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04 DE NOVEMBRO DE 2003

135ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidência: MARQUINHO TORTORELLO e ARY FOSSEN

 

Secretária: ANA MARTINS

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 04/11/2003 - Sessão 135ª S. ORDINÁRIA  Publ. DOE:

Presidente: MARQUINHO TORTORELLO/ARY FOSSEN

 

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - MARQUINHO TORTORELLO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - NIVALDO SANTANA

Parabeniza  a Sabesp pelos seus 30 anos de existência. Preocupa-se com a queda do nível dos reservatórios de água.

 

003 - ANA MARTINS

Apela por audiência do Secretário de Ciência e Tecnologia com representantes das escolas estaduais que mantêm cursos técnicos, que serão extintos.

 

004 - BALEIA ROSSI

Refere-se a PLs de sua autoria: o que cria o Disque Ecologia e o que obriga a divulgação mensal dos níveis de água dos reservatórios. Traz apelo da população de Ribeirão Preto por conserto do aparelho que mede a qualidade do ar da cidade.

 

005 - DONISETE BRAGA

Registra a visita do Deputado do Espírito Santo Reginaldo Almeida, presente para participar de reunião da Comissão de Meio Ambiente desta Casa.

 

006 - Presidente MARQUINHO TORTORELLO

Saúda o visitante.

 

007 - RENATO SIMÕES

Apóia a aprovação do PLC 20/03, que cria o Tribunal de Alçada Regional de Campinas. Cobra instalação da Defensoria Pública no Estado.

 

008 - CARLINHOS ALMEIDA

Apela para que o Governador, antes de fechar os cursos profissionalizantes ministrados em escolas estaduais, procure dialogar e conhecer o trabalho nelas desenvolvido.

 

009 - MARIA LÚCIA PRANDI

Critica o Governo do Estado pelo fechamento de cursos profissionalizantes de ensino médio em 111 escolas no Estado de São Paulo e pela diminuição de recursos para o Centro Paula Souza.

 

010 - JOSÉ  BITTENCOURT

Tece considerações sobre a Reforma do Judiciário, apresentando  seus pontos mais importantes, e parabeniza o Governo Federal por ter colocado a reforma em sua agenda política.

 

011 - VANDERLEI SIRAQUE

Comenta o ataque de organização criminosa a bases da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana e a falta de preparo do Governo do Estado no que diz respeito à Segurança Pública.

 

GRANDE EXPEDIENTE

012 - JOÃO CARAMEZ

Relata a visita do Sr. Governador a algumas cidades da Região Metropolitana de São Paulo, onde entregou viaturas policiais e casas populares e autorizou da instalação de Fatec na região oeste de São Paulo. Rebate o pronunciamento do Deputado Vanderlei Siraque quanto à Segurança Pública.

 

013 - MÁRIO REALI

Defende o Sistema Único de Segurança, criado pelo Governo Federal e contesta o pronunciamento do Deputado João Caramez quanto a questão dos investimentos do Governo Estadual em Segurança Pública. Fala sobre a organização das audiências públicas, aprovada nesta Casa (aparteado pelo Deputado Fausto Figueira).

 

014 - CÂNDIDO VACCAREZZA

Afirma que, em dez meses de gestão,  o Governo Lula conseguiu melhorar os índices econômicos do País. Elogia a administração Marta Suplicy na Capital do Estado.

 

015 - LUIS CARLOS GONDIM

Defende mudanças nos Códigos Civil e Penal para coibir ações de grupos organizados de criminosos, como as ocorridas neste final de semana.

 

016 - JOSÉ  BITTENCOURT

Anuncia que a bancada do PTB fez manifesto em desagravo ao juiz da comarca de Teodoro Sampaio que foi alvo de representação por parte do PT.

 

017 - MARIA LÚCIA AMARY

Pelo art. 82, reverencia a vida e a obra da escritora Rachel de Queiroz, falecida nesta madrugada.

 

018 - AFONSO LOBATO

Pelo art. 82, apela ao Governo do Estado por equipamentos adequados para os guardas de muralha de presídios, lembrando que um deles foi morto em recente tentativa de resgate em Tremembé.

 

019 - RENATO SIMÕES

Pelo art. 82, justifica a representação que, junto com outros parlamentares do PT, ingressou contra juiz. Afirma que instâncias superiores da Justiça têm sistematicamente revogado as decisões daquele magistrado.

 

ORDEM DO DIA

020 - MARQUINHO TORTORELLO

Põe em votação e declara aprovado requerimento pedindo formação de Comissão de Representação para participar, de 6 a 9 de novembro, do Fórum Social Brasileiro. Põe em votação e declara sem debate aprovados requerimentos, do Deputado Vaz de Lima, pedindo urgência para os PLs 268/03, 909/03, 184/02 e 221/02. Põe em votação e declara aprovado requerimento, do Deputado Antonio Mentor, pedindo urgência ao PL 393/03. Põe em votação e declara aprovado requerimento, do Deputado Vanderlei Macris, propondo alteração na Ordem do Dia. Convoca os Srs. Deputados para sessão extraordinária hoje, 60 minutos após o término desta sessão. Põe em discussão o PL 675/03.

 

021 - RENATO SIMÕES

Discute o PL 675/03 (aparteado pelos Deputados Ricardo Castilho e Afonso Lobato).

 

022 - ALBERTO TURCO LOCO HIAR

Discute o PL 675/03 (aparteado pelo Deputado Nivaldo Santana).

 

023 - ARY FOSSEN

Assume a Presidência.

 

024 - ANTONIO MENTOR

Para questão de ordem, indaga sobre fixação de prazo para apresentação de emendas ao projeto do Orçamento para 2004.

 

025 - Presidente ARY FOSSEN

Recebe a questão de ordem, prometendo enviá-la à Presidência efetiva.

 

026 - CAMPOS MACHADO

Discute o PL 675/03 (aparteado pelo Deputado Renato Simões).

 

027 - HAMILTON PEREIRA

Discute o PL 675/03 (aparteado pelo Deputado Afonso Lobato).

 

028 - Presidente ARY FOSSEN

Responde à Questão de Ordem feita pelo Deputado Antonio Mentor. Lembra os Srs. Deputados da sessão extraordinária, hoje, às 20 horas, e convoca-os para a sessão ordinária do dia 05/11, à hora regimental, com Ordem do Dia. Encerra a sessão.

 

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O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido a Sra. Deputada Ana Martins para, como 2ª Secretária "ad hoc", proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

A SRA. 2ª SECRETÁRIA - ANA MARTINS - PCdoB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Convido a Sra. Deputada Ana Martins para, como 1ª Secretária "ad hoc", proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

A SRA. 1ª SECRETÁRIA - ANA MARTINS - PCdoB - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE.

 

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O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Ricardo Tripoli. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Orlando Morando.(Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Paulo Sérgio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Nivaldo Santana.

 

O SR. NIVALDO SANTANA - PCdoB -  Sr. Presidente, Srs. Deputados, a Sabesp completou, neste 1º de novembro, 30 anos de serviços prestados ao Estado de São Paulo. A lei que autorizou a constituição da Sabesp foi aprovada no dia 29 de junho de 1973, mas a Ata de constituição da empresa, uma espécie de certidão de nascimento, foi no dia 1º de novembro de 1973.

Com isso, a empresa mais importante de saneamento básico do Brasil e da América Latina está completando 30 anos de serviços prestados ao povo do Estado de São Paulo. Todos os indicadores técnicos de avaliação dos serviços consideram a Sabesp uma empresa da mais alta qualidade. Tem nível de excelência no setor de saneamento básico. É uma empresa de referência em todo o mundo.

Por isso, nós, funcionários da empresa há mais de 25 anos, que já fomos presidente inclusive do Sindicato que representa os trabalhadores da categoria, o Sintaema - hoje presidido pelo nosso companheiro Helifax Pinto de Souza - sentimo-nos felizes em saber que uma empresa como a Sabesp tem conseguido passar incólume pelas tentativas de privatização, que foram marca recorrente principalmente dos governos do PSDB que, com a aprovação do Programa Estadual de Privatização, liquidaram boa parte do patrimônio público. Poucas empresas conseguiram se safar dessa política de privatizações.

Embora a Sabesp continue sendo uma empresa pública estatal, vemos com preocupação a política que o Governo vem adotando em relação à empresa. Uma questão importante é a sucessiva política de venda de ações da Sabesp. Recentemente foi aprovado, contra o nosso voto e com a nossa oposição, um projeto que autorizou o Governo do Estado a vender metade menos uma das ações da empresa, o que significa que a Sabesp ficaria, depois que essas medidas forem consumadas, a um passo da privatização.

Outra questão preocupante é o fato dos investimentos da Sabesp, para cumprir com as suas funções de atendimento à população na área de saneamento básico, resumirem-se a investimentos baseados nas receitas tarifárias ou empréstimos, empréstimos estes que sempre cobram altas taxas de juro, ou ficam sujeitos a variações cambiais. Uma vez mais - é só nós lermos o Diário Oficial, onde saiu publicado o orçamento do Estado, em tramitação nesta Casa, a definição dos investimentos das estatais - percebemos que o Tesouro do Estado e a administração do Estado não remetem um único centavo para ajudar no financiamento da empresa.

Muito pelo contrário, o Governo do Estado tem recebido mais de um bilhão de reais de dividendos, desde que o Governo do PSDB passou a controlar o nosso Estado. Muitas despesas da Sabesp e do Governo do Estado são pagas com recursos da Sabesp. Isso explica as dificuldades momentâneas que a empresa vem enfrentando no sentido de garantir um adequado fornecimento de água.

Já estamos vivendo uma situação de rodízio no sistema do Alto Cotia, e o sistema Cantareira está com seu nível de reserva de 5%, o mais baixo da história. O sinal de alarme já soou e podemos, a qualquer momento, ter que enfrentar um gigantesco racionamento de água no sistema Cantareira, que atende mais de nove milhões de pessoas, devido à insuficiência de investimentos no sentido de incorporar novos mananciais ao sistema de abastecimento, para termos políticas de reuso da água, de economia, de combate ao desperdício.

Essa preocupação é grande. Infelizmente o aniversário da empresa é celebrado no mesmo momento em que essa política de racionamento volta a surgir com força, aqui na região metropolitana de São Paulo. Gostaríamos de dizer, até porque o Presidente da Sabesp, Sr. Dalmo Nogueira, não admite nenhum tipo de crítica. Ele confunde a crítica justa e necessária que nós fazemos à direção da empresa, ao Governo do Estado, com a defesa da Sabesp.

Nós defendemos a Sabesp como empresa pública. Defendemos mais e mais investimentos. Defendemos o fortalecimento da empresa. Isso não significa que, como Deputado estadual comprometido com o setor do saneamento básico, vamos fazer vistas grossas aos desmandos administrativos e ao arrocho na área de investimento patrocinado pelo Governo.

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vicente Cândido. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Romeu Tuma. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Renato Simões. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ubiratan Guimarães. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Ana Martins.

 

A SRA. ANA MARTINS - PCdoB - SEM REVISÃO DA ORADORA - Sr. Presidente, Srs. Deputados, ouvintes da rádio Assembléia, telespectadores da TV Assembléia, todos que nos assistem, assessores que trabalham diretamente junto a nós, no plenário, gostaria de, novamente, voltar ao assunto da situação da Escola Estadual “Condessa Filomena Matarazzo”.

Até agora a Secretaria da Educação e a diretoria regional Leste-1 não deram nenhum retorno para esses 3.200 alunos e os professores. Todos se mobilizaram porque a escola não pode efetuar as matrículas para o ano que vem. Anualmente a escola forma 1.200 alunos nos cursos de Enfermagem, Magistério, Contabilidade e Secretariado. Além desses, existe um curso de um ano, de Turismo.

Essa escola é uma das melhores de São Paulo. Ela consegue a participação dos alunos nas suas atividades. Tem um nível muito bom e por isso é uma escola muito procurada em toda a zona Leste, com uma demanda de seis a oito mil alunos anualmente. Houve até anos em que foi preciso fazer um sorteio, porque não havia meios de atender uma demanda tão grande.

Os alunos da escola montaram uma TV, com o nome de TV Filó. Transmitiram um programa de debates, o ‘Gêmeas da Filó’. “O tema central do programa ‘Gêmeas da Filó’, exibido pelos alunos da Escola Estadual Filomena Matarazzo, foi a discussão sobre a possibilidade de os cursos técnicos da escola acabarem. No primeiro semestre, a direção afirma ter sido informada por supervisores da Diretoria de Ensino Leste-1 que os programas profissionalizantes seriam suspensos em 2004. Entretanto, a Secretaria Estadual de Educação afirma que esses não estariam extintos, mas sim transferidos para a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia.”

Ora, senhores, imaginem! Cursos de Magistério na Secretaria de Ciência e Tecnologia, e não na Secretaria de Educação. Olhem o disparate! A professora de psicologia e ética profissional da escola, Leda Camargo Neves Meza Sanchez, diz que a direção da Condessa entrou em contato com a coordenadoria de ensino da região metropolitana da Grande São Paulo - Cogesp - e com a delegacia de ensino Leste-1 para obter mais detalhes sobre a decisão e o destino dos alunos dos cursos em andamento, mas não teria recebido uma resposta definitiva. A única certeza seria de que os cursos profissionalizantes da rede estadual de ensino passariam a ser administrados em 2004 pela Fundação Paula Souza, subordinada à Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia.

Em setembro a comunidade escolar organizou manifestações na sede da Secretaria da Educação, na avenida São Miguel, para protestar contra a decisão. Os atos foram filmados e exibidos no “Gêmeas da Filó”, a TV construída por esses alunos adolescentes que estudam nessa escola. O protesto mais recente, no dia nove, reuniu 230 pessoas, a maioria de alunos, mas também professores, funcionários e pais na sede da Secretaria da Educação. Também estive presente neste ato, entrei com uma comissão de dez alunos.

A promessa da chefe de gabinete do Secretário Chalita é que marcaria uma audiência com o secretário até o dia 30. Hoje é dia quatro e nenhuma satisfação foi dada para esta Deputada, nem à comissão, nem à escola. Isso é um desrespeito. Portanto, solicito ao Sr. Presidente que encaminhe meu discurso ao Secretário da Educação, Prof. Gabriel Chalita, ao Governador do Estado, e exijo que ele respeite meu mandato, respeite essa comissão, respeite a mobilização dos alunos e que marque audiência o quanto antes com o secretário de Ciência e Tecnologia e dois ou três representantes da comissão de transição. Estou aqui apelando para que o secretário respeite o mandato de um Deputado e a mobilização dos estudantes que querem garantir a melhoria do ensino e a continuidade dos cursos profissionalizantes.

Sr. Presidente, fiz citação do caderno especial da zona Leste do jornal “O Estado de S.Paulo”, do dia 31 de outubro de 2003, que trata e parabeniza a TV Filó, uma TV dos alunos da escola estadual Condessa Matarazzo. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Esta Presidência recebe o pedido de V.Exa. e o encaminhará, através de ofício, na forma requerida.

Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Almeida. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Arnaldo Jardim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Gonzaga Vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Baleia Rossi.

 

O SR. BALEIA ROSSI - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, distinto público presente, telespectadores da TV Assembléia, trago a esta tribuna dois assuntos que entendo serem de extrema importância que dizem respeito ao meio ambiente e à saúde pública. Primeiramente, um projeto que apresentei criando com a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo o “Disque Ecologiaque atende a todo e qualquer crime ambiental.

O projeto prevê um e apenas um canal de comunicação aberto para as denúncias populares, um órgão que tenha credibilidade e à população respostas sobre as mais diversas denúncias sobre o meio ambiente. Manda a Constituição Paulista, no seu artigo 191, que o Estado providencie com a participação da coletividade a preservação, conservação, defesa, recuperação e melhoria do meio ambiente. Hoje temos um sistema ineficiente, incompleto, disperso para denúncias. Cada denúncia é dirigida a um órgão diferente. Poluição industrial, Cetesb; maus-tratos à vida animal, Polícia Militar ou Ibama; lesivas à vegetação, Secretaria Municipal do Verde.

Repito, este projeto prevê um e apenas um canal de comunicação aberto para as denúncias populares e obriga esse órgão a dar retorno ao denunciante para que sinta que sua denúncia não foi em vão, que tenha desse órgão o retorno obrigatório depois de alguns dias dizendo o que aconteceu com sua denúncia, quais foram os resultados apurados.

