3 DE MAIO DE 2023
31ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: LUIZ CLAUDIO MARCOLINO, GUILHERME CORTEZ, VITÃO DO CACHORRÃO, PROFESSORA BEBEL e MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Assume a Presidência e abre a sessão.
2 - CAPITÃO TELHADA
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - THAINARA FARIA
Por inscrição, faz pronunciamento.
4 - GUILHERME CORTEZ
Assume a Presidência.
5 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Por inscrição, faz pronunciamento.
6 - PAULA DA BANCADA FEMINISTA
Por inscrição, faz pronunciamento.
7 - VITÃO DO CACHORRÃO
Por inscrição, faz pronunciamento.
8 - REIS
Por inscrição, faz pronunciamento.
9 - PROFESSORA BEBEL
Por inscrição, faz pronunciamento.
10 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
11 - REIS
Por inscrição, faz pronunciamento.
GRANDE EXPEDIENTE
12 - VITÃO DO CACHORRÃO
Assume a Presidência.
13 - REIS
Para comunicação, faz pronunciamento.
14 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Para comunicação, faz pronunciamento.
15 - PRESIDENTE VITÃO DO CACHORRÃO
Cumprimenta Leandro Sartori, vereador de Itapira.
16 - GUILHERME CORTEZ
Por inscrição, faz pronunciamento.
17 - ANDRÉA WERNER
Por inscrição, faz pronunciamento.
18 - BETH SAHÃO
Por inscrição, faz pronunciamento.
19 - PROFESSORA BEBEL
Assume a Presidência. Tece considerações ao pronunciamento da deputada Beth Sahão.
20 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
21 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Assume a Presidência. Parabeniza Drauzio Varella pelo aniversário.
22 - PROFESSORA BEBEL
Por inscrição, faz pronunciamento.
23 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
24 - PROFESSORA BEBEL
Assume a Presidência.
25 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Para questão de ordem, faz pronunciamento.
26 - PRESIDENTE PROFESSORA BEBEL
Acolhe a questão de ordem. Informa que a Presidência efetiva deve dar resposta em momento oportuno.
27 - CAIO FRANÇA
Para comunicação, faz pronunciamento.
28 - CARLOS GIANNAZI
Para comunicação, faz pronunciamento.
29 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Pelo art. 82, faz pronunciamento.
30 - OSEIAS DE MADUREIRA
Pelo art. 82, faz pronunciamento.
31 - OSEIAS DE MADUREIRA
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
32 - PRESIDENTE PROFESSORA BEBEL
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 04/05, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão.
* * *
- Assume a
Presidência e abre a sessão o Sr. Luiz Claudio Marcolino.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Presente
o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de
Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata
da sessão anterior e recebe o expediente.
Dando início aos oradores inscritos no
Pequeno Expediente, com a palavra o nobre deputado Carlos Cezar. (Pausa.). Com
a palavra, Agente Danilo Balas. (Pausa.) Com a palavra, Major Mecca. (Pausa.)
Com a palavra o nobre deputado Capitão Telhada. Tem V. Exa. o tempo regimental
de cinco minutos no Pequeno Expediente.
O
SR. CAPITÃO TELHADA - PP
– Boa tarde, Sr. Presidente, a todas as deputadas e deputados presentes em
plenário, aos populares, cidadãos paulistas que nos acompanham pela Rede Alesp,
e em plenário também, presencialmente, funcionários civis e militares desta
Casa, uma excelente quarta-feira.
Estávamos, há
poucos instantes, participando como membros suplentes da Comissão de Segurança
Pública e Assuntos Penitenciários. Junto com o presidente da comissão, deputado
estadual Major Mecca, e o vice-presidente, eleito hoje, Delegado Olim, nossos
companheiros, inclusive de bancada, da Segurança Pública.
Entre vários
assuntos, discutíamos lá a respeito da proposta de recomposição salarial. O
termo correto é esse, é a recomposição. Justamente porque recompõe, porque traz
uma justiça salarial aos anos, às décadas de desfalques que as forças
policiais, os agentes policiais, os agentes da Segurança Pública, tiveram nos
governos psdbistas.
Então essa
recomposição salarial, na casa dos 5 bilhões de reais anuais, como anunciado
pelo governador Tarcísio de Freitas, ela vem num excelente momento.
Como eu disse
ontem, de uma maneira corajosa, como nunca antes visto. Em 30 anos, pelo menos,
nunca um governador, em primeiro ano de mandato, mandou, para esta Casa
legislativa, uma proposta séria, real, e de maneira tão importante e tão
profunda, comprometendo 5 bilhões do Orçamento, para um reconhecimento dos
nossos valorosos policiais.
Então, esse
ponto importante, esse passo importante do governo, nós não podemos deixar de
citar e enaltecer. Durante esses quatro meses de gestão, a secretaria, junto
com o governo, desenvolveu a sua proposta, tenho certeza que com os maiores
analistas, técnicos, que pode dispor a secretaria. E enviaram para esta casa um
texto que nos foi aberto hoje, nesta quarta-feira. Não tínhamos conhecimento,
até então, os deputados estaduais não participaram da elaboração dessa
proposta.
Nenhum deputado
estadual. Nem os da direita, nem os da esquerda, nem os da bancada da Segurança
Pública. Acompanhamos indiretamente, fomos colocados à parte, porém, nunca
tivemos acesso à integra dessa proposta. Hoje, quando conseguimos analisar esse
documento entregue, percebemos que existe, nesse documento, uma inconformidade
muito grande. Ela tem que ser dita aqui.
Eu, como
primeiro orador nesta data, já trago essa insatisfação, que nós estamos
vivenciando hoje, que nós estamos percebendo hoje, pelos nossos amigos
policiais, pelas nossas redes sociais, recebendo inúmeras mensagens e ligações,
que é a seguinte: um projeto de recomposição salarial não pode ter, integrado
nele, uma proposta de aumento de imposto.
Como nós temos
ali um reajuste previdenciário, um aumento previdenciário, que vai trazer
encargos, que vai trazer um déficit maior, no salário, do que o próprio ajuste,
em alguns cargos, em algumas graduações. Como tem lá, nesse projeto de lei,
10,5% de imposto, de contribuição previdenciária, sobre a totalidade dos
vencimentos.
É algo colocado
de maneira quase que obscura, dentro do projeto, que nós tivemos conhecimento
hoje e que nós vamos lutar, estamos já nos organizando aqui dentro para
escrever algo concreto, para escrever algo de maneira a rebater essa
iniciativa. Para que nós tenhamos uma recomposição real, uma recomposição firme
e que seja percebida nos vencimentos dos policiais civis, militares e
técnico-científicos.
Porque eles
merecem, e é uma justa recomposição salarial. Mas não dar com uma mão e tirar
com a outra, que era algo típico do governo psdbista. Nós não podemos aceitar
algo desse nível, dentro de uma proposta séria. Nós temos um valor para ser
trabalhado, o valor de 5 bilhões.
Nós vamos
analisar as alíquotas que foram apresentadas, de soldado a coronel, de
investigador a classe especial, de perito, médico legista etc. Vamos verificar
essas alíquotas, se tem como ser melhorada essa proposta de alguma maneira,
técnica e séria, também responsável, mas, acima de tudo, não podemos aceitar
que venha dentro de um projeto um déficit, uma obrigação previdenciária, para o
policial ter um prejuízo maior do que um benefício.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - Dando sequência
aos oradores aqui no Pequeno Expediente, com a palavra o nobre deputado
Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Jorge do Carmo. (Pausa.)
Com a palavra o nobre deputado Sebastião Santos. (Pausa.)
Com a palavra o nobre deputado Vinicius
Camarinha. (Pausa.) Com a palavra a nobre deputada Thainara Faria. Queria
solicitar que o deputado Guilherme Cortez assuma aqui a Presidência.
A
SRA. THAINARA FARIA - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito
obrigada, Sr. Presidente,
deputado Luiz Claudio Marcolino. Muito boa tarde aos Srs. Deputados que estão
aqui no plenário, quem nos acompanha em casa, os servidores desta Casa de Leis,
aos senhores policiais, que cuidam da nossa segurança, muito boa tarde ao
estado de São Paulo.
* * *
- Assume a Presidência o Sr. Guilherme Cortez.
* * *
Nós queríamos
hoje dialogar com todo o Estado, sobretudo aquilo que a gente vem fazendo em
relação à política para as mulheres, que é alvo de muita preocupação no nosso
mandato, mas pela manhã nós fomos surpreendidos por um fato que precisa muito
ser explicado, e nós precisamos jogar luz nessas trevas para que a gente
entenda, Professora Bebel, a gravidade do que aconteceu hoje pela manhã.
Quando nós
acordamos com a notícia de que o ex-presidente da República teve apreendidos
seus celulares, teve a visita da Polícia Federal em sua casa, com suspeitas de
fraude na carteira de vacinação, no que tange à pior tragédia humanitária que
nós assistimos no mundo, que foi a pandemia da Covid-19, nós, de fato, estamos
de cara com o escândalo. É um escândalo o que nós assistimos hoje pela manhã, e
não para de piorar.
Primeiro, eu
vou falar da pandemia. Um Brasil que perdeu mais de 700 mil pessoas, 700 mil
mortos, que deixaram órfãos, que deixaram familiares, que deixaram toda a sua
estrutura de vida para uma pandemia, um vírus, para o qual tinha vacina. Houve,
sim, comprovadamente, negligência na compra de vacinas, atraso na compra de
vacinas e muitas mortes poderiam ser evitadas.
Temos acordo do
tamanho da tragédia da pandemia da Covid-19. Faltou ar, faltou oxigênio para
muitos hospitais, e o então presidente da República debochou, uma vez dizendo
que não era coveiro e outra vez imitando as pessoas que não poderiam respirar,
por conta de serem acometidos pela Covid-19. Se não bastasse ser grave o
suficiente, o seu ajudante, Mauro Cid, que foi preso, e aqui está em portais de
notícias, eu estou acompanhando.
A nova matéria
diz o seguinte, do “Metrópoles”: “Preso em operação diz saber quem é o mandante
da morte da Marielle”. O buraco é muito mais fundo do que nós imaginamos, é
muito mais embaixo.
Se eles acham
que nós vamos desistir de investigar a questão das joias, se eles acham que nós
vamos desistir de investigar a fraude na carteira de vacinação, estão
enganados, mas se eles acham que nós vamos esquecer a execução violenta,
política, o feminicídio político de Marielle Franco, eles estão mais enganados
ainda.
Eles têm um
teto de vidro muito sério, e eles têm que se cuidar porque a justiça nesse país
será feita. Chega do Brasil da impunidade. Chega do Brasil que não investiga.
Chega do Brasil que se omite para as questões mais caras para nós. Fraude ao
Sistema Único de Saúde, a uma carteira de vacinação, é algo da mais alta
seriedade e não pode passar impune.
Saber quem foi
o mandante do crime, da execução da Marielle, é ainda mais grave. Nós queremos
saber quem mandou matar Marielle e Anderson. Nós queremos saber se, de fato,
houve fraude na carteira da vacinação para viajar, para seja lá o que tenha
sido feito. Nós queremos saber não só a origem, que nós sabemos, das joias, mas
por que elas foram recebidas.
Então, meu
recado hoje, para além da nossa luta constante pelos direitos de todas as
pessoas do estado de São Paulo, é que a Justiça precisa dar um sinal para o
povo brasileiro de que nada de errado ficará impune.
Bolsonaro e
seus aliados precisam pagar pelos crimes que cometeram contra o povo
brasileiro, precisam responder pelos seus crimes e precisam dar respostas
concretas e reais a todos os crimes que cometeram nos quatro anos em que
estiveram à frente da Presidência da República, contra o povo brasileiro, a
incitação do ódio, o espalhamento de fake news que foi feito. Tudo isso agora
será investigado e nós estaremos acompanhando de muito perto para garantir que
a justiça seja feita.
Aproveitando os
minutos que me restam, quero dizer agora para vocês, então, da questão da
mulher. Saiu no “Diário Oficial” a nossa Frente Parlamentar em Defesa do
Funcionamento 24 Horas da Delegacia da Mulher.
Nós sabemos que
foi instituído pelo presidente da República, mas precisamos dar condições para
que os estados e municípios consigam se organizar para ter material humano,
financeiro e estrutura para receber as mulheres em suas delegacias.
Eu publiquei
nas minhas redes sociais, há pouco, que a secretaria que cuida dos direitos da
mulher sequer tem orçamento do estado de São Paulo. Volto a falar do tema no
Grande Expediente.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL - Obrigado,
deputada Thainara. Chamo agora o deputado Jorge Wilson. (Pausa.) Deputado Simão
Pedro. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio Marcolino. O senhor tem o tempo
regimental.
O
SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas,
funcionários e funcionárias da Assembleia Legislativa, população que nos
acompanha no plenário, população que nos acompanha pela TV Alesp, hoje eu vou
falar sobre os servidores públicos municipais da cidade de Marília.
Nós recebemos
uma denúncia da presidenta Vanilda Gonçalves de Lima. Vou ler aqui a nota:
“Sindicato dos
Trabalhadores dos Serviços Públicos Municipais de Marília mobiliza no dia de
hoje os profissionais da Educação contra o Decreto nº 13.993, do prefeito
Alonso, que tira o direito ao recesso de julho e de dezembro, que coincidem com
as férias escolares.
A medida afeta
principalmente os servidores públicos com problemas de saúde que exigem
períodos de afastamento maiores, como o da saúde mental. O sindicato informa
que o Serviço Municipal de Saúde do Trabalhador, vinculado à Secretaria
Municipal de Administração, fez um levantamento preocupante para a categoria de
funcionárias e funcionários públicos da cidade de Marília.
Segundo o
serviço, somente em 2022, foram registrados 1.130 afastamentos de funcionários
e funcionárias municipais com CID psiquiátrico. CID é a Classificação
Internacional de Doenças.
Com o decreto
proposto, que está tramitando na Câmara Municipal de Marília, terão direito ao
recesso integral os servidores que cumprirem de 91 a 100% de presença no
semestre. Os que cumprirem de 75 a 90% terão direito a cinco dias de recesso.
Quem cumprir menos de 75% não terá direito ao recesso no semestre.
Para o
sindicato, esse decreto pode prejudicar ainda mais a saúde mental dos
servidores da Educação e dos demais servidores que já sofrem com a sobrecarga
de trabalho na cidade de Marília. - Sindimmar, presidente Vanilda Gonçalves de
Lima”.
É importante
trazer um pouco essa reflexão, porque quando estivemos à frente da Central
Única dos Trabalhadores, muitos sindicatos profissionais, sejam do serviço
público ou de entidades privadas, sempre traziam denúncias de descumprimento da
legislação ou a criação, como nesse caso de Marília, de um decreto que
praticamente tira do trabalhador e da trabalhadora um direito que, até então,
sempre foi um direito dos trabalhadores e das trabalhadoras daquela cidade.
É importante
lembrar também que, quando a gente estrutura uma dinâmica do trabalho... Hoje,
o trabalhador recebe por 30 dias mensais. Então, sendo 30 dias mensais, você
calcula os dias da semana.
Então, são 30
dias mensais. Quando você calcula os 30 dias mensais por 12 meses, nobre
deputada Thainara... Então calcule 12 meses por 30 dias semanais, nós estamos
falando de 360 dias no ano que o trabalhador percebe o seu salário.
Então o
empresário ou mesmo as prefeituras, o Governo do Estado, já ganha cinco dias do
salário do trabalhador já de forma direta, que nós chamamos de
abono-assiduidade, que todo trabalhador do serviço público ou privado teria que
ter esse direito: você ter pelo menos cinco dias no ano em que você pode se
ausentar do local de trabalho porque você recebe por 360 dias e não por 365
dias.
E hoje o
trabalhador municipal, no caso, da Educação, tem o direito tanto ao recesso de
julho como ao recesso de dezembro e a prefeitura, simplesmente num decreto
agora, quer acabar com esse direito do trabalhador e da trabalhadora. Então
aqui todo o nosso apoio aos trabalhadores e às trabalhadoras. Tem hoje uma
audiência pública na Câmara Municipal de Marília.
Eu quero
solicitar, Sr. Presidente, que a nossa fala no plenário seja encaminhada ao
prefeito da cidade de Marília, que seja encaminhada à Câmara Municipal de
Marília e a todos os vereadores e vereadoras da cidade, colocando o nosso
posicionamento contrário a esse decreto que está sendo apresentado no dia de
hoje, que é o Decreto nº 13.993, que foi apresentado pelo prefeito da cidade de
Marília.
E aproveitando
também, para finalizar aqui a nossa fala, fizemos um grande ato no 1º de maio
com a unidade das Centrais Sindicais aqui do estado de São Paulo por mais
empregos e renda, revogação do Novo Ensino Médio, aposentadoria digna,
fortalecimento da democracia, regulamentação do trabalho por aplicativos, fim
dos juros extorsivos, fortalecimento da negociação coletiva, desenvolvimento
sustentável com geração de empregos de qualidade, revogação dos marcos
regressivos da legislação trabalhista, trabalho igual, salário igual,
valorização do servidor público, direitos para todos, valorização do salário
mínimo, em defesa das empresas públicas e Convenção nº 156 da OIT.
Esses são temas
que foram abordados no 1º de maio das Centrais Sindicais dos Trabalhadores no
ano de 2023.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL - Obrigado,
deputado Marcolino. Seu pedido será encaminhado de maneira regimental. Chamo
agora o deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Deputado Conte Lopes. (Pausa.)
Deputada Paula da Bancada Feminista, a senhora tem a palavra pelo tempo
regimental.
A
SRA. PAULA DA BANCADA FEMINISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Toc, toc, toc, três batidas na
porta. Do lado de dentro pergunta: “Quem é?”. A resposta: “A Polícia Federal”.
Sr. Presidente, eu começo hoje a minha fala desejando uma boa tarde
especialmente ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que hoje sofreu uma operação, em
sua residência, da Polícia Federal.
Essa fala
inclusive que eu trouxe a esta tribuna foi feita por uma ex-apoiadora do então
presidente à época contra o ex-presidente e atual presidente Lula. Então eu
quero desejar uma boa tarde, porque hoje o Bolsonaro teve um bom dia e
amanheceu com a Polícia Federal na porta da casa dele, assim como o seu
apoiador Mauro Cid, seu assessor, que foi preso hoje pela Polícia Federal.
Acho muito
engraçado que um cidadão de bem esteja sendo acusado de falsificar carteira de
vacinação. Que engraçado, né? As pessoas gostam de bradar, dizer que são
cidadãos de bem, que gostam de respeitar a lei, mas falsificar carteira de vacinação
para fugir e ficar entocado nos Estados Unidos não dá. Isso é completamente
inaceitável.
E eu quero
dizer isso porque esse mesmo então presidente que falsificou carteira de
vacinação foi o responsável neste País pelas 700 mil mortes que nós batemos por
conta da Covid-19. Foi ele que zombou de pessoas agonizando sem oxigênio. Foi
ele que fez de Manaus um laboratório para atingir uma imunidade de rebanho, que
era impossível de ser atingida.
Foi ele que
demorou muito mais do que deveria para negociar a vacina. Quando o mundo
inteiro tinha vacina, nós não tínhamos condições de ter vacina no nosso braço.
Para além disso, ele também foi responsável pelo aumento da fome, pelo aumento
do desemprego e nós vimos o nosso povo em todo o País morrer de fome e morrer
de Covid-19.
Se nós
tivéssemos até hoje Bolsonaro na Presidência, provavelmente a nossa situação
seria muito pior. Quero dizer que felizmente temos o SUS e os trabalhadores do
SUS, porque foram eles, sim, que não acataram as ordens do presidente da
República e lutaram até o fim para que tivéssemos melhores condições de vida
diante da pandemia no Brasil, que foi considerado o pior país para se viver
durante a pandemia de Covid-19.
Quero dizer também
que o Bolsonaro pode preparar bolo, pode preparar café, porque com certeza ele
vai receber muitas outras visitas da Polícia Federal. Vai receber visita da
Polícia Federal para responder ao STF sobre as fake news.
