11 DE MARÇO DE 2024

6ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AOS 150 ANOS DA IMIGRAÇÃO ITALIANA

        

Presidência: ANDRÉ DO PRADO e PAULO FIORILO

        

RESUMO

        

1 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Abre a sessão. Informa que convocara esta solenidade para comemorar os "150 Anos da Imigração Italiana", por solicitação do deputado Paulo Fiorilo.

        

2 - MILTON FERRETTI JUNG

Mestre de cerimônias, nomeia a Mesa e demais autoridades presentes. Convida o público para ouvir, de pé, o "Hino Nacional Italiano" e o "Hino Nacional Brasileiro".

        

3 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Tece considerações sobre a imigração italiana para o Brasil.

        

4 - PAULO FIORILO

Assume a Presidência. Reflete sobre a solenidade.

        

5 - EDUARDO SUPLICY

Deputado estadual, faz pronunciamento.

        

6 - BARROS MUNHOZ

Deputado estadual, faz pronunciamento.

        

7 - LUCAS BOVE

Deputado estadual, faz pronunciamento.

        

8 - DONATO

Deputado estadual, faz pronunciamento.

        

9 - SALVATORE CAIATA

Deputado da República da Itália, faz pronunciamento.

        

10 - FABIO PORTA

Deputado da República da Itália, faz pronunciamento.

        

11 - FRANCO TIRELLI

Deputado da República da Itália, faz pronunciamento.

        

12 - ALDO REBELO

Secretário municipal de Relações Internacionais, faz pronunciamento.

        

13 - DOMENICO FORNARA

Cônsul-geral da Itália em São Paulo, faz pronunciamento.

        

14 - MILTON FERRETTI JUNG

Mestre de cerimônias, anuncia a exibição de vídeo sobre os 150 anos da imigração italiana no Brasil. Informa exposição de fotografias a ser realizada no Hall Monumental.

        

15 - LILLO TEODORO GUARNERI

Diretor do Instituto Italiano de Cultura de São Paulo, faz pronunciamento.

        

16 - LORENZO COLANTONI

Jornalista e cineasta, faz pronunciamento.

        

17 - RICCARDO VENTURI

Fotógrafo, faz pronunciamento.

        

18 - ARIANNA MASSIMO

Produtora, faz pronunciamento.

        

19 - GIULIA LUPO

Faz pronunciamento.

        

20 - GIULIANO ORLANDO

Guia turístico, faz pronunciamento.

        

21 - EMMANUELE BALDINI

Violinista, faz pronunciamento e apresentação musical.

        

22 - PRESIDENTE PAULO FIORILO

Valoriza a solenidade. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

        

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- Abre a sessão o Sr. André do Prado.

 

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O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - Senhoras e senhores, muito boa noite. Sejam todos bem-vindos, sejam todas bem-vindas à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Esta sessão solene tem a finalidade de comemorar os 150 anos de imigração italiana no Brasil. Comunicamos aos presentes que esta sessão está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo canal Alesp no YouTube.

Antes de iniciar oficialmente este encontro, quero pedir licença para me apresentar a todos vocês e justificar a minha presença neste espaço, em uma cerimônia italiana.

Sou o jornalista Milton Ferretti Jung, e é o Ferretti que me traz a esta comunhão neste momento, e que me faz ter orgulho de fazer parte também desta colônia.

Um italiano Ferretti, que veio lá de Ferrara, como muitos italianos, lá no início do século passado, foi para Minas Gerais, desceu ao Rio Grande do Sul, construiu uma enorme família. Tenho muito orgulho de fazer parte dessa família dos Ferretti.

E foi ele quem iniciou, dentro dos Ferretti, a história dos italianos, que nos passou essa cultura e que nos passou essa alegria de poder estar aqui hoje, na Assembleia Legislativa de São Paulo, no momento de comunhão de brasileiros e italianos, nesta terra tão italiana que é São Paulo. Por isso eu faço questão de, nesta abertura, fazer esse agradecimento aos Ferretti que me trouxeram até aqui.

Mas vamos - e eu prometo a vocês que não saio mais do cerimonial a partir de agora, respeitando todas as regras desta Casa -, vamos convidar para que componha a Mesa Diretora: deputado estadual André do Prado, presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. (Palmas.) Deputado estadual Paulo Fiorilo, coordenador da Frente Parlamentar Ítalo-Brasileira e proponente desta homenagem. (Palmas.)

Domenico Fornara, cônsul-geral da Itália em São Paulo. (Palmas.) Professor Dr. Carlos Gilberto Carlotti Junior, reitor da Universidade de São Paulo. (Palmas.) Deputado Fabio Porta, da Itália. (Palmas.) Deputado italiano Salvatore Caiata. (Palmas.) Deputado Franco Tirelli, também da Itália. (Palmas.)

Convido para compor a Mesa também o deputado Mauro Bragato. (Palmas.) Deputado Lucas Bove. (Palmas.) Deputado Eduardo Suplicy. (Palmas.) Secretário municipal de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo Aldo Rebelo. (Palmas.) Deputado Barros Munhoz. (Palmas.)

Passo a palavra ao presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, deputado estadual André do Prado.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos nos termos regimentais. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Senhoras e senhores, esta sessão solene foi convocada por mim, presidente desta Casa de Leis, atendendo à solicitação do deputado Paulo Fiorilo, com a finalidade de comemorar os 150 anos da imigração italiana no Brasil.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - Convido a todos os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Italiano e, em seguida, o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É reproduzido o Hino Nacional Italiano.

 

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- É reproduzido o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - Agradecemos as presenças de Jean (Inaudível.), cônsul-adjunto da França; Thiago Nogueira, subsecretário de Comércio Exterior do Estado, representante do secretário de Negócios Internacionais.

Humberto Casagrande, presidente do CIEE; Dario Rustico, presidente executivo da Costa Cruzeiros para a América Central e do Sul; Isabel Cristina Santalucia, presidente da Societá Italiana di Santos; Giovanni Manassero, presidente da Associação Piemontesi nel Mondo.

Alida Bellandi, representante do Conselho da Italcam, GEI e Abimaq; Mario Batista, representante da Pirelli.