Um outro projeto diz respeito também à saúde pública, obriga a divulgação dos níveis das represas paulistas. Sabemos que, com o racionamento de água, a população procura alternativas. Os dados oficiais demonstram que a maioria das empresas que fornecem água à população trabalha na clandestinidade, com o iminente perigo de contaminação e doenças, conseqüentes danos à saúde pública e, o que é pior, a cada ano o mercado paralelo de água aumenta e se aperfeiçoa.

O projeto obriga o governo a divulgar mensalmente os níveis das represas, assim como os devidos pareceres quanto aos índices apresentados daquelas medições através da Secretaria de Energia e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo na Imprensa Oficial, nos diários de maior circulação e na mídia eletrônica. Por que este projeto? Para evitar o drástico e extremo racionamento através de consumo equilibrado e orientado, promover uma participação permanente solidária e consciente da população na preservação daqueles recursos naturais. Afinal, é dever do Estado informar e é direito da sociedade ser informada. Tenho certeza que com a informação a população vai economizar água. Mais do que isso, vai ter conhecimento sobre os riscos do racionamento de água, que estamos vivendo, e o racionamento de energia. Quem não se lembra do “apagão”?

Trago, por fim, um lamento da minha cidade, Ribeirão Preto, que mais de um ano não tem estação mediadora da qualidade do ar que respiramos. Ribeirão Preto tem uma das maiores frotas de veículos do país, está cercada de canaviais onde, neste mês, ocorrem as queimadas. Determina o Decreto Estadual 47.700 de 11 de março de 2003 que as queimadas deverão ser imediatamente suspensas quando a qualidade do ar manifestar-se insatisfatória e trouxer riscos à saúde da população.

Infelizmente, mais de um ano Ribeirão Preto não tem a medição da sua qualidade do ar por causa de R$ 15.000. Pela falta de R$ 15.000 a Cetesb não conserta estação que Ribeirão Preto possui. É lamentável, até porque Ribeirão Preto nesta época é campeã em doenças respiratórias, o que incha o serviço público de saúde. Como cumprir o decreto do governo, se não conhecemos a qualidade do ar da nossa cidade? Quero deixar também esta denúncia, lamentar e exigir do Governo do Estado o imediato conserto dessa estação da cidade de Ribeirão Preto. Muito obrigado.

 

O SR. Donisete Braga - PT - Sr. Presidente, gostaria de fazer um registro. Hoje, visita a Assembléia Legislativa de São Paulo o Deputado Reginaldo Almeida, do PSC, que preside a Comissão de Meio Ambiente do Estado do Espírito Santo. Quero saudá-lo pela iniciativa de acompanhar a reunião ordinária da Comissão do Meio Ambiente, que tem também o objetivo de trocarmos experiências e algumas iniciativas tanto do Estado de São Paulo quanto do Estado do Espírito Santo.

Portanto, nossa saudação ao Deputado Reginaldo Almeida, que nos visita nesta tarde.

 

O Sr. Presidente - Marquinho Tortorello - PPS - Receba deste Parlamento as boas-vindas! (Palmas.)

Srs. Deputados, esta Presidência, nos termos do Art. 18, inciso III, alínea “d”, da XI Consolidação do Regimento Interno, convoca reunião extraordinária da Comissão de Finanças e Orçamento a realizar-se hoje, às 16 horas, com a finalidade de ser apreciada a seguinte matéria em Regime de Urgência: Projeto de lei nº 946/2003, financiamento junto ao BID para o projeto de avaliação da política social do Estado de São Paulo. Assina o Presidente efetivo Deputado Sidney Beraldo.

Esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à lista suplementar. Tem a palavra o nobre Deputado Renato Simões.

 

O SR. Renato Simões - PT - Pronuncia discurso que, por depender de revisão do orador, será publicado oportunamente.

 

O Sr. Presidente - Marquinho Tortorello - PPS - Srs. Deputados, esta Presidência desconvoca a reunião extraordinária da Comissão de Finanças e Orçamento, há pouco convocada.

Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Gonzaga Vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Engler. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ary Fossen. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Waldir Agnello. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Valdomiro Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlinhos Almeida.

 

O SR. CARLINHOS ALMEIDA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Senhor Presidente, Srs. Deputados, cidadãos que nos acompanham das galerias desta Casa, telespectadores da TV Assembléia, estive fazendo uma visita, juntamente com outros Deputados, à escola Condessa Filomena Matarazzo, na zona leste de São Paulo. Ouvimos não só os professores, os educadores, mas também os representantes da comunidade, em relação à decisão recente do Secretário Gabriel Chalita e do Governador Geraldo Alckmin, de acabar com cursos profissionalizantes em 111 escolas estaduais. Medida que é justificada pelo Secretário e pelo Governador em função de que o ensino técnico e o ensino profissionalizante devem ser feitos pelo Centro Paula Souza, sobretudo através das escolas técnicas, mas também das Fatecs.

Já realizamos nesta Casa uma audiência pública bastante concorrida, com a presença de professores, alunos, jovens e pais, onde ficou demonstrado que a decisão do Governador e do Secretário Gabriel Chalita é, no mínimo, equivocada porque é tomada de forma autoritária, de cima para baixo. Em primeiro lugar, porque até agora não foi apresentado um plano de expansão do Centro Paula Souza que possa atender à demanda que hoje é atendida por essas 111 escolas estaduais, com cursos técnicos e profissionalizantes.

Até agora nem o Governador, nem o Secretário disseram claramente à comunidade de Jacareí, por exemplo, onde temos uma escola que tem cursos técnicos e profissionalizantes, à comunidade do Filomena Matarazzo, do município de Guarulhos, e de outras cidades do Estado de São Paulo, quais são as escolas técnicas do Paula Souza que vão substituir os cursos técnicos profissionalizantes que estão sendo feitos hoje nessas escolas. E não há nenhum processo de diálogo entre o Governo do Estado, a Secretaria de Educação e esses pais, alunos, a comunidade que está protestando contra essa medida.

Estivemos na escola e estamos bastante preocupados com o processo de perseguição que vem sendo feito à diretora daquela escola, o que nos parece ser algo extremamente injusto. Isso porque percebemos claramente que há uma grande vontade da comunidade no sentido de que esse curso profissionalizante continue. Percebemos também que a comunidade está engajada num projeto de valorização da escola, de apoio à escola. Encontramos lá professores motivados, que superam as dificuldades, que superam a falta de recursos do Estado para que a escola possa avançar ainda mais, com garra, determinação e dedicação.

Portanto, ao registrar essa visita, mais uma vez queria fazer um apelo ao Governador Geraldo Alckmin: Governador, antes de fechar esses cursos profissionalizantes em 111 escolas estaduais, por favor, chame ao Palácio dos Bandeirantes alguns jovens que participam desses cursos. Chame alguns professores que dão aulas nesses cursos, e converse com eles. Ouça. Vá conhecer o trabalho que vem sendo desenvolvido em algumas escolas, e com certeza vai perceber que o senhor e o seu Secretário estão cometendo um erro grave: eliminar uma alternativa para o jovem que precisa da educação, que precisa da escola, que precisa de uma formação profissional para que possa ter uma oportunidade no mercado de trabalho. O senhor está tirando isso desse jovem e não está colocando nada em substituição.

Isso ficou muito claro no debate que fizemos. Isso fica claro aqui com a manifestação de vários parlamentares desta Casa, como, por exemplo, da nobre Deputada Ana Martins, do PCdoB, da nobre Deputada Maria Lúcia Prandi, do PT, do nobre Deputado Simão Pedro e tantos outros que já se manifestaram nesse sentido. É preciso que o Governador e o Secretário Chalita, ao invés de terem uma postura autoritária e simplesmente acabarem com esses 111 cursos que funcionam, que sejam um pouco mais democráticos e recebam em audiências, aliás, como foi combinado, os representantes das escolas, a Comissão de Educação desta Casa e também a Comissão de Ciência e Tecnologia, para que se faça realmente um debate, e não tenhamos mais essa perda para a nossa juventude, que já é tão carente de alternativas de cursos profissionalizantes e técnicos.

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado José Dílson. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Souza Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Cândido Vaccarezza. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi.

 

A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI - PT - Sr Presidente, Srs. Deputados, e todos aqueles que nos dão a honra de sua atenção, também quero me referir à grave política educacional implantada pelo PSDB em nosso Estado. Apóio tanto aquilo que disse a nobre Deputada Ana Martins como o que foi dito pelo nobre Deputado Carlinhos Almeida, Presidente da Comissão de Educação, a respeito de mais uma medida autoritária, de cima para baixo, sem a avaliação devida, sem respeitar o direito dos jovens de terem acesso ao ensino profissionalizante. Mais uma vez, o Governo do Estado, através do Secretário de Educação, deixa em pânico 111 escolas do Estado de São Paulo, onde funcionam cursos profissionalizantes de ensino médio.

É preciso que façamos uma retrospectiva de todas essas medidas autoritárias implantadas quase já há uma década, infelizmente, em nosso Estado. Tivemos a reorganização escolar, que fez até hoje com que muitas escolas continuem não funcionando no período noturno e que não teve, em nenhum momento, um objetivo de melhor atendimento didático, pedagógico, e sim, meramente, uma reorganização com vistas à posterior municipalização, apenas para facilitar a passagem das escolas estaduais, especialmente do ensino fundamental I, para os municípios. Tivemos o fechamento de mais de 150 escolas. Tivemos o fechamento dos cursos pré-profissionalizantes, que funcionavam simultaneamente, as 7ªs e 8ªs séries, em muitas escolas do nosso Estado. E agora a ameaça do fechamento das 111 escolas onde funcionam os cursos profissionalizantes - não das escolas, mas dos cursos.

Nós, Deputados desta casa, temos apresentado projetos e temos conseguido até a expansão de número de Fatecs, de escolas técnicas, que são importantes e muito necessárias. Mas vemos, cada vez mais, minguar os recursos do Centro Paula Souza. Sem a devida consulta, sem a avaliação correta, qual o sentido do fechamento desses cursos? Sabemos que a educação técnica já teve uma grande perda quando se desvinculou a educação propedêutica do ensino técnico e tecnológico.

E agora nessas escolas de ensino médio, da rede estadual de ensino, com número significativo de cursos, que atende a necessidade de demandas regionais, os cursos que têm uma história, uma tradição, e que já funcionam há muito tempo - poderia citar, da minha região, contabilidade, nutrição, metalurgia e tantos outros - estão ameaçados de uma passagem, que não se sabe como nem quando nem com quais critérios, para o Centro Paula Souza.

Por isso chamo a atenção dos nobres pares para o Plano Estadual de Educação, proposta da sociedade paulista elaborada pelo Fórum Estadual de Defesa da Educação Pública. Este Plano Estadual de Educação tramita nesta Casa através de um substitutivo apresentado por nós, Deputados da Comissão de Educação, presidida pelo nobre Deputado Carlinhos Almeida, paralelamente ao Plano Estadual de Educação encaminhado pelo Sr. Governador, através da Secretaria da Educação.

Chamo a especial atenção dos nobres pares porque um Plano Estadual pressupõe, acima de tudo, a discussão e o debate. Poderá o senhor Secretário argumentar que fez algumas audiências públicas, que discutiu com diferentes segmentos da sociedade, mas isso é absolutamente insuficiente para a grandiosidade da tarefa, da responsabilidade que temos para com a educação pública do nosso estado.

Quero, portanto, cumprimentar todas as entidades que compõem o Fórum Estadual de Defesa da Educação Pública pelo brilhante trabalho realizado, que é um diagnóstico apurado e acima de tudo com propostas não faraônicas. São propostas que são realmente possíveis de serem colocadas em prática e que têm como uma das premissas a gestão democrática. Aí não teríamos fatos como esse que estamos temendo que se viabilize, que é o fechamento dos cursos do ensino médio profissionalizante. Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt.

 

O SR. JOSÉ BITTENCOURT - PTB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, senhores parlamentares, telespectadores da TV Assembléia, estamos aqui para refletir com os senhores sobre o posicionamento do Governo Federal que finalmente deixou transparecer, pela postura do ministro chefe da Casa Civil, Deputado Federal José Dirceu, a constatação, na agenda do Governo Federal, da reforma do Judiciário. É essencial que esta reforma esteja nessa agenda de modo prioritário, porque é uma resposta ao clamor da sociedade e também da magistratura do nosso país e dos operadores de Direito. É preciso que se discuta, ou, que pelo menos se dê seqüência à discussão da reforma do Judiciário.

Só para os senhores terem uma idéia, no projeto de reforma que foi votado pela Câmara e que está agora no Senado Federal constam pontos importantes que darão maior celeridade ao processo judicial, como a criação da Súmula Vinculante. Será criada a Súmula Vinculante nas decisões reiteradas e análogas do Supremo Tribunal Federal. Na análise de casos que chegam pela primeira vez no juiz de primeiro grau, sem dúvida alguma esse juiz deverá obedecer a essa orientação jurisprudencial cristalizada pela chamada Súmula Vinculante. Isso não cerceia o livre convencimento do magistrado em hipótese alguma. Mas é para casos análogos e casos específicos que tenham as mesmas particularidades que levaram o Grau da Justiça Maior a cristalizar em uma Súmula Vinculante.

Um outro ponto que consta da reforma do Judiciário são as férias de 60 dias para magistrados. Isto é perfeitamente assimilável. O juiz que julga, que exerce a judicância precisa ter um período para refazer as suas forças mas sem interrupção dos trabalhos do Judiciário. Aceitamos a idéia de que devem realmente prevalecer as férias para os magistrados sem a interrupção dos trabalhos do Poder Judiciário de primeira instância e da instância recursal.

Isso quer dizer que férias para o Judiciário, da Justiça estadual e federal, são sempre no mês de janeiro. Isso é incompatível com a cidadania. Existem questões urgentes, nesse período de férias existem os chamados plantões judiciários, porém, não atendem à demanda. Com o objetivo de dar maior celeridade ao processo judicial é importante que essa reforma do Judiciário seja realmente tema para ser debatido por todos os segmentos da sociedade, e que venha a ser votada pelo Senado Federal, seja aproveitando essas discussões inclusive já votadas na Câmara Federal, ou até mesmo através de ampliação daquilo que já existe no Senado Federal.

Somos perfeitamente favoráveis e quero cumprimentar a atitude do Governo Federal ao constar na sua agenda política a reforma do Judiciário. Isto será uma resposta à população que anseia por um Judiciário célere, forte e democrático. Com o advento da Carta Magna do nosso país, de 88, pudemos observar uma assunção da cidadania, dos direitos do cidadão; as pessoas buscam mais do Judiciário a partir de 88, com o restabelecimento dos seus direitos e o exercício, portanto, da sua cidadania.

Oportunamente voltaremos a falar sobre esta matéria fundamental. Quero trazer um breve resumo da audiência pública que foi instalada hoje nesta Casa. Tivemos a presença do Presidente do Tribunal de Justiça e de vários interessados na questão do Judiciário do nosso Estado.

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque.

 

O SR. VANDERLEI SIRAQUE - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, cidadãos do Estado de São Paulo que nos assistem através da TV Assembléia. Assistimos nos últimos dias a ataques de uma organização criminosa do Estado de São Paulo, utilizando-se como alvos integrantes da Polícia Civil, da Polícia Militar e da Guarda Municipal de diversos municípios paulistas. Esses ataques demonstram que o Governo do Estado, através da Secretaria de Segurança Pública, não está preparado para garantir a segurança da população do Estado de São Paulo.

Temos dito, na Comissão de Segurança Pública, nas audiências realizadas e nos contatos com profissionais da área, que segurança se faz com planejamento, com serviço de inteligência, com corregedoria forte e com valorização dos recursos humanos para que eles possam trabalhar também com segurança e com bastante auto-estima. Mas não é o que observamos no Estado de São Paulo.

Há algum tempo, em debates anteriores, solicitamos ao Secretário Saulo um projeto de Segurança Pública. Onde está esse projeto? Esse projeto pode até existir na cabeça do Sr. Secretário, mas não há um projeto por escrito na área de Segurança Pública, da sua atuação e qual a forma da distribuição de equipamentos, como será feita a valorização dos recursos humanos, a auto-estima e como vai ser implantado o serviço de inteligência para que os órgãos de Segurança Pública possam se antecipar às organizações criminosas?

O que nos entristece é que pessoas que estão presas, acabam comandando os criminosos que estão fora dos presídios, isso não pode acontecer! Lembrando mais uma vez essa organização criminosa que está sendo acusada pelo Secretário da Segurança Pública e pelo Governo do Estado, no dia 7 de setembro, um irresponsável apresentador de TV, chamado Augusto Liberado, mais conhecido como Gugu, fez propaganda dessa organização criminosa no Estado de São Paulo.

