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25 DE OUTUBRO DE 2012

149ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO e OLÍMPIO GOMES

 

Secretário: LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Comenta audiências públicas realizadas com o intuito de discutir o orçamento deste ano. Cita medidas discutidas durante tais reuniões. Considera necessário que o orçamento seja votado de maneira descentralizada. Ressalta a necessidade de que a Comissão de Finanças e Orçamento desta Casa aprecie as emendas sugeridas pela população. Destaca a importância de participação popular na elaboração da matéria.

 

003 - OLÍMPIO GOMES

Assume a Presidência.

 

004 - JOOJI HATO

Sugere a realização de blitz do desarmamento. Cita casos de violência. Lamenta a morte de policial, ontem, dia 24/10, por criminosos em garupa de moto.

 

005 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

006 - OLÍMPIO GOMES

Lamenta a morte de mais um policial militar, ontem, dia 24/10, na cidade de São Paulo. Critica a burocracia envolvendo a liberação do corpo do oficial. Apresenta reportagem do jornal "Agora São Paulo" sobre caso de sequestro de esposa de policial. Afirma que a Comissão de Segurança deste Legislativo não se reúne há seis meses. Solicita providências por parte do Governo.

 

007 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Afirma que o orçamento previsto para o ano de 2013 é de 180 bilhões de reais. Critica a falta de parcerias do Governo Estadual com o Federal. Menciona projetos que, segundo o Deputado, foram prometidos e não realizados pelo Governo Geraldo Alckmin. Critica o modo como o Executivo Estadual gere seus recursos.

 

008 - OLÍMPIO GOMES

Comenta políticas de segurança pública utilizadas na Suíça. Menciona projeto de iniciativa popular com o intuito de tornar hediondo o crime de atacar agentes da lei. Informa que, neste ano, já foram mortos 87 policiais no Estado de São Paulo. Relata caso de agente penitenciário atacado baleado em túnel na região de Campinas.

 

009 - OLÍMPIO GOMES

Solicita o levantamento da sessão, com anuência das lideranças.

 

010 - Presidente JOOJI HATO

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 26/10, à hora regimental, sem ordem do dia. Lembra a realização de sessão solene, a realizar-se dia 26/10, às 10 horas, para "Prestar Homenagem à Aeronáutica Brasileira e ao seu patrono, Marechal do Ar Alberto Santos Dummont". Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Luiz Claudio Marcolino para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlão Pignatari. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edinho Silva. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Beth Sahão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Paulo Rillo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários, concluímos há pouco as audiências públicas do Orçamento e portanto chegou o momento da conclusão da Peça Orçamentária.

Tivemos várias audiências públicas: nas Cidades de Presidente Prudente, Araçatuba, São José do Rio Preto, Barretos, Franca, Ribeirão Preto, São Carlos, Bauru, Marília, Sorocaba, Registro, Osasco, na Região Metropolitana do Vale do Paraíba, Taubaté, São Paulo, Jundiaí. A Bancada do Partido dos Trabalhadores acompanhou praticamente todas essas audiências públicas. Como vice-Presidente da Comissão de Finanças e Orçamento, indicado pelo Partido dos Trabalhadores, debatemos algumas propostas importantes para o Orçamento de 2013, como a implantação do Orçamento Participativo Estadual, a regionalização do Orçamento, a ampliação dos investimentos públicos, especialmente na área da Saúde, Educação, Segurança, Transporte Público, Habitação e Saneamento. Debatemos a importância já para o exercício de 2013 que o Governador do Estado de São Paulo assuma as emendas regionais apresentadas nas audiências públicas.

Discutimos a importância da redução na margem de remanejamento dos recursos orçamentários. Discutimos também que seria importante, nesse processo, o reajuste salarial do servidor, garantindo inclusive a data-base para o mês de março, que é uma lei estadual não cumprida pelo Governador do Estado de São Paulo, e que é necessário também a aplicação dos recursos estaduais no Iamspe, que é o Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual, garantindo a contrapartida.