Afinal, tenho
certeza de que apesar do show que estão fazendo no Congresso Nacional, nós
conseguiremos aprovar o Projeto de lei n.º 2.630, que garante a regulamentação
das redes sociais, apesar também do chilique que as grandes corporações big
techs estão fazendo.
Quero dizer que
o Bolsonaro pode também esperar, porque ele vai receber visita da Polícia
Federal para responder sobre a incitação a atos golpistas. Ou ele acha mesmo
que bradar pelo fechamento do STF, bradar pelo fechamento do Congresso
Nacional, questionar a urna eletrônica, colocar a Polícia Rodoviária Federal
para empantanar a votação nas eleições nas cidades em que o Lula teria mais
votos de acordo com os estudos deles?
Ou ele acha que
tudo isso mesmo não é ameaça democrática? Que fazer reunião com embaixador não
é ameaça democrática? Tudo isso é ameaça democrática e ele vai ter que
responder também por tudo isso, assim como o seu companheiro preso hoje, Mauro
Cid.
Quero encerrar,
Sr. Presidente, dizendo que felizmente o Brasil está mudando. Felizmente nós
lutamos e conseguimos arrancar o Bolsonaro da Presidência da República. Nós
fizemos isso em memória das mais de 700 mil vidas que foram perdidas na
Covid-19.
Daqui para a
frente é sem anistia para golpista. É sem anistia para Bolsonaro, parlamentares,
influenciadores, que apoiam e que atentam à democracia neste País. Sem anistia
para golpista no estado de São Paulo, sem anistia para golpista em todo o País.
Obrigada, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL - Obrigado,
deputada Paula. Chamo agora o deputado Tomé Abduch. (Pausa.) Deputado Leonardo
Siqueira. (Pausa.) Deputado Valdomiro Lopes. (Pausa.) Deputado Alex Madureira.
(Pausa.) Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi.
(Pausa.) Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Deputado Caio França. (Pausa.)
Deputado Vitão do Cachorrão. O senhor tem a palavra pelo tempo regimental.
O
SR. VITÃO DO CACHORRÃO - REPUBLICANOS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde a todos. Cumprimento o
presidente Guilherme Cortez, que ficou muito bem aí na Presidência, meu amigo.
Estive conversando com ele aqui ontem na bancada ao lado, e ele perguntou:
“Vitão, você já foi presidente ali?” Eu falei: “não”. “Nem eu.” Aí, olha, hoje,
nosso presidente.
Então, que Deus
abençoe, parabéns pelo seu trabalho, viu, Guilherme? Quero cumprimentar também
todos os funcionários da Casa, cumprimentar o público que está aqui, aqui é a
casa do povo, quero cumprimentar todos os faxineiros, as pessoas que fazem a
limpeza aqui. E também, em nome do pessoal da limpeza aqui da Casa, Reis, às
vezes a gente não lembra, cumprimentar todos os garis da nossa cidade.
O povo só
lembra quando tem greve, quando eles não podem trabalhar. Mas eles são de uma
importância tão relevante. E eu, que vim de uma família simples, então eu
cumprimento todos os garis do nosso estado de São Paulo e todo o pessoal da
limpeza também.
Quero aqui
agradecer, porque eu atendo muitos vereadores e hoje eu recebi, como os colegas
também, no nosso gabinete, quando o vereador vem pedir, ele vem pedir para o
seu município. Às vezes falta uma ambulância lá para a saúde. Às vezes falta
uma patrol para a área rural, onde muitas das vezes a pessoa que mora em uma
área rural não consegue nem ir ao médico e nem a criança ir à escola.
Recebi hoje a visita
do vereador Diego Costa, meu amigo, que é de São Roque, acompanhado do Lucas,
de Araçariguama, e também do vereador Baitaca, de Capão Bonito, que mora até
hoje no mesmo bairro que ele foi criado em Capão Bonito e está precisando de
recapeamento, veio buscar recursos aqui do Estado. Só que eu faço meu trabalho
dessa maneira, Guilherme, não atendo só prefeito, vereador, secretário. O
povão, tenho certeza que no seu gabinete, no gabinete aqui dos colegas também
tem acesso no nosso gabinete.
E eu tenho dois
temas aqui muito importantes, deputada do povo, você que trabalha também pelo
povo, pelas mulheres, que luta. Eu quero agradecer aqui, eu ganhei dois
presentes ontem: foi um livro de extrema importância, da Cecy Calacina, que é
“Depressão nos Quatro Cantos do Mundo”.
E é um tema
importante, porque infelizmente muita gente tira a vida pela depressão, que tem
que ser tratada. Não vou falar que eu li, que não deu tempo de eu ler o livro
ainda, e a gente tem que ser verdadeiro. E também recebi aqui um presente de um
menino, um menino simples que se chama Leandro Souza.
Ele fala sobre
os primeiros socorros. Isso inclui nas escolas, em todos os lugares, inclusive
ele lançou esse livro aqui, fez uma dedicação para mim, acho que tem até um
vídeo aí. Se puder colocar, porque aqui quem tem que ter voz é o povo.
Então, eu quero
agradecer aqui para ter primeiros socorros também nas escolas. Eu já tive um
caso, que um dia eu estava na praia, na Ilha Comprida, e tinha uma jovem
comigo. E eu vou à Ilha Comprida; meu pai é simples. Eu estava lá na Ilha
comendo um peixinho, no fim comendo um churrasco, e essa criança se engasgou
com um pedaço de carne.
Eu estava a
oito quilômetros do Boqueirão, sorte que tinha um enfermeiro no local onde não
dava tempo de eu chegar ao Boqueirão, até esses relógios, que é do Corpo de
Bombeiros, Polícia Militar, que já salvou muita gente, já fez parto na viatura,
em Sorocaba, são verdadeiros heróis. Mas a gente não tem experiência e a
enfermeira que estava junto com a gente desengasgou essa criança.
Então, a gente
pede aqui, vou fazer a indicação, fazer requerimento. Seria bom ter em todas as
escolas estaduais uma pessoa especializada em primeiros socorros. Quero
agradecer aqui também ao Leandro Souza.
Acho que ele
fez um vídeo curto explicando a vida dele, que ele perdeu o irmão aqui porque
ele não foi socorrido no emprego. Na empresa que o irmão trabalhava não tinha
nenhum socorrista.
* * *
- É exibido o
vídeo.
* * *
Deus abençoe a
todos.
Deputado, você
que foi carteiro, que é do povão também, a gente tem que atender, além de
prefeito, vereadores, os engravatados, temos que atender a população também no
nosso gabinete, que quem manda é o povo que está aqui no plenário e o povo que
vem falar com a gente. As melhores ideias, os melhores projetos de lei vêm da
população.
Que Deus
abençoe a todos.
O
SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL - Obrigado,
deputado Vitão.
Chamo agora o deputado Ricardo
Madalena. (Pausa.) Deputado Donato. (Pausa.) Deputado Reis.
O senhor tem a palavra pelo tempo
regimental.
O
SR. REIS - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Cumprimentar o Sr. Presidente que dirige os trabalhos na
data de hoje, dar os parabéns. O Vitão disse também que ele também quer ser
presidente, falei para ele que muito em breve ele vai estar aí.
Fica tranquilo,
Vitão, tem que chegar cedo aqui, eu já aprendi, tem que ser um dos primeiros a
chegar; cumprimentar o público presente, os funcionários dessa Casa, oa
integrantes da Polícia Militar, os integrantes da Polícia Civil e todos os
cidadãos e cidadãs que nos acompanham pela Rede Alesp.
Sr. Presidente,
na data de ontem esteve aqui o então Sr. Governador do Estado, Tarcísio de
Freitas, junto com o seu secretariado, secretário Arthur, secretário Derrite, da
Segurança Pública, para trazer o projeto de aumento salarial. Não é aumento de
recomposição de perdas salariais dos policiais civis e dos policiais militares.
Esse projeto
foi construído por um grupo de trabalho que foi constituído lá na Secretaria de
Segurança Pública, com a participação da Polícia Militar, da Polícia Civil, da
cúpula da Polícia Civil e da Polícia Militar, e os trabalhadores propriamente
ditos, as entidades classistas, os sindicatos, as associações de classe, esses
não participaram da construção desse projeto e vieram aumentos diferenciados.
Obviamente,
quando se tem aumentos diferenciados, nós temos a figura da insatisfação. Ou
seja, aquele que teve um pouco mais fica um pouco feliz e aquele que teve um
pouco menos fica triste.
Por isso que o
projeto como um todo acabou trazendo uma diferenciação entre Polícia Militar e
Polícia Civil, uma diferenciação que deixa a Polícia Civil muito insatisfeita,
os integrantes da Polícia Civil estão bastante insatisfeitos com esse projeto.
Os tenentes, os
2º tenentes, e os sargentos, os 3º sargentos, também bastante insatisfeitos,
porque eles tiveram índice menor, e não é à toa. Por que esse índice menor? Por
conta de que é onde está a maioria dos aposentados da Polícia Militar.
Quando o cabo
vai para se aposentar, ele tem o posto imediato, ele se aposenta como 3º
sargento. Muitos deles são do Interior, não querem vir para São Paulo para
fazer curso porque têm a família lá e o curso é feito na Capital, não no
Interior. Quando o subtenente passa ao posto imediato, na aposentadoria, para
2º tenente, é onde está a maioria dos aposentados. Por isso, o governo deu um
índice bem menor.
Além disso, tem
uma pegadinha no projeto, que eu quero alertar a todos os meus colegas
deputados e deputadas, alertar inclusive os integrantes das polícias,
principalmente da Polícia Militar, que é o Art. 8º.
O projeto traz
uma alteração na Lei Complementar 1.013, de 2007. Ele traz o seguinte texto:
“Art. 8º: a contribuição social dos militares inativos e dos pensionistas dos militares
será de 10,5% incidentes sobre a totalidade do valor dos proventos de
inatividade e pensões militares.”
Primeiro, ele
está dando um aumento menor, principalmente para esses aposentados. E ele está
dizendo que terá um desconto de 10,5% de todos os proventos. Hoje, é quando
ultrapassa o teto do INSS, ou seja, você tem um desconto de 11% quando seu
salário for superior ao teto do INSS, o teto da Previdência. Agora ele está
dizendo que vai ser 10,5% de tudo aquilo que você recebe.
Ou seja, se ele
está dando 13% de aumento e agora ele tira 10,5%, ele não está dando aumento
nenhum. É uma pegadinha que está no projeto e que, no meu entendimento, como a
última palavra é desta Casa, e não do governo, porque aqui é o povo e o povo
que dá a última palavra, nós precisamos mudar, tirar isso do texto, para não
prejudicar principalmente os que estão aposentados, os militares que estão
aposentados.
Eu sei qual foi
a luta aqui para tirar para todo o funcionalismo, os estatutários, para que
fosse o desconto acima do teto, porque estava tendo um confisco. Agora ele
propõe o que eu considero também uma proposta de confisco, esse Art. 8º.
Então, para
dizer, Sr. Presidente, como o tempo é muito resumido, da insatisfação que eu
estou observando nos grupos policiais, nos grupos da Polícia Militar, por conta
desse aumento diferenciado e também da diferenciação da Polícia Militar,
aumento para a Polícia Militar diferente do aumento para a Polícia Civil,
deixando a base da Polícia Civil mais distante da cúpula.
O aumento que foi
dado traz uma distância maior dos salários de escrivães de polícia, de
investigadores de polícia e das autoridades policiais.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL - Muito
obrigado, deputado Reis. Chamo agora o deputado Atila Jacomussi. (Pausa.)
Deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Deputado Guilherme Cortez - abro o tempo da
minha fala - Deputada Professora Bebel. A senhora tem a palavra pelo tempo
regimental.
Cumprimento
todos que nos ouvem e assistem através da rede Alesp. É sempre uma satisfação
muito... É muito importante nós estarmos usando esta tribuna, cada um do seu
lugar de fala, exatamente para expor as questões atinentes do estado de São
Paulo.
Eu quero dizer
o seguinte - aproveitando a presença do deputado Reis, que está no plenário -,
finalmente, deputado Reis, eu consegui fazer com que uma superintendência fosse
para Piracicaba fazer um credenciamento do Iamspe. Por quê?
Porque lá nós
somos um munícipio grande e pega toda a região e estava fazendo em um munícipio
pequeno que não tem capacidade de atendimento quando... Piracicaba é um... Além
de ser uma Região Metropolitana, não é só por isso, mas porque os servidores lá
estão ficando totalmente desassistidos.
Como nós vamos
ter audiência pública da nossa frente no dia 16 agora, então, a gente já pode
começar a debater essa questão da regionalização, das demandas das regiões
porque, veja bem, só a Saúde... A Educação, aliás, tem no seu plano, porque o
Iamspe não é de graça. Nós pagamos.
Então, nós
contribuímos com a Educação. Cento e oitenta e dois mil estão contribuindo...
só a Educação. E todos os servidores, 713 mil com 397 contribuintes. Só que aí
a gente soma mais os agregados, mais... Chega em uma casa de mais de 1 milhão.
Então, é um plano grande.
Agora a gente
quer saber o seguinte, a gestão precisa... Eu acho que é importante que nós...
Devemos fazer a luta pela aprovação do PL nº 52, porque dá conta de resolver
muitos dos problemas que nós temos no Iamspe, deputado Reis.
Eu me proponho,
junto com o senhor - nós vamos formar uma dupla inseparável nessa questão -,
exatamente porque é um assunto que dói de ver um servidor... Veja bem, precisa
ser atendido, não é atendido, e paga o seu plano de Saúde. Ele está pagando.
Ele tem descontado no seu holerite.
Então, é pedir
para que todos... Dia 16 vai ter a frente parlamentar, nós vamos chamar
professores, funcionalismo público, porque nós queremos dizer o seguinte: nós
vamos fazer a diferença nessa gestão, porque nós queremos a aprovação do PL nº
52, que está parado aqui nesta Casa. E há parecer favorável para que seja
aprovado.
Por último, não
menos importante, eu quero cumprimentar os trabalhadores e trabalhadoras da
Fundação Casa que estão em greve justamente, de forma justa. Por que estão em
greve?
Estão em greve
porque o governador está fazendo isso que o deputado Reis disse aqui. Criou uma
parafernália de números - que é isso que eu digo que eles fazem -, para não dar
a justiça, para criar injustiça.
Por que não dá
linear, deputado Reis? Por que um que está começando ganha mais, o outro ganha
menos? Exatamente para fragmentar e tirar a força da luta. É isso que é feito.
Isso
foi feito com os professores no estado de São Paulo. Acabaram com a carreira
dos professores. Nós não temos o direito de tirar uma licença. Se faltar uma
aula perde o dia todo. Como o professor volta a trabalhar? Não vai voltar a
trabalhar, obviamente.
Outra
incongruência, querer que o professor faça as atividades pedagógicas e
diversificadas no próprio local de trabalho. Não tem como. A escola é um lócus
de expressão em que os alunos falam. Não podemos amordaçar os alunos para a
gente poder estudar. Queremos o nosso espaço em qualquer lugar que a gente
consiga estudar. Isso é dignidade, é isso que estamos pedindo.
Eu
fui muito bem recebida na Secretaria do Estado da Educação ontem e ele ficou de
rever essas duas questões imediatamente porque isso é desumano.
Muito
obrigada, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL -
Obrigado, deputada Professora Bebel. Chamo agora a deputada Carla Morando.
(Pausa.) Chamo a deputada Andréa Werner. Abre mão do seu tempo. Chamo o
deputado Eduardo Suplicy. O senhor tem o tempo regimental para usar a tribuna.
O SR. EDUARDO SUPLICY
- PT - SEM REVISÃO DO
ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, gostaria aqui de,
hoje, fazer uma referência ao relatório denominado “Extremismo de Direita entre
Adolescentes e Jovens no Brasil: Ataques às Escolas e Alternativas para Ação
Governamental”.
Trata-se
de um assunto de extrema importância e que deve continuar a ser debatido nesta
Casa. Após ataque ocorrido no dia 25 de novembro, nas comunidades escolares da
escola estadual de ensino fundamental e médio Primo Bitti e do Centro
Educacional Praia de Coqueiral, localizados em Aracruz, no Espírito Santo,
resultando em quatro mortos e 12 feridos, tendo como autor um jovem de 16 anos,
o grupo temático da educação de transição governamental para a gestão
Lula/Alckmin, composto por diversos pesquisadores, especialistas e ativistas
elaborou este relatório.
Entre
os achados, aponta-se como os ataques às escolas estão intimamente relacionados
à escalada do ultraconservadorismo e extremismo de direita no País e à falta de
controle à criminalização desses discursos e práticas, bem como a difusão
através de meios digitais.
Não
obstante, desde o início dos anos 2000 ocorreram 16 ataques, sendo que só no
último semestre de 2022 ocorreram quatro, tendo feito ao total 35 vítimas
fatais e 72 feridos.
Conforme
exposto, o processo de cooptação pela extrema-direita se dá por meio de
interações virtuais, tais como aplicativos de mensagens, jogos, fóruns de
discussão e redes sociais. A ideia de supremacia branca e masculina é um
elemento fundamental desses grupos, tendo como exemplo extremismos durante o
século XX, com o nazismo e o fascismo italiano.
Os
alvos de cooptação são majoritariamente adolescentes brancos, heterossexuais,
tendo a misoginia um papel crucial. No processo dos meios de cooptação são
utilizados humor, estética violenta, trolagem, jogos online, uso de imagens de
ataques e manifestos de atiradores como meio de propaganda.
O relatório
aponta ainda que os casos de ataques com armas de fogo nas escolas, praticados
por alunos e ex-alunos, geralmente associados ao bullying, situações de
exposições prolongadas a processos violentos, incluindo negligências
familiares, autoritarismo parental, conteúdos disseminados em redes sociais e
aplicativos de mensagens.
No ano 2021, a
cada dia, sete crianças foram vítimas da violência letal, sendo a arma
responsável por 50% das mortes entre crianças, e chegando a 88% entre os
adolescentes.
De forma que, a
cada 60 minutos, uma criança ou adolescente morre, no Brasil, em decorrência de
ferimentos por arma de fogo, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública
de 2022.
De acordo com
levantamento do Instituto Sou da Paz, em metade dos ataques contra escolas, as
armas vieram das casas dos atiradores. Sejam de armas registradas por
colecionador, atirador desportivo e caçador, ou pertencentes a policiais.
Atualmente, o
número de armas nas mãos da população civil supera em 7,5 o total de armas
vinculadas às forças estatais de Segurança Pública, sendo o aumento do registro
de armas de fogo acompanhado do aumento do quantitativo de munição
comercializada no mercado nacional. Resultados que representam a política de
armamento da população civil adotada no governo Bolsonaro.
No Brasil
frisa-se que, ainda que os grupos não tenham relação com atos violentos, os
discursos desses grupos alimentam pragmaticamente o ultraconservadorismo,
buscando a promoção de uma agenda política moralmente regressiva, especialmente
orientada para conter as transformações relacionadas a gênero e sexualidade,
reafirmando disposições tradicionais, pontos doutrinais, dogmáticos e
princípios religiosos vistos por eles como não negociáveis.
No Legislativo,
lideranças parlamentares de extrema direita apresentam proposições para impedir
a diversidade nas escolas. Tentam barrar iniciativas propostas ou existentes,
com acusações às instituições e aos educadores de fazerem doutrinação comunista
e comporem uma inexistente ideologia de gênero. A culpa pela violência nas
escolas não pode recair sobre elas ou sobre os docentes e toda a comunidade
escolar.
É importante
que as ações para conter os ataques não fiquem apenas no âmbito da Segurança
Pública e sejam amplamente dialogadas com a comunidade escolar. A prevenção
passa por ações intra e extraescolares, por meio de trabalho intersetorial. É
fundamental que órgãos de inteligência, ligados à Segurança, monitorem
plataformas.
Que o trabalho
pedagógico seja também orientado em educação crítica da mídia e combate à
desinformação. Sendo necessário salientar o impacto negativo da diminuição da
aprendizagem, é importante que toda a comunidade escolar receba orientações
para detectar comportamentos, observar os conteúdos digitais consumidos pelos
jovens e adolescentes.