Esse cidadão irresponsável foi chamado na Polícia, esperamos que o Ministério Público do Estado de São Paulo, o Poder Judiciário e mesmo a Polícia, o Ministério da Justiça não esqueçam que esse cidadão, no dia 7 de setembro, dia da Independência do Brasil, fez propaganda de uma organização criminosa que está aí matando policiais, guardas-civis, matando a população na rua e desafiando a Secretaria de Segurança Pública no Estado de São Paulo. Vejam os senhores a irresponsabilidade cometida por esse cidadão. E, não fosse a Comissão de Segurança Pública desta Assembléia Legislativa, nenhuma providência teria sido tomada.

Faço mais uma lembrança ao Governador do Estado: há 100 fitas gravadas, há três anos, referentes às escutas telefônicas nos presídios, feitas pela Polícia, com autorização judicial, sem que as degravações ou transcrições tenham sido feitas. Estavam no Instituto de Criminalística. Se a Comissão de Segurança da Assembléia Legislativa não tivesse feito uma diligência, até hoje essas providências não teriam sido tomadas. Nos deram ao prazo de 10 dias e já se passaram dez dias.

Esperamos que a transcrição dessas fitas já esteja nas mãos da Polícia do Estado de São Paulo e do Ministério Público, para que o Poder Judiciário possa tomar providências contra essa organização criminosa. Porque essa não é uma questão de situação ou de oposição; é uma questão de defesa do estado democrático e de direito, e da segurança da população.

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Srs. Deputados, encerrado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado João Caramez, por 15 minutos, por permuta de tempo com o Deputado Geraldo “Bispo Gê” Tenuta.

 

O SR. JOÃO CARAMEZ - PSDB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, senhores e senhoras, telespectadores da TV Assembléia, primeiramente quero agradecer ao nobre Deputado Geraldo “Bispo Gê” Tenuta pela permuta de tempo com este Deputado, para dar condições de expor aqui dois grandes acontecimentos ocorridos na Região Metropolitana de São Paulo, entre sábado e  segunda-feira.

No sábado tive a oportunidade e o prazer de acompanhar o Governador Geraldo Alckmin em visita a algumas cidades da Região Metropolitana, dentre as quais Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba e Carapicuíba. O Governador do Estado entregou à população de Ferraz de Vasconcelos, o Centro de Integração da Cidadania, o famoso CIC.

Isso significa que é realmente um governo que está se preocupando com as pessoas; um governo para gente. Ou seja, mantendo a proposta do seu governo, dentro daqueles quatro pilares: empreendedorismo, governo educador, solidário e acima de tudo um governo que presta um bom serviço público. O CIC vai possibilitar àquelas pessoas vários serviços, dentre eles serviços relacionados à Justiça do Estado de São Paulo.

 

O SR. CARLINHOS ALMEIDA - PT - COM ANUÊNCIA DO ORADOR - Sr. Presidente, estamos tentando ouvir o orador, mas está difícil. Então, gostaria que V.Exa. orientasse a área administrativa da Casa, porque esta é uma situação até indelicada para com o Deputado.

 

O SR. JOÃO CARAMEZ - PSDB - Agradeço a intervenção do Deputado e estendo, Sr. Presidente, essa solicitação aos gabinetes também. Porque tem sido horrível trabalhar nos gabinetes com o barulho da reforma.

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - A assessoria da Presidência já entrou em contato e pediu para que parassem com o barulho. Devolvo a palavra ao nobre Deputado João Caramez.

 

O SR. JOÃO CARAMEZ - PSDB - Como  dizia, o Governo do Estado de São Paulo vem olhando para as pessoas, levando a Justiça e a Polícia, acima de tudo, mais perto da população do Estado de São Paulo. Porque além da entrega do CIC, o Governador entregou na cidade de Ferraz de Vasconcelos, 29 viaturas; sendo 12 da ronda escolar, 11 para o policiamento integrado e seis para o atendimento a locais de perícias criminalística e médico-legal. Vários Municípios foram atendidos, dentre os quais Guararema, Ribeirão Pires, Guarulhos, Santa Isabel, Ferraz de Vasconcelos e Mogi das Cruzes.

Estivemos em seguida em Itaquaquecetuba, onde o Governador do Estado entregou 480 unidades habitacionais pela CDHU. Todas dentro do novo conceito de construção; com toda a infra-estrutura, com pavimentação, no estilo de um condomínio fechado. O Governador entregou também ao povo de Itaquaquecetuba um posto policial, na Praça Padre João Álvares e quatro viaturas, sendo duas viaturas da ronda escolar e duas para policiamento integrado.

Estivemos, posteriormente, em Carapicuíba, onde o Governador sorteou 1.470 unidades habitacionais. Entregou as obras de duplicação da Estrada da Fazendinha e também 29 viaturas da ronda escolar; 16 viaturas para policiamento integrado, 21 viaturas para policiamento comunitário e duas viaturas para o atendimento a locais de perícias, criminalística e médico-legal. Vários Municípios foram também contemplados: Jandira, Juquitiba, Santana de Parnaíba, Itapevi, Carapicuíba, Franco da Rocha e outros.

Srs. Deputados, meus senhores, minhas senhoras e telespectadores, com a entrega dessas viaturas, desde 1995, quando o PSDB assumiu o governo do Estado de São Paulo, até este ano de 2003, o governo entregou na região do Demacro, que coordena e comanda a Grande São Paulo, 1.701 viaturas para a Polícia Militar e 802 viaturas para a Polícia Civil, num total de 2.503 viaturas. Tornando-se, assim, o Governo que mais investiu em Segurança Pública.

Estamos hoje sofrendo - como disse meu antecessor, Deputado Vanderlei Siraque - ataques de uma organização criminosa, uma organização que foi detectada dentro dos presídios e duramente combatida pelo Governo do PSDB. Não podemos esquecer que tivemos em uma determinada época 29 rebeliões simultâneas e o Governo do PSDB com dureza, com energia, mas, acima de tudo, com muita humanidade, conseguiu eliminá-las sem nenhuma vítima fatal.

É um Governo que está super preparado para dar segurança à nossa população. Sabemos que é uma coisa localizada e tenho certeza absoluta que o Secretário da Segurança Pública, Dr. Saulo de Castro Abreu, com toda a sua eficiência, com toda a sua energia, e com toda a sua coragem, a mesma coragem que tem o Governo do Estado de São Paulo, não vai menosprezar e desmerecer a Polícia do nosso Estado. Temos que levar em conta e não deixar de reconhecer que a Polícia do Estado de São Paulo, mesmo pesando todas as dificuldades pelas quais passamos, é a melhor do Brasil. É a Polícia que está muito mais preparada para combater não só os crimes comuns como também os organizados.

Ontem, em Osasco, tivemos a 12º Reunião do Fórum Legislativo de Desenvolvimento Econômico Sustentado, fórum idealizado pela Assembléia Legislativa, pela Mesa Diretora da Casa, onde participaram 19 Municípios das regiões Oeste e Sudoeste da Região Metropolitana de São Paulo. Tivemos a presença de várias autoridades, dentre elas o Deputados Waldir Agnello, Orlando Morando e o 1º Secretário da Casa, Emidio de Souza,  um dos anfitriões juntamente com o Prefeito Celso Giglio, daquela cidade.

Foi uma reunião bastante concorrida, onde tivemos a participação de toda a sociedade civil organizada e pudemos levantar toda as necessidades da nossa região. Este Deputado,  sendo da Região Metropolitana de São Paulo, nascido e criado num Município da Grande São Paulo, não poderia, em hipótese alguma, deixar de colocar ali, aproveitando os Deputados presentes e o Presidente desta Casa, a necessidade de se regulamentar a Região Metropolitana da Grande São Paulo pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

É inconcebível que uma região constituída por 39 municípios, com 50% da população do Estado de São Paulo, quase que 50% do PIB do Estado de São Paulo, 18 milhões de habitantes, a região metropolitana mais antiga e delineada, até hoje não esteja regulamentada. Precisamos dessa regulamentação o mais rápido possível. Isso, sem sombra de dúvida, está prejudicando a integração entre os Municípios, a implementação de políticas públicas para que possamos desenvolver cada vez mais aquela região. É uma região que vem num crescente formidável tendo em vista a conclusão das obras do Rodoanel, uma das maiores obras feitas no país pelo Governo do PSDB. Aqueles Municípios que compõem a região Oeste e Sudoeste têm recebido visitas de vários empresários, vários industriais no sentido de construir as suas unidades produtoras.

Em Itapevi, a minha cidade, administrada pela minha esposa, tivemos recentemente a instalação da Eurofarma. É o maior laboratório de genéricos da América Latina; Acabou de adquirir naquele município 150 mil metros quadrados de área para a construção de 60 mil metros quadrados, gerando 1.400 empregos, centralizando todas as suas unidades farmacêuticas em Itapevi.

O que significa isso para a região? Significa muito; e para o Estado de São Paulo muito mais, porque a Eurofarma é constituída por cinco unidades farmacêuticas, sendo quatro no Estado de São Paulo e uma no Estado do Rio de Janeiro. Lá então estaremos recebendo uma unidade da Eurofarma do Estado do Rio de Janeiro, ou seja, mais uma vez o Estado de São Paulo mostra que sem guerra fiscal consegue atrair investimentos de outros Estados. Isto por quê? Porque temos mão-de-obra, infra-estrutura, estradas boas, estradas sinalizadas, acesso fácil ao porto de Santos, principalmente, e ao Mercosul.

O que temos necessidade na região é, sem dúvida nenhuma, qualificar a mão-de-obra, é formar técnicos para que essas pessoas possam trabalhar em suas cidades. Hoje, a região toda acaba exportando centenas e centenas de trabalhadores para o grande centro de São Paulo, para outras cidades maiores, com o objetivo de ganhar o seu pão de cada dia. Isso faz com que a cidade acabe se tornando uma cidade-dormitório.

Felizmente, atendendo a uma emenda deste Deputado, feita no ano passado para o orçamento deste ano, onde é solicitado ao Governador a construção de uma Faculdade de Tecnologia para a região Oeste para atender exatamente essas necessidades, para nossa surpresa e nossa felicidade, o Governador, em visita a Carapicuíba no sábado, anunciou e autorizou a construção e instalação de uma Fatec naquela cidade.

Essa unidade da Fatec vai atender os sete Municípios da região Oeste, nada mais, nada menos do que dois milhões de habitantes. Isso vai, sem sombra de dúvida, levar um progresso maior à nossa região, vai fazer com que os nossos trabalhadores possam ficar mais tempo com as suas famílias em casa, porque o que ocorre hoje na maioria das famílias das nossas cidades é que esses trabalhadores passam praticamente o dia todo fora de casa, vendo seus filhos acordados apenas nos finais de semana e gastando o seu salário na Capital - que já é rica -, deixando de gastá-lo nos Municípios. Isso significa evasão de divisas.

Com certeza absoluta o Governador Geraldo Alckmin, dentro do espírito do empreendedorismo, dentro do espírito da solidariedade, dentro do espírito de um governo educador e de um bom prestador de serviços, está proporcionando à nossa região uma grande chance de atingirmos o progresso. O nosso governo não é discriminatório, muito pelo contrário.

Voltando um pouco à questão da segurança, quando falei sobre a região do Demacro, temos aqui alguns Municípios que são administrados pelo PT; Santo André, Ribeirão Pires, Mauá, Guarulhos e Diadema que recebeu 165 viaturas para a Polícia Militar e Polícia Civil; Guarulhos, 306 viaturas; Mauá, 90 viaturas; Santo André, 183 viaturas. Aí fui comparar com uma cidade administrada pelo PSDB. Itapevi, por exemplo, onde o PSDB está há quase 10 anos na administração, que nesse período recebeu 41 viaturas, o mesmo número que Ribeirão Pires, administrada pelo PT, sendo uma cidade menor e com menos habitantes. Verificamos, portanto, que realmente é um governo solidário, que não olha para partidos quando administra o Estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Mário Reali, por permuta de tempo com o nobre Deputado Vinícius Camarinha.

 

O SR. MÁRIO REALI - PT - Sr. Presidente, nobres deputados, depois de ouvir o depoimento do nobre Deputado João Caramez,  assomo a tribuna para dialogar com ele sobre essa questão dos investimentos do Estado.

A propósito de o colega  deputado vir aqui prestar contas do número de viaturas que foram destinadas às administrações petistas, acho importante lembrar que almejamos uma gestão do orçamento transparente, com priorização aberta dos investimentos do Estado. Não é com o deputado dizendo quantas viaturas foram destinadas que vamos resolver o problema da democracia e da priorização dos recursos e investimentos do Estado, já que essas prefeituras têm sido parceiras na articulação das polícias.

Em Diadema – sou morador de Diadema – tivemos resultados muito positivos, não só pelo fechamento dos bares às 23 horas, decorrente de uma lei municipal em vigência há mais de um ano, que apresentou resultados diretos no controle de homicídios e de crimes, mas principalmente por conta de nossas parcerias com a Polícia Civil e com a Polícia Militar, além da Guarda Municipal, promovendo assim toda uma articulação do planejamento e das ações das polícias e da Guarda Civil.

Essa é exatamente a linha do Sistema Único de Segurança, projeto do nosso Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defende a integração e a unificação de várias políticas. Acho que esse é o espírito, tanto é que uma grande parte dos recursos de saneamento do Governo Federal serão destinados à empresa estadual Sabesp. Ou seja, não é o recorte partidário que está definindo essa política, pelo contrário. É o compromisso de administrações e Prefeituras com a solução dos problemas que deve pautar os investimentos públicos.

Gostaria de agradecer a todos os deputados que, por um acordo de lideranças, na semana passada aprovaram mais alguns projetos de lei, entre os quais figura um de minha autoria, o PL 240/2003 que dispõe sobre a realização de audiências públicas. Os deputados Carlinhos Almeida, Vanderlei Siraque e Hamilton Pereira têm debatido bastante essa questão junto ao Fórum Paulista de Participação Popular, que é a discussão democrática e ampla dos instrumentos de planejamento, especialmente do PPA (que é o programa de investimentos para os quatro anos do governo estadual), da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da  lei  Orçamentária, cujo prazo para emendas se esgota hoje.

O processo de discussão e priorização das ações e investimentos do Estado deve ser feito de maneira descentralizada, com a participação da sociedade civil, das prefeituras, de sorte a permitir que todos os agentes que fazem parte da construção do desenvolvimento do nosso Estado participem na priorização das ações e da utilização dos recursos. Para isso propusemos a regulamentação das audiências públicas para a discussão do PPA, da LDO e do Orçamento. Espero que o Secretário de Economia e Planejamento e o governador aceitem essa idéia, que é a da construção de um canal democrático e de regras para a discussão dessas peças fundamentais para o planejamento da ação do Estado.

O espírito da lei da audiência pública é termos num primeiro momento uma ampla divulgação do processo de participação popular. Hoje a realização das audiências é divulgada apenas através do “Diário Oficial”, com um prazo muito curto para  a organização do processo de discussão. Queremos também que sejam regulamentados os critérios para a participação e para o encaminhamento das propostas a serem enviadas à apreciação pelo Executivo.

Todos os anos debatemos as emendas dos parlamentares, que são consideradas emendas pontuais, momento em que os deputados trazem as demandas de sua região. O processo de discussão através das audiências públicas é um momento importante de participação do Legislativo e de articulação da sociedade para realmente fazermos do  projeto de orçamento uma peça de planejamento da ação do Estado e também uma peça da participação da sociedade de maneira organizada. Portanto, espero que esse projeto tenha a aceitação do Executivo e seja colocado em prática para que todos os paulistas possam, de uma certa maneira, participar desse processo importante de discussão e de controle da ação do Estado.

Ao lermos o jornal esta manhã, vimos informações muito importantes acerca da política econômica, que já demonstram o efeito da política do governo Lula nessa área. No mês de outubro, a exportação bateu um recorde: foram 7,6 bilhões de dólares de exportação, abrindo uma perspectiva de superávit para o mês de outubro de 2,5 bilhões de dólares e projeção de um superávit para este ano de 22,5 bilhões de dólares. Isso significa o Brasil sair da condição em que estava nos últimos anos, e que vem acumulando.

