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30 DE OUTUBRO DE 2012

152ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO, CARLOS GIANNAZI, MARCOS MARTINS, BARROS MUNHOZ e LUCIANO BATISTA

 

Secretário: OLÍMPIO GOMES

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão. Informa o cancelamento da sessão solene marcada para o dia 05/11, às 20 horas, que teria como finalidade "Prestar Homenagem aos 10 anos de Fundação da Faculdade de Direito Damásio de Jesus", por solicitação do Deputado Fernando Capez.

 

002 - OLÍMPIO GOMES

Comenta que esteve presente em enterro de agente penitenciário estadual, executado no dia 27/10. Informa que este foi o 18º assassinato de profissional da categoria. Lamenta a morte de 88 policiais militares e de quatro policiais civis este ano no Estado. Critica a demora em se adotar medidas para evitar crimes contra agentes públicos de segurança.

 

003 - EDSON FERRARINI

Apoia a fala do Deputado Olímpio Gomes quanto aos crimes cometidos contra agentes públicos de segurança. Destaca a qualidade das polícias do Estado de São Paulo. Compara as estatísticas da violência estadual com as de guerras em outros países. Critica o posicionamento do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso quanto ao uso de drogas. Faz referência à reportagem da revista "Veja" quanto ao consumo de maconha.

 

004 - CARLOS GIANNAZI

Comunica que foi protocolado requerimento de convocação dos Secretários de Segurança Pública e de Administração Penitenciária. Critica a falta de investimento estadual no setor. Informa que 66 deputados pertencem à base do Governo Estadual. Lamenta o posicionamento da base governista quanto ao assunto.

 

005 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

 

006 - JOOJI HATO

Elogia a visita do Secretário de Segurança Pública a Paraisópolis. Comenta a ação policial no bairro. Solicita "blitz" do desarmamento. Destaca a importância de políticas sociais como forma de se combater a criminalidade. Cita os pilares da violência.

 

007 - LUIZ CARLOS GONDIM

Parabeniza o Governo de São Paulo pelo investimento no Hospital do Servidor Público Estadual. Informa que o benefício visa à ampliação do Iamspe em municípios do interior. Defende maior agilidade para se iniciar tratamento em pacientes diagnosticados com câncer.

 

008 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

009 - CARLOS CEZAR

Destaca o avanço do processo eleitoral. Comemora o aumento da representação do PSB frente a prefeituras do País. Cita cidades importantes em que o partido foi vitorioso.

 

010 - EDINHO SILVA

Destaca a representatividade do PT em municípios do Estado de São Paulo. Ressalta as conquistas do partido. Fala da importância de políticas sociais adotadas em gestões do Partido dos Trabalhadores. Discorre acerca da democracia.

 

011 - JOÃO ANTÔNIO

Destaca a importância do processo eleitoral brasileiro. Critica o posicionamento de adversários em campanhas políticas.

 

GRANDE EXPEDIENTE

012 - CELSO GIGLIO

Alerta a opinião pública, o meio político e o judiciário sobre manobra política que, se repetida pelos municípios, colocará em risco a democracia. Discorre sobre sua gestão como Prefeito de Osasco, durante 8 anos. Diz ter sido uma administração realizadora, com todas as contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado, exceto as de 2004. Menciona que o TCE fez 12 apontamentos sobre estas contas e que sua defesa foi acolhida por esse Tribunal. Informa que a Câmara Municipal de Osasco rejeitou as contas de 2004, em um procedimento irregular, anulado pela justiça. Afirma que o caso foi enviado para o Ministério Público, que concluiu que não houve elementos para considerar como improbidade administrativa. Relata que em 2011, o Prefeito Emídio, do PT, pediu para a Câmara Municipal desaprovar as contas de sua gestão, rejeitando o parecer do Ministério Público. Destaca que isto foi feito pois era considerado favorito para a eleição de 2012. Ressalta que o Prefeito Emídio teve diversas contas desaprovadas pelo TCE, sendo que as mesmas não foram rejeitadas pela Câmara Municipal. Esclarece que foi pedida a impugnação de sua candidatura.

 

013 - CELSO GIGLIO

Afirma que os números de campanha indicavam sua vitória no primeiro turno e que a impugnação foi de má fé para impedir a sua candidatura. Menciona que seus advogados pediram explicações sobre a sentença, mas que a mesma foi mantida, desprezando o parecer do Ministério Público. Informa que recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral. Relata que foi o candidato mais votado em Osasco e que sua candidatura foi impugnada por algo que o Tribunal de Contas e Ministério Público afirmaram que não fez. Ressalta que as eleições de outubro de 2012 mostrou a vitória de candidatos que representavam a oposição. Diz ter sido injustiçado pois recebeu aproximadamente 150 mil votos.

 

014 - EDSON FERRARINI

Afirma que a área da segurança pública passa por momento difícil. Ressalta a morte de policiais militares, civis, entre outros agentes da lei. Ressalta que os policiais paulistas são comparáveis aos melhores do mundo, mesmo enfrentando dificuldades. Destaca os números alarmantes, que podem ser considerados problemas de governo ou de gestão. Menciona que a polícia militar iniciou ação com mais de 600 policiais em Paraisópolis. Critica o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, que está na Polônia, fazendo palestras sobre a descriminalização da maconha. Relata que o número de viciados dobrou após incentivo da "marcha da maconha". Diz que a maconha é um problema de saúde pública, exibida na capa da revista Veja. Mostra manual, de sua autoria, sobre a dependência de drogas. Discorre sobre a reforma do código penal, com propostas que, segundo o Deputado, beneficiam os traficantes. Pede que a população envie mensagem aos seus Senadores para impedir a votação dessas propostas.

 

015 - JOÃO ANTONIO

Menciona o pronunciamento do Deputado Celso Giglio. Afirma que temos hoje uma democracia sólida, com o Poder Judiciário autônomo e independente. Diz respeitar a decisão do Judiciário, que foi quem decidiu a impugnação da candidatura de Celso Giglio. Destaca sua felicidade com a vitória de Fernando Haddad. Ressalta que a população da cidade já não pode conviver com governo que não pensa a longo prazo. Cita as realizações da gestão Marta Suplicy, como a regulamentação do sistema de transporte público, o bilhete único, os CEUs e o plano diretor geral da cidade, regionalizado. Registra que os oito anos do governo anterior foram perdidos. Comenta as propostas do plano de governo de Fernando Haddad.

 

016 - JOÃO ANTONIO

Cita a construção de 31 subprefeituras no governo Marta Suplicy. Menciona ser necessário desconcentrar o poder e dar mais poder às subprefeituras. Afirma que o governo de Gilberto Kassab concentra o poder na mão de poucos, o que foi rejeitado pela população. Diz que as subprefeituras, hoje, não tem orçamento para resolver problemas pequenos, como a limpeza de um córrego. Discorre sobre os problemas da gestão de Gilberto Kassab, como a falta de prontuário médico com o histórico dos pacientes, denúncias de irregularidades de agentes públicos, falta de revisão do plano diretor e da lei do zoneamento, entre outros. Ressalta a visão de futuro de Fernando Haddad e as propostas de seu governo. Informa que a cidade de São Paulo retomará seu crescimento a partir de janeiro.

 

017 - ENIO TATTO

Pelo art. 82, parabeniza todos os deputados desta Casa que concorreram e venceram, assim como aqueles que participaram das eleições, em especial os Deputados Carlos Grana e Donisete Braga. Considera positivo o balanço das eleições. Destaca os debates de alto nível entre os candidatos José Serra e Fernando Haddad. Afirma que o último ganhou tranquilamente, com boa margem, principalmente por suas propostas e plano de governo. Menciona que o candidato do PT discutiu o plano de governo durante seis meses com a sociedade. Cita propostas do plano de governo do novo Prefeito. Parabeniza o Deputado Pedro Bigardi pela resultado da eleição em Jundiaí, o Prefeito eleito Fernando Haddad e partidos coligados.

 

018 - MARCOS MARTINS

Assume a Presidência.

 

019 - PEDRO BIGARDI

Pelo art. 82, agradece à população e a sua coligação por sua eleição à Prefeitura de Jundiaí. Cita suas propostas para a cidade. Considera expressiva a votação que recebeu. Cumprimenta os prefeitos eleitos do Estado, especialmente os candidatos desta Casa. Afirma que vai procurar desempenhar seu mandato da melhor maneira possível. Fala de sua emoção nesse processo. Faz agradecimentos à sua família, à Deputada Leci Brandão, Líder do PCdoB, ao ex-Presidente Lula e à Presidente Dilma Rousseff.

 

020 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência. Cumprimenta o Deputado Pedro Bigardi, por sua campanha e eleição a Prefeito de Jundiaí.

 

021 - ALENCAR SANTANA BRAGA

Pelo art. 82, comenta o final do segundo turno das eleições. Parabeniza os candidatos eleitos nesta etapa. Combate os ataques feitos a candidatos do partido na ocasião. Defende as bandeiras do partido. Afirma que Fernando Haddad representa fato novo em São Paulo. Fala das candidaturas petistas no Vale do Paraíba. Faz saudação ao Deputado Antônio Mentor, que disputou a eleição em Americana. Destaca o reconhecimento à gestão do PT pelos eleitores de Guarulhos. Fala da eleição de Jorge Lapas, em Osasco. Cita conquistas em outras cidades da Grande São Paulo. Informa que o partido está presente em mais de 300 municípios.

 

ORDEM DO DIA

022 - Presidente BARROS MUNHOZ

Coloca em votação e declara sem debate aprovado requerimento, do Deputado Antonio Salim Curiati, propondo a não realização de sessão no dia 1º de novembro. Coloca em votação e declara aprovado requerimento, do Deputado Olímpio Gomes, para a criação de comissão de representação, para participar do Encontro Nacional das Associações de Cabos e Soldados da Polícia Militar e dos Bombeiros, a realizar-se dia 05/11, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Convoca sessão extraordinária, a realizar-se hoje, com início dez minutos após o término da presente sessão. Coloca em votação requerimento de alteração da ordem do dia, apresentado pelo Colégio de Líderes. Por conveniência da ordem, suspende a sessão às 16h46min; reabrindo-a às 16h47min.

 

023 - ADRIANO DIOGO

Encaminha a votação do requerimento de alteração da ordem do dia, em nome do PT.

 

024 - MARCO AURÉLIO

Encaminha a votação do requerimento de alteração da ordem do dia, pela Liderança da Minoria.

 

025 - LUCIANO BATISTA

Assume a Presidência.

 

026 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência. Coloca em votação e declara aprovado o requerimento de alteração da ordem do dia. Coloca em discussão o PLC 31/12.

 

027 - OLÍMPIO GOMES

Discute o PLC 31/12.

 

028 - ADRIANO DIOGO

Discute o PLC 31/12.

 

029 - ALEX MANENTE

Discute o PLC 31/12.

 

030 - REGINA GONÇALVES

Requer o levantamento da sessão, com assentimento das lideranças.

 

031 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido. Desconvoca a sessão extraordinária anunciada anteriormente. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 31/10, à hora regimental, com ordem do dia. Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Olímpio Gomes para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - OLÍMPIO GOMES - PDT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, atendendo solicitação do nobre Deputado Fernando Capez, esta Presidência cancela a Sessão Solene convocada para o dia 05 de novembro de 2012, às 20 horas, com a finalidade de prestar homenagem aos 10 anos de fundação da Faculdade de Direito Professor Damásio de Jesus.

Tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, ontem, às 14 horas, estive em São Caetano, para acompanhar a despedida, o enterro do agente penitenciário Leandro, que foi morto no sábado à noite, na casa de sua noiva, com mais de 10 perfurações de projéteis de pistola 380, simplesmente porque exercia a função de agente de segurança penitenciária.

É o 18º agente penitenciário executado neste ano no Estado de São Paulo, enquanto a conta de policiais mortos está em 88 PM executados neste ano, sendo 18 inativos, e somente três durante a atividade de serviço.

Por conta dos irmãos policiais civis, quatro foram executados: dois delegados de polícia e dois investigadores, numa onda de violência pré-ordenada e determinada, contra agentes públicos no Estado de São Paulo. Queixume, lamento, dor, principalmente nos velórios, por parte dos policiais, dos familiares, dos agentes penitenciários.

É a inútil tentativa governamental para minimizar a crise, ou a tragédia, ou a desgraça que estamos vivenciando, por conta de questões político-partidárias. Passaram-se as eleições, e não há mais motivação, de nenhum dos lados, em nenhuma das circunstâncias, que não todos darem as mãos com o propósito de estabelecer, ou restabelecer, a ordem pública.

Estamos desencadeando uma Operação Saturação, na área da favela de Paraisópolis. Acho extremamente salutar que a polícia se posicione onde ela se faz necessária. E em situações críticas, que haja um efetivo e a estratégia proporcional a situações críticas.

Mas o que me causa estranheza, de certa forma uma dor, um amargor, é saber que a operação só foi desencadeada às seis horas da manhã da segunda-feira, passado o domingo das eleições.

Piauí, líder da facção PCC, foi preso em Itajaí pela Polícia Federal, e policiais de São Paulo foram buscá-lo. Ele já falava em ameaças: para cada um de nós preso, vai morrer um “bota”; para cada um de nós morto vão morrer dois “botas”.

Há 45 dias fiz um alerta, inclusive a "Folha de S.Paulo" publicou, assim como a Record, a Bandeirantes, das ameaças desse criminoso Piauí, cujo centro maior de referência do crime era justamente Paraisópolis. E agora vejo nos órgãos de imprensa, os próprios dirigentes da Segurança Pública dizendo que “em seis de agosto foi preso o Piauí, e seria ele o mandante, ou o grupo dele, de seis execuções de policiais militares.” Ora, se lá em seis de agosto nós tínhamos essa informação, e vamos desencadear uma Operação Saturação no dia 29, a partir das seis da manhã, depois que passou o Segundo Turno das eleições, para mim é minimamente lamentável. Se deixamos de tomar providências em função de disputa político-partidária, a dor na consciência deve ser muito grande, porque morreram muitos policiais, têm morrido muitas pessoas, principalmente na periferia, sem identificar a causa da morte, pessoas que são executadas a tiros, por indivíduos encapuzados. Não sabemos se é briga de quadrilha, se há envolvimento de qualquer indivíduo, de qualquer da forças policiais, mas a minha interrogação é em relação à informação ao levantamento pela inteligência policial e por tanta demora em se tomar a mínima providência.

Tomara Deus que seja simplesmente um equívoco, porque senão, tomara Deus também que arda na consciência seja de quem for. Se houve um retardo de qualquer ação mais efetiva ou se provocou de qualquer forma o mundo do crime em função de questões político-partidárias que, no mínimo, a consciência doa. Mas se aflorar e se tivermos provas concretas que possamos levar à Justiça, minimamente, por omissão, ou por conivência, ou por estimulação.

