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07 DE DEZEMBRO DE 2011

151ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO, LUIZ CLAUDIO MARCOLINO, GERALDO CRUZ, CELSO GIGLIO e BARROS MUNHOZ

 

Secretários: JOSÉ CÂNDIDO, ALEX MANENTE, ROBERTO MASSAFERA, FELICIANO FILHO, ED THOMAS. CAUÊ MACRIS, ORLANDO BOLÇONE, VINÍCIUS CAMARINHA e ANDRÉ DO PRADO

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão. Registra a visita dos Vereadores Mirins da Câmara Municipal de São Simão, acompanhados pelo Presidente da Câmara Municipal do município, Vereador Aramis Elias Haddad, a convite do Deputado Rafael Silva.

 

002 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Informa que, em breve, neste Legislativo, deve ser votada a Lei Orçamentária anual. Dá conhecimento do número de audiências públicas realizadas com o intuito de debater o tema. Destaca a necessidade de que o orçamento seja implantado de maneira descentralizada. Explica a razão pela qual defende a descentralização. Solicita que a data-base dos servidores públicos do Estado seja respeitada.

 

003 - RAFAEL SILVA

Para comunicação, cumprimenta os visitantes presentes.

 

004 - Presidente JOOJI HATO

Registra a visita dos Vereadores Mirins da Câmara Municipal de Mococa, acompanhados da Senhora Débora Soares Perucello Ventura, a convite do Deputado Welson Gasparini.

 

005 - DONISETE BRAGA

Destaca política de enfrentamento ao crack iniciada pela Presidente Dilma Rousseff. Explica o funcionamento da campanha. Informa que onze estados brasileiros fazem fronteira com outros países, o que pode facilitar a entrada de drogas no País. Parabeniza o Executivo Estadual pela medida. Afirma que o Estado de São Paulo deve ter a ajuda do Ministro da Saúde em ação de combate às drogas.

 

006 - HAMILTON PEREIRA

Relata manifestação, realizada em frente ao Conjunto Hospitalar de Sorocaba. Lamenta a falta de médicos atuando no local. Destaca o apoio de outros sindicatos ao Sindsaúde. Afirma que as más condições de trabalho da instituição têm repelido seu já reduzido quadro de funcionários. Cita escândalos de corrupção ocorridos no hospital.

 

007 - ALENCAR SANTANA

Relata participação em audiência pública com o presidente da Cetesb, Otávio Okano, sobre problemas em aterros públicos. Demonstra-se insatisfeito com as respostas dadas pela autoridade. Parabeniza o município de Guarulhos, que completa 451 anos no dia oito de dezembro. Destaca a atual administração da cidade.

 

008 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Assume a Presidência. Registra a visita do Presidente da Câmara Municipal de Americana, Antonio Carlos Sacilotto, acompanhado do Deputado Cauê Macris.

 

009 - JOSÉ CÂNDIDO

Cumprimenta a cidade de Guarulhos pelo seu aniversário. Lamenta o assassinato de moradores de rua no município de Campinas. Informa o andamento da investigação. Considera necessária a adoção de medidas voltadas à defesa dessas pessoas.

 

010 - WELSON GASPARINI

Combate a invasão de propriedades rurais em cidades do Interior de São Paulo. Lamenta a violência com que são realizadas. Explica os danos que causam à produção rural. Solicita atuação da Polícia Militar quanto ao tema. Reflete sobre a violência presente no País.

 

011 - Presidente LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Informa que, a partir de hoje, as transmissões da TV Assembleia contam com acompanhamento simultâneo da Linguagem Brasileira de Sinais - Libras.

 

012 - OLÍMPIO GOMES

Solicita ao Governador que envie a esta Casa projeto que trata da carreira dos pesquisadores científicos. Defende a votação, ainda neste exercício, do projeto de aumento salarial aos funcionários da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Fala sobre a importância do órgão à população paulista. Afirma que deve obstruir a votação do orçamento, caso não haja deliberação dos projetos mencionados.

 

013 - CARLOS GIANNAZI

Informa que a Defensoria Pública foi instituída tardiamente no Estado de São Paulo. Pede pela expansão do órgão. Solicita a aprovação de projeto que trata do reajuste salarial de seus servidores. Dá conhecimento de projetos que, segundo o Deputado, deveriam ser aprovados ainda neste ano. Combate os efeitos e pede a revogação da Lei nº 1093/09.

 

014 - MARCOS MARTINS

Considera urgente a aprovação do PLC 40, que trata do reajuste salarial dos funcionários da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Relata a piora no trânsito neste final do ano. Tece críticas à Eletropaulo. Fala sobre o risco de enchentes no Estado de São Paulo. Relata manifestação de motoristas, no trevo da Avenida Jundiaí. Lamenta a aplicação de multas aos manifestantes.

 

GRANDE EXPEDIENTE

015 - RAFAEL SILVA

Reflete acerca de variações salariais em municípios da Europa. Tece comentários sobre a desigualdade social. Manifesta apoio à aprovação do projeto de lei que versa sobre o reajuste de pesquisadores científicos do Estado de São Paulo. Lamenta as consequências decorrentes do uso de drogas. Critica a falta de políticas públicas de combate ao tráfico. Cita e discorre sobre trecho de documento, elaborado por ocasião da Revolução Francesa, que defende os direitos humanos.

 

016 - ANA PERUGINI

Manifesta preocupação quanto ao teor de matéria da revista "Valor Econômico", sobre os impactos da instalação de presídios no Interior paulista. Explica que os presídios estariam gerando empregos. Elenca necessidades estruturais e de serviços, por parte de municípios nessas condições. Lembra a realização de audiência pública, na Região Oeste, para debater os impactos dos presídios. Ressalta os critérios para participação em concursos públicos. Cita a cidade de Pracinha, com menos de 1.200 habitantes, e que teria os presos contabilizados no último censo do IBGE. Diz que a informação não condiz com a realidade, uma vez que presos são considerados população flutuante. Defende reivindicação de prefeitos da Alta Paulista quanto à criação de hospital para presos.

 

017 - CARLOS GIANNAZI

Cita e discorre acerca de projetos de lei apresentados pelo Governador Geraldo Alckmin, relacionados à Educação. Destaca propositura, de sua autoria, que pede a revogação da Lei Complementar 1093/09. Aponta falhas da matéria, como a criação de quarentena ou duzentena, que impõe o afastamento de professores após término de contrato de trabalho. Combate o que chamou de falsa avaliação de mérito, prevista na Lei Complementar 1093. Sugere alterações nos PLCs 71 e 72/11. Faz comentários sobre o PL 1142, que incorpora proposta apresentada pelo Parlamentar, em 2008.

 

018 - GERALDO CRUZ

Assume a Presidência.

 

019 - CARLOS GIANNAZI

Explica o papel das Associações de Pais e Mestres. Lembra propositura, de sua autoria, que visa à destinação de recursos púbicos para as APMs. Repudia a antiga contratação, pelas APMs, de funcionários para o quadro de apoio, o que, a seu ver, é uma função do Estado. Exige mais investimentos na Educação. Reivindica a transformação das escolas de lata em escolas de alvenaria.

 

020 - CARLOS GIANNAZI

Solicita a suspensão da sessão até as 16 horas e 30 minutos, por acordo de lideranças.

 

021 - Presidente GERALDO CRUZ

Defere o pedido e suspende a sessão às 16h16min.

 

022 - CELSO GIGLIO

Assume a Presidência e reabre a sessão às 16h36min.

 

023 - PEDRO BIGARDI

Solicita a suspensão da sessão por 30 minutos, por acordo de lideranças.

 

024 - Presidente CELSO GIGLIO

Defere o pedido e suspende a sessão às 16h36min.

 

025 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência e reabre a sessão às 17h13min. Convoca reunião conjunta das comissões de Atividades Econômicas e de Finanças, Orçamento e Planejamento, para às 17 horas e 20 minutos; e reunião extraordinária da Comissão de Direitos da Pessoa Humana, a realizar-se às 17 horas e 25 minutos.

 

026 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, apela aos demais parlamentares pela apreciação, antes do final do ano, de projetos de lei que considerou de caráter emergencial. Destaca a importância da aprovação do PLC 71/11, que versa sobre a contratação de professores em caráter temporário. Comenta emendas, de sua autoria, à matéria. Defende a contratação de professores para a rede pública estadual através de concursos públicos de provas e títulos. Justifica a relevância da aprovação de projeto de lei complementar acerca do reajuste salarial dos servidores da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.

 

027 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Pelo art. 82, comenta o PLC 840/11, que trata da criação de previdência complementar aos servidores públicos estaduais. Compara a matéria apresentada pelo Governador a projeto semelhante de autoria do Executivo Federal. Apresenta e faz crítica a vícios de origem do projeto.

 

028 - ENIO TATTO

Pelo art. 82, manifesta apoio da bancada do PT à aprovação do PLC 40/11, que versa sobre o reajuste salarial dos servidores da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Informa que diversos projetos, de autoria do Executivo e parlamentares, esperam por apreciação até o final deste ano. Defende que seja realizada discussão detalhada sobre as matérias antes de sua aprovação.

 

029 - CAMPOS MACHADO

Pelo art. 82, critica a postura do PT quanto à apreciação de projetos de lei desta Casa. Mostra seu apoio à aprovação do PLC 40/11, que versa sobre o reajuste salarial dos servidores da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Rebate alegações de jornal de Itaquaquecetuba sobre a instalação de escutas em telefones parlamentares.

 

030 - Presidente BARROS MUNHOZ

Convoca reunião conjunta da Comissão de Atividades Econômicas, a realizar-se às 17 horas e 42 minutos; e reunião extraordinária da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, a realizar-se às 17 horas e 50 minutos.

 

031 - ESTEVAM GALVÃO

Pelo art. 82, comunica sua presença em reunião no Palácio do Governo a fim de debater o PLC 40/11. Defende a apreciação da matéria, que trata do reajuste salarial dos servidores da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Explica que a bancada governista se dispôs a votar a matéria no dia de hoje caso fossem votados projetos parlamentares de autoria de deputados da base aliada ao Governo.

 

032 - OLÍMPIO GOMES

Pelo art. 82, rebate posicionamento do Deputado Campos Machado em relação à reunião do Colégio de Líderes desta Casa. Pede apuração de escutas clandestinas feitas em telefones de parlamentares. Discorda do posicionamento do Deputado Estevam Galvão quanto à obstrução do PT à votação do PLC 40/11. Critica projeto de lei que prevê a criação de previdência complementar aos servidores públicos estaduais.

 

033 - ENIO TATTO

Para comunicação, rebate o pronunciamento do Deputado Estevam Galvão sobre o PT inviabilizar a votação do PLC 40/11. Informa que o partido é favorável à apreciação imediata da matéria.

 

034 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, rebate o pronunciamento do Deputado Enio Tatto sobre a aprovação do PLC 40/11. Recorda reunião do Colégio de Líderes, hoje, nesta Casa.

 

035 - JOÃO ANTONIO

Para comunicação, considera sobre a apreciação das matérias nesta Casa. Defende o fortalecimento da Defensoria Pública do Estado do São Paulo. Pede respeito às suas competências em detrimento daquelas estabelecidas para a OAB.

 

ORDEM DO DIA

036 - Presidente BARROS MUNHOZ

Coloca em votação requerimento de alteração da ordem do dia.

 

037 - CAMPOS MACHADO

Requer a prorrogação dos trabalhos por 2 horas e 30 minutos e por 2 horas e 29 minutos.

 

038 - Presidente BARROS MUNHOZ

Registra o pedido para deliberação oportuna.

 

039 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Encaminha a votação do requerimento de alteração da ordem do dia, em nome do PT.

 

040 - CELSO GIGLIO

Assume a Presidência.

 

041 - JOÃO ANTONIO

Encaminha a votação do requerimento de alteração da ordem do dia, em nome da Liderança da Minoria.

 

042 - JOÃO ANTONIO

Pede verificação de presença.

 

043 - Presidente CELSO GIGLIO

Defere o pedido e determina que seja realizada a chamada de verificação de presença, que interrompe ao constatar quorum regimental. Convoca duas sessões extraordinárias, a serem realizadas hoje, a primeira com início dez minuto após o término desta sessão.

 

044 - ENIO TATTO

Para comunicação, sugere que fosse pautada para a sessão extraordinária a votação de projeto de interesse dos servidores da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.

 

045 - OLÍMPIO GOMES

Encaminha a votação do requerimento de alteração da ordem do dia, em nome do PDT.

 

046 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência. Coloca em votação e declara aprovado o requerimento de prorrogação da sessão por 2 horas e 30 minutos.

 

047 - ENIO TATTO

Solicita verificação de votação.

 

048 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido e determina que seja feita a verificação de votação pelo sistema eletrônico.

 

049 - CARLOS GIANNAZI

Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PSOL.

 

050 - ENIO TATTO

Declara obstrução ao processo de votação,em nome do PT.

 

051 - PEDRO BIGARDI

Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PCdoB.

 

052 - Presidente BARROS MUNHOZ

Informa o resultado da verificação de votação, que confirma a deliberação anterior.

 

053 - CARLOS GIANNAZI

Encaminha a votação do requerimento de alteração da ordem do dia, em nome do PSOL.

 

054 - CELSO GIGLIO

Assume a Presidência.

 

055 - PEDRO BIGARDI

Encaminha a votação do requerimento de alteração da ordem do dia, em nome do PCdoB.

 

056 - Presidente CELSO GIGLIO

Coloca em votação e declara aprovado o requerimento de alteração da ordem do dia.

 

057 - ENIO TATTO

Solicita verificação de votação.

 

058 - Presidente CELSO GIGLIO

Defere o pedido e determina que seja feita a verificação de votação pelo sistema eletrônico.

 

059 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência.

 

060 - CARLOS BEZERRA JR.

Manifesta-se sobre o processo de votação.

 

061 - ENIO TATTO

Manifesta-se sobre o processo de votação.

 

062 - Presidente BARROS MUNHOZ

Registra as manifestações. Por conveniência da ordem, suspende a sessão às 19h32min; reabrindo-a às 19h33min.

 

063 - CAMPOS MACHADO

Manifesta-se sobre o processo de votação.

 

064 - Presidene BARROS MUNHOZ

Esclarece que os questionamentos não alteravam o resultado da votação anterior.

 

065 - ALENCAR SANTANA

Manifesta-se sobre o processo de votação.

 

066 - EDINHO SILVA

Para reclamação, sugere a suspensão do processo eletrônico de votação até que sejam dirimidas as dúvidas sobre as deliberações de hoje.

 

067 - Presidente BARROS MUNHOZ

Registra a manifestação. Informa o resultado da verificação de votação que confirma a deliberação anterior. Coloca em discussão o PLC 840/11.

 

068 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Discute o PLC 840/11.

 

069 - OLÍMPIO GOMES

Discute o PLC 840/11.

 

070 - OLÍMPIO GOMES

Solicita verificação de presença.

 

071 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido e determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe ao constatar quorum regimental.

 

072 - OLÍMPIO GOMES

Solicita verificação de presença.

 

073 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe aa constatar quorum regimental.

 

074 - CAMPOS MACHADO

Discute o PLC 840/11 (aparteado pelo Deputado Enio Tatto).

 

075 - JOSÉ ZICO PRADO

Discute o PLC 840/11 (aparteado pelo Deputado Samuel Moreira).

 

076 - ENIO TATTO

Para comunicação, lembra ao Deputado Samuel Moreira que a bancada do PT não pode pautar projetos para a Ordem do Dia, prerrogativa da Presidência Efetiva.

 

077 - SAMUEL MOREIRA

Para comunicação, rebate o pronunciamento do Deputado Enio Tatto quanto à apreciação de projetos.

 

078 - Presidente BARROS MUNHOZ

Esclarece a atribuição da Presidência Efetiva para pautar os projetos que serão apreciados nas sessões extraordinárias. Enfatiza, no entanto, que realiza a tarefa de forma democrática, procurando ouvir o Colégio de Líderes.

 

079 - CAMPOS MACHADO

Discute o PL 840/11.

 

080 - ENIO TATTO

Requer verificação de presença.

 

081 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido e determinaque seja feita a chamada, que interrompe ao constatar quorum regimental.

 

082 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

083 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 08/12, à hora regimental, com ordem do dia. Lembra a realização da sessão extraordinária, com início às 21 horas e 40 minutos de hoje. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Jooji Hato.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE – JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado José Cândido  para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO – JOSÉ CÂNDIDO - PT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Com alegria recebemos ilustres visitantes na pessoa do Presidente da Câmara Municipal, Aramis Elias Haddad, da linda cidade de São Simão, a quem cumprimentamos assim como a todos os Vereadores-Mirins que aqui se encontram a convite do Deputado Rafael Silva. Esta Presidência solicita uma salva de palmas aos ilustres visitantes. Sejam bem-vindos! (Palmas.)

Srs. Deputados e Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão.(Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários da Assembleia Legislativa, alunos do Parlamento Jovem que nos acompanham, hoje, aqui nas galerias da Alesp, nos próximos dias iremos votar, nesta Casa, o Orçamento para 2012.

Durante os meses de agosto, setembro e outubro, a Comissão de Finanças e Orçamento circulou por todo o Estado. Realizamos 28 audiências públicas para discutir com vereadores, prefeitos, com a sociedade civil organizada, com os trabalhadores da Educação, da Saúde, da área da Agricultura e do Centro Paula Souza acerca das necessidades de melhor aplicação do recurso, dos impostos dos trabalhadores, para o Orçamento de 2012.

A proposta do Executivo vem para a Assembleia Legislativa neste momento final do exercício. Por isso é importante que também comecemos a apresentar as nossas sugestões. Da mesma forma que a Comissão de Finanças e Orçamento fez várias audiências públicas, o Executivo também fez diversas audiências públicas durante o segundo semestre, dialogou como os prefeitos e, principalmente, com os vereadores, sobre a necessidade de se fazer a alocação de recursos para o Estado de São Paulo a partir das demandas dos prefeitos e dos vereadores.

Então, nada melhor do que agora que estamos no processo de conclusão para se discutir a peça orçamentária, seja feito um balizamento entre o que foi sugerido pela população nas Comissões do Executivo com as do Legislativo para que assim possamos ter uma proposta de Orçamento para o exercício de 2012 que esteja de acordo com as necessidades dos municípios e da população do nosso Estado.

Nós, da Bancada do Partido dos Trabalhadores, temos discutido já há alguns anos a necessidade de se ter um Orçamento de Estado descentralizado, ou seja, aplicado de acordo com as necessidades regionais do Estado de São Paulo.

Por essa razão estamos cobrando que o Orçamento do Estado seja descentralizado, assim como já está indicada a descentralização de alguns programas para o PPA dos próximos 4 anos. É importante que, para o exercício de 2012, o Orçamento do Estado já tivesse garantido a descentralização.

Por que é importante garantir a descentralização dos investimentos no Estado de São Paulo? Já foi criada a Região Metropolitana da Grande São Paulo. Agora, estamos discutindo a reestruturação da Região Metropolitana de Campinas e a de Santos. E, ainda estamos também discutindo a necessidade de criação da Região Metropolitana do Vale do Paraíba. Além disso, foi criado também o Aglomerado Urbano da Cidade de Jundiaí. Por isso é necessário que, como estão sendo reestruturados os debates das Aglomerações Urbanas e das Regiões Metropolitanas, que também se leve em consideração no Orçamento do Estado a necessidade de cada uma das demandas dos prefeitos, dos vereadores e da sociedade civil organizada, para que dessa forma tenhamos para o exercício de 2012 um Orçamento descentralizado.

Foi também cobrado por vários servidores que dialogamos durante as audiências públicas a necessidade do cumprimento da data-base de 1º de março para que os servidores do Estado de São Paulo como os da Saúde, da Educação, da Segurança Pública e do Centro Paula Souza, possam, efetivamente, conseguir controlar seu orçamento.

Outra questão colocada e que foi muito debatida é a respeito da contrapartida de 2% do Iamspe. O trabalhador já paga o percentual para a estrutura desse hospital, contudo não temos a mesma garantia de contrapartida pelo Governo do Estado para os servidores do Estado de São Paulo. O Iamspe foi muito bem debatido pelos trabalhadores do Centro Paula Souza, da Agricultura, da Assistência Social, entre outros.

Discutimos também sobre pontos que percebemos como a redução de proposição de investimento, por parte do Governador, para os próximos anos. Foi discutida na audiência pública a necessidade majoração dos valores, e principalmente, o fortalecimento do funcionalismo público do Estado de São Paulo, não só a data-base e o Iamspe, mas também consideramos a reestruturação de carreira dos servidores públicos do nosso Estado.

Por esses motivos, nos próximos dias, discutiremos o Orçamento do Estado. Será muito importante considerar tudo que foi debatido nas audiências públicas do Estado de São Paulo. É necessário reforçar e fortalecer as sugestões da população para que tenhamos, efetivamente, um Orçamento de acordo com as suas necessidades. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. RAFAEL SILVA - PDT - PARA COMUNICAÇÃO - Estamos recebendo a visita do Presidente da Câmara Municipal de São Simão, Aramis Elias Haddad e de sua esposa; da Assessoria da Câmara Municipal de São Simão; da Vereadora Aninha; e de 18 Vereadores-Mirins de São Simão, sendo 9 titulares e 9 suplentes.

Sr. Presidente é muito bonito vermos essa participação porque ela representa a esperança no futuro. Quando temos crianças e adolescentes que participam de eventos como este, passamos a acreditar que existem pessoas preocupadas com o futuro do nosso País. Ao Presidente da Câmara, Sr. Aramis Elias Haddad, Vereadora Aninha e aos 18 Vereadores-Mirins o nosso agradecimento pela visita.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - A Presidência tem a grata satisfação de anunciar a presença dos Vereadores-Mirins da Câmara Municipal de Mococa, acompanhados pela responsável, Sra. Débora Soares Perucello Ventura, a convite do nosso grande Deputado Estadual, ex-prefeito de Ribeirão Preto, Welson Gasparini. A S. Exa. as homenagens do Poder Legislativo. (Palmas.)

Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Saúdo o Sr. Presidente, Deputado Jooji Hato, que preside os nossos trabalhos, os nossos Parlamentares em plenário, a sociedade civil, que participa e encontra-se no plenário da Assembleia Legislativa e os telespectadores que nos acompanham pela TV Alesp, hoje a nossa Presidente Dilma Rousseff, em cerimônia no Palácio do Planalto, anunciou um conjunto de ações para o combate do crack e outras drogas presentes no nosso País. Serão investidos 4 bilhões de reais e as medidas têm o objetivo de aumentar a oferta de tratamento de saúde aos usuários de drogas, enfrentar o tráfico e as organizações criminosas e ampliar as ações de prevenção.

O mote da campanha deste projeto traz “O crack. É possível vencer.” As ações estão estruturadas em três temas: o primeiro é o cuidado, o segundo é a autoridade e a terceira é a prevenção, que nós entendemos que esta seja uma das principais medidas que o Governo Federal precisa estabelecer junto aos 20 Estados brasileiros, e também aos municípios que precisam de uma política de autoridade, pois não basta apenas prevenir.

Temos hoje 11 estados brasileiros que possuem fronteiras em que o traficante consegue entrar em nosso País durante 24 horas e sem uma ação afirmativa e propositiva do Governo Federal.

A Presidente Dilma, ao lançar o programa nacional juntamente com os Ministros Alexandre Padilha, da Saúde, e José Eduardo Cardozo, da Justiça, restabelece um novo marco na política de combate às drogas em nosso País.

Nós estamos há alguns meses com a Frente Parlamentar aqui na Assembleia Legislativa trabalhando, diagnosticando e mapeando, e o que mais cobrávamos do Governo Federal, a Presidente Dilma realizou. A partir de agora os municípios poderão apresentar as políticas, os programas e as ações, temos para esses itens 4 bilhões de reais porque, Sr. Presidente, como disse a nossa Presidente, “se um dia tivemos um apagão no Brasil e esse problema foi resolvido foi graças as ações do Governo Federal.”

Tínhamos uma política em que o povo brasileiro não era incluído, especialmente, na questão da renda, da economia e das moradias e se hoje o povo brasileiro está sendo incluído nessas políticas é graças às políticas do Governo Federal que conseguiu restabelecer um novo marco na cidadania da Nação brasileira. É verdade que faltam fazer muitas coisas em nosso Brasil, não queremos vender falsas ilusões, mas o fato da Presidente Dilma Rousseff, reunir e conclamar o povo brasileiro, prefeitos, governadores e estabelecer uma política afirmativa de combate as drogas em nosso País é, sem dúvida, uma medida importante que não posso deixar de registrar.

Fazendo o levantamento geográfico, a fronteira brasileira possui 11 estados e tem uma grande extensão dentro do território nacional. São 710 municípios com uma população de quase 11 milhões de pessoas.

Deputados Major Olímpio e Jooji Hato, que fazem parte da Frente Parlamentar, eu fico feliz de poder não só fazer esse registro, mas também anunciar que em breve teremos a presença do Ministro da Saúde em São Paulo e que, especialmente no nosso Estado, teremos uma política integrada, articulada com o Governo do Estado de São Paulo e com a Prefeitura de São Paulo, pois não queremos mais a Cracolândia na Estação da Luz. Queremos uma política que rapidamente possa orientar, conscientizar, prevenir e cuidar dos dependentes químicos do nosso País, em especial, do Estado de São Paulo.

Portanto, não poderia deixar de registrar essa importante iniciativa da nossa Presidente Dilma Rousseff, que hoje lança um programa nacional de combate às drogas. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados e Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente, nobre Deputado Jooji Hato, Sras. Deputadas, Srs. Deputados e público que nos visita nesta tarde, venho a esta tribuna para registrar uma manifestação que ocorreu hoje pela manhã. Por volta das 9 horas o Sindsaúde - Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde do Estado de São Paulo - fez uma manifestação em frente ao Conjunto Hospitalar de Sorocaba. Como todos sabem eu sou de Sorocaba, e o Conjunto Hospitalar tem fornecido farto material que registram catástrofes e atos de corrupção naquele nosocômio que atende hoje 48 municípios da região de Sorocaba.