Não obstante o processo de privatização, onde todo patrimônio público foi vendido, vimos que a dívida externa aumentou muito, a despeito da justificativa dada pelo Executivo paulista de que era necessário se desfazer dos ativos para reduzir o montante da dívida do Estado. E esta é uma das importantes críticas que o PT faz à gestão do PSDB, com o apoio do PFL: como aceitar a venda de todo o patrimônio do Estado e,  ainda assim,  ver que há aumento da dívida externa. Esse rombo gerou um déficit comercial, pois  não havia uma política econômica que, por um lado, priorizasse a exportação e, por outro,  promovesse o fortalecimento do mercado interno, que é exatamente a linha estratégica do governo Lula. Por isso a reforma tributária é fundamental para garantir o crescimento econômico, com distribuição de renda.

Na semana passada, o Deputado Rodrigo Garcia, líder da Bancada do PFL, fez uma crítica contundente à política econômica nacional no que diz respeito à reforma tributária. Gostaria de colocar aqui a diferença dessa crítica e pontuar quais as divergências do PFL e do PSDB em relação à postura que o PT tem assumido.

Quando falamos na carga tributária do país, sabemos que no governo Fernando Henrique ela foi substancialmente elevada de 24,5 para 36,5, subindo o percentual em relação ao PIB. A proposta do governo Lula, no entanto, é não aumentar a carga tributária, mas modificar a estrutura tributária do país, tributando mais os produtos de consumo de quem pode pagar mais e reduzindo os impostos para aqueles que se destinam a quem não pode pagá-los, porque o grande problema deste país é a injusta distribuição de renda, a mais acentuada do planeta.

Portanto, temos de diminuir a carga tributária sobre os produtos da cesta básica e sobre a indústria têxtil e alimentícia. Por isso a medida provisória do Cofins é acertada. Quando se fala que se aumentou o Cofins de 3,5% para 7%, é importante destacarmos que isso se deu apenas em alguns segmentos, porque para muitos outros foi reduzido. O que estamos fazendo não é indagar como aumentar o tamanho do bolo, mas é como esse bolo é dividido.

E é essa a nossa grande preocupação e a nossa grande diferença, porque o PFL foi contra o imposto sobre a herança, o imposto sobre grandes fortunas. Quem acumula a riqueza no país é quem não quer abrir mão, colocar a mão no bolso para distribuir a renda. Essa riqueza na verdade não está na produção, mas na acumulação. Então, o ITBI, a progressividade desses tributos sobre o patrimônio, é fundamental para termos dinheiro circulando para a renda ser melhor distribuída no nosso país.

Por isso defendo a política tributária do governo federal.  Porque nós, ao analisarmos o perfil da nossa política, vamos ver muito bem o fim da guerra fiscal, a contenção num número menor de alíquotas do ICMS. É fundamental para garantirmos que as regiões que já produzem continuem produzindo, sem disputa entre si. O que interessa nesse contexto é o mercado entre regiões, entre cidades e entre Estados. Quem sai ganhando com isso são os empresários, porque os Estados abrem mão de tributos. Obviamente, quem sofre é a população, porque sem ter tributos o Estado tem menos recursos para investir na educação, na saúde, na segurança pública, na infra-estrutura.

É essa a Reforma Tributária que nos interessa e por isso temos tanta diferença de postura com o PFL, que defende realmente quem concentra a renda, quem hoje detém a maior parte da riqueza que é produzida por todos no nosso país.

Cedo um aparte ao nobre Deputado Fausto Figueira.

 

O SR. FAUSTO FIGUEIRA - PT - Agradeço o aparte de V.Exa., nobre Deputado Mário Reali. Gostaria de trazer a esta Casa a manchete do DCI - “Diário do Comércio e Indústria” - “Fracasso tucano na capital provoca tiroteio no partido - Nenhum nome superou 3% nas pesquisas. Zulaiê Cobra critica candidaturas de Chalita e Saulo Abreu”. Os tucanos têm, de uma maneira quase desesperada, feito ataques à condução do Governo Federal e da nossa Prefeita Marta. Mas o tiroteio entre eles parece algo digno dos tiroteios que estão acontecendo no Estado de São Paulo, onde os policiais, na mira do crime, conforme a manchete de “O Estado de S.Paulo”, falam de 12 ataques, dois mortos e nove feridos.

É o retrato da política de segurança do Governo Alckmin e, pasmem, segundo informações da Secretaria de Segurança, sabia-se que a ação estava sendo articulada. Literalmente, nesta matéria do jornalista Renato Lombardi, do “O Estado de S.Paulo”, afirma-se que o tiroteio todo já era previsto. Não o tiroteio político interno do PSDB - que isso também é previsto - na medida em que não consegue, nenhum tucano, sacudir suas asas e voar mais do que dois ou três por cento; evidentemente o tiroteio entre eles é esperado.

Sabia a Secretaria de Segurança. É um verdadeiro acinte. Isto é o retrato da falência do sistema de segurança que é comandado pelo Dr. Saulo. Isto é o retrato. Enquanto criticam, a Marta sobe 14% nas pesquisas. Os tucanos, todos eles desesperados, voam baixo. São bons de bico e voam bastante baixo. Muito obrigado.

 

O SR. MÁRIO REALI - PT - Deputado Fausto, obrigado pela intervenção. Realmente, essa preocupação com a segurança, hoje estampada em todos os jornais, muito nos assusta e mobiliza para cobrarmos uma postura, uma ação mais contundente do Secretário da Segurança e também do Secretário de Assuntos Penitenciários, no sentido de criarem condições e manterem o controle nas prisões de segurança máxima, porque realmente a nossa população do Estado de São Paulo não pode ficar refém de uma organização como o PCC e sofrer ameaças.

Obviamente a Polícia Civil, o secretário de Segurança Pública e o governador, ao saberem dessa articulação e dessas ações das últimas 30 horas, deveriam ter tomado providências, para não permitir que os funcionários –  servidores da Segurança Pública – tenham de viver sob tanta tensão e  insegurança no seu dia-a-dia, principalmente nos postos de policiamento, nas delegacias que foram  vítimas desses atentados e dessas violências nos últimos dias.

Retomando a questão econômica, é importante termos a clareza de que o projeto do Presidente Lula  visa basicamente  a tomada de um novo rumo, para voltarmos a ter crescimento econômico. Isso está demonstrado nas manchetes do jornal, com o recorde de exportação. Nossa importação de meios de produção, de equipamentos, também está crescendo. Os investimentos no setor produtivo já começam a alavancar e teremos, provavelmente em 2004, uma outra perspectiva, principalmente na geração de empregos, que é o principal objetivo do governo Lula. A Reforma Tributária vem, e vem para distribuir melhor a renda. Essa é também uma das tarefas do PT e do nosso Presidente Lula.

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado Roberto Felício.

 

O SR. CÂNDIDO VACCAREZZA - PT - Sr. Presidente, peço para ocupar o tempo do nobre Deputado Roberto Felício, na qualidade de vice-líder do PT.

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - É regimental. Tem V.Exa. o tempo de 15 minutos.

 

O SR. CÂNDIDO VACCAREZZA - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, população que nos assiste pela TV Assembléia, assomo à tribuna hoje para abordar dois temas.

Quero voltar ao aniversário de oposição do PFL, de um ano, como disseram. O Deputado Rodrigo Garcia leu aqui da tribuna o manifesto do PFL, dizendo que no mês passado o partido comemorou um ano de oposição. É meio esquisito, porque eles entraram na oposição em janeiro. Eles vão comemorar um ano de oposição em janeiro do ano que vem, mas eles quiseram apressar-se para trazer dados imprecisos da economia, para poderem comemorar um ano de oposição. É um bem para o país eles ficarem na oposição.

Quando a coalizão PSDB-PFL assumiu o Brasil, o país era a 9ª economia do mundo; entregaram como a 14ª. A carga tributária significava 26% do PIB; entregaram com 37% do PIB. Venderam quase 2/3 do patrimônio nacional para pagar a dívida, que era de 54 bilhões; entregaram com 650 bilhões, e hoje já está em mais de 700 bilhões. Em 10 meses de governo, mudamos os rumos do país. A rota que eles deixaram foi a rota descendente. O PFL e o PSDB criaram, então, uma rota descendente para o nosso país. Em 10 meses de governo, o Presidente Lula mudou essa rota. Aquilo que era a inflação projetada de 40% está projetada para 8,5% neste ano e para 5,5% em 2004. As exportações bateram recordes nunca vistos no nosso país, somente no mês passado de 7,6 bilhões. Vamos ter o maior saldo na nossa balança comercial neste ano.

Nessa mudança de rota agora o país tem um comandante, um governo que defende os interesses nacionais e não os interesses americanos. Por isso nosso país tem ocupado um espaço de destaque no mundo, está reatando as relações com diversos países em desenvolvimento para podermos ter uma política de desenvolvimento, distribuição de renda e criação de empregos e, no mundo, uma política de paz. Essa política de desenvolvimento, distribuição de renda e criação de empregos pressupunha mudanças na estrutura, no arcabouço político e jurídico do país, coisa que o Presidente Fernando Henrique e a colisão PSDB/PFL nunca quiseram fazer, ao contrário, só pensavam em aumentar e criar impostos.

Iniciamos a reforma tributária e a reforma da Previdência. O governo agora se adianta com a mudança da Cofins e a redução do IPI. Tínhamos a cobrança da Cofins em toda a cadeia produtiva, agora vai ser um único imposto, o que vai favorecer em particular a indústria nacional. A redução do IPI vai favorecer a indústria brasileira, o que quer dizer que vamos ter mais empregos e uma legislação mais simples, o que vai facilitar o desenvolvimento do país.

Mais do que isso, nosso Brasil agora encontrou um rumo. Do ponto de vista internacional, tem uma política clara de contraposição aos países mais ricos, mas sem guerra, sem confronto, defendendo os interesses nacionais. Para isso o Brasil anuncia ao mundo um outro consenso que não o Consenso de Washington, o Consenso de Buenos Aires, no qual a resolução de problemas graves como a fome e o desemprego devem entrar nas preocupações centrais das nações. Nosso país, articulado com Rússia, China, África e América do Sul coloca alternativas comerciais que não apenas a Europa e os Estados Unidos. Nosso país está lutando para ter uma reformulação na ONU e para assumir uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.

São avanços do governo Lula e o Brasil já vinha reclamando, precisava. Por isso a população apóia o governo Lula como nunca apoiou nenhum governante com dez meses de mandato. Por isso que as pesquisas de opinião dão uma aprovação significativa para o Presidente Lula. Além da sensibilidade da sua história, seu governo é um governo de mudança.

Não é como dizem, semelhante ao anterior. Não tem nada semelhante. Vocês não viram nenhuma privatização nem venda de patrimônio nacional a preço de banana. Vocês não viram nenhuma ação do governo, claudicante, em relação aos Estados Unidos. Agora temos um governo brasileiro que luta pelo desenvolvimento do Brasil, para implantar em nosso país uma política de desenvolvimento, de distribuição de renda, de criação de empregos.

Isso lá em Brasília. Aqui em São Paulo a Prefeita Marta Suplicy tem dado mostras do que é governar para desenvolver a cidade e aumentar a cidadania de quem mora na Cidade de São Paulo. Tivemos neste ano a construção de 21 CEUs, escolas de primeira linha para o ensino público fundamental. Cada CEU tem um teatro, que vai levar cultura para a periferia de São Paulo. E 900 mil crianças que estudam na escola pública municipal, diferente do que acontece na escola estadual, recebem dois uniformes completos, todo o material escolar e merenda de qualidade todos os dias, almoço ou janta.

A Prefeita fez uma reforma tributária que não é bem uma reforma tributária, mas a justiça fiscal, o IPTU progressivo. É cobrado mais de quem tem mais acesso aos serviços públicos e menos de quem tem menos acesso e pode pagar menos. Esse dinheiro é investido no desenvolvimento da cidade, na criação de empregos, na distribuição de renda. Por isso a política de educação é um exemplo para o Brasil.

Esses exemplos de governar para todos é o jeito do PT, governar melhor e para todos, não apenas para uma minoria rica da sociedade, como fez a coalizão PSDB/PFL em todo esse tempo, que levou nosso país à bancarrota; é o jeito que a população está aprovando. No ano que vem vamos ter eleição. A população precisa escolher bem. A saída para o nosso país, para o nosso estado e para as nossas cidades são políticos sérios que tenham uma política de desenvolvimento sustentado, distribuição de renda e criação de empregos, que é a essência da política do governo Lula, da Prefeita Marta Suplicy e do governo do PT.

Quero ressaltar a importância da relação do PT com seus aliados, diferente do que faz a coalizão PSDB/PFL, que nem sequer considera seus aliados. A aliança com o PT é uma aliança para valer. Temos uma política de alianças, os aliados fazem parte do núcleo do governo, fazem parte das ações concretas e da relação com a população. Não é como a visão autoritária e utilitária que o PSDB faz nos seus governos.

Sr. Presidente, cedo quatro minutos do meu tempo ao nobre Deputado Luis Carlos Gondim.

 

O SR PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim, por cessão de tempo do nobre Deputado Cândido Vaccarezza.

 

O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, gostaríamos de agradecer a cessão de tempo do nobre Deputado Cândido Vaccarezza e dizer que temos observado essa aliança com a participação de outros partidos no Governo Federal, inclusive cargos de confiança, ministérios. Temos muito respeito ao PT, principalmente com essa atitude.

V.Exa. estava comentando sobre a liberação de uniformes pela Prefeita. Hoje foi anunciado pelo Ministro Cristovan Buarque a liberação de uniformes para todas as escolas, a melhoria e o aumento da merenda escolar, que hoje é de 13 centavos por dia por criança. Isso é muito importante. Vem num bom momento. Estamos falando muito sobre segurança pública e não se admite falar em segurança pública se não tivermos uma reforma geral na educação, que é uma coisa muito séria. Um país que não tem uma educação perfeita, em que vivem essas crianças, esse povo isolado, não pode crescer na melhoria de distribuição de renda, inclusive, tentando corrigir o problema do desemprego. Essa sim é uma outra ponta relacionada com o problema da falta de segurança e do aumento da criminalidade.

Precisamos de uma mudança no Código Civil e no Código Penal urgente. Não se admite esses presos zombando, administrando guerrilha na cidade de um presídio distante, a mais de 500 quilômetros, como estamos observando nessas ações do PCC. São presos que recebem visitas, advogados, celular, trocam a bateria, carregam a bateria, ou seja, é um assunto muito sério a ser discutido: o que vem ocorrendo nas cadeias públicas do Estado de São Paulo.

Estamos vendo a nossa querida Polícia Militar acuando. Passamos em frente ao Tobias de Aguiar, vimos que tem uma verdadeira barreira e as portas fechadas. Não podemos admitir isso. Temos que ajudar a Polícia Militar a dar tranqüilidade a toda a população do Estado de São Paulo. Temos somente notícias como essa. Mogi das Cruzes: Rota vem para Mogi. O que ocorre? Existe um pedido para que a Rota vá para Mogi. O Prefeito consegue por 15 dias, o que é muito pouco. Precisamos ter um esquadrão de Rota em outros municípios em que temos batalhões: Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba, Suzano. Pelo menos três patrulhas de Rota contínuas na cidade. Mas é só a política ostensiva? E a política de segurança pública preventiva? Governador, precisamos trabalhar, abrirmos os olhos, nos unirmos. Venha discutir o problema de segurança na Assembléia. Estamos todos também como a população: um tanto quanto apavorados. Precisamos dar um alento a essa população, que discute segurança pública em todos os momentos. Muito obrigado.

 

O Sr. Presidente - Marquinho Tortorello - PPS - Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado Roque Barbiere.

 

O SR. José Bittencourt - PTB - Sr. Presidente, solicito utilizar o tempo destinado ao nobre Deputado Roque Barbiere.

 

O Sr. Presidente - Marquinho Tortorello - PPS - Srs. Deputados, tem a palavra, por cessão de tempo do nobre Deputado Roque Barbiere, o nobre Deputado José Bittencourt, pelo prazo regimental restante ao Grande Expediente.

 

O SR. José Bittencourt - PTB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Senhoras e Senhores parlamentares, telespectadores da TV Assembléia, quero fazer uma reflexão sobre a atitude do Deputado Renato Simões, evidentemente, na qualidade de Presidente da Comissão de Direitos Humanos - pelo menos foi essa a conotação que nos deixou transparecer essa ação -, de representar aos órgãos de Corregedoria do Tribunal de Justiça, contra o juiz de direito Atis de Oliveira, da cidade de Teodoro Sampaio, que julgou processos-crime contra os líderes do Movimento dos Sem-Terra, exarando um decreto condenatório e mandando para a cadeia os líderes desse movimento que feriram a norma criminal vigente.