O Deputado Ferrarini que se encontra no plenário, também é um dos lutadores pela Segurança Pública. Tem morrido muita gente e há de se tomar providências claras, prontas e responsáveis que possam minimizar o crime.

Todos nós, homens públicos, temos, sim, que estimular, e esta Casa tem que pressionar para esclarecer todos aqueles que possam ter, de qualquer forma, estimulado facções criminosas, quadrilhas, patotas e seja lá o que for, para atacar agentes da lei.

O fato é que temos 88 PM mortos, quatro policiais civis, 18 agentes penitenciários, mais de 140 tentativas de homicídios contra policiais.

Isso não pode ficar assim. O Estado tem que responder com todos os seus instrumentos, porque senão não teremos tranquilidade para os cidadãos.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Jooji Hato, Sras. Deputadas, Srs. Deputados e amigos da TV Assembleia, eu queria endossar, por inteiro, as palavras do nobre colega Major Olímpio. Nós, da Polícia Militar, temos lutado pela Segurança neste Estado.

O que nos chama a atenção, Major Olímpio, é que mesmo com os 88 PMs mortos, dos 18 inativos, esses dois delegados, esses dois investigadores e dos 18 agentes penitenciários, nós ainda falamos aqui que a Polícia Militar de São Paulo é a melhor do Brasil. Nós temos dito isso aqui várias vezes que ela é a melhor do Brasil em efetivo: 100 mil homens.

Nós temos dito que a Polícia Civil de São Paulo é uma das mais competentes do Brasil. Então, nós estamos perguntando: se este Estado tem a melhor Polícia do Brasil nas mãos, mas estamos chegando a este ponto de violência, alguma coisa está errada. Ou há motivação política ou há incompetência de quem dirige, porque não é possível a Polícia andar nas ruas com medo, ou sendo caçada. Nós temos 140 pessoas que sofreram atentados, mas não morreram.

Major Olímpio, se nós temos a melhor Polícia do Brasil, sendo que a Polícia de São Paulo, da qual fazemos parte, com os recursos que possui é uma das melhores do mundo, por que este Estado chegou nesta situação de calamidade?

O problema é político? Se for, isso é uma vergonha, mas se for um problema de incompetência nós temos o Secretário da Segurança.

Então, Major, nós estamos solidários com esses nossos irmãos e nós pessoalmente também corremos riscos todos os dias nas ruas de São Paulo. Se nós que sabemos atirar e andamos armados corremos riscos nas ruas, imaginem os civis.

V. Exa. sabe e tem dito que o Rio de Janeiro não é modelo de coisa nenhuma, principalmente porque em matéria de Segurança Pública o Rio de Janeiro é a maior vergonha.

Nós estamos com um índice de homicídios quatro vezes maior que no Rio de Janeiro: morreram 102 pessoas em 10 dias. Isso é mais que a Guerra do Vietnã, a Guerra do Iraque ou do Afeganistão. E está acontecendo em São Paulo, o estado mais rico do Brasil.

Estamos cobrando desta tribuna o Governo do Estado de São Paulo: por que chegamos a este ponto de violência, sendo temos nas mãos a melhor Polícia do Brasil? Alguma coisa de muita incompetência está aí nesse circuito.

E quanto aos presídios? Se quiserem podem chamar o Exército para tomar conta dos presídios já que vocês não são capazes, pois de dentro do presídio o cidadão está comandando o crime aqui fora.

Isso está acontecendo em São Paulo. E nós já tivemos essa experiência em 2006 quando 25 presídios se rebelaram ao mesmo tempo. Não vamos esquecer isso, não. Foi em São Paulo.

Na história do Brasil e na história do mundo eu desconheço que de 25 presídios um sujeito coordena ataques ao mesmo tempo. Então, alguma coisa está errada na área da Segurança. Estamos juntos, Major Olímpio. Estamos junto com o povo e vamos continuar cobrando esta situação.

É lamentável que o ex-Presidente Fernando Henrique na semana passada se encontrava na Polônia, no Leste Europeu, sabem fazendo o quê? Estava falando para descriminalizar a maconha. Ele que é o Presidente de honra do PSDB.

Eu sei que o ex-Prefeito José Serra e o Governador Geraldo Alckmin não compartilham dessa ideia, mas o PSDB tem que fazer urgente um comunicado dizendo que a legalização, ou descriminalização da maconha é apenas ideia pessoal dele que é o Presidente de honra do PSDB, do Presidente Nacional.

Sabemos que 80% das famílias são contra a legalização. Agora eu estou lutando lá no Senado para que aquela reforma no Código que autoriza o cidadão a andar com drogas para 10 dias seja vetada. Estou falando com os senadores

A revista “Veja” desta semana publica uma reportagem falando sobre maconha. Eu só lamento que a revista “Veja” não cite este livro que eu escrevi para distribuir gratuitamente para os pais mostrarem a seus filhos e que tem o mesmo conteúdo que foi publicado em sua matéria.

Então, pais, se vocês querem receber um livro deste em sua casa, sem custo, acessem o meu site e façam o pedido que eu envio para vocês. Pois precisamos ter disponíveis mais livros desses do que cigarros de maconha, nas ruas. Vamos investir na prevenção, mostrar que as ideias do ex-Presidente Fernando Henrique estão erradas.

Eu não combato pessoas, combato ideias. A ideia dele é mais trágica do que se possa imaginar. E o pior é que ele está divulgando sua ideia pelo mundo. Está na Polônia. Por que ele não vai falar da fome na África; falar da criminalidade no Brasil? Falar que ele enquanto Presidente da República no Brasil, não fez nada de prevenção às drogas.

Presidente Fernando Henrique, pelo amor de Deus pare com essa ideia. Seu vídeo dobrou o número de viciados em maconha, aqui em São Paulo e no Brasil. O senhor está fazendo um grande mal em falar dessa Marcha da Maconha. Presidente Fernando Henrique, pare com isso!

Senhores pais que queiram prevenir as drogas, acessem meu site ou mandem um email e façam o pedido que eu envio o livro para vocês de graça.

Elogiar a maconha é propaganda enganosa. Fala isso para o seu filho. Conta para ele que quem oferece droga não é o traficante. É o melhor amigo, é o namorado que vai oferecer. Prepare seu filho para dizer “não” quando o amigo oferecer.

Lamentavelmente, Sr. Presidente, nós puxamos para um lado e a droga está na base de toda essa criminalidade que aí está. Faço o que posso, há 40 anos tenho essa batalha contra as drogas e defendo os nossos filhos contra as drogas.

Ainda bem que passou a eleição e eles estão fazendo Operação Saturação na favela de Paraisópolis, e vão fazer em outras favelas. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público presente, telespectadores da TV Assembleia, gostaria de comunicar que o nosso mandato já protocolou dois requerimentos na Comissão de Segurança Pública desta Casa, exigindo a convocação tanto do Secretário estadual de Segurança Pública, como também do Secretário estadual de Administração Penitenciária. Ambos têm o dever de explicar o aumento da escalada de violência no Estado de São Paulo.

É inconcebível que a Assembleia Legislativa nada fez até agora e não está fiscalizando o Executivo. Os nossos requerimentos convocando secretários, inclusive diretores de autarquias, são obstruídos pela base do Governo. Até agora os dois secretários não explicaram o que vem acontecendo na Grande São Paulo, principalmente na Capital e na Baixada Santista. São ataques aos servidores da Segurança Pública, arrastões, aumento de homicídios, assaltos e chacinas em várias regiões do Estado. Esta onda crescente de violência tem de ser explicada. Faço um apelo para que a Comissão de Segurança Pública aprove os nossos dois requerimentos, e que os deputados do Governo não façam mais obstrução, pois a situação é muito séria no Estado de São Paulo. Estamos vendo claramente que o Governo do PSDB perdeu o controle da situação na área da Segurança Pública. Essa é a verdade.

Já tínhamos anunciado que não há investimento nos servidores da Segurança, que os batalhões da Polícia Militar não têm os seus quadros completos de policiais, e o mesmo acontece com as delegacias de Polícia. Há um sucateamento de toda estrutura, material e humana, tanto das delegacias como dos batalhões da Polícia Militar. Não temos em São Paulo uma política de Segurança Pública e é por isso que estamos assistindo ao crescimento da violência.

Estamos tomando essa iniciativa de exigir a convocação dos dois secretários. Eles têm de depor, explicar, debater e apresentar propostas para resolver essa situação, como também ouvir as propostas dos deputados e da sociedade. É inconcebível que não haja esse diálogo. A Assembleia Legislativa tem de cobrar desta tribuna e elaborar medidas efetivas, e uma delas é convocar os responsáveis pela política de Segurança Pública do nosso Estado. Há muito tempo que essa situação só tem se agravado, principalmente nos últimos governos do PSDB. Tivemos aquele episódio em 2006, já no final do Governo Geraldo Alckmin quando, na verdade, ele já tinha se licenciado para se concorrer à Presidência da República. Em seu lugar tinha assumido o vice, Claudio Lembo, e desde então a situação só tem piorado no nosso Estado.

Por isso, é urgente a presença dos dois secretários, de Segurança Pública e da Administração Penitenciária. Não basta discursar, fazer pronunciamentos e fazer diagnósticos. Temos de tomar medidas enérgicas, a Assembleia Legislativa tem propostas, temos discussões e temos parlamentares que atuam na área. Temos o dever de contribuir para resolver esse problema e fiscalizar o poder Executivo, sobretudo dessas duas secretarias.

Espero que os deputados honrem os seus mandatos e aprovem os dois requerimentos, principalmente os deputados da base do Governo. Dos 94 Deputados, 66 pertencem à base do Governo. E são esses 66 que estão obstruindo as convocações. Por isso, não conseguimos fiscalizar, e a Assembleia Legislativa tem se curvado aos interesses do Poder Executivo, abrindo mão de suas prerrogativas de fiscalizar.

Nós, do PSOL, vamos continuar pressionando e apresentando requerimentos, organizando a sociedade e entrando com representações no Ministério Público e no Tribunal de Contas, denunciando para a imprensa o que vem acontecendo no nosso Estado, principalmente a omissão do Governador Geraldo Alckmin do PSDB na área da Segurança Pública. Toda população hoje está refém do crime organizado e até os policiais militares e civis, e, agora, os agentes do Sistema Penitenciário estão sendo vítimas dessa violência.

É um absurdo que até agora os dois secretários não tenham vindo aqui explicar. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos. (Pausa.)

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adilson Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores, tivemos hoje a presença do Secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, na comunidade Paraisópolis. O Secretário foi às ruas numa demonstração de respeito à população e, desta tribuna, quero cumprimentá-lo. Houve um saldo de 50 pessoas assassinadas nesses cinco dias, com 86 PMs mortos - 33 executados. O Secretário tinha de dar uma satisfação à população porque deixa todos nós muito preocupados.

A que ponto chegamos! Como disse o Deputado Edson Ferrarini: “A nossa Polícia Militar é a melhor do nosso país.” Se no estado mais forte dessa União temos a melhor Polícia e há assassinatos, cerca de 80 PMs e civis morrendo, 50 pessoas assassinadas nesses últimos cinco anos aqui na região metropolitana, começamos a duvidar que essa seja a melhor Polícia.

Usaram nessa operação no Paraisópolis 540 policiais, dois caminhões, 28 motocicletas, oito cães, 60 cavalos, e helicópteros. Apreenderam, em 10 horas, meu caro Presidente, Deputado Carlos Giannazi, 140 Kg de drogas, 50 lança-perfumes, motos roubadas; encontraram munições de calibre 22, 40, 45, 380, 762, um revólver, uma pistola, um fuzil 762. Enfim, tivemos uma operação feita em 10 horas, acredito que seja muito importante, mas é claro que não é só a comunidade de Paraisópolis que tem que pagar por isso. Temos outras comunidades em outras regiões, está certo que a região do Morumbi, na região do Paraisópolis é privilegiada, onde moram pessoas abastadas, influentes, que têm suas mansões, mas do outro lado, por exemplo, na Zona Leste, na Zona Sul 1, Zona Oeste, temos problemas e, se não me falha a memória, 120 mil policiais militares, sem contar os policiais civis, federais, municipais e metropolitanos.

Imaginem, colocar 540 PMs, está certo que são do Batalhão de Choque e do 16º Batalhão da PM, e temos 120 mil no Estado. Imaginem se esses 120 mil policiais se aliassem em uma força-tarefa com os policiais civis, federais e municipais, quantas armas e toneladas de drogas não poderiam ser recolhidas? É isso que o Governador tem que entender, e mandar esse exército de 120 mil PMs para as ruas. Não é só invadir Paraisópolis. Não é só em Paraisópolis que existe esse problema.

É claro que sabemos que a comunidade de Paraisópolis, é constituída de mais de 95%, 98% pessoas honestas, que trabalham, mas que infelizmente têm como vizinhos alguns marginais. Pessoas de má índole que saem para as ruas e é lá que temos que pegá-los: nas ruas, nos pontos estratégicos, em botecos, botequins, forrós, pontos de ônibus, metrô. São nas ruas que tem dar essas incertas.

Eu não acredito que seja eficaz invadir uma comunidade porque lá existem pessoas honestas e às vezes, as pessoas honestas acabam pagando pelos marginais.

Caros Governador e Secretário, parabéns pela sua saída às ruas da cidade de São Paulo. Isso é muito importante, mas eu não concordo em invadir a comunidade de Paraisópolis, pois lá existem muitas pessoas honestas.

Acredito que a Polícia tem que pegar nas portas de banco, nos cruzamentos, em pontos estratégicos, é aí que os marginais saem armados até os dentes para assaltar, estuprar, roubar, assassinar, para praticar os delitos. É aí que a Polícia precisa ser inteligente, não é invadir as casas, às vezes, de cidadãos de bem. Não é porque é pobre que é bandido.

Peço ao Governador e as Polícias que façam “blitz” de desarmamento em pontos estratégicos a todo o instante como se faz nas portas dos estádios, como se deve fazer nos países mais desenvolvidos.

Caro Deputado Carlos Giannazi, infelizmente não tivemos uma educação forte, não temos incentivo ao esporte, à cultura, não temos uma geração de emprego eficiente, temos muitos desempregados, e tudo isso colabora para que tenhamos essa violência tão radical.

É importante organizar este País, e implantar também a tolerância zero. Não é só fazer “blitz” de desarmamento, temos que controlar também um dos pilares maléficos, malignos que são as drogas que sustentam essa violência.

Vi na imprensa do dia de hoje, se não me falha a memória no “Jornal da Tarde” ou na “Folha de S. Paulo”, uma reportagem falando sobre o consumo de bebida alcoólica que é totalmente nociva à saúde, ataca os rins, os pulmões, o fígado e que leva a cânceres, infelizmente essas bebidas estão sendo vendidas aqui nas ruas de São Paulo.