Infelizmente na semana passada houve mais um fato lamentável: um acidente automobilístico muito grave em que as vítimas foram socorridas pelo resgate do Corpo de Bombeiros, pelo Samu e levadas para o Conjunto Hospitalar, que é onde está o pronto-socorro, e ao chegarem a este Conjunto, infelizmente, não tínhamos médicos para atender aquelas pessoas. Situação semelhante tem acontecido com os demais usuários deste hospital, que frequentemente reclamam pela falta de profissionais nas mais diversas áreas. O Sindicato dos Médicos, que possui extensão regional, foi a público dizer que realmente nós enfrentamos um caos na Saúde Pública, notadamente no Conjunto Hospitalar de Sorocaba, pela falta de profissionais.

Constatamos que recentemente 50 médicos se demitiram nas mais diversas especialidades, inclusive, clínicos gerais. Registro que nesta manifestação, além do Sindsaúde, estavam presentes, um conjunto bastante expressivo de sindicatos das mais diversas categorias que prestavam solidariedade ao Sindsaúde e aos servidores públicos da Saúde, sérios, que continuam trabalhando lá por pura vocação.

Estive neste local e registrei este fato lamentável, pois um Conjunto desta magnitude que atende hoje cerca de 2,5 milhões de pessoas, não possui profissionais. Está, inclusive, sendo desequipado gradativamente. É de se lamentar que no Estado mais rico da Federação, ou seja, o Estado com o maior orçamento público, e que só perde em termos orçamentários para o orçamento geral da União, tenha hospitais sem médicos que por sua vez evadiram-se daquele hospital porque ganham muito pouco e acreditam que seja mais vantajoso trabalhar para a iniciativa privada.

Nós estivemos no local prestando o nosso apoio a esta manifestação, aos servidores e aos usuários que estavam aguardando por atendimento e por exames dos mais diversos que, inclusive, estavam sendo suspensos ou sofrendo alteração em suas datas. É lamentável o que ocorre hoje no Conjunto Hospitalar de Sorocaba.

Todos se lembram que no dia 16/06/11, houve uma ação do Gaeco - Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, que prendeu em flagrante 12 pessoas do Conjunto Hospitalar de Sorocaba, inclusive dois diretores. O diretor atual e um ex-diretor, foram presos em suas casas por desvio de recursos públicos, ou seja, essas pessoas adulteravam uma lista de plantões, não prestavam os plantões, mas recebiam regularmente pelos plantões não realizados.

Naquela época já se evidenciou a falta de médicos, que embora estivessem sendo muito bem remunerados pelos plantões não cumpridos no hospital. Foram detidas 12 pessoas que foram autuadas em flagrante pelo Gaeco, pela Polícia Civil de Sorocaba e região.

Hoje, após o Governador nomear o interventor para aquele Conjunto Hospitalar, esperávamos que ele colocasse a casa em ordem, mas verificamos esse caos: não há médicos e não há profissionais para atender os usuários públicos do Conjunto Hospitalar de Sorocaba.

Então, desta tribuna faço essa denúncia e me solidarizo com o Sindsaúde, com os sindicatos que estiveram lá, com os servidores sérios que nós temos no Conjunto Hospitalar e com os usuários. E faço nesta tribuna um apelo ao Governo do Estado para que veja o que está acontecendo. Sr. Governador, não é admissível que um Conjunto Hospitalar daquele tamanho, daquele porte, repito, responsável por atender usuários de 48 municípios, não tenha médicos, não tenha profissionais e esteja faltando inclusive, equipamentos hospitalares.

Tome providência, Sr. Governador. Tome providência, Sr. Secretário Estadual da Saúde Pública do Estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alencar Santana, pelo tempo regimental.

 

O SR. ALENCAR SANTANA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente, estudantes, professores, funcionários e cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, ontem, teve audiência pública da Comissão de Fiscalização e Controle com a presença do Presidente da Cetesb para ser falado sobre o Aterro Mantovani, caso antigo de contaminação ambiental em que as soluções apontadas para resolver os problemas não estão sendo tomadas pelas empresas responsáveis. Já tem um TAC firmado com a participação da Cetesb, da Promotoria , das empresas que depositavam lá o material, mas até o momento não há uma solução efetiva.

Não sou membro dessa comissão, mas participei da audiência. Fui lá para obter maior conhecimento sobre o assunto e também para indagar o Presidente da Cetesb sobre outras questões que envolvem outros aterros.

Mas, senhoras e senhores, meus colegas Deputados e público que nos acompanham aqui pela TV Assembleia, eu fiquei surpreso e literalmente entristecido pela resposta que o Sr. Otávio Okano, Presidente da Cetesb, deu a uma das indagações que fizemos durante a audiência.

Foi perguntado a ele se a empresas que estão previstas no TAC para fazer a medida para resolver a questão ambiental, se elas não fizerem nada, ou se a Cetesb não as encontrar mais, se elas falirem e se o problema ambiental persistir, perguntei: “Quem vai resolver esse problema?” O Presidente da Cetesb disse: “Não sei.”

Indaguei ainda mais: “Se nesse momento ocorrer um problema ambiental cuja responsabilidade pelo licenciamento e fiscalização seja da Cetesb, se as empresas daquele local e os moradores não conseguirem resolver o problema de imediato, quem vai agir para tentar reduzir e mitigá-lo?” A Cetesb falou: “ Também não sei.” E disse que a Cetesb e o Estado, como um todo, em especial a Secretaria do Meio Ambiente, não têm competência nem condições de resolver um problema ambiental do Estado de São Paulo.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Luiz Claudio Marcolino.

 

* * *

 

Ontem foi demonstrado aqui, primeiro, um total despreparo, uma total falta de compromisso com o povo desse Estado e com a questão ambiental que, ela por ser uma empresa estatal, cuja função é essa, deveria agir para evitar esses problemas. Admitiu que não tem capacidade, que não tem condições e que não sabe como eventuais problemas seriam resolvidos. Uma vergonha! Literalmente uma vergonha, o que foi falado aqui ontem. Indaguei sobre o Aterro de Itaquá, que o Sr. Cândido que está aqui, conhece muito bem; sobre o Aterro Pajoan, onde estivemos juntos também com o deputado Luiz Moura numa vistoria naquele local que desmoronou. Um aterro com prazo estimado em seis meses para limpar, e até hoje a empresa não limpou o local, e a Cetesb não toma uma ação e nenhuma medida para resolver o problema que afeta os moradores daquele entorno, que convivem diariamente com o odor, além do chorume ir para o rio e também haver a poluição do solo.

Então, esperamos que o Governo do Estado tenha maior controle sobre esse assunto e maior responsabilidade. E se não tem condições hoje, como admite, que possa agir para que de fato tenha condições, pois estamos tratando de questões ambientais que é do interesse de nossa sociedade.

Para finalizar minha fala, mudando de assunto, quero registrar que amanhã a Cidade de Guarulhos completa 451 anos. A Cidade de Guarulhos é o segundo município do Estado de São Paulo com 1 milhão e 300 mil pessoas, tem o maior aeroporto da América do Sul, aonde circulam por dia mais de 150 mil pessoas. É um município com vocação industrial, que tem uma rede hoteleira grande, uma rede de comércio e de serviços, e está comemorando com muita felicidade mais um ano de existência, mais um ano de história.

Nós temos muito que comemorar, Sr. Presidente e Deputado Marcolino, porque o município de Guarulhos nos últimos anos cresceu e muito, se desenvolveu e gerou qualidade de vida. Agora, o nosso Prefeito Sebastião Almeida, que já foi deputado nesta Casa, trabalhou bastante nos últimos anos para gerar qualidade de vida naquele município.

Dizem que Guarulhos não faz o tratamento de esgotos, Sr. Presidente, mas ele faz o tratamento de 15% com recursos tão somente do município e do Governo Federal. Na próxima sexta-feira, será inaugurada mais uma Estação de Tratamento de Esgotos e com essa inauguração, passaremos a tratar 35% dos esgotos da cidade.

Seremos o 11º município da Grande São Paulo, que tem um conjunto de 39 municípios em tratamento de esgotos. A Sabesp ainda diz que somos o município que mais polui. Quero deixar a seguinte pergunta, também relacionada em questão ambiental: “Por que a Sabesp não atua nas cidades as quais ela é responsável pela operação dos sistemas de água e esgotos, para efetivamente fazer o tratamento de esgotos?”

A própria Capital, o maior município do País, infelizmente não tem um investimento adequado. O próprio Palácio do Governador despeja esgotos in natura nos córregos de nossa cidade. Mas voltando a Guarulhos, nosso Prefeito Almeida vai inaugurar uma nova Estação de Tratamento de Esgotos.

Teremos ao longo desse mês inaugurações de escolas, inaugurações de melhorias nos bairros, ruas asfaltadas, iluminação, praças, enfim, um conjunto de obras que estão sendo feitas pelo nosso município, e todas elas com o seguinte propósito: Guarulhos precisa continuar crescendo, se desenvolvendo. Por exemplo, a construção do trecho Jacu-Pêssego da nossa cidade com recurso municipal e recurso federal do Governo Dilma ligará a Rodovia Dutra ao lado do Aeroporto para garantir desenvolvimento, crescimento e geração de emprego. Irá reduzir o problema de trânsito no trevo de Bonsucesso, um trevo importante que liga dois bairros grandes em nossa cidade, a região de Pimentas e região do Bonsucesso, gerando também qualidade de vida.

Estamos fazendo outras intervenções para que possamos gerar desenvolvimento, sem nos esquecer da qualidade de vida que é importante para a população. Para que de fato possa desfrutar de tudo que o Poder Público oferece, garantindo sua qualidade de vida. Esse é o propósito do nosso Prefeito Almeida e esse é o momento que a Cidade de Guarulhos vive. Desejamos a Guarulhos e a toda sua população, desde já, um feliz aniversário, e que continuemos nesse caminho. Um forte abraço.

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Esta Presidência tem a grata satisfação de anunciar a presença do presidente da Câmara Municipal de Americana, Antonio Carlos Sacilotto, acompanhado do nobre Deputado Cauê Macris.

Dando sequencia aos oradores inscritos no pequeno Expediente, tem a palavra o nobre deputado José Cândido, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. JOSÉ CÂNDIDO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, público presente nas galerias, que são muito bem-vindos, antes de tudo quero parabenizar a cidade de Guarulhos, que ao longo do tempo tem sido governada por bons prefeitos. O deputado Eloi Pietá começou no ano de 2000 e o deputado Almeida está dando continuidade. A cidade cresceu com muito mais dignidade nesses últimos 12 anos. Parabéns à cidade de Guarulhos por mais um aniversário!

Mas o que me traz à tribuna, lamentavelmente, a exemplo de outros deputados que me antecederam, são algumas denúncias ruins, porque a falta de política pública nas nossas cidades do nosso estado é muito grande.

O assassinato de três moradores em situação de rua na cidade de Campinas, no último fim de semana, expôs mais uma vez o déficit da política social direcionada a essa parcela da população. Ainda bem que a secretária Darci da Silva conseguiu através de negociação impedir a redução de mais de 45% no orçamento para assistência social que poderia acontecer.

O novo censo da população em situação de rua, que estava marcado para essa segunda-feira, foi adiado por falta de clima diante desses três assassinatos de moradores de rua que aconteceram em Campinas onde, segundo o censo desse ano, havia 536 pessoas nessa situação contra 1.043 detectadas em 2007. Houve uma diminuição, mas ainda a situação é grave, tanto na cidade de Campinas, como na cidade de São Paulo, onde foram registradas 13 mil pessoas morando nas ruas segundo o último censo. A necessidade de um trabalho social mais efetivo com os moradores em situação de rua é defendida em Campinas pelo comandante da Guarda Municipal, da área central. O Sr. Kleber Bigelli diz o seguinte: “A gente se vê prejudicado, é um problema social”. Referindo-se ao esforço feito pela Guarda para evitar problemas gerados pelos andarilhos, o que fica difícil diante da demanda.

A gente percebe que episódios desse tipo acontecem não só na cidade de Campinas como em várias cidades do Estado de São Paulo, na minha própria cidade de Suzano, onde pessoas ficam morando nas ruas durante muitos e muitos anos. Percebo que falta um conjunto de políticas públicas ligadas ao governo do estado e também aos municípios, porque é normal a migração de uma cidade para outra sem uma solução adequada.

Estou aqui cobrando que as nossas autoridades envolvidas de todas as cidades se mobilizem, porque já é degradante essa situação de não ter um teto; mais degradante ainda é quando acontecem crimes.

Duas vítimas foram atacadas na madrugada de domingo e a outra na madrugada de sábado. O delegado tem uma suspeita, mas ninguém foi preso. Pode ser até mesmo uma perseguição ou uma oportunidade para fazer uma “faxina” tratando seres humanos como se fossem meros objetos.

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Tem a palavra o nobre deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Engler. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edinho Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini, pelo tempo regimental.

 

O SR. WELSON GASPARINI - PSDB – Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas: Bandidos estão ameaçando a produção e a produtividade rural em nosso Estado. Lamentavelmente,  as invasões de propriedades rurais por bandidos tornam-se cada vez mais constantes na cidade de Ribeirão Preto e região. A intranqüilidade,  diante de um quadro assustador,  começa a fazer parte da rotina do produtor rural.

O presidente do Sindicato Rural de Ribeirão Preto, Dr. Joaquim Augusto de Azevedo Souza, procurou-me para manifestar sua apreensão e ao mesmo tempo pedir-me para reclamar  e pedir ao governador do Estado de São Paulo, Dr. Geraldo Alckmin, com o respaldo do meu mandato legislativo, providências destinadas a restabelecer a tranqüilidade no meio rural, com a conseqüente desativação das quadrilhas organizadas que, infelizmente, agem livremente naquela  região.

As histórias de violência são arrepiantes. Proprietários rurais são espancados e humilhados pelos meliantes sem a mínima possibilidade de defesa. Uma das últimas ações criminosas que chegaram ao meu conhecimento aconteceu no final da semana passada. Cerca de 10 bandidos encapuzados, armados de metralhadoras e pistolas automáticas,  invadiram uma propriedade rural de uma cidade vizinha a Ribeirão Preto espalhando pânico e criando traumas irrecuperáveis.  Chegaram ao cúmulo de apontar o revolver para a cabeça de uma criança de quatro ano como forma de intimidar os pais, num total desrespeito aos próprios sentimentos dessa família de trabalhadores rurais. Dessa propriedade levaram três tratores e outros bens, num prejuízo por volta de 600 mil reais, reduzindo a pó todo o rendimento do seu proprietário nos últimos anos.

Ora, eu indago: onde foram esses tratores? Cadê a Polícia Rodoviária que deveria fiscalizar o trânsito desses veículos, acima de tudo, de médio e grande porte? Cadê a Polícia Civil, que não investiga e não chega aos receptadores  para os quais esses tratores são roubados? Falta, imagino, uma ação integrada envolvendo a Polícia Militar, a Polícia Civil e,  até mesmo,  a Polícia Federal.

A ação desses meliantes é extremamente danosa à produção e à produtividade rural. Ela desestimula, inibe e reduz o próprio ânimo de quem produz. Vou pedir -  e estou pedindo desta tribuna - ao Governador Geraldo Alckmin e ao Secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, conhecido pela firmeza de sua liderança nesta área, um plano emergencial, específico, para coibir essa onda de crimes ora assolando as propriedades rurais de Ribeirão Preto e de toda região.

A produção e a produtividade agrícolas não podem prescindir de um clima de tranqüilidade e de paz. É dever do Estado, entendo, proteger o cidadão comum mas, mais ainda, proteger o cidadão que trabalha, produz e ajuda a construir a prosperidade do nosso País. Não podemos admitir que o produtor rural, o cidadão de bem, fique refém desta violência inqualificável, porquanto o bandido não se contenta em roubar ou saquear a propriedade;  tem,  ainda, de violentar e humilhar suas vítimas, num claro desrespeito à própria dignidade humana.

O Brasil vive uma época muito difícil na qual a violência toma conta de todas as cidades, atingindo tanto as grandes quanto as menores. Isso acontece porque a Justiça, infelizmente, não funciona. E grande parte dos agentes dessa violência generalizada acaba ficando em liberdade. A impunidade funciona,  no caso,  como um estímulo à criminalidade. As penas para quem invade a propriedade alheia, seja ela rural ou urbana, devem ser severas e realmente inibidoras.”.

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Lembro aos senhores parlamentares e à população que nos acompanha que a partir de hoje a TV Assembleia transmite também para as pessoas com deficiência, com a atividade em Libras.

Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Alesp, quero cumprimentar a Assembleia Legislativa e a operação da TV Assembleia por, finalmente, estarmos cumprindo a lei, que determina que haja o acompanhamento simultâneo e a manifestação em Linguagem Brasileira de Sinais - Libras. Parabéns à Assembleia Legislativa.

Sr. Presidente, quero mais uma vez lamentar que ainda não deu entrada nesta Casa o projeto que possa restabelecer os salários dos pesquisadores científicos, dos técnicos da Secretaria da Agricultura, compromisso do Governador de que ainda seria encaminhado neste exercício. Ontem os representantes estiveram no Colégio de Líderes. A Assembleia está simplesmente aguardando que esse projeto dê entrada, para que ele possa ser apreciado.

E quando se fala em projetos de servidores, quero aqui lamentar e encarecer a todos os parlamentares, em especial aos Líderes partidários. Não teríamos hoje reunião do Colégio de Líderes; foi convocada uma reunião que já tinha sido desconvocada ontem. Vamos insistir lá.

Temos o PLC nº 40, que trata de vencimentos dos cargos de apoio da Defensoria Pública. Deputado Marcolino, que tem participado como Líder da Minoria no Colégio de Líderes, existe uma mobilização para que seja votado. Não dá para virar o ano com a Assembleia Legislativa virando as costas para pouco mais de 500 servidores dos cargos de apoio.

Quando foi para votar aqui o aumento de vencimento dos defensores, foi votado em duas semanas. E agora esse projeto está aqui dormitando, e não adianta me dizer que é porque vai se vincular a um eventual projeto do Deputado Campos Machado, o PL 65, que trata de reestruturação, inclusive orçamentária, em relação à Defensoria Pública.

Uma coisa é estrutura e, mais, quando nós falamos nisso, a própria exposição de motivos da Defensora Geral, ela mostra que o impacto para a folha vai ser de 1,6 milhão. Não dá 0,1% em relação à necessidade para recursos humanos, para pagamento de pessoal.

Não dá para a Assembleia Legislativa se omitir, vincular de qualquer forma votação em relação a mudanças estruturais da Defensoria. Há necessidade também da votação e criação de cargos já extintos, alguns inclusive em função da própria lei que tornou extintos no período de vacância, de 2008 para cá, esses cargos fundamentais ao funcionamento da Defensoria.

Quero ver quem é o parlamentar que vai vir aqui defender que a Defensoria não é necessária, principalmente ao cidadão mais carente, principalmente para que se faça justiça de fato àqueles que menos condição e acesso têm à Justiça.

Quero deixar muito bem claro o meu posicionamento: o que eu puder fazer, como líder de bancada, em termos de obstrução, e tenho certeza que a Bancada do PT também o fará, que o Deputado Gianazzi também o fará. Não vamos permitir. Vamos fazer obstrução de todas as formas.

Se acham que vão levar e votar o orçamento sem que haja obstrução, se não chegar aqui o projeto dos pesquisadores, dos técnicos da Agricultura, e se nós não votarmos juntos o projeto dos cargos de apoio da Defensoria Pública, vamos fazer obstrução e não vamos permitir que se vote nada, nem a SPPrev Complementar, nem o orçamento do Estado, nem nenhum projeto mais nesta Casa.

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Gianazzi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, servidores públicos da Defensoria Pública, quero me associar ao que diz o Deputado Major Olímpio, em relação ao PLC nº 40, que versa sobre o reajuste dos salários dos servidores da Defensoria.

Lembro que a Defensoria Pública foi instalada tardiamente no Estado de São Paulo. Temos uma infraestrutura extremamente pequena ainda para atender o Estado, com 42 milhões de habitantes. Temos que expandir a Defensoria Pública em todo o nosso Estado. É inconcebível que nós só tenhamos ainda, no Estado de São Paulo, 500 defensores públicos. Precisamos de, no mínimo, quatro mil defensores, para atender toda a população.

Nossas Defensorias não estão recebendo investimentos corretos, para atender a população carente, a população que não tem condições financeiras de pagar advogado. No entanto, o Estado faz pouco caso não só em relação aos defensores, mas sobretudo com o pessoal que dá apoio, que trabalha na atividade-meio, um quadro extremamente fundamental, que na verdade carrega a Defensoria nas costas. Sem esse setor, não temos Defensoria funcionando, os defensores não podem trabalhar. Fica a nossa reivindicação, a nossa exigência, juntamente com o nobre Deputado Olímpio Gomes, com a Bancada do PT e com a Bancada do PCdoB, para que possamos votar em caráter de extrema urgência o Projeto de lei Complementar nº 40 antes da votação do Orçamento. (Manifestação nas galerias.) Fica o nosso compromisso e a nossa disposição de luta. Se não votarmos o Projeto de lei Complementar nº 40, não vamos votar o Orçamento. Vamos barrar a votação do Orçamento do Estado de São Paulo. (Manifestação nas galerias.)

É inconcebível que a Assembleia não tenha votado nada até agora, que não tenha produtividade do ponto de vista da aprovação de projetos de lei. Não aprovamos quase nada neste ano. Vamos encerrar o ano legislativo na semana que vem e projetos importantes, estratégicos para o Estado de São Paulo ficaram dormindo na pauta de votação. Temos o projeto nº 40, vários projetos dos deputados, temos o nosso projeto que apresentamos que aumenta o vale-refeição dos servidores públicos, hoje de apenas quatro reais.

O nosso projeto propicia um aumento do vale-refeição, conhecido como “vale-coxinha”. O servidor público do Estado de São Paulo tem um vale-refeição de quatro reais. O nosso projeto aumenta para, no mínimo, 15 reais, o que é pouco ainda. Mas mesmo assim o projeto não é votado na Assembleia Legislativa. Há obstrução da base do Governo, que insiste que um servidor público se alimente com quatro reais. Não é à toa que os servidores apelidaram de vale-coxinha. É o que ganha o servidor público para alimentar - um professor, um médico, um servidor da segurança pública, do sistema prisional. O projeto não foi votado ainda. Um absurdo.

Enfim, temos outros projetos a serem votados antes do Orçamento, principalmente o projeto publicado hoje no Diário Oficial, o Projeto de lei Complementar nº 71, encaminhado pelo Executivo estadual, que faz alterações na Lei nº 1.093, de 2009. Essa perversa lei foi aprovada pela base do Governo. Na época, alertamos que lei era inconstitucional e prejudicaria imensamente os professores da Rede Estadual. Mesmo assim, não fomos ouvidos pela base do Governo, o projeto foi aprovado, agora o governo reconhece o erro e apresentou uma proposta de alteração, mas não é suficiente.

O governo é tão prepotente em reconhecer seus erros que reconheceu o erro, mas não apresentou um projeto que faça a alteração correta da Lei nº 1.093. Pelo projeto do Governo, continua a quarentena para os professores. Por isso, estamos apresentamos uma emenda para acabar com essa história de quarentena para o professor. Pelo projeto do Governo, o professor só pode lecionar durante um ano na Rede Estadual de Ensino. O professor é obrigado a ficar um ano fora do processo educacional. Esse professor não vai criar vínculo com a comunidade escolar, com os alunos, com o projeto pedagógico, com os colegas professores. Esse professor fica desestimulado. Estamos apresentando emendas para alterar de forma radical o Projeto de lei Complementar nº 71, apresentado pelo Governador Geraldo Alckmin.

Volto no Grande Expediente para continuar a falar sobre os projetos do Governador Geraldo Alckmin.

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Tem a palavra a nobre Deputada Regina Gonçalves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Cauê Macris. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Gerson Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Paulo Rillo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Bigardi. (Pausa.)

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, defensores públicos que lutam para que seja votado um projeto relativo à categoria. Não dá para condicionar outros projetos para votar esse. A Defensoria Pública é uma conquista da sociedade, que demorou muito tempo. Precisamos manter essa Defensoria Pública funcionando, ampliando para fazer justiça em nosso País. Queria manifestar o nosso apoio, a nossa solidariedade, para que possamos aprovar o projeto o mais breve possível. É uma necessidade da população mais carente. (Manifestação nas galerias.)

No final de ano, normalmente, temos o aumento do trânsito, pois muitas pessoas saem de carro para fazer compras. O trânsito piora muito. As enchentes também acabam ocorrendo. As chuvas interferem. As drenagens não dão conta. Há consequências de tudo isso. Antes de ontem houve uma chuva grande na região de Osasco. Houve um apagão. A Eletropaulo não está preparada para atender a população. Ameaça uma chuva e acaba a luz.

Queria me reportar a uma manifestação realizada no trevo de Jundiaí realizada por vereadores, pelas comunidades. O trevo está encalacrado, o trânsito para, não tem solução. Solução há, mas precisa vontade política. A Polícia foi lá. Isso foi protocolizado informando de que haveria uma manifestação de carros. Vejam a manchete do jornal da cidade: “Buzinaço e multaço no trevo da Avenida Jundiaí”. A Polícia Militar participou multando as pessoas porque estavam buzinando. Quero dizer do meu apoio a essa manifestação. O problema do trevo de Jundiaí precisa ser resolvido. A Prefeitura de Jundiaí não pode mais continuar. Quando a população se manifestar com buzina, não dá para multar. Imaginem um casamento, um monte de pessoas buzinando e a Polícia Militar multando. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva, por permuta com o nobre Deputado Rogério Nogueira.