Essa atitude do Deputado Renato Simões não é das mais louváveis, uma vez que ele está fazendo essa representação contra um magistrado que simplesmente se manifesta nos autos, de acordo com as provas coligidas. Não dá para ter uma decisão judicial política, para fazer frente a um movimento político. A decisão judicial contra um movimento político não pode ser uma decisão política, tem que ser uma decisão jurídica.

Subscrevi, com alguns colegas Deputados, de vários partidos, um manifesto de desagravo, encabeçado pelo nosso líder Campos Machado, a favor do juiz Atis de Oliveira. O que não dá para aceitar é censurarmos um magistrado, que se manifesta unicamente no procedimento dos autos, tomando decisões não contra o Movimento dos Sem-Terra, movimento que recepciona essa demanda social, que luta pela reforma agrária. Pelo menos, são esses os objetivos e as finalidades do Movimento dos Sem-Terra, cujo mérito é muito bom.

O que não pode é certas lideranças desse movimento ferirem leis, normas vigentes, o direito de propriedade, princípios comezinhos do direito pátrio. O juiz manifesta-se dentro dos autos, de acordo com as provas que são apresentadas, de acordo com a manifestação acusatória, de acordo com a manifestação defensória e, finalmente, ele exara a sua decisão. O que não dá para aceitar é que se represente um magistrado por ter decidido uma questão jurídica. Repito, o movimento é político, as lideranças feriram princípios legais. Não dá para exarar uma decisão política, tem que ser uma decisão jurídica.

Manifesto-me, Sr. Presidente, seguindo a linha da nossa liderança, contrariamente à decisão do ilustre Deputado Renato Simões de representar o Dr. Atis de Oliveira. Para isso existem as vias recursais, as fases de recursos, a fim de que, desagradando uma das partes a decisão judicial, tem-se no estado democrático e de direito a via recursal para restabelecer o direito que uma das partes julgue que foi atingido, ou que lhe fora desfavorável.

É nessa linha que não aceitamos essa colocação. Estamos nos manifestando por escrito, em forma de desagravo, a favor do juiz Atis de Oliveira. Já pensou se todo juiz que tiver que se manifestar, prolatando sentenças, receber representação no órgão a que ele é vinculado para ser investigado? Estaremos quebrando o princípio da independência e poderemos até estar tentando invadir área que é de competência absoluta e exclusiva do Judiciário. As partes se manifestam nos autos.

Portanto, fica a nossa consideração. Se alguém entende que a manifestação é suspeita, que o juiz é suspeito e ainda, “ex-oficio”, não se deu por suspeito, existem as vias. Existem recursos no sistema processual, não somente no sistema processual penal, como também no sistema processual civil. Há recursos e procedimentos para se instaurar e para se requerer a suspensão de um ou outro magistrado que não tem a isenção e a independência necessárias para se manifestar, prolatando a sua decisão.

Era esta a nossa colocação. No momento oportuno, debateremos ainda mais esta questão. Gostaria de dizer aos Srs. Deputados que não vamos confundir o Movimento Sem-terra, que é um movimento legítimo, um movimento que busca, como disse, da sociedade essa demanda social com aqueles líderes que utilizam esses movimentos para fins políticos. O que não pode é um movimento social ser utilizado para fins políticos, e esse ou aquele cidadão estar censurando um magistrado que prolata sua sentença nos autos, com base nas provas que ali são carreadas.

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Srs. Deputados, está esgotado o tempo destinado ao Grande Expediente.

 

A SRA. MARIA LÚCIA AMARY - PSDB - PELO ART. 82 - Senhor Presidente, colegas Deputados e Deputadas, membros de nossa assistência nesta Casa ou via Rádio Assembléia e TV Legislativa, boa tarde!

Ocupo esta tribuna, nesta tarde, para uma homenagem. Uma justa e importante homenagem àquela que nesta madrugada, ouso dizer, descansou, Raquel de Queiroz.

Como integrante da Comissão de Cultura desta Assembléia, como parlamentar preocupada com as questões da mulher e, acima de tudo, como brasileira que sou, não poderia deixar de ocupar este espaço e reverenciar esta cearense, natural de Fortaleza, que faleceu no Rio de Janeiro na madrugada desta terça-feira, aos 92 anos de idade.

Não há no Brasil, e em mais de cem outros países onde suas obras foram traduzidas, que não tenham sido influenciados, um mínimo que fosse, por algum ponto de sua vasta obra que, até pelas características de nosso País, ganhou abrangência maciça quando "Memorial de Maria Moura", em 1992, foi adaptada para uma minissérie da TV Globo.

Raquel de Queiroz, cujo corpo, daqui a bem pouquinho, às 17h, será levado em cortejo para o Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, onde será enterrado no mausoléu da família, além de sua vasta obra, é uma das responsáveis por avanços significativos na qualidade de vida das relações sociais em nosso país. Ela foi a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras (ABL), onde ocupava a cadeira de número 5 desde agosto de 1977.

Vejam só, senhor presidente e membros de nossa assistência, Raquel de Queiroz, que recusava a pecha de feminista, foi na prática uma das batalhadoras por avanços significativos na questão de gênero em nosso país. Pelo simples fato de ser incorporada ao um ambiente restrito aos homens, como era a Academia Brasileira de Letras até sua entrada, ela deu o exemplo e mostrou às gerações futuras que Homem é Homem, Mulher é Mulher em suas diferenças, não apenas físicas, mas emocionais e psíquicas.

Porém, quando se trata do intelecto, Raquel de Queiroz é o exemplo claro e evidente de que não há nada, a nós mulheres, a temer neste mundo de idéias e paixões. Não há nada que deva impedir nossa, de nós mulheres, ativa participação nas organizações de poder e aglutinação dos interesses comuns de toda a sociedade.

Pelo seu exemplo de vida. Por sua carreira de pessoa pública. Pela sua obra que é e, profetizo dizer, será sempre eterna, estou neste ambiente chamando a atenção do povo paulista para reverenciar a memória desta grande brasileira.

Rachel completaria 93 anos no próximo dia 17. Como a escritora que todos sabemos e conhecemos, ela foi romancista, cronista e teatróloga, mas antes foi professora e jornalista, onde iniciou a carreira em 1927, no jornal "O Ceará", num ambiente, até então, também, somente restrito a homens.

Foi em 1930, com apenas 20 anos, que publicou seu primeiro romance, "O Quinze", que recebeu o primeiro prêmio, concedido pela Fundação Graça Aranha, num concurso para jovens talentos. Depois desse início, Raquel não parou mais de produzir e escreveu os romances João Miguel (1932); Caminho de Pedras (1937); As Três Marias (1939); O Galo de Ouro (1985); Memorial de Maria Moura (1992). Para o teatro escreveu Lampião (1953); A Beata Maria do Egito (1958); A Sereia Voadora (inédito). Para o público infantil, escreveu O Menino Mágico (1969); Cafuti e Pena de Prata, (1986). Era, até agora, colunista e colaboradora do jornal "O Estado de S. Paulo".

Por isso tudo, caro Presidente, faço esta homenagem a esta grande mulher brasileira, a quem todos nós, principalmente as mulheres, temos que reverenciar. Muito obrigada.

 

O SR. AFONSO LOBATO - PV - PELO ART. 82 - Senhor Presidente, Srs. Deputados, assomo à tribuna hoje com uma preocupação com a nossa região do Vale do Paraíba. Ontem foi sepultado um policial, um guarda de muralha, que foi surpreendido por pessoas que queriam resgatar presos na penitenciária I de Tremembé. E a surpresa foi que o bandido estava usando colete à prova de balas, enquanto que o agente de muralhas estava sem. Além de estar sem o colete à prova de balas, o agente também não tinha o armamento adequado para poder se defender.

Assistimos a esses fatos com tristeza porque percebemos que esses agentes, ou guardas de muralhas, assumiram esse trabalho somente porque trata-se de um meio de ganharem a vida, de poderem sustentar suas famílias, de poderem encontrar um trabalho digno. Mas é preciso que eles também tenham as condições mínimas para exercerem a função de guardas de muralhas, isto é, coletes à prova de balas e armamentos adequados.

Por isso apelamos à Secretaria de Segurança Pública, à Administração Penitenciária e ao Governo do Estado para que ofereçam os coletes à prova de balas e também o armamento que corresponda às atividades dos guardas de muralhas. Porque assim eles não podem se defender dos bandidos, de pessoas que querem resgatar presos nas nossas penitenciárias.

Sinto que a situação da segurança pública no Estado de São Paulo está cada vez mais criando um impasse e dificultando a ação da polícia, enquanto agente de segurança. Apelamos ao Governador, ao secretário de Segurança Pública e ao secretário de Administração Penitenciária, para que encontrem uma solução. Não poderemos mais resgatar a vida desses que morreram, mas poderemos proteger muitas vidas se tomarmos as providências, se investirmos os recursos necessários para viabilizar o mínimo de segurança para esses agentes penitenciários. Muito obrigado.

 

O SR. RENATO SIMÕES - PT - PELO ART. 82 - Pronuncia discurso que, por depender de revisão do orador, será publicado oportunamente.

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Esgotado o tempo destinado ao Grande Expediente, vamos passar à Ordem do Dia.

 

* * *

 

 - Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Há sobre a mesa requerimento, de autoria do nobre Deputado Renato Simões, que propõe a constituição de Comissão de Representação com o objetivo de participar do Fórum Social Brasileiro, a realizar-se no período de 6 a 9 de novembro de 2003, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Em votação. Os Srs. Deputados que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Há sobre a mesa ainda os seguintes requerimentos: “Requeiro, nos termos do Art. 226, inciso II, da XI Consolidação do Regimento Interno, Tramitação em Regime de Urgência para o Projeto de lei nº 268/03, de autoria do nobre Deputado Ary Fossen, que inclui no calendário turístico a Festa da Uva de Caxambu.” Assina o Líder do PSDB Deputado Vaz de Lima.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Nos mesmos termos, requerimento de autoria do nobre Deputado Vaz de Lima solicitando Regime de Urgência para o Projeto de lei nº 909/03, do nobre Deputado Ricardo Tripoli.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Nos mesmos termos, requerimento de autoria do nobre Deputado Vaz de Lima solicitando Regime de Urgência para o Projeto de lei nº 184/02, do nobre Deputado Ary Fossen.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Nos mesmos termos, requerimento de autoria do nobre Deputado Vaz de Lima solicitando Regime de Urgência para o Projeto de lei nº 221/02, do nobre Deputado Ary Fossen.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Nos mesmos termos, requerimento de autoria do nobre Deputado Antonio Mentor solicitando regime de urgência para o Projeto de lei 393/03, que institui o Dia das Empregadas Domésticas, da nobre Deputada Beth Sahão.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Temos ainda requerimento vazado nos seguintes termos: “Sr. Presidente, requeiro, nos termos regimentais, que a disposição das proposituras da presente Ordem do Dia seja alterada na seguinte conformidade: que o Item 3, PL nº 675/03, passe a figurar como Item 1, renumerando-se os demais itens.” Assina Deputado Vanderlei Macris.

Em votação. Os Srs. Deputados que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado. Desta forma, o Item 1 da nossa Ordem do Dia passa a ser o Projeto de lei nº 675/03.

Srs. Deputados, antes, porém esta Presidência informa: “Nos termos do artigo 100, inciso I da XI Consolidação do Regimento Interno, convoco V.Exas. para uma sessão extraordinária a realizar-se hoje, 60 minutos após o término da presente sessão, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia: Projeto de lei nº 529/02; Projeto de lei Complementar nº 42/02; Projeto de lei nº 672/00; Projeto de lei nº 393/03 e Projeto de lei nº 433/03. Assina Sidney Beraldo, Presidente.”

Inscrito para falar a favor o Deputado Renato Simões, por 30 minutos.

 

O SR. RENATO SIMÕES - PT - Pronuncia discurso que, por depender de revisão do orador, será publicado oportunamente.

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado Alberto Turco Loco Hiar, para discutir a favor.

 

O SR. ALBERTO TURCO LOCO HIAR - PSDB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, todos os que estão assistindo à TV Assembléia, gostaria de falar sobre o Projeto 675/03, do Sr. Governador, a respeito do Pontal do Paranapanema. É um projeto de suma importância, que demonstra a sensibilidade do nosso Governador, no assentamento dos trabalhadores do campo, o que poderá sanar um problema que é do Brasil todo.

Antes, porém, gostaria de falar sobre um assunto que me entristece muito. Quero que todos tomem conhecimento, principalmente os jovens que estão me assistindo, os jovens amantes do esporte. A Prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, proibiu a prática de esportes na marquise do Ibirapuera. Acredito que a Prefeita desconhece o que significa hoje a marquise do Ibirapuera para a prática do esporte. Essa é uma briga antiga. Sempre é o PT que procura inviabilizar o skate na cidade de São Paulo. Isso começou na administração anterior e agora novamente o PT volta a impedir que os skatistas e os praticantes do bicicross e do free-style utilizem a área da marquise para a prática desses esportes.

Tomei ciência de uma reportagem da “Folha de S.Paulo”, de que o decreto proíbe desde o dia 17 de outubro. Ou seja, os jovens que culturalmente, historicamente, sempre praticaram o skate nesse local, hoje estão proibidos. Tenho certeza de que a Prefeita está fora da moda, e não sabe da importância que tem o skate para a cidade de São Paulo. Talvez São Paulo seja a capital brasileira do skate. O Brasil é o segundo país que mais consome artigos de skate, no mundo. O campeão mundial de skate é um paulista.

Qual é o sentido dessa proibição, Prefeita Marta Suplicy? É não gostar da juventude que a ajudou a se eleger, é não gostar dos praticantes do free-style, uma das modalidades do bicicross. Será que ela também proibiu a dança do break? Em 92, eu tinha um programa de skate, chamado ‘Conexão Skate’. Eu fazia matérias sobre o skate, na marquise do Ibirapuera. Ou seja, o skate é praticado naquele lugar há 10 anos. E a Prefeita simplesmente, de maneira autoritária, porque é autoritária, impede a prática do skate nesse local. Qual será o motivo?

Recentemente estive com a minha esposa e uma filha de dois anos, no parque do Ibirapuera. Lá vi a garotada praticando o skate, e não vi nenhum incidente, durante o longo tempo que lá fiquei, observando inclusive as pessoas dançarem o break, que é uma dança vinda do hip-hop, do rap. Isso tem entristecido muito os praticantes desse esporte. Tenho recebido muitos e-mails falando desse ato autoritário da Prefeita.

Ela realmente não entende de juventude, porque, na primeira vez em que se meteu a fazer um evento envolvendo a juventude, acabou ocasionando um óbito. E ela quer, de qualquer maneira, tirar o corpo fora desse óbito, de um jovem que acabou morrendo afogado no Parque do Ibirapuera, dizendo que não é culpa da Prefeitura. Não é culpa da Prefeitura? Por que não é culpa da Prefeitura se a entidade em que estão querendo jogar a culpa, a Associação dos Amantes da Música Eletrônica, tinha se estabelecido há dois meses? A Prefeitura bancou esse evento, um evento que já existia há mais de sete anos e para o qual a Prefeitura não gastava um centavo. Durante esses sete anos nunca aconteceu nenhum acidente, nenhum ato de violência. Os policiais militares que estavam naquele evento ficaram horrorizados pela desorganização em lidar com jovens, essa mesma Prefeitura que apóia eventos com marcas de bebida alcoólica como patrocinadores oficiais, como o Skol Beat.

A sensibilidade que a Prefeita tem em relação à juventude é nenhuma. Mas na hora de pedir voto até gíria a Prefeita vai falar, até andar de “skate” a Prefeita vai andar. O que vemos, na verdade, é uma falta de sensibilidade com a juventude da nossa capital, diferentemente do que vem acontecendo com o Governo do Estado. Não vejo o Governo do Estado investindo num evento que tenha o patrocínio de bebida alcoólica. Não vejo o Governo do Estado querendo tirar a idéia de alguém que durante sete anos acreditou no movimento da música eletrônica ou de qualquer atividade jovem. Não vejo o Governo do Estado proibindo a prática de um esporte no qual a cidade de São Paulo é exemplo para o mundo.

 

O SR. NIVALDO SANTANA - PCdoB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Nobre Deputado Alberto Turco Loco Hiar, estava ouvindo o discurso de Vossa Excelência. Todos nós que o conhecemos há muito tempo sabemos que dentre os segmentos que V.Exa. procura representar e defender é o dos jovens praticantes do “skate”. Desse ponto de vista, acho que V.Exa. tem sido injusto com a Prefeita Marta Suplicy.

