizados a poucos metros da Etec (Escola Técnica Estadual), onde convenientemente estudam no período da manhã e da tarde muitos dos nossos alunos. Da mesma forma, temos também os estudantes que fazem cursos profissionalizantes no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) localizado na mesma via da Escola. Somos uma escola estadual aberta no período noturno, que conta com cerca de 210 estudantes. O Ablas foi uma das poucas escolas da cidade a atingir a meta do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Situada frente à orla marítima, no bairro Ponta da Praia: entre os canais 5 e 6, a Escola, além do fácil transporte, e de estar praticamente ao lado da Etec e na via do Senai, oferece melhores condições de segurança para os estudantes do que em outras possíveis localidades.

Hoje temos em torno de 550 estudantes, teremos demanda de matrículas para o ano que vem, então, como, e por que fechar esta Escola, afligindo os funcionários, estudantes da instituição e suas famílias? Fechada a Escola pública, os estudantes matriculados e que iriam se matricular lotarão as salas de outras unidades enquanto professores e demais funcionários serão removidos para outras regiões ou ficarão sem trabalhar. Não concordamos, seremos todos prejudicados e por isso protestamos. Diante dos problemas educacionais que enfrentamos, almejamos vencer as dificuldades indo adiante no aprendizado, numa atitude ativa por melhores condições de estudo e de trabalho.

Solicitamos uma política coerente com o discurso de Escolas publicas abertas e de qualidade.”

Peço também, Sr. Presidente, que cópias deste meu pronunciamento sejam encaminhadas ao Governador do Estado, Geraldo Alckmin, ao Secretário estadual de Educação e também à Diretoria de Ensino de Santos, para que haja o impedimento dessa ideia criminosa, de fechar uma escola na Cidade de Santos. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - WELSON GASPARINI - PSDB - Tem a palavra a nobre Deputada Telma de Souza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, assomo à tribuna para trazer um voto de solidariedade ao colega, um sacerdote, nosso Deputado Afonso Lobato, que foi assaltado em sua casa.

Hoje os marginais não perdoam ninguém, nem padre, nem deputado. Assaltam todos. Tivemos recentemente um assalto ao Deputado Antonio Salim Curiati, decano desta Casa, que foi prefeito de São Paulo e Secretário de Estado, e também ao Deputado Fernando Capez, promotor público.

Tivemos ainda o assassinato, quando saía do banco, do irmão do ex-Deputado Said Mourad. Tivemos também o assassinato do irmão de um outro Deputado Federal em Diadema, quando saía de um banco, por uma dupla ocupando uma moto. Tivemos ainda na Cidade de São Paulo um assalto ao vice-Presidente, Presidente nacional do meu partido, Dr. Michel Temer.

É um absurdo que na maior cidade do Hemisfério Sul, na capital do Estado mais forte do País, estejamos vivenciando uma crise de violência sem precedentes na história. Vamos continuar aceitando esse estado de coisas? É isso que queremos? Não vamos reagir? Vamos permitir que as pessoas sejam assaltadas todos os dias?

Estou falando de Deputados e do vice-Presidente da República. E quantas pessoas não são assaltadas a todo instante? Neste instante estão ocorrendo assaltos, por exemplo, com garupa de moto, na saída dos bancos, assaltos a pessoas da Melhor Idade. Vamos continuar assistindo a tudo isso? É isso que queremos dar aos nossos herdeiros, netos, bisnetos, tataranetos? Não vamos fazer nada?

Tenho um Projeto de lei, a retirada do garupa de moto, que aprovei e foi vetado. É um absurdo! Poderíamos ter salvado muitas vidas, inclusive a vida dos irmãos do ex-Deputado Said Mourad e do Deputado Walter Ihoshi. Poderíamos estar fazendo prevenção para que esses assaltos não acontecessem.

Mas nós, Deputados, temos que trabalhar muito. Neste instante, o Deputado Donisete Braga e outros, da Frente Parlamentar anti-droga e anti-crack, a que pertenço, estão na Fazenda Esperança, que o Papa Bento XVI visitou, preocupado com os adolescentes drogados internados. O Papa Bento XVI esteve lá. Hoje meus colegas da Frente Parlamentar estão fazendo uma visita na Fazenda Esperança, na região de Taubaté. Desejo boa sorte a eles. Nunca estive na Fazenda Esperança, tenho vontade de ir. Infelizmente, hoje não pude ir. Essa Frente Parlamentar tem a importante missão de fazer a prevenção contra a bebida alcoólica. Fiz a Lei Seca, que controla a bebida alcoólica, que fecha os bares mais cedo. Por meio do bafômetro, queremos controlar essa bebida que causa tantos prejuízos. Com esse dinheiro, poderíamos construir um hospital.

A TV Assembleia fez um debate hoje trazendo o Sr. Percival Maricato, presidente da Associação dos Bares, que defende isso com unhas e dentes. O empresário quer ganhar dinheiro, mas não com o sofrimento das famílias. Quando ele vê que o cliente está com um certo grau de alcoolemia, tem de parar de vender a bebida alcoólica. Em Londres, os pubs fecham às 23 horas. O empresário de Londres, ou Roma, ou Tóquio, param de vender. Mas infelizmente há alguns empresários que continuam vendendo bebida para aquela pessoa que já está quase em coma alcoólico.