 

O SR. RAFAEL SILVA - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas: Certa vez vi que alguns municípios da Europa têm a diferença salarial de um para três, ou de três para um. Ou seja, se o maior salário é de 15 mil reais, o menor tem de ser de cinco mil reais. Não pode ser menos do que isso. Em outras regiões do mundo desenvolvido existe uma diferença de um para quatro, ou quatro para um. No Brasil, não. No Brasil, a diferença é humilhante, ela machuca. O trabalhador que se dedica, mas que não teve oportunidade de estudar, ou não tem a mesma aptidão também. Ele acaba sendo penalizado de forma dura. O Brasil não é o país mais pobre do mundo, pelo contrário. Mas é o país mais injusto. A diferença social que existe aqui chega a causar espanto quando é vista por alguém que pertença a uma nação mais séria e mais desenvolvida.

Sr. Presidente, nobres colegas, essa mobilização dos servidores da Defensoria é justa. (Manifestação nas galerias.) E ela merece a nossa atenção, o nosso carinho, e este projeto tem de ser votado. É uma questão de respeito a esses trabalhadores.

Mudando de assunto, tenho acompanhado nos últimos anos o aumento absurdo no número de pessoas viciadas com crack e com outras drogas. Não existe uma política séria neste país para coibir o tráfico, o consumo. E depois o que acontece? A criança, o adolescente, entra para o mundo do vício, se perde e não tem dinheiro para sustentar a dependência. Aí vai furtar, roubar, matar, vai para a cadeia e vai custar muito caro para o poder público. Ou seja, para o povo Brasil.

Precisaríamos de clínicas especializadas. Mas qual o custo para se manter uma pessoa dependente numa clínica? Quem conhece a Cracolândia no centro velho de São Paulo fica triste porque encontra crianças dormindo embaixo de marquises, abandonadas, perdidas, e que um dia vão se encontrar na cadeia ou no cemitério. E, de vez em quando, algumas manifestações acontecem em favor das drogas. Na USP de São Paulo centenas de estudantes invadiram a Reitoria. E o duro é que tem gente que aplaude, acha bonita essa manifestação dos estudantes. Mas essa manifestação é fruto da inconsciência, do interesse de algumas pessoas que lucram com isso tudo. E o duro que alguns políticos defendem a manifestação em favor da droga da USP e contra a presença da polícia. E aí nós também acabamos assistindo pela televisão alguns políticos importantes que falam que a droga deveria ser liberada.

Muito bom. Essa liberação não tem problema nenhum. Ou, poucos problemas do que para uma família pobre, quando acontece o vício dentro da família rica. Por quê? Porque a família rica pode dar para o jovem o dinheiro para ele comprar o entorpecente, pode pagar uma clínica especializada. Já ouvi dizer em estatísticas que quando a clínica realmente tem qualidade consegue recuperar 80% dos viciados. Mas isso custa caro. E clínica pública, que quase não existe, não consegue recuperar ninguém. E aí, Sr. Presidente, nobres colegas, se o jovem não vai para o cemitério vai para a cadeia. E o Estado de São Paulo precisa de 40 ou 50 mil novas vagas para presidiários. Quanto isso custa e quem vai pagar a conta? Por que isso tudo acontece? Porque no Brasil não existe uma política pública adequada para se combater o tráfico e o uso de drogas. Aliás, existe sim em campanha eleitoral, no discurso. Aí existe, mas na prática não.

Uma nação muda sua característica de acordo com a consciência do povo. E o povo brasileiro não tem a consciência que deveria ter. Quem conhece um pouco de Filosofia, quem estudou aquela fase do Iluminismo que aconteceu na Europa ficou sabendo que, através do pensamento de alguns filósofos, podemos entender que o ser humano possui uma luz no seu interior. E essa luz pode dar a ele o sentido da razão quando é orientado e recebe informação, que é a matéria-prima da consciência. Quando temos um povo bem informado que sai da menoridade mental, psicológica - e quem fala dessa menoridade é Immanuel Kant, que nasceu em 1724 e morreu em 1804 -, o povo tem consciência, tem capacidade para determinar o seu destino.

As coisas que acontecem de forma equivocada têm muito a ver com a falta de consciência do povo. Na Revolução Francesa tivemos um documento em defesa do homem, e o seu preâmbulo diz que os representantes do povo francês, constituídos em assembleia nacional, considerando que a ignorância, o esquecimento e o desprezo pelos direitos do homem são as únicas causas dos males públicos e da corrupção dos governos. Neste documento fala que eles resolveram elaborar um comunicado solene falando desses direitos inalienáveis, naturais e sagrados do homem.

O que nós vimos ali? A ignorância, o esquecimento e a falta de apoio para que a pessoa tenha os seus direitos preservados e valorizados. Isso tudo representa o enfraquecimento da sociedade. E a falta de uma razão maior na cabeça das pessoas dá origem a o quê? Aos males que afligem a população e a corrupção que acaba acontecendo nos governos.

Os órgãos de comunicação do Brasil deveriam mostrar para o povo por que é que as coisas acontecem. Se eles fizessem esse trabalho, com certeza o povo teria consciência, e a nossa realidade seria muito melhor.

Parabéns a vocês da Defensoria pelo movimento. Isso é cidadania. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Tem a palavra, por permuta com o nobre Deputado Jooji Hato, a nobre Deputada Ana Perugini, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

A SRA. ANA PERUGINI - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários da Casa, senhoras e senhores que nos assistem das galerias, telespectadores da TV Assembleia, venho a esta tribuna para falar especialmente sobre uma matéria da qual tomei conhecimento, que saiu publicada recentemente no “Valor Econômico”, uma respeitosa empresa de comunicação.

A matéria trata sobre os presídios e apresenta a seguinte manchete: “Presídios geram negócios e empregos no Interior de São Paulo”. A matéria me trouxe preocupação porque hoje estive com o povo da Alta Paulista.

Primeiro, olhando a matéria rapidamente, como membro da Comissão de Finanças e Orçamento do Estado, a grande reivindicação que temos feito ao longo de todos esses anos para que haja a regionalização do orçamento e a distribuição de riquezas. Através das políticas públicas, olhar a necessidade de cada cidade, em cada região do nosso Estado, a ponto de o presídio não ser a única forma de sobrevivência econômica de cidades pequenas, como é o caso que está aqui na matéria.

Mais do que isso, falta de informação. O que me causa estranheza é porque vem com respaldo, segundo a menção aqui, da Unicamp, outra entidade estatal pela qual temos o maior respeito.

No dia 29 de maio de 2009, estivemos na cidade de Lucélia, uma das cidades  mencionadas na matéria, juntamente com mais cinco prefeitos da região, incluindo o prefeito de Pracinha, para uma audiência pública onde tratamos a questão do impacto dos presídios.

A região Oeste do Estado de São Paulo - perdoe-me as outras regiões - é uma das mais belas que temos aqui no Estado de São Paulo. Quando fomos fazer entrevista e conversamos com os aposentados, disseram:Ainda não temos mercados, temos empórios de secos e molhados, bares onde encontramos de tudo, de absorvente até a cachaça. Encontramos de tudo num lugar.

É claro que uma pessoa que está aposentada no local e que viu seus netos saindo da cidade para encontrar empregabilidade nas regiões metropolitanas, quando indagada a respeito do presídio, fala que é muito bom porque tem movimento na cidade. Inclusive, tem a falsa ideia de que os concursos públicos para o ingresso no serviço público na cidade pode ser feito de forma restritiva, dando empregabilidade a pessoas que moram na cidade, quando o concurso público é feito em nível aberto, universal, onde qualquer pessoa do nosso País pode prestar o concurso.

Depois que o presídio é instalado e as pessoas vêm de fora, é que de fato a cidade começa a perceber que não havia possibilidade de dar empregabilidade, como  sonhavam, às pessoas exclusivamente da cidade. Pode acontecer de alguém conseguir passar no concurso, mas o fato é que a matéria traz somente esse lado que a população que de fato está aposentada, que está na cidade do interior consegue enxergar.

A região Oeste, aqui tratando da nossa Nova Alta Paulista, é formada por nove municípios e a matéria trata muito bem disso. Estava na nossa audiência pública o prefeito de Pracinha, uma cidade, que tem 1.431 habitantes e que recebeu uma unidade prisional que abriga 1.161 presos. Fala-se, inclusive, que o IBGE contabiliza os presos no seu censo. Isso não é verdade. Os presos na unidade prisional não são contabilizados como população da cidade. É uma população carcerária flutuante, até por isso não é contabilizada. Inclusive, oficiamos para que fosse feita a contabilização desses presos.

O que acontece é que até mesmo a Secretaria de Assuntos Penitenciários sabe que para cada preso temos três pessoas que o acompanham no entorno. Aí, vem o impacto. Nós, aqui, apresentamos o projeto de compensação a cidades com unidades prisionais. No caso, são 78 cidades hoje no nosso Estado. Esse universo de 645 municípios está abrigando 149 unidades prisionais, com a promessa ainda de receber mais 49 unidades até o final dessa gestão.

O fato é que essas cidades, que recebem a unidade prisional, também recebem essas famílias que precisam de habitação, saúde, segurança, serviços públicos de saúde, assistência social. Aliás, em uma das nossas audiências, em Campinas, o maior apontamento foi o serviço de assistência social que precisa ser suplementado uma vez que a família dos presidiários, quase sempre, acompanham os presos. Esses 1.166 presos, com certeza, vão ser atendidos pelo sistema de saúde local.

Nessa audiência, onde os prefeitos da cidade de Pracinha, Lucélia e de mais três cidades estavam presentes, a maior reivindicação é de um hospital para atender os presos porque, nesse raio de 90 km 11 unidades prisionais sem nenhum hospital para atender o preso, vai acontecer o que está acontecendo, por exemplo, na cidade de Riolândia.

Hoje temos que ter uma sala especial com grades para atender o sistema carcerário na Santa Casa, único local onde o atendimento é estendido a todos.

Agora, são duas unidades prisionais na cidade de Riolândia. Essa a maior reivindicação que tivemos da cidade. Por sinal, o secretário da Saúde, da cidade de Lucélia, esteve duas vezes com o secretário da Saúde do Estado reivindicando esse hospital porque a cidade não suporta mais atender toda a região de nove cidades, com 11 complexos penitenciários sem estrutura para atendimento à saúde. Os senhores imaginam o que é um sistema prisional quando para se ter 768 presos conta com uma população de 1.166 presos, como é o caso da cidade de Pracinha.

Ainda que se falar na questão da Segurança Pública porque quem faz a escolta dos presos é a Polícia Militar local e não temos o acréscimo de uma única viatura, de um único juiz para julgamento dos processos e para a oitiva das testemunhas e dos presos. Não temos o acréscimo de um único delegado na Polícia Judiciária para investigação, não temos nenhum centavo a mais para os serviços de saúde e os municípios acabam pagando um preço muito alto em função da chegada da unidade prisional.

Gostaria de deixar aqui registrado mais uma vez a necessidade urgente de mais do que distribuir no orçamento um pouquinho a mais ou um pouquinho a menos para essa unidade ou para aquela unidade. Temos a legislação federal que trata dos impactos no meio ambiente, a Resolução Conama, que precisa ser observada, porque até para se construir uma obra de arte em qualquer lugar temos que estudar o impacto ambiental. Uma unidade prisional precisa ser estudada mesmo antes da sua instalação porque no seu canteiro de obra temos um impacto de larga escala na cidade que recebe, principalmente em se tratando de uma cidade pequenininha com menos de 20 mil habitantes, como é o caso de sete cidades da Região da Nova Alta Paulista, que está sendo mencionada aqui na reportagem. Tem que ter condição de ressocialização de presos e menor punição em relação a cidades que vêm pagando um preço muito alto com a sua estrutura.

Sabemos que sem a cooperação do município com sistema prisional ele não sobrevive. O sistema prisional não tem estrutura para se manter sozinho. Ele precisa, sim, das prefeituras dando todo seu sistema de apoio. Hoje quem mantém as delegacias, e a Polícia Militar é a prefeitura também. Então, precisamos ser mais responsáveis quando tratamos dessa questão porque, caso contrário, vamos continuar precisando de mais unidades prisionais. Sem a participação efetiva das igrejas, da comunidade organizada não temos ressocialização aqui no Estado de São Paulo. Em nenhum lugar temos e isso ficou demonstrado claramente na CPI Carcerária na cidade de Presidente Prudente, que foi montada na Câmara Federal. Isso são palavras dos promotores que estavam lá, advogados, funcionários do Sistema Carcerário, pessoas que conhecem o Sistema Carcerário e conhecem o funcionamento da manutenção de uma unidade prisional.

Quando falamos de estudo do impacto do meio ambiente, não estamos falando dos impactos negativos. impactos positivos, como foram colocados aqui. É claro que é uma movimentação muito grande nos empórios, nos secos e molhados, porque os presos, principalmente do sexo masculino, recebem visitas e eles precisam comer e beber, precisam de moradia, de saúde, precisam de um local adequado para ficar. Os presos precisam de escola. Eles precisam de uma série de coisas, por isso a conta entre o mais e o menos tem um resultado e este resultado tem de ser observado na hora da implantação de uma unidade prisional, na hora de uma negociação com o município. Não pode ser pela regalia de uma conversa individual com o prefeito do que pode ou não pode. Tem de ser com responsabilidade para que todos eles tenham uma mesma prerrogativa - não privilégio - porque estão prestando um grande serviço ao Estado de São Paulo, aos 645 municípios. Hoje temos 78 municípios de fato prestando esse serviço e o Governo precisa abrir esse diálogo com responsabilidade diante de uma lei estabelecida para que outros prefeitos se sintam à vontade, de fato, diante do que está escrito e não tenham tanta restrição na instalação de novas unidades prisionais. E assim teremos a ressocialização.

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Parabéns pelo belo trabalho na questão prisional, Deputada.

Por permuta de tempo com o nobre Deputado Baleia Rossi, tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Alesp, gostaria de continuar fazendo algumas considerações sobre os quatro projetos apresentados pelo Governador Geraldo Alckmin na data de hoje, na verdade publicados hoje no "Diário Oficial" referentes à área da Educação.

O primeiro deles é o PLC 71 que inclusive já tinha sido anunciado na audiência pública que realizamos com o Secretário da Educação. Ele afirmou que um projeto estava sendo preparado e a caminho da Assembleia Legislativa. Esse projeto dispõe sobre a contratação de professores por tempo determinado, os professores OFAs/ACTs e também versa sobre as avaliações, as famigeradas e falsas avaliações para os professores OFAs/ACTs.

Nós ficamos perplexos, primeiro porque o Secretário disse que faria uma alteração significativa dessa legislação, dessa Lei 1093 aprovada aqui no plenário da Assembleia Legislativa no ano de 2009. Nós votamos contra e alertamos a base do Governo, alertamos o próprio Governo, na época o Governador José Serra, que o projeto era ruim, que o projeto prejudicaria imensamente não só os professores da Rede Estadual de Ensino, sobretudo os alunos da rede, mas afetava também outras áreas, como os profissionais da Saúde. Não fomos ouvidos. O projeto foi aprovado mesmo com toda nossa obstrução, com a nossa oposição. Mesmo aprovado recorremos ao Ministério Público, recorremos à Justiça pedindo a sua revogação tanto é que temos um projeto de lei tramitando pedindo a revogação total dessa Lei 1093. Ela tem aspectos perversos e gostaria de ressaltar alguns.

O primeiro é em relação à criação do que chamamos de quarentena ou duzentena. Essa legislação obriga o afastamento do professor após um ano de contratação. O professor é contratado durante um ano e após esse período ele tem de ficar compulsoriamente fora da rede estadual durante um ano. É uma lei irracional e perversa. O professor não cria vínculo com o projeto pedagógico da escola, não cria vínculo com a comunidade escolar, enfim, o professor não é estimulado a permanecer porque ele sabe que tem de sair ao final dos seus 200 dias de aula. Este é um criminoso erro desta Lei 1093.

Um outro erro gravíssimo foi a criação das famigeradas provas, das falsas avaliações para os professores OFAs/ACTs, provas que não avaliam nada, nem ninguém, que foram criadas para cumprir uma função ideológica e política, para tentar criminalizar o magistério estadual, até porque metade da rede estadual é contratada em regime emergencial. Quase metade da nossa rede é contratada através desse tipo de procedimento porque o Governo historicamente não tem realizado concursos públicos para efetivar os professores, para que os professores saiam dessa situação de precariedade do trabalho. Imaginem uma rede com 230 mil professores onde quase metade dela vive esse contrato de emergência, esse contrato que chamamos contrato excepcional, que era feito através da Lei 500/74 e agora é feito através da Lei 1093.

O Governo, ao invés de realizar concursos públicos para efetivar os professores, criou uma outra saída e extremamente prejudicial, criou essas famigeradas provas. O professor para lecionar na rede estadual provisoriamente por um ano tem de fazer prova. Um absurdo isso. Somos totalmente contra. Nós queremos concurso público de provas e títulos para todos os professores para que sejam efetivos. Esta é a luta histórica do magistério, nós inclusive escrevemos na Constituição Federal e na Constituição Estadual: o ingresso no magistério público tem de ser feito por concurso público de provas e títulos, no entanto o Estado de São Paulo não tem respeitado isso, por isso temos quase 100 mil professores admitidos em caráter excepcional. E a lei 1093 só veio piorar essa situação. E o projeto que o Governo apresentou, publicado hoje no "Diário Oficial", é muito tímido e econômico nesse sentido.

Ele não resolve a situação porque ele continua mantendo a quarentena, ele diminui a quarentena de 200 para 45. Ele então não avançou em quase nada. Ele também mantém as falsas avaliações. Nesse sentido, estamos apresentando emendas para reformular completamente esse PLC 71. Temos de acabar com essa história de quarentena, de duzentena. O Governo tem de fazer uma autocrítica tanto é que este projeto foi de outro secretário, foi do Governador José Serra. Acho que o Governador Alckmin tinha de avançar nesse aspecto pedindo a revogação total da Lei 1093. Foi o que fizemos. Vamos apresentar emendas para fazer uma mudança radical no projeto.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Geraldo Cruz.

 

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Este o primeiro projeto que gostaria de comentar. O segundo é o projeto que institui o regime de dedicação plena integral, é o PLC 72. Em síntese esse projeto permite o reajuste salarial de 50% para os professores do Ensino Médio, mas de algumas escolas, não para todas. Portanto, o projeto já é discriminatório, ele não é um projeto amplo, ele reduz essa ampliação da carga horária e do salário em 50% apenas para uma minoria, apenas uma parte do magistério na área do Ensino Médio e para as pessoas que estiverem dentro desse regime de dedicação plena e integral. Ou seja, pela imprensa o Governador tinha anunciado que este projeto inicialmente seria destinado apenas a 16 escolas. A rede estadual de ensino tem cinco mil escolas. Este projeto me parece que se destina apenas a 16 escolas e o Governador alardeou pela imprensa que agora os professores do Ensino Médio teriam um aumento salarial de 58 por cento.

Primeiramente, um aumento de 50% não significa nada para um salário extremamente baixo, um salário-base aviltante como é o do professor da rede estadual de ensino. E, limitar esse reajuste a apenas 16 escolas da rede estadual é um absurdo! É, no mínimo, ridículo! E, pior, é alardear isso como algo importante para a rede estadual de ensino. Parece-me que há mais marketing político eleitoral do que uma medida concreta e eficaz para melhorar, de fato, a Educação do Estado de São Paulo e, sobretudo, para valorizar os profissionais da Educação.

Por isso também iremos apresentar emendas a esse PLC nº 72. Há o PL 1142/01 referente à questão das APMs que institui o programa aprimoramento da gestão participativa destinada à Associação de Pais e Mestres das escolas estaduais. Esse projeto na verdade incorpora uma proposta que nós apresentamos aqui, no mandato em 2008, quando estourou aquele escândalo sobre contratações irregulares de funcionários pelas APMs que eram feitas por falsas cooperativas. Esse fato deu a maior confusão, houve intervenção do Ministério Público Federal, que proibiu esse tipo de contratação.

Sr. Presidente, na época, nós fomos até o Ministério Publico e conversamos com a Procuradora do Ministério Público do Trabalho que estava fazendo a investigação dessa denúncia. Realizamos audiências públicas aqui na Assembleia Legislativa com a Secretaria da Educação e apresentamos como solução que o Estado fizesse a indenização. Na época, as APMs foram obrigadas a pagar as rescisões trabalhistas com dinheiro próprio, arrecadado em festas e cobranças da própria comunidade.

 

O SR. PRESIDENTE - GERALDO CRUZ - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi, por permuta de tempo com a nobre Deputada Leci Brandão, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI – PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - O Ministério Público proibiu as contratações e as APMs foram obrigadas a demitir todos os funcionários que tinham sido contratados por cooperativas e por CLT. Além disso, as APMs teriam que, com recurso próprio, pagar essas rescisões, ou seja, elas foram obrigadas a tirar do próprio bolso o dinheiro que não tinham, recurso inexistente, elas já não recebiam dinheiro para pagar as rescisões contratuais e trabalhistas. Com isso, Sr. Presidente, milhares de escolas do Estado de São Paulo foram prejudicadas.

Na época, apresentamos a proposta do PL nº407/08 para autorizar o Estado a transferir recursos públicos para que as APMs fizessem essa prestação de contas, para que elas pudessem pagar os direitos trabalhistas dos servidores demitidos. Isso porque as APMs estavam realizando um favor para o Estado, pois, na verdade, é ele quem tem a obrigação de contratar e não a APM. Isso está na Legislação da LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -, que diz que cabe ao Poder Público a manutenção e o desenvolvimento da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio. No entanto, aqui no nosso Estado, o Governo lavou as mãos e transferiu a responsabilidade de contratação de funcionários do quadro de apoio às APMs. Isso é um absurdo! É um ato criminoso, inclusive há legislação contra isso.

Mas com a intervenção do Ministério Público a situação mudou muito, tanto que agora o Estado assumiu essa responsabilidade. A Secretaria da Educação incorporou o nosso projeto nº 407/08, em seu projeto apresentado nº 1.142/11. Por essa razão, entendemos que, até agora, esse é o melhor projeto apresentado pela Secretaria da Educação, pois ele atende à reivindicação das comunidades escolares, das APMs, e incorpora a nossa proposta que foi construída no ano de 2008 por várias APMs, professores, alunos e pais de alunos. Por isso não temos nenhum problema com esse projeto, entendemos que ele deve ser votado imediatamente, Sr. Presidente.

Eu queria fazer esses comentários porque, há tempos, nós estamos alertando o Governo de que boa parte da legislação aprovada aqui na Assembleia Legislativa tem prejudicado imensamente não só os professores e os funcionários da Educação, mas, sobretudo, os nossos 5 milhões de alunos matriculados na rede estadual.

Além da Lei nº 1.093 que citei, temos também a Lei nº 1.097 que criou a falsa avaliação de mérito e, ainda, a Lei nº 1.041 que limitou as consultas médicas para todos os servidores públicos. Agora os professores só podem ter seis consultas médicas durante o ano letivo. Isso é um absurdo!

Imaginemos uma professora gestante que precisa fazer periodicamente consultas médicas e exames. Ela terá que se organizar para ter somente seis consultas médicas durante o período de 9 meses de gravidez porque é isso o que determina a Lei nº 1.041, aprovada aqui nesta Casa, pela base do Governo. Sr. Presidente, essa é uma lei perversa e desumana. Ela ataca a todos os servidores e, sobretudo, às servidoras gestantes do Estado de São Paulo.

Boa parte da legislação aprovada até agora aqui na Assembleia Legislativa pela base do Governo e que nós, da oposição, votamos contra, surgiram para criminalizar os servidores da Educação. Isso é o que eu quero ressaltar.

O Governo tenta jogar a culpa do fracasso escolar, da crise na educação do Estado de São Paulo, nas costas dos professores. Essa é a verdade nua e crua! Todas as medidas adotadas até agora, principalmente, as continuam sendo adotadas visam à criminalização, a satanização dos professores da rede estadual. Essas diversas leis tentam jogar a opinião pública contra os professores para acharem que eles são os verdadeiros culpados da crise na Educação.

Contudo o Governo não investe na Educação e não faz a reforma educacional. Até agora ele nem aprovou o Plano Estadual de Educação, isso é um absurdo! O maior estado da Federação ainda não tem um Plano Estadual de Educação. A nossa Educação está à deriva, sem direção, sem diretrizes, sem metas e sem objetivos. É uma nau à deriva a Educação do Estado de São Paulo.

Desde a época da aprovação da LDB, em 1996, já deveríamos estar preparando, ou, ter aprovado um Plano Estadual de Educação. O Plano Nacional de Educação foi aprovado em 2001, mas o Estado de São Paulo não aprovou nada até agora.

É uma vergonha que um Estado como o nosso, que possui a maior rede de ensino e o maior quadro de professores, não tenha um plano. Temos uma educação à deriva, refém dos humores dos Secretários da Educação e do fracasso que significa hoje a política educacional do PSDB que governa o Estado há 17 anos.

Essa política educacional do PSDB implantada desde o Governo Covas foi e está sendo um verdadeiro fracasso. É por isso que a nossa Educação não sai dessa situação, não há investimento, não há reforma, não há valorização dos profissionais da Educação. É por isso que a rede estadual não avança e continua tendo as piores colocações nos exames realizados pelo Saresp, pelo Saeb, pelo Enem e pela Prova Brasil. Enfim, em todas as avaliações da rede de ensino, a Educação estadual é uma das piores.

A nossa rede educacional é a maior e a mais rica da Federação. Ela está dentro do estado mais rico que é o protagonista do Brasil, do ponto de vista econômico, social e político, mas não acompanha essa ascensão do Estado porque carece de investimento.