Se V.Exa. tiver oportunidade de visitar os Centros Educacionais Unificados que estão sendo inaugurados na periferia de São Paulo, haverá de constatar que, além de o município de São Paulo contar com 21 novos cinemas, teatros, piscinas, locais para a prática de atividades educacionais, esportivas e de lazer, há 21 novas pistas de “skate”. Cada CEU tem também uma pista de “skate”, o que inclui o praticante de “skate” em novas opções perto do seu local de moradia.

Na questão específica do Ibirapuera, uma região freqüentada por grande número de pessoas, jovens, idosos e crianças, a prática de “skate” precisaria ter um espaço mais adequado. Vossa Excelência que gosta de “skate”, com a implantação dos CEUs verá ampliadas essas opções. Na minha opinião o mérito da Prefeita precisa ser destacado para quem pratica “skate”.

 

O SR. ALBERTO TURCO LOCO HIAR - PSDB - Agradeço o aparte até porque V.Exa. vem ilustrar bem o que quero falar. Não conheço ainda as pistas de “skate” dos CEUs, mas as pistas de “skate” que vejo a Prefeita construindo são simplesmente chamar o jovem ao suicídio. São pistas malconstruídas, mal-elaboradas, sem condições para a prática de “skate”. Isso eu conheço muito bem. O que a Prefeita tem feito em termos de políticas públicas para juventude é nota zero.

Em relação aos CEUs, acredito que como escola são perfeitos, mas como céus, vão virar um inferno, porque ao invés de investir nos centros esportivos, nos balneários públicos que já são da Prefeitura e estão abandonados, o que a Prefeita fez? Uma grande estratégia de “marketing”. Pelo jeito está funcionando porque ela tem uma boa estratégia de “marketing” em relação à sua atuação à frente da Prefeitura da cidade de São Paulo. Mas em relação juventude, cometeu um erro estratégico. Fazer lazer com Educação não vai dar certo. Quero ver os CEUs daqui a um ano.

Sabe quantos anos seriam necessários para se implantar esse programa educacional para atender toda população do Estado de São Paulo? Sessenta e nove anos. Gostaria de perguntar para quem está me assistindo, se tem um CEU perto da sua casa ou se você está no meio do inferno sem área de lazer, de cultura, lugar para seu filho brincar. Quantos CEUs ela construiu? Vinte e um. Seu filho está matriculado no CEU? Participa desse programa? Tenho certeza que não. Fez para poucos e se é para poucos, não é bom para ninguém. Ou é bom para todo mundo ou não é bom para ninguém.

Por que não se criou um método educacional que incentivasse a prática esportiva, que motivasse aquele aluno que vai bem na escola a ter uma modalidade esportiva vinculada à sua atividade escolar? Tenho certeza de que muitos alunos vão cabular a aula num dia de sol para entrar na piscina ou para praticar “skate”. Por que a Prefeita não fez os CEUs no começo da sua gestão? Vinte e uma escolas na Capital significa nada. Só é bom para colocar na televisão, é o que ela está fazendo. Aumentou em 70% a verba para a propaganda, passando de quase 23 milhões para 43 milhões só de verba de propaganda, só para falar bem de 21 escolas. Com esse dinheiro, poderia estar construindo mais escolas, melhorando a vida do seu filho, que muitas vezes precisa de uma área de lazer, de um centro de saúde. Assistir a Prefeita na televisão vai conseguir melhorar a saúde do seu filho? O seu filho vai aprender mais ao ver uma propaganda do CEU? Se tivesse mais salas de aula, professores mais qualificados ou um número maior de CEUs na cidade São Paulo com certeza seu filho aprenderia mais.

Gostaria que o Deputado Nivaldo Santana explicasse a dívida do Município de São Paulo. O Governador Geraldo Alckmin foi uma pessoa que, além de partido e de posicionamento político, pediu para que os Senadores do PSDB votassem a favor. Hoje, a cidade de São Paulo deve por volta de 47 bilhões de reais. Quando era Vereador, a dívida da cidade de São Paulo era de 11 bilhões e o PT ia todos os dias à tribuna criticar o Prefeito Paulo Maluf, no Prefeito Pitta. A Prefeita conseguiu ser pior que o Maluf, e Pitta. É impossível isso.

Convido V. Exa., Deputado Nivaldo Santana, a visitar as pistas de skate que a Prefeita construiu na cidade de São Paulo. E se V. Exa. conhecer algum skatista que consiga andar numa pista daquelas, sou o primeiro a conseguir o patrocínio de uma empresa. É impossível. Queria levar V. Exa. ao Centro Esportivo Municipal para que veja a decadência em que está. Está abandonado. Queria levar V. Exa. à minha região, o Bairro do  Ipiranga, para que veja como está o Balneário do Ipiranga, o Balneário da Vila Carioca. Por que as piscinas dos Balneários do Ipiranga e da Vila Carioca não podem ter reformas e os CEUs são inaugurados com toda a pompa, com toda a estratégia de marketing, de Duda Mendonça? Acredito que Duda Mendonça faça milagres. É um bom marqueteiro.

Mas o que precisamos é de projetos consistentes, que atendam às necessidades da população do município de São Paulo. O Projeto nº 675, como diz a própria Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo, propõe: “As famílias que estão assentadas em terras improdutivas na região do Pontal do Paranapanema, em São Paulo, no mínimo cinco anos, poderão regularizar a situação das propriedades, caso seja aprovado o Projeto de lei”. Esse projeto é o que estamos discutindo aqui. Esse projeto é muito importante e tenho certeza que vai contar com a votação e o apoio da bancada do PT.

Esse, sim, é um projeto que atende às necessidades da sociedade, dos menos favorecidos, e não ficar se metendo onde não é chamada, como é o caso da Parada do Amor, a parada da AME, que acabou levando à morte um adolescente de 16 anos. Agora, a Prefeitura tenta eliminar essa marca das suas costas, dizendo que não tem responsabilidade.

Gostaria de saber, e queria que algum Deputado do PT me solicitasse um aparte, de onde vem o dinheiro para fazer esse evento? Quem bancou, quem deu dinheiro para aquele garoto morrer? Quem ajudou a realizar o evento, que não tinha organização nenhuma, que a Prefeitura não tinha competência de fazer? Aí, não temos resposta, porque não tem resposta. Há Deputados do PT no plenário, mas não há Deputado do PT para dar resposta a essa pergunta que estou fazendo.

Eu desafio. Foi dinheiro público, dinheiro da Prefeitura de São Paulo gasto  na realização do evento.  E estão tentando incriminar uma entidade que foi aberta somente há dois meses. É só qualquer Deputado desta Casa pedir ao seu contador ou à sua assessoria para ver quanto tempo faz que essa entidade existe. Vão ver que só fazem dois meses.

O que me deixa triste é que, se a Prefeitura de São Paulo investisse mais na juventude, no adolescente, na criança, talvez os Deputados do PT, que estão aqui criticando a Febem, não iriam ver esses garotos na Febem. O que leva esses garotos à Febem são as drogas, a violência, a falta de perspectiva. Por que eles estão na Febem? Porque a Prefeitura de São Paulo não tem políticas públicas adequadas para eles. Os garotos de até 18 anos representam por volta de 28% da população. Na Febem do município de São Paulo, 48% são rapazes da capital, ou seja, a Prefeita Marta Suplicy, a Martaxa, que só sabe aumentar impostos e carga tributária na cidade de São Paulo, não tem um projeto adequado para os jovens da capital. Aí vêm os Deputados da oposição criticar o Governador Geraldo Alckmin no que está acontecendo na Febem.

Realmente, a situação não é para se comemorar, não é uma situação confortável. Mas se a Prefeitura assumisse a responsabilidade que tem em relação a esses jovens, se   tivesse uma política pública de lazer, de cultura, de entretenimento, de esporte e de comportamento jovem, tenho certeza de que teríamos muito menos adolescentes na Febem. Mas do que é que eles gostam? Quanto mais jovens houver na Febem pior para o governo que não vai conseguir dar conta, não vai conseguir cuidar desses jovens. Então vai acontecer algum problema e aí nós vamos à tribuna e criticamos o Governo do Estado, dizemos que é culpa de um governo que não tem competência de cuidar dos jovens infratores.

Mas quem gerou, quem não teve, como órgão público, como gestor público, competência de lidar com esses jovens? Será que foi a Febem, que plantou uma semente de ódio no coração daqueles jovens porque viam na televisão a área de lazer, viam os jovens praticando esportes e o que restava para eles era viver somente no esgoto e na falta de alternativa esportiva e cultural? Será que os CEUs, como disse o Deputado Nivaldo Santana, irão atender a toda a população da cidade de São Paulo, os 21 CEUs? É o que digo aqui. Se você não está no céu, só tem direito de viver no inferno. Porque a Prefeita não cuida, não tem política pública, capacidade e nem competência para gerir essa cidade.

É por isso. Mas ela tem competência de enfiar 43 milhões de reais na televisão, nos jornais e nas revistas para divulgar projeto dela. Aí, é claro, sobe na pesquisa. É como produto: divulgou, vende. E com Duda Mendonça, desculpe, qualquer coisa enlatada vai bem no mercado. Até titica de galinha. Tenho certeza que o Governo do Estado não investiu metade disso para falar das benfeitorias que vem fazendo no Estado de São Paulo inteiro. Basta ver os orçamentos, a diferença entre os orçamentos do Governo do Estado e da Prefeitura. O endividamento que tem a Prefeitura hoje é por volta de 47 bilhões de reais. E isso porque o Governo Federal tem sido generoso. Ah, você é minha amiguinha, então vou mandar mais dinheiro para a Prefeitura de São Paulo. E manda 500 milhões. Logo vai mandar mais uns 500 milhões, e a dívida da cidade de São Paulo aumenta.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Ary Fossen.

 

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Se tivesse competência faria como o Governo do PSDB: fecharia as torneiras do desperdício e cortaria as despesas que não são necessárias. Como disse aqui, a capacidade intelectual do teu filho não melhorará assistindo propaganda feita pelo Duda Mendonça. Ao contrário, ele vai ter uma sinestesia negativa. Porque ele vai ver a propaganda dos CEUs e não vai poder estudar lá. A imprensa já divulga isso.

Para lançar um programa como esse do CEU seria necessário atender a toda cidade de São Paulo. Mas isso não é possível, porque a Prefeita levou quase quatro anos para construir 21 CEUs e seriam necessários mais 69 anos para poder concluir esse programa na cidade de São Paulo. No meu entendimento não concordo. Acredito que poderiam construir escolas, qualificar melhor os professores, dar mais condições, melhorar a área esportiva e cultural e atender os centros esportivos, que têm essa finalidade e que estão mais preparados para atender os jovens que têm vontade e habilidade esportiva. E esses equipamentos já existem em toda cidade. As piscinas também.

Quando adolescente eu freqüentava o balneário do Ipiranga. Hoje dá até medo. No balneário da Vila Carioca ninguém põe a mão. Eu freqüentava o balneário do Ipiranga e tinha orgulho de ter a carteirinha de sócio daquele balneário. Quantas pessoas vão poder entrar no CEU para utilizar a sua piscina? Será que teu filho que tem o CEU do lado dele está matriculado? Acredito que não. Você não vai conseguir matricular o teu filho na propaganda do PT na televisão. Não adianta. Isso é enganação. O que a população da cidade de São Paulo quer ver na verdade são políticas públicas que atendam às suas necessidades,  que são  mais áreas esportivas, culturais, e de mais áreas de lazer. Muito obrigado.

 

O SR. ANTONIO MENTOR - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Senhor Presidente, tenho em mãos uma questão de ordem para encaminhar à Presidência para análise. Trata-se de uma questão regimental que diz respeito ao prazo para apresentação das emendas ao orçamento. Por isso solicito despacho da Mesa com a urgência que se faz necessária.

Não poderia deixar de mencionar também, Senhor Presidente, pois faz parte da mesma questão relativa aos prazos regimentais para a apresentação de emendas, que estamos com o sistema da Casa paralisado há 40 minutos, portanto, sem possibilidade de elaboração das emendas ao orçamento neste momento. Então gostaria de registrar preliminarmente esta questão da paralisação do sistema e imediatamente fazer a leitura da questão de ordem:

Senhor Presidente, formulo a presente questão de ordem para obter esclarecimentos de Vossa Excelência com relação à interpretação do artigo 246, §§ 2º e 4º, da XI Consolidação do Regimento Interno, tendo em vista a tramitação do Projeto de Lei nº 990/03, que orça a receita e fixa a despesa para o exercício de 2004.

O Projeto de Lei nº 990/03 encontra-se em fase de pauta até o próximo dia 04 de novembro. Ocorre que em 31/10, o Diário Oficial do Poder Legislativo publicou a Mensagem nº 77, do Governador do Estado, em aditamento à Mensagem nº 63, de 30 de setembro, solicitando sejam procedidas alterações com a finalidade de aperfeiçoar o tratamento dado à alocação de recursos do Tesouro para o financiamento das ações e dos serviços públicos de saúde.

As modificações propostas pelo Senhor Governador acarretarão a necessidade de uma reavaliação das emendas já apresentadas e também daquelas ainda em elaboração, o que demandará um maior tempo de análise do Projeto.

Indago, pois, de Vossa Excelência se o surgimento desse fato novo, qual seja, a Mensagem Aditiva do Senhor Governador, não seria motivo suficiente para a reabertura do prazo para a proposição figurar em pauta, para conhecimento dos Deputados e recebimento de emendas.

Sala das Sessões, em 04/11/2003.

Deputado Antonio Mentor

O SR. PRESIDENTE - ARY FOSSEN - PSDB - Registro a manifestação de V.Exa. Srs. Deputados, para discutir a favor, tem a palavra o nobre Deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Senhor Presidente, Srs. Deputados, estamos aqui tratando de uma questão de grande relevância, de grande profundidade social, que é a questão que aflige o Pontal do Paranapanema. Lá onde proliferam os chamados sem-terra. Inicialmente, para deixar bem patente, é preciso fazer uma indagação: Existe o tal MST? É uma entidade registrada? É uma entidade legalizada? Tem estatuto? Consta em algum cartório? Não, não e não. O MST não existe legalmente. Existe na cabeça de muitas pessoas, mas não tem registro, não tem pai, não tem mãe, nada que o reconheça.

No domingo li uma matéria na “Folha de S.Paulo” com o seguinte título: “ONGs estrangeiras financiam parte das atividades do MST.” Mas como entra o dinheiro que vem do estrangeiro para o MST se não existe o MST? Quem assina os cheques pelo MST, se não existe o MST? Como controlar o dinheiro que vem do exterior para financiar invasões, para financiar escolas que ensinam o marxismo, o leninismo, que tem como ídolo o Carlos Marighela? Como fazer a prestação de contas desse dinheiro que vem do estrangeiro e vai para uma conta que não pode existir?

Leio agora matéria publicada no jornal Diário de São Paulo, uma entrevista com ex-Deputado Federal, ex-Secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, engenheiro agrônomo, Chico Graziano. Prestem bem atenção, Srs. Deputados, não sou eu quem fez esta afirmativa. Foi o Dr. Chico Graziano: “Os sem-terra em São Paulo são uma farsa.” Eu vou repetir: “Em conformidade com o pensamento de Chico Graziano, os sem-terra em São Paulo são uma farsa.” Não fui eu quem fez tal afirmativa. Também não concordo inteiramente o que diz Chico Graziano logo abaixo, Deputado Bittencourt, que “metade é bandido, foragido ou estelionatário”. Não posso concordar com esta afirmativa.

Mas quero agora me reportar à tal Frente Parlamentar pela Reforma Agrária criada nesta Casa. Em data de ontem, seus integrantes se dirigiram ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e tiveram audiência com o seu presidente, Dr. Sérgio Nigro da Conceição. E lá teriam apresentado - olha o absurdo! - provas, indícios, acusações contra o juiz, Dr. Atis de Araújo Oliveira, da Comarca de Teodoro Sampaio. Querem providências, querem punir o magistrado, querem enquadrá-lo nas normas legais. Entendem que ele pretende criminalizar o tal MST, que não existe.