Temos uma tarefa muito importante: o controle da bebida alcoólica, das drogas ilícitas como heroína, cocaína. É o que estão fazendo neste instante os nossos colegas Donisete Braga, Olímpio Gomes, Orlando Bolçone, Fernando Capez. É uma luta muito difícil, mas haveremos de ganhar pelo bem dos nossos adolescentes que estão sendo ceifados a todo instante na Cracolândia e pelo país afora. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - WELSON GASPARINI - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Leite Filho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Isac Reis. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Paulo Rillo. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Ana Perugini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. SEBASTIÃO SANTOS - PRB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, estamos estudando um projeto de lei enviado pelo Governador Geraldo Alckmin, sensibilizado pela situação da agricultura familiar no Estado de São Paulo. A meu ver, a apreciação dessa matéria já está atrasada. Esse projeto de lei chega atrasado a esta Casa, pois os pequenos agricultores estão em dificuldades há muitos anos. O projeto cria o Programa Paulista de Agricultura de Interesse Social - Ppais - voltado aos agricultores familiares. Uma das intenções, segundo o projeto, é estimular a produção da agricultura familiar, contribuindo para a prática de preços adequados e aplicação do mercado de consumo, além de favorecer a aquisição dos produtos provenientes da agricultura familiar nas compras realizadas pelos órgãos públicos estaduais.

Ainda segundo o projeto, os órgãos do Estado deverão empregar no mínimo 30% dos recursos destinados à aquisição de gêneros alimentícios in natura ou manufaturados para hospitais públicos, presídios, escolas públicas, instituições de amparo social e outras entidades na compra direta, mediante chamada pública, da produção da agricultura familiar. A meta chega a 12 mil reais por ano por agricultor. Isso será muito bom. O agricultor terá um salário mensal mínimo de mil reais. Há famílias com quatro, cinco pessoas, que certamente farão uma programação para sua produção. O Noroeste Paulista, por exemplo, conta hoje com três presídios e um já está em construção. As pessoas que trabalham com agricultura familiar terão o benefício de levar seus produtos de excelente qualidade ao local destinado.

No Brasil, mais de 80% das propriedades rurais pertencem à agricultura familiar. Segundo uma pesquisa do Ministério de Desenvolvimento Agrário, em conjunto com o Ministério da Educação, quase 14 milhões de pessoas detêm na atividade agrícola praticamente seu único meio de sobrevivência. Estima-se que existam cerca de 150 mil agricultores familiares só no Estado de São Paulo. Segundo a pesquisa, a agricultura familiar é constituída por pequenos e médios produtores, representando uma imensa maioria de produtores rurais no Brasil. São cerca de 4,5 milhões de estabelecimentos, dos quais 50% estão no Nordeste. O segmento detém 20% das terras. Em geral, são agricultores com baixo nível de escolaridade, diversificam os produtos cultivados para diluir custos e o aumento de renda e aproveitar a oportunidade da oferta ambiental disponível da mão de obra.

Com o lançamento da Frente Parlamentar, que hoje estamos como presidente, na região Noroeste, no dia 15 de julho de 2011, começamos a detectar algumas dificuldades. A Lei Federal já estipula que eles poderão vender 30% para a merenda escolar. Na Cidade de Rio Preto, por exemplo, são 210 pontos de entrega. Para um agricultor, torna-se totalmente inviável ganhar mil reais e gastar praticamente o dobro ou o triplo somente em combustível para entregar o produto.

Vemos que o Governador está deixando apenas um local para entrega. Isso é muito bom. Tenho certeza de que, sendo esse projeto aprovado e sancionado, os agricultores do Estado de São Paulo terão, no mínimo, o benefício de produzir e entregar para as entidades do nosso Estado. Muito obrigado.

 

O Sr. Presidente - Jooji Hato - PMDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Gilmaci Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. Carlos Giannazi - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, minutos atrás, fiz uma denúncia em relação ao fechamento de uma escola em Santos pelo Governo Estadual, o mesmo Governo que está cometendo uma violação constitucional.

Recebemos uma informação e fomos checá-la, em relação à cobrança de mensalidade nas Faculdades de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatecs). Como reza a Constituição Federal e a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o ensino é gratuito em estabelecimentos oficiais. No entanto, parece-me que no nosso Estado não é bem assim.

Pessoalmente, entrei no site do Centro Paula Souza, que tem um ícone sobre os cursos de pós-graduação. Pensei: os cursos de pós-graduação do Centro Paula Souza, das Fatecs, devem ser gratuitos, porque são financiados com dinheiro público. Anualmente, aprovamos um orçamento para o Centro Paula Souza. Esse dinheiro é dividido para a manutenção e o desenvolvimento do Ensino, tanto das Escolas Técnicas quanto das Faculdades de Tecnologia.