Todas as medidas do Governo do PSDB surgem no sentido de sucatear a rede de ensino. Sr. Presidente, não é à toa que temos ainda mais de 70 escolas de lata no Estado de São Paulo que o Governo chama de Projeto Nakamura.

Nós cobramos o Secretário na última audiência pública que aconteceu no dia 30/11/11, pedindo e exigindo que estas escolas sejam transformadas em escolas de alvenaria. E diante deste sucateamento, dessa degradação da rede estadual cobramos a construção de quadras esportivas para as aulas de Educação Física. Temos centenas de escolas que, ao menos, têm um espaço onde os alunos possam ter aulas desta disciplina que é tão importante e obrigatória do ponto de vista da lei e da LDB em relação à Lei nº 93 e 94/96. É engraçada a contradição! O Brasil está construindo vários estádios de futebol, canalizando o dinheiro público milhões e milhões de reais para a construção ou a reforma destes espaços para a Copa do Mundo de 2014. O próprio Estado de São Paulo fornece o capital público para esta finalidade, mas não dá dinheiro para a construção de quadras para as nossas escolas estaduais.

Fizemos uma lista enorme, enviamos várias vezes para a Secretaria da Educação, pedindo a construção de quadras, pois é um item elementar, todas as escolas precisam ter esse espaço para realizar as aulas de Educação Física. Citamos, inclusive, várias escolas que não possuem este importante espaço como, por exemplo, a Escola Estadual Presidente João Goulart, na região do Grajaú, que é uma escola antiga. Temos também a Escola Estadual Presidente Leonel Brizola, que apesar de ter sido construída recentemente não possui a quadra esportiva.

Este é o quadro, Sr. Presidente, deplorável e lamentável da escola pública do Estado de São Paulo. Uma área sem investimento, que tem superlotação das salas de aula, marcada pela violência e pela falta de estrutura digna, como vimos no caso das escolas de lata. O Governo ao invés de apresentar projetos que melhorem a situação, ele piora ainda mais.

Estes projetos que foram apresentados, principalmente, o PLC nº 71 precisa ser totalmente reformulado. Estamos aqui, mais uma vez, contribuindo com a apresentação de emendas ao projeto para que não haja mais a quarentena do profissional da Educação contratado em caráter emergencial. Ele precisa lecionar até que chegue o professor efetivo, mas para que haja docentes efetivos o Governo precisa realizar os concursos públicos de provas e títulos. Queremos a mudança radical deste PLC, para que possamos inaugurar o ano de 2012 sem falta de professores, pois quando acaba o contrato deste profissional no meio do ano ele vai embora e os alunos sofrem as consequências ficando sem aulas. Esta lei precisa ser totalmente modificada! Não podemos mais permitir que os nossos alunos fiquem sem aulas de diversas matérias por conta de irresponsabilidade e leviandade do Governo que não quer mudar a legislação. É muito fácil mudar esta situação! O Governo tem a maioria nesta Casa, mas votaremos a favor das emendas e isso se resolve em uma semana.

Queremos entrar no próximo ano com as férias de 30 dias para todos os professores da rede estadual sem que eles façam provas, sem falsas avaliações e, sobretudo sem esta perversa quarentena. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos até as 16 horas e 30 minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - GERALDO CRUZ - PT - Srs. Deputados, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Carlos Giannazi e suspende a sessão até às 16 horas e 30 minutos.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 16 horas e 16 minutos, a sessão é reaberta às 16 horas e 36 minutos, sob a Presidência do Sr. Celso Giglio.

 

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O SR. PEDRO BIGARDI - PCdoB - Sr. Presidente, havendo acordo de lideranças, solicito a suspensão dos trabalhos por mais 30 minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças esta Presidência suspende os trabalhos por 30 minutos.

 

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- Suspensa às 16 horas e 36 minutos, a sessão é reaberta às 17 horas e 13 minutos sob a Presidência do Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência convoca uma reunião conjunta das Comissões de Atividades Econômicas, Finanças, Orçamento e Planejamento para a análise do PL 687/11, e uma reunião extraordinária da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana para a análise do PL 986/11, às 17 horas e 20 minutos a primeira convocação e às 17 horas e 25 minutos para a segunda convocação, no Salão Nobre.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público aqui presente, gostaríamos de fazer um apelo aqui a todas as Deputadas e a todos os Deputados, aos partidos que compõem toda estrutura da Assembleia Legislativa, no sentido de que possamos fazer um esforço concentrado agora, nesses últimos dias, para aprovar projetos importantes e estratégicos para o Estado de São Paulo, que são muitos, além do orçamento que vamos votar ao final.

Gostaria de registrar que hoje foram publicados alguns projetos encaminhados pelo Governador Geraldo Alckmin para a Assembleia Legislativa. Um deles é o PLC 71, que versa sobre a questão da contratação de professores em caráter temporário.

Esse projeto tem que ser aprovado imediatamente, antes do final do ano, para que possamos por fim, de uma vez por todas, a famigerada quarentena que foi criada pela Lei 1093, aprovada aqui na Assembleia Legislativa, em 2009, ainda na gestão do Ex-Governador José Serra.

Na oportunidade, em 2009, votamos contra essa lei e alertamos aqui a base do Governo para que não votasse a favor do projeto do Governador Serra porque essa lei traria imensos prejuízos não só para os professores da Rede Estadual, mas também para os nossos cinco milhões de alunos. Agora estamos assistindo aí os resultados perversos dessa legislação, tanto é que o Governo foi obrigado a encaminhar o PLC 71, publicado hoje no “Diário Oficial” para modificar a Lei 1093.

Gostaria de registrar que, quando a lei foi aprovada no ano de 2009, fomos ao Ministério Público e entramos com uma ação para anular essa legislação na Justiça.

Apresentamos também um projeto de lei, que está tramitando aqui na Assembleia Legislativa, para revogar essa perversa lei. Esse projeto, que foi publicado hoje no “Diário Oficial”, ainda é muito tímido e econômico, ele ainda não resolve a situação. Estamos apresentando emendas a esse projeto para que seja aperfeiçoado, melhorado e dê conta de resolver minimamente essa questão. Por isso que queremos aprovar esse projeto, mas com as emendas que estamos apresentando porque, se ele for aprovado exatamente do jeito que foi apresentado lamentavelmente pelo Governador Geraldo Alckmin, o projeto não avança em nada. Não vamos resolver a situação nem dos professores e nem dos nossos cinco milhões de alunos matriculados na Rede Pública de Ensino.

Queremos aqui o apoio não só para a aprovação do projeto, mas, sobretudo, das emendas que estamos apresentando. Temos duas emendas fundamentais: a primeira a emenda que coloca um fim nas falsas avaliações organizadas para desmoralizar e criminalizar os professores OFAs e ACTs.

Temos quase metade da Rede Estadual contratada nesse regime pela antiga Lei 500/74 e agora pela Lei 1.093. Então, as nossas emendas colocam um fim porque o projeto do Governador Geraldo Alckmin não revoga as falsas avaliações para OFAs e ACTs e também não acaba definitivamente com a quarentena, apenas diminui o tempo de quarentena de 200 dias para 45 dias.

Não há necessidade de quarentena. Isso é um absurdo. Não sei por que o secretário da Educação não fez essa sugestão de acabar definitivamente com esse período em que o professor fique proibido de lecionar na Rede Estadual de Ensino após a contratação de um ano.

O professor tem que continuar. O professor só deve sair quando vem um professor efetivo. Por isso que defendemos a contratação de professores via concurso público de provas e títulos, como reza a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Constituição Federal, a Constituição Estadual.

Fica aqui o nosso total apelo para a aprovação desse projeto. Também queremos a aprovação imediata do PLC nº 40, da Defensoria Pública, porque é inconcebível que tenhamos aqui já aprovado o reajuste para os defensores e não tenhamos aqui aprovado o projeto de lei que concede o reajuste das perdas salariais - nem é aumento salarial - para os servidores do quadro de apoio de funcionários da defensoria pública, registrando que a defensoria pública no Estado foi criada tardiamente. Temos apenas 500 defensores. Precisamos de no mínimo quatro mil no Estado de São Paulo. Precisamos ampliar o quadro de funcionários e criar mais defensorias para atender à população em todo o Estado de São Paulo. É inconcebível que o estado mais rico da Federação tenha apenas 500 defensores públicos. Isso não é nada num universo de 42 milhões de habitantes.

 

O SR. PEDRO BIGARDI - PCdoB - Sr. Presidente, indico o Deputado Luiz Claudio Marcolino para falar pelo Art. 82 pela Minoria.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino, para falar pelo Art. 82, pela Minoria.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários da Casa, daqui a alguns minutos vamos iniciar o debate do PL 840/11 que trata da aposentadoria complementar para os servidores do Estado de São Paulo que ingressarem nos próximos anos. Trata-se de um projeto importante e não podemos estruturar um projeto dessa amplitude de uma hora para outra, pensando que ele vai perdurar por um período de cinco, dez anos. Estamos trabalhando com um projeto para uma duração de 50, 100, no mínimo uns 150 anos. Nesse sentido, não pode ser tratado de forma dissociado de um debate que acontece no Brasil inteiro. Está em debate no Governo Federal um projeto de previdência complementar que tem algumas diferenças estruturais do projeto apresentado pelo Governador. O que chamo de diferenças estruturais?

Existe uma legislação da previdência complementar - refiro-me aos PLs 108 e 109 - que deixa claras as regras para a constituição do fundo de previdência complementar. Tem dois pontos importantes nesse processo que dizem respeito a algumas exclusões.

Hoje, pela Constituição, a mulher garante a sua aposentadoria num período inferior ao do homem. Temos ainda algumas aposentadorias especiais. E a proposta apresentada pelo Governador Geraldo Alckmin cria um problema sério. Então a mulher contribui por um período de 25 a 30 anos - pela especial ou pelo regime integral - e o homem por 35 anos e o projeto apresentado pelo Governador fala de uma contribuição de 35 anos com período de 25 anos que é o tempo da constituição do fundo.

Se levar em consideração que o homem contribui por 35 e a mulher por 25 a 30, ela vai ter uma redução no período de contribuição e, por conseguinte, no fundo.

Se um homem e uma mulher tiver a mesma função, a complementação da aposentadoria da mulher vai ser bem menor do que a do homem. Não é só a contribuição dela. É também a contrapartida que o Governo do Estado vai ter de aportar no plano de previdência. Então há dois problemas sérios: o primeiro em relação às mulheres, elas já sairão com prejuízo em relação ao que a lei já garante.

Outro ponto diz respeito ao período. Nós estamos falando de uma contribuição de 35 anos e de um tempo de fundo de 25 para 80 anos de idade. Se o trabalhador tem 60 anos e começou a trabalhar aos 20, você vai somar 35, mais 25, mais 20 anos o que vai dar 80 anos e a expectativa de vida dos brasileiros aumentou para 85, 87, 92. Portanto teremos, depois com a instituição desse novo sistema previdenciário, muitos trabalhadores fora da previdência complementar porque vai exceder os 80 anos que o fundo garante, ou seja, os 35 anos de contribuição, os 25 anos do custeio do fundo somados à idade. Se a pessoa viveu 85, 90 anos ela vai ser prejudicada, já que não existirá aposentadoria complementar depois dos 80 anos de idade. Alguns vícios de origem deste projeto já foram corrigidos no projeto do Governo Federal, que é a criação de um fundo de sobrevivência - no caso de ultrapassar o período de contribuição mais o fundo - e a alteração de 7,5 para 8,5% na contribuição do Estado e do trabalhador que assegura à mulher e àqueles que se enquadram na aposentadoria especial o recurso suficiente para garantir o valor remuneratório do salário 100% de acordo com a Constituição que também é garantido para o homem.

Tem outro ponto importante em relação a esse processo: é a questão do déficit.

A Lei Complementar 109 fala que dois itens precisam ser observados em relação ao déficit estruturado dos planos de pensão, em relação à constituição da reserva do fundo. Primeiro, as contribuições normais, aquelas destinadas ao custeio dos benefícios previstos no respectivo plano e segundo: extraordinárias, aquelas destinadas ao custeio de déficit serviço passado e outras finalidades não incluídas na contribuição normal. Esta garantia está na Lei Complementar 109, de 29 de maio de 2001, lei assinada pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso.

A proposta apresentada pelo Governador no seu Art. 25 diz que os planos de benefícios não poderão receber aportes patronais a título de serviço passado. O que está colocado?

Vamos supor que tenhamos problema de déficit nessa nova regra. A responsabilidade hoje é da patronal. É do patrocinador a responsabilidade da constituição de eventuais déficits no fundo da aposentadoria complementar. Com isso o Governador tira dele a responsabilidade de cobrir um eventual déficit. Portanto, não dá para aceitar a proposta como está estruturada. A proposta é inconstitucional porque tem uma redação inferior a uma lei complementar já existente e assinada pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, solicito a palavra para falar pelo Art. 82, pela Bancada do PT .

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos assiste, companheiros trabalhadores da defensoria pública que estão aguardando a votação do PL 40, quero dialogar primeiramente com vocês.

A Bancada do Partido dos Trabalhadores vem cobrando a pauta do projeto de vocês desde que deu entrada na Casa, mesmo porque votamos aumento salarial de diversas categorias e também o reajuste dos defensores públicos. Seria muito injusto a gente segurar o projeto de vocês, que fazem o trabalho de ponta para a defensoria pública atender à população mais carente. A Bancada do PT votará favoravelmente assim que o presidente pautar o projeto na Casa. Por nós, já teria sido votado desde que deu entrada na Casa. Espero que se não pautar hoje, paute amanhã este projeto justíssimo, assim como o aumento de outras categorias. (Manifestação das galerias.)

Sr. Presidente, estamos chegando no final do ano e estou muito preocupado com o calendário desta Casa. Venho falando isso nas últimas quatro reuniões do Colégio de Líderes, cobrando um calendário para chegar ao final do ano com votação a contento, tanto de projetos do Executivo como projetos de deputados. E hoje nos deparamos com um calendário de 13 projetos do Executivo e mais de 25 projetos de deputados, tudo em 15 dias. É aquilo que a imprensa e a população falam: pegar um balaio de projetos e votar todos na calada da noite, sem discussão, na pressa, sem analisar bem os projetos. É isso que está acontecendo nesta Casa, mais uma vez. E não foi por falta de alerta da bancada do PT. A nossa posição é discutir todos os projetos. Não temos preocupação de entrar no recesso, de entrar em férias. O ritmo do início da legislatura,, dia 15 de março, até hoje, não será alterado por conta da bancada do PT.

Ninguém vai aprovar 13 projetos de um dia para o outro sem discussão. Há projetos cuja discussão consideramos importante porque têm emendas para aperfeiçoá-los de autoria de todos os partidos: PT, PCdoB, DEM, PTB, PSOL. Como vamos fazer a discussão do projeto da CDHU, projeto polêmico que tem diversas emendas? O projeto da Sabesp, que tem uma emenda que apresentamos para que os municípios em que a Sabes não opera possam ter convenio com o estado para ligar água nas residências de pessoas carentes? O projeto do Pontal, polêmico? O Orçamento - nem começamos as discussões? O relatório da deputada Maria Lúcia Amary não vai ser discutido na Comissão de Finanças e Orçamento? Isso é um absurdo. O projeto do Vale do Paraíba, projeto amadurecido, com cinco audiências públicas na região, emendas apresentadas - queremos votar esse projeto. E tantos outros. O que não queremos é agora, no atropelo, votar todos os projetos para encerrar os trabalhos na semana que vem. A bancada do PT vai votar todos os projetos, discutir emenda por emenda, porque é aqui que temos dialogar e aperfeiçoar os projetos.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Barros Munhoz, um dos melhores deputados e presidentes que esta Casa já teve, hoje pela manhã a primeira coisa que fiz foi ver fachada da Assembleia, ler o que estava escrito, o que dizia o letreiro que está na porta desta Casa, e não vi escrito “Assembleia Legislativa do PT”. Não vi. E olhe que me esforcei para ver. Estava escrito Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O PT quer bancar a pauta da Casa, quer organizar a pauta da Casa. Que é isso, minha gente? Essa é a democracia petista? Acabamos de ouvir o deputado Enio Tatto: só vota aquilo que ele quer, o que ele acha que deve votar; emenda por emenda, virgula por virgula. Que é isso, deputado Enio Tatto? Que pretensão a sua, deputado Enio Tatto. Essa não é Assembleia do PT. A verdade é que o PT quer votar aquilo que lhe diz respeito. Só os projetos dos deputados do PT são bons. Vou fazer um alerta: se não incluir projetos de outros parlamentares, inclusive do PT, o deputado Enio Tatto que se esqueça de votar projetos apenas de sua bancada.

Antes que a demagogia se plante nesta Casa, quero dizer aos senhores funcionários da Defensoria, deixando de lado ponderações pessoais, que estamos concordando com a votação do projeto dos senhores. (Manifestação nas galerias.)

É preciso de vez em quando atentar para a racionalidade, atentar para a realidade. Eu queria votar a Previdência. Até anteontem a bancada do PT concordava em votar a Previdência; hoje não concorda mais. Questões do passado que nem vou mencionar aqui, nem vou olhar no retrovisor, é que impedem a votação dos projetos da Casa. Questões de retrovisor. Vou repetir uma vez mais: questões do passado. Portanto, se tem uma coisa que eu gosto é de adversário e de ameaça. Faço questão de viver sob ameaças. Essa que o PT fez agora. Adoro ameaças, confrontos. Sou advogado criminalista que nasceu na contenda. Estou pronto para todas as contendas que acontecerem aqui. Uma coisa em que nunca acreditei é que o medo vence a coragem. Sempre defendi que a coragem vence o medo.

Quero referir-me agora a um jornaleco de quinta categoria, de Itaquaquecetuba, a um diretor de jornal que é tudo, menos diretor de jornal, um tal de Nelson Cortes dos Santos. O que diz esse indivíduo, esse leviano, esse mau caráter, no seu jornal? Que eu teria falado que a deputada Heroilma, o deputado André e o deputado Gondim estariam com os telefones grampeados. O que disse, vou repetir aqui: estamos vivendo no estado da grampolândia. Só não vê quem não quer ou aqueles covardes que começam a luta e recuam. Acabei de oficiar ao Ministério Público, publicado hoje, Jornal da tarde. Quero saber para onde vai o resultado das escutas: se instruir inquéritos policiais, se instruir processos criminais ou se é usado para intimidar políticos, comerciantes e empresários. Estou sozinho nessa luta. Antigos companheiros de luta já não estão mais comigo. Já desandaram, já estão de outro lado, já mudaram, já não me acompanham mais. Por isso quero dizer que essa não é uma luta minha, essa é uma luta da dignidade desta Casa.

Quero dizer, Sr. Presidente, que hoje, pelo jeito, se aplica o que diz Eclesiastes, em que há tempo para tudo; tempo de plantar, tempo de colher, tempo de construir, tempo de destruir, tempo de amar, tempo de odiar, tempo de paz e tempo de guerra. Nós estamos em guerra. O que mais gosto de fazer é guerrear. Deputado Enio Tatto, não é com ameaças que vamos nos curvar, não. Nem o deputado major Olímpio, que é meu amigo, não é com intimidação, não. Vossa Excelência fez questão de dizer lá. Intimidação, aqui, não, Deputado Major Olímpio. Vossa Excelência é meu amigo. Faço questão absoluta de enfrentar quem tem que ser enfrentado. Recuar, jamais.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esta Presidência convoca nova reunião conjunta das comissões de Atividades Econômicas e Finanças, Orçamento e Planejamento, para um congresso de comissões a realizar-se hoje às 17 horas e 42 minutos, com a finalidade de apreciar o PL 687/11, no Salão Nobre da Presidência.

Reconvoca também uma reunião extraordinária da comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, para as 17 horas e 50 minutos, com a finalidade de apreciar o PL 986/11.

 

O SR. ESTEVAM GALVÃO - DEM - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, a vida de um homem público é assim: temos bons momentos, de alegria, temos momentos difíceis e momentos de tristeza, muitas vezes até de constrangimento.

A minha residência é em Suzano, que não é longe. Dependendo do horário e do trânsito, muitas vezes demoramos três horas no nosso percurso de Suzano à Assembleia, ou Suzano ao Palácio do Governo. Hoje saí de minha casa às sete horas da manhã, com muita disposição, porque tinha uma reunião no Palácio do Governo, às 9 horas e 30 minutos, para tratar de assuntos não do Governo, mas assuntos do Estado, assuntos do povo, da população, dos profissionais, dos funcionários da Defensoria, enfim, diversos assuntos de interesse do Estado de São Paulo.

A reunião lá no Palácio não foi como nós queríamos, porque alguma coisa que o Governo queria nós também não estávamos de acordo. Embora sejamos todos líderes da bancada de apoio ao Governo, não quer dizer que somos também capacho do Governo. Também temos a consciência, temos equilíbrio, temos serenidade, temos personalidade. Mas o Governo soube entender e deixou muito claro. Se vocês entendem que não é possível votar tal projeto, assim e assado, nesse momento, então vamos pensar mais.

A democracia é assim, vamos conversar, vamos dialogar. Entramos num consenso, conversamos. Conversei com outros líderes, com Orlando Morando, com Samuel Moreira, com o Presidente, vamos deixar. Tudo bem, voltamos.

Uma outra reunião de líderes, convocada pelo nosso Presidente, que tem conduzido com muita sabedoria, competência e também com muita luz os trabalhos desta Casa. Saí dessa reunião constrangidíssimo. Entrei nessa reunião, caramba, hoje vencemos uma etapa. O Governo, pelo menos, concordou. Se nós não estamos de acordo, não vamos votar, vamos pensar, vamos trabalhar, vamos dialogar. Mas pelo menos estamos tendo aqui um consenso para votar o projeto da Defensoria; esses funcionários todos percorrendo um périplo terrível para cá e para lá, o dia inteiro, implorando uma coisa que lhes é de direito.

Não tem cabimento esse projeto, há tanto tempo. Hoje conseguimos o consenso, vamos votar a Defensoria. O Deputado Campos Machado dizia que tem um outro projeto, que fazia contraponto, ou vota esse ou não vota aquele, o Deputado abriu mão: vamos votar. O que queríamos em troca? Não queríamos nada em troca.

Não posso me conformar com a atitude do PT hoje, eu que gosto do Enio Tatto, eu que respeito Enio Tatto. Não é apenas respeito, que respeito é obrigação, mas tenho carinho pelo Enio Tatto. Hoje o Enio Tatto foi intransigente. Poderíamos, sim, votar o PL 40, que atende esses funcionários, hoje. O que pedimos? Vamos votar também alguns projetos do Governo do Estado.

E esses projetos do Governo do Estado são projetos ruins? Não atendem o povo? Vou mencionar apenas o preâmbulo de cada projeto. Um é da Sabesp, que autoriza fazer ligação gratuita de rede de esgoto aos pobres. É esse projeto que queríamos votar hoje. Mais um? É um projeto da CDHU, que disciplina os mutuários, os compradores dos imóveis.

E projetos que o PT também não é contrário, não. O próprio PT sabe que os projetos são bons. E mais um projeto da Educação. Se não aprovarmos esse projeto, o aluno vai ficar sem aula por pelo menos 120 dias no ano que vem.

O que queríamos? Única e exatamente isso: que juntamente com esse projeto da Defensoria fossem votados alguns projetos, não do Governo, mas de interesse também da sociedade civil, da comunidade, da nossa Cidade de São Paulo, do nosso Estado de São Paulo.

Então, hoje eu saí triste e saí constrangido da reunião de líderes, porque sou um homem persistente, um homem pertinaz, um homem que luta por uma causa. Hoje conversei com muitos funcionários da Defensoria. Penso até que muita coisa poderá acontecer. Do diálogo, da conversa nasce a luz. É bem possível que encontremos ainda um caminho para contemplar esses trabalhadores ainda hoje ou, na pior das hipóteses, que isso aconteça amanhã.

Mas o meu sentimento é que esse pessoal vá para suas residências com a certeza de que isso deverá acontecer, se não hoje, mas amanhã. Mas fazemos um apelo: conclamamos ao sentimento e à sensibilidade do Enio Tatto, Líder do PT, para que encontremos o caminho para que o nosso desejo possa acontecer de verdade.

Quanto ao negócio do telefone grampeado, Deputada Heroilma, não se preocupe. Pode dizer, para quem escrever, que se quiserem grampear o meu também, não há problema.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, “vis pacem para bellum”. Em latim, “se queres a paz, prepara-te para a guerra”. Quero dizer ao nobre Deputado Campos Machado que em nenhum momento, nem no Colégio de Líderes, particularmente, nem em público tentei intimidá-lo com qualquer circunstância. Podemos divergir em relação a posicionamentos, mas V. Exa. sabe o tamanho da admiração e do apreço que tenho pelo deputado.

Com relação ao requerimento que V. Exa. fez sobre eventuais monitorias de telefonia celular, telefonia fixa, ambientes, também comungo do propósito de V. Exa. para que seja apurado em todos os níveis, em todas as circunstâncias. A legislação faculta, possibilita inclusive esse tipo de monitoria desde que esteja 100% amparado na legislação. Quando falamos em grampos telefônicos, é uma maneira de dizer escutas clandestinas. Escutas clandestinas se tornaram crime na legislação e não é possível de serem utilizadas de forma nenhuma, muito menos como prova de eventual conduta criminosa, seja de agente público, seja de agente privado. Quero dizer que seja a polícia, seja qualquer autoridade do Executivo, seja o Ministério Público, tem que estar 100% amparado na legislação. Agora, como não cumprir a lei no nosso País muitas vezes é até um sinônimo de status, como se sabe no submundo da polícia, e até de empresas de investigação que, a despeito de não existirem legalmente na legislação brasileira, grampeiam, acompanham, fotografam e gravam quem quer que seja.