Passo a palavra ao deputado André do Prado.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Boa noite a todos. Boa noite. É uma honra muito grande participar hoje desta sessão solene, proposta pelo nosso deputado estadual Paulo Fiorilo, que é coordenador da Frente Parlamentar Ítalo-Brasileira, nesta sessão solene em que comemoramos os 150 anos da imigração aqui no nosso País, do Brasil, com os italianos.

Então, parabéns ao deputado Paulo Fiorilo, que é o coordenador dessa frente parlamentar, que é composta também pelos deputados que estão aqui presentes conosco, o deputado Mauro Bragato, o deputado Eduardo Suplicy, deputado Barros Munhoz e o deputado Lucas Bove também, que estará conosco presente daqui a alguns minutos.

Cumprimentar aqui o nosso cônsul-geral da Itália, em São Paulo, Domenico, esse parceiro, essa pessoa agradabilíssima, parceiro mesmo de todas as horas, e que a gente tem uma parceria muito importante do nosso Parlamento estadual para o Consulado Italiano aqui no estado de São Paulo. Muito obrigado.

Em nome de Domenico, cumprimentar já a Livia também e a todos que compõem todo o consulado aqui no nosso estado de São Paulo; na pessoa do Domenico, cumprimentar a todos.

Cumprimentar também o cônsul-geral da Suíça, que está presente conosco também, o Pierre Hagmann; cumprimentar também o cônsul de Portugal, conosco também, António Pedro Rodrigues da Silva; a cônsul-geral da Espanha, Mar Fernández-Palacios.

Cumprimentar aqui o nosso reitor da Universidade de São Paulo, nosso professor Carlos Gilberto Carlotti Júnior, presente conosco, uma honra muito grande; cumprimentar aqui os deputados italianos, começando aqui pelo Salvatore Caiata, seja bem-vindo; o deputado Fabio Porta também, nosso deputado; o deputado italiano também, Franco Tirelli, presente conosco.

Cumprimentar aqui o nosso secretário municipal de Relações Institucionais, Aldo Rebelo, também representando, neste momento, o nosso prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes; cumprimentar aqui a nossa secretária executiva do estado de São Paulo de Turismo, a Luciane Leite;

Cumprimentar o Lillo Guarneri, que é o diretor do Instituto Italiano de Cultura; os nossos produtores da exposição, que nos honram com a exposição aqui, nesta Casa, o Lorenzo Colantoni, o Riccardo Venturi e a Arianna Massimo; cumprimentar o nosso prefeito da cidade de Bragança Paulista, o Amauri Sodré, também presente conosco.

Em nome dessas pessoas que nominei, estender meu cumprimento a todos os presentes aqui nesta noite, participando desta homenagem de “150 Anos da Imigração Italiana” em nosso País.

Senhoras e senhores, é com grande honra e emoção que nos reunimos hoje nesta sessão solene para celebrar um marco na história do Brasil, os “150 Anos da Imigração Italiana” em nosso País.

Há um século e meio, um fluxo de sonhadores, trabalhadores incansáveis e visionários desembarcava em nossas terras, trazendo consigo não apenas bagagens físicas, mas também um rico legado cultura, valores arraigados e uma determinação inabalável.

Esses imigrantes italianos moldaram não apenas a paisagem geográfica do Brasil, mas também a nossa identidade nacional. Uma estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, revela que, entre 1870 e 1920, os italianos corresponderam a 42% do total de imigrantes que ingressaram no Brasil. Ou seja, em 3,3 milhões de pessoas, os italianos eram cerca de 1 milhão e 400 mil pessoas.

Então, desde o primeiro momento, os italianos demonstraram coragem e resiliência ao enfrentar os desafios de um novo mundo, adaptando-se às condições, muitas vezes, adversas, mas sempre mantendo viva a chama da esperança e do trabalho árduo.

Eles contribuíram imensamente para o desenvolvimento de setores chaves da economia brasileira, como a Agricultura, a Indústria e o Comércio, deixando um legado de prosperidade e crescimento que ainda reverbera em nossos dias.

Além de suas contribuições econômicas, os italianos trouxeram consigo um rico patrimônio cultural, que enriqueceu a sociedade brasileira. Sua gastronomia, suas tradições familiares profundamente enraizadas e sua arte e música apaixonadas tornaram-se parte indissociável da nossa identidade nacional, permeando as nossas festividades, nossos hábitos e nossas memórias.

Mas, acima de tudo, os imigrantes italianos trouxeram consigo valores fundamentais que continuam a nos inspirar até os dias de hoje. A dedicação ao trabalho árduo, o amor pela família, a valorização da educação e a resiliência diante das adversidades são lições que, sem dúvida, moldaram o caráter do povo brasileiro e contribuíram para forjar uma Nação forte e vibrante.

Neste momento solene, é importante lembrar e honrar o legado deixado pelos antepassados italianos. Seus sacríficos, sua determinação e sua visão nos inspiram a seguir em frente, a construir um Brasil cada vez mais justo, próspero e inclusivo, onde as diferenças são celebradas e onde o trabalho árduo e a solidariedade continuam a serem os pilares do nosso progresso.

Que esta celebração dos “150 Anos da Imigração Italiana” seja não apenas uma oportunidade de olhar para trás com gratidão, mas também um convite para olhar para frente com esperança e determinação. Lembrando-nos sempre do poder transformador da diversidade e da herança deixada por aqueles que há um século e meio escolheram o Brasil como o seu lar.

Que viva a amizade entre Brasil e Itália. Que os laços que nos unem continuem a se fortalecer ao longo dos séculos muito mais ainda. Muito obrigado a todo o povo italiano. (Palmas.) Obrigado.

Neste momento, faço questão de passar a Presidência desta Casa, a Presidência desta sessão solene, ao nobre deputado Paulo Fiorilo, que é o coordenador da Frente Parlamentar Ítalo-Brasileira e autor desta homenagem.

Por quê? Digo isso porque o Paulo, realmente, é o autor e o proponente desta sessão solene tão importante para nós, como li nestas palavras agora, que são verdadeiras, de gratidão ao povo italiano.

Então, é justo que o Paulo, que é o proponente, o organizador, que idealizou tudo isso, possa presidir esta sessão em homenagem aos “150 da Imigração Italiana” no nosso Brasil.

Então, Paulo Fiorilo, é uma honra passar esta Presidência à V. Exa. para que dê sequência a esta sessão tão importante na história do nosso País e do povo brasileiro. (Palmas.)