Aprofundando a leitura, percebi que esses cursos são pagos. Por exemplo, o site faz propaganda de cursos de pós-graduação lato sensu, ministrados pelo Programa de Pós-Graduação do Centro Paula Souza, com o apoio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). É dinheiro do Governo Federal, dinheiro do Fundo de Garantia dos Trabalhadores. Mesmo assim, o Governo Estadual cobra mensalidades.

Pelo Curso Executivo em Gestão Empresarial, por exemplo, a Fatec cobra R$ 590,00 por mês. Alunos que já terminaram uma graduação têm o direito de fazer pós-graduação, lato sensu ou stricto sensu, que é representado pelo mestrado ou doutorado. Nesse caso, trata-se de um curso de lato sensu, um curso de especialização.

Toda a estrutura é pública, o prédio é do Governo Estadual, os professores são da escola pública e o Governo cobra R$ 590,00 dos alunos. Isso é muito grave, é um desrespeito à Constituição Federal. Além do Orçamento Estadual que está envolvido na manutenção desses cursos da Fatec, há também o dinheiro do Governo Federal. Pior ainda, tem o dinheiro do FAT, dos trabalhadores, é o desconto do Fundo de Garantia.

Estamos encaminhando essa denúncia para a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, e vamos encaminhá-la para o Ministério Público Estadual. É um desrespeito ao bem público cobrar mensalidade. Não se pode cobrar mensalidade em equipamento público, que utiliza estrutura que financiamos por meio dos impostos. A LDB é muito clara, diz que o ensino será sempre gratuito nos estabelecimentos oficiais. Isso é bitributação.

Exigimos, primeiramente, que essa situação seja revertida, que os cursos sejam gratuitos, principalmente para os alunos que não têm condições de pagar cursos de especialização e de pós-graduação nas faculdades privadas. A escola pública é para isso; não pode cobrar mensalidade. Essa situação está indo na contramão de tudo o que conseguimos conquistar historicamente e do que escrevemos na Constituição Federal, na Constituição Estadual, na LDB.

Como se trata de uma denúncia muito grave, gostaria de acionar desta tribuna o Ministério Público Estadual, para que seja feita uma profunda investigação em relação à oferta de cursos pagos pelo Centro Paula Souza, principalmente os cursos oferecidos na Fatec da Av. Tiradentes.

Gostaria que cópias deste pronunciamento fossem encaminhadas ao Ministério Público Estadual, para que providências sejam tomadas imediatamente no sentido de reverter essa situação e cumprir a lei, ou seja, a gratuidade do ensino oferecido nos estabelecimentos públicos. Muito obrigado.

 

O Sr. Presidente - Jooji Hato - PMDB - É regimento o pedido de V. Exa., nobre Deputado Carlos Giannazi.

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Welson Gasparini.

 

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O SR. SEBASTIÃO SANTOS - PRB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos acompanha pela TV Assembleia, assomo à tribuna para deixar a nossa insatisfação. Por mais que tenhamos mostrado para as autoridades do nosso Estado as dificuldades dos pescadores, eles ainda estão passando dificuldades extremas.

O Decreto nº 56.031, que completou um ano e dois meses, infelizmente, tira o pescador artesanal, tira o pescador amador, tira o pescador esportivo; tira a condição das lojas que vendem produtos de pesca, das lojas que vendem as iscas. Pessoas que são adeptas à pesca nos rios do Estado de São Paulo perdem a condição de pescar. O motivo do decreto, proibir a pesca de algumas espécies. Noventa por cento das espécies de peixes do Estado de São Paulo hoje, infelizmente, estão proibidas de serem pescadas.

Vemos, com muita tristeza, que as políticas públicas, mesmo amparadas por vários movimentos, não estão sendo feitas no nosso Estado de forma adequada. Estamos vendo pessoas que não tem estudos, pessoas que não sabem fazer outra coisa a não ser ir para o rio e tirar o seu sustento e elas estão em dificuldades.

Já temos várias lojas de pescas na região Noroeste fechadas, que mandaram seus funcionários embora. Temos, também, lojas de iscas praticamente hoje sem produtos para vender.

As pessoas estão tentando se adequar a uma nova forma de trabalho para manter sua casa com o mínimo para poder se sustentar com uma cesta básica.

Dia após dia, temos recebido e-mails de pessoas que nos pedem ajuda. Infelizmente, ainda não temos uma palavra de ânimo, de esperança para levar a vocês que dependem da pesca, a vocês que são reconhecidos pelo Ministério da Pesca no Estado de São Paulo. São 30.400 pescadores e não temos ainda o que lhes dizer. Mas, uma luz surge no fundo do túnel. O Governador do Estado de São Paulo nos ouviu após termos conversado com a Secretaria do Meio Ambiente, com todos os órgãos envolvidos na questão desse decreto.

Conversamos com o Governador Geraldo Alckmin, do Estado de São Paulo, que nos atendeu carinhosamente e que tomou conhecimento da situação e já determinou para que tenha mudanças ou tomar outra atitude na questão do decreto.