Infelizmente, não temos o controle desses três pilares importantes que sustentam a violência: as drogas - bebidas alcoólicas e entorpecentes -; as armas ilegais que vêm, sempre falo desta tribuna, do Paraguai, da Bolívia, encontramos um fuzil do Exército argentino com um marginal aqui na cidade de São Paulo; e o terceiro é a corrupção, que corrói , alimenta, sustenta e mantém essa violência tão radical. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Srs. Deputados e Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.)

Esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlão Pignatari. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Moura. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Carlos Gondim.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. LUIZ CARLOS GONDIM - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta Casa e telespectadores da TV Alesp, ontem, não pude ir ao Hospital do Servidor Público onde o Deputado Carlos Giannazi esteve presente, para o anúncio do Governo sobre o investimento de 30 milhões a um hospital o qual estamos aqui há muito tempo fazendo comentários sobre o sucateamento.

Gostaria de mencionar alguns dados: o Iamspe oferece atendimento médico a uma população de 1,3 milhões de habitantes, os recursos anunciados ontem serão para a ampliação da rede do sistema de saúde no interior, beneficiando diretamente 143 mil usuários. Alguns convênios foram anunciados, inclusive o de São Joaquim da Barra no qual trabalhamos tanto, o de São Bento de Sapucaí e Rancharia onde estivemos com o provedor da Santa Casa e fizemos esse trabalho para que os funcionários públicos pudessem ser atendidos no Hospital de Rancharia, um belo hospital.

Existe uma necessidade de uma dedicação especial do Hospital do Servidor Público junto às pessoas de uma idade mais avançada, pessoas maduras que hoje, aposentadas, procuram o Hospital do Servidor Público ou tem como referência das suas cidades, que é o caso de Mogi das Cruzes, algumas doenças e, principalmente dentro de alta complexidade, é feito junto do Hospital do Servidor Público.

Governador, obrigado pelo investimento. Mas, precisamos investir mais, precisamos dar mais atenção para que tenhamos lá ressonância, tomografia, radioterapia, porque era um serviço excelente de radioterapia que hoje está fechado. É possível se fazer um convênio com o Governo Federal, onde o Ministro Padilha liberou esses 518 milhões de reais para a compra de aparelhos de radioterapia. Cabe aí um acordo, um convênio, para que se possa ter um serviço de radioterapia adequado aqui no Servidor Público.

Quero fazer um comentário sobre esse serviço de oncologia. Estamos com problemas em Mogi das Cruzes. Fecharam o hospital porque ele tinha realizado algumas fraudes. Porém, queríamos que tivessem encampado o hospital que tem dois aparelhos de acelerador linear de partículas.

O que acontece? Hoje o paciente, após uma cirurgia, não consegue fazer uma quimioterapia de imediato, não consegue a radioterapia. Depois de cirurgia ou diagnosticado que o tratamento tem de ser radioterapia ou quimioterapia, não tem conseguido de imediato.

Se ele chega e não vem com o encaminhamento que seja do posto de saúde, o que acontece? Esse paciente vai sofrer no atendimento. Hoje mesmo estou com dois casos para que seja atendido ou no Centro de Oncologia, aqui, em São Paulo, ou que seja encaminhado para algum lugar.

Quando o Hospital Santa Marcelina está lotado, ele não abre espaço para mais paciente de oncologia. Por quê? Ele diz que se faturar mais do que aquilo ali não vai receber.

E o doente? O doente que paga por isso porque não inicia o seu tratamento oncológico de quimioterapia ou de radioterapia. Então, temos que chamar a atenção. Por isso que defendemos aqui o sistema de vaga zero. Diagnosticado o câncer, diagnosticado o paciente que precisa de cirurgia oncológica, de radioterapia ou de quimioterapia ou hormonioterapia, iniciar o tratamento o mais rápido possível e não ficar: se eu fizesse tratamento, não vou receber e, com isso, prejudicar o paciente.

Precisamos mudar isso, secretário, para que as pessoas iniciem o seu tratamento logo no diagnóstico e não aguardando uma vaga. O paciente de câncer de sigmóide, de intestino, tem que ser operado imediatamente. Ele não consegue vaga para iniciar a sua cirurgia, fica aí vagando, buscando onde iniciar o tratamento. É muito triste isso acontecer. Porém, quando se fechou o serviço de oncologia de Mogi das Cruzes, alertamos: “Olha, os pacientes vão morrer porque não inicia o tratamento o mais rápido possível”. Muito obrigado, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOHI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Vinícius Camarinha. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Cezar.

 

O SR. CARLOS CEZAR - PSB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, no último domingo encerramos o processo eleitoral deste ano com eleição em diversos municípios que tiveram o segundo turno. Entre eles o Município de Sorocaba a que pertenço, resido e servi como vereador durante dois mandatos, também o Município de São Paulo, que é a maior Cidade do País.

Vale destacar que esse processo democrático que vivemos está cada vez mais amadurecido na nossa sociedade, respeita os institutos e está convivendo com maturidade. Então, queremos celebrar a todos que participaram desse processo como a Justiça Eleitoral - o TSE -, aos candidatos que disputaram a eleição, que foram às urnas, tiveram a coragem de colocar o seu nome à apreciação da população.

O princípio maior da democracia é o princípio em que o poder emana do povo e pelo povo será exercido. Esta a forma mais real e legítima de se exercer o poder. Não estamos aqui por indicação de uma pessoa, mas pela vontade da população.

Nesse sentido, Sr. Presidente, Deputado Jooji Hato, quero exaltar aqui o meu partido que tenho privilégio de liderar nesta Casa, o PSB, que mais cresceu nessas eleições. Crescemos mais de 40% nessas eleições. Passamos de pouco mais de 300 prefeitos que tinham sido eleitos no pleito de 2008 para mais de 440 prefeitos do PSB eleitos em todo o Brasil. Especialmente aqui, em São Paulo, elegemos 28 prefeitos. Elegemos prefeitos de importantes capitais como o de Fortaleza, Recife, Porto Velho, Cuiabá. São cinco capitais, além aqui de São Paulo. Tivemos a eleição do nosso companheiro, que foi líder do PSB também nesta Casa. Atualmente deputado federal, mas foi deputado estadual aqui por alguns mandatos, liderou o PSB aqui na Assembleia Legislativa e agora se elegeu prefeito de Campinas, uma das maiores cidades do nosso País, o Deputado Federal Jonas Donizette. Quero parabenizá-lo, também o nosso companheiro aqui da Casa, Deputado Vinícius Camarinha, que se elegeu na importante Cidade de Marília, sede da TAM, sede do Banco Bradesco, uma das cidades mais importantes do interior paulista, e, também, outros ex-deputados desta Casa, como o Valdomiro que se reelegeu prefeito na Cidade de São José do Rio Preto.

Enfim, tivemos esse crescimento significativo, além da eleição lá em Fortaleza. No Ceará, tivemos também um grande crescimento em todo o Nordeste. Em Minas Gerais, Capital Belo Horizonte, foi eleito o prefeito do PSB.

Quero fazer o registro de que é um partido que tem crescido. Cremos que quando as pessoas crescem é porque está saudável e tem vitalidade para crescer. O PSB está crescendo com saúde, com vitalidade, com maturidade, com juventude, com vontade de fazer.

Penso que esse crescimento do Partido Socialista Brasileiro está credenciando para cada vez mais contribuir com a nossa sociedade, contribuir com o nosso Estado de São Paulo, contribuir com os estados que fizemos prefeitos porque estamos trabalhando todos os vereadores, todas as militâncias do PSB.

Era apenas para fazer este registro e parabenizar aqui, sobretudo, Vinícius Camarinha, Jonas Donizette, todos os prefeitos eleitos do PSB. Aqui, em São Paulo, parabenizar também toda a Bancada do PT na pessoa do Presidente Estadual do PT, Deputado Edinho Silva, pela eleição do Fernando Haddad e também aliados do PSB. Parabéns pela conquista.

Desejo a todos os novos prefeitos, a esses novos gestores públicos, desempenho melhor para a nossa cidade, para o nosso País porque é isso que a população espera. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Edinho Silva.

O nobre Deputado Edinho Silva é Presidente do PT estadual, grande prefeito de Araraquara.

 

O SR. EDINHO SILVA - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos assiste, servidores desta Casa, também assumo a tribuna para, enquanto Presidente Estadual do meu partido, fazer algumas considerações.

Primeiro, agradecer a votação que o povo de São Paulo concedeu ao Partido dos Trabalhadores nas eleições de 2012.

Por meio do voto popular, do voto democrático, em 2013 iremos governar 68 municípios do Estado de São Paulo, totalizando uma população acima de 18 milhões de habitantes, o que equivale a mais de 45% da população do Estado de São Paulo. Teremos vereadores em 382 Câmaras Municipais do Estado, 675 vereadores por todo o Estado de São Paulo representando o nosso programa, as nossas propostas. Teremos também mais 55 vice-prefeitos em todo o Estado.

Portanto, quero agradecer a toda população do nosso Estado que concedeu ao Partido dos Trabalhadores esta que é a maior votação da nossa história no Estado de São Paulo.

Quero aqui dizer que os setores mais conservadores da sociedade paulista tentaram fazer do julgamento do Supremo Tribunal Federal um instrumento de ataque ao Partido dos Trabalhadores, à nossa história. Tentaram, sim, pôr o Partido dos Trabalhadores no banco dos réus; tentaram, sim, fazer de uma votação no campo do Judiciário um instrumento de desgaste de um partido que tirou mais de 30 milhões de brasileiros da miséria e que proporcionou a outros 40 milhões de brasileiros que ascendessem socialmente. Um partido que, junto com os aliados, conseguiu fazer com que o Brasil representasse todos os países em ascensão no nosso planeta, um partido que conseguiu impor ao mundo uma nova agenda, portanto, um partido que tem conseguido desenvolver um projeto nacional de fortalecimento da nossa economia, de crescimento econômico, mas, acima de tudo, de construção da justiça social. O que tentaram fazer nestas eleições com o Partido dos Trabalhadores é uma afronta à democracia.

Cabe aqui dizer que a população do Brasil e também aqui do Estado de São Paulo disse claramente que o PT continua sendo um instrumento de construção de uma sociedade mais justa, de uma sociedade mais humana. A sociedade nos enxerga como instrumento de construção de políticas públicas que efetivamente fazem deste País um país mais justo e mais humano e o mesmo as pessoas querem aqui no Estado de São Paulo.

Foi o povo de São Paulo que disse que o Partido dos Trabalhadores representa os interesses da nossa sociedade e da nossa população e junto com os nossos aliados, com o PMDB que hoje é o nosso principal aliado no Estado de São Paulo, temos condições de dialogar com o povo paulista apresentando alternativas de governo em todo o nosso Estado.

Cabe dizer que a força das urnas também estabelece ao PT a missão de continuar lutando pela reforma política, pela reforma eleitoral, pela reforma tributária, por um novo pacto federativo, pela reforma do Judiciário, pelo avanço da comunicação social. Disse também que o PT deve lutar por tudo aquilo que construiu como avanço à nossa democracia.

Concluo a minha fala dizendo que um dos maiores pilares da democracia, senão o maior, é o direito ao contraditório, é o direito à presunção de inocência, são os direitos individuais como demonstração da construção da democracia e nós vamos, sim, continuar lutando por aquilo que acreditamos. Nós vamos, sim, continuar lutando pela democracia.

Não vamos permitir que nenhuma manifestação autoritária possa campear livremente o imaginário da nossa sociedade ou possa ocupar espaço na sociedade.

Estaremos alertas, atentos defendendo a democracia brasileira, defendendo o estado de direito, defendendo que as instituições funcionem, sim, mas funcionem para consolidar a democracia.

Portanto, estamos fazendo o balanço de uma vitória incontestável, uma vitória não apenas do PT: uma vitória do PT, dos partidos aliados que aumentaram a sua força política no Estado de São Paulo porque representam um projeto que está mudando a vida do povo brasileiro.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio, pelo tempo restante do Pequeno Expediente.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, aqueles que estão nos assistindo pela TV Alesp, venho à tribuna, como amante que sou da democracia, dizer que o processo eleitoral definitivamente sinaliza para o mundo inteiro que a democracia no Brasil está consolidada: instituições estáveis, consolidadas, uma justiça eleitoral eficiente e também um processo eleitoral com urna eletrônica dos mais modernos do mundo e igualmente eficiente.

Tivemos a felicidade neste final de semana de eleger diversos prefeitos em algumas cidades do Estado. O Partido dos Trabalhadores deu a sua contribuição nestas eleições. Nossa contribuição foi participar de um processo político apresentando ideias, propostas. Em nenhum município onde participamos do processo eleitoral desencadeamos um nível de campanha que não fosse razoável, dentro do patamar da democracia, debatendo no campo das ideias. Infelizmente, por parte dos nossos adversários, não foi isso que aconteceu. Em diversas cidades a eleição se deu num baixo nível, que não contribuiu com a democracia.

Aqui na Cidade de São Paulo - e voltarei a falar no Grande Expediente - quero deixar registrado que talvez o tipo de campanha contra a candidatura petista de Fernando Haddad, não contribuiu em nada para elevar o nível da disputa na Cidade de São Paulo e mais do que isso, o nosso principal adversário fez da sua campanha um instrumento para despertar nos setores mais conservadores da sociedade, ideias atrasadas, debates que não deveriam ser feitos nestas eleições, de maneira que o povo da Cidade de São Paulo, deu um basta.

Esse tipo de campanha que não diz respeito à vida do povo, campanha que não diz respeito ao futuro da cidade, campanha que não diz respeito efetivamente a um desenvolvimento, pensando na qualidade de vida do povo da cidade, não tem mais espaço. Foi a vitória de um programa de governo, foi a vitória de uma postura ética de uma candidatura que fez, do presente e do futuro da cidade, a essência de debate no processo eleitoral.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Por permuta de tempo com o nobre Deputado Cauê Macris, tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio, pelo tempo regimental.

 

O SR. CELSO GIGLIO - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Jooji Hato, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, funcionários desta Casa, o meu pronunciamento tem um objetivo bem claro: alertar a opinião pública, o meio político, os integrantes do Poder Judiciário e esta Casa de Leis sobre uma manobra política que é repetida pelos municípios do Brasil e que podem colocar em risco a democracia e a justiça em nosso País. Sob o manto de uma suposta ação promotora da moralidade, perseguem-se administradores públicos, e subvertem-se, de modo canhestro e autoritário, a vontade dos eleitores.

Vamos aos fatos: fui Prefeito de Osasco durante oito anos, dois mandatos. Nesse período construí hospital, maternidade, teatro, centro cultural, vinte postos de saúde, parque ecológico, escolas, bibliotecas, terminais de ônibus, rodoviária. Enfim, entreguei à população da minha cidade seus mais importantes e até hoje mais utilizados equipamentos públicos. Foram oito anos de administração realizadora, responsável, de amplo reconhecimento popular. E nesses oito anos todas as contas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, exceto as de 2004.

