17 DE NOVEMBRO DE 2010

139ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: EDSON GIRIBONI e MARCOS MARTINS

 

Secretário: JOSÉ BITTENCOURT

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - EDSON GIRIBONI

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - JOSÉ BITTENCOURT

Discorre sobre a necessidade de se repensar o orçamento para 2011, no que tange ao Judiciário. Afirma que a prioridade para o setor é a reposição salarial. Informa que está em diálogo com a Comissão de Finanças e Orçamento sobre o assunto. Salienta que os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário precisam estar em igualdade, no que diz respeito a condições de trabalho dos servidores.

 

003 - Presidente EDSON GIRIBONI

Convoca uma sessão solene para o dia 03/12, às 10 horas, com a finalidade de Homenagear os 179 anos de existência da Polícia Militar do Estado de São Paulo, requerida pelo Deputado Edson Ferrarini.

 

004 - MARCOS MARTINS

Registra a presença de representantes da Abrea. Lê e comenta decisão judicial do TRT sobre proibição do uso de amianto. Cita avanço no estado do Paraná sobre a questão. Parabeniza a referida associação. Apela para que não haja retrocesso na Lei que proíbe o uso da substância.

 

005 - OLÍMPIO GOMES

Comenta expectativa para a votação, em segundo turno, da PEC 300. Ressalta que a Presidente eleita falou, em sua campanha, da necessidade de estabelecimento do piso mínimo aos policiais e bombeiros militares. Dá conhecimento de que, após as eleições, matéria jornalística relatou que não seria pautado o referido projeto em função dos gastos para orçamento público. Informa que haverá uma manifestação em Brasília sobre a questão.

 

006 - MARCOS MARTINS

Assume a Presidência.

 

007 - EDSON GIRIBONI

Repudia o fato de, após as eleições, vários candidatos eleitos defenderem a volta da CPMF. Ressalta que o brasileiro tem uma carga tributária alta. Lembra que a economia brasileira cresceu nos últimos anos. Faz considerações e elogios à trajetória de Geraldo Alckmin na política. Cumprimenta os integrantes da Aprea e demonstra sua solidariedade à luta do Deputado Marcos Martins contra o uso do amianto.

 

008 - EDSON FERRARINI

Lê e comenta relato sobre a crise do banco Panamericano. Faz elogios ao empresário Silvio Santos pela atitude que teve diante da referida crise.

 

009 - EDSON GIRIBONI

Assume a Presidência.

 

010 - MARIA LÚCIA PRANDI

Fala sobre sua expectativa para que não se vote o projeto que revoga a Lei contra o uso do amianto. Solicita que os representantes dos partidos compareçam às reuniões da Comissão de Educação. Cita programa de televisão que apresentou a importância de transplantes de córnea. Lembra que há uma Lei que institui o incentivo de doação de órgãos.

 

011 - LUIS CARLOS GONDIM

Menciona que a Comissão de Saúde tentou se reunir, mas não houve quorum. Relata visita de integrantes da Femama. Informa que foi constatado falta de materiais e profissionais para exames de mama e que há lentidão no diagnóstico de câncer. Afirma que a mamografia deveria ser feita a partir dos 35 anos de idade.

 

012 - MARCOS MARTINS

Reitera o pronunciamento do Deputado Luis Carlos Gondim. Dá continuidade à sua fala sobre o fator cancerígeno do amianto. Lê documento sobre o assunto.

 

013 - LUIS CARLOS GONDIM

Pelo artigo 82, critica licitação que impede a participação de empresas nacionais na instalação de radares em rodovias. Comenta que tal decisão impede a criação de mais empregos no país. Destaca a qualidade dos produtos nacionais.

 

014 - LUIS CARLOS GONDIM

Requer o levantamento da sessão, com a anuência das lideranças.

 

015 - Presidente EDSON GIRIBONI

Acolhe o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 18/11, à hora regimental, com ordem do dia. Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Edson Giriboni.

 

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O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado José Bittencourt para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa). Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Baleia Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Eli Corrêa Filho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. JOSÉ BITTENCOURT - PDT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Edson Giriboni, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias desta Casa, estamos naquela mesma linha de pensamento. Vai ser necessário retomarmos, aqui nesta Casa, a articulação para recompormos o Orçamento do Estado de São Paulo; pelo menos no que tange ao judiciário precisamos recompor a proposta orçamentária do Estado para 2.011, encaminhada a esta Casa pelo Executivo.

É preciso que as bancadas, os Srs. Deputados, as Sras. Deputadas se articulem ao máximo para que possamos fazê-lo, pelo menos, na linha do estabelecimento das prioridades.

Eu diria que a prioridade número um para o Judiciário é garantir-se, minimamente, a reposição salarial, a condição para cumprir o acordo do último dissídio coletivo no que tange ao judiciário, investimento na área de informatização do judiciário, e assim por diante.

Poderíamos fazer aqui um elenco de necessidades que tem o Poder Judiciário no Estado de São Paulo, que teve um corte de 54% na sua proposta orçamentária para 2.011 encaminhada ao Executivo, daquilo que o Tribunal de Justiça propriamente estipulou; temos, então, que nos arregimentar.