Agora estamos esperando. Temos apenas dois meses para dar condições a esses pescadores levarem o sustento para sua casa, levar seus filhos para diversão.

O governador, de posse dessa necessidade, vai olhar para a agricultura familiar, para as classes mais necessitadas do nosso Estado. Com certeza, você, amigo pescador, que gosta da pesca, que depende de vender produtos para a pesca terá uma nova atitude por parte do Governo do Estado de São Paulo a não ser apenas a proibição.

Esperamos que, ainda este mês ou até antes do final do mês, possamos vir a esta tribuna para dizer a você: “Vá em frente, continue com essa profissão, que é uma das mais antigas do mundo”. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - WELSON GASPARINI - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, estou assomando novamente a esta tribuna hoje para dar continuidade ao assunto sobre o controle da bebida alcoólica.

Essa droga oficializada é nefasta porque causa mais de 300 mil internações nos hospitais. São mais de 27 mil pessoas que morrem vítimas de acidentes de trânsito causadas principalmente pelos motoristas alcoolizados. É como se, por exemplo, na cidade de Serra Negra falecesse, de repente, toda sua população ou na cidade lá da Alta Paulista, Adamantina, com quase 27 mil pessoas ou mesmo na cidade de Osvaldo Cruz, Jundiaí, Juquitiba ou outras cidades grandes internassem por causa da bebida alcoólica.

Falamos dos assaltos ocorridos com os nossos parlamentares, mas quero também trazer aqui uma notícia veiculada ontem na mídia. Um arquiteto foi baleado em plena Marginal. Ele estava numa moto e, de repente, chegou outra moto com dois ocupantes e acabaram baleando esse arquiteto que vinha do Interior.

Esta a nossa cidade, uma cidade enorme como outras cidades que temos no Estado de São Paulo. Temos 645 cidades no Estado de São Paulo que têm grau de violência inaceitável.

O que proponho é fazer blitz para o desarmamento. Fazemos blitz da lei seca. Eu acho que a polícia tem que fazer também a blitz do desarmamento, retirar essas armas que geralmente são ilegais, de numeração raspada, contrabandeada, roubada. É mais fácil a polícia fazer a prevenção, tomar a arma de um indivíduo que não está com a arma engatilhada, mas que está apenas portando para fazer o mau uso dela.

Proponho fazer blitz para o desarmamento porque a polícia não consegue dar conta em estar em todos os locais para proteger a vida de todos nós, dificultando os assaltos. Certamente todos os assaltos ocorrem com essas armas ilegais. Se não temos condições de fazer com que essas armas não venham lá da Bolívia, Paraguai, Ciudad Del Este, Peru, Colômbia temos que fazer, sim, a blitz nas fronteiras. Se essas armas passarem por fronteiras estaduais, temos que fazer um ponto estratégico em outras fronteiras.

Quero dizer que o meu sonho é que em todas as cidades do Estado de São Paulo e deste País não tenham cidadãos portando armas ilegais. Hoje, no Morumbi, o assaltante mata com fuzil, arma estritamente do Exército Nacional. Mata um engenheiro de 80 anos no Morumbi, bairro mais elegante, que tem maior poder aquisitivo, com fuzil.

Isso, para mim, que fui um vereador por 28 anos nesta Cidade, realmente, deixa o sentimento de não ter feito a lei do desarmamento na Câmara Municipal de São Paulo. Mas, lá eu tentei. Estou trazendo esse projeto para a Assembleia Legislativa porque lá não consegui aprová-lo. Mas, se Deus quiser, com a força dos Deputados desta Casa, vamos aprovar essa lei.

Temos que tirar das ruas armas ilegais, armas que matam, armas roubadas, armas com numeração raspada e armas contrabandeadas. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Fernando Capez.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini.

 

O SR. WELSON GASPARINI - PSDB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero agradecer ao Governador Geraldo Alckmin os investimentos realizados no Aeroporto Leite Lopes, de Ribeirão Preto, com a revitalização da sinalização horizontal e vertical, instalação de raio X e esteiras para bagagens, remoção de borracha da pista, adequação do sistema de acessos ao pátio e grooving, urbanização da área em frente ao terminal de passageiros, compra de veículos contra incêndio, ampliação do estacionamento e veículos, instalação de circuito de monitoramente da TV etc. Mais ainda pela informação , dada pelo próprio governador, de já estar  em entendimento com o Ministério Público para um novo acordo judicial  propiciando  o prolongamento da pista do Aeroporto Leite Lopes, dando-lhe condições de se transformar em aeroporto internacional de passageiros e cargas de primeira linha.

Também pedi ao Governador Alckmin, como Deputado Estadual, prioridade máxima para um problema cuja complexidade se agrava cada dia mais em função da quantidade cada vez maior de veículos em circulação. Refiro-me à efetivação do projeto técnico já elaborado pela concessionária Autovias para a implantação de um novo sistema viário de acesso a Ribeirão Preto. O projeto prevê a construção de mais oito viadutos interligando os principais acessos à cidade com a avenida Castello Branco.