No âmbito
penal, diversas outras medidas podem ser tomadas. Entre elas, como aponta o
relatório, responsabilização dos adultos responsáveis pelo recrutamento e
aperfeiçoamento das leis para que o delito não seja visto como um ato de
liberdade de expressão.
A inserção do
policiamento ostensivo, ou artefatos de segurança, uma vez que não ataca a raiz
do problema, não surtirá o efeito desejado. Eventos como os diversos ataques
que presenciamos ultimamente são de profunda tristeza. Precisamos combatê-los
de forma efetiva, além de dar efetivo suporte emocional às vítimas.
Precisamos
garantir que as escolas sejam espaços seguros para também garantir o direito à
Educação, ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação do trabalho, como preveem os Arts. 6 e 205 da
Constituição. Só assim teremos um Brasil mais justo, fraterno e solidário.”
Sr. Presidente, eu agradeço se puder ser
publicada no “Diário Oficial”, como parte do meu pronunciamento, a íntegra
deste relatório, que tem mais de 40 páginas, mas com informações muito
importantes sobre como prevenir a violência nas escolas, que infelizmente
caracterizou os últimos tempos no Brasil.
Permita apenas dizer que eu ontem recebi a
visita dos familiares das vítimas do desastre havido em Brumadinho, lá em Minas
Gerais, e eles convidaram a mim e a todos os deputados estaduais para a
exposição sobre tudo o que aconteceu naquele desastre de Brumadinho, que está
se realizando até domingo no Aeroporto de Congonhas. São todos convidados.
O SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ -
PSOL - Muito obrigado, deputado Eduardo. Será encaminhada a
sua solicitação nos termos regimentais. Chamo agora o deputado Paulo Mansur.
(Pausa.) Deputada Valeria Bolsonaro. (Pausa.) Deputado Gil Diniz. (Pausa.)
Deputada Beth Sahão. A senhora tem o tempo remanescente para o uso da tribuna.
Chamo
o deputado Marcos Damasio. (Pausa.)
Deputada Márcia Lia. (Pausa.) Deputada Marina Helou.
(Pausa.) Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Deputado Dr. Elton. (Pausa.) Deputada
Marta Costa. (Pausa.) Deputado Rui Alves. (Pausa.) Deputado Itamar Borges.
(Pausa.) Deputada Ana Perugini. (Pausa.) Deputada Dani Alonso. (Pausa.)
Passo
para a Lista Suplementar. Deputada Márcia Lia. (Pausa.) Deputado Delegado Olim.
(Pausa.) Deputado Ricardo Madalena.
(Pausa.) Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Deputado Itamar Borges. (Pausa.)
Deputado Oseias de Madureira. (Pausa.) Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Deputado
Atila Jacomussi. (Pausa.) Deputada Carla Morando. (Pausa.) Deputado Lucas Bove.
(Pausa.) Deputado Agente Federal Danilo Balas. (Pausa.) Deputado Vitão do
Cachorrão. Abre mão do seu tempo.
Deputado
Reis. O senhor tem o tempo remanescente do Pequeno
Expediente.
O SR. REIS - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Eu volto à tribuna porque falaram que eu poderia falar mais um
pouquinho. Então, se a gente pode falar, nós temos que falar, né?
Quero dizer para a deputada Bebel que a
Frente Parlamentar em Defesa do Iamspe, do Hospital do Servidor Público, será
conduzida colegiadamente por mim, pela deputada Bebel e pelo deputado
Valdomiro, e a gente espera, sim, fazer a diferença, fazer com que realmente os
nossos servidores tenham a garantia de acesso a Saúde.
Quero dizer, deputada Bebel, deputado
Marcolino, sobre o que aconteceu hoje na casa do Bolsonaro. Eu não sou muito de
ficar falando de integrantes de outros partidos, fazendo acusações infundadas,
mas vocês sabem que o “PL do B”...
Porque aqui tem o “PL do V”, que é o PL do
Valdemar da Costa Neto, que é um pessoal mais comedido, e tem o “PL do B”, que
é o PL do Jair Messias Bolsonaro, que são aqueles que ficam atacando a esquerda
o tempo todo.
O que eu quero dizer é que, na
investigação - eu, que sou da carreira dos investigadores -, você vai atrás de
uma coisa e acha outra. Você começa a fazer uma investigação, começa a ouvir as
pessoas e vai descobrindo coisas que de repente não eram da investigação. E
eles foram até a casa do ex-ajudante de ordens do Jair Messias Bolsonaro e
encontraram lá, está na reportagem.
O Bolsonaro se recusou a falar, mas o seu
ajudante de ordens tinha lá 35 mil dólares em sua residência. Ou seja: a
polícia estava investigando a questão da vacina, dos cartões de vacinas que
foram adulterados, da falsificação e, nesse caminho da investigação, no “iter
criminis”, o caminho do crime, o que ela encontra lá?
Trinta e cinco mil dólares, e vai se
descobrindo outras coisas. Assim como foram apreendidos os celulares, tanto do
Jair como da Michelle, ali, à medida que você quebra aquele sigilo telefônico,
você vai descobrindo outras coisas. Isso é investigação.
Então, a gente
tem que ter muito cuidado quando a gente fica atacando os outros, e não olha,
não está olhando para o telhado, para o nosso telhado. Então, quando o PL vem
aqui, acusa o Lula, diz que ele é um descondenado...
E descondenado
é inocentado, mas vem de forma pejorativa. Eu gostaria de pedir para que esse
partido de direita, de extrema direita, o “PLdoB”, se contivesse.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL - Obrigado,
deputado Reis. Encerrado o Pequeno Expediente, passo imediatamente à abertura
do Grande Expediente, e convido o deputado Vitão do Cachorrão para assumir a
Presidência dos trabalhos.
* * *
-
Passa-se ao
* * *
-
Assume a Presidência o Sr. Vitão do Cachorrão.
* * *
O SR. REIS - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - VITÃO DO CACHORRÃO -
REPUBLICANOS - Pela ordem, deputado Reis.
O SR. REIS - PT - Para
inaugurar o trabalho de V. Exa., eu gostaria de fazer uma comunicação.
O SR. PRESIDENTE - VITÃO DO CACHORRÃO -
REPUBLICANOS - É regimental, tem a palavra.
O SR. REIS - PT -
PARA COMUNICAÇÃO - Sr.
Presidente,
Vitão do Cachorrão, quero dizer da graça satisfação que tenho de vê-lo sentado
aí na Mesa da Presidência, conduzindo os trabalhos agora do Grande Expediente.
Então, dou os
parabéns para Vossa Excelência. Dizer do reconhecimento do trabalho de V. Exa.
aí na Saúde, lá na sua cidade, e dar os parabéns por esse trabalho, mas eu
quero trazer aqui, comunicar a todos os deputados, as deputadas, o público
presente, comunicar um fato acontecido na data de ontem ali na assessoria da
Polícia Militar.
Isso não pode é
passar em branco, em vão, nós temos que mostrar o que aconteceu quando eu,
deputado Reis, deputado Conte Lopes, deputado Mecca, em um primeiro momento,
nós fomos impedidos de entrar ali naquela sala da Assessoria da Polícia Militar
por conta de que o Sr. Secretário de Estado da Segurança Pública estava usando
aquela sala para fazer uma live.
Então, ele saiu
daqui do Salão Nobre, aqui do salão adjunto à Presidência, se dirigiu até a
assessoria ali da Polícia Militar, e ainda ouvir ali dos integrantes da Polícia
Militar que ali é como se fosse uma embaixada. É um território neutro, aonde os
deputados só entram quando eles autorizam.
Então, eu quero
trazer o protesto aqui a esta Casa e pedir ao Sr. Presidente, o deputado André do Prado, para que ele dê ciência
ao Comando da Polícia Militar que esta Casa é uma Casa Parlamentar, esta Casa é
uma Casa do Povo, e não há de se ter restrição de acesso aos Srs. Deputados e
Sras. Deputados, como aconteceu na data de ontem.
E só após o
deputado Conte Lopes chutar literalmente ali a porta que nós entramos. E não
tinha nada demais lá porque tanto o secretário como os seus assessores, como
seu comandante geral, estavam em uma sala fechada fazendo uma live, usando a
estrutura pública desta Casa fazendo uma live. Não tinha problema nenhum que os
deputados pudessem então estar ali na antessala.
Então, deixo
aqui o protesto, e peço ao Sr.
Presidente que tome as providências.
Muito obrigado,
Sr. Presidente, Vitão do
Cachorrão.
O SR. PRESIDENTE - VITÃO DO CACHORRÃO -
REPUBLICANOS - Obrigado, deputado Reis. Parabéns
pelo excelente trabalho. Eu também sou fã do trabalho de V. Exa., muito
obrigado pela palavra.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - Pela ordem, presidente.
O SR. PRESIDENTE - VITÃO DO CACHORRÃO -
REPUBLICANOS - Por
favor, deputada.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - Gostaria
de anunciar e agradecer a presença do vereador de Itapira, Leandro, que hoje
está aqui com a gente na Assembleia Legislativa, buscando recursos e ajuda para
a Saúde, para a Educação e para a Infraestrutura da cidade dele. É um prazer
receber o senhor na nossa Casa.
O SR. PRESIDENTE - VITÃO DO CACHORRÃO -
REPUBLICANOS – Parabéns! Aqui é a Casa do povo,
Monica Seixas, nossa amiga, deputada do povo. Seja bem-vindo.
Iniciando o Grande Expediente, tempo
remanescente de seis minutos, nosso amigo Guilherme Cortez tem o uso da
palavra.
O
SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito boa tarde, mais uma vez, aos Srs. Deputados, às
Sras. Deputadas, a todos os trabalhadores e servidores desta Casa. Boa tarde ao
presidente e boa tarde apenas, acho que não é o caso, para o ex-presidente Jair
Bolsonaro, que acordou no dia de hoje com a Polícia Federal à sua porta,
cumprindo uma ação importantíssima no inquérito que investiga o roubo de joias,
de quando o hoje ex-presidente ainda estava no governo.
É inacreditável
o nível de corrupção desses que estiveram no governo federal ao longo dos
últimos quatro anos. Eles levaram a corrupção ao nível dos ladrões de galinha,
de roubarem o que conseguem colocar nos bolsos e carregar, inclusive joias e
materiais preciosos que são patrimônio do povo brasileiro.
Acho muito
importante essa ação da Polícia Federal no dia de hoje, porque o Estado
Brasileiro tem que fiscalizar e responsabilizar todos os culpados pelo
cometimento de crimes, independentemente de suas funções, inclusive sendo
ex-presidente da República.
Então, quero
parabenizar essa ação que foi realizada hoje e dizer que são inacreditáveis os
indícios de que um ex-presidente de República que causou tanto mal para o país
no meio da pandemia e que fez tudo o que pôde para desacreditar a vacinação,
poderia ter, ele próprio, adulterado a sua carteira de vacinação e de sua
família para poder entrar ilegalmente nos Estados Unidos. É inacreditável que a
gente esteja falando da ação de um então presidente da República no exercício
do cargo.
Quero lamentar
essa situação e fazer votos de que a investigação sobre o esquema de roubo de
joias siga e todos os responsáveis sejam responsabilizados e punidos, inclusive
o ex-presidente Jair Bolsonaro, por todos os crimes que cometeu contra o país,
sendo o suposto roubo de joias apenas um deles.
Há muitos
outros crimes que o ex-presidente Bolsonaro cometeu, como crimes contra a Saúde
pública e improbidade administrativa. Espero que todos eles sejam investigados
e que nenhuma pessoa que atentou contra o nosso país ao longo desses últimos
anos saia impune.
No tempo que me
sobra, quero falar sobre a situação dos trabalhadores do sistema socioeducativo
do estado de São Paulo, em especial da Fundação Casa, trabalhadores esses que
estão em greve e que hoje ocuparam a Assembleia Legislativa por uma
reivindicação mais do que justa: o seu direito de poder trabalhar dignamente.
Ontem, o
governador Tarcísio e o secretário de Segurança Pública, capitão Derrite,
estiveram aqui para anunciar um projeto de recomposição salarial dos
trabalhadores da Secretaria de Segurança Pública. Nós nos manifestamos que
podem contar com a bancada do PSOL para qualquer medida que melhore as
condições de vida e de trabalho dos nossos servidores públicos da Segurança e
de todas as categorias.
Agora, essa
proposta, até o momento, ainda exclui os policiais penais e os trabalhadores da
Fundação Casa, que pertencem a outras secretarias, mas que também exercem um
trabalho fundamental na Segurança Pública do estado, para o sistema
socioeducativo, e que merecem, portanto, ser valorizados adequadamente.
A proposta de
reajuste salarial que foi oferecida aos servidores da Fundação Casa, de 5,75%,
está muito abaixo do que a categoria merece e reivindica e não repõe sequer as
perdas da inflação. Então, é um desrespeito com os servidores da Fundação Casa,
que arriscam a sua vida e que já trabalham em condições insalubres.
Aqui, quero
deixar registrados os nomes dos servidores Claudete, Chiquinho, Evaldo e
Arnaldo, servidores que perderam a vida ao longo dos últimos anos durante o seu
trabalho.
Em memória
desses servidores, nada mais justo que os seus colegas de trabalho, os
trabalhadores da Fundação Casa, tenham um reajuste salarial adequado para que
possam trabalhar em condições de dignidade.
A Fundação
Casa, aliás, é um instituto cheio de problemas, que já foi multado pelas
condições desumanas a que submete os seus internos, que já foi processado por
demissões ilegais que realizou e que os servidores da Fundação Casa, do sistema
socioeducativo, recorrentemente acusam por assédio moral e maus tratos.
É uma categoria
com uma grande presença feminina. Inclusive, eram maioria, as trabalhadoras que
ocuparam a Assembleia hoje para discutir a situação da Fundação Casa.
Então, mais uma
vez, quero dizer que nós, da bancada do PSOL, vamos apoiar qualquer medida para
melhorar as condições de trabalho dos servidores públicos, deputado Vitão,
porque na contramão daqueles que querem demonizar o serviço público, que querem
deteriorar o serviço público, nós temos a consciência de que o serviço público
é o que garante o acesso da população aos seus direitos mais prementes.
O servidor
público é aquele que garante que a população vai ter acesso à Saúde pública, à
Segurança Pública, à escola pública. E a realidade que os servidores públicos
do estado de São Paulo enfrentam é uma realidade muito difícil por conta de
décadas de governos do PSDB, que foram governos inimigos do funcionalismo e do
servidor público e sobretudo na área da Segurança Pública e do sistema socioeducativo.
Com essa troca
de governo a gente espera que o novo governo do estado de São Paulo mude a sua
postura, mas se não o fizer pode ter certeza que a bancada do PSOL e de todos
os partidos de esquerda e da oposição vão cerrar fileiras aqui na Assembleia
Legislativa para impedir qualquer retrocesso contra as condições de trabalho
dos nossos servidores públicos.
Por isso,
deixar aqui registrado mais uma vez o nosso apoio, a nossa solidariedade
incondicional aos servidores da Fundação Casa, que estão lutando por nada mais
justo do que o seu direito trabalhista, um reajuste salarial, a sua dignidade
como trabalhadores, como servidores públicos que são, que prestam serviços
essenciais para o estado de São Paulo.
E os nossos
votos que o governo do estado de São Paulo tome providências, negocie
adequadamente com respeito com a categoria dos trabalhadores do sistema
socioeducativo do estado de São Paulo, porque eles merecem mais valorização e
melhores condições de trabalho para seguirem prestando um serviço tão essencial
como já fazem no estado.
Obrigado,
deputado Vitão. Boa tarde a todos.
O
SR. PRESIDENTE - VITÃO DO CACHORRÃO - REPUBLICANOS - Com
a permuta do deputado Valdomiro Lopes, a deputada Andréa Werner tem a palavra
no Grande Expediente.
A
SRA. ANDRÉA WERNER - PSB -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, presidente Vitão. Boa tarde a todos e todas,
colegas, funcionários desta Casa. O que eu trago aqui é muito sério. Se você
tem plano de saúde preste atenção no que eu vou falar neste momento, colegas
deputados, colegas deputadas.
Eu trago aqui
uma preocupação muito grande e algo que tudo indica que é uma grande violação
dos direitos das pessoas com deficiência e com doenças crônicas graves. No fim
de semana passado, algumas pessoas começaram a me mandar pedidos de ajuda nas
redes sociais.
Mães, pais de
pessoas com deficiência, irmãos de pessoas com deficiência e pessoas em
tratamento oncológico, Vitão, receberam e-mail do plano de saúde, que eu vou
pedir agora para a Casa colocar aqui no telão, simplesmente comunicando
unilateralmente, sem possibilidade de negociação ou de diálogo, que o contrato
não seria renovado.
Este e-mail
aqui superdelicado falando o seguinte: “Olhe, cidadão, você ficou muito caro
para a gente, então a gente teria que aumentar muito a sua mensalidade para
você continuar dando lucro para o nosso plano; aí você não conseguiria pagar
porque você é pobre. Então agora você não serve mais para a gente e a gente
está cancelando o seu plano”.
As pessoas
começaram a receber esse e-mail. Pessoas que dependem desses planos para terem
acesso às terapias, às consultas, a tratamento para ficar vivo, pessoas que
estão fazendo tratamento de câncer.
Pessoas que
pagaram durante anos mensalidades religiosamente na data sem atrasar para ter
um mínimo de acesso à saúde, uma segurança, foram abandonadas de um dia para o
outro com essa hipocrisia desse e-mail aí. Isso já é grave, mas piora.
Isso aí veio de
um plano de saúde específico, só que um dia depois eu comecei a receber e-mails
de outras pessoas falando de outros dois planos de saúde fazendo exatamente a
mesma coisa. O mesmo texto, os mesmos termos, mas que coincidência, não é
mesmo? Como que a gente explica essa coincidência?
Como que
empresas diferentes, num prazo de 24 horas, mandam um comunicado quase que
idêntico para um grupo específico de pessoas - pessoas com deficiência, pessoas
em tratamento oncológico? É muita coincidência.
Enquanto isso,
nas redes sociais, a Associação Brasileira dos Planos de Saúde conta histórias
lindas: cachorrinhos, florezinhas.
Fizeram uma
página nova com uma campanha que se chama “Todos por Todos” muito bonita. Lá
eles contam como que os planos de saúde funcionam de forma coletiva. Tem “post”
falando sobre empatia, coletividade, a importância da saúde, da família, da
união.
É uma campanha
realmente muito bonita da Associação Brasileira dos Planos de Saúde. Eu queria
muito saber da Abramge, que vai ver esse vídeo em algum momento, o que eles
pensam sobre isso, sobre esses emails que as pessoas estão recebendo.
Sobre de
repente, do nada, planos diferentes tirarem a cobertura dos cidadãos, deixarem
eles na mão: pessoas com deficiência, pessoas em tratamento oncológico. O meu
email está no site da Alesp e eu queria muito que a Abramge entrasse em contato
comigo e falasse o que eles acham dessa coincidência que aconteceu nesse fim de
semana.
Quando eles
falam “todos por todos”, é bem difícil de a gente entender quem são esses
“todos” que eles estão falando. Todos os assegurados pagam as suas mensalidades
e o dinheiro vai para esse tipo de campanha, que está sendo feita lá no
Instagram da Abramge, ou para o bolso dos acionistas.
Quanto será que
custou essa campanha que está sendo feita? Tem outra coisa também, Vitão: eles
usam para viagem de lobby. O jornal “Estado de S. Paulo” publicou no dia 5 de
março uma reportagem que escancarou o uso desses recursos de planos de saúde
com lobby.
Eles mostraram
lá que a Associação Nacional das Administradoras de Benefícios patrocinou um
evento na Bahia que foi uma falta de vergonha. O patrocínio também garantiu um
painel para defender o rol taxativo, neste evento patrocinado.