Essas contas, o Tribunal de Contas fez 12 apontamentos. A Prefeitura - na época eu era prefeito - se defendeu, e o Tribunal de Contas, após ampla e detalhada auditoria, acolheu nossas argumentações em sete casos, sobrando apenas cinco restrições às minhas contas, quase todas de cunho contábil.

Pois bem, em 2009, a Câmara Municipal composta majoritariamente por vereadores alinhados com o meu adversário político, Emidio de Souza e com o Deputado João Paulo Cunha, ambos do PT, entrou em ação, rejeitou minhas contas referentes ao ano de 2004. Nunca na história do município, isto havia acontecido anteriormente.

Esse procedimento foi eivado de irregularidades. E para se ter uma ideia, o próprio Presidente da Comissão de Finanças, Vereador José Amando Mota, no afã de atender à orientação do Executivo Municipal votou duas vezes. Pouco depois, por coincidência, assumiu uma Secretaria na Prefeitura de Osasco.

Na ânsia de me prejudicar politicamente, as irregularidades na Câmara Municipal foram tantas, e as aberrações tão evidentes, que a sessão foi anulada pela Justiça. O caso foi para o Ministério Público, uma das instituições mais respeitadas da República. Talvez a mais rigorosa e detalhista, que analisou as cinco pendências exaradas no levantamento do Tribunal de Contas do Estado.

Depois de um ano, meu caro Presidente Jooji Hato, que ora preside a sessão, de exame detalhado da documentação e apuração criteriosa dos fatos o Ministério Público, através do promotor Fábio Luis Machado Garcez, assim concluiu a sua avaliação: “Esgotadas as diligências cabíveis, não há elementos mínimos de convicção a este promotor de justiça de atitude de improbidade administrativa por parte do Prefeito do Município de Osasco no ano de 2004 para embasar uma propositura de ação civil pública.” Peço licença para repetir a conclusão: “... não há elementos mínimos de convicção a este promotor de justiça de atitude de improbidade administrativa por parte do Prefeito do Município de Osasco no ano de 2004 para embasar uma propositura de ação civil pública.”

Como se não bastasse, prossegue: “As ações civis públicas de improbidade administrativa devem ser para casos relevantes.” E arremata o promotor: “devem ser apenas para casos sérios, de evidente intuito de causar prejuízo ao Erário, o que não se verifica no presente caso.”

Este parecer foi ratificado, Deputada Regina Gonçalves. Parabéns pela vitória do seu partido lá em Diadema. Este parecer foi ratificado pelo Conselho Superior do Ministério Público em setembro de 2009.

Recapitulando: eram 12 as restrições às minhas contas feitas pelo Tribunal de Contas do Estado, foram reduzidas a cinco, pelo próprio TCE e o Ministério Público do Estado de São Paulo, não encontrou indícios de improbidade em nenhuma delas; são fatos comprovados e documentados para quem quiser ver.

O Prefeito do PT, juntamente com o Deputado João Paulo Cunha, com o intuito de me atingir politicamente, voltou à carga em 2011, pressionando os vereadores para que desaprovassem as minhas contas. Na ocasião, liguei para cada um deles e distribuí o parecer que o Ministério Público me dava e ali um atestado de idoneidade moral. Qual não foi minha surpresa quando a Câmara Municipal, citando as 12 ressalvas iniciais do TCE, rejeitou as contas de 2004. Os vereadores levaram em conta até pontos superados pelo Tribunal de Contas, e desconsideraram solenemente o parecer do Ministério Público, numa atitude claramente política.

A explicação: no ano seguinte, 2012, haveria eleições e meu nome já despontava como favorito nas pesquisas de intenção de voto.

Um aspecto importantíssimo, Sr. Presidente, meu adversário na disputa, encabeçando a coligação do PT, era o Deputado João Paulo Cunha.

Em plena campanha, e após ser julgado no processo do mensalão, João Paulo renunciou à candidatura, embora segundo o jornal "Folha de S.Paulo" continuasse sendo o grande articulador da candidatura de Jorge Lapas, que o substituíra. Era questão de vida ou morte para o PT impedir que eu fosse candidato. Vale ressaltar que o Prefeito Emidio, do PT - vejam bem - teve várias contas desaprovadas pelo Tribunal de Contas. Vale à pena ressaltar que o Prefeito Emidio teve várias contas desaprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado. As contas de 2009, por exemplo, segundo o Tribunal de Contas, continham 32 impropriedades, entre as quais, baixo desempenho nos indicadores de Educação, Saúde, aplicação de recursos na área educacional, abaixo do determinado pela Constituição, e gigantescos problemas licitatórios.

Até agora, entretanto, a mesma Câmara Municipal, tão zelosa, ágil e persistente no processo de desaprovação das minhas contas, não achou que as extensas e gravíssimas irregularidades cometidas pelo Prefeito Emidio fossem passíveis de punição. Dois pesos, duas medidas. Mas as barbaridades não pararam por aí. Requeri meu registro de candidato a prefeito em 2012. Um integrante do PV, aliado, na minha cidade, ao do PT, entrou com pedido de impugnação da candidatura, citando...

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Deputado, V. Exa. tem a palavra, por permuta com o nobre Deputado Carlos Bezerra Jr., pelo tempo regimental.

 

O SR. CELSO GIGLIO - PSDB – SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigado. Um integrante do PV, aliado do PT, entrou com um pedido de impugnação da candidatura, citando: “Vejam se há algum sentido. Novamente os 12 pontos registrados no primeiro parecer do TCE. Ora, sete desses 12 pontos já haviam sido reconsiderados pelo próprio TCE, e nos cinco que sobraram examinados pelo Ministério Público não foram encontradas irregularidades”. A Justiça Eleitoral de Osasco, evidentemente, indeferiu de pronto o pedido de impugnação. Eu era, portanto, candidato de fato e de direito.

A campanha transcorria normalmente, com todas as pesquisas indicando minha vitória, já no primeiro turno, inclusive a do Ibope, quando o Tribunal Eleitoral Federal deferiu o pedido de impugnação evocando - vejam se é possível - os indefectíveis 12 pontos do Tribunal de Contas do Estado. É como se alguém fosse condenado por uma irregularidade da qual ele já tivera sido absolvido. Mas a jornada kafquiana estava longe de ter acabado. O entendimento do Tribunal Regional Eleitoral foi além, concluiu que houve dolo e prejuízo insanável ao Erário, quando segundo o Ministério Público não havia elementos mínimos que apontassem indícios de improbidade, ou seja, haveria dolo, intenção, sem haver, segundo o Ministério Público, nem mesmo irregularidade. É como se tivéssemos duas justiças: o Ministério Público me inocentando e a Justiça Eleitoral me condenando.

Quero ressaltar mais um ponto. No pedido de impugnação feito pelos meus adversários constavam aspectos referentes à auditoria prévia que o TSE realiza antes de emitir seu parecer, ou seja, elementos que nem sequer foram apreciados pelo Tribunal de Contas. Aspectos totalmente superados foram levantados na ação num evidente caso de litigância, de má fé, com o objetivo de obstar minha candidatura e tolher o sagrado direito democrático que têm os cidadãos de escolher seus governantes. De uma só tacada, cometeu-se uma injustiça e a soberania popular foi ceifada.

Meus advogados entraram então com um pedido de embargo de declaração no Tribunal Regional Eleitoral. Trata-se de um instrumento, através do qual se pede explicações sobre a decisão e levantam-se alguns pontos considerados obscuros na sentença. O esforço não teve efeito prático, apenas em sua reanálise o relator se restringiu agora aos cinco pontos, mas a sentença já havia sido dada, os cinco pontos sobre os quais Ministério Público se manifestou.

O Dr. Alberto Rollo, decano do Direito Eleitoral Brasileiro, um homem respeitado e acima de tudo inconformado com as injustiças, assim se manifestou: “Ao avocar-se o direito de examinar a ação do gestor público, acima e além das funções constitucionais do Ministério Público, o Judiciário Eleitoral arvorou-se o papel de acusador, invadindo a seara de atuação daquela instituição”. A ação da Justiça Eleitoral vai além ao desprezar a ação do Ministério Público do Estado de São Paulo, acoimando-o no mínimo de incompetente.

Recorri então ao Tribunal Superior Eleitoral. A relatoria do julgamento do recurso coube à Ministra Luciana Lóssio, em cujo currículo constam atividades profissionais prestadas ao PT na eleição presidencial de 2010. Não quero insinuar absolutamente nada, mas acho mesmo que os ministros são pessoas corretas, mas soou, no mínimo, para a população, estranho que alguém tão próximo ao PT, com histórico de ligação umbilical ao partido julgue uma causa que poderia beneficiar exatamente o PT. Mais do que isso: havia boatos intensos na cidade de que o PT, inclusive o ex-Presidente Lula, estaria se movimentando para manter o acórdão do Tribunal Regional Eleitoral. Era a busca incessante da vitória no tapetão, como se diz popularmente.

Já que eu estava em plena campanha, era líder nas pesquisas e queria dar uma satisfação aos eleitores, perguntei ao advogado contratado pelo diretório do PSDB do Estado de São Paulo, José Eduardo Alckmin, um dos mais respeitados do país em sua área, se haveria risco da impugnação ao se consumar. Dr. Alckmin, homem sério, me respondeu com todas as letras: “A boa justiça nos ampara.” Confiando na Justiça, continuei candidato, e mesmo com meus adversários divulgando a versão de eu havia sido cassado, o que não era verdade. Fui o mais votado, com quase 150 mil votos.

O julgamento no TSE foi um rito sumário. Estupefato, ouvi a Ministra Luciana Lóssio evocar - pasmem - os 12 pontos originalmente apontados pelo TSE, impugnando minha candidatura, no que foi seguido pelos outros ministros, como é praxe naquele tribunal em época de acúmulo de julgamentos. Em outras palavras: tive a minha candidatura impugnada por algo que o próprio Tribunal de Contas e o Ministério Público afirmaram que eu não fiz.

Comecei a minha fala alertando que estão em risco a justiça e a democracia, em nosso País. Nas eleições de outubro de 2012 houve uma onda de mudança, com vitória de muitos candidatos que representavam a oposição, as atuais administrações. Vamos imaginar que as Câmaras Municipais, motivadas pelos prefeitos que assumirão, comecem a desaprovar contas a esmo para inviabilizar o futuro político dos prefeitos que perderam a eleição. Ora, sob a fantasia politicamente correta de uma suposta moralização, será criada a maior onda de perseguição política da nossa História, maior até do que a verificada no regime militar, pois indiscriminada e traiçoeira.

A minha decepção é muito grande porque fui injustiçado, grande porque fui perseguido politicamente e publicamente. E grande também porque o povo da minha cidade me deu quase 150 mil votos.

Fui o mais votado no Primeiro Turno, e a expressão vigorosa da vontade popular não teve reflexo na prática. Fora eu o segundo colocado, ou perdedor, eu não teria coragem de assumir. Não seria, de forma alguma, prefeito biônico. Não assumiria um poder que não me fosse dado pela maioria dos eleitores da minha cidade. Mas quando o que move é a decepção, é o sentimento de injustiça, acende-se no homem aquilo que talvez ele tenha de mais nobre, a vontade de lutar para corrigir o que está errado.

Essa luz está cada vez mais forte dentro de mim, uma força não apenas para buscar uma reparação pessoal, o que não é pouco. E perseguirei sem trégua, mas também para aperfeiçoar a democracia e manter o respeito irrestrito ao eleitor que, no final das contas, é quem comanda todos nós. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini, por permuta com a nobre Deputada Heroilma Soares.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, estamos vivendo um momento difícil na área da Segurança Pública no Estado de São Paulo.

Realmente, 88 PMs já morreram, sendo 18 inativos, entre policiais civis, dois delegados, dois investigadores, 18 agentes penitenciários, 140 atentados contra policiais. Tudo isso mostra um momento difícil da Segurança Pública de São Paulo.

É complicado porque a Polícia Militar de São Paulo é a melhor do Brasil, e a Polícia Civil de São Paulo é a mais aparelhada, a mais competente do Brasil. Realmente, nós podemos dizer, que nossas polícias são comparáveis às melhores do mundo, com a dificuldade de recursos que têm, com os baixos salários, com todas as dificuldades, e o nosso policial faz o melhor.

Estamos atingindo números alarmantes: 10 pessoas mortas por dia, e em uma semana, mais de 100 pessoas. Isso demonstra que é ou um problema de Governo, ou é um problema de gestão, de administração. A Polícia Militar tem um Coronel, um Comandante Geral, e a Polícia Civil tem o Delegado Geral e o Secretário da Segurança Pública, que está aí há bastante tempo.

Se o Estado de São Paulo é o Estado mais complicado, em matéria de Segurança Pública, superou o Rio de Janeiro, superou estados que têm matadores profissionais, como Alagoas e Pernambuco. Alguma coisa está complicada aí. Hoje a Polícia Militar iniciou a sua ação, com mais de 600 policiais em uma favela, a Paraisópolis. O serviço de Inteligência detectou que era de lá que saiam as ordens para o crime. Portanto, a polícia está lá.

Mas temos que cobrar. E dentro dos presídios, como é que está? O Secretário dos Assuntos Penitenciários parece que é blindado, nunca o vi falar em alguma entrevista de rádio ou televisão, nunca vi a Veja fazer uma reportagem sobre os presídios de São Paulo. Secretário da Segurança Pública, estamos cobrando do senhor este momento.

A criminalidade tem a droga na sua base, sem dúvida alguma. São Paulo é deficiente no que diz respeito à prevenção. O trabalho de prevenção que faz a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo é vergonhoso, é inútil, não existe.

E São Paulo tem o maior garoto-propaganda da maconha, o Presidente Fernando Henrique Cardoso. Neste mês, nesta semana, ele está no Leste europeu, na Polônia, em Varsóvia, fazendo palestras e dizendo que a maconha precisa ser descriminalizada, que só o método repressivo não deu certo. Na campanha para prefeito, vi candidata que queria que a maconha fosse vendida não mais em charutaria, que é pouco, mas que fosse vendida em bar, do mesmo jeito que se vende cerveja. Quer dizer, está elogiando a maconha.

Presidente Fernando Henrique Cardoso, lá na Polônia, quanto tempo o senhor está perdendo! Vá falar da criminalidade no Brasil. Vá falar da fome na África. Vá falar que na África há localidades em que 80% dos habitantes estão infectados com o vírus do HIV. E o senhor quer liberar a maconha... O senhor dobrou o número de viciados no Estado de São Paulo e no Brasil. Ao incentivar a Marcha da Maconha, o STF olhou pelo lado da liberdade de expressão.

Não, maconha é problema de saúde pública. A revista Veja desta semana mostra, na sua capa, por experiência científica, o mal que a maconha faz. As novas descobertas da Medicina cortam o barato de quem acha que ela não faz mal. Só que eu falo isso há 40 anos, porque vejo nos meus pacientes arrebentados pelo crack, arrebentados pela cocaína. E muitos começaram pela maconha; cerca de 95% dos pacientes começaram com a maconha.