Qual é a função do Dr. Atis de Araújo Oliveira? O que ele faz na vida? É um juiz, é um magistrado que julga questões condizentes à honra, à propriedade e à liberdade. Se porventura, lá em Teodoro Sampaio, alguém for preso furtando um automóvel, assaltando uma casa, a polícia lavra o flagrante, instaura-se inquérito policial, remete-se para o fórum, o promotor público representando o Ministério Público, fiscal da sociedade, oferece denúncia. O juiz recebe a denúncia, interroga o réu, ouve as partes, de acusação e de defesa, e depois dá o seu veredicto. Absolve ou condena. Esta é a função de um magistrado.

Mas, quem invadiu propriedade alheia - quem se associou em quadrilha, quadrilheiro, portanto, é -, quem danificou propriedades, quem teria matado animais, quem já foi processado por homicídio qualificado por motivo torpe ou tocaia, condenado pelo júri por sete a zero, e absolvido no segundo por quatro a três, com pressão popular.

Fico imaginando, o juiz não está julgando José da Silva. Está julgando Zé Rainha. Atenha-se aos autos. Existem elementos? Ele tem a responsabilidade de punir, de aplicar o código penal, que foi o que ele fez. Ele condenou o Sr. Zé Rainha até por formação de quadrilha. E foi: os defensores dos direitos humanos, os arautos desse MST que não existe, saíram a campo desfraldando a bandeira de que houve perseguição do juiz! Recorreram ao Tribunal de Justiça de São Paulo. Várias questões e vários recursos foram indeferidos. O juiz foi formal. Mas como o MST não é mais um movimento social, é um movimento de fundo político, que mantém escolas para ensinar, repito, lições de Karl Marx, lições de Lenin, e que tem como ídolo Carlos Marighela.

Parlamentares ilustres desta Casa resolveram criar a Frente Parlamentar para a Reforma Agrária porque é justo. Porque é inadmissível, sob a minha ótica, que queiram desmerecer o magistrado que teve a coragem de aplicar lei. Esqueceram-se, olvidaram aquele ensinamento que honra, que é algo sagrado. Marcaram uma audiência com chefe do Judiciário de São Paulo, entregaram documento acusando Dr. Atis de Araújo de ter praticado atos menos dignos - essa é a expressão correta. Se não julgou em conformidade com as provas dos autos, que adjetivo posso eu atribuir ao magistrado?

Não dá para silenciar mais. É lição de um grande pensador, que, quando se silencia quando se deveria protestar, transformam os homens em covardes. Resolvi, sim, fazer o manifesto de desagravo a este magistrado, cujo único crime, cujo único delito foi ter julgado em conformidade com as provas dos autos. Vamos esperar. Se o Tribunal de Justiça, por qualquer uma das suas turmas, ou Câmaras, entender que faltaram provas que prove a verdade, anula o processo, não cabe a mandrake do Direito, aprendiz de Justiça, o direito de julgar sem elementos, ou como dizia Dr. Gofredo da Silva Telles Jr., “Ainda bem que existe um papel para receber todo tipo de ofensas e acusações. O que seria deste mundo se não existissem os papéis? Tudo recebe o que se escreve.”

Nobre Deputado Renato Simões, que é um Deputado com quem tenho divergências profundas, mas por quem tenho profundo respeito, se aproxima desse microfone de apartes, e democraticamente lhe concedo o aparte porque quero que V.Exa. explique, a este humilde Deputado quais são as provas existentes para penalizar o Dr. Atis, um magistrado.

 

O SR. RENATO SIMÕES - PT - Agradeço o aparte de V.Exa., nobre Deputado Campos Machado. Retribuo as observações feitas por V.Excelência. O respeito que tenho por V.Exa. é grande quanto a divergências que temos sobre este tema.

Vossa Excelência pode fazer o que faz na defesa ideológica do juiz, das suas decisões. O ataque à ideologia dos trabalhadores sem-terra é o que se espera de uma liderança política com a posição de Vossa Excelência.

O que não podemos permitir, nobre Deputado, é que isso seja à revelia dos autos e processo feitos por um juiz de Direito. Vossa Excelência pode pedir decisões de uma Câmara que pode eventualmente dizer se o juiz estava errado. Pois, listei aqui, entre maio de 92 e setembro de 2003, dez decretos de prisão que atingiram 40 trabalhadores rurais sem-terra, sendo que no dia da representação sete já foram revogados em instâncias superiores. E, no próprio dia em que estávamos entregando essa representação ao Supremo Tribunal de Justiça, o Tribunal revogou a oitava.

Portanto, existem apenas duas ordens de prisão ainda não apreciadas em instância superior e a serem derrubadas: o Processo 229/02, decisão unânime da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça; o Processo 275/02, decisão unânime do STJ; Processo 196/99, votação unânime do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo; Processo 229/02, votação unânime na 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça.

Portanto, nobre Deputado, o que V.Exa. pede para o futuro, estou aqui apresentando no presente. As decisões são desancadas nas instâncias superiores, com observações do tipo: “Decisão da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo. A decisão do juiz estava fundada em mera suposição, em singela desconfiança.” É assim que se refere a decisão do juiz Atis de Oliveira, do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Então, nobre Deputado, poderemos continuar debatendo aqui durante muitos dias, que serão acalorados, porque o tema da reforma agrária vem novamente à tona na sociedade brasileira. Mas o que não se pode admitir é que a conduta de um magistrado, e não as suas decisões - não estamos contestando as decisões perante a Corregedoria -, esteja sendo feito nos autos dos processos, com unanimidade de decisões até agora julgadas. Conta a decisão do juiz, o que pedimos é a apuração de condutas que são claramente tipificadas. Não vou tomar o tempo de V.Exa. lendo todos os fatos. Quero apenas dar este depoimento a V.Exa. de como essas decisões judiciais, sem fundamentos, vêm sendo revogadas seja no Tacrim, seja no Tribunal de Justiça ou no STJ. Muito obrigado, nobre Deputado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Equivoca-se o nobre Deputado Renato Simões. Equivoca-se principalmente quando diz que este Deputado vem a esta tribuna por uma questão ideológica. Vossa Excelência não deve ter ouvido o que eu disse no início. Aqui não se trata de questão ideológica, mas de questão factual. Há ou não há provas dos autos?

Vossa Excelência não mencionou - não sei qual a razão - por que motivo o Tribunal de Justiça não acolheu, recentemente, os recursos impetrados pela defesa do José Rainha. Se houvesse descalabros, tanta ausência de provas, o José Rainha já teria sido solto por força de “habeas corpus”.

A formação de V.Exa. é maior ainda que jurídica. É um filósofo, e os filósofos costumam sonhar de vez em quando. Eu lembro, Deputado, de uma fábula, que já falei aqui e vou repetir, de que certa feita o pintor Apeles fez uma exposição de suas obras. Pintou vários quadros, e um deles era o retrato de Jesus Cristo. Nisso, chegaram lá, dentre os pintores de todos os países, um sapateiro que foi até o quadro, debruçou-se sobre o par de sandálias que Jesus estava usando e começou a dizer que o sapato não se adaptava aos pés de Jesus, que os pés eram maiores e desproporcionais aos sapatos. E Apeles, que se encontrava atrás da parede, viu que o sapateiro entendeu de questionar as imagens, as linhas do quadro e o seu perfil. Aí, Apeles pulou na frente e disse: “Alto lá, sapateiro, não vá além das sandálias.”

O Deputado Renato Simões não deve ir além da sua filosofia. Já que não é “expert” em questões de direito, não deve ultrapassar os limites, deve ficar no seu mundo filosófico. Mas em questão de direito é preciso dizer que existem a 1ª e a 2ª estâncias, e o juiz condenou em primeira instância. Há 60 dias, o Sr. José Rainha está preso, Por que o Tribunal de Justiça não revogou ainda? Pode até revogar, mas por que não revogou ainda? Porque há indícios de crime, há base para condenação. Por acaso não é crime invadir propriedade? Não é crime, por exemplo, matar animais? E o curioso é que os chamados sem-terra só gostam de invadir terras ricas. Ninguém quer invadir terras pobres, só fazendas produtivas, plantadas e ajustadas. Alguém já ouviu dizer que existe sem-terra em Rondônia? Alguém já soube que o José Rainha visitou o Acre? Esta é a questão: por que será que o José Rainha plantou a sua base na região prudentina, perto dos rios Paraná e Paranapanema, uma terra próspera? Será que esses sem-terra construíram alguma coisa boa? Eles arrasaram o Pontal. Hoje o Pontal, que tinha tudo para ser quase uma Suíça do Estado de São Paulo, é mais miserável do que o Vale do Ribeira.

É isto que acontece, ninguém quer investir, ninguém quer comprar. Como é muito mais fácil tomar o que já está pronto, invadir o que está plantado, destruir o que está construído, estamos diante desse quadro.

Mas tudo isso leva-me à seguinte conclusão: por que será que o Dr. Atis de Oliveira teria condenado José Rainha? Por que será que ele decretou prisão preventiva? Será que ele é fazendeiro? Será que ele é louco? Será que é débil mental ou será que se alicerçou em provas? Ah, pintor Apeles. Deveria voltar à Terra, pintor Apeles, para sentar no plenário e assistir um filósofo deitar falação sobre questões jurídicas.

Mas preocupo-me quando vejo cometerem uma injustiça. Só se deve acusar uma pessoa quando se tem provas. Quais são os elementos que o Deputado Renato Simões trouxe à baila agora? Vamos lá: pegou uma relação de decisões do Tribunal de Justiça. O Dr. Atis teve centenas de outras decisões, mas ele leu meia dúzia, dizendo que “O tribunal, por votação unânime...” Meras suposições. Será que isso é suficiente para justificar uma posição, esta, sim, política, esta, sim, ideológica? Vêm em caravana e no Tribunal de Justiça só faltou levar um carrinho carregando provas.

 

O SR. RENATO SIMÕES - PT - Vossa Excelência me concede um aparte?

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Vou dar um aparte a V.Exa. porque gosto que V.Exa. tente explicar o inexplicável.

 

O SR. RENATO SIMÕES - PT - Aliás, essa é uma tarefa que os filósofos sempre tiveram: esclarecer os advogados dos limites da sua própria competência.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Mas não se esqueça que nunca me atrevi a discutir temas filosóficos.

 

O SR. RENATO SIMÕES - PT - Vossa Excelência é um filósofo por excelência.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Eu fico na minha área restrita às questões pequenas de Direito.

 

O SR. RENATO SIMÕES - PT - Tenho a honra de fazer pós-graduação na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, de modo que vou tentar, ao final dos meus estudos, debater os temas jurídicos com V.Exa. como pós-graduado pelo Largo São Francisco.

Mas, nobre Deputado, V.Exa. que também não é psicólogo e acabou de levantar a hipótese sobre a loucura do juiz, V.Exa. que também não é perito criminal e acabou de levantar suspeitas sobre as propriedades do juiz, colocou alguns temas para o debate que não são propriamente jurídicos. São políticos e ideológicos. Já debatemos profundamente aqui, Deputado, as posições de direita que o partido de V.Exa. tem no que diz respeito à reforma agrária e aos temas do Pontal do Paranapanema.

O que queremos deixar claro é que o corregedor-geral de Justiça que recebeu a representação com todas as provas que foram juntadas, mais de 200 páginas em anexo, é quem vai avaliar e não V.Exa. pelo noticiário do jornal a consistência daquilo que afirmamos. Vamos dar tempo ao tempo, nobre Deputado, porque nenhum magistrado é intocável. Todos poderão responder perante o órgão próprio do Judiciário qualquer acusação sobre a sua conduta e não sobre as suas decisões. De modo que espero travar este debate várias outras vezes com V.Exa. e aguardar a manifestação do fórum adequado, que não será dada pelo Líder do PTB, mas pelo Corregedor Geral de Justiça.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Vossa Excelência, mais uma vez, se equivoca. Hoje foi a tarde de equívocos. Já disse centenas de vezes que não posso aceitar essa divisão que V.Exa. faz de maneira simplista sobre direita, centro e esquerda.

Disse o Deputado Renato Simões que o PTB é de direita. Quem gosta dessa linguagem é Vanderlei Luxemburgo, é extrema-direita, extrema-esquerda, centro direita, meia-esquerda, meia-direita, é o Leão. Estes gostam dessa linguagem ultrapassada de extrema-direita, extrema-esquerda. O que é isso, Deputado Renato Simões? Estamos no terceiro milênio e vem V.Exa. falar em direita de novo? Pensei que V.Exa. tivesse deixado essa visão no século passado. Mas não.

Vossa Excelência atravessou o século e continua falando de direita, centro e esquerda. Quem consegue definir o que é esquerda? Quem consegue definir o que é direita? Enganam-se as pessoas que acham que nós não queremos a reforma agrária. Queremos, sim, mas sob a égide da lei. Não dá para viver sem lei. Sem lei não há justiça, sem justiça não há paz. Mas, não. Insiste o Deputado Renato Simões em dizer que estamos tratando dessa questão de maneira ideológica.

Deputado Bittencourt, desde que assomei esta tribuna estou dizendo que o magistrado julga com as provas que tem. O magistrado ainda não disse uma palavra. Mas enquanto isso, os jornais já o estão condenando. Ele está sendo condenado pela imprensa porque a Frente Parlamentar pela Reforma Agrária criada há 15 dias - ainda não encontrei motivos para a constituição dessa frente - é quase toda composta de Deputados petistas. Noventa por cento de petistas pretendem o quê? Desmoralizar a Justiça, o Judiciário através do comportamento de um magistrado que outra coisa não fez se não julgar com as provas dos autos?

Senhor Presidente, esta é uma questão apaixonante. Estamos apenas iniciando este debate. O Deputado Renato Simões e eu teremos tempo suficiente para trazermos aqui as nossas desavenças, desavenças que, repito, não estão no campo pessoal, estão no campo das idéias. Desavenças que irão continuar enquanto nós existirmos, porque o abismo que nos separa é tão grande, é tão imenso que nem todos os oceanos do mundo conseguirão superar. Mas esses abismos não me impedem de ter por V.Exa. um carinho e uma amizade muito grande.

 

O SR. PRESIDENTE - ARY FOSSEN - PSDB - Tem a palavra para discutir a favor o nobre Deputado Hamilton Pereira.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Senhor Presidente, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, ouvintes da Rádio Assembléia, senhoras e senhores, venho à tribuna para também apresentar os meus argumentos em relação ao Projeto de lei n. 675/03, enviado a esta Casa de Leis pelo Exmo. Sr. Governador do Estado, Geraldo Alckmin, que dispõe a regularização de posse em terras devolutas da 10ª região administrativa do Estado.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, sabemos todos nós que a prerrogativa da realização da reforma agrária, do ponto de vista legal e constitucional, é do Governo Federal. No entanto, é muito salutar que tenhamos nos estados legislações que auxiliem na realização da reforma agrária e que ajudem o Governo Federal nesse mister que é distribuir - e com justiça - as terras ociosas que existem nos vários estados do nosso sistema federativo.

Louvo então aqui em São Paulo a iniciativa de termos uma legislação que possa auxiliar na realização da reforma agrária no âmbito do nosso Estado. Tanto é assim que em 2001 apresentei o PL nº 204, que tramitou por esta Casa, cujo objetivo é o mesmo do PL nº 675, que ora discutimos, de autoria do Sr. Governador Geraldo Alckmin.

O projeto de lei que apresentei continha um diferencial em relação a esse que o Governador envia à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Entendia este Deputado que, havendo terras devolutas em todo o território paulista, deveríamos ter uma legislação ampla, que possibilitasse a realização da reforma agrária, a legitimação de posses e a regularização de áreas devolutas em todo o território do Estado de São Paulo, porque, afinal de contas, áreas devolutas existem não apenas no Pontal do Paranapanema.

Aliás, muito nos estranha que o Sr. Governador Geraldo Alckmin tenha enviado a esta Casa um projeto de lei incompleto, que propõe a regularização de posse em terras devolutas apenas na 10ª região administrativa do Estado, ou seja, na região circunscrita ao Pontal do Paranapanema. Entendemos que, já que nós vamos discutir e aprovar um instrumento legal para a realização da reforma agrária, deveríamos fazê-lo para o Estado todo. Isso é o que propus em meu Projeto de lei nº 204, de 2001, um projeto, portanto, muito mais completo que esse que recebemos, enviado pelo Palácio dos Bandeirantes, pelo Sr. Governador Geraldo Alckmin.