Estou mantendo contato com o Deputado Mauro Bragato, que é o Presidente da Comissão de Finanças e Orçamento, o Deputado Bruno Covas, que é o Relator do Orçamento para o ano de 2.011, no sentido de termos uma conversa com o coração descoberto - oh, que palavra boa - para que de parte a parte, quer seja o Governo, quer seja o Judiciário, ou esta Casa, representada pelas lideranças e bancadas, se acolha - como disse - aquilo que é de prioridade das prioridades para o Orçamento do Poder Judiciário de 2011; o que não se pode é deixar passar esta fase.

Evidente que temos, regimentalmente, até 15 de dezembro para fazermos vingar estas emendas parlamentares, as emendas de bancadas, as emendas regionais e outras emendas que foram resultados de audiências públicas em diversos setores do Estado de São Paulo, em diversas regiões - regiões metropolitanas da capital, região metropolitana da Baixada Santista, região metropolitana de Campinas, e outras regiões e micro regiões do Estado - onde a Comissão de Finanças e Orçamento esteve presente, ouvindo as lideranças locais, as lideranças políticas, agentes políticos, a sociedade civil organizada apresentando as necessidades regionais para serem contempladas nesse Orçamento que estamos discutindo, e que, certamente - tomara -, até 15 de dezembro já tenha sido votado.

Se houver aqui recrudescimento, falta de diálogo, falta de entendimento nesta Casa, quem sabe até obstrução regimental, nós poderemos ter a impossibilidade de votação deste Orçamento.

Quero aqui colocar que estarei na trincheira da resistência para, pelo menos, recompor o orçamento do Judiciário, que é o nosso grande interesse.

Às vezes alguém pode interrogar “por que o Deputado José Bittencourt bate tanto nessa tecla?” Porque não existe poder subserviente ao outro, não há como se ter uma democracia clara, uma cidadania pujante, atendimento aos necessitados, prestação jurisdicional clara, altiva, presente e célere sem termos um judiciário altivo, um judiciário forte. Não se pode ter um Poder Judiciário mais forte do que o Legislativo, e um Judiciário, também, menos forte do que o Executivo; pois dessa forma conflita o princípio da independência e harmonia entre os poderes.

Vamos trabalhar, temos conversado e certamente vamos chegar a um consenso porque esta Casa só anda por meio de consenso. É preciso criar-se instrumentos para que tenhamos o princípio do chamado consenso progressivo. Mas vamos atrás do consenso progressivo e batermos o martelo daquilo que é de necessidade para o Judiciário de 2011. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esta Presidência, atendendo solicitação do nobre Deputado Edson Ferrarini, convoca V. Exas., nos termos do Art.18, inciso I, letra “r” da XIII Consolidação do Regimento Interno para uma Sessão Solene, a realizar-se no dia 3 de dezembro de 2010, às 10 horas, com a finalidade de homenagear os 179 anos de existência da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Felício. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlinhos Almeida. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, público presente, entre eles os companheiros da Abrea, nessa luta interminável contra o amianto. Diz a faixa que trazem: “Amianto não se controla, mas bane-se”. Eles persistem nessa luta para que a lei aprovada, aqui em São Paulo, seja mantida e não haja retrocesso, porque há um projeto pautado, à revelia de pelo menos quatro bancadas, que solicitaram que não fosse pautado, está na Ordem do Dia. É uma preocupação com a democracia interna, meu caro Presidente, quando ocorre uma coisa desse tipo. Parabéns a vocês pela vigilância.

Gostaríamos de fazer um registro, porque a luta é mundial e outros estados avançam, como por exemplo, o Paraná. Passo a ler uma decisão judicial do TRT:

“TRT reconhece responsabilidade objetiva do empregador

17 de novembro de 2010

As empresas que desenvolvem atividade capaz de causar danos ao trabalhador têm responsabilidade objetiva quanto a acidente ou doença que atinja seus empregados. Logo, cabe ao empregador, nas ações trabalhistas comprovar que o ambiente de trabalho não oferece riscos ao trabalhador. A decisão é da 2a Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 9a Região que por unanimidade, reconheceu que há nexo causal entre a asbestose - doença causada pela aspiração do pó de amianto - e as condições de trabalho de um empregado da Multilit Fibrocimento. Cabe recurso.

No caso, o TRT-9 reformou decisão da 2a Vara do Trabalho de São José dos Pinhas que não reconheceu a relação entre a doença de Herbert Fruehauf, presidente da Associação Paranaense dos Expostos ao Amianto (Aprea), e o trabalho desenvolvido na Multilit. Ele solicitou à Justiça do Trabalho reintegração ao grupo, pensão vitalícia e danos morais no valor de R$ 200 mil.

Para os desembargadores da 2a Turma do TRT-9, o empregador, ao decidir em que ramo econômico vai atuar, assume todos os riscos que envolvem a atividade, inclusive aqueles que podem causar danos a seus empregados. “É exatamente porque ao empregador cabem os riscos do negócio (artigo 2° da CLT), que exsurge sua responsabilidade quanto ao acidente que vitimou ou doença que acometeu seu empregado, implicando em inversão do ônus da prova, que passa a pesar sobre os ombros da empresa", destacou o relator do caso, desembargador Márcio Dionísio Gapski

Sobre o caso, ele destacou no acórdão que "à reclamada cabia comprovar que possibilitou ao empregado o Trabalho isento de agentes agressores ou a exposição de riscos, o que no caso em comento, por óbvio, não ocorreu".