Inclusive, o
rol taxativo caiu ano passado, deputada Beth, porque várias mães ativistas,
dezenas, do Brasil inteiro - e eu estava no meio dessas mães ativistas - se
acorrentaram lá na porta do STJ no sol de Brasília e se articularam com
deputados e senadores para aprovar um projeto de lei para derrubar essa decisão
do STJ que transformou o rol da ANS em taxativo. Foi por isso que ele caiu. E
defendendo os direitos das pessoas com deficiência e doenças raras.
Enquanto a
gente estava acorrentada debaixo do sol de Brasília para tentar garantir os
direitos dos nossos filhos e dos filhos de outras pessoas, que não podiam estar
lá com a gente, esse evento lá na Bahia, que levou pessoas importantes, que os
planos de saúde levaram para lá, tinha voucher de desconto para aluguel de
lancha, tinha hospedagem paga em resorts cinco estrelas e show para duas mil
pessoas.
Foi isso que
aconteceu lá na Bahia. Para o cidadão comum que precisa de tratamento, de
reembolso, não é tão rápido assim, a coisa não é tão bonita. É difícil, demora,
tem que chorar, tem que abrir reclamação na ANS, tem que judicializar muitas
vezes. Pelo jeito, a ajuda, quando ele mais precisa, some. É isso o que
acontece.
O dinheiro que
você pagou todos os meses com muito sacrifício, cumprindo ali o seu compromisso
com o coletivo, que a Abramge colocou inclusive na sua campanha, não tem mais
valor no momento em que eles decidem que você não vai dar lucro para eles,
então você não serve para eles mais.
A empatia está
linda no Instagram, mas no mundo real ela não vale nada. E não é só isso: a
gente também recebeu, desde o mês de março, várias denúncias sobre planos de
saúde que estão descredenciando clínicas que atendem crianças e adolescentes
com deficiência.
Do nada, os
pais recebem um comunicado assim: “Olha, eu sei que o seu filho faz tratamento
nessa clínica há anos, ela está meio cara para a gente, a gente não vai pagar
mais.” Então agora você vai nessa clínica que fica a 40 ou 50 minutos da sua
casa, com um profissional que nem tem essa especialização, que vai atender seu
filho durante só 15 minutos, em locais insalubres, distantes, com profissionais
não qualificados, locais sem nem mesmo o alvará do Corpo de Bombeiros. Tudo
para cortar custo, tudo em nome do lucro.
Enquanto isso
as crianças perdem terapia, elas perdem o acompanhamento. Essa perda da
qualidade de intervenção precoce tem um custo lá longe. Quem é pai e mãe de
criança com deficiência sabe do que eu estou falando. Como é importante a
intervenção precoce.
Essa conta vai
chegar para essas famílias. Essas crianças vão ter dificuldade na escola, vão
ter mais dificuldade de autonomia no futuro, vão ter dificuldade de conseguir
um trabalho, vão ter dificuldades na vida futura.
Agora quero
lembrar à Abramge o seguinte: uma dessas mães que estavam acorrentadas na
frente do STJ, no sol de Brasília, no ano passado, foi eleita deputada na casa
legislativa maior da América Latina, que sou eu. Então agora eu estou lutando
com outras armas.
Eu oficiei o
Ministério Público para começar uma investigação urgente sobre esses términos
arbitrários, que estão deixando as mães desesperadas. Como presidente da
Comissão das Pessoas com Deficiência aqui na Alesp, eu vou entrar com um
requerimento para convidar o pessoal da Abramge e os representantes dos planos
de saúde para virem a esta Casa se explicar para a gente sobre esses cortes
arbitrários unilaterais de planos de saúde dos cidadãos. O direito à saúde tem
que estar acima do direito ao lucro.
Muito obrigada.
O
SR. PRESIDENTE - VITÃO DO CACHORRÃO - REPUBLICANOS - Seguindo
a lista dos oradores inscritos, tem a palavra a deputada Beth Sahão.
A
SRA. BETH SAHÃO - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente
Vitão do Cachorrão, prazer tê-lo aqui presidindo essa nossa sessão. Saudar o
senhor, saudar todas as deputadas, os deputados presentes nesta sessão, o
pessoal que está na galeria.
Hoje é um dia
que o assunto é o que aconteceu na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Eu
queria fazer aqui uma breve retrospectiva, que eu considero extremamente
importante para que possamos compreender os fatos que redundaram nessas
atitudes da Polícia Federal, que foram ditas pelo ministro do Supremo,
Alexandre de Moraes.
Primeiro, a
pandemia. Todo mundo passou por uma pandemia aqui, sabemos o que significou a
pandemia para nós no Brasil. A falta de pessoas que eram negacionistas, que não
queriam tomar vacina.
O esforço que a
ciência fez, que muitas autoridades fizeram na época para que houvesse um
número grande de pessoas que pudessem ser vacinadas, já que comprovadamente a
vacina salva vidas. Salvou milhões naquela ocasião e continuará a salvar vidas,
não só em relação à pandemia, mas em relação a tantas outras doenças.
Bem, Bolsonaro
disse que não se vacinaria, e mais: estimulou a população a fazer o mesmo.
Vocês se lembram, ele dizia que quem tomasse vacina iria virar jacaré. Eu até
me lembro que, quando fui tomar a primeira dose de vacina, fui com uma
camisetinha com um jacarezinho, mostrando que eu não virei jacaré ao tomar a
vacina.
Depois ele
disse que - não satisfeito em virar jacaré, como ninguém virou jacaré - quem
tomasse vacina iria contrair Aids. Também nada aconteceu e não houve nenhuma
correlação entre a fala irresponsável do presidente na época e a vacina.
Não satisfeito,
ele ainda criticou que a vacina vinha da China, era de origem chinesa e,
portanto, não carregava consigo “know-how” necessário das vacinas que eram
produzidas em outros países, como Inglaterra, Suíça, Estados Unidos, entre
outros. E o que ele faz? Ele decreta 100 anos de sigilo sobre o seu cartão da
vacina, e certamente de seus familiares.
O governo Lula
entrou e revogou os sigilos de Bolsonaro, todos eles. Todos os sigilos, não só
em relação à vacina, porque o Bolsonaro estabeleceu uma série de sigilos, que
graças a Deus e graças a Lei de Acesso à Informação...
Que, aliás, é
uma lei que precisa ser saudada e precisa ser preservada o tempo inteiro porque
ela é importantíssima, na medida em que assuntos que são de interesse do País,
de interesse de toda a sociedade brasileira têm que vir à tona sim,
principalmente se esses temas estão relacionados às autoridades. Autoridades
têm a obrigação de abrir aquilo que é de interesse nacional, que as pessoas, os
cidadãos têm o direito de acompanhar o que acontece.
Pois bem, a
imprensa teve acesso a esse cartão. Aliás, nunca é demais salientar que hoje as
entidades internacionais, que acompanham como que é o país em relação a
liberdade de imprensa, o Brasil no governo Lula cresceu 18 posições. E hoje já
não ocupamos mais aquelas posições vergonhosas de imprensa que era perseguida,
que era ofendida, que era agredida durante os quatro anos nefastos do governo
Bolsonaro.
Nós tivemos a
primeira fraude nesse episódio. De posse das informações, descobre-se que havia
um registro da vacina. Bolsonaro havia sido vacinado numa UBS do Parque
Peruche, na zona norte de São Paulo, supostamente vacinado em 19 de julho de
2021. Vejam a história.
A tal
falsificação teria servido para ele ir aos Estados Unidos discursar na
Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2021. Era indispensável a apresentação
do cartão de vacina para ingressar nos Estados Unidos.
É bom que as
pessoas possam acompanhar esse enredo, porque é um enredo muito ruim, mas é
preciso saber cada uma das suas etapas.
A segunda fraude,
em dezembro de 2022, para fugir para os Estados Unidos, Bolsonaro, por meio de
seu ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, que foi preso hoje, um dos
presos, aciona um vereador do Rio de Janeiro. Por meio da Prefeitura de Duque
de Caxias, faz-se um registro de vacinação do cartão de Bolsonaro.
Dias depois, em
27 de dezembro, o registro é apagado. Bolsonaro viaja para os Estados Unidos no
dia 29 de dezembro de 2022, aliás ainda bem que ele teve a hombridade de não
passar a faixa presidencial para o presidente eleito, na ocasião Luiz Inácio
Lula da Silva.
De posse da
informação de vacinação em São Paulo, a Controladoria Geral da União, a CGU,
encaminha o caso para a Polícia Federal, porque ela era obrigada a fazê-lo. O
mínimo que tinha que fazer era encaminhar para a Polícia Federal.
* * *
- Assume a Presidência a Sra. Beth Sahão.
* * *
A Polícia
Federal então investiga se esse cartão do Bolsonaro e de sua filhinha eram
falsos ou não. E aí vem a pior história disso tudo. Que a filha do Bolsonaro e
da Michelle, ambos deixaram de vacinar a sua filha.
Isso significa
uma violação dos deveres dos pais. Sabe por quê? Porque pais, deputado Suplicy,
têm que zelar pelos cuidados, pela saúde, pela formação, pela educação de seus
filhos, sobretudo se essas crianças ainda se encontram numa idade considerada
de altíssima vulnerabilidade, e a filha dele tem 12 aninhos de idade.
E aqui vou
citar dois artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente, do ECA, que é uma
das leis mais bem elaboradas, consideradas mais bem elaboradas por
especialistas da área em todo o mundo, não é do Brasil.
“Art. 14 - É
obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades
sanitárias”, o que exatamente era o que estava acontecendo. As autoridades
sanitárias estavam recomendando que toda a população se vacinasse, sobretudo as
nossas crianças que já tinham entrado na faixa etária da vacinação.
“Art. 249 -
Descumprir dolosa ou culposamente os deveres inerentes ao poder familiar ou
decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária
ou conselho tutelar”.
E o Código
Penal Brasileiro estabelece, no seu “Art. 132, expor a vida ou a saúde de
outrem a perigo direto e iminente”.
Quer dizer,
aqui nós temos várias ilicitudes, aqui nós podemos dizer que temos vários
crimes que foram cometidos pelo ex-presidente. E é muito sério isso, muito
grave o que aconteceu, a falsificação.
E hoje a
Polícia Federal acabou há poucos instantes, confirmou que houve realmente a
falsificação dos cartões de vacinação tanto dele, que é dono de si e vai
responder pelos seus atos, mas o problema é a falsificação do cartão da sua
filha, uma criança de 12 anos.
Os crimes: a
Polícia Federal então faz operação de busca e apreensão com base nos crimes de
infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de
dados falsos em sistema de informação e corrupção de menores.
Sabe por quê?
Porque quando se faz essa negligência e se deixa de cuidar de uma criança de 12
anos pelos pais, os pais acabam infringindo a lei, que determina que há uma
corrupção de menores.
A Polícia
Federal cumpriu, no total, 16 mandatos de busca e 6 de prisão preventiva em
Brasília e no Rio de Janeiro. Dentre os presos, estão o tenente-coronel Mauro
Cid Barbosa, Sérgio Cordeiro, Luís Marcos dos Reis, Ailton Gonçalves Barros,
ex-militares, Max Guilherme, ex-policial militar do Bope, e João Carlos Brecha,
secretário do município de Duque de Caxias.
Sr. Presidente,
essa é uma triste história, uma história recheada de ilicitudes, uma história
recheada de crimes e que precisa ser prontamente esclarecida e os culpados
prontamente responsabilizados e punidos.
Muito obrigada,
Sr. Presidente.
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada,
deputada Beth.
A
SRA. BETH SAHÃO - PT - Pela ordem, Sra.
Presidente. É que eu não a vi aí, não sabia que havia tido a substituição do
Cachorrão por Vossa Excelência. Portanto, quero cumprimentá-la por conduzir
esta sessão.
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Sra.
Deputada. É bom, os meninos estão dividindo o espaço conosco hoje, os meninos
deputados que aqui estiveram antes.
Passo, então, a chamar a deputada
Analice Fernandes. (Pausa.) O nobre deputado Eduardo Suplicy, nosso sempre
senador. Muito obrigada, deputado. Tem V. Exa. o tempo regimental de dez
minutos, Sr. Deputado.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Querida deputada Bebel, que bom nós termos na
Presidência uma mulher da qualidade de V. Exa., que sempre está nos inspirando
a fazer melhor o nosso trabalho.
Hoje nosso
querido Dr. Drauzio Varella completa 80 anos. Há um artigo publicado em 30 de
abril de 2023 sobre como o Brasil não pode fechar os olhos para o fentanil,
como fez com o crack, disse Drauzio Varella. Para o médico, o País poderá
enfrentar tragédia semelhante à dos Estados Unidos com a droga se não adotar
medidas preventivas.
Nessa matéria,
nessa entrevista, de Cláudia Collucci, diz o médico Drauzio Varella, de 79
anos, agora, hoje com 80, que muito provavelmente o Brasil enfrentará tragédia
semelhante a que os Estados Unidos enfrentam hoje com um opioide desses, 50
vezes mais potente que a heroína e 100 vezes mais que a morfina, caso o País
não adote estratégias preventivas urgentemente.
Temos que fazer
com fentanil o que não fizemos com a entrada do crack. O crack, nos anos 80,
estava lá nos Estados Unidos, em Nova Iorque, em Chicago, no meio da população
mais pobre, entre os negros. No Brasil a gente agiu como se aquilo não
existisse. “Não podemos educar a população, educar as crianças?” - disse ele em
entrevista à “Folha”.
“Não é agora,
com 80 anos, que eu vou desacelerar”, diz Drauzio Varella. Segundo o médico,
apesar da descrença no potencial de ações preventivas, elas funcionam. “Aí
falam: ‘educação não adianta’. É claro que adianta! Essa geração atual fuma
menos cigarros do que a minha porque foi educada, nós não.
Não podemos
fechar os olhos, esperar chegar e começar a morrer crianças por causa da
depressão respiratória provocada pelo fentanil”.
Na última
quinta-feira feira, dia 27, agentes da Receita Federal apreenderam 60 cápsulas
de fentanil no Centro de Tratamento de Cartas e Encomendas dos Correios de
Manaus, no Amazonas. Em fevereiro a polícia teve a primeira apreensão do
produto no Brasil, foram 31 ampolas no Espírito Santo.
“É um opioide
com margem de segurança muito pequena, causa morte súbita, não dá tempo para
nada”, explica o Dr. Dráuzio, que é colunista da Folha. Uma dose de 2
miligramas pode provocar parada respiratória quase imediata, além de efeitos
alucinógenos e de euforia.
A droga é
potencialmente letal por afetar a consciência e pode causar paralisia nos
pulmões. Para compensar a falta de oxigenação, o coração aumenta o ritmo
cardíaco, o que aumenta o risco de uma parada cardíaca.
Conforme o
Centro de Controle e Prevenção de Doenças, agência que compila dados de saúde
pública nos Estados Unidos, desde 2019 a substância se tornou a principal causa
de morte entre pessoas de 18 a 45 anos no país, superando o Covid, o câncer,
suicídios e acidentes de carro.
Em 2022 foram
registradas 107.375 mortes por overdose nos Estados Unidos. Dessas, 67%
envolveram o fentanil. Geralmente misturado a outras drogas ilícitas, o que
dificulta que os usuários saibam o perigo do que estão consumindo.
Sra.
Presidenta, ali na Câmara Municipal costumava haver um copo de água para o
orador na tribuna. Não sei se aqui a senhora pode, eventualmente, providenciar.
“Noventa por
cento do tráfico da substância vem da China e depois para os cartéis mexicanos,
que têm as rotas de entrada nos Estados Unidos. Aí começaram a misturar o
fentanil com outras drogas, como morfina e cocaína, que ficam muito mais potentes.
Eles calculam que 70% da cocaína vendida em Nova Iorque tenha fentanil
misturado”, relata o Dr. Dráuzio.
Segundo o
médico, o consumo começou entre os usuários “barra-pesada”, “mas agora já
espalhou entre a garotada. As famílias não têm como controlar, é um
comprimidinho que eles colocam no bolso, chegam em casa e tomam”.
Em entrevista,
o Dr. Dráuzio Varela também discorreu sobre os rumos da facção criminosa PCC,
que neste ano completa 30 anos de existência e que ele viu nascer quando
realizava atendimentos no Carandiru.
Para ele, a
tese de alguns pesquisadores de que o PCC se transformou em um cartel de drogas
com grande chance de virar um grupo mafioso já é uma realidade. “Eles entraram
para o ramo das drogas e dominaram.
O passo
seguinte é criar um grupo mafioso como na Itália, que hoje está presente no
mercado imobiliário e em outras áreas. Como dominavam o poder político, foram
criando uma estrutura”.
Na sua opinião,
o PCC seguirá o mesmo caminho, investindo dinheiro na droga, em áreas da
economia, como transporte coletivo e imóveis.
* * *
- Assume a
Presidência a Sra. Monica Seixas do Movimento Pretas.
* * *
Por mais de 30
anos atendendo em centros de detecção e de detenção, o Dr. Drauzio Varella se
recorda do tempo em que o PCC começou colocando ordem nas cadeias, onde recruta
seus soldados do tráfico. “Você pega um moleque de 19, 20 anos, como tantos que
eu conheci na cadeia, e coloca num xadrez com 30 homens. Eles - o PCC -
oferecem proteção para o moleque e para a família dele, e a sociedade oferece
alguma opção? Nenhuma.”
Eu quero muito
cumprimentar o Dr. Drauzio Varella, que hoje completa 80 anos, e dizer, Sra.
Presidenta, que eu já formulei um convite ao Dr. Drauzio Varella para que ele
possa fazer uma conferência para a Comissão de Direitos Humanos, tanto da
Assembleia Legislativa quanto da Câmara Municipal de São Paulo.
Sobretudo para
nos trazer aqui as suas reflexões com esses 30 anos de experiência na
convivência com pessoas no sistema carcerário, mas sobretudo com muita
experiência com pessoas que se envolveram com a utilização das drogas.
E também para
que ele possa nos falar a respeito de como avançar na resolução dos problemas
da Cracolândia. Estou esperando a resposta do Dr. Drauzio para dizer qual será
o dia em que ele irá falar para esse grupo de trabalho que estuda os problemas
da Cracolândia.
Muito obrigado.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Obrigada, deputado Eduardo Suplicy. Também quero desejar feliz aniversário ao
Drauzio Varella.
Seguindo a ordem dos inscritos,
deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Professora Bebel em permuta com a deputada
Ana Perugini.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sra. Presidenta. Eu fico contente quando me
dirijo a uma mulher na Presidência da Assembleia Legislativa. Cumprimento a
Mesa de trabalhos, a assessoria à minha esquerda e à minha direita, os Srs.
Deputados, enfim, todos que nos ouvem e assistem através da Rede Alesp.
Eu volto a esta tribuna novamente para,
enfim... Primeiro eu acredito que o nobre deputado Eduardo Suplicy - meu sempre
senador, porque será, de coração e de história - traz para nós uma
experiência... Uma experiência, não, um personagem que tem experiências
interessantíssimas e se aprofunda nelas, que é o Dr. Drauzio Varella, que hoje
está aniversariando.
Então, meus
parabéns a ele e, mais que isso, que ele viva mais tempo para nos presentear
com as pesquisas que ele faz, com o acompanhamento e com as análises que ele
produz.
Eu lia, no
domingo, exatamente um artigo dele na “Folha de S. Paulo” que trata do uso
inadvertido das redes sociais pelos jovens, e ele diz: “eu vejo com muita
tristeza porque no meu tempo, quando eu era jovem, quando eu era criança,
moleque, a gente ia para a escola e depois a gente ia brincar na rua. A rua era
o nosso universo. Na rua, a gente jogava, brincava.
Então nós
tínhamos o grupo da rua, que não tinha nada engradado, que não tinha nada
fechado. Tinha muita vivacidade, e criatividade também. Lamentavelmente, até as
ruas hoje são inseguras. E os jovens estão indo muito para as redes sociais,
sem nenhum controle”.