Hoje um acompanhamento muito sério em todas as escutas que são feitas, que têm de ser aprovadas pela justiça. Antigamente agentes públicos, seja da polícia, de qualquer circunstância, intrujavam, no jargão policial. Se iriam fazer a monitoração de dez aparelhos celulares de eventuais traficantes, colocavam 15 aparelhos celulares, cinco de pessoas que se tem a expectativa de serem monitoradas, na área política ou não. Depois, quando se localiza alguma coisa, vamos esquentar isso com um eventual pedido formal para a realização daquela escuta. Então, em nenhum momento, nem a Assembleia Legislativa, no nosso papel fiscalizador, não podemos nos intimidar com qualquer circunstância dessas.

Apoio o requerimento que V. Exa. fez para que o Ministério Público de São Paulo esclareça não só sobre o aspecto técnico e jurídico da utilização do equipamento guardião, que pode monitorar 1.200 escutas telefônicas ao mesmo tempo, mas também a necessidade da aquisição de tais equipamentos para a fase em que o Ministério Público muito bem vem atuando no Estado de São Paulo.

Por outro lado, venho a esta tribuna para dizer que não se trata simplesmente de uma obstrução do PT ou do Deputado Enio Tatto. Quanto ao projeto da previdência, o nº 840, é bom que o Estado de São Paulo saiba: mulheres que têm aposentadoria especial vão pagar mais de 10 anos de pedágio porque está se desconsiderando o que a própria Constituição e legislação infraconstitucional estabeleceram de aposentadoria especial da mulher. Temos uma legislação federal a ser deliberada sobre isso. Vamos votar de afogadilho o 840 desconsiderando isso. É bom que a opinião pública saiba que até mesmo o próprio governo já havia voltado atrás na votação desse projeto.

Faço questão de dizer que não se trata só de obstrução de Partido dos Trabalhadores ou intransigência do Deputado Enio Tatto. Também farei a obstrução, também vou aos limites em relação a isso, o que não significa que não estejamos defendendo que se vote já, agora. A Casa já dormiu mais de um mês na votação dos defensores públicos e dos cargos auxiliares da Defensoria Pública. Agora que está comprimindo o tempo, agora está tocando o desespero e estão aparecendo os arautos defensores do voto mais do que imediato desse projeto. Vamos votar já, mas não podemos vincular outras circunstâncias da Casa e coisas que vão fazer a Assembleia Legislativa se envergonhar, lá na frente, de fazer, como aprovar um novo sistema de previdência complementar prejudicando a mulher trabalhadora do serviço público que ingressar, pagando um pedágio de dez anos a mais.

 

          O SR. ENIO TATTO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, eu estava fazendo uma reunião com a Bancada do Partido dos Trabalhadores para tratar do assunto do calendário da Casa e fiquei sabendo que o nobre Deputado Estevam Galvão, do DEM, usou a tribuna dizendo que estou inviabilizando a votação do Projeto de lei Complementar nº 40, da Defensoria Pública. Primeiro, os defensores públicos do Estado de São Paulo, inclusive os defensores públicos de Suzano, cidade em que ele mora, conhecem muito bem o PT, sabem muito bem na nossa luta para criar a Defensoria Pública e pelo seu fortalecimento em quantidade de defensores, de funcionários e de bons salários.

Faço um desafio ao nobre Deputado Estevam Galvão e outros que talvez embarquem nesse discurso do Deputado Estevam Galvão. Vocês têm maioria na Casa. Inclusive o presidente é da base governista. Pautem o Projeto de lei Complementar nº 40 para hoje à noite. É possível. Votamos hoje. (Manifestação nas galerias.) Pautem na primeira sessão extraordinária. Votaremos na segunda sessão, independentemente do calendário que expus. Não queremos votar 14, 15 projetos de uma hora para outra. Faz mais de um mês que estamos dizendo isso. O projeto 40, que dá um reajuste aos funcionários da Defensoria Pública, não tem nada a ver com outros projetos. Não coloquem isso para a Bancada do Partido dos Trabalhadores que é pregar no deserto. Os defensores públicos do Estado de São Paulo, as entidades do Estado de São Paulo que tanto lutaram para criar a Defensoria Pública sabem o trabalho que eles fazem, a importância deles, principalmente para a população mais carente do Estado de São Paulo, e sabem muito bem a posição da Bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, Fernando Pessoa dizia com muita propriedade: “Tudo, menos o ridículo”. Para que essa demagogia agora? Para que essa pregação demagógica fora de hora? Temos as nossas razões em relação ao trabalho que faz a Defensoria e a OAB. Não infringimos a lei. Dizer que nós estamos tripudiando sobre uma classe trabalhadora? Acabei de dizer no Colégio de Líderes, o Deputado João Paulo Rillo queria que eu fosse conversar com os funcionários. Eu disse “João Paulo, vai lá e anuncia.” Já ficou definido que vai votar amanhã. Para que essa demagogia barata, Sr. Presidente? Acaso alguém pensa que vou me intimidar e não vou defender o projeto que fiz em relação à OAB? Ou acaso imagina que não vou ao Ministério Público para questionar a ilegalidade de convênios firmados com as faculdades?

Quero dizer ao Deputado Enio Tatto e àqueles que com ele comungam que o que o quadro funcional da Defensoria quer é votar o projeto. À medida que as coisas acirram vai ficar pautado para amanhã. Ou vocês não querem votar mais? E se eu atribuir à bancada do PT a não votar o projeto dos funcionários marcado para amanhã? Como é que vocês ficam? Ninguém fica tranquilo com a consciência pesada.

Portanto, quero cumprir o acordo, coisa que o PT não sabe fazer, não sabe cumprir. Quero cumprir o acordo, Sr. Presidente. Amanhã vai pautar o projeto do quadro funcional e o PTB é favorável. Não queira marcar tempo e hora do PTB porque eu não quero interferir nas coisas dos petistas. Longe disso, já disse agora “Não queira olhar o retrovisor”, não queira trazer passado aqui.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, ouvi atentamente o nobre Deputado Campos Machado e confesso que não entendi o tamanho entusiasmo na sua fala para um projeto tão simples. Um projeto tão simples que não é da bancada do PT e não é da nossa autoria, mas de vocês, do Governo. Em primeiro lugar, é essa a questão. Segundo, temos 22 Deputados nesta Casa. Temos aliança com Major Olímpio, com Giannazi, e V. Exas. têm a imensa maioria, e o PCdoB. E quando V. Exas. querem vocês pautam, e mesmo com a obstrução da oposição, conseguem votar. Aliás, o Presidente, um democrata que tem a prerrogativa de pautar nesta Casa os temas, tem feito inclusive consultando toda a Casa. Mas é uma prerrogativa do Presidente.

Não tem nada a ver, Deputado Campos Machado, uma coisa com a outra. Queremos votar este projeto porque interessa para um órgão da administração pública que presta um serviço da mais alta qualidade para a população carente, e isso é pouco para eles. Mas tem um significado importante. Então queremos votar isso. Esta é a questão, a matéria.

E no que diz respeito ao PL de V. Exa., que fiz um parecer pela ilegalidade e inconstitucionalidade na Comissão de Justiça (Manifestação nas galerias.), quero dizer que nós temos uma divergência formal. É um projeto inconstitucional porque a Constituição da República diz que este trabalho é prestado pela Defensoria e não pela OAB. O Estado de São Paulo foi um dos últimos a entrar nisso e é inconstitucional. (Manifestação nas galerias.) E mais, temos uma divergência no mérito porque nós queremos fortalecer a Defensoria. (Manifestação nas galerias.) E a OAB cumpre outro papel na sociedade que vamos discutir no momento oportuno. E eu sou advogado.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Quero apenas comunicar às pessoas que nos honram com suas presenças de que é antirregimental a manifestação que interfira no debate dentro do plenária. Temos o prazer, a satisfação e a honra de receber todo mundo que quer acompanhar os trabalhos, mas solicitamos que observem o Regimento.

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, vamos passar à Ordem do Dia.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Proposições em Regime de Urgência. Há sobre a mesa requerimento nos seguintes termos:

“Requeiro nos termos regimentais que a disposição da presente Ordem do Dia seja alterada na seguinte conformidade:

1 - que o item 588, referente ao Projeto de lei 840, passe a figurar como item 1, renumerando-se os demais itens.”

Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.)

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, requeiro a prorrogação dos nossos trabalhos por duas horas e 30 minutos e duas horas e 29 minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental e oportunamente será colocado em votação.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, quero indicar o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino para encaminhar pela bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, somos contrários à inversão da Ordem do Dia porque apresentamos no Colégio de Líderes alguns projetos importantes. Entre eles o projeto da Defensoria Pública e da Região Metropolitana. São dois projetos de interesse não só da bancada do Partido dos Trabalhadores, mas da população do nosso Estado.

Vários projetos já foram discutidos e aprovados na Assembleia Legislativa - da Educação, da Segurança Pública, da Saúde. Já a parcela dos trabalhadores da Defensoria - que foram criados alguns cargos -, nós apresentamos - as bancadas do PT e do PCdoB, e Deputado Major Olímpio - diversas emendas para aperfeiçoar os projetos encaminhados pelo Executivo. E nos estranhou muito que quase todas as emendas apresentadas foram rejeitadas, e a alegação apresentada pelo Executivo é que não tinha recurso suficiente para garantir o aperfeiçoamento nos projetos do Funcionalismo do Estado de São Paulo. Mas o Secretário Calabi apresentou à Comissão de Finanças e Orçamento, que no segundo quadrimestre o Governo do Estado de São Paulo tem um superávit de 23 bilhões de reais - é o superávit acumulado até agosto de 2011. Não tinha então recurso para melhorar os Projetos da Educação, da Saúde, da Defensoria e todos os projetos apresentados pelo Executivo na Assembleia Legislativa, com um superávit de 23 bilhões.

Estamos chegando ao final do exercício e, com certeza, o Governador do Estado não executou a totalidade do recurso, pegando inclusive o último quadrimestre. Mas continua com o mesmo argumento. Quando chega hora de valorizar o Funcionalismo do Estado de São Paulo, de criar condição de beneficiar quem efetivamente sustenta e segura hoje o problema da Saúde, da Educação e da Segurança Pública, ou dos defensores públicos do nosso Estado, não existe recurso. E nós demonstramos que a partir da palavra do próprio secretário esse recurso está estabelecido.

Mas nós vamos além. O Executivo tem o limite prudencial de gastos com o funcionalismo que pode chegar de 46 a 49 por cento. Esse percentual está em 38% e pode chegar no máximo a 40% já garantindo o reajuste dos professores, da Educação, da Segurança Pública do Estado de São Paulo, a adequação que uma parcela dos funcionários da Defensoria Pública sofreu, e com todos esses ajustes, no final chegará em 40 por cento. Tem uma margem e gordura suficientes para realizar as adequações. Este argumento que o Governador utiliza o tempo todo demonstra que ele não tem compromisso e responsabilidade com o funcionalismo do Estado de São Paulo.

Se V. Exas. analisarem o projeto que nós apresentamos pela Bancada do PT, que seria a prioridade do debate no dia de hoje, a Defensoria Pública. Quanto tempo o projeto nº 40 espera para ser debatido nesta Casa? A cada semana ele vai sendo empurrado para a semana seguinte, sempre apresentam uma contrapartida. Porém agora não tem mais o que fazer. Estamos chegando ao final do ano, o Orçamento precisa ser votado e nós deixamos claro, no Colégio de líderes, que não tem debate de Orçamento enquanto alguns projetos prioritários não forem votados, e para nós o projeto da Defensoria é prioritário para que a Assembleia Legislativa possa apreciar e votar.

O projeto apresentado pelo Governador sobre a aposentadoria complementar já tinha sido retirado pelo líder do Governo. O líder do Governo retirou da pauta o projeto que já tinha sido apresentado. Debatemos o dia inteiro e uma parte da noite de ontem sobre os problemas da aposentadoria complementar, e deixamos claro que ainda terá uma votação em Brasília, na Câmara dos Deputados, um projeto muito melhor do que o projeto que foi apresentado pelo Governador do nosso Estado. Qual é a pressa e a necessidade de votar este projeto?

A base governista não tem clareza que o projeto precisa ser votado como está, pois prejudica as mulheres, os trabalhadores que possuem aposentadoria especial, os futuros aposentados, que daqui a 35 anos não terão dinheiro para pagar a aposentadoria complementar. O Governador quer se isentar da responsabilidade de fazer o complemento e de cobrir um eventual déficit. Hoje o servidor já está garantido, pois diante da contribuição de 11% ele tem a aposentadoria integral. Agora pagará outra recomposição, mas já passa a ter uma diferenciação de uma grande parcela do funcionalismo do Estado de São Paulo.

Apresentamos alguns problemas que gostaríamos de ver resolvidos, e boa parte da dos Deputados da base governista percebeu que existem problemas. Por que colocar o projeto para ser votado? É para empurrar mais uma vez o projeto da Defensoria Pública? Isso não podemos aceitar. Se a base do Governo é maioria nesta Casa e entende que o projeto da Defensoria é importante, não terá questionamento e que será um projeto aprovado por unanimidade. Este projeto teria que ser colocado em votação neste momento, na Ordem do Dia, não empurrá-lo para a sessão extraordinária ou para o dia de amanhã porque os defensores já esperaram muito para que este projeto fosse aprovado na Assembleia Legislativa.

Não podemos adiar por mais um dia ou semana! Na nossa proposta, ele teria que ser votado neste momento e nessa Ordem do Dia, e quem deixou para um segundo momento foi a base do Governo. Foram os partidos da base do Governo que não se interessaram como não vem se interessando em relação a alguns projetos como, por exemplo, da Educação, Saúde, Segurança Pública em que as propostas tinham condições de serem melhoradas.

Se pegarmos o Orçamento, o superávit e o limite prudencial que está no Orçamento para garantir o funcionalismo no nosso Estado. Terá margem e sobra. O Orçamento será fechado em 2011 e perceberemos que todo o funcionalismo que teria condições de ter, os funcionários do Estado de São Paulo, uma proposta melhor do que a que foi apresentada. Há ainda projetos da Educação, da Polícia Militar e dos médicos.

Vamos ver agora qual será o argumento, a desculpa, do Governo do Estado para não melhorar a carreira dos servidores do Estado de São Paulo.

Somos defensores da votação imediata na Ordem do Dia do projeto da Defensoria Pública, o PL nº 40. Por isso não aceitamos a alteração proposta do Governador de primeiro se votar o projeto da Aposentadoria Complementar para depois discutir a Sabesp, a questão dos servidores, a Defensoria, a CDHU, vários projetos colocados na Ordem do Dia.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Celso Giglio.

 

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Existem vários projetos apresentados na Ordem do Dia, mas a nossa prioridade é pautar agora o da Defensoria Pública e depois debater a aposentadoria complementar. Por essa razão somos contrários a fazer a inversão da Ordem do Dia e colocar na pauta o projeto, apresentado pelo o Governador, da aposentadoria complementar. Queremos colocar o projeto Defensoria e a prioridade ao funcionalismo, não o projeto do Governador que é um PLC da Previdência, que pode ser deixado para depois porque não há consenso na Bancada do PT e nem na base aliada. Além disso, ele prejudicará as mulheres e os futuros aposentados do nosso Estado.

Portanto, somos contrários a inversão da pauta e querermos discutir agora o projeto da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - Sr. Presidente, indico o Deputado João Antonio para encaminhar, pela Minoria.

 

O SR. PREDIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobres Srs. Deputados e Deputadas, eu venho a esta tribuna para falar nesta tarde contra a inversão do projeto lei sobre a Previdência, intitulado de SPPrev.

Primeiro, porque entendo que tivemos muitos meses para debater essa matéria aqui na Assembleia Legislativa, mas só recentemente essa discussão começou de fato a acontecer nesta Casa. Ela é uma matéria complexa e envolve interesses diversos. Por isso não podemos no afogadilho, de repente, votar uma matéria tão complexa sem um debate profundo, nesta Casa, acerca desse projeto de lei.

Nós não temos aquela visão, de pelo menos alguns partidos do Congresso Nacional, de fazer uma oposição intransigente “de quanto pior, melhor.” Uma oposição de que devemos ser contrários a tudo que vier do Governo. Não, diversos projetos que vêm a esta Casa, nós apoiamos, porque projetos que vêm ao encontro dos interesses da população, contam com o nosso apoio. Fomos eleitos Deputados de oposição e de situação, em primeiro lugar, para pensarmos nos interesses dos cidadãos de São Paulo. Essa é a missão primeira nossa. E, em segundo lugar, nós temos também o interesse de fazer com que as divergências partidárias possam de fato acontecer aqui nesta Casa.

Penso que o debate de contraditórios é próprio do Parlamento e da democracia. Portanto, Sr. Presidente, quero dizer aos Deputados desta Casa que nossa intenção é das melhores.

Mas, antes de prosseguir na minha fala, nobres Deputados, obviamente, vendo uma matéria tão importante nesta tarde e olhando este Plenário completamente vazio, eu requeiro de V. Exa. uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. A Presidência convida os nobres Deputados Alex Manente e Roberto Massafera para a auxiliarem na verificação de presença.

 

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- É iniciada a chamada.

 

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O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - A Presidência constata número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados em plenário pelo que agradece a colaboração dos senhores secretários e devolve a palavra ao nobre Deputado João Antonio.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - Sr. Presidente, é sempre importante verificar o entusiasmo dos deputados para trabalhar nesta Casa. Fiz este requerimento para ver o ânimo dos nossos colegas, mas quero retomar o meu raciocínio para dizer que estas são as razões pelas quais não temos nenhum entusiasmo para votar apressadamente este projeto de lei que versa sobre a previdência. Há projetos mais importantes do que este e mais simples, menos complexo e que também contribuem enormemente para uma boa administração pública no Estado de São Paulo.

As pessoas não veem importância no PL 40, por exemplo, mas a Constituição da República foi sábia ao determinar como competência dos estados organizar uma defensoria pública própria para prestar serviços à população necessitada do País. Todos os estados da Federação atenderam a nossa Lei Maior e instituíram a sua defensoria.

O Estado de São Paulo, um dos estados mais evoluídos da Federação, foi um dos últimos a constituir a sua defensoria. Ele o fez só em 2006. O PL 40 é dar minimamente condições - merecem muito mais - para esses trabalhadores exercerem a sua atividade neste órgão tão importante para a população carente. Não é um projeto da oposição ou da situação. Trata-se de um projeto que vai contribuir para um órgão que presta um serviço essencial no Estado de São Paulo. Não tem nada a ver com o PL 65 do Deputado Campos Machado. São coisas bem distintas por isso queremos votar este projeto. Ainda bem - e o Campos deu a sua palavra - que na tarde de amanhã votaremos o PL 40, palavra do Deputado Campos Machado que tenho certeza - como sempre - vai ser honrada nesta Casa. Portanto, em relação ao PL 40 considero resolvida essa polêmica. Vamos votá-lo amanhã. Isso não tem nada a ver com o PL 65 de autoria do Deputado Campos Machado, que tem dois problemas, na minha concepção.

O primeiro deles é de ordem formal. Este PL versa sobre um órgão da administração pública e a competência constitucional para elaboração de um projeto como este tem de ser de iniciativa do Poder Executivo. Aqui está a primeira razão de inconstitucionalidade da matéria. Não pode ser iniciativa do Poder Legislativo. Há um vício de iniciativa, há uma inconstitucionalidade formal neste Projeto 65. Mas não para aí na inconstitucionalidade do projeto.

A Constituição da República no seu inciso LXXIV, do Art. 134, diz textualmente que este serviço público aos mais necessitados do Estado - esta assistência jurídica - deve ser de competência do Estado e deve ser feito pela defensoria pública em todo território nacional. Portanto, atribuir à OAB, entidade de que tenho orgulho em pertencer, é ferir de morte o Art. 134 da Constituição Federal. Portanto, há uma inconstitucionalidade material. Eu falei de uma inconstitucionalidade formal - vício de iniciativa - e aqui está uma inconstitucionalidade material. Fere o Art. 134 da Constituição, mas fere também a nossa Constituição Estadual e a nossa lei complementar que versa sobre a defensoria pública. Portanto, do ponto de vista formal há uma inconstitucionalidade e do ponto de vista material há uma inconstitucionalidade por conta da força do Art. 134 da nossa Constituição.

E quanto à matéria propriamente dita? Também discordo. Tirar da Defensoria Pública essa prerrogativa significa ferir de morte, acabar, destruir a Defensoria Pública no Estado de São Paulo, e nós deputados não podemos admitir isso. (Manifestação nas galerias.) a Defensoria Pública presta um serviço de qualidade, precisa ser fortalecida. e nobres deputados, se faltam defensores, que o governador do estado promova um concurso público e aumento o número de defensores no Estado de São Paulo. Voltar ao que era antes é um retrocesso e isso esta Casa não pode admitir. E nós estaremos firmes, convictos de que serviço jurídico de qualidade para os necessitados desse estado devem ser prestados pela Defensoria Pública e é ela que nós devemos fortalecer. Muito obrigado, Sr. Presidente. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, nos termos do Art. 100, inciso I, do Regimento Interno, convoco V.Exas. para uma Sessão Extraordinária a realizar-se hoje, 10 minutos após o término desta sessão, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia: Discussão e votação - Projeto de lei nº 840, de 2011, de autoria do Sr. Governador. Institui o regime de previdência complementar no âmbito do Estado de São Paulo, fixa o limite máximo para a concessão de aposentadorias e pensões de que trata o artigo 40 da Constituição Federal, e autoriza a criação de entidade fechada de previdência complementar, na forma de fundação.

Nos mesmos termos, convoco V.Exas. para uma Sessão Extraordinária a realizar-se hoje, 10 minutos após o término da primeira Sessão Extraordinária, com a mesma finalidade: PL 840, de 2011.

 

O SR. ENIO TATTO - PT – PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, quero dialogar com os demais deputados, em especial com o líder do governo, o deputado Estevam Galvão e deputado Campos Machado. V.Exa. acabou de anunciar a convocação de duas sessões extraordinárias. Nenhuma delas para apreciar o PL 40, que dá aumento à Defensoria Pública. Acabei de protocolar um requerimento com o objetivo de contemplar esses servidores que saíram de suas casas, estão aqui desde cedo passando em todos os gabinetes, conversando com praticamente todos os líderes.

Já que há entendimento pelo que percebi nos pronunciamentos poderíamos pautar ainda hoje, na primeira sessão extraordinária - isso é possível - o PL 40 da Defensoria Pública. A par de nossas divergências, poderíamos votar esse projeto para eles não voltarem aqui amanhã. Qual a diferença de votar hoje? Podemos combinar de não discutir e não fazer encaminhamento. Em cinco anos votamos o projeto deles e, em seguida, entramos no projeto pautado. É uma questão de favorecê-los. Sr. Presidente, o requerimento está em suas mãos. Poderíamos fazer isso, sem dúvida.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, peço a palavra para encaminhar pelo PDT.

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - Tem V.Exa. a palavra, pelo tempo regimental.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, cidadãos que nos acompanham pela TVA, cidadãos que estão nas galeria acompanhando e exigindo o posicionamento desta Casa, não é o momento oportuno para debater qualquer outro projeto, mas gostaria de manifestar total apoio a esse requerimento que foi protocolado pelo deputado Enio Tatto tendo em vista que Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo já dormitou demais com esse PLC 40. Simplesmente ele vai proporcionar um reescalonamento de vencimentos para servidores. Isso gera um gasto de 1,6 milhão de reais/ano, que significa 1% do orçamento para recursos humanos. Para esses servidores que estão sendo injustiçados nesse momento pela letargia, pela morosidade e pela disputa político-partidária na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que nós pudéssemos minimizar a dor.

Já deveríamos ter votado esse projeto há quase um mês. Estamos chegando ao encerramento das atividades do ano e vai haver uma compressão do tempo. Não podemos misturar as coisas. Temos obrigação, como já tínhamos um mês, de ter votado esse projeto. Ele poderia estar sancionado, já poderiam ter sido providenciados os pagamentos retroativos e o estabelecimento da nova folha de vencimentos formal, e mais, temos 15 cargos extintos, temos cargos que necessariamente devem ser criados para que não haja mais prejuízo à população, principalmente a mais carente. Se vamos fazer obstrução política, se vamos para a guerra, se vamos para o debate, não vamos escolher ou massacrar aquele que é indefeso, que está à margem da disputa.

Devemos nos lembrar que ele PLC 40 não é de iniciativa de nenhum parlamentar, é de iniciativa governamental, que tem maioria nesta Casa. Não existe ninguém que se oponha ao PLC 40. Votamos, nesse ano, projetos com valorização salarial para 450 mil servidores ativos, estendendo isso a mais de 300 mil inativos. E agora vamos permanecer massacrando menos que 500 servidores da Defensoria.

E qual é a diferença de votar hoje e votar amanhã? A diferença é que nós temos que nos sentirmos envergonhados de não termos votado já há um mês. Não devemos exigir palmas para coisa nenhuma. Nós já estamos faltando com esses servidores. Não há nada a ver uma coisa com a outra, a obstrução que eu possa fazer em relação a projetos do Governo, e eu as farei.

Não vamos parar de gritar aqui, até que haja o cumprimento do compromisso, que é compromisso do Governo não só com os servidores, mas com toda a Assembleia Legislativa: o encaminhamento para esta Casa do projeto dos pesquisadores científicos, dos técnicos da Agricultura que também, se não chegar a esta Casa e não for votado, vamos fazer toda a obstrução possível, e não vamos deixar, ou pelo menos vamos tentar impedir a votação do orçamento.

Porque é vergonhoso assistirmos a quem faz acontecer de fato as atividades públicas do Estado de São Paulo, que são os seus servidores em todas as áreas, serem mais penalizados do que já são. Se pegarmos em atividades congêneres, nesses cargos de apoio da Defensoria, veremos que nas atividades congêneres do Estado já é bem mais valorizado quem exerce atividades similares.