Segundo o estudo de tráfego feito pela Autovias em outubro do ano passado, cerca de 70 mil veículos circulam diariamente pela rotatória de acesso a Ribeirão Preto. Pelo projeto, esta interligação acabaria com o sistema de rotatória existente e  já sobrecarregado pelo trânsito intenso. No Governo José Serra, todos os viadutos de acesso à entrada de Ribeirão Preto foram feitos pela Avenida Castello Branco; viadutos, aliás, construídos na minha última administração como prefeito.

Portanto, nossos cumprimentos e agradecimentos ao Governador Geraldo Alckmin, em nome de Ribeirão Preto e região.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente vamos passar ao Grande Expediente.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Há uma permuta de tempo do nobre Deputado Milton Vieira com o nobre Deputado Fernando Capez.

Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez.

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, telespectador da TV Assembleia, o Governo encaminhou a esta Casa os PLCs 47 e 48/11, que preveem reajustes aos servidores da Polícia Civil e Polícia Científica do Estado de São Paulo, e o PLC 49/11 que prevê reajuste dos vencimentos aos servidores da Polícia Militar.

Tanto os projetos que dizem respeito à Polícia Civil quanto os projetos que dizem respeito à Polícia Militar chegam a esta Casa padecendo de um vício insanável de inconstitucionalidade por omissão.

Nenhum dos projetos está em sintonia com o princípio constitucional da isonomia, segundo o qual todos são iguais perante a lei e devem receber tratamento igualitário perante a lei. Também se encontram em descompasso com dispositivos específicos que tratam da previdência do servidor público.

Ao manter absolutamente idêntico o tempo de prestação de serviço para a aposentadoria de homens e mulheres, o projeto de lei afronta a Constituição em virtude dessa omissão.

Em primeiro lugar vamos tratar do princípio da isonomia.

De acordo com este princípio, a lei deve dispensar tratamento igualitário a todos aqueles que se encontram na mesma situação e a lei deve conferir tratamento desigual àqueles que se encontram em posições desiguais nos limites dessa desigualdade.

No momento em que uma lei trata de maneira idêntica a aposentadoria de homens e mulheres, esta lei está conferindo um tratamento igualitário a pessoas que se encontram em situações diferenciadas.

Não vamos perder tempo em falar o óbvio, de como a servidora mulher tem uma carga muito mais pesada do que o servidor homem. A própria Constituição Federal já fez este juízo nas diversas passagens a que se refere a homens e mulheres.

Quanto ao regime de previdência, a própria Constituição faz uma diferença entre servidores homens e servidoras mulheres e faz essa diferença para impedir que um tratamento igualitário deixasse em situação desproporcional homens e mulheres, senão vejamos.

Vamos ao texto constitucional.

Art. 40, § 1º, inciso III, alínea ‘a’: os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios seguem as regras de previdência previstas neste artigo.

Diz o § 1º, inciso III, letra ‘a’ que os servidores públicos homens se aposentam aos 60 anos de idade e as mulheres aos 55 anos de idade; que os servidores homens se aposentam após 35 anos de contribuição enquanto as servidoras mulheres após 30 anos de contribuição.

Vamos resumir? Homens 60 anos de idade e 35 de contribuição, mulheres 55 anos de idade e 30 de contribuição.

Portanto, não precisamos perder tempo debatendo se homens e mulheres estão em situação desigual, se as mulheres se encontram em situação de desvantagem perante os homens porque a própria Constituição Federal já o fez ao dizer que para cumprir o princípio da isonomia, homens se aposentam aos 60 anos e mulheres aos 55 anos; que para cumprir o princípio da isonomia, homens se aposentam após 35 anos de efetivo serviço e as mulheres após 30 anos. Há uma diferença e essa diferença tem a finalidade de assegurar uma igualdade.

Vamos agora tratar especificamente dos servidores policiais civis e militares.

Vamos ao § 4° deste Art. 40 - “É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo ressalvados nos termos definidos em leis complementares os casos de servidores que exerçam atividade de risco.”

Servidores públicos em geral, homens se aposentam com 60 anos de idade e 35 de contribuição, servidoras mulheres se aposentam com 55 anos de idade e 30 de contribuição, porém, se os servidores desempenharem atividades de risco não se aposentará aos 35 anos de contribuição se forem homens, e aos 30 anos de contribuição se forem mulheres. Exercendo atividades de risco, homens e mulheres servidores têm direito a um regime especial. Vou repetir para que não fique nenhuma dúvida: regime geral da previdência, Constituição Federal: servidores homens, 35 anos de contribuição; servidoras mulheres, 30 anos de contribuição. Agora, se o servidor desempenhar atividade de risco, não pode ser 35 para homem e 30 para mulher; tem que ter um regime especial.

A Constituição do Estado de São Paulo repete a regra da Constituição Federal. Constituição do Estado de São Paulo, Artigo 126, Parágrafo 4º: É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata esse artigo, ressalvados nos termos definidos em leis complementares os casos de servidores que exerçam atividades de risco.