Ao mesmo tempo
que eu li esse texto do doutor Dráuzio Varella, eu também, no “Fantástico”,
estava assistindo essa questão dos jovens, da juventude estar muito dentro das
redes. O que é lamentável. Eles estão indo para um site, um espaço, que chama
“Discord”. E aí eu fiquei assustada. Porque eu chamei a Manuela na hora.
Falei: “Manu,
qual é a plataforma que você está usando?”
“Discord,
mamãe.”
Falei: “Manu, a
mamãe vai ter que conversar com você.”
Porque não tem
nenhum controle, esta plataforma. Nenhum. Não precisa ter identificação, não
precisa nada. É só entrar, deputada. Então, quer dizer, quem vai tomar conta
disso?
Então, por
isso, a CPI das Fake News, mais do que censura, ela é, na verdade, um
salvamento às vidas de jovens. Porque, desculpe, o Brasil, depois de quatro
anos, está eivado de uma parte da sociedade, que o ódio tomou conta,
lamentavelmente.
Mas não só o
ódio. Por não ter tanto a relação e a correlação do amor, da solidariedade, da
empatia, entre os cidadãos e cidadãs, isso passou a ficar algo meio que, eu
diria, natural. E não se naturaliza esse tipo de atitude, frieza, nada disso.
Então nós vamos ter que começar a trabalhar.
Eu até me
dispus. Acho que esta Casa pode e deve. Eu não acho que a gente tem que ter a
CPI, mas eu acho que nós temos que formar uma comissão, deputada Monica. E eu a
convido. Porque nós podemos fazer uma frente, uma comissão.
Vamos fazer uma
comissão para que a gente crie um marco regulatório desta Casa, para que a
gente também dê segurança para os pais. Porque eu sou uma mãe que passei pela
escola. E aquelas mães que o filho tem um celular, mas ela não tem com quem
falar?
Então eu acho
que nós podemos sair daqui... já convido, vamos marcar uma primeira reunião.
Fica o convite para outros deputados e deputadas porque me preocupou muito. Eu
mesma, ter na minha casa, a minha filha, no tal do Discord.
“E as outras
amiguinhas?”
Eu falei: “Sabe
o que vai acontecer? Vai acontecer que vocês vão virar presa fácil de qualquer
pedófilo, de alguém que vai dominar, vai perseguir você.”
Por exemplo, é
fã do BTS. Ela ama o tal do BTS.
“Pois bem, bota
um BTS lá, e alguém faz de conta que o BTS está falando com você. Mas não é o
BTS. Não é o seu conjunto. Não é a pessoa que você gosta. É outra pessoa.
Depois ela aparece e vai fazer estupro sexual, virtual, com vocês.”
Então nós temos
que ter esse cuidado, sim. Não é demais a gente ter esse cuidado com a nossa
juventude. Porque, quando ela puder escolher, ela vai saber escolher, ela vai
enfrentar. Mas eles não têm capacidade de enfrentamento agora. Elas caem, eles
caem no jogo. É difícil a gente sair disso.
Antes de
terminar a minha fala, eu quero me ater à minha categoria, que são os
professores do estado de São Paulo. Eu tenho orgulho de ela ser originária, de
ser presidente ainda do maior sindicato da América Latina, mas também assistir,
notoriamente, que algumas categorias terão reajuste, e nada para nós, a não ser
o desmonte da carreira que a gente assistiu no ano passado.
Tanto é
verdadeiro que aquele subsídio aprovado no ano passado não era bom, que 1,35%
dos professores que poderiam optar, optaram. Por que os restantes não optaram?
Porque caiu, na realidade, aquilo que nós dizíamos. É precarização e é, na
verdade, trabalho escravo. É desta forma que os professores estão se sentindo
nas escolas públicas.
Imagine, fazer
atividades pedagógicas diversificadas, ou seja, ler um livro, corrigir uma
prova, em ambiente desfavorável, é para fazer de conta. Ou: “eu preciso ir ao
médico”. Se eu perder uma aula, eu perco o dia todo. Isso é irracional. Tem que
consertar. Ou nos classificar tão somente pela jornada. Também é outra
irracionalidade. Nós não podemos aceitar.
Então, vai ter
luta. Temos certeza absoluta que os professores estão cientes que dessa maneira
não pode ficar e, claro, ir para uma luta também enorme que nós vamos fazer,
que estamos fazendo, que é pela revogação do Ensino Médio.
O ministro
Camilo ontem deu uma declaração, já observando aquilo que a gente está dizendo.
Vai criar desigualdades, uma escola para o rico, outra escola para os pobres e
nós, lamentavelmente, vamos ter que conviver com essa disparidade e depois, ao
tentar corrigir, não vamos conseguir corrigir.
Com essas
palavras, eu quero dizer o seguinte: a luta contra a reforma do Ensino Médio
nosso sindicato está fazendo. A luta pela garantia das condições de trabalho, a
luta pela garantia do ensino e aprendizagem dos estudantes e das estudantes, a
luta para ter um projeto arquitetônico nas escolas públicas do estado de São
Paulo, porque 82% das escolas sequer tem acessibilidade, ou seja, como tratar.
Você dizer:
“ah, tem a política da diversidade, tem a política da pessoa com deficiência”.
Como assim? Se nos banheiros não dá nem para entrar um cadeirante, deputada
Monica. Oitenta e dois por cento...
Isso é uma
pesquisa feita pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil, aponta que 82% das
escolas públicas do estado de São Paulo não têm um ambiente propício para a
pessoa que tem deficiência ou que necessita de acessibilidade. Então, é
complicado. Nós vamos ter que fazer essa luta aqui no estado de São Paulo.
Muito obrigada,
Sra. Presidente.
Foi um prazer
ser presidida por Vossa Excelência.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - Obrigada,
Professora Bebel. Seguindo a lista dos inscritos, deputada Maria Lúcia Amary.
(Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Carlos
Giannazi, pelo tempo remanescente do Grande Expediente.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente, deputada Monica
Seixas, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia. Hoje
nós tivemos uma importante audiência pública de apoio, aqui na Assembleia
Legislativa, à greve das servidoras e servidores da Fundação Casa, que estão
fazendo uma greve dentro da Constituição Federal, ordeira, para que o governo
pague o reajuste salarial, para que o governo cumpra a Lei da Data-Base
Salarial Estadual, que já venceu no dia 1º de março, e que cumpra também o que
determina o Art. 37 da Constituição Federal, que obriga todos os entes
federativos - municípios, estados e a União - a exatamente fazerem o reajuste,
a fazerem, no mínimo, a recomposição das perdas inflacionárias. Está na lei.
Então, é uma reivindicação legal, com apoio da própria Constituição Federal.
* * *
-
Assume a Presidência a Sra. Professora Bebel.
* * *
É engraçado. O
governador Tarcísio ontem veio à Assembleia Legislativa e apresentou um projeto
de lei para os servidores da Segurança Pública - deixou de fora os servidores
do sistema prisional -, dando uma média de 20% de reajuste salarial, de
reposição, na verdade, das perdas inflacionárias, porque nem é um reajuste de
fato, mas deixou de fora...
Ele disse, eu
me lembro, eu estava na reunião de líderes, ele disse que daria a todos os
servidores públicos um reajuste acima da inflação. No entanto, para os
servidores da Fundação Casa, está dando abaixo da inflação. Então, essa greve é
legítima, mas a greve não é só por conta do reajuste. É também, logicamente,
mas é por conta da segurança.
Os servidores
da Fundação Casa estão sendo violentados, estão sendo vítimas também de
violência. São vítimas do assédio moral, da perseguição, das transferências
compulsórias que ocorrem nas várias unidades, são vítimas do fechamento de
várias unidades que está em curso em todo o Estado e, sobretudo, da
superlotação de unidades porque, ao fechar algumas unidades, outras ficam
superlotadas. Também pela realização de concurso público, para que haja a
chamada de mais servidores e servidoras da Fundação Casa.
Então, todo o
nosso apoio a eles e faço aqui da tribuna da Assembleia Legislativa um apelo,
uma exigência, para que o governo atenda as reivindicações, atenda a comissão,
que é justa e que também defendemos aqui na Assembleia Legislativa.
Quero ainda
aproveitar para dizer que ontem realizamos uma importante audiência pública em
defesa das professoras de Guarulhos, que estão em greve há mais de seis dias
reivindicando o cumprimento correto do pagamento do piso nacional do
Magistério, como determina a Lei nº 11.738.
Em Guarulhos, a
segunda cidade mais rica do estado de São Paulo, não há o pagamento correto do
piso. É feito também através de abono complementar ou algo semelhante, como é
feito aqui, infelizmente, também com o governo estadual. É por isso que elas
estão em greve, fazendo essa reivindicação.
Ontem, nós
ouvimos, além dessa reivindicação, outros relatos importantes, mas já acionamos
o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e o Ministério Público estadual.
Hoje, estive há
pouco na Câmara Municipal e fiz inclusive uma intervenção, fiz um apelo aos
vereadores para que façam gestões junto ao prefeito para que ele atenda às
reivindicações, para que ele abra uma negociação com o movimento.
Eu fiquei
chocado porque o prefeito de Guarulhos, com medo da movimentação das
professoras, entrou com uma tutela antecipada para impedir que elas se
movimentassem. Imagine, o prefeito com medo da movimentação, tentando agredir a
Constituição Federal, que garante o direito de greve dessas servidoras. É um
absurdo.
E ele conseguiu
uma liminar, por incrível que pareça. Não sei como a Justiça concedeu, mas é
uma liminar que, com certeza, vai ser derrubada, porque lutar não é crime.
Então, todo o
nosso apoio às nossas colegas do Magistério municipal de Guarulhos, que lutam
pelo cumprimento correto do piso nacional do Magistério para que ele tenha
repercussão em toda a carreira, como nós lutamos aqui em relação também ao
estado de São Paulo.
Por fim, quero
dizer que estamos perplexos, porque fizemos uma grande luta aqui no estado de
São Paulo para derrubar o confisco das aposentadorias e pensões - foi uma luta
de dois anos - e agora o governo Tarcísio, nesse projeto, no PLC 75/2023, está
impondo no Art. 2º um confisco para os aposentados e pensionistas da Polícia
Militar de 10,5%; está no projeto. Um absurdo o Tarcísio de Freitas impondo o
confisco para aposentados e pensionistas da Polícia Militar. Está na lei; não
sou eu que estou dizendo aqui, deputados.
Nós temos que
tirar isso desse projeto de lei. Tenho certeza que o deputado Telhada vai agir
em relação a isso; não é possível. Nós não vamos permitir a volta do confisco
das aposentadorias e pensões para nenhuma categoria profissional do estado de
São Paulo. Confisco não.
Muito obrigado,
Sra. Presidente.
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada,
deputado Carlos Giannazi.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTA PRETAS - PSOL -
Pela ordem, presidente.
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Tem V. Exa. dois minutos.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTA PRETAS - PSOL - Eu
gostaria de apresentar uma questão de ordem.
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Uma questão de
ordem é mais regimental.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTA PRETAS - PSOL - PARA QUESTÃO DE ORDEM – “A questão
de ordem ora apresentada pela bancada do PSOL se refere ao Ato nº 101, de 2023,
da Presidência, que cria a Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar e
investigar as práticas adotadas pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo no diagnóstico, acompanhamento e
tratamento de menores de idade com suspeita ou diagnóstico de incongruência de
gênero ou transgêneros.
Ante ao
conteúdo, levanto o questionamento quanto ao fato determinado ou, mais
precisamente, à falta de fato determinado. Cabe lembrar que um fato determinado
é requisito constitucional e regimental para a criação de uma comissão
parlamentar de inquérito, e sua inexistência é pressuposto para a não
constituição da comissão, além de ela ser passível de nulidade e
inconstitucionalidade.
Por isso,
presidenta, a bancada do PSOL questiona se não é o fato da anulação do Ato da
Presidência nº 101, de 2023, do Requerimento nº 298, de 2003, da autoria do
deputado Gil Diniz, ante as razões aduzidas exaustivamente no nosso
requerimento acima, bem como por decorrência de precedente criado e também
determinado em questões apresentadas acima.” Assina a bancada do PSOL.
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Acolho a
questão de ordem ora apresentada pela nobre deputada e o presidente efetivo
dará a resposta à questão de ordem formulada por Vossa Excelência.
O
SR. CAIO FRANÇA - PSB - Pela ordem,
presidente. É possível uma comunicação?
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - É possível, é
regimental.
O
SR. CAIO FRANÇA - PSB - PARA
COMUNICAÇÃO - Presidente, eu gostaria em rápidas palavras aqui de cumprimentar
alguns amigos representantes da OAB aqui em São Paulo, especialmente em nome do
presidente da OAB de Iguape, Dr. Luiz Gustavo, que esteve junto com outros
colegas em meu gabinete.
E eles estão
fazendo aqui uma peregrinação junto aos demais gabinetes em relação às
justificativas apresentadas para o Projeto de lei nº 752, do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo. E eu como advogado, colega e amigo quero
cumprimentar a OAB pela mobilização que vem fazendo. Eu não tenho dúvida de que
a OAB precisa ser ouvida nesse processo como um todo.
A gente sabe
muito bem a importância dos advogados para garantia da ordem, da justiça,
inclusive muitas vezes fazendo um atendimento em parceria com a Defensoria para
atender aqueles que mais precisam.
E por esse
motivo eu queria cumprimentar a OAB, porque está fazendo aqui uma peregrinação
para poder apresentar alguns contrapontos ao que foi apresentado até o momento.
E em nome do
Dr. Luiz Gustavo, presidente da OAB de Iguape, cidade do Vale do Ribeira, uma
cidade muito querida por mim e que ele representa tão bem a classe dos
advogados - esteve aqui para poder reforçar a importância de analisar com mais
calma esse projeto que tramita aqui nesta Casa -, quero saudar a OAB aqui de São Paulo, que tem
sido muito parceira, onde eu tenho bons contatos e que ao longo desse tempo tem
sido muito gentil com as pautas que eu defendo e, por esse motivo, também quero
poder ajudá-los nesse movimento.
Agradeço.
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, nobre
deputado.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Pela ordem.
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Pois não,
deputado Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sra. Presidente,
gostaria de fazer uma comunicação e indicar também já a deputada Monica Seixas
para fazer uso da tribuna pelo Art. 82, pela Liderança do PSOL. Faço uma rápida
comunicação.
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - É regimental
a solicitação de V. Exa. e com a anuência da deputada, V. Exa. tem o tempo
regimental.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
PARA COMUNICAÇÃO - Eu queria só, dentro até do tema versado pelo deputado Caio
França, convidar a todos e a todas para participar da nossa audiência pública,
que será realizada daqui a pouco, às 17 e 30, no Plenário Tiradentes, onde
estaremos fazendo uma audiência pública contra o PL n.º 752, esse projeto do
Tribunal de Justiça que nós já estamos obstruindo desde a sua chegada aqui.
Ele foi protocolado
em 2021, até pelo presidente anterior. Não é do presidente atual do Tribunal de
Justiça. Esse projeto ataca - porque ainda não foi alterado - os oficiai; de
Justiça: ele reduz, na prática, as incumbências dos oficiais de Justiça do
Tribunal de Justiça.
Houve uma
emenda, uma mensagem aditiva pedindo a retirada desse artigo depois de uma
ampla mobilização desses servidores, mas ele aumenta as custas judiciais.
Esse projeto
prejudica os mais pobres, as camadas populares no acesso à Justiça porque ele,
na prática, aumenta as custas judiciais. É um projeto antipopular que a
Assembleia Legislativa não pode aprovar.
Então nós somos
contra. A audiência pública é contra o PL n.º 752, que tramita aqui. Eu sei que
há uma movimentação de alguns deputados da base do governo que já estão pedindo
Regime de Urgência para esse projeto.
Então nós
estamos aqui já declarando a nossa obstrução e contrariedade a esse PL n.º 752
do Judiciário, repito, que aumenta as custas judiciais, dificultando,
prejudicando, as pessoas que não têm condições econômicas. E vai prejudicar
também a advocacia. Então, às 17 horas e 30 minutos aqui no Plenário
Tiradentes.
Muito obrigado,
Sra. Presidenta.
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada,
deputado Giannazi. Tem a palavra a deputada Monica Seixas, tempo regimental de
cinco minutos, deputada.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS – PSOL - PELO ART. 82 - Obrigada,
presidenta. Bom, hoje eu venho me solidarizar com os trabalhadores da Fundação
Casa, que estão em paralisação hoje denunciando a falta de cumprimento de
deveres trabalhistas acordados anteriormente pelo governo e não cumpridos,
denunciando a falta de cumprimento do ECA nas unidades da Fundação Casa,
denunciando a falta de reajuste salarial digno para esses trabalhadores e essas
trabalhadoras.
Quero me
solidarizar com eles, que estão de fora do proclamado aumento dos trabalhadores
da Segurança Pública, que os excluiu. O nosso mandato está emendando o projeto,
adicionando os trabalhadores da Fundação Casa.
Antes que me
digam que não pode porque se trata de secretaria diferente, eu quero lembrar e
reivindicar que ainda tramita nesta Casa o PLC n.º 2, de 2022, de autoria do
governador João Doria, que trata do aumento de salário de todos os
trabalhadores da Segurança Pública, incluindo os agentes penitenciários
policiais penais, policiais militares, policiais civis, policiais científicos e
os trabalhadores da Fundação Casa. Está lá, está tramitando no sistema. Se foi
possível fazer antes, não entendo por que agora não seria possível fazê-lo
também.
Quero também me
solidarizar justamente com os policiais penais. Os policiais penais, de quem
recebi lideranças, recebi diversos trabalhadores, saíram daqui ontem bastante
entristecidos por não terem sido contemplados no reajuste também merecido por
esses trabalhadores e aguardado durante muito tempo.
Não foram
incluídos, assim como também não há previsão de reajuste do déficit de
trabalhadores, de abertura de concurso público, de transferência de
trabalhadores voluntariamente. Eles não conseguem se transferir de unidade
prisional. Mas, ao contrário disso, são transferidos involuntariamente quando
querem ser punidos por esta gestão. A transferência é usada nessa categoria
como um verdadeiro assédio moral.
E mais, eles
reclamam que falta a voz deles na gestão pública, falta na Secretaria de
Assuntos Penitenciários um trabalhador de carreira que conheça a realidade dos
trabalhadores desse sistema e a realidade do sistema do estado de São Paulo.
Hoje a
Secretaria de Assuntos Penitenciários só tem policiais militares no seu comando
e ignora esse outro trabalhador que constrói a Polícia Penal há muito tempo,
que está na penitenciária há muito tempo. E talvez seja por isso que o
comandante da Polícia Militar que dirige a SAP não tenha contemplado os
trabalhadores da SAP no aumento de salários dos servidores da Segurança
Pública.
Nós também
vamos tentar emendar para incluir os servidores da SAP no aumento, no mote dos
mesmos 20% ofertados em média para os demais servidores da Segurança Pública.
Não é possível que eles sejam esquecidos e que sejam deixados para trás num
sistema tão torturante para os próprios trabalhadores.
Repito isso
porque o nosso mandato está mergulhado em pesquisa de campo, visitando as
penitenciárias, visitando a Fundação Casa, conversando com os trabalhadores da
Segurança Pública, e a gente tem entendido cada vez mais que esses
trabalhadores são violentados e torturados no exercício da sua função.
Bebel, são
inúmeras denúncias de assédio sexual, de assédio moral, de racismo, de punição
violenta, de espancamento dentro das corporações pelos seus superiores. Transferência
aleatória, prisão aleatória, ameaça de exoneração, de processo administrativo
são os atos constantemente como tortura para os profissionais da Segurança
Pública.
Agora eu
pergunto: sujeitos que deveriam zelar pela paz e que são constantemente forjados
e forçados na violência vão aplicar o quê em contato com a sociedade?
Por isso nosso
mandato está numa campanha de combate à violência e do assédio moral nas
unidades da Segurança Pública do estado de São Paulo. O trabalhador da
Segurança Pública é antes de mais nada um humano, um sujeito com direitos e
deveres. Se errou, deve responder à Justiça civil; se acertou, deve ser
parabenizado e seus direitos trabalhistas devem ser preservados.