Para o advogado trabalhista Luiz Salvador do escritório Salvador S Olimpio Advogados Associados, que defendeu Fruehauf, a decisão abre um importante precedente. "Muitas vezes o trabafhador não tem condições técnicas ou operacionais para provar a culpa da empresa, o que inviabiliza a indenizaçao do prejuízo sofrido".

O caso

Herbert Fruehauf foi admitido pela Multilit Fibrocimento em 2 de janeiro de 1995 e trabalhou na empresa como encarregado de manutenção de veículos até 17 de agosto de 1999. Segundo os autos, durante o período, ele foi exposto a poeira de amianto no desenvolvimento de suas atividades de manutenção de molassa do moinho de pó e de todas as máquinas e empilhadeiras A empresa o dispensou após o médico diagnosticar problemas pulmonares.

O Centro Metropolitano de Apoio a Saúde do Trabalhador expediu uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), descrevendo exposição em trabalho com amianto e diagnosticando espessamento pleural pelo asbesto, que permitiu que Fruehauf recebesse auxílio-doenca acidentário a partir de 25 de maio de 2004. O benefício foi transformado em aposentadoria por invalidez em 26 de abril de 2007.

Fruehauf também recorreu á Justiça do Trabalho, alegando nexo causal entre a sua doença e o trabalho na Multilit, argumento não reconhecido pela 2a Vara do Trabalho de São José dos Pinhais. O juiz de primeiro grau baseou sua decisão no laudo técnico elaborado por médico especialista do trabalho. O perito apontou que, embora o trabalhador estivesse exposto a asbesto e amianto durante o período em que trabalhou para a empresa, esses agentes estavam em níveis abaixo dos limites de tolerância e de ação admitidos pela legislação. Além disso, os equipamentos de proteção individuais eram aptos a deixar o ambiente laboral dentro dos parâmetros aceitáveis, conforme normas de higiene ocupacional.

Ainda de acordo com o laudo, o empregado não foi exposto a agentes agressivos de "modo habitual e permanente", mesmo porque o funcionário não trabalhava diretamente na área de produção Para o perito, é necessário que o trabalhador fique exposto a níveis acima dos limites de tolerância por no mínimo dez anos para adquirir asbestose.

O perito também afirmou que as alterações de imagem nas radiografias do trabalhador podem ser decorrentes de doenças não relacionadas com a exposição a amianto, embora o conjunto de sintomas apresentados pelo empregado aponte para asbestose. Ele finalizou que os exames feitos especialmente a biópsia, não indicam tal doença, não havendo nexo de doença profissional no trabalho relacionado à asbestose.

Responsabilidade objetiva

Fruehauf recorreu da sentença no TRT-9, citando Termo de Ajustamento de Conduta feito pelo grupo da Multilit. composto ainda pelas empresas Mulilajes Prè-moldados e Polyfit, com o Ministério Público do Trabalho, que, segundo ele, demonstra que as condições de trabalho não eram adequadas. O empregado alegou ainda que a máscara que utilizava não possuía filtro, o que foi atestado pelo perito, para impedir a contaminação por asbesto. O trabalhador apresentou diversos atestados médicos e exames, que comprovam que ele possui asbestose.

Para o desembargador Márcio Dionisio Gapski, apesar do laudo do perito apontar que o empregado possui lesão pleural sem confirmar a asbestose, foram apresentados vários atestados médicos feitos depois da perícia que apontam a doença por asbesto. Além disso, um laudo médico pericial do INSS de 2006 afirma que o empregado possui neumoconiose devida a amianto e asbesto. Há ainda um relatório do Hospital Universitário do Cajuru de 2008, que diagnosticou asbestose.

Os médicos que testemunharam no caso destacaram que o aparecimenlo da doença pode ocorrer eventualmente poucos anos após a exposição ao agente agressivo. No entanto, eles afirmaram que as lesões poderiam ter sido provocadas por tuberculose. O fumo foi descartado como causa da doença.

Como não ficou comprovado que tuberculose ou qualquer outro problema pulmonar tenha acometido o empregado e nenhuma outra causa para a doença, que não a exposição a amianto, tenha sido comprovada, o desembargador entendeu que o empregado possui asbestose e reconheceu o nexo causal, "Entendo que há elementos suficientes a elidir a conclusão da perícia técnica quanto ao nexo causal".

Segundo Gapski, a empresa tem responsabilidade objetiva, prevista no artigo 927 do Código Civil, pois atua nurn ramo econômico de atividade de risco para seus empregados. "Nas oportunidades em que a atividade normalmente desenvolvida na empresa é capaz de causar danos ao trabalhador, a responsabilidade do empregador decorre da aplicação da teoria do risco criado Embora se admita o afastamento de tal responsabilidade, é necessário, para tanto, que o empregador comprove ocorrência de fatos modificativos, impeditivos ou extintivos do direito postulado (o que inexistiu, na hipótese), notadamente que afastem a responsabilidade que lhe é imputada, como ocorreria caso demonstrada, por exemplo, a culpa exclusiva do empregado (o que tampouco se infere dos autos)".