É assim. Ele começa a cada três meses. Ele fala que estou exagerando, que estou falando besteira. Ele não acredita que essas porcarias vão tomar conta dele. Elas são pequenininhas, são baganas, fininhas, baseados. Ele põe na mão, e fala que o pai é muito exagerado.

Todos começam assim, a cada três meses. Depois é a cada dois meses. Ele fala que fuma na praia, no motel, e não acredita que vá gerar dependência, porque “os que ficam dependentes são tontos, são miolo mole, eu não, eu me domino”.

Todos são assim. Depois, é todo dia, três, quatro ou cinco baseados por dia. Daí, a maconha não faz mais o efeito desejado. Um amigo oferece cocaína, ele cheira e gosta, porque a droga dá prazer. A maconha, e qualquer droga, quando atua no cérebro, libera a serotonina. Se você tem um orgasmo, é porque liberou serotonina no cérebro. Vamos simplificar assim, é o princípio do prazer. É como se você abrisse uma torneirinha e desse prazer, e o indivíduo fala: “descobri a América, tenho o prazer na hora em que quero.” Esse é o início da droga. Depois de seis meses ele usa para não sofrer.

Presidente Fernando Henrique Cardoso, pare com isso. Aliás, gostaria que o PSDB fizesse um comunicado. Se 80% das famílias são contra a legalização da maconha, eu queria que o PSDB fizesse um comunicado dizendo que essa é uma ideia pessoal do ex-Presidente Fernando Henrique.

Eu sei que quando José Serra era Governador, ele mandou a esta Casa um projeto de lei contra o cigarro que eu defendi, tão bem, e aprovamos. O Governador Geraldo Alckmin também nos mandou o projeto de lei contra a venda de álcool para menores de idade, o qual eu também defendi e nós aprovamos. Portanto, o PSDB tem que dizer que apesar do ex-Presidente Fernando Henrique ser presidente de honra nacional do partido, essa é uma ideia pessoal dele. Muitas famílias não gostam disso. Então, pais, se vocês querem receber esse manual em sua casa, eu enviarei gratuitamente.

Eu escrevi o que uma mãe veio falar comigo: “Coronel Edson Ferrarini, o ídolo do meu filho é o ex-Presidente Fernando Henrique, mas no senhor, ele não vota nunca. Eu não sei o que falar para o meu filho.”

Por isso eu fiz esse manual. Porque elogiar maconha é propaganda enganosa. Eu mostro que nenhum país do mundo legalizou a maconha, mostro que no Brasil não tem nenhum usuário preso e que a nossa legislação é uma das mais brandas do mundo.

Minha gente, a droga está na base de tudo. Vocês sabem qual é a minha luta desta semana? A Comissão que foi reformar o Código Penal fez aquilo. Se vocês mandassem o bandido fazer a reforma do Código do Processo Penal, é provável que eles diriam “deixa como está porque nós só cumprimos 1/6 da pena, e em alguns casos para crime hediondos depois de cumprir 3/5 da pena vamos para o sistema semi-aberto. Nós temos cinco saídas por ano e quando saímos sabemos que só voltamos se quisermos porque até 10% ficam nas ruas. Portanto, deixa como está, mas façam o seguinte: ‘peguem a maconha e proponham que o usuário pode carregar no bolso uma quantidade para ser usada por até 10 dias’.” Enfim, tudo que eles queriam é o que foi proposto pela Comissão de Reforma do Código Penal. Essa comissão propôs essas baboseiras, essas idiotices, que agora estão lá no Senado Federal. Eu estou me comunicando com o Senado, estou dizendo que rejeitem essa proposta, que sumam com essa proposta. Acabem com isso porque se o jovem ouve essa proposta acaba achando que droga não tem importância. Nós vamos impedir que o Senado vote e que o Congresso afaste a votação da reforma do Código Penal.

Essa proposta não pode ser aprovada em hipótese alguma. Vocês imaginem o sujeito gasta cinco pedras de crack por dia, para usar por 10 dias ele vai carregar 50 pedras no bolso. Sendo pego com 50 pedras, ele diz que é para uso próprio. Se o sujeito gasta duas gramas de cocaína por dia, se for pego com 10 gramas, ele diz que é para consumo próprio. Isso era tudo que o tráfico queria.

Então, se puderem, mandem um telegrama para os Senadores falando para eles não votarem a favor desse projeto que é contra a família, é contra os nossos jovens e é um mal para todos nós.

Essa Comissão é formada por pessoas boas, mas propor isso foi a maior inutilidade que a essa reforma do Código já realizou.

Nós estamos fazendo o uso da tribuna em defesa dos nossos filhos e em defesa da família dizendo que essa bandalheira lá no Congresso não pode prosseguir. Afastem essa proposta de andar com drogas para 5 ou 10 dias no bolso, porque isso era tudo que os traficantes queriam. Mas isso não pode ser votado, pois as famílias repudiam.

Presidente Fernando Henrique Cardoso, termine seus dias com dignidade. Não leve da sua vida, quando alguém perguntar o que você fez em vida, a resposta: “Meu maior trabalho, entre outros, foi legalizar a maconha. Trabalhei pela descriminalização da maconha.” Que vergonha, Presidente Fernando Henrique Cardoso!

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Há uma permuta de tempo entre o nobre Deputado Rui Falcão e o nobre Deputado João Antonio. Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio, pelo tempo regimental.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Jooji Hato, Srs. Deputados, Sras. Deputadas e aqueles que nos assistem pela TV Alesp, quero registrar em primeiro lugar que ouvir atentamente o Deputado Celso Giglio falar desta tribuna. Respeito seu pronunciamento, mas quero dizer que nós construímos uma democracia sólida, um Brasil com Poder Judiciário autônomo e independente, e eu diria soberano também nas suas decisões, de maneira que eu respeito qualquer decisão do Judiciário, seja ela favorável ao Partido dos Trabalhadores ou contrária. Esta é uma decisão da Justiça. Quem decidiu a respeito de impedir a disputa de um candidato, não foi o Partido dos Trabalhadores, mas a Justiça. Quero registrar isso, de maneira transparente, nesta tribuna.

Quero dizer que venho à tribuna porque estou muito feliz com a vitória de Fernando Haddad. Acho que foi uma escolha sábia do povo paulistano.

Em primeiro lugar, nós que moramos na cidade de São Paulo há muito tempo, eu moro desde os 9 anos, chegamos à conclusão de que a cidade não pode mais conviver com um governo que já inicia seu mandato pensando na eleição seguinte e não pensa o destino da cidade a longo prazo.

Quando a ex-Prefeita Marta assumiu a Prefeitura de São Paulo, eu tive a honra de ser o seu líder da Câmara Municipal, na época como Vereador nos dois últimos anos do seu governo. Nós pegamos esta cidade completamente desregulamentada.

Quem não se lembra como era o transporte coletivo nesta cidade? Havia ônibus clandestinos tomando conta da cidade, peruas Kombi faziam o chamado transporte alternativo, mas era um transporte clandestino.

A Marta regulamentou o sistema na área de Transporte. Trouxe os chamados perueiros à legalidade através das cooperativas e criou condições para revolucionar o transporte coletivo desta cidade, implementando o Bilhete Único, a primeira experiência no Brasil que se alastrou por diversos outros municípios a partir de uma experiência bem sucedida na cidade de São Paulo.

Fez os CEUs, que não é simplesmente uma escola, é uma integração da Cultura, do Esporte e da Educação tradicional em escolas que são polos culturais que, além de articular a política educacional para escolas vizinhas, fazem uma integração perfeita com a sociedade, transformando em clubes aos finais de semana e feriados.

Mas não foi só isso que a ex-Prefeita Marta fez em sua gestão. Ela também fez na cidade de São Paulo, um novo Plano Diretor; uma nova concepção de ocupação do solo urbano. Ela fez o Plano Diretor Geral da Cidade, mas fez também os Planos Diretores Regionalizados já prevendo que o futuro desta cidade, é um futuro de descentralização do seu desenvolvimento, principalmente do seu desenvolvimento econômico.

São Paulo cresceu à margem do planejamento estratégico. Nós tivemos uma experiência passada, no Governo Prestes Maia, que fez um Plano Diretor que incidia basicamente no viário público desta cidade. Foi daí que vieram as grandes avenidas: a Radial Leste, a Marginal, a 23 de Maio e a Faria Lima. Não posso dizer que o plano viário do Governo Prestes Maia foi um plano equivocado porque sem essas grandes avenidas talvez a cidade de São Paulo hoje fosse uma cidade inviável.

De lá para cá, nenhum outro Plano Diretor conseguiu dialogar com o futuro da cidade e todos os governantes que passaram por esta cidade governaram, com propostas imediatistas, pensando no dia seguinte e sem dialogar sobre o futuro desta cidade. Estes últimos oito anos da Administração Serra-Kassab seguiram também este mesmo caminho - o caminho imediato, propostas imediatas - para resolver problemas de curto prazo, sem pensar em longo prazo.

O que temos do legado desses oito anos de Administração? As AMAs, talvez uma proposta razoável? Sim. Só que elas não funcionam na prática. O que ocorre é que a população procura as AMAs e não tem onde fazer seus exames de especialidades. A Cidade Limpa? Talvez. Qual outra?

Infelizmente, foram oito anos perdidos do ponto de vista estratégico para a cidade de São Paulo. Por que a Cidade escolheu Fernando Haddad, em que pese uma campanha de baixo nível do nosso adversário, criticando kit homofobia e misturando assuntos que a Justiça está tratando, e trazendo para a campanha o incentivo ao preconceito? A população disse não e disse sim para outro projeto, que é exatamente a continuar a pensar na Cidade em longo prazo. Fernando Haddad apresentou à Cidade de São Paulo uma proposta para a área de transporte público, sem pensar só no amanhã. É claro que o Bilhete Único Mensal vai ajudar de imediato à população, do ponto de vista econômico e na qualidade do transporte. É claro que os 150 km de corredores de ônibus vão ajudar bastante, e imediatamente a população de São Paulo, mas o que tem de revolucionário na proposta de Haddad é exatamente a visão da descentralização econômica desta cidade. São Paulo só terá futuro quando impedirmos, gerando emprego na periferia, que seis milhões de pessoas se desloquem todos os dias ao centro da cidade para trabalhar. Como vamos fazer isso? Levando emprego e desenvolvimento econômico para as regiões periféricas.

Aliás, nobres deputados e telespectadores, prestem atenção. Sem planejamento estratégico, à margem deste planejamento, foram proliferando núcleos econômicos que foram forçando um desenvolvimento desordenado da cidade. Há o São Miguel Paulista, que é um grande núcleo econômico; Itaquera, Campo Limpo, Capela do Socorro e Brasilândia também. O que precisa fazer hoje a Administração? Potencializar, de forma organizada, o desenvolvimento desses núcleos econômicos já constituídos nesta cidade. Essa é a tarefa principal e um dos grandes itens do Programa de Governo escolhido pela população para governar os próximos quatro anos.

O ex-Ministro Haddad, o prefeito eleito desta cidade propõe recuperar e voltar a debater, coisa que essa administração atual não quis fazer para mudar a forma de ocupação dessa cidade. Mais: impedir que o poder econômico continue ditando as regras de crescimento da cidade, fazendo planos diretores com perspectivas de desenvolvimento regionalizado - uma visão de futuro diferenciada.

Nós presenciamos nesses oito anos de Serra-Kassab uma profunda concentração do poder.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Vossa Excelência tem mais 10 minutos, por permuta de tempo com o nobre Deputado Milton Vieira.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT – SEM REVISÃO DO ORADOR - Continuando, Sr. Presidente, estou falando exatamente de outro ponto crítico desta Administração. Nós construímos 31 Subprefeituras quando passamos pela administração pública em São Paulo. Antes, as antigas regionais eram zeladorias. Qual era a concepção de administração do período em que o PT governou esta cidade? É impossível governar São Paulo a partir do Palácio do Anhangabaú. É preciso desconcentrar o poder. Como devemos fazer isso? Dando poder às 31 Subprefeituras. E assim fizemos. No último ano do Governo Marta, a subprefeitura do Itaim Paulista, por exemplo, tinha 128 milhões de reais de Orçamento. Sabe quanto foi o Orçamento no último ano de gestão do Prefeito Kassab? Foi de 34 milhões. Capela do Socorro, no último ano da gestão Marta, 178 milhões de reais, e na gestão Kassab foi de 46 milhões de reais.

Vejam a visão tacanha da atual Administração pública desta cidade. Em vez de desconcentrar o poder e levá-lo para perto do povo, dando autonomia e dinamizando as subprefeituras para resolver o problema da população, concentra poder na mão de poucos. É esta administração que não queremos. Hoje, para se limpar um córrego na periferia da cidade é preciso pedir favor para um secretário no centro da cidade. As subprefeituras não têm dotação orçamentária para resolver problemas pequenos, como limpar um córrego na periferia.

A esse tipo de administração é que a população disse não. A população estava cansada de ir a uma subprefeitura falar com coronéis, e não resolver o problema imediatamente.

Nobres Deputados, a proposta do prefeito eleito é dar poder às subprefeituras, ouvir a população e resolver seus problemas. Na área da Saúde, quando ia a um posto no Itaim Paulista e, se, de repente, numa emergência, tiver de ir à outra Unidade Básica em São Miguel Paulista - que são vizinhos -, oito dias depois, não existe prontuário médico que possa ver o seu histórico.

Essa é a realidade da Prefeitura, sem contar os problemas que tivemos em relação a fortes denúncias de irregularidades, de agentes públicos de alto escalão na área da Educação - pessoas processadas -; na área da Saúde, a mesma coisa. Entre os que comandavam o Aprov - por onde passam todas as aprovações de projetos de construção e de edificações na cidade de São Paulo, estava um sujeito - que não preciso falar mais nada - com 150 imóveis em seu nome, adquiridos no período em que lá estava: enriquecimento ilícito à vontade. Não contando com esta parte, e que o Ministério Público já está tratando e a Justiça julgará no futuro, quero dizer que foram oito anos perdidos na cidade de São Paulo. Eles não conseguiram fazer a revisão do Plano Diretor. Vejam bem, não conseguiram fazer a revisão do Plano Diretor!

O Plano Diretor é a diretriz principal de ocupação no espaço urbano de uma cidade.

Estava prevista também a revisão da lei de zoneamento que é exatamente a lei que dá aplicabilidade ao Plano Diretor, aquela que diz concretamente como vão ser ocupados os espaços urbanos. Nada! Não fizeram nada. Em compensação presenciamos uma verticalização de áreas importantes desta cidade de maneira desordenada, prejudicando enormemente a qualidade de vida do nosso povo.

Do ponto de vista da articulação de projetos com o Governo Federal, muita coisa, muito dinheiro deixou de estar na cidade de São Paulo por mera incompetência, incapacidade ou falta de vontade política de fazer um relacionamento acima dos interesses partidários.