 

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- Assume a Presidência o Sr. Paulo Fiorilo.

 

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O SR. PRESIDENTE - PAULO FIORILO - PT - Eu vou para o meu discurso. Eu vou usar a tribuna para o discurso, porque eu acho melhor. Vou só quebrar o protocolo e convidar o deputado Lucas Bove para fazer parte da Mesa. (Palmas.)

Boa noite, senhoras, senhores, deputados, deputadas, autoridades aqui presentes e comunidade italiana. Eu vou, em nome do presidente André do Prado, presidente desta Casa, e do cônsul Domenico Fornara, cumprimentar toda a Mesa, em especial os deputados italianos que fizeram parte hoje de debates nesta Casa.

Saudar aqui também o professor Carlos Carlotti, que é o reitor da USP, e fazer uma saudação à vereadora Irene Cornacchia, que também nos acompanhou hoje no debate, que é lá da região de Puglia.

Saudar os meus colegas deputados - Mauro Bragato, Lucas Bove, Eduardo Suplicy e Barros Munhoz - e secretário Aldo Rebelo. Como tem muitos aqui, eu vou dar referência ao cônsul e também saudar a todos os representantes consulares que eu já comentei aqui.

Com imensa satisfação, hoje nos reunimos nesta sessão solene em celebração aos 150 anos de imigração italiana no Brasil, um marco histórico que moldou nossa cultura, enriqueceu nossas tradições e fortaleceu os laços entre a Itália e o estado de São Paulo.

Ao longo desses 150 anos, nós, imigrantes italianos, desempenhamos um papel fundamental no desenvolvimento e progresso do nosso estado. Nossas contribuições na Agricultura, na indústria, na gastronomia, na Cultura e em diversas áreas são inestimáveis e fazem parte da nossa história.

Segundo dados da Embaixada da Itália no Brasil, cerca de 32,5% da população paulista é descendente dessa nacionalidade, totalizando 13 milhões de pessoas. Nós somos uma das maiores comunidades de descendentes italianos no mundo. Nossa presença significativa é um testemunho vivo do legado e da influência dos imigrantes italianos em nossa sociedade.

Neste momento, expresso minhas mais sinceras homenagens à comunidade italiana aqui presente. Nós somos os guardiões da cultura, das tradições e dos valores que foram trazidos ao Brasil pelos nossos antepassados. A dedicação e o amor que demonstramos pela nossa herança italiana enriquece a nossa diversidade e fortalece os laços entre as nossas nações.

Além disso, é essencial destacar a parceria entre os legislativos, o fortalecimento das nossas relações e a atuação da Frente Parlamentar Ítalo-Brasileira. A cooperação entre nossos parlamentos é fundamental para promover o diálogo, a troca de experiências e o desenvolvimento de políticas públicas que fortaleçam os laços entre o Brasil e a Itália. A frente parlamentar é um elo importante, que une os nossos países e trabalha em prol do fortalecimento das relações bilaterais.

Não poderia deixar de agradecer também ao Consulado Italiano, em nome do cônsul Domenico, da Livia, pela parceria contínua com as comunidades e a Assembleia Legislativa de São Paulo. A colaboração e o apoio mútuo são fundamentais para fortalecer os laços entre nossas nações e para promover o intercâmbio cultural e econômico.

Quero expressar meus agradecimentos às autoridades presentes, em especial aos deputados italianos que hoje nos honraram com suas presenças e participações. A interação entre nossos representantes é fundamental para a construção de um futuro comum, pautado na cooperação e na amizade.

Que esta sessão solene seja um momento de celebração, reflexão e reconhecimento por tudo que os imigrantes italianos representam para o estado de São Paulo e para o Brasil. Que possamos continuar fortalecendo as relações entre nossos povos e cultivando o espírito de fraternidade e união que nos une.

Muito obrigado a todos.

Viva a amizade ítalo-brasileira! (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - Muito obrigado, deputado Paulo Fiorilo. Permitam-me agradecer, ainda, e registrar as presenças de Silvio Katsuragi, diretor do Palmeiras; Giovana Abreu, gerente do Conselho Britânico.

Alessandro Gambini, da Banca d’Italia; Eduardo Aggio, diretor-presidente do Detran; Andrea Martini, representante da Bauducco; e Fernando Montes, representante do Colégio Dante Alighieri. (Palmas.)

Convido à palavra o deputado Eduardo Suplicy.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Querido presidente, deputado André do Prado; presidente agora da sessão, deputado Paulo Fiorilo, meu líder; Sr. Cônsul; Sras. Autoridades parlamentares italianas; amigos da colônia italiana e da migração, eu, como muitos aqui, sou um brasileiro que é descendente de italiano.

Vocês sabem, em 1881 Francesco Matarazzo chegou ao Brasil. Um amigo dele lá de Castellabate, no sul da Itália, escreveu para ele dizendo que, se ele viesse ao Brasil, ele iria se dar muito bem.

Ele tinha como companheira a Filomena, que trabalhava na casa dele, e já tinham dois filhos, Giuseppe e Andrea - que foi o meu avô, Andrea Matarazzo, casado com a condessa Amalia Cintra Ferreira Matarazzo. Ele chegou lá no Rio de Janeiro... acho que perdeu muitas das coisas no porto ali, mas resolveu ir para Sorocaba, onde começou a criar porcos e fazer banha.

Teve muito sucesso nisso, veio para São Paulo e, em São Paulo, acabou por construir, nos anos 30, o maior grupo industrial da América Latina. Daí ele teve mais 11 filhos e filhas. E aí alguns me perguntam, às vezes: “e aí, como é que foi a herança toda?”.

Ele resolveu primeiro, acho que por alguma tradição lá da Itália ou na percepção dele, que seria importante para manter a unidade do grupo apenas um dos filhos iria ter o controle. E ele primeiro escolheu o Ermelino Matarazzo, mas que em 1918, estando na Itália - já acho que no início da 1º Grande Guerra -, ele teve um acidente de automóvel e veio a falecer.

Aí ele só veio a escolher o outro que iria comandar as indústrias nos anos 30, quando ele já estava bem mais idoso, e escolheu o que era o Francisco, Francesco, que até meu avô não gostou muito - teve um desentendimento com o pai, só veio a fazer as pazes quando ele aceitou então que aquele irmão Francisco iria ficar tomando conta das coisas.