Tanto a Constituição Federal quanto a Constituição Estadual dizem que servidores públicos que exercem atividades de risco não se aposentam nos mesmos termos dos servidores do regime geral da previdência, mas têm direito a um regime especial. Qual é o regime especial da previdência? Trinta e cinco anos de contribuição, homem; 30 anos de contribuição, mulher. Diz a Constituição que eles têm direito a um regime especial porque exercem atividades de risco.

O Artigo 138 da Constituição Estadual diz que o artigo que acabei de ler se aplica tanto a servidores da Polícia Civil do Estado de São Paulo quanto a servidores da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Portanto, é obrigação do Estado de São Paulo fazer uma lei complementar estadual que preveja um critério especial para aposentadoria dos servidores homens e mulheres que desempenhem atividades de risco.

Muito bem. Como num primeiro momento se entendeu que não havia uma lei nesse sentido inúmeros mandados de injunção começaram ser protocolados no Supremo Tribunal Federal. Entendendo que havia uma omissão legislativa, que o Estado de São Paulo estava em mora para regular essa questão, por decisão judicial o Supremo Tribunal Federal determinou que se aplicasse em São Paulo, já que ele não fez a lei complementar estadual, a lei federal nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que instituía a aposentadoria especial de servidores em regime especial.

Ao determinar a aplicação dessa lei federal que instituiu o regime de previdência, no seu Artigo 57, os servidores passaram a ter direito a se aposentar aos 25 anos de serviço. Portanto, como o legislador estadual não legislou, o Supremo Tribunal Federal, por meio de mandado de injunção, determinou a aplicação do Artigo 57 da lei do regime de previdência. Com isso, passaram a ter direito, homens e mulheres, o direito a se aposentar aos 25 anos de serviço. Mas essa era uma questão paliativa.

A discussão começou a crescer, houve inúmeros pedidos administrativos feitos à Polícia Civil do Estado de São Paulo e à Polícia Militar do Estado de São Paulo, e aí se entendeu o seguinte: em São Paulo não existe omissão legislativa; em São Paulo, leis estaduais regulam o regime especial de aposentadoria dos servidores de atividades de risco.

Quais são essas leis? Para os policiais civis, a aposentadoria está regulada pela Lei complementar 1.062, de 13 de novembro de 2008.

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Para os policiais militares, a aposentadoria está regulada pelo Decreto lei 260, de 29 de maio de 1970. Portanto, o que se entende hoje, Supremo Tribunal Federal, órgão especial do Tribunal de Justiça: não há omissão legislativa no Estado de São Paulo. Os policiais militares são regidos pelo Decreto lei 260, de 20 de maio de 1970, e os policiais civis pela Lei Complementar 1.062, de 13 de novembro de 2008.

Eis o xis da questão: as duas leis estaduais que regulam a aposentadoria dos policiais civis e militares não fazem nenhuma distinção entre homens e mulheres, seja o Decreto lei de 1970, época da ditadura, período de exceção. Seja o Decreto lei 260, de 1970, para a Polícia Militar do Estado de São Paulo, seja a Lei complementar 1.062, de 2008, para a Polícia Civil do Estado de São Paulo, nenhuma das duas faz qualquer distinção entre o tempo de serviço de policiais homens e policiais mulheres.

Como o Estado de São Paulo, moderno, pujante, avançado, o maior e mais importante estado da Federação, em suas duas leis, a que rege a Polícia Militar do Estado de São Paulo e a que rege a Polícia Civil do Estado de São Paulo, não faz distinção entre o tempo de contribuição de servidores policiais homens e mulheres?

A Constituição Federal, ao tratar do regime geral, diz que os homens contribuem 35 anos e as mulheres 30. O que fez a lei estadual? Aplicou um redutor de cinco anos. Mas se aplico um redutor de cinco anos ele deve valer para homens e mulheres. Se os servidores homens se aposentam após 35 anos de serviço, e sendo policiais, após 30 anos de serviço, como as mulheres se aposentam, no regime geral, aos 30 anos de serviço e no regime especial aos mesmos 30 anos de serviço?

Por isso apresentamos uma emenda a esse projeto. Estamos dispostos a ir à Justiça corrigir essa inconstitucionalidade por omissão, porque no Estado de São Paulo, ao contrário do que determina a Constituição, não há diferença entre regime geral, para os servidores em geral, e regime especial, para os servidores que exercem atividades de risco, no que diz respeito às mulheres. Está havendo clara e indiscutível afronta ao Artigo 40, Parágrafo 4º, Inciso II, da Constituição; ao Artigo 40, Parágrafo 1º, inciso III, letra “a”, da Constituição e ao princípio da isonomia.

Esperamos que esta Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo discuta as emendas dos deputados e não aceite rolo compressor, porque temos que exercer, neste caso, a prerrogativa de corrigir uma inconstitucionalidade e fazer justiça às servidoras policiais civis e militares.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, volto à tribuna para lembrar e convidar novamente todos os parlamentares desta Casa e as pessoas interessadas a participarem da audiência pública de amanhã, dia 13, às 19 horas e 30 minutos, no Plenário José Bonifácio, uma audiência pública importante, que tem a ver com a liberdade de trabalho dos músicos brasileiros.