Por que é importante todo esse debate do Orçamento? Porque no finalzinho do primeiro semestre discutimos a necessidade de ter uma reunião com o Executivo, que diferente do exercício de 2012, que está sendo executado agora, conversamos com o Executivo, com a Secretaria de Planejamento, com a Secretaria da Fazenda, mas principalmente com a de Planejamento e da Casa Civil, a necessidade da condução do Orçamento regionalizado, descentralizado, para que a população pudesse acompanhar não só as reivindicações, mas a execução do Orçamento.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Olímpio Gomes.

 

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De forma bem sorrateira, inclusive no final do ano passado, havia um acordo firmado entre o Executivo e o Legislativo. O Governador do Estado, a partir de seus Secretários, não honrou o compromisso que tínhamos firmado, a Comissão de Finanças e Orçamento, a Secretaria da Casa Civil, e a Secretaria de Planejamento.

Achamos que neste ano seria diferente. Fizemos audiências públicas, conversamos com a população, com os vereadores, com os prefeitos. A população fez suas sugestões nas audiências públicas; tivemos uma boa reunião com o Secretário de Planejamento e toda sua equipe técnica, e havia um compromisso de pegar as sugestões encaminhadas pelas audiências da Comissão de Finanças e Orçamento para construirmos o Orçamento descentralizado, mesmo que ainda não fosse pelas regiões metropolitanas ou aglomerados urbanos. Seria pelas regiões administrativas do Estado de São Paulo.

Isso feito e esse compromisso firmado pelo Secretário de Planejamento, que seria encaminhado à Assembleia Legislativa já com esse olhar, com os programas já de fato descentralizados, a nossa surpresa foi que isso não aconteceu. O problema é que vai passando o tempo e já está vencendo o prazo das sessões para a inclusão das emendas, e até agora não aconteceu a reunião que deveria acontecer entre a Comissão de Finanças e Orçamento e a Secretaria de Planejamento para que essa sistematização fosse apresentada.

Cobramos para que na próxima terça-feira haja uma reunião da Comissão de Finanças e Orçamento e que todas as emendas que foram apresentadas nas audiências públicas sejam debatidas pela Comissão. Se a Comissão de Finanças e Orçamento tem a prerrogativa de fazer emendas pela Comissão como tem a Comissão de Transporte, a Comissão de Educação, todas as Comissões, é importante se o Executivo não honrou com os compromissos firmados com a Comissão de Finanças e Orçamento, o seu Secretário e toda a sua equipe técnica, não podemos também agora na Comissão de Finanças e Orçamento deixar passar ou não fazer o encaminhamento que foi sugerido pela população nas audiências públicas do Estado de São Paulo.

Sr. Presidente, encaminhamos uma solicitação para que esse debate fosse feito entre todas as regiões que apresentaram as suas emendas nas audiências públicas. Esperamos que a Comissão de Finanças e Orçamento faça uma leitura a partir do debate que foi feito em cada uma das Regiões Administrativas, em cada uma das audiências públicas e que tenha uma formulação para ser apresentada ao Governador. Esperamos que mais uma vez o Governador não vete as emendas apresentadas pelos representantes da população, sejam os vereadores, os prefeitos, as entidades sindicais e sociais das regiões do Estado de São Paulo que fizeram as suas sugestões.

Então, queremos um orçamento descentralizado em que a população, de fato, possa não só acompanhar a indicação e a execução.

E esperamos que na próxima semana, na nossa Comissão de Finanças e Orçamento consigamos fazer um bom trabalho e honrar cada um de vocês que foram nas audiências públicas, acreditaram no processo da construção do orçamento descentralizado e possa ter as suas demandas atendidas, pois não queremos que seja, mais uma vez, como foi no ano passado em que o Governador no final vetou todas as emendas sem avaliar a importância da participação da população na constituição do orçamento participativo e descentralizado. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Srs. Deputados e Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta Casa e telespectadores da TV Alesp, sempre ao assomar esta tribuna faço uma proposta, tenho feito diuturnamente propostas às nossas Polícias para que façam “blitz” de desarmamento, tirem as armas dos marginais antes que eles as engatilhem; tirem as armas, metralhadoras, dos menores que estão aí no Jardim Miriam, por exemplo, assaltando casas, constrangendo cidadãos de bem. Essa é uma proposta que fazemos sempre porque já retiraram as armas do cidadão de bem. Não existe um cidadão de bem que ande armado, o civil, com exceção as Polícias, os policiais.