Mas praticamente toda a família teve uma participação significativa, que ele deixou como patrimônio, só que agora as indústrias reunidas F. Matarazzo não existem mais.

Certo dia, um dos autores de um livro sobre a sua história me perguntou o que eu, se pudesse trocar ideias com ele, teria feito.

Eu teria sugerido que ele compartilhasse com todos os trabalhadores das indústrias, onde ele era uma pessoa muito querida, que era o primeiro a chegar, o último que saía, tal que ele pudesse fazer com que todos os trabalhadores, além das famílias, pudessem ter uma espécie de cotas de participação nos resultados das empresas.

E eu tenho a certeza que se ele tivesse ouvido essa minha recomendação, muito provavelmente as indústrias reunidas F. Matarazzo continuariam a existir até hoje. Mas, de qualquer maneira...

E tenho a convicção de que eu pude herdar muitas das qualidades do Francesco Matarazzo, e com meus pais, Paulo Cochrane Suplicy e Filomena Matarazzo Suplicy, aprendi muito os valores de como...

Por exemplo, eu, que sou o oitavo de 11 filhos e filhas, meus pais sempre diziam: “procurem ser sempre muito unidos, fraternos, solidários”. Mas estes valores também tinham que ser válidos para além dos muros de nossa casa.

Então, essas recomendações me fizeram acabar seguindo a carreira de professor de economia, que depois me levou a ser um representante do povo, para ajudar na construção de um Brasil democrático, fraterno, solidário, e com um grau de Justiça o mais adequado possível.

Atendendo às recomendações do nosso querido Papa Francisco: “Procurai sempre instituir aqueles instrumentos de política econômica que possam elevar o grau de justiça dentro de cada país e dentre os países, para que possa haver a paz para valer”.

Meus cumprimentos a toda comunidade italiana brasileira. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - Compondo a Mesa também, o deputado Donato, que já faz parte da Mesa. Muito obrigado, deputado, pela sua presença.

Convido agora o deputado Barros Munhoz.

 

O SR. BARROS MUNHOZ - PSDB - Boa noite a todas e a todos. Saudar nosso querido presidente André do Prado; nosso presidente desta sessão tão linda, maravilhosa, emocionante, o Paulo Fiorilo. Saudar os nossos deputados todos aqui presentes, o Donato, o Bragato, o Suplicy, o Lucas Bove.

Saudar o nosso reitor da USP - como franciscano e uspiano, uma saudação muito efetiva. Nosso cônsul, Domenico, da Itália; e, em nome dele, todos os cônsules aqui presentes.

Saudar também os nossos deputados italianos, na pessoa do Fabio Porta. Saudar todos vocês da comunidade italiana, e todos que fazem uma sessão tão bonita quanto esta. Paulo, parabéns pela iniciativa.

Muito importante que a gente relembre a nossa história e o nosso passado, as nossas origens, e fortaleça a nossa crença de que tudo é possível quando a gente tem fé, ânimo, exemplos a seguir, boa vontade e coragem. E é isso que esta sessão de hoje me propicia.

Eu falo aqui em nome do querido Bragato, que o pessoal chama de decano, mas não é, decano é o Suplicy, e decano de mandatos é o Chedid. E me chamam de decano e eu gostei do apelido, adorei, adotei até, mas o Bragato é o nosso decano em mandatos, não é, Bragato? Eu falo em nome dele e também em nome do PSDB.

Mas eu queria dizer, minha gente, muito rapidamente: sou de Itapira, região de Campinas, Baixa Mogiana. E acompanhei a vida política do meu pai, acompanhei a história da minha cidade e acompanhei o que fizeram, os italianos, por Itapira.

O que fizeram? Exatamente o que fizeram por São Paulo e pelo Brasil, porque sem a colônia italiana São Paulo não seria o que é. E o Brasil não seria o que é.

Nós devemos muito à Itália. Nós devemos muito aos italianos que para cá vieram e nós nos orgulhamos muito dos italianos que aqui se criaram e que aqui convivem conosco, dando o seu exemplo de garra, de fé, de vontade, de alegria, de tudo aquilo que a Itália nos inspira.

Portanto, eu só posso dizer, do fundo do meu coração, com alma e com verdade, com crença: obrigado, Itália.

Obrigado, italianos. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - Convido o deputado Lucas Bove.

 

O SR. LUCAS BOVE - PL - (Pronunciamento em língua estrangeira.)

Só para desejar uma boa-noite a todos. Uma boa-noite aos deputados aqui presentes; o nosso sempre ministro Aldo Rebelo; o sempre senador Eduardo Suplicy; deputado Donato; Bragato; Deputado Barros Munhoz; Paulo Fiorilo, parabéns mais uma vez pela brilhante iniciativa.

Deputado André do Prado, nosso presidente, também, parabéns por abraçar a iniciativa do deputado Paulo Fiorilo. É motivo de muita alegria para nós estar aqui hoje homenageando os “150 Anos da Imigração Italiana”.

Os meus avós são os quatro da Itália - de Como, de Pisa, de Carrara e da Sardenha -, portanto tenho sangue 100% italiano correndo nas minhas veias. E, da mesma forma, nascido e criado aqui no Brasil, o amor pelo verde e amarelo me acompanha desde a minha juventude.

O único problema que tinha era na época de Copa do Mundo, porque minha família toda torcia para a Itália, os meus amigos todos torciam para o Brasil e eu ficava feliz quando os dois ganhavam. Como somos penta e tetra, eu posso dizer que eu tenho nove títulos mundiais, os quatro da Itália mais os cinco do Brasil.

Além de a Itália ter nos brindado com a nossa queria Sociedade Esportiva Palmeiras, meu time do coração, que outrora era Palestra Itália e, por ocasião da Segunda Guerra Mundial, teve que trocar de nome, mas o estádio permanece se chamando Estádio Palestra Itália. As raízes são muito italianas, inclusive nas críticas veementes quando o time não vai tão bem assim. Graças a Deus que estamos em uma fase muito boa.

E a história italiana realmente se confunde com a história de todos os paulistas e de todos os brasileiros. Os italianos vieram para o Brasil em um período pós-escravidão e vieram para trabalhar, “per fare l'America” - “para fazer a América”, como diziam os italianos. E, na verdade, eles vieram buscar uma vida melhor e acabaram melhorando muito a vida de todos os brasileiros.