E no que diz respeito àquilo que tem interface com o Governo do Estado, por exemplo, a Sabesp, que ouvimos no passado o Governador falando do projeto Córrego Limpo. Pedi, inclusive, em outro pronunciamento meu, aqui nesta Casa, que me levassem a um córrego limpo aqui na cidade de São Paulo, pois na propaganda estava dizendo, Deputado Enio Tatto, que na Zona Sul, perto do Cantinho do Céu, tem um córrego limpo que tem até peixinho. Ouvi isso na televisão, propaganda eleitoral do governo Tucano: tem até peixinho! V. Exa. viu algum córrego limpo com peixinhos bonitinhos nadando na cidade de São Paulo? Eu não consigo ver um, muito pelo contrário, Deputado Marcos Martins, o que ocorre nesta cidade de São Paulo é que em todos os córregos desta cidade a Sabesp derrama esgoto in natura, sem tratamento.

Lá na Zona Sul, o Deputado Enio Tatto cita vários; na Zona Leste, começando pelo córrego Aricanduva, a Sabesp derrama esgoto sem tratamento nesse importante córrego e por aí vai! O Córrego Água Vermelha, o Ribeirão do Lajeado, o Córrego Itaim, os córregos Itaquera e Itaqueruna, todos, indistintamente, a Sabesp derrama esgoto sem tratamento, e ainda cobra pelo tratamento do esgoto na cidade de São Paulo.

Nobre Deputado Jooji Hato que preside esta sessão, eu quero dizer que estou muito feliz porque estou seguro que o nosso Prefeito eleito, Fernando Haddad, não vai pensar simplesmente e apenas naquilo de imediato que necessita a população paulistana. Não, nós vamos ter uma visão de futuro, vamos descentralizar efetivamente a Administração, e não vai ter coronéis administrando a Subprefeitura.

Nada contra os coronéis. Acredito que eles precisam tratar da Segurança Pública e a Polícia Militar presta um bom serviço à população, na sua área. Deixa que da Administração Pública cuida quem conhece do assunto.

O Prefeito Haddad vai reforçar a descentralização e fortalecer as subprefeituras para levar o Poder Público para perto do povo e fazer com que as soluções para os problemas saiam com maior rapidez. Vamos de fato retomar as ideias do Plano Diretor de descentralização econômica desta cidade e levar o emprego para perto do povo; fazer corredores de ônibus e o Bilhete Único Mensal; vamos, naquilo que for possível, com verba do município e articulando com o Governo Federal, investir na questão do metrô na cidade de São Paulo; e definitivamente, dar atenção à Saúde pública com o projeto Hora Certa - do Prefeito eleito Fernando Haddad -, que vai funcionar nesta cidade. Além disso, vamos trazer as experiências bem sucedidas de outros municípios em convênio com o Governo Federal, que são as UPAs 24 horas.

A cidade de São Paulo que estava parada do ponto de vista de perspectiva de futuro, retomará a partir de janeiro. Tenho certeza que a população da cidade de São Paulo fez uma boa escolha e não se arrependerá. E a cidade, para além de uma cidade que sempre foi o motor da nossa economia no que se refere ao Estado e ao País, vai de fato oferecer um lugar onde o povo viva feliz, mais tranquilo. E em parceria com o Governo Federal e com o Governo Estadual teremos a perspectiva de uma cidade cada vez melhor para o nosso povo, para a nossa gente. Muito obrigado.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - Sr. Presidente desta sessão, Deputado Jooji Hato, indicamos o nobre Deputado Enio Tatto, para falar pela Liderança da Minoria, pelo Art. 82.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - É regimental o pedido de Vossa Excelência.

Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - PELO ART. 82 - Muito obrigado, Deputado Marcos Martins. Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta Casa e telespectadores da TV Alesp, acredito que um dia depois de uma eleição de segundo turno no Brasil todo, em especial muitas cidades do Estado de São Paulo, não poderíamos no dia de hoje deixar de falar sobre as eleições. Primeiramente gostaria de parabenizar todos os Deputados desta Casa que concorreram, àqueles que venceram no primeiro ou no segundo turno, e também àqueles que não venceram, mas que participaram desse processo democrático. Especialmente parabenizo o Deputado Carlos Grana que ganhou a Prefeitura de Santo André e o Deputado Donisete Braga a Prefeitura de Mauá.

Como é bom vivermos em uma democracia, nobres Deputados, porque o momento das eleições é uma lição da autonomia, da vontade popular, da vontade de todos os eleitores do País, em especial no Estado de São Paulo, que chega e vota de forma autônoma, transparente, tranquila. Tem toda uma campanha, todas as divergências, há os excessos, acredito que toda cidade sempre tem excessos, aquilo que repudiamos no processo eleitoral, mas, no final, o balanço é sempre positivo e temos que saudar realmente esse momento que vivemos de democracia.

Quero falar em especial das eleições aqui na capital de São Paulo, a mais importante do País sem menosprezar as demais, e o embate no segundo turno. Também aconteceram muitos exageros, mas acredito que foi um debate de alto nível feito pelo candidato a prefeito José Serra, do PSDB, e o nosso candidato Fernando Haddad. Ganhou o Haddad de forma tranquila, com uma boa margem.

Acredito que a população soube escolher, analisar as propostas de quem tinha um plano de governo claro, transparente, bem elaborado, bem discutido com a sociedade. Fernando Haddad ficou, pelo menos, seis meses discutindo com todos os setores da sociedade sobre o que ele achava, como ele pensava a cidade de São Paulo, como construir esse plano de governo. E depois de feito, praticamente dois meses antes das eleições do segundo turno, dia 13 de agosto, ele apresentou esse plano para a sociedade, tornou público, todo mundo teve conhecimento. E desde o primeiro turno quando começaram os programas eleitorais no rádio e na televisão, ele colocou e começou a discutir item por item do seu plano de governo, e a sociedade entendeu seu plano e percebeu tudo aquilo que ele estava pregando e defendendo.

Por isso houve a tranquilidade em levá-lo ao segundo turno, apresentando um crescimento significativo, passou dos 50 %, e ganhou as eleições. Por quê? Porque foi de forma transparente. Colocou tudo que ele imaginava, tudo que foi pensado, tudo que estava no plano de governo a respeito da saúde, por exemplo, criando a Hora Certa. Na área do transporte, ele fala que vai construir 150, 155 km de corredores de ônibus que foi paralisado pelo governo atual. Na área do desenvolvimento, fala do arco do futuro, de levar o emprego, facilitar para as empresas se instalarem na periferia da Cidade de São Paulo.

A população entendeu muito bem o que ele queria fazer e o que quer fazer. Quando ele falou que iria fazer três hospitais, prometidos há oito anos e que não foram construídos pelo atual prefeito e pelo Prefeito anterior José Serra, colocou detalhadamente onde vai construir imediatamente. Até fala que, no primeiro mês, vai dar entrada no pedido de desapropriação de terreno para construir esses hospitais. Então ficou muito fácil para a militância do Partido dos Trabalhadores e dos partidos coligados.

Aqui o nosso querido Deputado Pedro Bigardi, da cidade de Jundiaí. Parabéns, Deputado Pedro Bigardi, pela sua vitória.

A Nádia Campeão, do PCdoB, acompanhou, discutiu e elegeu junto com Fernando Haddad aqui na Capital de São Paulo. Ela é uma guerreira, um orgulho de mulher pelo seu papel que desenvolve ao lado do candidato Fernando Haddad. Parabéns pela sua vitória e também parabéns ao PCdoB por ter uma mulher dirigente político da qualidade da Nádia Campeão. Foi isso que deu a vitória ao Fernando Haddad e porque discutiu com a sociedade. Ele foi a campo com um plano de governo claro, objetivo e viável. É isso que esperamos seja implementado a partir do dia 1º de janeiro.

Parabéns ao Fernando Haddad, parabéns a todos os partidos coligados e à sociedade que soube escolher o que é melhor para os próximos quatro anos a partir do dia 1º de janeiro.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Marcos Martins.

 

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O SR. PEDRO BIGARDI - PCdoB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente em exercício, Deputado Marcos Martins, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero aproveitar este momento de retorno aqui na Assembleia Legislativa - eu estava de licença para disputar as eleições em Jundiaí - para, primeiro, agradecer todo apoio, companheirismo de todos os deputados que acompanharam o processo eleitoral na minha cidade e que torceram conosco para termos o melhor resultado.

Quero cumprimentar aqui toda assessoria parlamentar e o público que nos assiste pela TV Assembleia. Cumprimentar o Sr. Presidente Barros Munhoz e agradecer muito, no meu retorno aqui aos trabalhos, a toda população de Jundiaí por essa maravilhosa vitória que tivemos na disputa na candidatura ao prefeito.

Quero agradecer também aos partidos que estiveram conosco nessa coligação como o PT, o vice-prefeito eleito Durval Orlato, e à coligação do PT, PPL, PSD, PSL por todo apoio. Foi uma unidade muito grande nessa nossa trajetória, uma campanha que apresentou propostas concretas, reais para a cidade de Jundiaí, uma campanha limpa, de muita unidade interna e de muita relação com a população. Foi uma campanha muito bonita e a melhor de toda minha vida.

Quero agradecer aos partidos que vieram conosco no segundo turno, porque faltaram 48 votos para ser eleito no primeiro turno, como o PMDB com o Dr. Claudio Miranda, o PSOL com o Vanderlei Vitorino e, também, o PPN com o ex-Prefeito Ibis Cruz. É uma coligação que se ampliou e uma grande votação com quase 140 mil votos que muito me honra, me deixou muito feliz nessa trajetória de vida aqui como deputado pelo segundo mandato e agora como prefeito eleito de Jundiaí.

Quero agradecer muito toda população e também cumprimentar todos os prefeitos eleitos no Estado de São Paulo e aqui, em São Paulo, Fernando Haddad, junto com o nosso presidente estadual do PCdoB. À Nádia Campeão que teve um papel importante nessa coligação e todos aqueles que disputaram nas cidades do Estado de São Paulo.

Sinto-me muito honrado e vou cumprir o meu mandato ainda por esse período para fazer o melhor possível pela minha região, pela minha cidade de Jundiaí, pelo Estado de São Paulo.

Quero agradecer à minha família que esteve comigo, minha esposa Margarete, minha filha Patrícia, meus irmãos, todos aqueles que estiveram conosco no dia a dia e que me deixou muito feliz por poder conquistar essa grande vitória para fazer o melhor para a cidade de Jundiaí.

Quero dizer que estarei aqui, na Assembleia Legislativa, no ano que vem, para cumprir todo mandato visitando os companheiros porque adoro esse ambiente da Assembleia Legislativa. Vou fazer aqui visitas permanentes para dividir com os deputados projetos para a minha cidade e também compartilhar o trabalho dos deputados porque sei que é um trabalho muito dedicado.

Nobre Deputado Marcos Martins, quero agradecer a sua visita, o seu apoio, o seu empenho lá na cidade de Jundiaí. V. Exa. esteve lá, diversas vezes, participando conosco dessa vitória. Agradecer, também, a todos outros deputados que me ajudaram nessa trajetória, ao meu partido PCdoB, ao Presidente Nacional Renato Rabelo que confiou no nosso trabalho. A toda direção estadual, na pessoa da Nádia Campeão, e à minha companheira, minha amiga Deputada Leci Brandão, que não só me ajudou muito na minha cidade, dando muita força, diria até espiritual, para poder fazer o enfrentamento todo. A Deputada Leci é uma companheira, uma amiga, uma pessoa maravilhosa, deputada de grande qualidade aqui.

Quero agradecer ao ex-Presidente Lula que esteve conosco lá num grande comício. Para mim, foi motivo de muita honra. Agradecer à nossa Presidente Dilma que ontem ligou para me agradecer e me parabenizar também. Ela deu muita força na minha campanha.

Estamos de volta. Estou muito feliz com esse momento da vida política e vou fazer o melhor para a cidade de Jundiaí. Muito obrigado, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência quer cumprimentar e parabenizar o Deputado Pedro Bigardi pela sua merecida vitória de quem batalha, de quem trabalha independentemente de coloração partidária.

Toda pessoa que faz uma caminhada dessa merece um dia chegar ao altíssimo posto de prefeito de Jundiaí.

Oportunamente falaremos dos demais deputados que também foram vitoriosos.

 

O SR. ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos assiste pela TV Assembleia, Srs. funcionários e funcionárias, terminou o processo eleitoral nesse domingo nas cidades onde houve a realização do segundo turno.

Já tivemos colegas deputados eleitos prefeitos no primeiro turno e tivemos oportunidade de cumprimentá-los, mas deixo registrado aqui, novamente, os nossos parabéns. Tivemos também colegas nossos eleitos agora no último domingo.

O Deputado Pedro Bigardi falou, pouco, do PCdoB, que parabenizamos e desejamos sucesso. O PT é o vice-prefeito na cidade de Jundiaí e desejamos um belo mandato que, com certeza, assim será pela sua seriedade, capacidade e competência.

O Deputado Donisete Braga, do PT, foi eleito prefeito da cidade de Mauá. Ele, que é líder da minoria nesta Casa, fez uma bela campanha de debate, de proposta e conseguiu garantir a continuidade em Mauá.

Também, em Santo André, o nosso colega Deputado Carlos Grana onde o PT volta a governar na importante cidade do ABC de São Paulo que para nós simboliza muito. Com certeza, a cidade de Santo André vai reencontrar um bom governo.

Sr. Presidente, nobres colegas Deputado Marco Antonio, Deputado Adriano Diogo, Deputado Marcos Martins, colegas da bancada, a eleição do PT foi difícil com uma torcida contra grande, com alguns ataques, infelizmente, tentando confundir o eleitor trazendo temas que não estavam no dia a dia da cidade e das pessoas, um ataque frontal ao nosso partido utilizando diversos instrumentos seja da mentira ou também uma torcida por parte da Grande Imprensa. Mas o PT saiu vitorioso desse processo e nós parabenizamos, em nome da bancada estadual, todas as nossas lideranças, todos os nossos deputados, todos os nossos candidatos a prefeito, que tiveram a coragem de fazer o bom debate, de defender a nossa bandeira, a nossa história, de defender a melhora na qualidade de vida das pessoas.

Em São Paulo, tivemos a coragem de lançar um quadro novo, uma liderança nova por ousadia e visão do nosso Presidente Lula, da nossa Presidenta Dilma e lideranças no Estado. O mesmo se repetiu em outras cidades.

Podemos não ter saído vitoriosos nas urnas em algumas cidades, mas num outro contexto tivemos uma vitória bonita, por exemplo, no Vale do Ribeira, em Taubaté com Isaac, aliás, a promotoria pediu a cassação do registro no domingo às 17 horas da candidatura vencedora por irregularidades que denunciamos aqui nesta Casa, da tribuna e representamos junto ao Ministério Público.