E vamos fazer que a dor se prolongue mais, a título do quê? De dizer que tivemos uma vitória contra o Governo, ou que tivemos uma vitória e um embate contra a oposição? Não se trata disso. Se há o consenso, se será colocado em pauta amanhã esse projeto, por que não fazê-lo já, se temos a condição regimental? Para que protelar o sofrimento, se há até a condição, e houve a condição manifesta até do próprio Presidente da Assembleia, no Colégio de Líderes, de acelerar ao máximo o encaminhamento do projeto aprovado, para a sanção do Governador, num gesto de boa vontade do Presidente? Por que não podemos fazer que isso se antecipe 24 horas, se nós já estamos atrasados mais de um mês?

Entendo que o debate político e o debate feito no campo das ideias, do respeito, ele deva ser feito, e a democracia assim possibilita, graças a Deus, e a luta de muitos no passado nos dá a condição de estarmos aqui para defender as nossas ideias, a nossa livre convicção, defender aqueles que representamos.

Mas vamos poupar as nossas energias, as nossas forças para o debate político-partidário, para o campo das ideias, para o campo do aperfeiçoamento dos projetos e até a democrática obstrução, o posicionamento de oposição, para projetos que não estejam afetando diretamente a dignidade dos servidores e de serviços públicos do Estado de São Paulo.

Não é só a questão de correção de salários. E é bom que a população saiba que não são corrigidos desde o nascedouro da Defensoria no Estado de São Paulo. E o que vamos dizer? Por que 24 horas de agonia a mais? Estamos atrasados com esses servidores cinco anos numa providência mínima, cinco anos atrasados em cumprir o Art. 37, X, da Constituição, que fala da revisão anual de salários. Estamos atrasados em cumprir a lei que o próprio Governador do Estado encaminhou para esta Casa, que esta Casa sancionou, que também estabelece a data-base da revisão de salários para 1º de março.

Encareço para que possamos deliberar e colocar na Sessão Extraordinária, antes da discussão do projeto da Previdência Complementar, esse projeto, que foge completamente a qualquer disputa de posicionamento desta Casa. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Em votação o pedido de prorrogação da sessão por duas horas e 30 minutos. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovada.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, regimentalmente solicito uma verificação de votação.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. Esta Presidência vai proceder à verificação de votação pelo sistema eletrônico. Os Srs. Deputados que forem favoráveis deverão registrar o seu voto como “sim”, os que forem contrários deverão registrar o seu voto como “não”, ou registrarem abstenção nos terminais.

 

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- É feita a verificação de votação pelo sistema eletrônico.

 

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O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, gostaria de informar que a Bancada do PSOL encontra-se em obstrução.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Está registrada a manifestação de Vossa Excelência.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, quero manifestar que a Bancada do PT está em obstrução.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Está registrada a manifestação do líder do PT.

 

O SR. PEDRO BIGARDI - PCdoB - Sr. Presidente, quero registrar que a Bancada do PCdoB está em obstrução.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Está registrada a manifestação do líder do PCdoB.

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, terminado o processo de votação, esta Presidência anuncia o resultado. Participaram do processo 72 Srs. Deputados, este Deputado na Presidência, cinco votaram “não”, 15 votaram “abstenção” e 51 votaram “sim”, resultado que prorroga a sessão por duas horas e 30 minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, para encaminhar pela Liderança do PSOL.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Celso Giglio.

 

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O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, servidores da Defensoria Pública, em primeiro lugar fazer novamente um apelo que já fiz no Pequeno Expediente, logo no início dos nossos trabalhos, para que haja um entendimento entre os líderes partidários, entre todos os partidos e deputados, para que possamos reforçar a ideia da proposta do Líder da bancada do PT, Deputado Enio Tatto, de pautar o PLC nº 40 na próxima Sessão Extraordinária, ou na segunda, no máximo. Porque isso é possível, já há um entendimento de que este projeto é importante e estratégico para os servidores da Defensoria Pública; e que haverá uma votação consensual e não há necessidade de empurrar esse projeto para amanhã. Muita coisa pode acontecer amanhã e o projeto pode ser inviabilizado, pois acordos são rompidos nesta Casa de Leis. Já tivemos várias experiências negativas nesse sentido e as condições objetivas estão dadas, e podemos votar ainda na data de hoje. Isso é possível se houver um acordo entre todas as lideranças.

Fazemos um apelo para que haja a aprovação imediata do PLC nº 71, que foi publicado hoje no Diário Oficial do Estado de São Paulo. Volto à tribuna para fazer esse apelo. É um projeto importante para os nossos cinco milhões de alunos da rede estadual de ensino, sobretudo para os professores OFAs, ACTs, contratados em caráter excepcional e temporário pela Secretaria estadual de Educação. E temos uma grande anomalia nesse ponto: temos metade da rede estadual contratada por esse dispositivo. Ou pela Lei 500, ainda de 1974, ou pela Lei 1093, de 2009. O PLC nº 71, que foi encaminhado pela Assembleia Legislativa pelo Governador Geraldo Alckmin, tenta corrigir essa distorção da Lei 1093. Só que a correção é muito tímida e insignificante. É por isso que já preparamos emendas para a correção dessa lei. Quando faço o pedido para que ele seja colocado em votação é juntamente a aprovação com as nossas emendas. Sem essas emendas, o projeto não vai resolver a questão da quarentena dos professores OFAs e ACTs.

É inconcebível que essa legislação aprovada pela base do Governo, em 2009, fruto de um projeto de lei do ex-Governador José Serra, crie esse dispositivo na rede estadual e contrate um professor por apenas um ano, proibindo o prosseguimento da contratação no ano seguinte. Queremos corrigir o fato de que o professor fique apenas um ano numa escola. Isso é uma afronta, uma violação aos nossos alunos, ao projeto pedagógico e ao próprio trabalho do professor.

É nesse sentido que temos de fazer urgentemente essa correção tardia, e que já deveria ter sido feita logo no início na aprovação dessa lei quando apresentamos inclusive ação na Justiça, formos ao Ministério Público e apresentamos um projeto de lei que tramita aqui revogando a Lei 1093. Além disso, o projeto apresentado pelo Governador não corrige a questão, não revoga a falsa avaliação que chamamos de provinha, ou provão a esses professores OFAS/ACTs. E na nossa emenda nós acabamos com essa falsa avaliação, que é a prova. O que defendemos é concurso público de provas e títulos para o ingresso no Magistério público estadual, como reza a LDB, Lei de Diretrizes e Base da Educação nacional, que é a Lei 9394, como determina a própria Constituição Federal, e a nossa Constituição estadual. Essa legislação não é respeitada no Estado de São Paulo, temos pouquíssimos concursos públicos. É por isso que temos essa anomalia, de ter quase a metade da rede contratada em caráter excepcional.

Esse era um ponto que gostaria de destacar e fazer um apelo para que possamos votar imediatamente na semana que vem. Senão vamos ingressar no ano de 2012 com uma falta de professores. Porque os professores que tiveram os seus contratos já cumpridos durante o ano não terão a oportunidade de voltar à rede estadual. Então a rede vai iniciar o ano letivo de 2012 sem professores. Muitas disciplinas não vão ter professores, e com isso os alunos perdem aulas logo no início do ano de 2012.

Gostaríamos ainda de dizer que estamos preocupados. Além do PLC nº 40 que temos de votar em caráter de urgência, temos aqui tramitando, ao mesmo tempo, um projeto que está criando uma grande polêmica, negativa para a Assembleia Legislativa, que é o Projeto de lei do Deputado Campos Machado. É o Projeto de lei nº 65, do Deputado Campos Machado, que tem criado aqui uma grande polêmica.

Deputado Campos Machado, respeito V. Exa. como deputado. V. Exa. tem o direito de apresentar qualquer projeto de lei, mas, pelas consultas feitas aqui, o projeto de V. Exa. é inconstitucional. Ele afronta a Constituição Federal. Parece também que V. Exa. não tem apoio da Assembleia Legislativa. Pelas conversas que tivemos até agora, parece que V. Exa. está sozinho neste projeto. Nem a base do governo vai acompanhá-lo. Nós, da oposição, não vamos. O PSOL, o PT, o PCdoB, o Major Olímpio e muitos deputados da base do Governo também não apoiam esse projeto. Então, parece que V. Exa. ficou sozinho e abandonado mais uma vez aqui na Assembleia Legislativa, como ficou abandonado em relação àquele projeto da Corregedoria da Polícia Civil. V. Exa. ficou falando sozinho aqui. Até a base do Governo o abandonou.

Agora a mesma história se repete em relação a esse projeto. Estranhamos que o Deputado Campos Machado não tenha se esforçado para defender os advogados contribuintes do Ipesp, quando o Ex-Governador Serra apresentou aquele perverso e maldito projeto que colocou em processo de extinção a Carteira Previdenciária dos Advogados do Ipesp, aquele golpe contra 40 mil advogados que contribuíam com a sua Carteira da Previdência criada pelo próprio Governo do Estado.

O Deputado Campos Machado, que se diz defensor dos advogados, não defendeu a aposentadoria dos 40 mil advogados. Não estou entendendo o Deputado Campos Machado apresentar um projeto que, se ele for aprovado, mas que não será porque não tem apoio aqui da maioria da Assembleia Legislativa, fere de morte a Defensoria Pública porque na sua essência destrói a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, que é nova, que foi uma das últimas a ser criada no Brasil.

Só temos ainda 500 defensores públicos no Estado de São Paulo. Precisamos de quatro ou cinco mil defensores para atender a população do nosso Estado. No nosso Estado tem 42 milhões de habitantes e só tem 500 defensores. Isso é uma vergonha porque o Estado mais rico e populoso da Federação tenha apenas 500 defensores públicos, com uma estrutura precária de funcionamento porque não tem investimento do Governo. É inconcebível que esse PL 65 seja aprovado.

Fica aqui o apelo da Bancada do PSOL para colocar, na primeira sessão extraordinária ou na segunda, o PLC nº 40 que trata do reajuste dos salários dos funcionários do Quadro de Apoio da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Bigardi, para encaminhar a votação.

 

O SR. PEDRO BIGARDI - PCdoB – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias, quero dizer que este ano votamos aqui na Casa uma série de projetos referentes ao funcionalismo, carreira, cargo, salário, projeto da Educação, Saúde, Segurança Pública.

Foram todos projetos polêmicos que exigiram da Casa muitos debates, audiência pública, ouvir as entidades de classe. Houve um acirramento entre oposição e situação nesta Casa em relação a esses projetos para que houvesse uma melhoria.

Por que estou dizendo isso? Porque não é o caso daqueles projetos extinguindo carreiras, cargos, salários, ascensão na carreira, uma série de questões que eram muito difíceis de serem tratados. Não é o caso deste PLC 40 porque aqui se trata simplesmente - e aí quero dizer da minha indignação em relação ao que está acontecendo nesta Casa - sobre a reclassificação dos vencimentos dos integrantes do subquadro de apoio da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Este projeto poderia ser aprovado sem qualquer debate mais profundo entre oposição e situação. Esse projeto poderia ser aprovado sem nenhuma discussão de acordos entre oposição e situação. Já poderia ter sido aprovado anteriormente, não deveria estar nessa situação de hoje. Infelizmente, chegamos à situação de debater este projeto quando deveríamos debater aqui profundamente a situação da Defensoria Pública.

Alguns Deputados que passaram por aqui falaram com o Deputado Carlos Giannazi, que falou agora pouco, que temos apenas 500 defensores públicos no Estado de São Paulo. Isso é uma vergonha para o Estado de São Paulo, o último Estado a criar a Defensoria Pública. Então, esses defensores não dão conta do Estado de São Paulo, mal dariam conta de uma região metropolitana, talvez até menos.

Gostaríamos de discutir aqui profundamente a situação da Defensoria Pública. A estruturação, a necessidade de mais defensores públicos, as condições de trabalho é esse o debate que deveríamos fazer.

Vejo alguns deputados passarem por este microfone falando exatamente isso. Só que eu gostaria de discutir essas questões em cima de um projeto do governo e não em cima dessa questão salarial. Essa questão salarial deveria ser aprovada rapidamente pela Assembleia, não fazer parte de nenhum tipo de discussão entre oposição e situação em relação aos projetos que ainda faltam ser debatidos este ano aqui na Assembleia Legislativa.

Lamento muito chegarmos aqui e deixar pessoas esperando. Poderia aprovar hoje, poderia ter aprovado ontem, na semana passada rapidamente este projeto, até porque é um projeto básico em detrimento dos servidores da Defensoria Pública, e partirmos para outro tipo de debate aí, sim, muito mais profundo sobre as reais condições da Defensoria Pública.

Visitei a Defensoria Pública em algumas cidades como Jundiaí, minha cidade, e vimos a dificuldade que é o trabalho, o valor que tem a Defensoria Pública no atendimento à população. É um trabalho social.

Estamos discutindo aqui não simplesmente o trabalho dos defensores, mas o atendimento à população lá na ponta, à população que mais precisa e que não tem acesso à defesa dos seus interesses. Então, esse debate mais profundo que deveríamos estar fazendo, mas em cima de um projeto de criação de cargos, de concurso público e não essa questão salarial porque, para mim, colocar outros projetos nessa discussão entre oposição e situação é muito pequeno e lamentável.

Também quero dizer que temos este ano ainda uma agenda de trabalho para ser cumprida até o final do ano e que, infelizmente, não vamos conseguir cumprir. Temos a questão orçamentária do Estado de São Paulo, uma questão crucial e deveríamos estar debatendo o orçamento já algum tempo aqui no plenário, nas comissões, no colégio de Líderes para ver como poderíamos aumentar as áreas que hoje tem um orçamento muito baixo.

Vou dar exemplo aqui do que debatemos na Comissão de Esportes, com o vice-presidente da Comissão de Esporte aqui da Assembleia Legislativa. Temos 0,1% do orçamento para o esporte. Todo mundo sabe que o esporte e a cultura são dois grandes instrumentos de trabalho social de melhoria para juventude e crianças. Nós sabemos disso, os defensores públicos sabem disso. Mas 0,1% do orçamento do Estado para o esporte.

Ao invés de fazer um debate profundo aqui de como melhorar a questão orçamentária, vamos chegar na última semana do ano com o orçamento para ser discutido e votado aqui nesta Casa sem o debate profundo.

Esta a situação da Assembleia Legislativa. Ficamos nessa coisa travada entre situação e oposição e não conseguimos avançar nas questões essenciais.

Gostaria muito de debater o orçamento já algumas semanas e de como melhorar a área da Cultura, do Esporte, áreas prioritárias do Estado de São Paulo como da Segurança Pública e ver toda essa conformação porque o Orçamento do Estado de São Paulo é uma repetição ano a ano, os percentuais são os mesmos, é uma peça que acaba tendo muito mais o caráter burocrático do que um plano de ação, uma vontade do Governo em atender a população do Estado de São Paulo nos mais variados setores. A gente fica debatendo esta questão de situação e oposição até altas horas e não avança nas questões essenciais. Poderíamos votar, sim, este projeto hoje sem qualquer problema e avançaríamos em outras áreas mais importantes.

Eu não poderia perder a oportunidade de discutir essa questão da previdência complementar dos servidores públicos. É um projeto que tem polêmicas, questões ainda a serem debatidas, conseguimos avançar em alguns pontos, mas faltam outros como o que colocou o Deputado Olímpio Gomes, se não me engano: a questão da mulher que tem um tempo para aposentadoria diferenciado do homem, estaríamos penalizando as mulheres se aprovarmos o projeto da forma que está. Em que pese o Governo acenar que pode aumentar a sua contribuição de 7,5 para 8,5, é apenas um aceno, precisaríamos ter a confirmação disso.

Outro problema é em relação àqueles que chegam aos 80, 85 anos, que também não estão resguardados neste projeto. Portanto um projeto que não está amadurecido entre todos os deputados: situação oposição, base do Governo. Há muitas dúvidas em relação a esta questão. A retroatividade é outra polêmica. É preciso aprofundar este debate da previdência complementar; do orçamento, que é crucial para o Estado de São Paulo para atendimento social, para atendimento da população do Estado; o projeto da defensoria poderia passar sem qualquer problema; o nosso embate poderia ser feito em cima de outros projetos que realmente justificam necessidade sem segurar a votação deste projeto que é tão simples e atende minimamente os funcionários da defensoria pública.

Cumprimento a todos vocês que comparecem a esta Casa. A Bancada do PCdoB - falo em meu nome e em nome da Deputado Leci Brandão - gostaria de ver aprovado este projeto. Que as pessoas possam ir para casa vendo os deputados votarem um projeto de interesse da população: o projeto da defensoria pública. (Manifestação das galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - Em votação o requerimento. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

 

O SR ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, requeiro uma verificação de votação.

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. Esta Presidência vai proceder à verificação de votação pelo sistema eletrônico. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis deverão registrar o seu voto como “sim”, os que forem contrários como “não” ou registrar abstenção em seus terminais.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. CARLOS BEZERRA JR. - PSDB - Sr. Presidente, solicito o relatório da votação anterior. Parece que há um equivoco, porque não votei e aparece o registro do meu voto como “não”.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, acho que não é um equívoco. É problema para anular a votação. Isso é gravíssimo.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência suspende a sessão por um minuto.

 

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- Suspensa às 19 horas e 32 minutos a sessão é reaberta às 19 horas e 33 minutos, sob a presidência do Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, ainda que incorreto o voto do deputado Carlos Bezerra Jr. ele em nada alteraria. Simplesmente registro a manifestação para efeito absolutamente algum.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, olha a brincadeira demagógica. O voto “não” só poderia ser atribuído a eles. Se V.Exa. decidiu, acho que não há nada mais a dizer. Alea Jacta est - a sorte está lançada. Vamos ao debate.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, com todo respeito que temos por V.Exa., V.Exa. sabe que a bancada do PT, composta por 24 deputados, votou em V.Exa. para presidente desta Casa. Mas não é dessa forma tão simples que se resolve um problema grave, não pelo resultado da votação, mas um deputado do PSDB, da base governista, veio ao microfone e disse que não participou da votação e o voto dele foi registrado como “não”. Não vamos polemizar, Sr. Presidente, mas não é dessa forma que se encaminha o caso. O problema é outro, é defeito no painel eletrônico.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Não há problema absolutamente nenhum no painel. Ele tem sido usado diariamente. Simplesmente ocorre um erro absolutamente involuntário, que não tem conseqüência absolutamente alguma. Não tem sentido algum fazer qualquer coisa a respeito dessa manifestação. Ela é absolutamente inócua. É oportuna para ser registrada e para que não ocorra mais falhas como essa. Mas é uma falha sem nenhuma conseqüência.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, peço a suspensão dos trabalhos por dois minutos porque acho que não é dessa forma que se encaminha. Apareceu o voto de um votado que não votou.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Deputado Enio Tatto, não tem sentido. O resultado da votação foi 51 votos “sim”; foi registrado o voto como “não”. Não sei a intenção. Não tem sentido. Tem mais alguém que não voto um e teve o voto registrado? (Pausa.)

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, exijo um esclarecimento. Um deputado não votou. Apareceu no painel eletrônico.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Não foi no painel. Todo dia o painel é usado. É uma falha absolutamente insignificante. Foram 51 votos “sim”; o voto “não” foi computado erradamente. O correto seria 51 votos “sim”, quatro “não” e 15 abstenções. Esse é o resultado.

 

O SR. ALENCAR SANTANA - PT - Para que a proposta de prorrogação fosse aprovada, qual era o quorum necessário? (Pausa.) quarenta e oito votos. Quatro votos a mais. Se tivesse 47, não seria aprovada. Sr. Presidente, tivemos um deputado do PSDB dizendo que o voto dele apareceu como “não”. Quem pode dizer que não tivemos voto dessa mesma forma?

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Agora tem 53 deputados que votaram “sim”. Indago se algum deputado teve seu voto registrado errado. (Pausa.) Vamos continuar a votação.

 

O SR. EDINHO SILVA - PT - Sr. Presidente, voto “não”. Se V.Exa. me permite, com muita tranqüilidade faço uma ponderação. Sr. Presidente, não é uma questão numérica que estamos discutindo aqui. Faço aqui uma ponderação em nome da credibilidade desta Casa. Penso que a postura correta diante da incerteza da aferição eletrônica do voto é que seja suspensa qualquer votação pelo sistema eletrônico, enquanto a Mesa não esclarecer o que de fato aconteceu no registro eletrônico.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, participaram do processo de votação 78 Srs. Deputados: este Deputado na Presidência, 56 Deputados responderam "sim", três responderam "não" e 18 se abstiveram, resultado que aprova a inversão da Ordem do Dia.

Discussão e votação - Projeto de lei nº 840, de 2011, de autoria do Sr. Governador. Institui o regime de previdência complementar no âmbito do Estado de São Paulo, fixa o limite máximo para a concessão de aposentadorias e pensões de que trata o artigo 40 da Constituição Federal, e autoriza a criação de entidade fechada de previdência complementar, na forma de fundação. Com 57 emendas. (Artigo 26 da Constituição do Estado).

Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino, para falar a favor.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, o projeto ora apresentado tem alguns problemas de origem.

De antemão coloca em risco dois grupos de trabalhadores. Primeiro, em relação às mulheres. Hoje as servidoras públicas do Estado de São Paulo, algumas em regime especial, outras no regime geral, mas temos já garantido por lei que as mulheres têm um período de contribuição e um período de aposentadoria inclusive inferior ao dos homens.

O projeto cria um processo de contribuição de 35 anos para o fundo de aposentadoria complementar, e a mulher se aposenta com um período inferior ao dos homens, com um tempo menor de contribuição, e isso já caracteriza um problema. As mulheres, na constituição do fundo, quando iniciar o processo de recebimento da aposentadoria complementar, estará recebendo um valor na complementação menor do que a contribuição que o homem fez ao longo da sua carreira no serviço público do Estado de São Paulo.

Esse é o principal problema. As mulheres, ao final da carreira no serviço público terão uma diferenciação na complementação salarial no plano que o Governo apresenta neste momento.

Um outro problema de constituição desse fundo, e é importante dialogar com os servidores, é que o Governo Federal está constituindo três fundos. Um fundo para o Legislativo, uma fundação para o Executivo e uma fundação para o Judiciário. São três fundações constituídas no projeto de lei federal. No plano federal há três questões: o conselho deliberativo, o conselho fiscal e uma diretoria executiva. Nos três casos, no Governo Federal, a gestão do fundo será paritária. Metade do patrocinador e a outra metade do trabalhador eleito pelos trabalhadores para a constituição desse fundo. Diferente do que acontece com o projeto do Governador do Estado de São Paulo, na proposta apresentada há um único fundo e um único plano. No projeto do Governo Federal há três planos e três fundos. Isso cria uma diferença na constituição desse fundo de complementação para aposentadoria complementar. Então, já há uma diferença gritante entre o que foi apresentado no Executivo estadual e no Governo Federal.

Outro problema grave é o processo do recebimento da complementação da aposentadoria complementar. No Governo Federal já se constituiu um debate e está se constituindo um fundo de sobrevivência. Nesse fundo de sobrevivência ninguém ficará sem complementação enquanto vida tiver. O que está garantido em relação ao projeto do Governo Federal? Todos os trabalhadores terão a possibilidade de se aposentar de forma integral. Essa aposentadoria de forma integral garante a contribuição ao longo do tempo, recebe a aposentadoria pelo INSS e a complementação se dará numa alteração numa alíquota de 7,5% para 8,5%, que garante a complementação do trabalhador, a partir de uma participação do patrocinador - o Executivo, o Legislativo e o Judiciário - e uma participação do trabalhador. Com isso, a mulher fica garantida. A mulher terá a complementação integral, os trabalhadores que têm aposentadoria especial também terão sua aposentadoria integral e você garante uma aposentadoria a todos os trabalhadores que contribuíram ao longo de sua vida. O que se garante no projeto do Governo Federal? Que ninguém ficará sem complementação enquanto vida tiver, independentemente do momento em que falece. Se a pessoa viver até 92 anos, vai ter a complementação da aposentadoria até o final da sua vida. Pela proposta do Governo do Estado, quando o trabalhador completar 80 anos, ou 82, depende do momento em que entrou no serviço público do Estado de São Paulo, cessa a aposentadoria complementar e terá uma redução no que efetivamente recebe ao longo dos anos. É um problema sério e vai ser corrigido no projeto de lei apresentado pelo Executivo federal.

Por que será que o Governo do Estado de São Paulo está querendo votar de forma rápida o projeto de complementação de aposentadoria complementar se ainda não se discutiu o programa de complementação no Governo Federal? A lei complementar que regra a Previdência complementar é a Lei nº 108 e a Lei nº 109. O projeto apresentado é claro. Vai levar em consideração a Lei Complementar nº 109 e a Lei Complementar nº 108, leis federais. O Governo do Estado não quer esperar uma decisão federal, que vai ter alteração, vai mudar a alíquota de 7,5%, vai ter uma alteração em relação ao fundo de sobrevivência, várias alterações no projeto federal.

Mas o Governador do Estado de São Paulo quer penalizar as mulheres, os futuros aposentados do Estado de São Paulo. É só isso que entendemos. A lei é clara. O objeto é claro. Vai haver penalização. O Governador insiste em manter um projeto que penaliza as mulheres. O governo insiste em manter um projeto que vai penalizar os aposentados do Estado de São Paulo. Todos os aposentados no momento da sua aposentadoria, no momento em que mais precisa, quando começa a usar mais remédios, quando precisa de um acompanhamento, não vai ter renda suficiente para sua manutenção. Essa é a síntese do projeto. Penaliza as mulheres e os futuros aposentados do Estado de São Paulo.