O meu avô mesmo, senador Suplicy, veio para o Brasil, a convite do conde Francesco Matarazzo, ser “controller” nas Indústrias Matarazzo. Então, engenheiro de formação, veio trabalhar no Brasil. Graças a sua família, senador Suplicy, que hoje eu estou aqui também, no Brasil.

Então, vejam como a história se confunde e, não à toa, a cada lugar que você passa no estado de São Paulo você vê, certamente, pessoas com sobrenome italiano, empresas de nome italiano, praças em homenagem a grandes figuras italianas, cidades - como Pompéia e como tantas outras; Pedrinhas Paulista, que é uma cidade, aqui no interior de São Paulo, que tem vários monumentos em alusão ao Coliseu, aos monumentos italianos.

Então, por onde nós passamos no estado de São Paulo, a gente vê muito da origem italiana, não só, como eu disse, nos nomes e nos monumentos, mas também na garra. O povo brasileiro, assim como o italiano, é um povo muito trabalhador, um povo que não tem medo de trabalhar e de construir a sua própria história.

Então hoje é dia de - mais do que celebrar, como disseram aqui os que me antecederam - agradecer. Agradecer à Itália por toda contribuição que ela deu ao Brasil; a Itália, que segue sendo exemplo para o Brasil em muitas coisas - combate à corrupção, o cooperativismo, enfim, diversos pontos nos quais os nossos povos se convergem.

Muito, muito obrigado ao povo italiano por toda a sua contribuição nesses 150 anos de parceria entre Brasil e Itália. Esperamos mais 150 anos pela frente, sem sombra de dúvidas.

Muito obrigado.

“Grazie mille”. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - Convido o deputado Donato.

 

O SR. DONATO - PT - Boa noite a todos e todas, cumprimentar o presidente desta sessão, o deputado Paulo Fiorilo; o presidente André do Prado; todos os deputados presentes; a Delegação Italiana, em nome do nosso querido Fabio Porta.

Eu corri muito para chegar até aqui, eu tinha um outro compromisso, mas fiz questão de estar aqui, porque a gente está celebrando 150 anos da imigração italiana e eu celebro 70 anos da imigração do meu pai ao Brasil, que veio em 54 para cá, em um navio saído de Nápoles, de uma cidadezinha da Calábria, San Donato di Ninea.

E eu nasci no dia de San Donato, então eu estava condenado a me chamar Donato, essa é a razão do meu nome. Enfim, celebrar esta data, como eu disse, para mim, tem uma razão muito especial, familiar, mas de compartilhar com todo esse movimento, se entender fazendo parte de uma história que é de conquista também. De conquista.

Acho que está lá no Império Romano as raízes dessa... fazer a Itália, fazer a América, conquistar. Conquistar de um jeito muito especial, não conquistar se impondo pela força, mas conquistar se impondo pelo trabalho, pela dedicação, pela sua cultura e fazendo parte desse povo brasileiro, desse imenso povo brasileiro, que tem tantas vertentes, mas a vertente italiana é uma das mais fortes.

Então, celebrar aqui esse sesquicentenário da imigração italiana e parabenizar a todos os italianos que puderam contribuir para construir o nosso País, continuam contribuindo.

E, certamente, a gente vai fortalecer esses laços em todos os setores, na cultura, na economia, na gastronomia - como a gente sempre fala -, enfim, em todos os aspectos.

Então, brevemente, quero dizer aqui: viva a Itália.

Viva o povo italiano.

E “Avanti Palestra”, não é, Bove? (Palmas.)

 

O SR. MESTRE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - Ouvimos agora os deputados da República Italiana que chegaram em São Paulo para participar desta celebração. E convido, inicialmente, o deputado da república italiana Salvatore Caiata. (Palmas.)

 

O SR. SALVATORE CAIATA - (Pronunciamento em língua estrangeira.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - Convido o deputado da República Italiana Fabio Porta. (Palmas.)

 

O SR. FABIO PORTA - Boa noite a todos. Eu também não quero me prolongar nos cumprimentos, mas tenho a obrigação de agradecer e parabenizar tanto o presidente desta Assembleia quanto o amigo deputado Paulo Fiorilo pela belíssima iniciativa; o magnifico reitor da USP, exemplo do quanto esta cidade, este estado, representa uma excelência mundial também na área da academia e da cultura no mundo.

Agradeço aos meus colegas que vieram da Itália: o Franco Tirelli, o Salvatore Caiata, todos os amigos das associações, patronatos, organizações italianas aqui presentes, o presidente do (Inaudível.) e todos os conselheiros, o presidente Alberto Mayer, as mulheres - a Livia Satullo, cônsul-geral adjunta, e a Irene Cornacchia - pouco representadas na Mesa, mas muito representadas na sala.

Esta é a semana da festa da mulher. Eu, que sou minoritário em uma casa com três paulistas e paulistanas, acho que nós devemos também, em homenagem à grande imigração italiana, bater palmas para essas mulheres que são parte integrante da história da nossa presença italiana no Brasil e no mundo. (Palmas.)

Quero somente fazer duas reflexões. A primeira: a imigração italiana no mundo é o maior fenômeno histórico do nosso País. Não existe nada que impactou tanto na história de cada cidade, cada vilarejo da Itália que não (Inaudível.) de aqueles que hoje são mais de 70, 80 milhões de ítalo-descendentes no mundo.

Então é justa esta homenagem, porque o Brasil é o país que recebe a maior parte desse contingente. O estado de São Paulo e a cidade de São Paulo são o maior exemplo em quantidade e qualidade dessa imigração. Vocês já falaram disso.

Seria difícil falar da arquitetura brasileira, da música brasileira, da história, da cultura, do movimento sindical, das empresas e da religiosidade sem a presença da nossa comunidade e sem também como a maneira que essa comunidade - essa colônia, como é chamada - foi acolhida por esse povo maravilhoso, que é o povo brasileiro. Então, é muito importante esta homenagem.

É uma história, devo dizer, que deve ser conhecida, homenageada, não somente aqui no Brasil, não somente aqui nesta Assembleia Legislativa, não somente aqui em São Paulo, mas também na Itália.

Por isso, estou muito contente de estar aqui com a delegação de deputados italianos, uma delegação de parlamentares representando várias partes políticas, porque a diplomacia parlamentar é isso exatamente. É um trabalho que deve fazer, sim, que essas coisas sejam parte integrante de toda a comunidade política institucional italiana, e não somente de uma parte.