Na cidade de Campinas, região em que trabalha politicamente o Deputado Antonio Mentor, também tivemos a coragem de lançar um quadro novo, renovando o nosso partido. Tivemos uma grande vitória política.

Tivemos também quadros novos do ponto de vista da eleição majoritária. Refiro-me aos deputados Donisete Braga e Carlos Grana, eleitos respectivamente em Mauá e Santo André.

Tivemos o reconhecimento do nosso trabalho na Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo, na cidade de Guarulhos conquistando o quarto mandato consecutivo do PT com a reeleição do nosso Prefeito Sebastião Almeida, que também sofreu ataques, acusações na base de mentiras. Mas não é dessa forma que fazemos política.

Tivemos quadros novos na cidade de Osasco com Jorge Lapas. O Deputado Marcos Martins que é da região sabe bem: enfrentamos um grande desafio e saímos vitoriosos porque o povo reconheceu o nosso projeto e sabe que o PT de fato faz a diferença.

Tivemos vitórias em cidades da Grande São Paulo como em Embu das Artes, onde conquistamos o quarto mandato; em Carapicuíba tivemos a reeleição do Prefeito Sérgio; em São Bernardo tivemos a reeleição do Prefeito Marinho. Tivemos avanços no Estado de São Paulo, assim como avançamos no número de vereadores eleitos.

Nossa bancada de vereadores aumentou e aumentou significativamente. Estamos presentes hoje em mais de 300 municípios. Isso significa um grande avanço do nosso partido em termos de organização partidária. E mais. Nos municípios onde temos no mínimo um vereador do PT, você, cidadão, tenha certeza de que terá um guerreiro, um batalhador defendendo mais justiça social, mais igualdade; governos honestos, transparentes, um governo que dialoga com o povo, portanto um mandato feito para o povo.

Desejamos a todos os nossos colegas eleitos um grande mandato, implementando as políticas do Governo Federal da Presidenta Dilma com muito vigor, com muita vontade; mudando as realidades locais e demonstrando a grandeza do nosso Prefeito Haddad, que eleito não só conversou com a nossa Presidenta Dilma como na data de hoje foi recebido pelo Governador, pois procurou essa agenda por considerar importante que a gente faça também um debate institucional a fim de solucionar os problemas das pessoas.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, vamos passar à Ordem do Dia.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Há sobre a mesa o seguinte requerimento com número regimental de assinaturas: “Requeremos, nos termos do Art. 120, inciso III, da XIV Consolidação do Regimento Interno, a não realização de Sessão Ordinária no próximo dia 1º de novembro.” Assina Deputado Antonio Salim Curiati.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos está encerrada a discussão. Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Há sobre a mesa requerimento, com número regimental de assinaturas, de constituição de comissão de representação com a finalidade de participar do Encontro Nacional de Associações de Cabos e Soldados das Polícias Militares e Corpo de Bombeiros do Brasil a realizar-se dia 5 de novembro próximo em Belo Horizonte. Assina Deputado Olímpio Gomes.

Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Sras. Deputadas e Srs. Deputados, nos termos do Art. 100, inciso I, da XIV Consolidação do Regimento Interno, convoco V. Exas. para uma Sessão Extraordinária a realizar-se hoje, dez minutos após o término da presente sessão, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia: PLC 31/12 de autoria do Sr. Governador.

Há sobre a mesa requerimento de inversão da Ordem do Dia oriundo do Colégio de Líderes nos seguintes termos: que o Item 32, PLC 31/12, passe a figurar como Item 1, renumerando-se os demais itens.

Em votação.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - Sr. Presidente, peço a palavra para encaminhar a votação pela Bancada do PT.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem V. Exa. a palavra, pelo tempo regimental.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - Sr. Presidente, antes que se inicie a contagem do meu tempo, peço que se faça uma assepsia na tribuna porque o nível de contaminação é muito grande.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Aliás seria uma boa sugestão termos alguém que fizesse isso após o uso da tribuna por dois ou três oradores.

A Presidência suspende a sessão por dois minutos.

 

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- Suspensa às 16 horas e 46 minutos, a sessão é reaberta às 16 horas e 47 minutos sob a Presidência do Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, estive no Fórum da Rua Santa Cruz e aprendi com a autoridade judicial que o Fórum da Rua Santa Cruz, pela territorialidade, é o Fórum em que todos os deputados têm de depor. Soube que o senhor esteve lá. Eu também estive lá hoje à tarde porque na última campanha para deputado todo meu material eleitoral foi apreendido por conta de uma parte do texto falar da violência policial. E o desdobramento, visando me incriminar, tendendo à cassação do meu mandato por causa de material eleitoral absolutamente institucional.

Eu vim aqui dizer de uma forma calma em nome da Bancada do PT, delegado que fui pelo meu Líder Alencar Santana Braga, que não aceitamos essa inversão de pauta para votar a Operação Delegada no Estado todo e vou dizer a V. Exa., pela amizade e respeito que tenho pelo senhor, pelo meu amigo Barros Munhoz, que a situação da Segurança Pública está chegando ao descontrole.

Sou originário da região leste da Cidade de São Paulo ligado à Igreja Católica. Pois bem.

Ontem à tarde, em Sapopemba, houve seis execuções. Por que digo que a situação está fora de controle? Estão acontecendo execuções de policiais militares no horário de folga: quando vão à igreja, ao mercado, quando eles vão levar seus filhos na escola. E a cada policial militar executado são executadas cinco ou seis pessoas. E quem são as pessoas - eu tive o trabalho de identificar - que estão sendo executadas? São pessoas que não têm nada a ver com a guerra civil. Sabem quem são elas? São jovens que estavam assistidos por entidades que fazem a ressocialização, o acompanhamento, jovens que tinham feito um furto de salame, de pacote de biscoito.

Quer dizer, assim, como os policiais militares, nas horas de folga, que não têm nada a ver com a guerra civil, estão sendo executados simplesmente porque moram naqueles bairros, jovens que estão sendo acompanhados na linha da ressocialização, na linha da recuperação, por estarem frequentando entidades que fazem a promoção cultural, festival de Hip-Hop, e vão fazendo o acompanhamento dessas famílias, esses jovens vulneráveis estão sendo atingidos.

Então, quem é que está ganhando? Ninguém está ganhando. Quando tem guerra civil, como essa, ninguém está ganhando.

E hoje fomos surpreendidos quando soubemos que a favela de Paraisópolis é o coração, é o núcleo de onde estão saindo todas as ameaças e as orientações das execuções.

As duas favelas que mais foram citadas na campanha eleitoral, foram as de Paraisópolis e Heliópolis. Pois bem, hoje todos nós estamos surpreendidos porque os jornais dizem que Paraisópolis - olha a ironia - justo a de Paraisópolis - do Paraíso - estão saindo as orientações.

Então, eu pergunto: o jornalista André Caramante, o jornalista da “Folha de S.Paulo”, André Caramante, que teve que se ausentar do País, juntamente com sua família porque estava relatando os trechos da guerra suja que está ocorrendo todos os dias na periferia. Pasmem senhores, o jornalista André Caramante, que fazia cobertura policial, ao denunciar que estava havendo essa guerra civil, foi ameaçado de morte, e está no exterior escondido.

E nós, hoje, vamos votar uma lei estadual regulamentando o “bico”? A Polícia Militar do Estado de São Paulo nas horas vagas vai se transformar em Guarda Patrimonial? E a Segurança Pública do cidadão, vai ficar por conta de quem, uma vez que você retira a Polícia Militar da rua, com a sua farda, com seus equipamentos, com seu serviço, para fazer a defesa nas empresas?

E ainda diz: se o policial militar tiver qualquer outro tipo de atividade na hora remunerada, na hora de folga ele vai ser punido. E o Coronel Telhada, eleito com uma expressiva votação, durante sua campanha incitou, através do seu site, que fosse feita uma campanha de ameaças contra o jornalista André Caramante, a ponto de ele ter que se refugiar do País. E qual foi a principal propaganda eleitoral utilizada pelo Coronel Telhada? Operação Delegada!

Imaginem os senhores que foi dito num momento da campanha eleitoral em São Paulo, que deveria se colocar gente dentro das escolas - o pensamento mais lombrosiano possível - para detectar o grau de perigo que o aluno representava, a sua vocação ao crime; que teria um serviço preventivo; como se fôssemos instalar uma unidade da Febem em cada escola do município de São Paulo, ou em cada escola da Capital ou uma escola estadual? Senhoras e Senhores, não se apaga fogo com gasolina; não se apaga fogo com gasolina. Guerra não se combate com guerra.

Essa linguagem bonapartista, militarizada, de que a guerra se combate com a guerra, segundo a teoria do grande estrategista de guerra Von Clausewitz, de que a política é a arte da guerra, e que guerra se combate com guerra, é uma teoria completamente superada. A guerra só se combate com a paz, com a educação, com a cultura, com o conhecimento, e não com grupos de extermínio.

O Rio de Janeiro teve um processo de formação de milícias que custou caríssimo. E agora nós vamos institucionalizar o “bico” criando milícias? É essa a proposta para o Estado de São Paulo, que qualquer prefeitura possa fazer convênio e contratar os policiais militares no horário de “bico”, para gerar grupos de segurança privada à margem das instituições? É isso que vamos votar aqui hoje no Estado de São Paulo? Vamos votar a legalização do “bico”?

Olha aqui o Projeto de lei Complementar nº 31, de 2012. Autor: Governador do Estado. Assunto: Altera a Lei nº 10.291, de 26/11/1968, que institui o Regime Especial de Trabalho Policial, na forma que especifica.

Resumo do projeto: A Lei 10.291/68 proíbe policiais, civis e militares, de exercerem atividades paralelas remuneradas, com exceção das relativas ao ensino e à difusão cultural e o PLC 31/2012, acrescenta como atividades paralelas permitidas, legalmente as decorrentes de convênios firmados entre Estado e municípios para execução, pela Polícia Militar, de serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Esse é o Projeto de lei Complementar. Observações da assessoria do PT: “Ao tornar legais os serviços prestados por policiais militares nos dias de folga e usando a farda da corporação, aos municípios que celebrarem convênio com o Estado para essa finalidade, o Governo do Estado de São Paulo está criando o “bico” oficial. O projeto em questão permite que o policial militar, mal remunerado pelo Estado, venda suas folgas aos municípios para complementar seu baixo salário. Os serviços prestados pelos policiais por força dos convênios celebrados entre Estado e municípios receberam o nome de “atividade delegada”. O primeiro município a celebrar convênio para a atividade delegada foi São Paulo. Atualmente, cerca de três mil policiais militares, inclusive oficiais, exercem, nas folgas essa atividade, atuando apenas na fiscalização do comércio ambulante, ou seja, fiscalizam apenas os “camelôs”. São Paulo gasta 100 milhões de reais para essa atividade.

Meu tempo está exaurido, e essa é a nossa posição. Agradeço ao meu Líder a deferência para o uso da palavra. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - Sr. Presidente, indico o nobre Deputado Marco Aurélio para encaminhar em nome da Minoria.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - É regimental, Deputado. Tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio, para encaminhar em nome da Minoria.

 

O SR. MARCO AURÉLIO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários, telespectadores da TV Assembleia, o Deputado que me antecedeu, Adriano Diogo, que fez o encaminhamento pela Bancada do PT, estava fazendo a leitura de uma ficha do projeto, feita pela assessoria da Bancada do PT, mas por uma questão de tempo não conseguiu concluir a sua leitura. Aproveito então este momento para ler o restante da ficha técnica elaborada em relação a este projeto. Depois entrarei no mérito, que está sendo colocado em votação, que é na verdade a inversão da Ordem do Dia.

Passo a ler:

Ao tornar legais os serviços prestados por policiais militares, nos dias de folga e usando a farda da corporação, aos municípios que celebrarem convênio com o Estado para essa finalidade, o Governo está criando em São Paulo o “bico” oficial. O projeto em questão permite que o policial militar, mal remunerado pelo Estado, venda suas folgas aos municípios para complementar seu baixo salário. Os serviços prestados pelos policiais por força dos convênios celebrados entre Estado e municípios receberam o nome de “atividade delegada”. O primeiro município a celebrar convênio para a atividade delegada foi São Paulo. Atualmente, cerca de três mil policiais militares, inclusive oficiais, exercem, nas folgas, essa atividade, atuando apenas na fiscalização do comércio ambulante, ou seja, fiscalizam apenas os camelôs. O Município de São Paulo gasta cerca de 100 milhões de reais por ano com a atividade delegada, porém não define onde será realizada essa atividade, não exerce nenhum controle e nem fiscaliza o real exercício da atividade. Os municípios de São Paulo já colaboram com o Estado na área da segurança pública, locando, cedendo, e cuidando da manutenção, imóveis para funcionamento de unidades da Polícia Civil e da Polícia Militar, fornecendo combustíveis, viaturas, recursos humanos e recursos financeiros que teriam que disponibilizar para o pagamento de policiais militares na atividade delegada, e certamente aumentariam muito os custos dos municípios com segurança pública, que é dever do Estado.

Nossa avaliação sobre o PLC em questão é de que para celebrar o convênio com o Estado, os municípios devem ter a prerrogativa de determinar a prioridade da execução desses serviços, levando em consideração os índices de criminalidade e eventuais desrespeitos às posturas municipais. O ônus decorrente da atividade delegada será dos municípios e, portanto, eles é que deverão decidir onde será exercida a atividade delegada. Celebrar convênios apenas para que policiais militares fiscalizem camelôs é muito pouco. Os policiais pagos pelos municípios poderiam, por exemplo, fiscalizar desmanches ilegais, inibir os bailes chamados de pancadões ou funks, etc, e para que tal se viabilize Deputados da Bancada do PT apresentaram emendas ao PLC.

Isto posto, somos contrários à aprovação do PLC 31, de 2012, na forma como foi apresentado pelo Governador, colocando como condição para sua aprovação a adoção de novo texto com a incorporação do estabelecido pelas emendas do PT e que seja melhor debatido.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Luciano Batista.

 

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Srs. Deputados, Sras. Deputadas, estamos aqui fazendo a discussão para invertermos ou não a Ordem do Dia. O que é a Ordem do Dia? É o conjunto de projetos de leis a serem votados pela Assembleia Legislativa, que tem uma ordem. Ali são colocados todos os projetos que ainda não foram votados, e que estão na lista para serem votados. Temos aqui na Assembleia Legislativa - só para termos ideia - 642 projetos a serem votados. Qual seria o trâmite natural? Vota-se o Item nº 1, depois o 2 e assim sucessivamente. No entanto, o Regimento Interno da Casa permite que, mediante aprovação do Plenário, um determinado projeto que esteja na vigésima oitava posição seja votado em ordem de prioridade. Um projeto que esteja na quadragésima terceira posição seja votado em ordem de prioridade. Isso o Regimento Interno permite, e é isso exatamente que estamos discutindo.