E de quarta-feira à noite para quinta-feira, no dia de hoje, balearam 10 pessoas. Dessas 10 pessoas, cinco morreram. Talvez pudéssemos ter evitado essas cinco mortes se tivéssemos feito “blitz” a todo o instante, em pontos estratégicos, toda hora buscando armas nos porta-malas, na cintura, no corpo das pessoas, principalmente dos marginais, certamente teríamos evitado essas mortes.

E existem outras manobras, estratégias da prevenção na área da Segurança que se pode fazer. Claro que precisamos de educação, fortalecer o esporte, gerar empregos e dar religião a essas pessoas que não têm Deus no coração e praticam delitos. É óbvio que precisamos estabelecer a cultura e mudar as leis, sermos mais rigorosos. O Código Penal é importante, mas de imediato, rapidamente o que podemos fazer são as “blitz” de desarmamento, tirar esse pilar que mata e sustenta a violência: as armas ilegais que estão aí assassinando as pessoas.

Além desse pilar, existe o outro pilar que mencionamos sempre: as drogas. Elas podem ser controladas. Não existe muita dificuldade. É só querer, ter vontade política, um pouquinho de coragem.

A Polícia registrou que um policial militar chamado Gilmar Gabriel dos Santos, de apenas 42 anos, um moço, estava saindo do trabalho às 21 horas, em Sapopemba, Zona Leste, e de repente, quando ele parou em um boteco para beber um refrigerante, chegaram dois homens em uma moto, o piloto e o garupa, e assassinaram, acabaram matando esse PM.

Nobre Deputado Olímpio Gomes, mais um colega, um companheiro de V. Exa. que está sendo sacrificado pelas ruas de São Paulo. Infelizmente, um garupa de moto matou um PM em Sapopemba. E tivemos mais dois casos de morte na Zona Norte, no Jaraguá. Um casal foi baleado e um rapaz de 28 anos, que estava em frente à sua casa, levou oito tiros de um garupa de moto. Mais uma vez moto com garupa matou esse jovem de 28 anos na Zona Norte.

Na quarta-feira, no dia de ontem, tivemos lá no Campo Limpo, três baleados; no Jardim São Luiz, próximo ao Campo Limpo, tivemos outra pessoa que morreu; na Cidade Líder, Itaquera, e Itaquá, tivemos duas pessoas baleadas. A todo instante é isso!

Qual é a dificuldade de as Polícias fazerem constantemente “blitz” de desarmamento?

Neste instante, provavelmente deve estar passando aqui na Avenida Pedro Álvares Cabral, pessoas com arma no carro, na cintura ou indo assaltar. E que não são pessoas de bem, são pessoas que vão matar alguém, que vão sequestrar, assassinar, assaltar, estuprar com arma.

É só fazer toda hora, em pontos estratégicos as “blitz” e retirar essas armas, aí sim teremos um pouquinho de qualidade de vida.

Caros Deputados Olímpio Gomes, Luiz Claudio Marcolino, Ulysses Tassinari, enfim, o Geraldinho que é do Embu, cidade pacata onde ele foi prefeito, esperamos que em todos os pontos deste País, Estado e cidade comecem a fazer barreiras, procurar as armas ilegais e retirá-las de circulação, derretê-las em praça pública na frente dos jornalistas e dizer: “Olha, conseguimos recolher 100, 200, 1000 armas e estamos derretendo aqui, inutilizando-as.” Passem uma motoniveladora, façam o que quiser, mas retirem essas armas que estão infelicitando tantas vidas.

Desejo que o nosso Governador faça isso o mais rápido possível. Ninguém aguenta mais essa violência tão radical, infelicitante e maléfica que desagrega e deixa tantas pessoas órfãs e mulheres e homens viúvos. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Srs. Deputados e Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre Deputado André Soares. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Neves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vinícius Camarinha. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Regina Gonçalves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adilson Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luciano Batista. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Cauê Macris. (Pausa.)