Vamos discutir, entre outras questões relacionadas a essa área, uma decisão importante tomada pelo STF, no dia 1º de agosto, que abriu uma grande jurisprudência para libertar os músicos do assédio e, sobretudo da fiscalização da Ordem dos Músicos do Brasil, que é, na nossa opinião e de milhares e milhares de músicos brasileiros, uma instituição anacrônica e que não representa mais - talvez nunca tenha representado - os verdadeiros interesses dos trabalhadores da Música do nosso País.

Essa instituição foi criada em 1960, através da Lei Federal 3857/60, mas ela não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. Então, hoje, todo músico, para poder trabalhar, para poder exercer a sua profissão, é obrigado a se filiar à instituição, tem que ter registro de inscrição, tem que ter a carteira da Ordem. Do contrário, ele paga multa e é impedido de trabalhar numa casa de shows, num restaurante, num bar, num auditório do Sesc, do Sesi, numa casa de cultura, enfim, existe esse grande obstáculo.

Muitos músicos são realmente fiscalizados pelos delegados da Ordem dos Músicos do Brasil. Muitos shows são interrompidos, muitos donos de estabelecimentos cancelam espetáculos musicais e até evitam a apresentação de artistas por música ao vivo, para evitar confronto e desentendimento com a OMB. Dessa forma, temos a perda de espaços para a música ao vivo e a perda de empregos no País.

Por isso, aplaudimos e parabenizamos a decisão unânime do STF, com o parecer favorável a uma ação extraordinária de músicos de Santa Catarina, que impetrou na verdade um mandado de segurança para poder trabalhar sem filiação à OMB. A filiação significa que o músico tem que pagar uma anuidade. É disso que se trata, na verdade é o interesse econômico da Ordem.

Nossa audiência pública vai, em primeiro lugar, debater essa decisão, essa jurisprudência que foi aberta agora, tomada pelo STF. Ao mesmo tempo, vamos também retomar a luta pela aprovação da nossa ADPF 183, a nossa Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, que é fruto da nossa mobilização aqui, do nosso movimento na Assembleia Legislativa junto com músicos. Fomos ao Ministério Público Federal, que acatou uma representação do nosso mandato, que impetrou essa ADPF no STF, e que está em tramitação, com relatoria do Ministro Carlos Ayres Britto.

Se ela for aprovada, teremos, de forma decisiva, a libertação e praticamente o fim da Ordem dos Músicos, no sentido de que ela não poderá mais fiscalizar e nem cobrar anuidade dos músicos brasileiros.

Vamos discutir a lei estadual que já aprovamos aqui, libertando os músicos do Estado de São Paulo da apresentação da carteira da Ordem dos Músicos, mas, sobretudo vamos fornecer informações importantes para os músicos, em relação a essa jurisprudência do STF.

Temos aqui depoimentos importantes dos vários Ministros do Supremo, desde a relatora desse recurso extraordinário, a Ministra Ellen Gracie, que diz que "a música é uma arte em si, algo sublime, próximo da divindade, de modo que se tem talento para a música ou não se tem", ou seja, dizendo que não há liberdade. A Ministra entendeu que a liberdade de expressão se sobrepõe, como ocorreu no julgamento desse recurso, e que o Tribunal afastou a exigência de registro e diploma para o exercício da profissão de músico. É o parecer da relatora Ellen Gracie.

Temos também o depoimento do Ministro Gilmar Mendes, dizendo que não há risco para a sociedade que justifique a tutela ou a intervenção estatal, que não há necessidade de fiscalização do trabalho do músico.

E mais ainda, o Ministro Carlos Ayres Britto é o relator da nossa ADPF 183, que é decisiva porque acaba de uma vez por todas com o assédio, com a perseguição e com os constrangimentos por que vêm passando os músicos brasileiros. O Ministro Britto diz, na sua justificativa, que "no Inciso IX do Art. 5° a Constituição Federal deixa claro que é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação. No caso da Música, sem dúvida, estamos diante de arte pura, talvez a mais sublime de todas as artes".

O Ministro Cezar Peluzo acentuou que "só se justifica a intervenção do Estado para restringir ou condicionar o exercício de profissão quando haja algum risco à ordem pública ou a direitos individuais", e não é o caso do trabalho de um músico. O músico não coloca em risco a segurança, nem a vida e nem a saúde de nenhuma pessoa.

Nesse sentido, Sr. Presidente, temos essa grande frente de resistência em São Paulo, e amanhã estão todos convidados, principalmente os músicos do Estado de São Paulo, a participar da nossa audiência pública, às 19 horas e 30 minutos, no Plenário José Bonifácio. Teremos praticamente a participação de um promotor do Ministério Público do Trabalho, para acompanhar essa discussão e colher as denúncias que serão apresentadas nesse dia.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, peço para continuar fazendo uso da tribuna, agora pela vice-liderança da Minoria.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - É regimental. Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi, por cinco minutos, pelo Bloco da Minoria.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, gostaria de fazer algumas considerações sobre um outro movimento que temos organizado no Estado de São Paulo, pela revogação da Lei 1093/09, do ex-Governador José Serra, que foi aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo.