Outro problema sério em relação ao projeto apresentado, que já avançou no projeto federal, que todos os servidores hoje que por ventura venham a fazer um concurso público no Governo Federal têm garantido que continuam com aposentadoria integral no serviço público federal. Hoje, um servidor com 20 anos de trabalho no serviço público do Estado de São Paulo presta um concurso para o serviço público federal, passa a ser um servidor concursado do Governo Federal. O projeto do Governo Federal leva toda a contribuição desse trabalhador ao longo dos 20 anos para o Governo Federal e garante a aposentadoria integral. Esse é um dos principais pontos de diferença que estão garantidos no Governo Federal e não se garante no projeto apresentado pelo Governador Geraldo Alckmin. Há muitos vícios, muitos problemas que vão penalizar a população do Estado de São Paulo.

Pergunto: o Ministro da Previdência é do PMDB. Como vão se comportar os deputados estaduais do PMDB na Assembleia Legislativa? O projeto está sendo apresentado e tem sido construído pelo Executivo junto com o Ministro da Previdência. Lá, há alterações simbólicas, estruturais que garantem aposentadoria integral para a mulher, que garantem aposentadoria complementar até quando o trabalhador estiver em vida. Já tem essa alteração. Mas aqui não. O Governo do Estado de São Paulo quer penalizar as mulheres. O Governo do Estado de São Paulo quer penalizar os futuros aposentados.

Outro problema: qualquer fundo de pensão é passível de ter déficit ao longo da sua constituição. Em quatro parágrafos o Governador do Estado de São Paulo está tentando tirar sua responsabilidade em relação ao déficit.

O Artigo 25 diz: os planos de benefícios não poderão receber aportes patronais a título de serviço passado.

O Art. 27 diz: os abrangidos pelo disposto no artigo cuja remuneração seja inferior ao valor do teto dos benefícios pagos pelo regime geral poderão optar por contribuir sem a contribuição do patrocinador. O Parágrafo 3º do Art. 27 diz: na hipótese de contribuição do participante sobre parcelas remuneratórias não incorporáveis não haverá contrapartida do patrocinador.

O Art. 28 fala sobre as contribuições extraordinárias: além da contribuição normal de que trata o caput deste artigo, o regulamento poderá admitir o aporte de contribuições extraordinárias tal como previsto no Art. 9º, Parágrafo Único, inciso II da Lei Complementar nº 109, de 29 de maio de 2001.

Vejam o que o Governo do Estado de São Paulo coloca no projeto, sem aporte correspondente do patrocinador. Aí vamos para a Lei Complementar 109, que é clara em relação ao dispositivo. Este projeto traz uma redação que vai contra ao que define a Lei Federal. O que diz o Art. 19 da Lei Federal? Contribuições extraordinárias, aquelas destinadas ao custeio de déficits, destinadas a serviço passado e outras finalidade não incluídas na contribuição normal.

Então o que temos aqui? É uma Lei Federal, Lei Complementar 109, aprovada e sancionada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. E agora o Governador apresenta uma proposta onde tira toda a responsabilidade do Executivo, do Governador do Estado de São Paulo, e coloca a responsabilidade para os participantes do Fundo. Estamos aprovando uma bomba relógio, que vai recair sobre os participantes do Fundo de Pensão. Estamos aprovando aqui um projeto de lei que vai prejudicar mulheres, servidoras públicas do Estado de São Paulo; estamos aprovando um projeto que vai prejudicar os futuros aposentados servidores do Estado de São Paulo.

É então importante que cada deputado leve em consideração o projeto ora apresentado. São projetos que têm problemas na Constituição, na comparação do projeto que será apresentado e aprovado pelo Governo Federal. O Governo Federal apresenta um aporte de 50 milhões de reais para o projeto do Executivo; 25 milhões para o projeto do Judiciário; 25 milhões para o projeto do Executivo. E no Estado de São Paulo o aporte do Governador é de apenas 20 milhões de reais para a constituição desse Fundo.

Não dá então para aprovar o projeto do jeito que está apresentado. Nós não aceitamos penalizar as mulheres, os futuros aposentados do Estado de São Paulo. Não queremos aprovar nesta Casa uma bomba relógio, que vai cair no colo dos servidores nos próximos 30, 35 anos no Estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra para falar contra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários, telespectadores da TV Assembleia, venho à tribuna para discutir logicamente contra, e vou votar contra este Projeto de lei Complementar nº 840.

Gostaria que as câmeras da TV Assembleia mostrasse a atenção e o respeito em relação aos parlamentares que estão debatendo. Temos alguns deputados que estão de costas para o idiota deste deputado, que tenta fazer qualquer espécie de manifestação para tentar sensibilizar.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Este Presidente chama a atenção do Deputado Feliciano e do Deputado Orlando Morando para, em respeito ao orador na tribuna, não se portarem de costas para a tribuna.

Retoma a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Então, de costas, agradeço a atenção. Venho à tribuna manifestar a minha preocupação com um projeto que o próprio Líder do Governo hoje no início da reunião do Colégio de Líderes, Deputado Samuel Moreira, falou que esse projeto não tem mais importância para o Governo. Vamos deixar lá para frente devido às incongruências em relação a esse projeto, e saber realmente.

Sr. Presidente, sinto este plenário vazio e regimentalmente solicito uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. Convido os nobres Deputados Feliciano Filho e Ed Thomas para auxiliarem a Presidência na verificação de presença ora requerida.

 

* * *

 

- É iniciada a chamada.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência constata existência de quorum regimental e devolve a palavra ao nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Agradeço, Sr. Presidente. Eu dizia que no início da reunião do Colégio de Líderes estava a Liderança do Governo dizendo que, diante das incongruências do projeto, o Governo estava retirando o projeto das suas prioridades. Posteriormente, entendeu-se de pautar este projeto, e quando falamos em Previdência, mais uma vez o mais fraco vai pagar a conta. Historicamente, há mais de 50 anos, a malversação no uso dos recursos da Previdência no Estado de São Paulo, a utilização indevida de recursos de Previdência para aparelhamento do Estado - construção de delegacias, fóruns, escolas - acabou criando um buraco da Previdência. Veio o projeto da SPPrev, apresentou-se o passivo atuarial naquele momento, em 2007, de 70 bilhão - hoje deve estar maior -, e que não foi culpado por isso nenhum servidor do Estado de São Paulo. É quem estava na gestão, ou na má gestão da máquina administrativa do Estado ao longo de muitos anos.

Observe-se que a legislação da Previdência e também a legislação federal foram uma bordoada nos servidores federais, que também estão pagando a conta do que não merecem. Mas a simetria, o alinhamento com a legislação federal é fundamental. Não dá para você legislar ou entender que haverá pertinência legal se legislar em cima de normas que está claro e evidente que a lei federal vai trazer dispositivo contrário. Aí, chegamos no momento de votar esse projeto: “Olha, fomos o primeiro Estado a criar o sistema de Previdência Complementar”. Parabéns, por isso que os Deputados têm que ficar de costas mesmo para o colega que está falando. Não precisa saber o que está no conteúdo do projeto.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência chama a atenção dos Sr. Deputados que estão de costas para a tribuna em respeito ao orador que está usando a palavra.

 

O SR. OLIMPIO GOMES - PDT - Obrigado, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, vejo que essa votação é de afogadilho. Ela é intempestiva quando, na verdade, temos o trâmite na Câmara dos Deputados e ainda será encaminhado para o Senado.

O projeto que vai trazer dispositivos diversos eu vejo como imprópria a votação neste momento. Isto em relação à simetria da legislação previdenciária. O alinhamento dos estados em relação à legislação federal.

No outro momento, vejo como extremamente injusto o que vamos fazer com as mulheres. Temos 12 deputadas nesta Casa. Tomara que as 12, independente de posicionamento político-partidária, tomem a defesa da mulher.

Mulheres, com aposentadoria especial, vão pagar um pedágio no futuro. O argumento governamental de que quem está no sistema agora não se aplica isso, será só para quem ingressar no sistema a partir da edição da lei, estamos criando para o futuro uma grave injustiça às mulheres que a legislação desde a Constituição, legislação infraconstitucional garantia lutas das mulheres onde se estabelece, por exemplo, às profissionais da Educação a dupla jornada. Portanto, um tempo menor para aposentadoria e que agora, com esse tempo menor, vão receber a aposentadoria complementar menor. “Ah, mas está assegurado até o teto da Previdência de 3.650 reais.” As professoras, como ganham mal historicamente, nunca vão atingir isso.

Vamos imaginar que não podemos ter, no futuro, uma valorização das profissionais da Educação, por exemplo, como já tiveram no nosso Estado, no nosso País, que poderão, sim, ganhar mais que o teto da Previdência. Aí, terão que ficar contribuindo ou trabalhando cinco, dez anos a mais em função do que vai ser votado.

Vejo até o desinteresse de muitos parlamentares: “Ah, vamos votar logo isso e tirar da frente. Vamos limpar a pauta”. Como é duro percebermos que é assim que se tratam coisas fundamentais de vida.

O Deputado Luiz Claudio Marcolino foi até o Congresso Nacional, ao Ministério da Previdência conversar com as lideranças que estão trabalhando no projeto federal e está vendo que o debate está duro lá porque a conta não fecha. Quando ele fala do fundo de sobrevivência, não duvido que, se for debater, a maioria dos parlamentares desconhece.

Quando estamos falando de aumento da alíquota de 7.5 para 8.5, é para não criar no futuro a figura do desaposentado, aquele que sobrevive de teimoso, que passado os 80 anos vai secar o caixa. É isso, Deus do Céu! Tem deficiências tão graves que o próprio governo tinha aberto mão de colocar o projeto para ser votado. “Ah, mas ainda temos que dar um tranco na oposição”. Não está dando tranco na oposição, não. Está dando um tranco no futuro do serviço público no Estado de São Paulo.

Vejo essa questão da expectativa de vida média. Um dia, tivemos uma audiência com o Dr. Carlos, presidente da SPPrev, que está aqui presente. Ele até brincando, mas realmente falou uma coisa que é importante: “Cada boa notícia na Saúde é uma péssima notícia na Previdência. Quanto mais o servidor viver ou ousar viver no Estado de São Paulo, vamos criar a figura do desaposentado lá na frente.”

Quero dizer que não é simplesmente para fazer oposição político-partidária, não. É pedir uma reflexão dos senhores porque não esperamos a lei federal para que se estabeleça uma simetria e até que não haja questionamento na legislação estadual. Por quê? Porque é um tema tão importante.

Sr. Presidente, vejo um vazio que vai se formando neste Parlamento. Sei que as minhas palavras muitas vezes são indigestas. Mas, Sr. Presidente, como gostaria de ver este plenário cheio, peço uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental.

Convido os nobres Deputados Cauê Macris e Orlando Bolçone, para auxiliarem a Presidência na verificação de presença ora requerida.

 

* * *

 

- É iniciada a chama.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência constata número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados em plenário pelo que agradece a colaboração dos senhores secretários e devolve a palavra ao Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, insisto aos senhores parlamentares que não tem sentido votar este projeto que o próprio Governo entendeu de retirá-lo da pauta em razão desses problemas. Se não tivermos equacionada essa questão do fundo de sobrevivência nós vamos criar no futuro a figura do desaposentado, nós vamos prejudicar as mulheres que têm aposentadoria especial. Isso não basta?! É mais do que motivo. Não estamos dizendo que não devemos buscar uma solução para a previdência complementar. Não devemos dizer que não houve nenhum avanço em relação ao projeto original. O Governo acabou acolhendo com uma emenda do Deputado Pedro Tobias, a quem, aliás, agradeço, reconhecendo a previdência dos militares do Estado pela sua especificidade fora desse projeto.

Quero agradecer de público e dizer a todos os policiais militares, ativos, inativos, pensionistas, embora os que estejam no sistema hoje não sejam abrangidos pela lei, que tenham eternamente um gesto de agradecimento ao Deputado Pedro Tobias, que fez gestões nesse sentido. Lá na frente pode ter um monte de pai da criança, viu de Deputado Pedro Tobias, muita gente está dizendo nos seus e-mails corporativos da grandeza do que conquistou, mas nós sabemos muito bem que não foi assim. A todos aqueles que eu puder dizer da sua atitude em relação ao projeto o farei com satisfação. Mas eu seria injusto se me calasse por ver contemplado ou fora dessa armadilha os meus irmãos policiais militares e dentro todos os demais integrantes das carreiras do serviço público.

Portanto, com absoluta consciência votarei contrariamente a este projeto na expectativa de que ao longo das discussões haja sensibilidade para amadurecimento dessas questões fundamentais.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Para falar a favor, tem a palavra o nobre Deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, Deputado Barros Munhoz, volto a dizer um dos melhores presidentes que esta Casa teve até hoje.

Não faço questão que as pessoas fiquem de costas não, como diz o Deputado Major Olímpio. O que a gente quando vem à tribuna quer não é nem atenção. É apenas um pouco de educação. Mais nada.

Mas, Srs. Deputados, hoje vivi um dia especial. O professor e deputado Carlos Giannazi, educador, passou a vida inteira com uma lousa e um giz, e hoje ele adentra o difícil terreno do Direito Constitucional. O que o deputado Giannazi entende de Constituição? Professor emérito, educador renomado, mas de Direito Constitucional o que ele entende? Vem aqui e diz que o projeto que apresentei é inconstitucional. Com quem ele conversou? Ligou para Ivan Valente, também professor, deputado federal, que disse que é inconstitucional. Dois professores primários falando que o projeto é inconstitucional. Aí vem o deputado João Antonio, civilista, renomado civilista, mas o que entende de Direito Constitucional? O que é constitucional e inconstitucional? É tênue a linha que separa o que é inconstitucional e constitucional.

Li uma matéria hoje: Defensoria cobra ações da prefeitura contra enchentes. A Defensoria Pública, com o respeito que merece, não é Ministério Público. Isso é competência exclusiva do Ministério Público. E a Defensoria Pública entende que é prerrogativa dela. Já imaginaram, Srs. Deputados, dois Ministérios Públicos: Ministério Público 1 e Ministério Público 2?

Quero deixar claro que não é correto o que a Defensoria Pública está fazendo. Um milhão de processos por ano tem o nosso estado. Como é possível 500 defensores públicos, por mais dedicados que sejam, atender um milhão de processos?

Acaso alguém que foi preso injustamente no Pontal do Paranapanema, se não tivesse convênio com a OAB, ele vai ficar preso até a chegada de um defensor público? Ou fazer convênios com faculdades? Como é possível a Defensoria Pública fazer convênios com faculdades, rasgando a Constituição, a lei? Ah, mas é para orientação. Não é possível um estagiário trazer para si a responsabilidade de defender a honra, o patrimônio e a liberdade de uma pessoa? Não estou discutindo aqui a questão da luta de anos e anos pela Defensoria Pública. Estou defendendo a impossibilidade material de se atender um milhão de processos. E a Defensoria Pública não está seguindo o que diz a lei, não está cumprindo: convenio com a OAB. E nosso projeto visa, única e exclusivamente, transferir da Defensoria Pública para a Secretaria de Justiça do estado os convênios que não estão sendo pagos. Tem greve em Poá, já teve greve em Jundiaí, em Porangaba. Como é que se faz? Mas diz a oposição: Nossa luta é por séculos e séculos. Esperem um pouco.

Quando amanhã a Defensoria Pública tiver número suficiente, não haverá necessidade de ter convênio com a OAB. Mas enquanto não tem, quero que alguém me diga como é possível atender  a  todos  os carentes, os humildes, os que não podem pagar ? Ah, mas criamos a Defensoria Pública para isso. Reconheço. Mas não tem condição material. Como é possível atender um milhão de processos por ano com apenas 500 defensores públicos? Aí acontece o que é pior, o que é perigoso. De maneira indevida, foram celebrados convênios com faculdades particulares. Não estou entrando no mérito, mas a lei proíbe. E agora verifico, surpreso, que a Defensoria Pública já está cuidando de ações de competência exclusiva do Ministério Público. (manifestação nas galerias.)

Sr. Presidente, V.Exa. tem que ler para a ilustre galeria, o que diz o Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo sobre apupos e aplausos.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência vai proceder à leitura do artigo do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que trata desse assunto: “Art. 280 - os espectadores não poderão estar armados e deverão guardar silêncio, não lhes sendo lícito aplaudir ou reprovar o que se passar no plenário. Parágrafo 1º: Pela infração ao disposto nesse artigo poderá o presidente fazer evacuar o local destinado ao público ou retirar determinada do edifício da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, inclusive empregando força se para tanto for necessário”.

Obviamente não se trata de uma situação como essa. Nunca houve, graças a Deus, na legislatura passada e nessa legislatura, nem anteriormente, tal situação. Como disse, a honrosa presença de quem hoje acompanha a sessão não vai criar nenhum tipo de problema e o nosso orador poderá continuar tranquilamente o seu pronunciamento democrático.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, dizem que a voz do povo é a voz de Deus. Em latim: Vox Populi, Vox Dei. São 150 moções aprovadas por unanimidade, em 150 municípios do estado, favoráveis ao projeto que apresentei. Consegui convencer os vereadores do PT a aprovar essas moções, a exemplo de Piracicaba? As moções estão aqui. Quem vai me responder isso? Aí vem a oposição que de quando em quando fogem do plenário - fujões profissionais. Quero que na clareza, como se fosse a claridade de um sol, contestem 150 municípios. Ou não valem nada essas moções? Estou esperando que alguém venha aqui e diga que as manifestações de quase quatro ou cinco milhões de pessoas não têm validade? Quero apenas duas moções do interior, para não falar em uma, que reprovem o convênio com a OAB, uma cidade só: ou em Campinas, em Osasco, em Rio Preto, Araraquara. Se o Deputado Edinho Silva trouxer uma moção por unanimidade contra esse meu projeto, eu não quero mais votá-lo, Sr. Presidente. Esse é o desafio que faço aqui nesta noite.

E V. Exa. também, Deputado Enio Tatto, consiga uma moção na Câmara municipal.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, dei uma saída para atender uma pessoa no meu gabinete, e indago V. Exa. sobre qual o projeto que está sendo discutido. É o SPPrev?

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, veja onde chega a demagogia barata e rasteira. Olha aonde chegamos! Como diz Frank Williams: Não importa onde estamos, mas para onde vamos. Para onde vamos, assim?

Sr. Presidente, eu já manifestei que sou favorável ao projeto da Previdência Complementar. Para que discutir o óbvio e ululante de Nelson Rodrigues? Quero discutir isto aqui. O Deputado Gianazzi foi embora, por quê? Onde está o constitucionalista Carlos Gianazzi? Está chegando lá no bairro do Socorro, deve estar lá.

Estou apresentando uma tese. Cidade de Americana, por exemplo. Me traga, qualquer Deputado da oposição, uma moção, uma só, não tem que ser por unanimidade não, pode ser por maioria mesmo, que diga que este projeto que estou apresentando é um projeto que contraria o povo. São os humildes que gritam. É o grito dos carentes, é o grito dos humildes. Ou acaso todos têm condição de ter um advogado?

Pergunte ao Deputado Mauro Bragato se a Defensoria tem condições de orientar e cuidar de todas as pessoas presas lá no Pontal do Paranapanema. Não tem. E qual é a solução? A lei. A lei que o PT quer rasgar, que o PSOL quer destruir, e o PCdoB que vai na onda. É fácil falar para a galeria para receber aplausos. Vêm aqui, e diga qual é o texto legal. O que diz a Constituição do Estado? O que quer o povo de São Paulo? O que quer o povo paulista?

Deputados da Capital, que nunca saíram de São Paulo, que só ficam na Zona Leste, vão interpretar o que se passa no coração de quem mora em Agudos? Está aqui a Câmara municipal de Agudos. Vão a Diadema, vão a Mauá, vão a Santo André, vão a São Bernardo do Campo, vão a Itaquaquecetuba, vão a Guararema, a Mogi das Cruzes, a Itapeva, Atibaia, verifique se existe a menor condição de a Defensoria defender na plenitude os direitos, as pessoas mais carentes, mais humildes.

Daqui a pouco vamos ouvir aqui discursos demagógicos, uma luta de anos. E quem vai responder pelos condenados injustamente, em todo o Estado? Diz Montesquieu que: “um minuto numa prisão é um século de liberdade”. É Montesquieu que disse, não é o Campos Machado.

Mas é muito fácil usar o tempo regimental para vir aqui e dizer que o meu projeto é inconstitucional, que o projeto não serve. Não serve para quem? Para a elite? Para quem não serve o projeto, Deputado Gondim? Para as pessoas do Vale do Ribeira? O pior, têm mania de palavra. Para mim, palavra dada é flecha lançada.

Atendi à solicitação do Deputado Enio Tatto, Deputado João Paulo Rillo, que achei até justas, para que nós votássemos o projeto do quadro dos funcionários. Marcamos para amanhã. E qual é a novidade, a pressão? Vem o PT que quer pautar a Casa, e diz: se votar o projeto hoje ... Só que eu não volto atrás. Palavra dada é flecha lançada, eu disse ao Simão Pedro, por quem tenho muito respeito. Nós vamos votar amanhã.

Eu nunca voltei atrás em 20 anos de Assembleia, e não vai ser nesta noite. E quando o Deputado João Paulo Rillo me disse: você quer conversar com o pessoal? Falei: Deputado João Paulo, por favor, vá você e o Deputado Enio, e informem aos funcionários que seria demagógico da minha parte eu ir anunciar para hoje a votação desse projeto que, lembrem-se, quem mandou foi o Governador, é bom que se diga. Até prova em contrário o meu amigo Geraldo Alckmin é o Governador do Estado, a não ser que tenha mudado. Aqui tudo muda. Quem sabe temos um outro Governador, e eu não sei. Pode ser. Do jeito que as coisas estão correndo... Eles acham que não há ninguém no Estado precisando de assistência judiciária.

E os convênios com as Faculdades? Quero anunciar já. Vou fazer uma representação no Ministério Público para apurar essa questão de convênios com Faculdades. Quem vai dizer se é correto ou não é o Ministério Público, depois do Judiciário. Portanto, Sr. Presidente, para mim, palavra dada, volto a repetir, é flecha lançada, não volta mais.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência vai proceder à leitura do artigo do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que trata desse assunto: “Art. 280 - os espectadores não poderão estar armados e deverão guardar silêncio, não lhes sendo lícito aplaudir ou reprovar o que se passar no plenário. Parágrafo 1º: Pela infração ao disposto nesse artigo poderá o presidente fazer evacuar o local destinado ao público ou retirar determinada do edifício da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, inclusive empregando força se para tanto for necessário”.

Obviamente não se trata de uma situação como essa. Nunca houve, graças a Deus, na legislatura passada e nessa legislatura, nem anteriormente, tal situação. Como disse, a honrosa presença de quem hoje acompanha a sessão não vai criar nenhum tipo de problema e o nosso orador poderá continuar tranquilamente o seu pronunciamento democrático.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, dizem que a voz do povo é a voz de Deus. Em latim: Vox populi, Vox Dei. São 150 moções aprovadas por unanimidade, em 150 municípios do estado, favoráveis ao projeto que apresentei. Consegui convencer os vereadores do PT a aprovar essas moções, a exemplo de Piracicaba? As moções estão aqui. Quem vai me responder isso? Aí vem a oposição que de quando em quando fogem do plenário - fujões profissionais. Quero que na clareza, como se fosse a claridade de um sol, contestem 150 municípios. Ou não valem nada essas moções? Estou esperando que alguém venha aqui e diga que as manifestações de quase quatro ou cinco milhões de pessoas não têm validade? Quero apenas duas moções do interior, para não falar em uma, que reprovem o convênio com a OAB, uma cidade só: ou em Campinas, em Osasco, em Rio Preto, Araraquara. Se o Deputado Edinho Silva trouxer uma moção por unanimidade contra esse meu projeto, eu não quero mais votá-lo, Sr. Presidente. Esse é o desafio que faço aqui nesta noite.

E V. Exa. também, Deputado Enio Tatto, consiga uma moção na Câmara municipal.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, dei uma saída para atender uma pessoa no meu gabinete, e indago V. Exa. sobre qual o projeto que está sendo discutido. É o SPPrev?

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, veja onde chega a demagogia barata e rasteira. Olha aonde chegamos! Como diz Frank Williams, não importa onde estamos, mas para onde vamos. Para onde vamos, assim?

Sr. Presidente, eu já manifestei que sou favorável ao projeto da Previdência Complementar. Para que discutir o óbvio e ululante de Nelson Rodrigues? Quero discutir isto aqui. O Deputado Gianazzi foi embora, por quê? Onde está o constitucionalista Carlos Gianazzi? Está chegando lá no bairro do Socorro, deve estar lá.

Estou apresentando uma tese. Americana, por exemplo, me traga qualquer Deputado da oposição, uma moção, uma só, não tem que ser por unanimidade, não, pode ser por maioria mesmo, que diga que este projeto que estou apresentando é um projeto que contraria o povo. São os humildes que gritam. É o grito dos carentes, é o grito dos humildes. Ou acaso todos têm condição de ter um advogado?

Pergunte ao Deputado Mauro Bragato se a Defensoria tem condições de orientar e cuidar de todas as pessoas presas lá no Pontal do Paranapanema. Não tem. E qual é a solução? A lei. A lei que o PT quer rasgar, que o PSOL quer destruir, e o PCdoB que vai na onda. É fácil falar para a galeria para receber aplausos. Vêm aqui, e diga qual é o texto legal. O que diz a Constituição do Estado? O que quer o povo de São Paulo? O que quer o povo paulista?

Deputados da Capital, que nunca saíram de São Paulo, que só ficam na Zona Leste, vão interpretar o que se passa no coração de quem mora em Agudos? Está aqui a Câmara municipal de Agudos. Vão a Diadema, vão a Mauá, vão a Santo André, vão a São Bernardo do Campo, vão a Itaquaquecetuba, vão a Guararema, a Mogi das Cruzes, a Itapeva, Atibaia, verifique se existe a menor condição de a Defensoria defender na plenitude os direitos, as pessoas mais carentes, mais humildes.