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlão Pignatari. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vinicius Camarinha. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa) Tem a palavra a nobre Deputada Beth Sahão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, já falava o Deputado Jooji Hato sobre execuções de policiais.

Realmente, tivemos o 87º PM morto covardemente no Estado de São Paulo, neste ano. O soldado Gilmar Gabriel era da 4ª Companhia do 8º Batalhão. Ontem, por volta das 21 horas e 30 minutos, ele parou para comprar um refrigerante para levar para o filho - ele tem dois filhos pequenos - numa rua paralela a sua casa. Isso foi suficiente para que marginais chegassem, descessem das motocicletas e o dominassem. Eles já deviam estar fazendo algum acompanhamento em relação ao seu deslocamento. E, com armas em punho, tomaram a arma do soldado, uma pistola .40, e o executaram com um tiro no tórax e na cabeça, com a própria arma da Polícia Militar.

Mais um episódio trágico. Não podemos falar que isso é lenda, fantasia, folclore. Essa é a triste realidade, isso é tragédia. Aliás, uso também a TV Alesp. Estou intervindo em relação à liberação do corpo dele no IML de Artur Alvim, porque até a hora em que entrei neste plenário, ainda estava a burocracia burra. Não tinham assinado ainda a liberação do corpo.

Entrei em contato com a Superintendência da Polícia Técnico-Científica e o Dr. Samuel me informou que simplesmente precisavam complementar exames radiológicos. Só que as informações passadas por policiais e familiares que lá estão dizem que esses exames já foram conclusos há mais de duas horas. Mas há o horário do almoço, essas coisas. Tudo o que nós estamos querendo é só a liberação do corpo, para que possa ser velado minimamente até as 17 horas, na Vila Alpina, para que os familiares, amigos e a comunidade que convivia com o soldado Gilmar possa fazer as suas orações e a sua despedida. Até para isso o Estado é ruim. Até na liberação do corpo de um policial ainda existe essa burocracia burra, ou indivíduos que não têm a menor sensibilidade humana.

Mas é preciso tomar providências. É preciso assumir com transparência a responsabilidade de cada um. Não podemos dizer que não está acontecendo nada. Ontem, quando um policial militar se deslocava para o trabalho, na via Dutra, chegando a São Paulo, um indivíduo bateu com o carro atrás dele. Ele desceu para ver o estrago. Vem um indivíduo com outro automóvel e senta o tiro nele. Graças a Deus ele está vivo, foi só um homicídio tentado.

Já temos 126 casos de tentativas de homicídios contra policiais militares. O próprio jornal de hoje, que fala da morte trágica do policial, Sr. Presidente, traz uma matéria menor, um pouquinho mais embaixo, e já ficou menor. Mulher de policial militar é sequestrada. É o segundo caso também. Desta feita, na zona Leste, sofreu sequestro e até prática de violência sexual.

Tenho avisado aqui as autoridades governamentais, de todos os poderes, de todas as instâncias, porque estamos chegando a limites insuportáveis. Na hora em que nós não acreditarmos mais na lei e resolvermos fazer a própria lei, aí teremos a barbárie. Aí voltamos ao princípio da vingança privada.

Estão executando policiais, estão mudando um pouco o panorama e partindo para ações agressivas contra familiares. Devo dizer: contra familiar a pegada vai ser outra. Aí não existe essa conversa de “vamos no limite”, não. Aí não há limite. Estamos avisando exatamente para que o Governo pare com o discurso porco, por causa de eleição municipal, e assuma, com transparência, que são necessários todos os esforços neste momento, para conter a criminalidade.

Não é só ação de polícia, não. É assumir, tornar mais hermético o sistema prisional. É o controle de fronteira mesmo que não existe. É o controle de aeroporto, que não existe. É a mentira da Segurança Pública em geral.

Só que as pessoas estão morrendo. E os ataques premeditados contra policiais, e agora contra familiares, isso não vai acabar bem, não. Estamos vivendo uma tragédia e uma guerra, mas mesmo na guerra existem regras mínimas. No momento em que desacreditarmos nas regras mínimas de uma sociedade, aí vai para a barbárie.