O Projeto de lei nº 204, de 2001, de minha autoria, tramitou nesta Casa, passando pela Comissão de Constituição e Justiça, onde foi aprovado pelos senhores membros, pela Comissão de Agricultura e Pecuária da Casa, tendo sido também lá aprovado, e tramitando ainda por todas as demais comissões, tendo em todas sido aprovado. Estava já pronto para a ordem do dia, quando recebemos aqui a manifestação do Governador Geraldo Alckmin, apresentando o Projeto de lei nº 675, de 2003. A grande diferença entre o projeto enviado pelo Governador Geraldo Alckmin e o projeto de autoria deste Deputado é exatamente seu alcance. O nosso projeto é muito mais completo, porque abrange todas as áreas devolutas do Estado de São Paulo.

Como disse há poucos instantes, áreas devolutas temos em todas as regiões do Estado. Cito, apenas para exemplificar, a região de Sorocaba. Cito aqui também, para reforçar, a região do Vale do Ribeira e a região do Vale do Paraíba. E juntamente com a região do Pontal do Paranapanema, são todas regiões que possuem áreas de terras devolutas e que necessitam de um instrumento jurídico-legal que auxilie na realização da reforma agrária no âmbito do Estado de São Paulo.

É com essa discussão que queremos contribuir. Por isso me inscrevi , inclusive para participar deste debate, a fim de esclarecer os pontos discordantes entres ambos os projetos, sem negligenciar os pontos concordantes. Sou dos Deputados que preferem trabalhar com pautas positivas na construção de uma proposta. Foi por isso que, estando pronto para a ordem do dia nosso projeto, o Projeto de lei nº 204, de 2001, nós o apresentamos como um dos substitutivos ao projeto de lei do Sr. Governador, já que, numa negociação com os interlocutores do Poder Executivo nesta Casa de Leis, pensamos que poderíamos aparar as arestas, chegando a um denominador comum, a um projeto que, depois de resolvidas todas as divergências, pudesse contemplar todas as expectativas em relação à reforma agrária de que necessitamos, e muito, no Estado de São Paulo. Na pauta dos projetos que aguardam sua apresentação em plenário para discussão e votação, temos hoje 138 itens. Dessa pauta, consta a apresentação do presente projeto de lei, que está sendo debatido neste momento, o Projeto de lei nº 675, de 2003.

Sr. Presidente, gostaria até de fazer uma correção. Diz-se que esse projeto, tendo chegado à Casa, recebeu 19 emendas e dois substitutivos. Recorrendo aqui ao projeto original, o texto do original nos mostra que na realidade não temos apenas este número de emendas, 19 emendas e dois substitutivos, temos 36 emendas e três substitutivos. Vejam: foram apresentados a esse projeto de lei de autoria do Executivo 36 emendas e três substitutivos. Tal quantidade de emendas, com três substitutivos, por si só demonstra quanto esse assunto é polêmico e o quanto ele exige de discussão.

Tivemos aqui na Assembléia uma audiência pública sobre esse projeto de lei, e no debate dessa matéria tivemos a presença de diversas entidades, inclusive a presença do Instituto de Terras do Estado de São Paulo, que é reconhecido hoje pelo esplêndido trabalho que faz na regularização de terras, na legitimação de posses no Estado de São Paulo. A Fundação do Instituto de Terras do Estado de São Paulo, vinculada à Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo, tem produzido esse trabalho, inclusive assessoria técnica aos diversos assentamentos de trabalhadores sem- teto.

O Deputado Campos Machado é um dos que apresentaram um dos substitutivos, já que dois substitutivos são da lavra da bancada do PT. Um deles é o projeto 204/01, de minha autoria, e que foi na realidade encampado pela bancada do PT como um dos substitutivos da nossa bancada. Ao discutir há poucos instantes, desta tribuna, esse Projeto de lei, o Deputado Campos Machado indagava sobre a existência legítima do MST. Questionava ele a não existência de registro do MST junto aos cartórios, como se para existir um movimento fosse necessário um registro em cartório, como se fosse uma pessoa jurídica, uma empresa comercial, quem sabe?

O MST é um movimento legítimo que luta pela realização da reforma agrária, não só no Estado de São Paulo mas em todo o Brasil. Felizmente ele existe, em que pese talvez não se encontrar dele registros em cartórios. Mas felizmente o MST existe e está muito vivo. Está na luta, na luta social, e é exatamente por ação do MST que temos hoje vários assentamentos por todo o Estado de São Paulo. São assentamentos bem sucedidos. Cito aqui, só na região de Sorocaba, dois assentamentos.

Convido aqueles que duvidam da existência concreta do MST e dos resultados dessa luta a visitarem a região de Porto Feliz, para conhecerem o assentamento dos trabalhadores sem-terra. Eles têm uma produção diversificada de grãos, de hortifrutigranjeiros, comercializando e abastecendo a região de Sorocaba, participando hoje ativamente do abastecimento na unidade da Ceagesp existente em Sorocaba. Convido aqueles que duvidam da existência do MST a visitarem o assentamento na Fazenda Ipanema, na cidade de Iperó, onde também produzem bastante. Felizmente estão assentados, com seus filhos, hoje produzindo e morando dignamente, e proporcionando para a população da região - com qualidade, segurança e higiene - alimentos que são levados à mesa dos trabalhadores, à mesa da população da região de Sorocaba, Iperó e até Campinas.

Cedo um aparte ao nobre Deputado Afonso Lobato.

 

O SR. AFONSO LOBATO - PV - Nobre Deputado Hamilton Pereira, gostaria de confirmar o que V.Exa. está dizendo. Também no Vale do Paraíba, no Tremembé, vi um assentamento com muitas dificuldades, é verdade, mas onde havia somente saúvas e eucaliptos e hoje a terra tem produzido alimentos.

Infelizmente esse assentamento ainda não tem políticas públicas que possam fazer com que esse alimento seja de fato aproveitado, da melhor maneira possível, para a população. Falta incentivo por parte do governo. Falta apoio a essa iniciativa. Estão assentadas lá famílias que conseguiram a terra, estão trabalhando mas infelizmente, por falta de políticas que viabilizem o acesso à terra, que viabilizem a produção alguns desses assentados hoje trabalham na construção civil, em cidades vizinhas, justamente para não passarem necessidade. Têm a terra, mas não conseguem viabilizar a produção, justamente porque falta uma política. Parabéns pelo seu discurso em favor dessa causa tão nobre.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Agradeço o aparte de V.Exa., nobre Deputado Afonso Lobato, o que só vem ilustrar e reforçar o que nós afirmávamos.

 

O SR. PRESIDENTE - ARY FOSSEN - PSDB - Nobre Deputado Hamilton Pereira, esta Presidência quer retificar a Ordem do Dia da Sessão Extraordinária: retira o PL nº 433/03, da nobre Deputada Beth Sahão, e inclui o PL nº 494/02, de autoria do nobre Deputado Vitor Sapienza.

Gostaria também de responder à Questão de Ordem levantada pelo nobre Deputado Antonio Mentor, líder do PT.

Senhoras Deputadas, Senhores Deputados, o nobre Deputado Antonio Mentor, líder do PT, suscitou questão de ordem sobre a tramitação do Projeto de Lei nº 990/03, que orça a receita e fixa a despesa para o exercício de 2004.  Indaga, Sua Excelência, se a Mensagem aditiva nº 77, encaminhada pelo senhor Governador ao mencionado projeto não seria fato novo a ensejar reabertura do prazo para oferecimento de emendas à luz da Mensagem oferecida.

A Presidência passa a responder.

A teor do disposto no § 3º do artigo 175 da Constituição Estadual e reproduzido no § 4º do artigo 246 da XI Consolidação do Regimento Interno, o Governador poderá enviar mensagem à Assembléia propondo modificações no projeto de lei orçamentária, enquanto não iniciada a votação na Comissão de Finanças e Orçamento.

A mensagem do senhor governador propõe, de fato, alterações substanciais na peça orçamentária, notadamente nos gastos com a saúde.  Mas não há preceptivo constitucional ou regimental a fundamentar, por esta razão, reabertura do prazo para oferecimento de emendas de Plenário pelos senhores parlamentares.

Como é do conhecimento de todos os senhores, é considerado, para efeito de Pauta, o prazo de duração normal da sessão, como preceitua o artigo 144 do Regimento Interno.  Assim, o prazo da última sessão de Pauta do PL 990/03 transcorre hoje, às 19 horas.

No entanto, tendo em vista o travamento do sistema de informática ocorrido hoje, por duas vezes, durante cerca de quarenta minutos, e utilizado pelos senhores parlamentares para apresentação de emendas pelo SPL, esta presidência em exercício, por determinação da presidência efetiva, assegura o prazo para apresentação de emendas, hoje, até às 24 horas.

É a resposta à questão de ordem suscitada pelo nobre Dep.  Antonio Mentor.

Continua com a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira.

 

O SR HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, volto à minha linha de raciocínio mais uma vez reafirmando que existe, sim, o MST. E ainda bem que ele existe, porque esse movimento não deixa que os governos de plantão, da esfera estadual ou federal, esqueçam dessa bandeira que é fundamental, dessa luta social extraordinariamente importante para o Brasil.

O Brasil é um país imenso, com terras produtivas que precisam ser aproveitadas para aumentarmos a nossa produção. Um país que pode aumentar a exportação de grãos, um país que pode aumentar a produção da sua citricultura, da cana-de-açúcar, de álcool. É um país que pode realizar a reforma agrária, aumentando os empregos no campo. Tivemos nas últimas décadas uma migração muito grande dos trabalhadores do campo para a cidade. Isso ocasionou um inchaço nos grandes centros urbanos. Se não é possível rever isso, é fundamental que consigamos garantir terra para aqueles que querem nela produzir.

O Brasil tem se notabilizado pela produção cada vez em maior escala dos seus produtos agrícolas que possuem hoje qualidade para exportação e que têm contribuído muito para com a nossa balança comercial. Aumentando a exportação, aumentamos também a captação de recursos em dólares para que possamos utilizar para o desenvolvimento da nossa agricultura, da nossa economia.

Ainda bem que aí está o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra que, lutando pela posse da terra, pela reforma agrária, faz com que os trabalhadores possam ter a possibilidade de empregar-se no campo e de produzir alimento para nós que moramos nos centros urbanos. Por isso temos que reconhecer a importância da existência do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, da luta pela reforma agrária que se trava no Brasil. A luta pela reforma agrária é muito importante.

É bom que se diga que os trabalhadores sem-terra não estão invadindo terras produtivas, tirando-as dos “pobres coitados” dos fazendeiros que produzem e que são agredidos no seu direito de propriedade. Não é bem assim, lembro que, na questão do Pontal do Paranapanema, por exemplo, nas décadas de 30 e 40 aquela região foi ocupada por migrantes que ocuparam terras e depois foram empurrando suas cercas, cercando grandes glebas. É bom que se diga que nem todos são grileiros, mas grande parte dos latifúndios do Pontal do Paranapanema foram constituídos dessa maneira, por pessoas que foram alastrando suas cercas, tomando conta de propriedades cada vez maiores. Só depois da instauração de uma ação discriminatória por parte do Estado descobriu-se que essas terras pertenciam ao Estado e o Estado requisitou-as para a realização da reforma agrária. Essas são as terras que foram ocupadas pela ação do movimento dos trabalhadores sem-terra, alertando o Estado para a necessidade de instaurar uma ação discriminatória naquela região para a solução dos conflitos.

Instaurada a ação, descobriu-se que aquelas terras pertenciam ao Estado e o Estado pôde então requisitar de volta aquelas terras para disponibilizá-las para a realização da reforma agrária. É bom que se diga para os nossos telespectadores que uma ação discriminatória nada mais é do que uma ação deflagrada pelo governo através da Procuradoria Geral do Estado, que determina uma pesquisa em todos os cartórios de notas e títulos para verificação dos títulos de posse das terras, se existem títulos que legitimam as posses dessas áreas em nome desse ou daquele proprietário. Essa verdadeira varredura feita nesses cartórios leva à conclusão da propriedade dessas terras no nome dessa pessoa, daquela ou do Estado.

Foi através de uma ação como essa que se descobriu que toda aquela região, a 10a região administrativa do Estado, a região do Pontal do Paranapanema, tratava-se de uma porção imensa de terras devolutas que estavam em litígio, em vias inclusive da ocorrência de violência, de confrontos armados entre os fazendeiros e o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra.

É oportuna é interseção do estado nesse processo realizando a ação discriminatória, requisitando de volta para as mãos do Estado aquela imensidão de terras e agora enviando a esta Casa esse Projeto de lei para que possamos constituir um instrumento jurídico legal que auxilie na realização da reforma agrária. Posso talvez dizer em nome de todos os Deputados que estamos em busca da paz. Somos parceiros na busca de um entendimento, na busca de um instrumento comum de realização da reforma agrária, não só no Pontal do Paranapanema. Repito, terras de envoltas existem também no Vale do Ribeira, na região de Sorocaba, no Vale do Paraíba. É importante que tenhamos um instrumento que permita a realização da reforma agrária em todos os rincões do Estado de São Paulo.

Para isso estamos dispostos a dar a nossa contribuição. Não é por outra razão que me inscrevi para falar a favor desse projeto, com todas as observações que estou fazendo em relação aos substitutivos e emendas apresentados pela Bancada do Partido dos Trabalhadores que visam a melhorar o objeto que estamos discutindo para que tenhamos finalmente um instrumento que promova a reforma agrária no Estado de São Paulo e que levemos com isso a paz no campo.

Queremos um entendimento. Por ocasião da audiência pública e do debate travado nesta Casa tivemos a palavra concedida a representantes da União Democrática Ruralista, que representa os fazendeiros, os latifundiários, e aos movimentos sociais para se pronunciarem a favor da reforma agrária, a favor ou contra o aludido projeto. Estamos aqui praticamente numa discussão conclusiva a respeito desse projeto. Caminhamos nesta Sessão para um entendimento. Por esses dias o nobre Deputado Edson Aparecido, Presidente do diretório estadual do PSDB, dizia-nos que precisávamos conversar para entrarmos num acordo entre o projeto que o Sr. Governador enviou a esta Casa e os nossos substitutivos e emendas. Colocamo-nos à disposição para buscarmos esse entendimento.

Queremos efetivamente que um instrumento que realize de vez a reforma agrária, que leve a paz no campo, seja votado nesta Casa e posteriormente sancionado pelo Sr. Governador para que possamos, ao abrimos o jornal, verificar que o movimento dos trabalhadores sem-terra continua sua luta pela reforma agrária, sem ter a vida dos seus membros ameaçada por milícias armadas por fazendeiros que vez por outra ameaçam de agredirem o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra com armas de pesado calibre, o que é inadmissível. O porte de armas deve ser uma atribuição específica das forças armadas que estão a serviço do Estado e não de forças paramilitares, formadas por latifundiários, fazendeiros, que ameaçam a integridade física e a vida de trabalhadores que só estão em busca de um pedaço de terra para poder trabalhar e produzir alimentos para nós, que moramos nas cidades.

É por isso, Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, que defendemos a votação do projeto, com esses devidos reparos: com o substitutivo nº 2 e todas as emendas apresentadas pelo Partido dos Trabalhadores, que aperfeiçoam o Projeto de lei nº 675/2003. Aprovando-o dessa maneira, devidamente reparado com as emendas e substitutivo, teremos a segurança absoluta de que teremos o melhor instrumento jurídico-legal para a realização da reforma agrária no Estado de São Paulo. Estaremos, dessa forma, evitando os conflitos, pacificando o campo, que é isso o que interessa a todos nós. Nós, Deputados, torcemos para que haja paz no campo. Falo aqui em nome de todos os 94 parlamentares. Queremos a paz. É bom que a paz se restabeleça em todos os rincões do Estado de São Paulo.

Por isso, é fundamental termos uma lei que dê conta da realização da reforma agrária, onde todas as entidades - principalmente o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, que tem uma tradição na luta pela reforma agrária - possam participar e ter as suas sugestões acatadas neste projeto de lei porque, dessa maneira, ele sairá da Assembléia Legislativa o mais aperfeiçoado possível para ser, finalmente, sancionado pelo Sr. Governador e aplicado na prática, com a realização da nossa tão sonhada reforma agrária. Muito obrigado.

 

O Sr. Presidente - Ary Fossen - PSDB - Esta Presidência ratifica a retirada da Ordem do Dia do Projeto de lei nº 393/2003, da nobre Deputada Beth Sahão.

Srs. Deputados, esta Presidência adita a Ordem do Dia da Sessão Ordinária de amanhã, com o Projeto de lei nº 1.041/2003, em regime de urgência, que mantém a alíquota de 18% do ICMS até 31 de dezembro de 2004.

Esgotado o tempo da presente sessão, esta Presidência, antes de encerrá-la, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da sessão de hoje e o aditamento mencionado.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 19 horas.

 

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