Daqui a pouco vamos ouvir aqui discursos demagógicos, uma luta de anos. E quem vai responder pelos condenados injustamente, em todo o Estado? Diz Montesquieu que um minuto numa prisão é um século de liberdade. É Montesquieu que disse, não é o Campos Machado.

Mas é muito fácil usar o tempo regimental para vir aqui e dizer que o meu projeto é inconstitucional, que o projeto não serve. Não serve para quem? Para a elite? Para quem não serve o projeto, Deputado Gondim? Para as pessoas do Vale do Ribeira? O pior, têm mania de palavra. Para mim, palavra dada é flecha lançada.

Atendi à solicitação do Deputado Enio Tatto, Deputado João Paulo Rillo, que achei até justas, para que nós votássemos o projeto do quadro dos funcionários. Marcamos para amanhã. E qual é a novidade, a pressão? Vem o PT que quer pautar a Casa, e diz: se votar o projeto hoje ... Só que eu não volto atrás. Palavra dada é flecha lançada, eu disse ao Simão Pedro, por quem tenho muito respeito. Nós vamos votar amanhã.

Eu nunca voltei atrás em 20 anos de Assembleia, e não vai ser nesta noite. E quando o Deputado João Paulo Rillo me disse: você quer conversar com o pessoal? Falei: Deputado João Paulo, por favor, vá você e o Deputado Enio, e informem aos funcionários que seria demagógico da minha parte eu ir anunciar esse projeto que, lembrem-se, quem mandou foi o Governador, é bom que se diga. Até prova em contrário o meu amigo Geraldo Alckmin é o Governador do Estado, a não ser que tenha mudado. Aqui tudo muda. Quem sabe temos um outro Governador, e eu não sei. Pode ser. Do jeito que as coisas estão correndo... Eles acham que não há ninguém no Estado precisando de assistência judiciária.

E os convênios com as Faculdades? Quero anunciar já. Vou fazer uma representação no Ministério Público para apurar essa questão de convênios com Faculdades. Quem vai dizer se é correto ou não é o Ministério Público, depois do Judiciário. Portanto, Sr. Presidente, para mim, palavra dada, volto a repetir, é flecha lançada, não volta mais.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado, para falar contra.

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, estava eu aqui comunicando ao Deputado Campos Machado, que estamos aqui há tanto tempo na Assembleia, que eu não sou jurista. Sou metalúrgico e Deputado estadual nesta Casa por seis mandatos.

Mas tenho o maior apreço, tenho acompanhado a luta dos defensores públicos aqui na Casa, desde a criação. A Bancada do PT sempre teve presente nessa luta, porque reconhecemos o trabalho que eles têm feito, principalmente na periferia de São Paulo: lá na Jacu-Pêssego, com todas aquelas obras, as casas rachadas, as enchentes no Jardim Nove de Julho.

Por isso, a defesa que fazemos da Defensoria Pública é no sentido de aumentar o número de defensores públicos, para que a população carente do Estado tenha minimamente condições de ter um advogado. Não há outra saída se não tivermos o Ministério Público com todas as condições para trabalhar, com salário digno e com quantidade suficiente para atender todo o Estado de São Paulo. Sabemos que 500 são insuficientes para acompanhar tudo isso.

Mas quero cumprimentá-los por todos esses dias que estão aqui na Casa. Temos visto a sua luta aqui. Para nós é uma satisfação contar com essa energia que vocês têm trazido para a Assembleia Legislativa.

Quero dizer também da importância que tem o Projeto de lei para o Estado de São Paulo, sobre a aposentadoria e a sua complementação. Temos tranquilidade de fazer o debate porque o nosso companheiro, Deputado Luiz Claudio Marcolino, se preparou, orientou a bancada e temos acompanhado toda a sua discussão. Ele tem sido muito explícito nessa questão para que fique claro para a população o projeto de lei enviado pelo Governador. Algumas vezes, tenho conversado com o Deputado Samuel Moreira, Líder do Governo, quem acha que o Governador descobriu a roda mandando este projeto para cá. Mas não dá o tempo necessário para um grande debate com todo o funcionalismo do Estado de São Paulo.

É isso que estamos pedindo. Para que essa pressa toda? Para prejudicar, no futuro, o Funcionalismo do Estado de São Paulo. Já foi aqui dito pelo Deputado Olímpio Gomes sobre a aposentadoria das mulheres, e o Deputado Marcolino colocou com clareza como este debate está ocorrendo no Governo Federal. É um projeto de lei do Governo e a bancada governista coloca a faca no pescoço dos que querem não só votar contra, mas fazer debate com a sociedade e a opinião pública a respeito da Previdência no Estado de São Paulo. Nem isso o PSDB aceita.

É essa a nossa reivindicação, que se faça um debate democrático. Para que essa pressa toda? O que tem por trás? Queremos fazer o debate com os interessados, que é o funcionalismo. E não é por falta de projetos de lei. Temos nesta Casa tantos projetos do Governo para serem discutidos, debatidos e votados! Poderíamos já ter liquidado a questão da Defensoria Pública porque é um projeto que já está debatido e discutido, mas o Governo está acima de qualquer interesse da população. Ele é o senhor da verdade, impõe o projeto de lei da forma que quer. E não aceita as emendas, inclusive projetos de deputados que estão há anos aqui. Eles não são votados, nem discutidos. Veja a lista dos projetos de lei, de vetos do Governador que deveríamos estar discutindo na tribuna.

Eu tenho um projeto de lei, do Bilhete Único na Região Metropolitana, que estamos discutindo. Fomos hoje discutir com o Secretário Metropolitano de Transporte, Jurandir. Queremos discutir porque estão cobrando dois reais a mais, por dia, no Terminal de São Mateus, no Terminal de Piraporinha e no Terminal de Diadema, aumentando o preço da passagem por uma negociação, que foi feita com a empresa que faz o serviço no corredor ABCD. E agora quem paga é a população porque o projeto foi mal conduzido pelo governo anterior. Isso ficou evidente. E o Deputado Adriano Diogo, na conversa, deixou isso claro lá. Isso não foi nenhuma vez rebatido.

Essa questão do açodamento do Governo, de colocar os projetos de lei e fazer com que esta Casa seja subordinada ao Palácio dos Bandeirantes, tem causado prejuízos constantes à população. Queremos abrir a discussão do Projeto do Pontal do Paranapanema que o Governador Geraldo Alckmin já enviou a esta Casa. Foi debatido, votado e passado trator por cima da oposição no governo anterior, mas não teve nenhuma adesão nesses anos. O projeto foi mal preparado e mal debatido e isso resultou em noites e noites de debates aqui. Isso porque o Governo acha que só ele tem razão. Não abre os debates que o Deputado Marcolino falou, da questão da Previdência em Brasília, fazendo a divisão entre os três Poderes. E nem podemos debater isso porque a bancada governista nesta Casa não dá nenhum passo para fazer debates mais aprofundados.

É isso que nos leva a fazer obstrução. Não fazemos obstrução simplesmente porque queremos, mas porque é a única forma que encontramos de sermos minimamente ouvidos. É por isso que fazemos valer o Regimento Interno, saindo do plenário e debatendo. Por que não liquidamos o Projeto da Defensoria Pública hoje? Por que o Governador colocou antes o Projeto da Previdência? Porque o Governador acha que é a forma que tem de colocar a faca no pescoço da oposição. O que queremos é aprofundar o debate a cada projeto que chega a esta Casa. Por que o Governo não abre um debate com o funcionalismo em relação à Previdência para discutir a questão das mulheres, do Judiciário, do Legislativo e do Executivo? E a desaposentadoria dos professores que disse um deputado? Como vai ficar isso? Como fazemos um projeto de lei que vai trazer consequências futuras, com prejuízos aos que pagaram e que tiveram a infelicidade de viver alguns anos a mais?

Este é o projeto que estamos debatendo agora porque o Governador quer. Ele manda o líder vir, determinar e colocar a faca no pescoço. Nós estamos debatendo, mas como ficam os outros projetos? Eu não consigo derrubar um veto nesta Casa e nem aprovar um projeto de lei. E sou deputado de vários mandatos. Mas o meu projeto de lei não entra na Ordem do Dia, não há debate. O meu projeto é inferior, é incapaz, é diferente do Governo? Essa é a questão.

O senhor todo poderoso, Governador do Estado de São Paulo, acha que tem o direito de fazer com que esta Casa fique subordinada àquilo que o Palácio dos Bandeirantes quer. Eu já vivi isso muito, em outras épocas, como na época das privatizações e concessões do Estado quando o Governo achava a mesma coisa da Previdência: que tinha descoberto a roda, que tudo que era do Estado estava errado; que as energéticas eram mal dirigidas, que as ferrovias eram sucateadas porque a cúpula era do funcionalismo, que as rodovias do Estado de São Paulo tinham de ser concedidas porque a iniciativa privada fazia melhor. Foi esse o debate e hoje estamos pagando no Estado de São Paulo. É porque não ouviu a oposição; é porque achava só queria fazer oposição, simplesmente.

Um aparte a V. Excelência? Vou dar o aparte porque eu tinha entendido até agora, Deputado Samuel Moreira, que V. Exa. estava pedindo a palavra pela ordem para o Sr. Presidente.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - Eu estava pedindo um aparte.

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Este o debate que queremos fazer. Queremos ser valorizados. Não é a oposição que tem que ser valorizada. É esse debate que queremos fazer.

Concedo um aparte ao Deputado Samuel Moreira.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - Deputado José Zico Prado, vou tentar ser breve até porque senti que V. Exa. nos proporcionou a oportunidade para fazer um debate.

V. Exa. sabe que esta Casa é uma Casa plural, onde temos representantes dos mais diversos segmentos das mais diversas corporações e esses mesmos Deputados têm uma visão geral de que é uma Casa política e que aqui há um conflito de interesses grande e, às vezes, há convergência.

Senti que a mesma dificuldade que alguns Deputados têm para aprovar um projeto, o PT, às vezes, tem. Vou dar um exemplo. Senti hoje um gesto do Deputado Campos Machado no sentido de votar o Projeto 40, que é de salário dos defensores.

Sou líder do Governo, sou isento para falar porque foi o governador que enviou este projeto e os trabalhadores da Defensoria estão aqui. Mas e aquelas pessoas que dependem da aprovação do projeto da ligação gratuita da Sabesp, que beneficia um milhão de pessoas? Ligações gratuitas de esgoto, que dependem de ligações, e essas pessoas não estão aqui no plenário. As pessoas do Pontal, que precisam que vote o projeto para beneficiar as propriedades com menos de 500 alqueires, não estão aqui. E por que estamos obstruindo esses projetos? Por que o PT se acha no direito de obstruir esses projetos? Por que vale um peso e não vale a mesma medida?

Quero saudar o Deputado Campos Machado porque ele teve a hombridade de ceder para que se votasse este projeto de aumento. Mas é importante que nós também possamos defender aqui os interesses daqueles que não podem estar aqui hoje nas galerias, para votarmos o projeto da Sabesp, que é projeto que beneficiou um milhão de pessoas.

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Deputado Samuel Moreira, parece até que a oposição tem o poder de colocar na Ordem do Dia o projeto de lei da Sabesp. Por que não colocou esse projeto primeiro? Foi a oposição, o PT que colocou o projeto de lei, Deputado Samuel Moreira, Líder do governo? Quem colocou esse projeto foi o Palácio. A orientação veio do Palácio: “É esse o projeto que tem que ser colocado”. Não é a oposição que coloca. Esta Casa é presidencialista e V. Exa. sabe disso. Não colocamos o projeto de lei na Ordem do Dia.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - Deputado, estamos falando de projeto que tem unanimidade. V. Exa. é contra a Defensoria?

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Não somos contra e melhoramos o projeto do governador com a emenda da Bancada do PT.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - V. Exa é contra o projeto da Sabesp?

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - De jeito nenhum. Melhoramos ainda mais.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - O que está sendo discutido aqui é o projeto que não tem unanimidade, que é o da Previdência. Os que têm unanimidade, por que não vota?

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Por que V. Exa. não colocou o projeto da Sabesp?

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - É só votar.

 

O SR. JOSÉ ZICO RADO - PT - Por que não coloca? Põe na pauta que vamos votar.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - V. Exa. vota a favor?

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Deputado José Zico Prado, o tempo de V. Exa. está esgotado.

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Sr. Presidente, para concluir, quero aqui dizer, Deputado Samuel Moreira, que parece que temos um poder. Se eu tenho poder, quero colocar aqui o meu projeto de lei do Bilhete Único Metropolitano para entrar na Ordem do Dia hoje. Se é que tenho o poder. Agora, como eu não tenho, ele está aí há 15 anos. Então, por que não colocou o Projeto de Lei da Sabesp? Fomos nós que pautamos?

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - É porque V. Exas. não deixaram.

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Quero deixar registrado que não é a oposição, a Bancada do PT que faz a pauta desta Casa. Muito obrigado, Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, quero apenas esclarecer ao Deputado líder, Samuel Moreira, que quem tem a prerrogativa de pautar o projeto é o Presidente e não a oposição. Esse projeto da SPPrev está pautado por conta da vontade do Presidente e da base governista.

Se V. Exas. quisessem, pautariam o Projeto de Lei da Sabesp. Se quisessem pautar o Projeto da CDHU, do Pontal, pautariam. Não temos voto suficiente para impedir isso.

Agora, um projeto que é totalmente injusto, que deveríamos estar discutindo e votando hoje, é o da Defensoria porque o pessoal está aqui. Esse é o projeto que deveria ter pautado.

Acho que tinha que ser um pouco mais humilde e entender. Vai votar amanhã, não tem problema. Agora, seria um gesto de humildade, de reconhecimento ao trabalho deles, do papel que eles fizeram hoje de conversar com todos os deputados com muita humildade, tirar o chapéu realmente porque houve um avanço. Até o Deputado Campos Machado concordou em votar amanhã. Ele era totalmente contra esse projeto. Não custaria nada. Eles vieram hoje aqui. Isso seria uma forma de reconhecer o papel, a importância do projeto e a importância da vinda deles aqui.

Vamos pautar o Projeto de Lei 40 e votar. Ninguém vai sair ganhando. Quem vai sair ganhando são os funcionários da Defensoria.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB – PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, nunca houve objeção do governo. O governo enviou o projeto e quer que vote. Ocorre que o quadro que se apresenta para se encerrar o ano requer que seja pautado aquilo que não há unanimidade. O que há unanimidade tem que ser pautado e votado. É isso que temos que fazer. Vale isso para Defensoria que não deve ser condicionada, mas vale para Sabesp, vale para CDHU, vale para Pontal porque tem unanimidade no mérito E por que V. Exas. não topam pautar tudo junto? Vamos pautar e votamos tudo hoje.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Para falar a favor, tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.)

 

O SR. ENIO TATTO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - O Deputado Samuel Moreira, de forma inteligente, propôs aqui o início de um acordo. Acho interessante. Votamos hoje o Projeto da Sabesp e o da Defensoria. Concordamos.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra a nobre Deputada Heroilma Soares.

 

A SRA. HEROILMA SOARES - PTB - Sr. Presidente, passo o meu tempo ao Deputado Campos Machado.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Sras. e Srs. Deputados, esta Presidência gostaria de esclarecer que efetivamente a pauta das Sessões Extraordinárias é competência exclusiva do Presidente, assim como a pauta das Sessões Ordinárias é competência do Colégio de líderes. Mas, desde a primeira gestão, esta Presidência sempre fez uma discussão democrática e procurou formular a pauta tanto da Sessão Ordinária quanto das Sessões Extraordinárias pelo Colégio de Líderes.

Tem a palavra o nobre Deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, eu deveria começar este pronunciamento dirigindo-me ao “Presidente desta Casa, Deputado Enio Tatto”. Ele quer pautar a Assembleia Legislativa, quer mudar as convocações das Sessões Extraordinárias. Ele se acha acima do bem e do mal, ou é isso ou nada.

Eu ainda estava vendo, Sr. Presidente, que esta Casa tem um presidente e, se não me engano, chama-se Barros Munhoz ou estou equivocado?

Presidente ou Deputado Enio Tatto, prometo que, tão logo eu desça desta tribuna, vou constatar, verificar se o Deputado Barros Munhoz ocupa indevidamente a Presidência da Casa porque teria de estar sendo ocupada pelo Deputado Enio Tatto. Ele está dizendo que tem de ser assim, se não for assim não sai nada.

Deputado Enio Tatto, eu só tenho uma palavra e já foi dada. Eu só tenho um lado. O poeta Pampili diz que o homem tem de ser como a Lua: mostrar apenas uma de suas faces. Ninguém vê Lua Cheia, Nova, Minguante e Crescente ao mesmo tempo. Eu só tenho um lado e uma palavra. Estou sendo - entre aspas - pressionado pelo Líder do Governo Deputado Samuel Moreira, pelo Líder do PSDB Deputado Orlando Morando e pelo Líder do DEM Deputado Estevam Galvão, todos meus diletos amigos, não volto atrás.

As palavras, enquanto não as proferimos, são nossas prisioneiras. Já disse isso aqui. Depois que nós as proferimos,  passamos a ser  prisioneiras delas. Já dei a minha palavra. Que me desculpem o líder do Governo, meu amigo irmão Estevam Galvão, Deputado Orlando Morando, mas vou cumprir aquilo que foi acordado. Se romper a palavra hoje vou romper amanhã, se recuar hoje recuo amanhã, se concordar que a pauta tem de ser feita pelo Deputado Enio Tatto, só me resta uma alternativa: não fugir pelo cantinho como fazem os deputados da oposição de quando em quando, mas ir para casa e esquecer que sou deputado. Quero deixar claro, patente que amanheço nesta Casa mas não faço acordo que não foi estipulado. Não volto atrás. A gente faz amigos pela maneira leal como caminha pela vida e inimigos pela maneira desleal como se caminha.

O Governo se sente acuado, Sr. Presidente, porque a proposta do Deputado Enio Tatto é como laranja madura em beira de estrada ‘Tá bichada Zé ou tem marimbondo no pé.’ Esta a proposta da Bancada do PT. Como vou aceitar? Aceito hoje, aceito amanhã, semana que vem, ano que vem. A Casa perde o controle, a Casa fica refém da Bancada do PT que acha que está escrito no portal da Assembleia: Assembleia Legislativa do Partido dos Trabalhadores. Não. Não vai ser não e esta Bancada do PT é uma das melhores que já teve esta Casa.

Mas retomando quero fazer de novo uma pergunta que está me incomodando: meu Deus do Céu, o que tem a defensoria para se arvorar em cobrar ações da prefeitura contra enchentes, Deputado Gasparini, V. Exa. que foi prefeito? Explique-me. Se eu tivesse a lei orgânica do Ministério Público, eu iria rasgá-la. Não vale para nada, porque a defensoria se arvorou agora em Ministério Público.

Como é que a defensoria com 400, 450, 500 advogados vai responder por um milhão de processos? É impossível. Ou acaso os deputados do PT não estão preocupados com os carentes, com os humildes? Eles acham que todos vão ter um Márcio Tomaz Bastos ou um Antonio Claudio Mariz de Oliveira para defendê-los.

Começo a perceber a fuga dos deputados do PT. Lá vão os fujões pelos cantos desta Casa.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, com anuência do Deputado Campos Machado, que sabe que não somos fujões, mas usamos de um instrumento da minoria à obstrução, requeiro uma verificação de presença.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - É a fuga organizada.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental, pelo que a Presidência solicita a colaboração dos nobres Deputados Vinicius Camarinha e André do Prado para a auxiliarem na verificação de presença.

 

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- É iniciada a chamada.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência constata número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados em plenário, agradece a colaboração dos senhores secretários e devolve a palavra ao nobre Deputado Campos Machado.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Presidente Barros Munhoz, a Bancada do PT está propondo um acordo de maneira que seja votado junto o projeto da Sabesp.

O projeto da Sabesp atende a mais de 800 mil pessoas carentes. O PT não quer votar por quê? Só vota se votar o outro projeto. Oitocentas mil pessoas vão ter as ligações efetuadas, gente que não pode pagar. Onde está a bancada que defende os pobres? Onde está o presidente Enio Tatto?

Eu dizia que o PT, para votar qualquer projeto, inclui a Sabesp se atender os seus reclamos e a Sabesp só atende gente humilde, gente que não pode pagar, gente pobre, gente carente. Mas o presidente Enio Tatto, não. Ele defende a elite. Quatrocentos e cinquenta defensores públicos não têm condições de atender um milhão de processos no Estado. Que milagre vai ser este de multiplicar os pães? Como atender um milhão de processos neste Estado, deputado Antonio Mentor. Daqui a pouco vamos ouvir os ilustres membros da bancada do PT que é uma luta conquistada. Estou falando do presente. Como disse o deputado Pedro Tobias, da dona Maria que tem uma filha presa e não tem ninguém para ajudá-la, não tem defensor público. Vai ficar presa porque o deputado Enio Tatto não quer.

A partir de hoje vou pedir para o pessoal do partido verificar junto ao deputado Enio Tatto qual vai ser a pauta do dia. Vejam a que ponto chegamos nesta Casa: questionando o presidente e dizendo que na outra extra tem que ser assim. Mas esperem um pouco. Será que o deputado Enio Tatto tem razão? Acho que votamos errado. Quando era para votar no Barros Munhoz, votamos no Enio Tatto. Ele é o presidente. De hoje em diante todos os projetos desta Casa têm que passar pelo crivo da bancada do PT. Perguntava da dona Maria, do Vale do Ribeira, de Teodoro Sampaio, por exemplo, com a filha presa, acusada de roubar um pãozinho na padaria, vai ficar um mês presa por que não tem quem possa ir a juízo pedir sua liberdade até chegar um defensor público lá? Eles acham que estou propondo um absurdo. Diz o deputado Giannazi que só tenho meu voto. Esta Casa tem bom senso. Aqui ninguém é louco, ainda, para dispensar o atendimento a um milhão de processos. Deixem as questões partidárias de lado. Até parece que o PT só existe em função da Defensoria Pública. Não tiro sua importância. Só quero saber como vai ficar o pessoal de Américo Brasiliense, que não tem ninguém par atender as pessoas carentes. Vou esperar a Defensoria Pública nomear um defensor para defendê-las ? Daqui a pouco vamos  ver  teorias acadêmicas, livros consultados, os acadêmicos do PT vão mostrar suas teses; aqueles que têm mestrado vão mostrar cultura acadêmica. E a dona Maria que está com a filha presa? E o pessoal de Buritama, que precisa de um alvará para poder fazer uma cirurgia de câncer, vai esperar quem? Um estagiário da faculdade? Vai morrer de câncer porque não tem quem possa requerer em juízo autorização para ser internado e fazer a cirurgia?

Mostrei aqui 150 moções e fiz um repto: se aparecer nesta Casa uma moção por unanimidade, de uma Câmara Municipal, não quero mais votar o projeto que tira a OAB da tirania da Defensoria Pública. Será que depois que eu terminar de falar virá alguém aqui dizer que vai trazer essa moção? Será que meu amigo deputado Hamilton Pereira vai trazer uma moção de Sorocaba, por unanimidade, contra o projeto de Campos Machado? Não estou defendendo a OAB. Estou defendendo que todo cidadão tem de ter assistência judiciária digna. E os convênios com as faculdades? Desde quando estagiário tem condições de representar alguém em juízo? Desde quando estagiário pode tratar de casos de patrimônio, de casos que agridem a honra? Desde quando estagiário pode pleitear a liberdade de alguém que foi acusado injustamente? Qual a resposta que vou ter por parte da bancada do PT? Vão dizer que é uma luta antiga, que deixou muito sangue, muitas lágrimas.

Quero ver quem vai defender a filha presa da dona Maria. Não tem resposta. Não pode ter resposta, porque a verdade nunca é contrariada. Mas a bancada do PT insiste. Dizia o deputado Enio: Vamos às últimas consequências para não votar o seu projeto. Digo eu: não vota nenhum projeto do PT esse ano se não for dado o direito da bancada do PTB ter o seu projeto. Por que eu não posso ter um projeto aprovado? Faltam oito projetos da bancada do PT, e um até nobre, do deputado Adriano Diogo, que vai ser sacrificado pela insistência da bancada do PT. Gostaria de aprovar a comissão do deputado Adriano Diogo, porque sei que ele propõe com sinceridade, não para fazer demagogia barata; propõe com autenticidade de coração. Mas, infelizmente, não vai ser votado, porque aqui não dá para ter dois pesos e duas medidas. Todos os projetos do PT são bons e só o meu é ruim? Deputado Donisete, já lhe contei a história. O seu projeto me criou um constrangimento. No Sindicato de Hotéis há um auditório denominado Campos Machado, onde são gravados programas de televisão do sindicato. Estava em Brasília quando foi votado o projeto do deputado Donisete. Agora só me resta uma alternativa: retirar minha placa e colocar na porta da casa do Donisete. É o que vou fazer. Já perdi tudo mesmo. Por isso estou deixando claro que vou solicitar que meu projeto tenha o direito de ser pautado. Votem contra, nenhum problema.

A derrota e a vitória são irmãs gêmeas. É como a alegria e a tristeza; uma não existe sem a outra. Quero ficar triste, mas vou ficar triste lutando pelo que acredito. Daqui voltarei à tribuna, novamente,  não para cansar os senhores deputados, mas para não cair de joelhos.

 

 

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- Assume a Presidência o Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esgotado o tempo da presente sessão, esta presidência adita a Ordem do Dia da sessão ordinária de amanhã com o PL 986, de 2011, que tramita em regime de urgência.

Antes de dar por encerrados os trabalhos, esta presidência convoca V.Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia de hoje e o aditamento ora feito. Lembrando-os, ainda, da sessão extraordinária a realizar-se hoje, às 21 horas e 40 minutos.

Está encerrada a presente sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 30 minutos.

 

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