E não estamos distante disso. É bom parar com a omissão. A própria Assembleia tem uma Comissão de Segurança Pública, que não funciona para nada. Faz seis meses que não se reúnem, porque não está acontecendo nada importante no Estado.

O Governo do Estado está preocupado com o domingo. Nós estamos preocupados com 42 milhões de habitantes. É preciso assumir a parcela de responsabilidade, tomar atitudes. Que o Poder Judiciário também se imbua do seu papel; o Ministério Público, do papel que tem. O bandido está com toda a liberdade para fazer o que quer no Estado. Isso é barbárie. E se for para usar a força para defender a minha família, essa força não tem limites, não.

E digo para os policiais: redobrem as cautelas e redobrem a munição. Na dúvida, é sentar o dedo no bandido. Não é mais para esperar, não, sentem o dedo no bandido. Da cadeia sai; do cemitério dizem que sai, mas não provam, que nunca ninguém saiu.

Isso é terrível. Estamos aqui, e parece que é a mesma cena todo dia. Estamos dando os dados estatísticos da desgraça. Estamos alertando. A imprensa está alertando. Alguns parlamentares estão tentando se mobilizar. E os governos falando que “não é nada disso, não, isso não é responsabilidade minha, isso é daquele; isso é da União, isso é do Estado, isso é do município, isso é da sociedade.”

E quem a responsabilidade pública? Vamos ficar tabulando dado estatístico, dizendo que “não comentamos”? É hora de tomar atitudes, porque na hora em que a atitude começar a ser de acordo com o que cada um tem na cabeça, o resultado pode ser muito mais trágico para a sociedade.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato. (na Presidência.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, volto ao debate do orçamento do Estado.

Na questão do planejamento, nós perguntamos: 180 bilhões de reais é o Orçamento do Estado de São Paulo previsto para o exercício de 2013, considerando que esse valor é para ser alocado em todo o estado e que há uma perspectiva de, no mínimo, 21 bilhões de reais de investimentos para o próximo ano. Fora os recursos que já aprovamos aqui na Assembleia Legislativa, oriundos de empréstimos do BNDES, da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e do BID, que entrarão para investimentos no Estado de São Paulo.

Ao mesmo tempo quando o Estado atua de forma isolada na gestão da política pública e do planejamento, nós percebemos que, muitas vezes, o gestor público, o administrador, o Governador não tem a mesma preocupação com a população como a que apregoam pelo estado afora.

Verificamos que em algumas ações, por exemplo, no programa Minha Casa, Minha Vida que está há muito tempo em todo o Brasil, onde vários estados fizeram parcerias e já estão construindo ou criando condições para os municípios ampliarem e reduzirem o déficit habitacional, o Estado de São Paulo só começou a fazer parceria com o Governo Federal este ano.

Isso nos leva a perguntar: depois de um ano de trabalho, quantas moradias foram contratadas pelo Governo do Estado de São Paulo pelo programa Minha Casa, Minha Vida? Pois seria um recurso a mais para o Estado de São Paulo para potencializar e eliminar o déficit habitacional do nosso Estado.

Outro ponto é a Unidade de Pronto Atendimento, a UPA 24 Horas, que hoje quase todos os estados brasileiros já têm parceria com o Governo Federal. Isso vai melhorando e diminuindo não só o déficit de trabalho nos hospitais, mas vai prestando um atendimento mais rápido à população de todos os estados, menos do Estado de São Paulo, onde hoje só tem UPA nos municípios que fizeram parceria com o Governo Federal.

O Estado de São Paulo poderia fazer uma parceria com o Governo Federal, o Governador Geraldo Alckmin com a Presidenta Dilma, para diminuir o investimento que cada município utiliza ou gasta hoje, para estruturação das UPAs no Estado de São Paulo, já que hoje só tem UPA nos municípios que fizeram uma parceria direta. Portanto, o Governo do Estado não entra nessa parceria

Outro ponto é a questão do Samu, que hoje é uma estrutura importante para várias cidades do Estado de São Paulo, mas até hoje o estado também não fez uma parceria.