Por isso eu
também quero convidar todos e todas: para a próxima terça-feira a gente quer
convidar trabalhadores da Fundação Casa, agentes penitenciários, policiais
penais, policiais militares, policiais civis, policiais científicos, todos os
que estão e não estão contemplados na proposta de aumento do governo do estado
de São Paulo.
Na próxima
terça-feira deve começar a votação e quero convidá-los para nossa audiência
pública, porque é preciso que a gente discuta juntos esse texto e é preciso que
a gente discuta a partir de agora juntos a defesa da humanidade dos trabalhadores
da Segurança Pública do estado de São Paulo.
Obrigada,
presidente.
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada,
deputada Monica Seixas.
O
SR. OSEIAS DE MADUREIRA - PSD - Pelo Art. 82.
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Pois não. É
regimental o pedido de Vossa Excelência. Tem V. Exa. cinco minutos.
O
SR. OSEIAS DE MADUREIRA - PSD - PELO
ART. 82 - Sra. Presidente, Srs. Deputados, todos aqueles que estão aqui,
público também que nos assiste pela Rede Alesp, boa tarde.
Minha palavra
hoje se dá para trazer um discurso de louvor a uma grande instituição do nosso
Estado, em especial da nossa cidade, que é a AACD, uma referência em ortopedia
e reabilitação no Brasil. Eu estive visitando a AACD por esses dias, e como
instituição privada sem fins lucrativos presta um atendimento de excelência na
ortopedia.
Eu queria
trazer aqui minha palavra de louvor, minha palavra de elogio aos profissionais
que trabalham de forma excelente. A AACD tem um reconhecimento no terceiro
setor como referência na área, frente às necessidades que as pessoas com
deficiências físicas procuram aquela instituição para ali se tratar.
Estando ali a
gente observa o quão bom Deus tem sido com a gente, pessoas saudáveis, que têm
a mobilidade, e às vezes a gente encontra ali pessoas com tantas dificuldades,
de todas as idades, crianças. Eu pude ver ali limitações, pessoas com
mobilidade totalmente prejudicada.
Eu queria aqui
hoje trazer a minha palavra, mais uma vez, de louvor a todos aqueles que
trabalham; a excelência do trabalho da AACD é reconhecida internacionalmente,
em especial, a todos que ali estão, diretoria, médicos, funcionários e dizer
que se a gente inclinar um pouquinho os nossos olhos e o nosso ombro amigo à
AACD ,sem dúvida a gente pode fazer muito.
Conclamo os
meus colegas, os meus pares para que tenhamos olhos especiais, focados nessa
instituição. Sem dúvida é um discurso absolutamente curto, mas para deixar aqui
a minha palavra de louvor a essa instituição.
Muito obrigado,
boa tarde.
O
SR. OSEIAS DE MADUREIRA - PSD - Eu peço, neste
momento, o levantamento da sessão.
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Havendo acordo
entre as lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os
trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora
regimental, sem Ordem do Dia.
Está levantada a presente sessão.
Muito obrigada.
* * *
- Levanta-se a sessão às 16 horas e 17
minutos.
* * *
- É inserida questão de ordem não lida
em plenário.
* * *
Senhor Presidente,
Com fundamento no artigo 260 e seguintes do Regimento Interno, e com
fulcro no artigo 58, § 3º, da Constituição Federal, no artigo 13, § 2º, da
Constituição Estadual, da Lei Federal nº 1.579, de 18 de março de 1952, e no
artigo 34, caput, e § 2º, do Regimento Interno, formulo a Vossa Excelência a
presente Questão de Ordem, nos
seguintes termos:
No dia 14 de abril de 2023, ocorreu a publicação em Diário Oficial do
Poder Legislativo, à pág. 09, dos Atos do Presidente criando cinco Comissões
Parlamentares de Inquérito, atendendo ao que dispõe o § 2º do artigo 34 do
nosso Regimento.
A Questão de Ordem ora apresentada se refere ao Ato do Presidente nº
101, de 2023, cuja íntegra a seguir segue:
ATO DO PRESIDENTE Nº 101, DE 2023
Em face do
Requerimento nº 298, de 2023, de autoria do Deputado Gil Diniz e outros,
tendo-se verificado o preenchimento dos requisitos do artigo 13, § 2º, da
Constituição Estadual, esta Presidência CRIA, nos termos do artigo 34 e seu §
2º, bem como do artigo 34-A, do Regimento Interno, a COMISSÃO PARLAMENTAR
DE INQUÉRITO composta por 9 (nove) membros titulares e igual número de
suplentes para, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, "apurar e investigar
as práticas adotadas pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo no diagnóstico, acompanhamento e tratamento de
menores de idade com suspeita ou diagnóstico de incongruência de gênero ou
transgêneros e, em especial, a submissão de crianças e adolescentes a
hormonioterapias para transição de gênero realizadas pelo hospital em possível
violação às disposições do conselho federal de medicina. "
Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo, em 13/4/2023.
ANDRÉ DO
PRADO - Presidente
Ante a este conteúdo, levanto questionamento quanto ao "fato
determinado", ou, mais precisamente, à falta de fato determinado no
descrito requerimento.
Quanto a este tema, importante dar o devido destaque aos fundamentos
legais que revestem a matéria:
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Artigo 58 - ...
§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos
regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente,
mediante requerimento de um terço de seus membros, para apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas
conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova
a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.(g.n.)
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Artigo 13 - ...
§ 2º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos no
Regimento Interno, serão criadas mediante requerimento de um terço dos membros
da Assembleia Legislativa, para apuração
de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, quando for
o caso, encaminhadas aos órgãos competentes do Estado para que promovam a
responsabilidade civil e criminal de quem de direito. (g.n.)
REGIMENTO INTERNO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
Artigo 34 – A Assembleia Legislativa, mediante requerimento de um terço
de seus membros, e observada a ordem cronológica de solicitação, criará
Comissão Parlamentar de Inquérito com poderes de investigação próprios das
autoridades judiciais, além de outros previstos em lei e neste Regimento, para apuração de fato determinado, por
prazo certo e com indicação do número de seus componentes. (g.n.)
Observa-se, assim, que o fato determinado é requisito constitucional e regimental para a criação de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito, e a sua
inexistência é pressuposto para a não constituição da comissão, além de
ser ela passível de nulidade e inconstitucionalidade.
O ex-Ministro do Supremo Tribunal Federal, José Celso de Mello Filho,
asseverava: “somente fatos
determinados, concretos e individuais, ainda que múltiplos, que sejam de
relevante interesse para a vida política, econômica, jurídica e social do
Estado, são passíveis de investigação parlamentar.”
“Constitui verdadeiro abuso instaurar-se inquérito legislativo com o
fito de investigar fatos genericamente enunciados, vagos ou indefinidos. Fatos
excessivamente amplos, a ponto de não se poder circundar os limites, não se
adequam ao conceito de fato determinado.”
Indispensável lembrar, na mesma argumentação, a lição do Advogado e
Jurista Celso Bastos: “Não é possível admitir-se a instauração da ‘CPI da
Corrupção’ com fundamento em fatos totalmente desconexos, sem relação um com
outro, apenas agrupados sob o frágil manto da corrupção. Ao assim proceder-se,
estar-se-ia ferindo totalmente o texto constitucional, que é expresso ao exigir
‘fatos determinados’. Não importa qual seja o fato, há de ser sempre
determinado, o que significa dizer que contenha uma descrição precisa de sua
essência.”
Esta exigência é justificada pelo fato de ser a CPI um instrumento de
caráter eminentemente político, que não podem ser usado como campo para
perseguições de caráter ideológico - o que se depreende ser o intuito do
mencionado requerimento.
Neste parlamento, em resposta a Questão de Ordem formulada pelo Deputado
Campos Machado, publicada em Diário Oficial em 04/12/2021, a Presidência
decidiu anular os atos de constituição de CPIs, acatando o argumento de serem
elementos genéricos e desprovidos de contornos definidos, assim concluindo:
Em suma: no que
diz respeito a cada qual dos requerimentos (nº 291/2019 e nº 292/2019), é
forçoso admitir que os fatos em relação aos quais se pretende
instaurar inquérito parlamentar mostram-se genericamente enunciados e sem
contornos suficientemente delimitados; por essa exata razão, impende
reconhecer, como consequência, a inviabilidade jurídica de se
proceder à efetiva constituição das Comissões
Parlamentares de Inquérito criadas pelos Atos ns 2 e 3, ambos de 2021, da
Presidência da Assembleia Legislativa.
Trata-se da mesma questão ora apresentada a Vossa Excelência. O objeto
do requerimento que deu origem ao citado Ato do Presidente nº 101/2023 é
genérico, em verdadeira "colagem" de
(supostos) fatos que não justificam ou asseguram o cumprimento da exigência
constitucional.
A resposta da
Presidência acima citada, em seu teor, assim esclarece como lição a ser seguida
no presente caso:
Comentando o §
3o do artigo 58 da Constituição Federal, leciona ANNA CANDIDA DA
CUNHA FERRAZ:
"Para a
criação de uma comissão parlamentar de inquérito exige
a norma constitucional que a comissão deva ter objeto determinado ou, em
outras palavras, que se destine a averiguar fato ou fatos determinados.
Não se pode instalar comissão parlamentar de inquérito para
averiguação de fatos genéricos, sem contornos delimitados ou
crises in abstracto, conforme
registra Pontes de Miranda (Comentários à Constituição
de 1967 com a Emenda n. 1, de 1969, t. 3, p. 50). Tal objeto, ante a amplitude
da atuação da CPI, pode referir-se, como já se acentuou, a
questões de ordem pública, social, política e econômica
e devem estar bem delineados e caracterizados no requerimento de
instalação da CPI; devem ser determinados, objetivos, claros, precisos.
A não caracterização adequada a estes termos enseja,
inclusive, possibilidade de questionamento judicial."
(in Comentários à Constituição do Brasil.
CANOTILHO, J. J. Gomes; MENDES, Gilmar Ferreira; SARLET, Ingo Wolfgang; STRECK,
Lenio Luiz (coordenadores). 2a ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 1190;
grifou-se)
Cumpre observar
que, para além de assegurar o adequado funcionamento e controle das
atividades da comissão parlamentar de inquérito, a correta
determinação dos fatos submetidos ao escrutínio daquele
colegiado consubstancia imprescindível garantia aos direitos dos
investigados.
Nessa linha,
PAULO GUSTAVO GONET BRANCO, em obra publicada em coautoria com GILMAR FERREIRA
MENDES, anota: "Como imperativo de eficiência e a bem da preservação
de direitos fundamentais, a Constituição determina que a CPI tenha
por objeto um fato determinado. Ficam impedidas devassas generalizadas. Se fossem admissíveis
investigações livres e indefinidas haveria o risco de se produzir
um quadro de insegurança e de perigo para as liberdades fundamentais.
Por isso, em trabalho de doutrina, José Celso de Mello assinalou que
'constitui verdadeiro abuso instaurar-se inquérito legislativo com o fito
de investigar fatos genericamente enunciados, vagos ou indefinidos'.
Cretella
Júnior explicita que fato determinado 'é fato específico, bem
delineado, de modo a não deixar dúvidas sobre o objeto a ser
investigado'.
O fato pode ser
singular ou múltiplo, marcado por um ponto comum."
(in Curso de Direito Constitucional. 14a ed. rev. e atual. São
Paulo: Saraiva, 2019, p. 987-8; grifou-se)
Quanto ao
trabalho doutrinário de autoria de JOSÉ CELSO DE MELLO FILHO
mencionado no excerto acima, deve-se ter presente que sua
publicação ocorreu em 1983 (antes, portanto, do advento da atual
ordem constitucional), sendo certo, toda- via, que o ilustre jurista, já
na condição de membro do Supremo Tribunal Federal, veio a
reafirmar, em julgamento realizado pelo Plenário daquela Alta Corte em
abril de 2007, o entendimento sustentado décadas antes.
Com efeito, ao
votar, na qualidade de Relator, no paradigmático julgamento do Mandado de
Segurança no 26.441/DF, assentou o ilustre Ministro:
"Quando
fui membro do Ministério Público do Estado de São Paulo, nele
exercendo o honroso cargo de Promotor de Justiça, tive o ensejo de
discutir a questão constitucional pertinente à exigência do
fato determinado ('Investigação Parlamentar Estadual: As
Comissões Especiais de Inquérito', Revista 'Justitia', v. 45/155-160,
no 121, abr.-jun. 1983), expendendo, então, as seguintes
considerações:
'Mencione-se,
desde logo que 'somente fatos
determinados', concretos e individuados, ainda que múltiplos, que sejam
de relevante interesse para a vida política, econômica,
jurídica e social do Estado, são passíveis de
investigação parlamentar. Constitui verdadeiro abuso instaurar-se
inquérito legislativo com o fito de investigar fatos genericamente
enunciados, vagos ou indefinidos. O
objeto da comissão de inquérito há de ser preciso.'
(grifei)
Devo assinalar,
por necessário, que mantenho esse mesmo entendimento, eis que reputo
indispensável - tratando-se de CPI - que a investigação por
ela realizada atenha-se a um âmbito de atuação materialmente
delimitado, com referência a dados concretos, como se registra, no caso
em exame, com a Comissão Parlamentar de Inquérito em questão,
cujo Requerimento de criação alude, com extrema clareza, a um
lamentável e trágico evento da aviação civil
brasileira, em que 154 pessoas perderam a vida, em decorrência de suposta
falha do sistema de controle de tráfego aéreo."
(destaques como
no original)
No mesmo voto,
por sinal, o Relator frisou a relevância, para fins de
aferição do cumprimento do requisito constitucional atinente
à caracterização de fato determinado, da
justificação do requerimento que propõe a criação
de CPI. A esse propósito, invocou a lição de PAULO RICARDO
SCHIER, para quem "é (...) através da exposição,
da justificação, da evidenciação do fato no
requerimento de abertura da comissão parlamentar de inquérito que
se poderá constatar se ele é, em si, determinado ou
não".(grifos nossos)
E é a amplitude e evidente inexistência de ‘fato determinado’ que aqui
questionamos, quanto ao requerimento que deu origem ao Ato do Presidente nº
101/2023.
O requerimento já abre com a indicação de ser decorrente de
"matéria jornalística publicada pelo portal G1 em 29 de janeiro de
2023", motivo pelo qual apresenta o objeto de "apurar
e investigar as práticas adotadas pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo no diagnóstico, acompanhamento e
tratamento de menores de idade com suspeita ou diagnóstico de incongruência de
gênero ou transgêneros e, em especial, a submissão de crianças e
adolescentes a hormonioterapias para transição de gênero realizadas pelo hospital
em possível violação às disposições do conselho federal de medicina.
É evidente e indiscutível que não há fato determinado. Não há um caso
concreto de tratamento que seja questionável por eventual irregularidade; não
há um único indício de violação a disposição do Conselho Federal de Medicina -
aliás, sequer há o apontamento a qual disposição se discute.
O que há é debate ideológico, decorrente da vanguarda do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP no tratamento a pessoas com
diagnóstico de incongruência de gênero e transgêneras, independente da
faixa etária, tudo sempre dentro da ética médica e dos ditames científicos que
fazem da USP uma referência internacional.
Disso se depreende que o requerimento se reveste de um verdadeiro abuso,
por desejar investigar fatos genericamente enunciados, vagos e indefinidos, que
inclusive invadem o direito à privacidade da relação paciente-médico e podem
dar causa à exposição pública de pessoas que já são socialmente marginalizadas.
Por derradeiro, colamos jurisprudência do Tribunais Estaduais vai no
sentido de se auferir a exigência do fato determinado às Comissões
Parlamentares de Inquérito:
TJSP
1. Mandado de segurança impetrado com o
objetivo de suspender e anular os trabalhos de Comissão Parlamentar de
Inquérito instaurada a fim de apurar fatos genéricos. II - As CPIs devem ser
precedidas de requerimento de um terço dos membros parlamentares, e serem instauradas
para apuração de fatos determinados, concretos, específicos, com prazo certo
para conclusão. No caso em apreço, existem outros meios à disposição do Poder
Legislativo para o fim de fiscalizar e controlar a entidade pública recorrida,
não devendo ter continuidade a Comissão instaurada. III Sentença de
procedência. Recurso improvido". (TJSP; ApelaçãoCível
0023996-53.2009.8.26.0344; Relator (a): Guerrieri Rezende; Órgão
Julgador: 7ª Câmara de Direito Público; Foro de Marília - 4ª. Vara Cível;
Data do Julgamento: 28/01/2013; Data de Registro: 30/01/2013)
2. Agravo
de instrumento. Decisão concedendo liminar em mandado de segurança para
suspender e anular os trabalhos de Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada
a fim de apurar fatos genéricos, e não determinados e precisos como determina a
norma legal. II - Alegação de ilegalidade na concessão da liminar. Requisito do
'fumus bom júris' não devidamente demonstrado. Ato unilateral e
precário. Apreciação de medida liminar inserida no poder geral cautelar do
juiz, cujo deferimento, só pode ser revisto se foi praticado com abuso de poder
ou ilegalidade flagrante. Apreciação da legalidade sobre a instauração da CPI
que depende de melhores elementos de convicção.
(TJSP; Agravo de Instrumento
0246762-81.2009.8.26.0000; Relator (a): Guerrieri Rezende; Órgão
Julgador: 7ª Câmara de Direito Público; Foro de Marília - 4ª. Vara Cível;
Data do Julgamento: 01/03/2010; Data de Registro: 16/03/2010)
3. MANDADO DE SEGURANÇA
Legitimidade da Assembleia Legislativa reconhecida
para instalação de CPI, objetivando a investigação de fatos relacionados às
relações de consumo, uma vez presente o interesse público, além das funções de
cunho fiscalizatório e investigatório. Impossibilidade jurídica do pedido
injustificável, uma vez que compete ao Judiciário coibir o arbítrio e a
ilegalidade de atos adstritos ao Poder Legislativo, quanto aos aspectos
formais. Vício formal na sua constituição diante do vasto campo que procura
investigar, sem determinação do objeto em tela. Criação da CPI destituída dos
requisitos legais impostos, com atuação em concreto, constrangendo as
atividades da impetrada com base nas convocações sem fixação de temas a serem
perquiridos e apresentação de documentos de grande relevância para a empresa,
ferindo direito líquido e certo e o devido processo legal. Preliminares
rejeitadas e concessão da segurança. (TJSP - Órgão Especial; MS nº
97.715.0/8-00-SP; Rel. Des. Gentil Leite; j. 12/3/2003; v.u.)
4. MANDADO DE SEGURANÇA
Criação de CPI sem vinculação a fato determinado -
Funcionamento constrangedor de membros dirigentes dos impetrantes. Impetração
contra atos in concreto. Extrapolação de atos interna corporis. Requisitos
formais, constitucionalmente previstos, inobservados. Possibilidade, portanto,
de análise pelo crivo do Judiciário. Violação de direito líquido e certo. Ordem
concedida. (TJSP - Órgão Especial; MS nº 084.488-0/0-00-SP; Rel. Des. Theodoro
Guimarães; j. 26/2/2003; v.u.)
TJRS
Agravo de instrumento. Comissão Parlamentar de
Inquérito. Suspensão dos trabalhos. Ausência de fato determinado. art. 58, §3º,
da Constituição Federal.
Para a instauração de Comissão Parlamentar de
Inquérito há que se ter requerimento subscrito por, pelo menos, um
terço dos membros da Casa Legislativa, fato determinado e prazo de duração
estipulado. Art. 58, §3º, da Constituição Federal.
No caso concreto, em não havendo fato determinado
no requerimento de instalação da CPI, cuja descrição é absolutamente genérica,
há que se manter a decisão liminar que suspendeu os trabalhos da Comissão.