O desembargador destacou que a empresa não produziu meios para neutralizar o dano, criando "condições funcionais de risco", gerando dano previsível aos empregados, "Não se pode deixar de considerar que o empreendedor, quando decide em qual ramo negocial irá investir, assume os riscos integrais da atividade econômica a ser desenvolvida, inclusive riscos e danos que podem ser causados a seus empregados, ao meio ambiente e à comunidade onde atua". Além de reconhecer a existência de nexo causal entre a doença (asbestose) e o trabalho do empregado, o TRT-9 declarou a responsabilidade do grupo e o condenou a pagar pensão mensal no valor total da última remuneração recebida pelo trabalhador, incluindo 13° salário e terço constitucional, contando de 25 de maio de 2004.

O grupo também foi condenado a pagar indenização por danos morais de R$ 200 mil. Com a declaração da nulidade da dispensa do empregado, o empregador também terá de arcar com a sua reintegração e o pagamento da remuneração dos meses em que não houve pagamento de beneficio previdenciário, desde a data da dispensa até a data da efetiva reintegração, reconhecendo-se a estabilidade provisória até um ano após a alta médica.”

 


Portanto essa luta vai continuar. Vocês estão de parabéns aqui no plenário e nós continuamos também na batalha, apelando para todos os Deputados para que não permitam que haja retrocesso nessa lei de São Paulo. Já em seis estados há uma lei nesse sentido e precisamos avançar para o banimento nacional. E esperamos que isso não esteja muito longe. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vinicius Camarinha. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários, telespectadores da TV Assembleia, público presente, nós, a família policial militar, civil, bombeiros militares de todo o País, continuamos numa expectativa pela votação do Projeto de Emenda Constitucional nº 300, que estabelece o piso nacional para os policiais civis e militares e os bombeiros militares de todo o País.

Não bastasse o projeto já haver sido apreciado pelo Senado, como PEC 41, do Senador Renan Calheiros, que votada nos dois turnos no Senado estabelece o piso nacional para os policiais e bombeiros, a PEC 300, que na Câmara dos Deputados é de autoria do Deputado Arnaldo Faria de Sá, foi votada em seu primeiro turno. Estamos na expectativa da sua votação em segundo turno para que se estabeleça finalmente o piso nacional mínimo para os policiais e bombeiros brasileiros.

Durante o processo eleitoral houve compromisso com a criação do piso nacional de segurança pública. Tivemos o seu momento maior quando o Presidente Lula, na cerimônia em que estabeleceu o decreto presidencial criando o piso salarial para os policiais do Distrito Federal manifestou que essa deveria ser uma realidade para todo o País. Também na Conferência Nacional de Segurança Pública o Presidente se manifestou, na abertura, falando da necessidade de um piso nacional para os policiais e bombeiros. Não bastasse isso, no Nordeste o próprio Presidente vestiu a camisa “PEC 300 - eu acredito”, e durante a campanha do segundo turno da Presidente eleita, Dilma Rousseff, houve o compromisso da candidata, que falou da necessidade do estabelecimento de um piso nacional mínimo aos policiais civis e militares e aos bombeiros militares.

Com maior ênfase ainda o agora vice-Presidente da República e atualmente ainda Presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, durante um dos eventos do segundo turno das eleições, comprometeu-se de público com policiais militares, acompanhados por mim, em evento aberto, com todos os Deputados da aliança que se formava em torno da candidatura de Dilma Rousseff , para pautar e efetivar a segunda votação da PEC 300.

Passadas as eleições, fomos surpreendidos por matéria jornalística, de que haveria uma orquestração para que não fosse votada a criação do piso nacional, em função dos gastos para o orçamento público federal. De imediato já houve manifestações das entidades e representantes dos policiais civis e militares e bombeiros militares do País, de que não aceitamos nenhuma forma de passa-moleque em compromissos assumidos em função da votação da PEC 300.

Já tivemos uma reunião preliminar com as entidades em Brasília, na semana que se passou, e no próximo dia 22, segunda-feira, teremos uma grande concentração de entidades representativas de PMs, de policiais civis e militares, em Brasília, para sensibilizar, ou melhor, para recordar àqueles que estão se esquecendo de compromissos assumidos com a família policial.

Tivemos uma reunião de líderes partidários na Câmara de Deputados, quando foi proposto que não se vote a PEC 300, sem a marcação de uma data para esse fim. Houve aí uma verdadeira rebelião de Deputados líderes de bancadas de apoio ao Governo Federal, mas que não aceitam ser signatários de qualquer passa-moleque à polícia brasileira.

Foram encabeçados, naquele momento, pelo líder do meu partido, o Deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, acompanhado por vários líderes partidários, inclusive o próprio Deputado Federal Fernando Ferro, do PT, dizendo que não seria próprio, nem ético e nem moral não votar o compromisso assumido com os policiais brasileiros.

Digo a toda a família policial civil e militar que acompanhem, mantenham a mobilização e saibam exatamente que estamos cada vez mais ativos e mobilizados: no dia 22 estaremos em Brasília com caravanas de vários Estados, de várias entidades, para exigir compromissos que foram assumidos com a família policial brasileira.

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Paulo Alexandre Barbosa. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vicente Cândido. (Pausa.)

Srs. Deputados, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar. Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlinhos Almeida. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fausto Figueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.)