Tudo isso envolve a questão da parceria, nobre Deputado Major Olímpio, porque são recursos que poderiam vir para o Estado de São Paulo, mas por falta de um planejamento, por falta de um monitoramento e por falta de uma eficiência na estruturação do Orçamento do estado, acaba deixando de vir recursos para o Estado de São Paulo.

Outro ponto importante é a questão da mobilidade. Verificamos que nas cidades de Sorocaba, Campinas, Jundiaí, São José dos Campos, Ribeirão Preto e Osasco, quando se pensa em mobilidade, há a aprovação de 2 bilhões de reais para o Metrô e para a CPTM. Aprovamos também no início do ano quase 9 bilhões reais de empréstimo ao Governo do Estado de São Paulo, mas não existe uma preocupação do Governo Estadual paulista com o estado como um todo. Muitas vezes há o olhar para uma ou outra cidade, mas não tem o planejamento, não tem um olhar uniforme para o desenvolvimento do estado na sua totalidade.

Para concluir, tem a questão da cidade de Santos, pois ouvimos um governador dizer que fará uma ponte ligando Santos a Guarujá. Depois ouvimos outro governador falando que vai fazer um túnel ligando Santos a Guarujá para resolver o problema da mobilidade.

Já são quase dois anos do Governo Alckmin no Estado de São Paulo, tivemos quatro anos governados pelo Serra e mais quatro anos do Governo Alckmin, mas nem a ponte e nem o túnel foram construídos na cidade de Santos. Então, é importante trazermos esse debate agora, no momento que será constituído o Orçamento para 2013, pois não basta apenas palavras bonitas ou chegar à cidade e prometer que irá fazer, porque se não estiver no Orçamento e se não tiver recursos, essa obra não sairá.

Muitas vezes para montar o Orçamento efetivo e bem estruturado, é necessário planejamento. E hoje está faltando ao Estado de São Paulo planejamento para que efetivamente o Orçamento possa ser bem gasto.

E 180 bilhões de reais, Deputado Major Olímpio, não é pouco. É muito recurso e são mais de 21 bilhões reais de investimentos por ano. Daria para fazer muita coisa no Estado de São Paulo. Mas falta gerenciamento, falta estruturação e falta planejamento para termos um estado cada vez melhor. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa e cidadãos que nos acompanham pela TV Alesp, eu falava sobre a falta de responsabilidade das pessoas públicas em todas as áreas, e sem a menor dúvida, Deputado Marcolino, esses 180 bilhões de reais poderiam ser melhor empregados, sim. E deveríamos ter, sim, prioridades em vários setores que são fundamentais, um deles, é a própria Segurança Pública, mas também a Saúde e a Educação. Então, compartilho do pensamento de V. Exa, que não adianta simplesmente ter o recurso se ele está sendo mal gerido.

As sugestões vão aparecendo de toda ordem. Eu até vim novamente para falar nesse momento de comoção em relação à morte do Gilmar, mas uma senhora brasileira que mora na Suíça ligou para o meu gabinete, dizendo que seu irmão, um policial civil há 28 anos, foi executado aqui no Brasil.

Como ela acompanha o noticiário lá pela Globo News e pela Record News internacional, viu posicionamentos meus e entrou em contato para dizer: “Olha, Deputado, aqui, na Suíça, as pessoas morrem com mais de noventa anos. Os poucos que morrem vítimas da violência, se dá por violência no trânsito, porque os jovens acabam bebendo muito e correndo demais. Mas não por conta da criminalidade.” Ela ainda me disse: “Aqui, existe a estrutura dos policiais sem rosto, pois quando eles vão para uma operação policial, vão de capacetes, de bala clava e de toucas para que não sejam identificados e para que não haja a possibilidade de serem molestados.”

Eu venho discutindo isso há muito tempo e tem algumas pessoas que acham isso uma agressão. Alguns defensores de ‘direitos dos manos’ acham que é um ultraje, que o policial quer se esconder. Mas o verdadeiro defensor dos direitos humanos, não está nunca do lado do bandido, está do lado da sociedade, do lado do bem.