RECURSO DESPROVIDO. (TJRS. Acórdão. Processo
nº 70067549634;. Relator (a): Carlos
Roberto Lofego Canibal; Data do julgamento:
01/06/2016. Data de publicação: 08/07/2016)
TJPR
Mandado de Segurança – Assembleia Legislativa do
Estado do Paraná – Ato do Presidente nº 14/2019 - Comissão Parlamentar de
Inquérito encetada com o objetivo de investigar organizações não-governamentais
denominada de CPI das Ongs – alegado desrespeito à disposição do art. 58, §3º,
da Constituição da República, que tem correspondência com o art. 62, §3º, da
Constituição do Paraná – mérito – pretensão mandamental procedente –
investigação parlamentar desprovida de uma delimitação minimamente precisa do
objeto investigado – imposição constitucional de que o fato ou os fatos perquiridos
sejam determinados, a fim de impedir uma verdadeira devassa sobre os
investigados – importante função desenvolvida pelo Poder Legislativo que deve
ser balizada pelos limites impostos pelo Estado Democrático de Direito – glosa
judicial que, longe de se portar como interferência indevida do Poder
Judiciário, se faz necessária tão somente para restabelecer a ordem
constitucional pontualmente inobservada – precedentes – segurança concedida –
agravo interno julgado prejudicado. (TJPR. Acórdão. Processo nº
0007660-29.2020.8.16.0000;. Data do julgamento: 20/04/2021. Data de
publicação: 23/04/2021)
TJCE
Constitucional. Processual Civil. Agravo de
Instrumento. Mandando de Segurança. Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
Necessidade de preenchimento dos requisitos previstos no art. 58, § 3º,
da cf/88 para a sua regular instauração. Ausência de indicação de fato
determinado a ser investigado. Afronta ao texto constitucional. Fumus boni
iuris e periculum in mora presentes. Liminar confirmada. Recurso conhecido e
desprovido. 1. Cuida-se de Agravo de Instrumento com pedido liminar interposto
por José Maria Dantas – Presidente da Câmara Municipal de Ocara, adversando
decisão interlocutória proferida pelo MM. Juiz de Direito da Vara Única da
Comarca de Ocara que, nos autos do Mandado de Segurança, autuado sob o nº.
0000471-88.2016.8.06.0203, impetrado por Vânia Clementino Lopes – Prefeita do
Município de Ocara, deferiu a liminar requestada, no sentido de suspender os
trabalhos da CPI oriunda do requerimento nº. 001/2016, sob o fundamento de não
terem sido preenchidos todos os requisitos contidos no § 3º do art.
58 da CF/88, necessários à criação da comissão parlamentar, especificamente o
"fato determinado". 2. Pois bem. Nos termos do art. 58, § 3º da
CF/88, a abertura de CPI na ambiência das Casas legislativas, está vinculada à
satisfação de três (03) pressupostos: (a) subscrição do requerimento de
constituição da CPI por, no mínimo, 1/3 dos membros da Casa legislativa, (b)
indicação de fato determinado e (c) temporariedade da comissão parlamentar de
inquérito. Precedentes do STF e do STJ. 3. Especificamente sobre o fato
determinado, embora não seja tarefa fácil sua conceituação, a doutrina pátria
traz grande colaboração nesse sentido. Para que se determine o fato é
necessário: a) no plano da existência: se houve o fato, ou se não houve; b) no
plano da legalidade: v.g., se o fato compõe determinada figura penal ou ato
ilícito civil (ou administrativo); c) no plano da topografia: onde se deu o
fato; d) no plano do tempo: quando se deu o fato; e) no plano da
quantitatividade: v.g., se houve redução do fato ou a quanto sobe o prejuízo.
4. Ainda no campo doutrinário, temos que o fato objetivo da investigação deve
ser encarado quanto à sua importância, oportunidade e legalidade, não apenas do
ponto de vista constitucional como cível, penal e administrativo, de modo que a
Câmara e a opinião pública fiquem mais bem informadas. Esse fato deve ser
realmente determinado, claro e indiscutível. A ação precisa levar a uma conclusão
clara e eficiente. Com efeito, constitui verdadeiro abuso instaurar-se
inquérito legislativo com fito de investigar fatos genericamente enunciados,
vagos ou indefinidos. 5. Sob esse enfoque, da análise cuidadosa no manancial
probatório, chego à mesma conclusão alcançada pelo MM. Juiz a quo, de que não
foram cumpridos os requisitos constitucionais que regem a matéria,
especificamente a indicação pormenorizada do fato a ser apurado, embora essa
conclusão se dê em juízo prelibatório. Isso porque o objeto da apuração
parlamentar, qual seja, "apurar supostas fraudes em licitações no
Município de Ocara", é genérico e impreciso, na medida em que não descreve
os fatos que fundamentaram tais imputação, descumprindo, assim, o disposto no
art. 58, §3º, da CF/88. 6. Não basta para a instalação de comissão a mera
alusão a supostas fraudes em processo licitatório no município e a
responsabilidade genérica da chefe do executivo, exigindo-se, sim, a
delimitação pormenorizada de fatos que possam ser imputadas à mesma, no plano
do tempo, da existência, da legalidade, da topografia e da quantitatividade,
conforme as balizas doutrinárias suprarrelacionadas. 7. Pode até ser,
obviamente, que as licitações e contratações indicadas genericamente no
requerimento de instauração da CPI contenham ilicitudes. De toda a sorte, o que
não se pode autorizar é a abertura de uma sindicância para apurar fatos
indeterminados como os apresentados nestes autos, pelo que andou bem o julgador
de planície ao suspender os trabalhos da Comissão epigrafada. 8. Assim, ao
exame de todo o processado em sede de cognição sumária, observa-se o ato
administrativo que deu ensejo à impetração do mandamus entelado não está
revestido da necessária determinação de seu objeto, o que ressalta a relevância
dos motivos em que se assenta o pedido na inicial (fumus boni iuris) e a
possibilidade da ocorrência de lesão irreparável ao direito da parte impetrante
(periculum in mora). Presentes os requisitos autorizadores do pleito liminar,
mostra-se cabível a manutenção da decisão que suspendeu os trabalhos da
Comissão Parlamentar de Inquérito então instituída até a decisão final do feito
de origem. 9. Recurso conhecido e desprovido. Decisão mantida. ACÓRDÃO Vistos,
relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento de nº.
06244441-95.2016.8.06.0000, em que são partes as acima
relacionadas, Acordam os Desembargadores que compõem a 1ª Câmara de
Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, por unanimidade de
votos, em conhecer do recurso, mas para negar-lhe provimento, nos termos do
voto da eminente Relatora, parte integrante deste. Fortaleza, 30 de janeiro de
2017. (TJCE. Acórdão. Processo nº
0624441-95.2016.8.06.0000;. Relator (a): Lisete De Sousa
Gadelha; . Data do julgamento: 30/01/2017. Data de publicação: 30/01/2017)
No mesmo sentido, seguem os julgados do Supremo Tribunal Federal:
15/05/2020 PLENÁRIO MANDADO DE SEGURANÇA 33.521 DISTRITO FEDERAL V O T O
- O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) – Percebam as balizas objetivas
reveladas. O impetrante busca obter pronunciamento judicial que, à luz do
princípio democrático, garanta a sequência de requerimento voltado à instalação
de comissão parlamentar de inquérito destinada a investigar aspectos ligados à
metodologia utilizada nas pesquisas que tradicionalmente antecedem pleitos
eleitorais. Discute-se a validade de ato praticado pelo Presidente da Câmara,
que, ao considerar ausente fato determinado a ser apurado, negou seguimento ao
Requerimento nº 01/2015, subscrito por 171 parlamentares. Os documentos que
instruem o processo revelam a ausência de violação aos dispositivos
constitucionais evocados. Os artigos 35 e 137 do Regimento Interno da Câmara
dos Deputados conferem ao Presidente a atribuição de apreciar a presença dos
requisitos atinentes à instauração de comissão parlamentar.
Presente a regra regimental, descabe falar em atuação descompassada
com os limites normativos. Cumpre trazer à balha o entendimento adotado no
julgamento do mandado de segurança nº 20.941, relator o ministro Sepúlveda Pertence,
no qual o Supremo, ainda que relativamente ao processo de impedimento do
Presidente da República, reconheceu incumbir ao Chefe da Casa Legislativa o
exame liminar da idoneidade do requerimento formalizado. Eis a ementa: [...]
II. Decisão de mérito 1. Confluência da maioria dos votos, não obstante a
diversidade ou a divergência parcial dos seus fundamentos, para o indeferimento
da segurança. Questões enfrentadas: a) natureza da autorização da Câmara dos
Deputados à instauração do processo de "impeachment" pelo Senado
Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n°
2.200-2/2001 de 24/08/2001.
O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código
FA16-6EDC-8605-E308 e senha 01A5-6375-92DF-C8F2 Supremo Tribunal Federal
15/05/2020 PLENÁRIO MANDADO DE SEGURANÇA 33.521 DISTRITO FEDERAL V O T
O O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) – Percebam as balizas
objetivas reveladas. O impetrante busca obter pronunciamento judicial que, à
luz do princípio democrático, garanta a sequência de requerimento voltado à
instalação de comissão parlamentar de inquérito destinada a investigar aspectos
ligados à metodologia utilizada nas pesquisas que tradicionalmente antecedem
pleitos eleitorais. Discute-se a validade de ato praticado pelo Presidente da
Câmara, que, ao considerar ausente fato determinado a ser apurado, negou
seguimento ao Requerimento nº 01/2015, subscrito por 171 parlamentares.
Os documentos que instruem o processo revelam a ausência de violação aos
dispositivos constitucionais evocados. Os artigos 35 e 137 do Regimento Interno
da Câmara dos Deputados conferem ao Presidente a atribuição de apreciar a
presença dos requisitos atinentes à instauração de comissão parlamentar.
Presente a regra regimental, descabe falar em atuação descompassada
com os limites normativos. Cumpre trazer à balha o entendimento adotado no
julgamento do mandado de segurança nº 20.941, relator o ministro Sepúlveda
Pertence, no qual o Supremo, ainda que relativamente ao processo de impedimento
do Presidente da República, reconheceu incumbir ao Chefe da Casa Legislativa o
exame liminar da idoneidade do requerimento formalizado. Eis a ementa: [...]
II. Decisão de mérito 1. Confluência da maioria dos votos, não obstante a
diversidade ou a divergência parcial dos seus fundamentos, para o indeferimento
da segurança. Questões enfrentadas: a) natureza da autorização da Câmara dos
Deputados à instauração do processo de "impeachment" pelo Senado Supremo
Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de
24/08/2001.
O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código
FA16-6EDC-8605-E308 e senha 01A5-6375-92DF-C8F2 Inteiro Teor do Acórdão -
Página 5 de 16 Voto - MIN. MARCO AURÉLIO MS 33521 / DF Federal; diferença, no
ponto, da Constituição de 1988 em relação às anteriores; b) divergência dos
votos vencedores em torno da recepção ou não da L. 1.079/50, na parte relativa
ao procedimento do "impeachment" na Câmara dos Deputados, que,
entretanto, não comprometeu, no caso concreto, a conclusão comum no sentido de
ausência do alegado direito líquido e certo do impetrantes ao desarquivamento
da denúncia; c) competência do Presidente da Câmara dos Deputados, no processo
do "impeachment", para o exame liminar da idoneidade da denúncia
popular, que não se reduz à verificação das formalidades extrínsecas e da
legitimidade de denunciantes e denunciados, mas se pode estender, segundo os
votos vencedores, à rejeição imediata da acusação patentemente inepta ou
despida de justa causa, sujeitando-se ao controle do plenário da Casa, mediante
recurso, não interposto no caso. (Mandado de segurança nº 20.941/DF, Tribunal
Pleno, julgado em 9 de fevereiro de 1990) No mais, a análise do requerimento
apresentado, pelo impetrante e outros Deputados Federais, à autoridade
impetrada não corrobora a óptica defendida na peça primeira, no sentido da
suficiente delimitação dos fatos constitutivos do objeto da investigação. Ante
o quadro, indefiro a ordem
MANDADO DE SEGURANÇA 33.544 DISTRITO FEDERAL RELATOR: MIN. RICARDO
LEWANDOWSKI IMPTE. (S) :IVAN VALENTE ADV.(A/S) :ANDRÉ BRANDÃO HENRIQUES MAIMONI
E OUTRO(A/S) IMPDO.(A/S) :PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS ADV.(A/S)
:ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO Trata-se de mandado de segurança, com pedido de
liminar, impetrado pelo Deputado Federal Ivan Valente contra decisão que
indeferiu o Requerimento de Instituição de Comissão Parlamentar de Inquérito
02, de 2015, subscrito por 188 parlamentares. O impetrante narra, em apertada
síntese, que, “[...] Nodia 03/02/2015 foi protocolado, na Secretaria Geral da
Mesa da Câmara dos Deputados, o requerimento nº. 2 de instituição de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI. O objetivo do requerimento é o de
investigar as práticas abusivas por parte das empresas e instituições privadas
de Planos de Saúde. Motiva o requerimento, especialmente, o fato de que essas
empresas e instituições têm sido objeto de inúmeras denúncias por parte das
entidades de defesa dos consumidores, especialistas em saúde, sindicatos e
associações representativas da classe médica. O requerimento de abertura da CPI
nº. 2/2015 foi subscrito por mais de um terço dos membros da Câmara dos
Deputados, tendo constado 188 assinaturas, e estipulou como prazo de
funcionamento para as investigações 120 dias prorrogáveis. No entanto, no dia
04/03/2015, a presidência da Câmara dos Deputados exarou decisão afirmando que
não há ‘fato determinado devidamente caracterizado no Requerimento nº. 2 de
2015’. Tal decisão, todavia, configura abuso de direito e ilegalidade, não
encontrando amparo nos requisitos constitucionais e regimentais, e ferindo
direito líquido e certo do impetrante” (pág. 4-5 do documento eletrônico 2). Documento
assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser
acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob
o número 14136844. MS 33544 / DF Informa, ainda, que “[r]elevante aos
fatos é a existência de Parecer da Consultoria legislativa da Câmara dos
Deputados, órgão técnico e autônomo da Casa, que avaliou o Requerimento nº
2/2015, e concluiu que preenche ele os requisitos constitucionais, legais e
regimentais para instalação da referida CPI” (págs. 5 do documento eletrônico
2). Alega, então, que, “[d]e acordo com a Constituição Federal (art. 58, §3º),
para que seja constituída uma CPI são indispensáveis a presença de três
requisitos: um de forma, um de tempo e outro de mérito ou de substância. Eles
estão presentes no Requerimento de CPI nº. 2 em comento: 1. Requisito formal: o
requerimento foi subscrito por 188 deputados federais, mais de um terço dos
membros da casa constitucionalmente exigido. A Constituição Federal exige
requerimento de um terço dos membros da Câmara dos Deputados, ou seja, a
assinatura de pelo menos 171 Deputados. No presente caso, o relatório de
conferência – anexo - confirmou 188 assinaturas, portanto, cumprindo o
requisito constitucional exigido. 2. Requisito de mérito: o objeto de
investigação da CPI constitui fato determinado. O objetivo é o de investigar as
práticas abusivas - substanciadas em inúmeras denúncias - por parte das
empresas e instituições privadas de Planos de Saúde. O §3º do art. 58, da
Constituição de 1988, determina, apesar de não conceituar, que as CPI deverão
ser instituídas para apuração de ‘fato determinado’. Quem conceitua fato
determinado é o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, que no art. 35, §1º
fixa que: ‘Art. 35. ....... §1º Considera-se fato determinado o 2 Documento
assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser
acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob
o número 14136844. MS 33544 / DF acontecimento de relevante interesse para a
vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e social do País, que
estiver devidamente caracterizado no requerimento de constituição da Comissão.’
Do requerimento vê-se que o fato determinado foi especificado mediante
parâmetros concretos e fixação exata dos objetivos das medidas investigadoras.
É certo que o fato determinado do requerimento traz múltiplos fatos a serem
apurados, mas, ante a correlação entre si, não há impedimentos formais ou
práticos para que sejam investigados numa só Comissão. A multiplicidade
presente não traz, sequer, algum impedimento nas futuras ações inquisitórias ou
nas conclusões da CPI. Estas circunstâncias foram já anotadas no mencionado
parecer da Consultoria da Câmara dos Deputados” (págs. 5-6 do documento
eletrônico 2). Entende, outrossim, que “fato determinado é o funcionamento dos
planos de saúde privados no Brasil e as irregularidades cometidas pelas
empresas, quer contra os consumidores, quer contra os profissionais de saúde.
Tratando–se de tema sobre o qual a Câmara dos Deputados pode legislar, também,
é, inegavelmente, tema que pode ser objeto de CPI. Para se perquirir de se um
Requerimento de CPI contém fato determinado a única questão que deve fazer o
intérprete é a seguinte: o requerimento individuou algum ponto da vida na nação
que posso ser objeto de nova lei? O requerimento apontou como fato determinado
a investigar o funcionamento dos planos de saúde, a Câmara tem competência para
legislar sobre isso, portanto, é o que basta. É manifestamente ilegal e
inconstitucional que o intérprete crie requisitos que a Constituição Federal
não tenha estabelecido” (pág. 8 do documento eletrônico 2). Ademais, afirma que
3 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001,
que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14136844. MS 33544 / DF
“[h]á, em favor do impetrante, parlamentar de oposição e minoria, autor e
subscritor do Requerimento de CPI nº. 2/2015, o direito subjetivo de ver
restabelecido o direito líquido e certo de instauração da Comissão dos Planos
de Saúde, vez que o pedido cumpriu estrita e completamente os requisitos
constitucionais do §3º do art. 58 da CF e do art. 35 do Regimento Interno da
Câmara dos Deputados” (pág. 12 do documento eletrônico 2). Requer, assim,
liminarmente, que “seja determinada a imediata instauração da CPI dos Planos de
Saúde, objeto do Requerimento nº.2, de 2015, cumprindo-se todos os termos e
providências dos artigos 35 e seguintes do Regimento Interno da Câmara dos
Deputados” (pág. 13 do documento eletrônico 2). No mérito, pede a concessão da
ordem, ratificando a liminar, autorizando-se a “instauração e funcionamento da
Comissão Parlamentar de Inquérito requerida” (pág. 13 do documento eletrônico
2). Em 28/4/2015, a então relatora do feito, Ministra Cármen Lúcia,
indeferiu o pedido de liminar e abriu vista ao Ministério Público Federal
(documento eletrônico 16). A Procuradoria-Geral da República, em parecer de
lavra do então Procurador-Geral da República Rodrigo Janot Monteiro de Barros,
ofertou parecer opinando pela denegação da segurança. Eis a ementa de sua
manifestação: “MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTITUCIONAL LEGITIMIDADE ATIVA DE
PARLAMENTAR PARA IMPETRAR MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DO PRESIDENTE DA
CÂMARA QUE INDEFERE REQUERIMENTO DE CRIAÇÃO DE COMISSÃO PARLAMENTAR DE
INQUÉRITO (CPI). ANÁLISE DE 4 Documento assinado digitalmente conforme MP n°
2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14136844. MS 33544 / DF
POSSÍVEIS VIOLAÇÕES A PRECEITOS CONSTITUCIONAIS. POSSIBILIDADE DE CONTROLE PELO
PODER JUDICIÁRIO. REQUISITOS CONSTITUCIONAIS PERTINENTES À CRIAÇÃO DE CPI -
ART. 58, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO. FATO DETERMINADO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO.
DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA. 1 – Pretensão de instauração de Comissão Parlamentar de
Inquérito requerida em petição subscrita por 188 (cento e oitenta e oito)
parlamentares. 2 – Têm os parlamentares legitimidade ativa para impetração de
mandado de segurança em defesa do devido processo legislativo e da prerrogativa
parlamentar de apuração e investigação de denúncias, garantida no art. 58, §
3º, da Constituição. 3 – Estão os atos parlamentares sujeitos ao judicial
review, desde que o controle jurisdicional não invada matéria
interna corporis do poder legislativo. 4 – Por fato determinado
entende-se aquele que, desde o momento do requerimento de criação da CPI,
apresenta-se como um fato específico, com parâmetros concretos e
individualizados. 5 – Em que pese subscrito por mais de 1/3 dos membros da
Câmara dos Deputados, observando-se, assim, um dos requisitos do art. art. 58,
§3º, da Constituição, o Requerimento 2/2015 apresentado à Mesa não atendeu a
outro requisito também constante do citado dispositivo constitucional e das
demais normas legais e regimentais específicas, uma vez que não indicou fato
determinado apto a gerar direito subjetivo da minoria parlamentar à instalação
da CPI. 6 – Parecer pela denegação da segurança” (págs. 1-2 do documento
eletrônico 19). É o relatório necessário. Decido. De antemão, esclareço que os
membros das Casas Legislativas do Congresso Nacional, e somente eles, possuem
legitimidade processual 5 Documento assinado digitalmente conforme MP n°
2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14136844. MS 33544 / DF
para impetrar mandado de segurança a fim de assegurar a observância do devido
processo legislativo, tal como regulado pelo texto constitucional, incumbindo
ao Supremo Tribunal Federal fazer valer essa garantia. Além disso, no
desempenho da jurisdição constitucional, o Supremo Tribunal Federal, sempre que
necessário, tem atuado como poder contramajoritário, exercendo a proteção
de minorias contra imposições discriminatórias e desarrazoadas das maiorias.
Nesse sentido: MS 26.441/DF, Rel. Min. Celso de Mello. Na espécie, o impetrante
aduz que a rejeição do requerimento de criação da CPI afronta seu direito
líquido e certo, pois “todos os requisitos constitucionais foram devidamente
cumpridos para a necessária instalação da CPI dos Planos de Saúde” (pág. 9 do
documento eletrônico 2). Pois bem. Vejamos, então, o teor do requerimento:
“Requeiro a V. Exa., nos termos do parágrafo 3º do art. 58 da Constituição
Federal e na forma do art. 35 do Regimento Interno, a instituição de Comissão
Parlamentar de Inquérito, com a finalidade de investigar denúncias de
irregularidades nos serviços de Planos de Saúde prestados por empresas e
instituições privadas. A Comissão será composta por 23 membros e igual número
de suplentes, e terá o prazo de 120 dias, prorrogável. Os recursos financeiros
e administrativos e os assessoramentos necessários ao funcionamento desta
Comissão serão providos por recursos orçamentários da Câmara dos Deputados.
JUSTIFICATIVA: Tem sido veiculada uma série de denúncias nos meios de
comunicação de alcance nacional atestando o tratamento desrespeitoso dos Planos
de Saúde para com os usuários destes serviços. 6 Documento assinado
digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser
acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob
o número 14136844. MS 33544 / DF Segundo o PROCON, os Planos de Saúde
permaneceram, na última década, no topo do ranking de reclamações dos
consumidores. Entre as reclamações que tem chegado a justiça, 88% tem
obtido ganho de causa a favor do consumidor, comprovando a descumprimento das
operadoras com suas obrigações contratuais. Num contexto em que as causas
reclamatórias dos consumidores contra os planos de saúde levam um tempo absurdo
de 6 a 12 anos para serem avaliadas e julgadas. Além do PROCON, outro renomado
órgão de defesa do consumidor, o IDEC (Instituto Brasileiro de defesa do
Consumidor), atuante desde 1987, tem apresentado dados inequívocos dos abusos
cometidos pelos Planos de Saúde privados não apenas contra os consumidores, mas
também contra a classe dos médicos e demais trabalhadores da área da saúde.
Entre as irregularidades apontadas pelo IDEC (Anexos I e II) destacam-se: o
descumprimento por parte dos planos de saúde do prazo máximo para marcar
consultas; a precariedade em relação a disponibilidade de profissionais na rede
credenciada; presença de cláusulas abusivas nos contratos, que excluem ou
limitam a cobertura de uma série de procedimentos. Outro conjunto de
irregularidades, relacionadas a práticas abusivas por parte das empresas e
instituições privadas de Planos de Saúde, tem sido objeto de denúncias por
parte das entidades de defesa dos consumidores, especialistas em saúde e
sindicatos e associações representativas da classe médica. Entre elas
destacam-se: não autorização e glosa de procedimentos médicos e laboratoriais;
descredenciamento unilateral de médicos, clínicas e hospitais; baixa
remuneração dos médicos; processos de auditoria que visam inibir médicos e
pacientes; aumento do valor dos planos de saúde para os usuários e redução de
direitos; cruzamento de propriedade, em que algumas das empresas e instituições
privadas de planos de saúde são detentores de toda cadeia econômica que os
cercam, incluindo hospitais, redes de laboratórios
de analises clinicas e 7 Documento assinado digitalmente conforme MP
n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14136844. MS 33544 / DF
de imagem e rede de médicos credenciados. Em relação à coerção das operadoras
de Planos de Saúde sobre os profissionais de saúde, uma pesquisa realizada pelo
Datafolha indicou que 90% dos médicos — num universo de 2.200 médicos
pesquisados no Brasil — afirma sofrer pressão dos planos de saúde para abrirem
mão de sua autonomia legal para decidirem sobre exames, internações e tempo de
consulta. O modelo assistencial de saúde suplementar brasileiro já inclui hoje
um contingente de aproximadamente 50 milhões de usuários. Com isso, cresce o
dispêndio das famílias brasileiras que tem aderido aos Planos de Saúde privados
no país, sem que elas recebam em troca um serviço de qualidade e de acordo com
as normas vigentes no Código de Defesa do Consumidor. Pesquisa recente,
realizada pelo instituto Datapopular, revela que o gasto das famílias
brasileiras com saúde subiu 54% em uma década. ‘Em 2002, saíram do bolso dos
brasileiros R$ 110 bilhões para pagar remédios e serviços como planos e
seguro-saúde. Neste ano, os gastos devem chegar a R$ 169 bilhões’. Esta
situação caótica não encontra qualquer justificativa de ordem econômica, tendo
em vista a alta lucratividade que vem sendo obtida por estas empresas e
instituições privadas de Planos de Saúde ao longo dos últimos anos. O que
configura uma situação de flagrante desrespeito aos direitos do consumidor e a
legislação vigente. Dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e de
entidades vinculadas aos profissionais de saúde revelam o grande contraste
existente entre o crescimento do faturamento das operadoras de Planos de Saúde
e o baixo valor médio do que é pago pelos planos em relação às consultas
médicas. Segundo este levantamento, de 2003 a 2011 o faturamento anual dos
planos médicos hospitalares cresceu 197% (atingindo R$ 83,4 bilhões em 2011),
enquanto o valor médio pago pelos planos de saúde por uma consulta médica teve
um reajuste de apenas 64%, passando de R$ 28,00 para R$ 46,00 no mesmo período.
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Diante destes fatos, e tendo em vista os limites que os órgãos de defesa do
consumidor, o PROCON e a própria ANS tem enfrentado para deter este quadro de abusos
cometidos pelos Planos de Saúde contra médicos e usuários, faz-se necessário
que a Câmara dos Deputados exerça o seu papel de investigação no âmbito de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Uma CPI que tenha por objetivo inibir
e dar fim a estas práticas abusivas, assim como buscar avançar em propostas que
representem o aperfeiçoamento da legislação referente ao controle e a
regulamentação, por parte do Estado e do poder público, dos serviços prestados
por estas empresas e instituições privadas de planos de Saúde” (documento
eletrônico 4). Transcrevo, ainda, o que dispõe o art. 58, § 3°, da Constituição
Federal: “As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos
regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e
pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um
terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo,
sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para
que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores” (grifei). O
Supremo Tribunal Federal, ao interpretar o dispositivo supratranscrito, já
anotou que “A instauração de inquérito parlamentar, para viabilizar-se no
âmbito das Casas legislativas, está vinculada, unicamente, à satisfação de três
(03) exigências definidas, de modo taxativo, no texto da Lei Fundamental da
República: (1) subscrição do 9 Documento assinado digitalmente conforme MP n°
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requerimento de constituição da CPI por, no mínimo, 1/3 dos membros da Casa
legislativa, (2) indicação de fato determinado a ser objeto da apuração
legislativa e (3) temporariedade da comissão parlamentar de inquérito.
Precedentes do Supremo Tribunal Federal: MS 24.831/DF, Rel. Min. CELSO DE
MELLO, v.g.” (MS 26.441/DF, Rel. Min. Celso de Mello. No mesmo sentido o MS
24.849/DF, Rel. Min. Celso de Mello). Consta da decisão proferida pelo
Presidente da Câmara de Deputados que o requerimento apresentado atendia à
primeira e segunda exigência da Carta Constitucional. Observo, todavia, que o
ato ora questionado indeferiu o pedido formulado por não vislumbrar a indicação
de fato determinado, condição indispensável para a instauração da CPI. Eis, no
ponto, os fundamentos do decisum: “[...] Passo, pois, à análise do requisito do
fato determinado. Considera-se fato determinado o acontecimento de relevante
interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e
social do País (art. 35, § 1°, do RICD). O fato determinado estabelece o escopo
e os limites da investigação. Como já decidiu o Supremo Tribunal Federal - STF
em diversas ocasiões, o inquérito parlamentar, pela sua excepcionalidade,
somente se instaura diante de fatos devidamente descritos, devendo ficar adstrito
à apuração destes durante tempo certo, o que representa garantia
constitucional de toda a sociedade, visto não se admitir que o Poder
Legislativo realize apurações a esmo, transmudando-se em órgão de investigação
permanente dotado de poderes especiais. [...] Ainda que as circunstâncias
narradas revistam-se de inegável gravidade, o requisito
constitucional da presença de 10 Documento assinado digitalmente conforme MP n°
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fato determinado é condição indispensável à instauração do inquérito
parlamentar. O fato de ser descrito no bojo do requerimento e essa descrição
não pode ser genérica, mas deve vir com a indicação de acontecimentos objetivos
situados no tempo e no espaço, ou individualização de condutas ilícitas
passíveis de apuração. No magistério do Ministro Celso de Mello, ‘somente fatos
determinados, concretos e individualizados, ainda que múltiplos, que sejam de
relevante interesse para a vida política, econômica, jurídica e social do
Estado, são passíveis de investigação parlamentar. (...) O objeto da comissão
de inquérito há de ser preciso’ (Investigação parlamentar estadual: as
comissões especiais de inquérito. Justitia, ano 45, v. 121, p. 150). Não
há como vislumbrar, no requerimento em análise, o preenchimento desse
requisito. As irregularidades coligidas pelos autores do requerimento
encontram-se descritas em linguagem genérica, sem menção a sujeitos
individuados e sem delimitação temporal do período que será objeto de apuração
por parte do órgão de investigação. Nem há descrição precisa de um fato
concreto sequer. Em síntese: a CPI requerida destina-se a investigar qualquer
irregularidade cometida a qualquer tempo por qualquer operadora privada de
plano de saúde. Sendo assim, entendo não haver fato determinado devidamente
caracterizado no Requerimento n. 2, de 2015, razão pela qual determino a sua
devolução ao primeiro Requerente, o que faço atendo às disposições do art. 35,
§§ 1° e 2°, do RICD” (págs. 1-5 do documento eletrônico 7). Com efeito, entendo
que não há direito líquido e certo dos impetrantes a ser protegido nesta via.
Como se verifica o Texto Constitucional elencou 3 requisitos básicos para
criação de uma CPI: a) requerimento de um terço no mínimo dos membros da
respectiva Casa onde ela pretende ser criada; b) objeto delimitado; e c) prazo
de duração definido na sua criação. 11 Documento assinado digitalmente conforme
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33544 / DF Note-se, entretanto, que a Carta Política não esmiuçou como se deve
dar a tramitação do requerimento de criação, não estipulou o prazo de duração,
apenas disse que ele deveria ser determinado; ou seja, essa e outras questões,
reservou ao Legislativo a tarefa de regulamentá-la internamente, por meio do
seu regimento. Nesse aspecto, a Comissão Parlamentar de Inquérito, segundo o
art. 35, § 1°, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, tem
um proposito específico – apurar fato (s) determinado
(s), verbis: “Art. 35. A Câmara dos Deputados, a requerimento de um terço
de seus membros, instituirá Comissão Parlamentar de Inquérito para apuração de
fato determinado e por prazo certo, a qual terá poderes de investigação
próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos em lei e neste
Regimento. § 1º Considera-se fato determinado o acontecimento de relevante
interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e
social do País, que estiver devidamente caracterizado no requerimento de
constituição da Comissão”. A devida caracterização do fato determinado impede
que se autorize a instalação da CPI para investigar fato genérico, sem
parâmetro concreto, objetivo, individualizado e delimitado temporalmente.
Destaco, nessa linha, que “a exigência de ‘fato determinado’ implica vedação a
que se instale CPI para investigar fato genérico, difuso, abstrato ou de
contornos indefinidos. Fato determinado, unitário ou múltiplo, é aquele
devidamente descrito no requerimento que dá origem à CPI com objetividade
suficiente para permitir o adequado desenvolvimento da missão confiada à
Comissão de Inquérito” (MS 32.885/DF, Rel. Min. Rosa Weber). 12 Documento
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o número 14136844. MS 33544 / DF Assim, o indeferimento de constituição da CPI
objeto desse mandamus está suficientemente fundamentado. Isso porque as
justificativas apresentadas são legais e idôneas. Nesse sentido foi o parecer
da Procuradoria-Geral da República: “Da leitura do Requerimento 2/2015,
verifica-se que, a despeito da gravidade da ‘situação’ relatada, a indicar uma
‘crise’ da prestação de serviços por planos de saúde, não foi apontado de forma
objetiva, individualizada e concreta um ‘fato determinado’ que justificasse a
criação da CPI. A Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, por sua vez,
avaliando o Requerimento 2/2015, concluiu pelo preenchimento de todos os
requisitos, consignando sobre o fato determinado o seguinte: ‘Trata-se de fato
determinado? Sem dúvida. O fato determinado é o funcionamento dos planos de
saúde privados no Brasil e as irregularidades cometidas pelas empresas, quer
contra os consumidores, quer contra os profissionais de saúde. Tratando–se de
tema sobre o qual a Câmara dos Deputados pode legislar, também, é,
inegavelmente, tema que pode ser objeto de CPI. Para se perquirir de se um
Requerimento de CPI contém fato determinado a única questão que deve fazer o
intérprete é a seguinte: o requerimento individuou algum ponto da vida na nação
que possa ser objeto de nova lei? O requerimento apontou como fato determinado
a investigar o funcionamento dos planos de saúde, a Câmara tem competência para
legislar sobre isso, portanto, é o que basta. É manifestamente ilegal e
inconstitucional que o intérprete crie requisitos que a Constituição Federal
não tenha estabelecido’. Não procede, todavia, a conclusão do órgão técnico do
legislativo, uma vez que, para a consideração do fato como determinado, não
basta que a matéria a este subjacente seja de competência legislativa da Câmara
dos Deputados ou que seja individualizado ‘algum ponto da vida na nação que
possa ser 13 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de
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objeto de nova lei’. Além da competência legislativa e da relevância social,
são imprescindíveis, repita-se, concretude e individualização suficientemente
objetivas dos fatos indicados. Diversos dados coligidos no requerimento, como o
aumento do faturamento das empresas e da população atendida por planos de
saúde, decorrem da ampliação da prestação dos serviços de saúde privada no
Brasil. Essa ampliação ocorre em parte pelas notórias dificuldades da área de
saúde pública, mas também pelo maior acesso da população a essa modalidade de
serviço. Parece demonstrado, portanto, que os fatos indicados no Requerimento
2/2015 não atendem às exigências quanto à concretude e individualização dos
acontecimentos para os quais se postula investigação. De mais a mais, não se
desincumbiu o impetrante, na presente via, de demonstrar, objetivamente, em que
aspectos e circunstâncias os fatos apontados realmente atendiam aos requisitos
constitucionais, legais e regimentais exigidos, limitando-se a sustentar, de
forma genérica, que a análise do que seja fato determinado pela autoridade
coatora estaria a violar o direito das minorias parlamentares” (págs. 17-19 do
documento eletrônico 19). Isso posto, denego a segurança (art. 205 do Regimento
Interno do Supremo Tribunal Federal). Publique-se. Brasília, 27 de novembro de
2016. Ministro Ricardo Lewandowski Relator 1
À título de ilustração, sem nos alongar demais com as argumentações,
transcrevemos abaixo notícia do STF, publicada em seu site do dia 22 de agosto
de 2008.
Presidente do STF mantém suspensa CPI da Câmara Municipal de São
Paulo
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
ministro Gilmar Mendes, restabeleceu decisão do Tribunal de Justiça do Estado
de São Paulo (TJ-SP) que suspendeu o funcionamento de Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) instaurada na Câmara Municipal da capital paulista. Ele
entendeu que, a princípio, não houve indicação de fato determinado a ser apurado
pela comissão, sendo este um dos requisitos constitucionais para sua
instalação. Com isso, o ministro reconsiderou decisão tomada por ele próprio em
26 de junho passado, na Suspensão da Segurança (SS) 3591, interposta pela
Câmara Municipal paulistana. Naquela data, ele entendeu que estava demonstrado
o risco de grave lesão à ordem pública, conforme alegado pelo legislativo
paulistano, porque o Mandado de Segurança concedido pelo TJ-SP, suspendendo o
funcionamento da CPI , violaria o princípio da separação dos Poderes
(artigo 2º, da Constituição Federal – CF) e teria suprimido as prerrogativas de
investigação e fiscalização inerentes ao Poder Legislativo desempenhadas por
meio das CPIs (artigo 58, parágrafo 3º, CF). Reconsideração A reconsideração da
decisão anterior ocorreu na apreciação de recurso interposto pela Associação
Brasileira das Empresas de Leasing (Abel), Associação Nacional das Instituições
de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) a Federação Brasileira de
Bancos (Febraban). O ministro Gilmar Mendes entendeu que a não-indicação de
fato determinado a ser apurado pela CPI viola os artigos 58, parágrafo 3º, da
CF; 33, da Constituição do estado de São Paulo, e 33, parágrafo 2º, da Lei
Orgânica do Município de São Paulo. Gilmar Mendes relatou, ainda, que, segundo
o ato que instalou a CPI, sua finalidade seria de apurar "os fatos
relativos ao não-recolhimento ou ao recolhimento incorreto, pelas instituições
bancárias, do Imposto sobre Serviços (ISS)". Entretanto, da forma como
mencionado no ato de instalação, o fato a ser apurado não se encontra de forma
concreta e individualizada, sendo um "enunciado genérico", concluiu o
presidente da Corte. As entidades alegaram, também, que o restabelecimento da
liminar concedida pelo TJ-SP não seria lesivo à ordem pública, pois teria como
objetivo assegurar o direito dos seus associados de não comparecer para prestar
depoimento perante CPI criada sem a indicação de fato determinado. Segundo
elas, com sua manutenção, seriam “lesados particulares que a ela deveriam
comparecer sob pena de condução coercitiva”. Ao rever a decisão, Gilmar Mendes
citou doutrina do jurista Nelson de Souza Sampaio, segundo o qual “fatos vagos
ou imprecisos, que não se sabem onde nem quando se passaram, são meras
conjecturas que não podem constituir objeto de investigação”. No mesmo sentido
se pronunciou o ministro Celso de Mello, também citado por Gilmar Mendes, na
publicação “Justitia”, ano 45, volume 121, página 150, nos seguintes termos:
“Constitui verdadeiro abuso instaurar-se inquérito legislativo com o fito de
investigar fatos genericamente enunciados, vagos ou indefinidos. O objeto da
comissão de inquérito há de ser preciso”. FK/LF Processos relacionados SS
3591.
Ante todo o exposto, apresento esta Questão de Ordem com o objetivo de
requerer de Vossa Excelência a anulação do Ato do Presidente nº 101, de 2023,
do Requerimento nº 298, de 2023, de autoria do Deputado Gil
Diniz e outros, ante às razões aduzidas exaustivamente acima, bem como por
decorrência do precedente criado e também destacado acima.
Sala das Sessões, em
Deputada Monica Seixas do Movimento Pretas
Líder da Federação PSOL/REDE
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