 

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- Assume a Presidência o Sr. Marcos Martins.

 

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O SR. PRESIDENTE - MARCOS MARTINS - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Edson Giriboni.

 

O SR. EDSON GIRIBONI - PV - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários da Casa, telespectadores da TV Assembleia, passadas as eleições, agora o Brasil com nova Presidência, um novo governo, o que me chamou a atenção é que logo após as eleições, infelizmente, constatamos que principalmente vários governadores eleitos defendem a volta da CPMF.

Entendo que a defesa da CPMF, logo após as eleições, para os próximos quatro anos, é um estelionato eleitoral, tendo em vista que nenhum candidato - seja para Presidente, Governador, Deputados ou Senadores -, durante o período eleitoral, defendeu a volta da CPMF, não tornou pública a intenção ou qualquer possibilidade de essa carga tributária retornar.

Surpreende-nos a manifestação muito forte, principalmente de vários Governadores do Nordeste e do Norte, defendendo a volta da CPMF.

É importante que os brasileiros fiquem atentos e mobilizem-se, como ocorreu quando tentaram a prorrogação da CPMF. Entendo que já temos no Brasil uma carga tributária altíssima. O brasileiro é penalizado pelos impostos que vem pagando, e seria inaceitável mais um peso sobre os brasileiros, porque isso não fez parte da campanha eleitoral de ninguém que tenha sido eleito agora, em 2010.

Quero portanto tornar público, nesta Casa, nesta tribuna, a nossa insatisfação e a nossa preocupação, que entendo ser de todos os brasileiros, para que possamos impedir que mais um imposto seja colocado sobre as nossas costas.

Ao mesmo tempo, fico satisfeito quando constato que a Presidente eleita, Dilma Rousseff, coloca a sua intenção de desonerar a folha de pagamentos sobre o trabalhador. Aí, sim, sentimos que o Brasil pode começar a caminhar para um patamar de desenvolvimento maior, uma racionalidade maior na carga tributária sobre todos nós, e para criarmos condições efetivamente para que o Brasil possa crescer e se desenvolver.

Temos, enfim, uma situação de risco, que é a volta da CPMF, mas também, por outro lado, uma sinalização importante para que possamos realmente partir para uma efetiva reforma tributária, para que possamos desonerar as nossas empresas, para que possamos criar facilidades para que o trabalhador não precise do trabalho informal, possa aderir ao mercado formal de trabalho, ter garantias. Acredito que este é o momento de discutirmos assuntos importantes para termos um Brasil melhor, para que a nossa economia possa crescer nos mesmos patamares que os países emergentes vêm crescendo nas últimas décadas.

O desafio aí está: uma nova presidente, novos governadores, uma nova composição para o Brasil, mas além de possíveis divergências partidárias, temos de pensar num Brasil grande. Esperamos isso também no Estado de São Paulo, com a eleição do Governador Geraldo Alckmin, um governador experiente, governou este Estado por muitos anos, já foi deputado, tem uma sensibilidade muito grande com os anseios dos nossos municípios, com as expectativas dos deputados eleitos. Esperamos que nos próximos quatro anos o Estado de São Paulo possa avançar muito, possa continuar se desenvolvendo.

Sr. Presidente, publicamente gostaria de cumprimentar nosso companheiro desta Casa, Deputado Estadual Sidney Beraldo, que foi nomeado Chefe da Casa Civil do próximo governo. Quero cumprimentar o Governador Geraldo Alckmin por escolher uma pessoa sensível, muito próxima das nossas carências, próxima a esta Casa, como deputado estadual que foi, presidente desta Casa. É um municipalista, já sabe das carências dos nossos municípios. O primeiro desafio de qualquer grande governo é saber montar uma equipe. Constatamos que a montagem da equipe começa pelo caminho certo, nomeando pessoas competentes, como o nosso querido amigo Deputado Sidney Beraldo. É uma sinalização importante do Governador Geraldo Alckmin montar uma equipe de alto nível no Estado de São Paulo, para que, junto com esta Casa, possamos fazer com que o Estado de São Paulo continue crescendo, continue criando condições melhores de vida a todos os paulistas.

Finalizando, gostaria de dizer que sou solidário, nobre Deputado Marcos Martins, com sua luta. Quero cumprimentar a nossa plateia, que traz uma manifestação objetiva contra o amianto. Todos que querem bem a qualquer ser humano devem ter uma posição muito firme para que possamos efetivamente banir o amianto no Estado de São Paulo, para que não corramos o risco de qualquer retrocesso. Conte com o nosso apoio.

 

O SR. PRESIDENTE - MARCOS MARTINS - PT - Muito obrigado, nobre Deputado Edson Giriboni. O partido de V. Exa. foi um dos que encaminhou ofício à Presidência pedindo para não colocar em votação o projeto contra a lei que proíbe o uso do amianto. Agradeço à manifestação de Vossa Excelência.

Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, passo a ler documento para que conste nos Anais da Casa.

“Senhor Presidente, Senhoras Deputadas, Senhores Deputados, expectadores da TV Assembleia.

Quero, desta tribuna, externar minha palavra de respeito ao empresário e apresentador Silvio Santos.