Este ano é extremamente importante, porque não é somente o ano dos 150 anos. É o ano do turismo das raízes, é o ano em que Brasil e Itália têm uma liderança mundial importantíssima, o G20 e o G7, e em que nós teremos - o nosso cônsul sabe muito bem - visitas institucionais de altíssimo nível.

Então, parabéns, São Paulo. Parabéns Alesp.

E parabéns, principalmente, a essa grande comunidade italiana e ao povo paulista e paulistano que nos recebeu com tanto amor e carinho. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - Convido à palavra o deputado da República Italiana Franco Tirelli.

 

O SR. FRANCO TIRELLI - (Pronunciamento em língua estrangeira.) (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG JÚNIOR - Agradecemos aos deputados Salvatore, Fabio Porta, Franco Tirelli pelas palavras.

E ouviremos agora o secretário municipal de Relações Internacionais de São Paulo, o secretário Aldo Rebelo, neste ato representando o prefeito Ricardo Nunes. (Palmas.)

 

O SR. ALDO REBELO - Boa noite, senhoras e senhores. Prezado presidente, ilustre deputado André do Prado, prezado deputado Paulo Fiorilo, presidente da Frente Parlamentar Ítalo-Brasileira, prezado cônsul Domenico Fornara, querido reitor da Universidade de São Paulo, Sras. e Srs. Deputados, eu trago o abraço do prefeito Ricardo Nunes, da cidade que acolheu e foi acolhida por essa comunidade italiana.

Na verdade, nós celebramos 150 anos da chegada dos italianos ao Brasil. Mas a Itália chegou muito antes ao Brasil. A Itália chegou ao Brasil com o nosso idioma, com a língua portuguesa, que um poeta qualificou como “a última flor do Lácio, inculta e bela.” Um grande intérprete do Brasil, o Darcy Ribeiro, classificou o Brasil como “uma nova Roma, lavada em sangue índio e em sangue negro.” Mas uma nova Roma.

Quando nós vinculamos a nossa memória, a nossa herança e a presença italiana no Brasil, nós precisamos lembrar que o primeiro capitão da nossa seleção brasileira... A primeira vez que ganhou o título mundial, o capitão era o Bellini. Quando o Brasil observa as artes plásticas, o nosso maior pintor é o Portinari.

Quando a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo presenteia os visitantes ilustres, é com uma réplica do Monumento às Bandeiras, do maior escultor brasileiro, que é Victor Brecheret.

E, quando o Brasil discute futebol, é impossível deixar de registrar, respeitosamente, que o maior detentor de títulos do Brasil já se chamou, um dia, Palestra Itália. Então, esses vínculos, essa memória e essa história são indissolúveis.

Nós temos um herói comum, celebrado no Brasil com uma cidade no Rio Grande do Sul, chamada Garibaldi, e celebrado na Itália como o dirigente da unificação italiana. E nós temos uma heroína comum, homenageada na Itália com estátua em Roma e homenageada no Brasil como heroína brasileira, que é Anita Garibaldi.

Então, nós temos muito o que celebrar. E que esta Assembleia Legislativa de São Paulo, naturalmente, presta uma grande homenagem a essa história e a essa memória. E a sede da Municipalidade de São Paulo é um edifício chamado Matarazzo.

Viva o Brasil e viva a Itália! (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - Fechamos esta primeira parte institucional ouvindo a palavra do cônsul-geral da Itália em São Paulo, cônsul Domenico Fornara. (Palmas.)

 

O SR. DOMENICO FORNARA - Boa noite, boa noite. Agradeço muito a espiritualidade do presidente Do Prado e, naturalmente, do deputado Paulo Fiorilo, grande amigo da Itália.

E, naturalmente, cumprimento toda a Mesa e todos os participantes. Em respeito aos convidados italianos, vou falar italiano, aproveitando a tradução simultânea.

(Pronunciamento em língua estrangeira.)

E obrigado ao amigo... muito obrigado, Milton Jung, por estar aqui nesta noite conosco. Milton é um grande amigo da Itália, um italiano ele também, de descendência, e sempre muito generoso em participar dos nossos eventos.

Obrigado, amigo.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETI JUNG - Muito obrigado, Domenico, sempre um grande amigo.

E, neste momento, nós convidamos a todos para assistir a um vídeo sobre os 150 anos da imigração italiana no Brasil.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETI JUNG - Gostaria de registrar a presença, também à Mesa, do deputado estadual Gil Diniz, a quem a gente agradece pela presença. (Palmas.)

Além desta solenidade realizada especialmente para comemorar os 150 anos da imigração italiana, esta noite será aberta a exposição “Italianos do Brasil”, no Hall Monumental, aqui da Assembleia Legislativa de São Paulo.

Não sei se alguém já teve a oportunidade de antecipadamente passar por lá e aproveitar esse momento de memória, mas façamos isso assim que esta cerimônia se encerrar, por favor.

Para falar sobre a exposição, no entanto, quero convidar antes o diretor do Instituto Italiano de Cultura, que realizou este trabalho, este projeto.

Lillo Guarneri, por favor. (Palmas.)

 

O SR. LILLO TEODORO GUARNERI - Boa noite. Celebrar os 150 anos da imigração italiana no Brasil é também uma ocasião preciosa para aprofundar sobre o significado da imigração italiana durante todos estes anos.

Neste sentido, a exposição “Italianos do Brasil”, proposta pelo Instituto Italiano de Cultura, Departamento Cultural do Consulado Geral da Itália, aqui em São Paulo, pretende ser uma ocasião importante para refletir não somente sobre o passado, mas também sobre o presente. Em particular, sobre como as instituições italianas, e talvez também aquelas brasileiras, possam se relacionar com a recente nova imigração italiana, especialmente de jovem, que hoje vem novamente sendo recebida aqui no Brasil.

Uma reflexão que também, através de uma exposição com aquela proposta hoje, aqui na Alesp, poderia contribuir para criar um maior conhecimento do nosso dever de utilizar a cultura nas suas formas mais variadas e diferentes como um formidável instrumento para manter solidificados os laços com todos aqueles que ainda hoje imigram.