Então, eu quero dizer à Sra. Lucineide , que lá da Suíça, está preocupada com seus irmãos brasileiros e que já perdeu um irmão vítima da criminalidade em São Paulo, que todas as sugestões são bem-vindas, e que nos países que já sofreram mais com o tempo, com as guerras e com o amadurecimento da sociedade, existe menos hipocrisia.

Então, na verdade há, sim, uma preocupação da preservação da identidade do policial, para ele não ser molestado e para que o seu familiar não seja molestado.

Nós temos que perseverar para que isso aconteça. Essa campanha que eu comecei e que se transformou numa campanha nacional, o Reaja Brasil, coleta assinaturas para conseguirmos 1 milhão e 400 mil assinaturas para aumentar as penas e mudar o sistema de cumprimento dessas penas, mudando a Lei de Crimes Hediondos, para aqueles que atacam agentes da lei.

Nós estamos colhendo assinaturas nas praças e nos locais de grande aglomeração pública. Têm pessoas que dizem: “Que história é essa de ter mais pena para quem ataca policial? Tem que ter mais pena para quem ataca o cidadão. Vocês são treinados e pagos para isso...”

Tenho explicado que até fazemos um juramento de morrer pela sociedade, mas não somos pagos para morrer. Não temos obrigatoriamente que entregar a vida em holocausto, dessa forma. Precisamos ter mecanismos que nos protejam. Em muitos países acontece exatamente isso. Quando alguém ataca um policial está atacando o cidadão e a sociedade, porque está atacando o escudo protetor. Não estou buscando nada corporativista.

A interpretação de algumas pessoas é equivocada ao terem esse imaginário de que estamos querendo legislação especial como um privilégio. Não tem nada de privilégio; é uma garantia. Duvido de que exista qualquer outra categoria profissional em que foram executadas, no Estado de São Paulo, ou mesmo no Brasil, 87 pessoas neste ano. Tristemente, as estatísticas indicam que vamos passar de 100 pessoas.

É preciso tomar atitude. Onde há democracia, temos que perseverar para que tenhamos leis mais adequadas ao contexto da sociedade. Por isso a nossa mobilização. Aliás, no site da Assembleia Legislativa tem o movimento “Reaja São Paulo”. Estou pedindo para as pessoas fazerem a assinatura eletrônica. Precisamos de um milhão e quatrocentas mil assinaturas - ou entrem no site da Assembleia Legislativa, no meu site ou no site de vários parlamentares.

Agradeço ao Deputado Ulysses Tassinari, que, ontem, solicitou material impresso e vai mandar para as suas bases para ajudar a sociedade a proteger os seus. Não se trata da campanha de um parlamentar, mas da campanha da sociedade. O Deputado Luiz Carlos Gondim está fazendo a campanha, a todo vapor, na região de Mogi das Cruzes. Tenho certeza de que outros parlamentares vão empunhar essa bandeira, que é a bandeira de proteger os que nos protegem; de garantir, por meio de lei, maior proteção, intimidando os criminosos.

Não podemos viver assim: policiais sendo atacados, agentes penitenciários sendo covardemente atacados. Continua grave o estado de saúde do agente penitenciário que foi atacado a tiro de fuzil, antes de ontem, entre Campinas e Hortolândia, quando se deslocava com carro da Secretaria de Assuntos Penitenciários. O indivíduo entrou na rodovia - parece coisa de filme de Hollywood - e foi atacado com tiros de fuzil. Agentes públicos sendo atingidos por tiros de fuzil!

É preciso que se tomem providências! E a providência não é só falar das situações: precisamos agir; precisamos controlar o que está acontecendo no sistema prisional; temos que sufocar as quadrilhas, as lideranças; precisamos colocar em regime disciplinar diferenciado os presos mais perigosos e assumir cada um a sua parcela de responsabilidade. Obrigado.

 

            O SR. Olímpio Gomes - PDT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - Jooji Hato - PMDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia, lembrando-os ainda da Sessão Solene a realizar-se amanhã, às 10 horas, com a finalidade de prestar homenagem à Aeronáutica Brasileira e ao seu patrono, Marechal do Ar Alberto Santos Dumont, solicitada pelo Deputado Fernando Capez.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 14 minutos.

 

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