As dificuldades pelas quais passa o banco Panamericano, uma das 34 empresas do Grupo Silvio Santos, geraram uma crise sem precedentes na vida deste homem e empresário.

Neste momento difícil, Silvio Santos, preocupado com seus funcionários, para que não perdessem o emprego, lembrando que são chefes de família; preocupado com os depositantes que confiaram em seu nome e realizaram negócios com o banco panamericano; Silvio Santos, mostrando sua honradez, não vacilou em nenhum momento ao entregar todo o seu patrimônio para o fundo de garantia de crédito, que lhe emprestou o dinheiro necessário para que pudesse honrar a dívida de R$ 2,5 bilhões de reais.

O Estado não será lesado, os funcionários e os correntistas não serão prejudicados. Por isso, a atitude de Silvio Santos recebeu, de Henrique Meirelles, Presidente do Banco Central, o seguinte comentário:

"Ao colocar seus bens em garantia, Silvio Santos tomou atitude rara e inusitada”.

Talvez, uma referência ao fato de que não se tem notícia de empresários que entregaram seus ativos pessoais para salvar bancos ou empresas. Mas Silvio demonstrou ser um homem de negócios digno e diferenciado.

Há anos, Silvio Santos é o maior pagador de imposto de renda do país, embora não apareça nas listas dos mais ricos, ao longo do tempo, Silvio sempre foi um exemplo de empreendedor, que começa do zero e não se cansa de criar novos negócios.

Sua caminhada é um eterno recomeçar, e agora não será diferente. Silvio Santos quando cria uma empresa, sempre no Brasil, paga profissionais para que as dirijam e espera bons resultados. Desta vez, falhou.

Desta tribuna, neste momento, estou prestando esta homenagem a Silvio Santos, com a convicção de que, a curto prazo, tudo se acomodará.

A exemplo de tantos outros empresários, Silvio Santos enfrentou crises resultantes de mudanças de planos econômicos, ou políticas financeiras adotadas pelo governo e, em todas elas, saiu vitorioso, porque sempre apostou no Brasil e nunca teve medo de arriscar. Desta vez, não seria diferente.

Seu gesto, de colocar todo o seu patrimônio, conseguido com trabalho, dedicação e entusiasmo, foi dado, em garantia, para que ninguém seja prejudicado e, seu nome, continue honrado.

E, se você conhece um homem pelas suas atitudes, Silvio Santos acaba de nos mostrar porque é tão querido e respeitado pelo Brasil.

Cortou na própria carne e mostrou sua preocupação com os 8 mil funcionários, com empregos diretos e outros milhares indiretos.

As circunstâncias serão apuradas, mas o gesto de dignidade de Silvio Santos fez com que o respeito deste deputado e seus admiradores, crescesse ainda mais, por ter vindo a público de forma tão humana e corajosa.

Me fez lembrar, dos tempos de nossa história, do saudoso barão de Mauá, mas esta, é uma história para outra ocasião. Obrigado, Senhor Presidente.”

 

 

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- Assume a Presidência o Sr. Edson Giriboni.

 

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O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi.

 

A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, em primeiro lugar quero parabenizá-lo, na condição de líder da Bancada do Partido Verde, pelo apoio à lei de autoria do nobre Deputado Marcos Martins, que proíbe o uso do amianto. Prorrogar o uso significa ceifar muitas vidas, pois sabemos das consequências danosas do uso do amianto. Esperamos que realmente esta Casa não aprove projeto que prorrogue esse uso. Surpreendeu-nos também ver o projeto como primeiro item da pauta de votação, enquanto não havia consenso no Colégio de Líderes para mudança dessa ordem.

Em segundo lugar, Sr. Presidente, gostaria de fazer um apelo não somente a V. Exa., mas também aos partidos que têm membros na Comissão de Educação, para que os seus representantes compareçam às reuniões da comissão. Existe uma pauta bastante extensa e, além disso, se não me falha a memória, há seis reuniões não se obtém quórum - duas convocadas antes do período eleitoral; três ou quatro, após o período eleitoral.

Que eu saiba, a Assembleia Legislativa ainda não está em recesso. O deputado titular, membro da comissão, tem sempre a possibilidade de avisar o seu suplente. Na impossibilidade de o suplente comparecer à reunião, o líder da bancada poderá designar um deputado, eventualmente, para representar aquele partido. Assim, não vemos razão, a não ser de ordem política da base governista, de não dar quórum nas comissões. Nesse ponto, falo especialmente da Comissão de Educação.

Sr. Presidente, V. Exa. finalizou sua fala desejando um bom governo ao País e ao Estado de São Paulo. Quero lembrar que a Educação foi tema de toda a campanha eleitoral, não só em âmbito nacional, mas também no Estado de São Paulo. Tememos que, a continuar essa política educacional no Estado, tenhamos um início de ano letivo bastante tumultuado, ou até que nem se inicie, na medida em que a Secretaria de Educação continua, de maneira arbitrária e totalitária, a impor regras para a atribuição de aulas não obedecendo sequer à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Sem falarmos no salário e no vale-refeição de R$ 4,00.

Espero que o ex-Governador e Governador eleito Geraldo Alckmin trate essa situação de maneira diferenciada da suas primeiras administrações, bem como da administração do ex-Governador José Serra.