Mas também, ao mesmo tempo, como um instrumento que possa compartilhar os melhores valores culturais da Itália com o Brasil, país que há décadas nos recebe, integrando-nos plenamente da melhor maneira.

Neste momento, eu convido a todos para aproveitar, ao concluir esta sessão solene, dessa bela e significativa exposição, tendo também a fortuna de termos conosco, esta noite, os curadores e os artistas que, junto ao Instituto Italiano de Cultura e à minha colega, Margherita Marziali, criaram esse projeto cultural.

A todos eles a minha gratidão por propiciar esta oportunidade. Agradeço especialmente à Alesp, na pessoa do seu presidente, deputado André do Prado, por nos acolher nesta belíssima Casa; ao coordenador da Frente Parlamente Ítalo-brasileira, Paulo Fiorilo.

Ao nosso cônsul-geral, Domenico Fornara, pelo imprescindível suporte; e também agradecer a todos os outros deputados e representantes do governo e da prefeitura que, com as suas intervenções, contribuíram para tornar este evento ainda mais significativo.

Enfim, a todos os presentes, um agradecimento especial por estarem conosco nesta noite, e um renovado convite para aproveitarem a exposição “Italianos do Brasil”.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETI JUNG - Convidamos para fazer uso da palavra o produtor da exposição Lorenzo Colantoni. (Palmas.)

 

O SR. LORENZO COLANTONI - (Pronunciamento em língua estrangeira.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - Convido agora para fazer uso da palavra o produtor Riccardo Venturi.

 

O SR. RICCARDO VENTURI - (Pronunciamento em língua estrangeira.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - Também convidamos a produtora Arianna Massimi.

 

A SRA. ARIANNA MASSIMI - (Pronunciamento em língua estrangeira.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - E dentro do âmbito da exposição “Italianos do Brasil”, nós teremos agora o testemunho de três entre os muitos protagonistas dessa exposição.

A primeira pessoa que iremos ouvir é Giulia Lupo. (Palmas.)

 

A SRA. GIULIA LUPO - Boa noite a todos. Começo saudando a toda a Assembleia presente, ao presidente, a todos os membros da Casa, às autoridades brasileiras e italianas. E um agradecimento especial ao cônsul Domenico Fornara, à cônsul-adjunta Livia Satullo, ao diretor Lillo Guarneri, do instituto, e a toda a equipe dele, que me convidaram para estar aqui hoje.

Quando eu recebi este convite, eu fiquei imensamente feliz. E agora estou até muito emocionada, porque eu percebi que eu sou apenas a segunda e última mulher que vai falar aqui hoje. Então, isso ainda aumenta a emoção deste dia.

Quando comecei a pensar em como escrever esse discurso, me perguntei como iria conseguir condensar em apenas três minutos a magnitude de um assunto tão importante, desse tema, que é a imigração italiana. E foi assim que eu decidi optar por escrever uma carta.

“Cara Itália, se passaram sete anos desde que tomei a decisão de partir. Não foi uma despedida simples, mas necessária. Entre nós, as coisas não estavam mais funcionando. E chegou o momento de perseguir os meus sonhos.

Você me criou, Itália, me deu asas para voar e me ensinou o valor da determinação. Mas havia algo faltando. E assim decidi pegar uma mochila e, sozinha, embarcar nessa viagem que me trouxe até este momento.

Itália, te apresento o Brasil. Este País me acolheu calorosamente e abriu as suas portas, me permitindo, em pouco tempo, construir a carreira profissional que eu desejava.

Ao longo desses anos, realizei projetos incríveis, conheci muitas pessoas, dentre elas o meu marido, Matheus, com o qual comecei uma nova família. Mas, Itália, vou te surpreender ao dizer que nossos caminhos nunca se separaram. E isso só percebi muito tempo depois.

Você sempre esteve presente, com suas tradições, seus monumentos e sua cultura. Aqui no Brasil você está presente todos os dias na minha vida e na vida de muitos.

Hoje entendo que as raízes podem ser transplantadas para novas terras sem perder sua vitalidade. Vi como minha identidade se moldou em novas fôrmas, influenciada pelas nuances culturais do Brasil. Mas sem esquecer as tradições e os valores que herdei de você, Itália.

Faço parte da nova geração de italianos imigrantes aqui no Brasil, e essa nova geração não esquecerá o quanto as gerações antigas lutaram para obter sua liberdade e manter viva a memória italiana. E, assim como eles, nós lutaremos por isso.

Querida Itália, “grazie per tutto”. A sua memória sempre será parte de mim, assim como o Brasil, que agora chamo de casa.

Com amor, Giulia”.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - Muito obrigado, Giulia. Vamos a um segundo testemunho: Giuliano Orlando.

 

O SR. GIULIANO ORLANDO - Olá, boa noite a todas, a todos e a todes. Eu confesso que estava pensando no que eu iria dizer, porque eu não sou muito bom de preparar discursos. E eu acho que tenho a presunção de pensar que eu posso dizer coisas sem me preparar antes.

O que eu gostaria de dizer hoje, na verdade, foi destruído pela Ariana, que me citou no discurso dela. Agora eu vou aproveitar o gancho da Ariana, porque ela falou de eu tentar me afastar do ser italiano e me dar conta de - digamos assim, morando no Brasil - que é uma coisa que realmente eu não posso fazer.

Eu vou apenas me aproveitar de dois exemplos para explicar qual pode ser a minha sensação ao ser italiano e morar em uma cidade como São Paulo. Eu sou da cidade de Pompeia. Todo mundo conhece Pompeia. Não é o bairro em São Paulo, mas é a cidade perto de Nápoles.

Eu trabalho como guia de turismo em São Paulo, não em Pompeia. É a cidade mais visitada por turistas, talvez, na Europa. Nunca tive o prazer de trabalhar como guia de turismo lá. Mas tenho enorme prazer de ser guia de turismo aqui. Eu sou de Pompeia, de novo, volto a dizer para vocês.

Pago um bilhete muito caro quando entro a visitar as ruinas de Pompeia, mesmo sendo de Pompeia. Aqui em São Paulo, em um curso de cerâmica da USP, eu tive o prazer de tocar, com as minhas mãos, cacos de vasos de Pompeia que eu nunca nem tinha visto nas ruinas de Pompeia. E isso é uma oportunidade que eu apenas tive aqui.