Nosso mandato votou contra. É uma lei absurda, que criou a quarentena para os professores da Rede Estadual de Ensino. Os professores admitidos em caráter excepcional só podem lecionar durante um ano na Rede Estadual. Essa lei é perversa porque praticamente impede o vínculo dos professores com os alunos, com o próprio projeto pedagógico e com os outros professores. Um professor hoje admitido através da Lei 1093 só pode lecionar durante um ano. Após esse período ele fica de quarentena, fica afastado durante 200 dias letivos.

Recentemente foi publicado um informativo no site da própria Secretaria estadual de Educação, dando conta da abertura de inscrições para os professores que querem lecionar, e que serão contratados pela Lei 1093. Esse informativo é muito ilustrativo, porque apresenta exatamente essa condição: os profissionais que desejarem lecionar na Rede Estadual farão uma prova, que será realizada em novembro, em data a ser confirmada pela Secretaria de Estado da Educação.

Quem quiser concorrer a uma vaga não pode ter trabalhado na Rede Estadual de Ensino neste ano, um verdadeiro absurdo. O professor que já adquiriu experiência - temos professores que trabalham na Rede Estadual há 25, 30 anos - não pode se inscrever segundo a Lei nº 1093. Ou seja, quem tem experiência acumulada, quem lecionou no ano passado, não vai poder aproveitar a experiência para continuar lecionando na Rede Estadual de Ensino.

Esse informativo mostra tanto a contradição dessa lei que continua: “para se candidatar, o professor precisa ser formado ou estar inscrito em curso de licenciatura, bacharelado ou de tecnologia, além de possuir habilitação ou qualificação para ministrar aulas das disciplinas que compõem as matrizes curriculares do Estado para o segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio”. Ou seja, o professor já formado, com experiência, que já lecionou ou leciona neste ano, não pode mais ser contratado no ano que vem. Não pode nem fazer a prova. Uma pessoa inscrita num curso de graduação e de tecnologia, no primeiro ano, pode. É uma verdadeira contradição. Nada contra essas pessoas poderem lecionar, mas logicamente temos de seguir uma ordem. Primeiro, temos de valorizar os professores que já lecionam, com formação, com diploma universitário. Na falta desses professores, vamos contratar professores em caráter excepcional. Mas na contramão do bom senso, mais uma vez a Secretaria da Educação insiste em manter em vigor essa legislação no ordenamento jurídico da Educação do Estado de São Paulo.

Sr. Presidente, já apresentamos um projeto de lei pedindo a revogação dessa Lei nº 1093. Essa lei representa uma perversidade enorme contra os nossos cinco milhões de alunos e contra os nossos professores que estão nessa situação. Temos quase 80 mil professores admitidos em caráter excepcional, uma parte contratada pela Lei nº 500, outra pela Lei nº 1093. É inconcebível que essa lei ainda esteja em vigor no Estado de São Paulo. Fazemos um apelo ao Governador Geraldo Alckmin para que libere a base do Governo, seus 66 deputados para que haja a votação do nosso projeto. Vamos revogar esse entulho do autoritarismo do ex-Governador José Serra, que massacrou os professores, o Magistério, potencializou a desvalorização que já vinha sendo feita, principalmente desde o governo do ex-Governador Mário Covas com sua Secretária Rose Neubauer, depois o próprio Geraldo Alckmin, quando foi governador pela primeira vez, também continuou, intensificou o massacre da Educação do Estado de São Paulo por meio de seu Secretário Gabriel Chalita. Depois, tivemos a continuidade com as duas secretárias do ex-Governador José Serra e até o falecido ex-secretário Paulo Renato.

Esse ataque à Educação continua. É inconcebível que o Governo do PSDB continue desvalorizando, massacrando, sendo tão leviano com a Educação do Estado de São Paulo, fechando escola em Santos, mantendo uma lei perversa e danosa, que prejudica todo o Magistério Estadual do nosso Estado. Por isso, apelamos aos deputados da base do Governo. Governador, libere sua bancada, vamos revogar a Lei nº 1093, que impede a permanência de professores na Rede Estadual de Ensino. Um professor contratado por essa lei só pode lecionar por um ano. Imaginem, o professor trabalha um ano e vai embora, não pode mais voltar para a Rede Estadual. Que lei é essa? Essa lei tem de ser extinta, revogada do nosso ordenamento jurídico, pois é contra a educação, prejudica os cinco milhões de alunos. Sr. Presidente, esse é o nosso apelo.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, informando que a Ordem do Dia será a mesma da 97ª Sessão Ordinária, lembrando-os ainda a Sessão Solene a realizar-se hoje, às 20 horas, com a finalidade de celebrar os 140 anos da organização da primeira Igreja Batista em solo brasileiro, solicitada pelo nobre Deputado Carlos Bezerra Jr.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 16 horas e cinco minutos.

 

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