Por último, gostaria de expor que hoje um programa de televisão de grande audiência apresentou a importância dos transplantes - no caso, o de córnea - e a alegria de uma pessoa de 80 anos que, após o transplante, recuperou a visão. Há lei, aprovada nesta Casa, que institui a Semana de Incentivo à Doação de Órgãos. Isso deve ocorrer na semana anterior a 27 de setembro, que é o Dia Nacional do Transplante.

Apesar de algumas campanhas em outros estados e em âmbito nacional, não vimos o nosso Estado dar especial atenção a essa lei, que é de grande utilidade pública. Uma das causas levantadas para tanto é a falta de orientação das pessoas no sentido de declarar a seus familiares a intenção de doar os órgãos. Há também certa resistência de muitos familiares em autorizar a retirada dos órgãos.

O nosso modelo é um dos melhores do mundo, seguindo o da Espanha. Existem outras dificuldades ainda na retirada e no transporte dos órgãos, mas, sem dúvida alguma, com um número maior de órgãos oferecidos teríamos a possibilidade de salvar muitas vidas e melhorar a vida de milhares de pessoas. Lamentavelmente, não temos essa atenção por parte do Governo do Estado de São Paulo. Muito obrigada.

 

O Sr. Presidente - Edson Giriboni - PV - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim.

 

O SR. Luis Carlos Gondim - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, ontem, a Comissão de Saúde tentou reunir-se, mas não houve quorum.

Recebemos membros da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama). Conversamos com uma colega médica, a Adriana. Foi feita uma exposição mostrando o descaso que há - não só no Estado de São Paulo, como também no País todo - por falta de mamógrafos, de aparelhos de ultrassom, de aparelhos como agulha de biópsia para diagnóstico do câncer de mama.

Destacou-se a dificuldade que existe para fazer a mamografia e, se houver nódulo ou calcificação, para fazer a biópsia dirigida com essas agulhas, levar para o laboratório, trazer o retorno e fazer o tratamento precoce do câncer de mama. Já de costume, os laboratórios e os serviços de radiologia pedem, após a mamografia, a complementação do diagnóstico com uma ultrassonografia. Um diagnóstico mais rápido ocorreria se fosse feita a biópsia com agulhamento. Essas entidades, que são sem fins lucrativos, buscam ajudar mulheres que apresentam um nódulo de mama, apavoram-se de imediato e não sabem o que fazer.

A outra discussão é que o Ministério da Saúde só quer liberar as mamografias após os 50 anos de idade. Aprendemos que, para um diagnóstico precoce, a mamografia tem que ser feita a partir dos 40 anos. Assim, há uma discussão entre quando a mamografia deverá ser feita: a partir dos 40 ou dos 50 anos.

Domingos Delascio, nosso professor de faculdade, dizia que a partir dos 34 ou 35 anos deveria ser feita a mamografia, no mínimo a cada um ou dois anos. Agora, a discussão do Ministério é acerca de se fazer a partir dos 40 ou dos 50 anos. Mas o que está em risco são as pacientes que não têm diagnóstico e não iniciam o tratamento, com a cirurgia - mastectomia, retirada da mama -, a radioterapia ou a quimioterapia. O problema mais sério é que sem o devido tratamento, a cada três meses, aquele nódulo pequeno de um centímetro passa a ter dois centímetros; o de dois, passa a ter quatro centímetros.

A falta de diagnóstico e o atraso no tratamento causam a morte de 49 mil mulheres por ano por causa de câncer de mama. É uma situação bastante delicada. Precisamos investir na medicina preventiva, comprar mais mamógrafos e dar condições às clínicas credenciadas a realizarem mamografias, dando inclusive mais responsabilidades aos colegas oncologistas para que iniciem rapidamente o tratamento.

A demora entre o diagnóstico e o tratamento fez com que essas senhoras aqui comparecessem para fazer um fórum na Comissão de Saúde. Mas a reunião não ocorreu por falta de quorum. Elas estão desesperadas porque mesmo trabalhando em entidades sem fins lucrativos, sem receber salários, não estão conseguindo ajudar a população que precisa da prevenção e tratamento imediato do câncer de mama.

Os Deputados Marcos Martins e Pedro Tobias participaram da nossa reunião. Apelamos a todos os outros deputados para que seja marcada uma nova reunião. Apelo inclusive aos deputados novos que foram eleitos. Muito obrigado, Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados.

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias, funcionários, quero também me irmanar às palavras do nobre Deputado Luis Carlos Gondim em relação à falta de quorum na Comissão de Saúde. Lamentamos que um debate tão importante como a esse, de prevenção de câncer de mama, não tenha sido realizado.

Falando em prevenção, quero cumprimentar a Abrea aqui presente - “Amianto não se controla, se bane”. Não podemos usar um produto cancerígeno - amianto - se existem substitutos que não são nocivos à saúde pública. Todos conhecem a nossa luta, que já tem mais de 15 anos. É a luta contra o amianto em função de todo o estrago que ele já causou no Brasil e no mundo todo. De 160 empresas visitadas pela Vigilância Sanitária e pelos fiscais do Ministério do Trabalho para fazer a transição no cumprimento da nossa Lei, 12.684, que proíbe o uso do amianto no Estado de São Paulo, apenas duas não fizeram a conversão. Elas não se adaptaram.