Então, eu acho que é claro esse meu sentimento. Eu não preciso, talvez, explicar muito mais. Eu vim aqui porque eu realmente achei certas possibilidades. Talvez eu não fugi de nada e de ninguém.

Obviamente, eu me considero um imigrante extremamente privilegiado. Um imigrante de 150 anos depois, que vem com a possibilidade de poder estudar uma língua, que veio aqui por uma bolsa de pesquisa e que teve, com certeza, mais sorte ou possibilidades.

Mas é evidente o meu sentimento. O meu sentimento é de alguém que teve que sair para poder fazer aquilo que queria, e que aqui achou a possibilidade de fazer aquilo que queria. Então é apenas isso que eu queria contar para vocês.

Para me despedir, já que o tempo é pouco, e acredito que eu seja o último que está fazendo essa intervenção, então vamos cortar logo isso. Eu gostaria apenas de também fazer um convite a vocês.

A gente, aqui nesta solenidade, citou um monte de italianos excelentes, pessoas que se destacaram de alguma maneira, por conta das grandes coisas que fizeram, dos grandes nomes que todo mundo conhece, que representam aqui.

Mas, nessa exposição, que eu tive o prazer de acompanhar como guia de turismo - porque, de fato, essa é a minha participação na exposição -, vocês têm a oportunidade de conhecer outros italianos.

São um pouco menos excelentes, no sentido de ser um pouco menos conhecidos, talvez, mas extremamente importantes também. Muitos estão aqui. Tem o Danilo Bifone, por exemplo, que é criador de um projeto que se chama “Muda Mooca”. Ele quebra calçadas para plantar plantas no Mooca. Legalmente, vamos deixar isso claro. Não é o lugar para dizer certas coisas.

Tem o Mauro Pescetelli, por exemplo, que será mostrado na exposição e que se dedica a um projeto com as crianças de Heliópolis.

Eles talvez nunca terão um prédio Matarazzo, perto do Viaduto do Chá. Mas, para mim, eles são excelentes, talvez, mais que outros. Ou, pelo menos, tanto quanto os outros.

Muito obrigado.

Tchau. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - Convido agora o último testemunho desta cerimonia. Teremos muitos outros na própria exposição.

É o violinista Emmanuele Baldini, primeiro violinista da Osesp, que, nessa ocasião, vai nos prestigiar com a apresentação “Odeon”, de Ernesto Nazareth. (Palmas.)

 

O SR. EMMANUELE BALDINI - Muito boa noite a todos. “Buona sera”. Obrigado por esta iniciativa extraordinária. Obrigado por me convidar. É uma honra fazer parte desse grupo de italianos no Brasil.

Eu deixei a Itália há 20 anos, não fugi de nada. Aliás, eu estava feliz na Itália. Mas, ao chegar aqui, na Orquestra Sinfônica de São Paulo, encontrei um país que me acolheu, um país e uma cidade que me acolheram de maneira emocionante.

Tinha um pouco de medo de perder um pouco da minha alma italiana. Mas eu posso dizer que, depois de 20 anos em São Paulo, é absolutamente impossível de perder um pingo do coração e da alma italiana que temos.

Este País e esta cidade me permitiram conhecer a minha esposa, que é de Garibaldi. Naturalmente, é brasileira, mas é de descendência italiana, naturalmente. A nossa filha, de nove anos, Lavínia, que está ali, estuda no Colégio Dante Alighieri.

E os três somos sócios “Avanti Palestra”. Aliás, no meu estojo, onde guardo o violino, tem um adesivo do Palmeiras. É impossível que a Itália saia de nós, como é impossível não reconhecer, em muitos cantos, a Itália neste Brasil.

A breve obra que eu vou tocar para vocês é um exemplo disso. É de um brasileiro que escrevia choros e valsas, Ernesto Nazareth. Uma das obras mais importantes do Ernesto Nazareth chama-se Odeon. O Odeon era um cinema no Rio de Janeiro. Agora existe ainda, mas foi reconstruído, não é o mesmo prédio.

O Cinema Odeon, onde tocava Ernesto Nazareth, era propriedade de uma família de italianos. A peça “Odeon” é dedicada aos donos do Cinema Odeon, que era essa família de italianos. E, quando ele publicou a peça, quando ele publicou essa obra, a editora era uma editora brasileira cujos donos eram italianos.

Então, para finalizar esta linda cerimônia e antes de ver a mostra - que eu ainda não conseguir ver, estou curioso de ver a mostra lá na outra sala -, vou tocar. É uma peça de três minutos, “Odeon”, de Ernesto Nazareth.

Muito obrigado.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MILTON FERRETTI JUNG - Agradecemos ao violinista Emmanuele Baldini pela apresentação e pelas palavras que saíram desse violino, que certamente tocaram o coração de cada um de nós.

Para aproveitarmos agora este outro momento deste nosso evento, que é a possibilidade de conhecermos essa exposição, passo a palavra ao deputado Paulo Fiorilo para que proceda com o encerramento desta solenidade.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO FIORILO - PT - Depois dos apelos, prometo que serei breve, até porque eu também quero conhecer a exposição. Mas, antes de encerrar, eu queria só fazer um registro.

Domenico, hoje a gente pôde aqui nesta Casa ouvir depoimentos importantíssimos, que vão ficar registrados, de pessoas que vieram agora e de pessoas que vieram há muito tempo.

Então, eu quero agradecer de novo aos deputados que vieram da Itália para essa atividade, agradecer a cada um de vocês que têm relações italianas, que têm parentes italianos que fazem parte dessa comunidade, e dizer ao Danilo que depois eu preciso falar com ele para saber quais calçadas ele quebrou lá na Mooca.

Esgotado o objeto da presente sessão, eu agradeço às autoridades, ao Consulado da Itália em São Paulo, à minha equipe, aos funcionários do serviço de som, da taquigrafia, da fotografia, dos serviço de atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da imprensa da Casa, da TV Alesp, das assessorias policiais Militar e Civil, bem como a todos que, com suas presenças, colaboraram para o pleno êxito desta solenidade. Quero agradecer também ao presidente André do Prado, que me possibilitou conduzir esta sessão solene.

Convido a todos para o coquetel e abertura da exposição “Italianos no Brasil”, que será realizada em seguida no Hall Monumental, que está aqui à nossa esquerda.

Boa noite a todos, parabéns pela atividade. (Palmas.)

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 08 minutos.

 

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