Passo a ler a notícia “Por dentro da onda”, de 20/12/2005, que prova que essas empresas já poderiam ter substituído o amianto:

“Por dentro da onda

Hoje em dia há uma grande onda sobre o fibrocimento sem amianto, como se fosse uma novidade.

A Infibra produz caixas d’água da linha Econoflex há cinco anos e agora também as telhas onduladas. São materiais que trazem em sua composição cimento, celusose, fibras plásticas e outros agregados, com aparência e desempenho técnico semelhantes ao fibrocimento tradicional.

Trata-se de uma tecnologia europeia, desenvolvida e adaptada aos padrões brasileiros pela Infibra, em convênio com a Escola Politécnia (Poli) e a Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), ambas da USP.

Possibilitam várias formas de uso do fibrocimento, que é a melhor alternativa técnica e econômica para construções industriais, comerciais e residenciais.

São produtos especiais, resistentes e inovadores. Para clientes que buscam materiais diferentes do convencional, com a garantia de quem está entre os melhores do setor há 45 anos.”

Mas os absurdos continuam. Duas empresas não fizeram a conversão, mas já usam produtos sem amianto, como a citada Infibra, que perdeu uma liminar para continuar usando o amianto, conforme segue abaixo:

“Processo: 0000434-84.2010.5.15.0134 Caulnom (Vara do Trabalho de Leme)

Litigante(s) Infibra Ltda., Ministério do Trabalho e Emprego Data 27/10/2010

Andamento...Trata-se de ação cautelar inominada, com pedido de liminar, movida por Infibra Ltda em face do Ministério do Trabalho e Emprego, objetivando anular o "Termo de Interdição" de seu estabelecimento industrial. Sustenta que "está autorizada a se utilizar do referido mineral “amianto crisotila” em seu processo produtivo, por força da liminar concedida às fls. 474/480 dos autos da Açao Cautelar n° 1806/2009, deste v. Juízo do Trabalho" (f. 04); que a suspensão da fabricação dos produtos traria forte impacto social, que nos últimos 20 anos não foi registrado caso algum de doença profissional, que seu processo de fabricação é seguro. Juntou documentos.

As empresas insistem em continuar matando, usando o produto cancerígeno. E “amianto não se controla, se bane”, como consta na faixa da Abrea. Muito obrigado.

 

O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PPS - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, gostaria de fazer uma denúncia que nos chega em relação à empresa Iacit, localizada em São José dos Campos. A empresa está proibida de participar de uma licitação de radares solicitada pelo DAEE, que permite apenas que empresa estrangeira possa fazer parte. É um mau sinal.

 Pasmem, senhores, que essa empresa colocou um radar na via Dutra, com um raio de 400 km, comprado pela Polícia Rodoviária. Ali está em operação o Radar Meteorológico dessa empresa chamada Iacit, que tem por objetivo atender à demanda da região e de outras que estejam em seu raio de cobertura, que é de 400 quilômetros. Essa empresa nacional também fabricou um Radar através de um contrato no valor de R$ 11milhões, comprado pelo Governo do Ceará, para ser instalado no Estado.

No mês de setembro último, essa empresa fechou um contrato de manutenção de seis radares instalados na Aeronáutica, e o DAEE proíbe que empresas nacionais participem de licitações. Isso não cheira bem. Nós não concordamos com isso.

“O Governo de São Paulo, através do DAEE, publicou o Edital de Concorrência Internacional nº 001/2010 que, pelos critérios de pontuação técnica, acaba com qualquer chance de nossa empresa ou outra empresa brasileira estabelecendo a compra de empresas estrangeiras.” Isso não é bom.

Então, queremos verificar com a secretária, porque temos certeza de que ela não tem conhecimento do fato nem o Governador.

A Iacit tem 130 funcionários, poderia aumentar esse número, se participasse dessas licitações do DAEE, gerando empregos no País e no Estado de São Paulo.

Agora, saliento que o Governo Federal modificou a Lei 8666, através da Medida Provisória 495, de julho de 2010, estimulando o apoio à indústria nacional, e aqui nós estamos na contramão.

Nós gostaríamos de encaminhar esse assunto, através de requerimento à Secretária Dilma, para que seja revisto, para que tenhamos explicações, principalmente porque nós temos que estimular as nossas indústrias.

Aliás, gostaria de dizer que nós temos problemas sérios com a indústria chinesa, mandando produtos para cá, e com outras indústrias, e nós estamos perdendo terreno, que é justamente o emprego, a mão de obra. Estamos vendendo a matéria-prima e cedendo terreno do emprego. É a guerra monetária.

Nós temos que fazer um requerimento à Presidenta Dilma e fazer esse dever de casa aqui em São Paulo. Não podemos deixar que as indústrias de São Paulo deixem de participar de licitações no Exterior, como é o caso da Embraer e de outras mais, porque nós fabricamos coisas boas, como a energia eólica - os melhores produtos saem do Brasil, não são mais dos espanhóis.

Então, vamos solicitar à Secretária Dilma, da Secretaria de Recursos Hídricos, que analise a situação para tranquilizar o pessoal do DAEE, porque estamos indo na contramão. Muito obrigado.

 

O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PPS - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da Sessão Ordinária de hoje.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 35 minutos.

 

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