Então o que foi colocado agora em votação é o Item nº 32, que é Discussão e Votação do PLC nº 31, de autoria do Sr. Governador Geraldo Alckmin, que altera a Lei 10.291 de 1968, que institui o regime especial de trabalho policial. Este é o projeto que, traduzindo, é autorizativo para que seja feita a operação delegada nos municípios do Estado de São Paulo.

Este projeto recebeu três emendas. Agora, quando passou pela Comissão de Constituição e Justiça, a Comissão deu parecer contrário às emendas. Então as emendas serão encaminhadas ao Plenário com parecer contrário da Comissão de Constituição e Justiça. Qual é o nosso problema? É que este projeto está sendo pautado para a possibilidade de ser votado hoje. E a isso nós não somos favoráveis. A Bancada do Partido dos Trabalhadores encaminha de maneira contrária à inversão da Ordem do Dia, ou seja, que este projeto que está na pauta como Item 32 continue na pauta como Item 32, sem problema nenhum, para ser votado. Amanhã ou depois poderá ser invertida a pauta; mas por que então somos contrários à inversão, hoje? Ora, não é qualquer projeto. É um projeto que precisa ser amplamente discutido, tanto na Casa, como nas bancadas, como no Colégio de Líderes. Não é possível, agora que acabamos um processo eleitoral de segundo turno, sobretudo aqui na Capital de São Paulo, voltando agora à Assembleia, que sejamos surpreendidos por um pedido de inversão da pauta da Ordem do Dia para votarmos o projeto já hoje. São 31 projetos que estão na frente que poderiam ser votados, e que estão na fila para serem votados, que estão prontos para serem votados, mas não são. Inclusive há vários projetos que são vetos, vetos de projetos aprovados aqui pelos parlamentares e vetados pelo Governador. Esses vetos precisam ser julgados.

São 32 projetos, e a grande maioria são vetos que ainda não foram julgados, inclusive um deles é projeto de minha autoria, que modifica uma lei do Estado de São Paulo. Ele concede benefícios remuneratórios aos professores por terem tido uma frequência melhor no ano que passou. Professor que não teve faltas, ganha um benefício por resultados. Tudo bem, só que esse projeto de lei, quando se tornou lei, não disse o seguinte, que caso alguém tenha que faltar por motivo de óbito em família não perderá o direito ao benefício por resultado. O óbito em família não vai tirar dele a participação remuneratória desse benefício. Esse projeto que apresentei foi aprovado aqui na Assembleia, só que quando foi ao Governador ele vetou, e está aqui para ser votado. É o Item 30, portanto teria que ser votado antes deste projeto que institui a operação delegada. E é fundamental que se vote este veto, porque hoje um educador da Rede Estadual de Educação do Estado de São Paulo, se infelizmente tiver um óbito na sua família - pai, mãe, filho, irmão - além da dor da perda ainda tem um desconto na sua remuneração. O benefício que ele recebe por assiduidade também tem um desconto remuneratório. Ora, eu pergunto: isso é justo? Obviamente que não. Isso impacta todo o sistema educacional e isso está para ser votado aqui na Assembleia. É o projeto de nº 30, e ainda não foi votado. E mais, se for invertido, o que vai ser votado é o projeto de nº 32. Então, o projeto de nº 1, de nº 2, e assim até o nº 31 não serão ainda apreciados.

Portanto, é evidente que nós, do Partido dos Trabalhadores, não somos favoráveis à inversão da Ordem do Dia. Nós gostaríamos que, ao invés de fazer a Ordem do Dia, que pudéssemos seguir a tramitação da votação dos projetos tal como estão, inclusive publicados no Diário Oficial do Estado de São Paulo, para que nós possamos fazer uma discussão melhor do projeto de autoria do Governador, que autoriza os municípios a fazer as suas operações delegadas, para que, em se aprovando ou não o projeto, mas vamos supor que seja aprovado, que nós possamos dar a melhor contribuição ao Estado de São Paulo, na área da Segurança.

A Segurança em São Paulo não pode ser resolvida de maneira rápida, no afogadilho da Assembleia Legislativa, porque o Estado de São Paulo está sendo omisso. O Estado de São Paulo não, mas a política. O Governo do Estado de São Paulo tem uma responsabilidade muito grande na insegurança que está colocada no nosso povo do Estado de São Paulo.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Barros Munhoz.

 

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Portanto, nós, parlamentares, temos que nos debruçarmos de maneira muito boa neste projeto, para que, ao ser aprovado, possamos dar uma contribuição para a melhoria da Segurança, e não que nós estejamos autenticando a política de Segurança do Governo estadual, como parece ser a pretensão de alguns.

Espero que isso não venha a acontecer, e que não haja inversão da Ordem do Dia, para que possamos fazer as nossas atividades, as nossas votações, com a maior responsabilidade possível. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Em votação o requerimento de inversão da Ordem do Dia. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Item 1 - Discussão e votação - Projeto de lei Complementar nº 31, de 2012, de autoria do Sr. Governador. Altera a Lei nº 10.291, de 1968, que instituiu o Regime Especial de Trabalho Policial. Com 3 emendas. Parecer nº 1450, de 2012, de relator especial pela Comissão de Justiça e Redação, favorável ao projeto com substitutivo e contrário às emendas nºs 1, 2 e 3. Parecer nº 1451, de 2012, de relator especial pela Comissão de Administração Pública, favorável ao substitutivo e contrário às emendas nºs 1, 2 e 3. Parecer nº 1452, de 2012, de relator especial pela Comissão de Finanças, favorável ao substitutivo com subemenda e contrário às emendas nºs 1, 2 e 3. (Artigo 26 da Constituição do Estado).

Em discussão. Para discutir a favor, tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, que o Estado de São Paulo é um dos Estados que pior paga os seus policiais, os próprios números são irrefutáveis.

Somos extremamente mal reconhecidos, em relação à política salarial. Temos poucos estados no Brasil que conseguem pagar pior a sua Polícia Civil e a sua Polícia Militar. Isso, por si só, já demanda uma ampla discussão em relação à política salarial para os servidores públicos do Estado de São Paulo, em especial para os profissionais da Segurança Pública.

Com relação ao “bico”, 80% da polícia fazem, e 20% estão procurando um para fazer. Diante dessa política salarial sórdida, resta ao policial, para a sobrevivência da sua família, e na busca de uma mínima dignidade de vida, buscar por meios lícitos irregulares, porque o “bico” é proibido. Mas nem o Estado e nem a direção das corporações têm moral para dizer ou para fiscalizar efetivamente essas restrições.

E o que está em voga nesse projeto? É uma alteração nessa maldita lei, e eu chamo de maldita a Lei 10.291/68, a Lei do Regime Especial do Trabalho Policial, que eu chamo de regime de escravidão pelo trabalho policial. Pior que essa lei do RETP, só se revogar a Lei Áurea para os policiais e não receber mais ainda, e ainda ser açoitado no tronco.

Essa maldita Lei 10.291 está sendo alterada, e qualquer alteração nessa lei é melhor do que o que está nela. Observem que em 1968, no regime de exceção, foi colocado que o policial, seja civil ou militar, está sujeito à prestação de serviços em condições precárias de segurança, cumprimento de horário irregular, sujeito a plantões noturnos e chamadas a qualquer hora.

E o Inciso II diz que ele está proibido de exercer atividade remunerada, exceto aquelas de ensino e difusão cultural. Só ensino e difusão cultural. Pode ser um músico, pode ensinar. Não pode ensinar no Estado, porque Mario Covas introduziu uma restrição de duplo vínculo para servidores do Estado. Então, temos policiais militares que são professores, ou eram professores no ensino, e não podem mais sê-lo sequer.

E é essa maldita Lei 10291/68, que está sendo melhorada. Qualquer melhoria nela é melhor do que está. Não adianta dizer: vamos escalar o policial 24 horas por dia. Por essa lei pode. Ah, mas temos que respeitar a jornada de trabalho. Tem que respeitar nada, não. Essa lei é mais forte do que todos os dispositivos que tratam de direitos mínimos consagrados nas convenções de trabalho no mundo todo.

O “bico” do Kassab, no dia 1º vai virar o “bico” do Haddad, e se não for revogado o convênio da prefeitura, a denominação é essa: “bico” do Kassab, que vai virar “bico” do Haddad. É “bico”. Nenhum policial gosta do “bico”, mas não tem outra alternativa. E a Assembleia Legislativa mesmo, nós não tivemos a condição, a capacidade, ou nós que fazemos a oposição não tivemos a capacidade de mudar a política salarial. E nós estamos com essa política salarial nefasta.

Então, o “bico” é uma necessidade, não importa se quem está pagando é o Joaquim da padaria, ou se é o Kassab, ou se vai ser o Haddad. Com essa condição, com essa abertura para firmar convênios, esses convênios devem ser estendidos também não só a parcerias com a prefeitura, mas a parceria com entes federais.

Amanhã o Governo Federal resolve dar uma gratificação aos policiais que vão atuar na Copa do Mundo, e pode-se firmar um convênio, se nós tivermos alterada essa maldita lei do regime de escravidão do regime pelo trabalho policial.

Temos hoje três mil policiais que deveriam estar de folga para ficar com a família, ou estudando. Por que 135 municípios paulistas já estão pedindo esse convênio? Porque o Estado se mostrou despreocupado, ou incapaz de formar o número de policiais suficiente para atender a demanda do Estado.

Faltam hoje seis mil homens do efetivo da Polícia Militar e oito mil no da Polícia Civil. E não são palavras minhas, são dados oficiais. O próprio delegado-geral veio à Comissão de Segurança Pública desta Casa e, quando ele foi questionado por mim, “Qual é o efetivo hoje da Polícia Civil?”, “Trinta e três mil homens”, respondeu. O efetivo fixado pela Resolução, quando o Estado tinha 32 milhões de habitantes, era de 41 mil homens e mulheres. Hoje temos 42 milhões de habitantes e temos 33 mil.

A Polícia Militar tem explicações: no primeiro dia em que José Serra ingressou, ele assinou alguns atos no Palácio dos Bandeirantes, e um deles suspendeu os editais de concurso para a Polícia. Naquele momento, todo mundo disse em coro - os chefes da Polícia, os comandantes, e nós, parlamentares: “Governador, pelo amor de Deus, em relação à Polícia não!” Só da Polícia Militar que saem - porque passam para inatividade, se aposentam, morrem, tornam-se inválidos, são condenados pela Justiça, são mandados embora administrativamente - dois mil homens e mulheres por ano. Se não formar nenhum, aumenta em dois mil esse buraco. Ficamos de 2007 a 2009 sem formar nenhum e hoje temos um buraco. Essa é a grande realidade.

Tenho questionamento sobre a constitucionalidade dessa delegação inversa de poder, que é a Operação Delegada. Diz a Procuradoria do Estado que está amplamente amparado e tem constitucionalidade, mas é questionável. O Ente município está delegando a sua competência para o Ente estadual. Até aí não teria nenhum problema. Mas, o Art. 144 da Constituição diz que a atividade de polícia ostensiva e preservação da ordem pública são atividades típicas das Polícias Militares. Então, poder-se-ia o Ente municipal delegar uma competência que, pela Constituição, dependendo da interpretação, não é sua. O município está fazendo uma delegação de competência que é sua, de fiscalização de termo de permissão de uso - do uso do solo. Mas é inegável que a presença ostensiva do policial, estando ele aí para olhar o camelô ou o comércio irregular, se tem muamba ou não, acaba sendo um fator inibidor para o delito naquele local. Isso é inegável. O Ente município está pagando por isso. Quer dizer, os cidadãos, nos seus impostos, estão pagando por isso.

Tenho de dizer em nome dos desesperados policiais que eu - bem ou mal - represento, que, enquanto discutimos como vamos fazer para sensibilizar o Poder Executivo a pressionar, a exigir um tratamento mais digno no campo salarial, o policial, desgraçadamente, precisa do bico - com o nome de bico do Kassab, ou de Haddad, ou de Bertaiolli, que já está sendo feito em Mogi das Cruzes, ou de Sr. Joaquim da padaria. Não importa o nome do bico, mas há um desespero.

O policial vende realmente a sua folga, e são oficiais de praça. O fato de ser oficial da Polícia Militar não significa que não esteja proporcionalmente na miséria, e também na desconsideração. Devo dizer que apresentei um projeto de lei nesta Casa que está sendo acolhido, em parte, como uma abertura nessa maldita Lei do RETP. Se for permitir o convênio, apresentei também um projeto, acolhido em parte, em que diz expressamente: “Fica também amparada a possibilidade do policial pelo risco de tornar-se vítima de crime, ou atentado, no exercício ou em razão das suas atribuições.” É justamente o que está acontecendo neste Estado. É um reconhecimento que o policial deve ser tratado até pela especificidade da sua atividade, pelo número dos que estão morrendo, pela premeditação dessas mortes. É mais que fundamental que também haja flexibilidade nessa maldita - vou chamar de maldita porque ainda carece ser mais bem ampliada - lei do regime de escravidão pelo trabalho policial, chamada de Lei do Regime Especial de Trabalho Policial.

Não vou defender a figura do Estado como o algoz dos policiais, mas hoje o policial precisa fazer bico porque precisa complementar a sua renda, por não receber um tratamento digno. Temos de lutar por esse tratamento digno. Mas a questão, neste momento, é flexibilizar uma lei que há 42 anos neste Estado impõe restrições absolutas. E somente às categorias policiais civis e militares do Estado de São Paulo.

É por isso que vou votar favoravelmente a este projeto. Não estou batendo palmas para essa política nefasta de salários, pois temos os piores salários brasileiros. Mas não dá para virmos aqui e dizer que vamos nos posicionar contra este projeto, que oficializa o bico pago pelas prefeituras; que 135 prefeituras estão na fila para a assinatura desses convênios para ampliar a sua presença ostensiva.

Temos de continuar perseverando porque não pode ficar restrito à Polícia Militar; precisa ser ampliado também esse regime especial aos policiais civis, em quaisquer modalidades em relação ao município e à União. Por isso, venho para sustentar e votar favoravelmente ao projeto e ao acolhimento das emendas apresentadas. Foram apresentadas emendas pelos parlamentares do Partido dos Trabalhadores, mas deveria estar escrito na lei. Por isso, vou votar pelas emendas que dizem exatamente da voluntariedade do policial. Está no convênio, mas não na lei - tinha de vir para a lei. E às demais emendas que foram apresentadas em relação a este projeto pelo Partido dos Trabalhadores, e também pelo acolhimento da questão do risco profissional que apresentei, e que está sendo acolhido. É um avanço para o reconhecimento da condição do policial, e do risco que ele tem no Estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra para falar contra o nobre Deputado Adriano Diogo, pelo prazo regimental.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, solicito providenciar, para esse fim de legislatura, um leitor eletrônico no plenário, o telepronter, que ajudaria substancialmente a apresentar os nossos trabalhos. Faço esta reivindicação a V. Exa., que melhorou tanto as condições de trabalho.

Como a quantidade de saliva continua exagerada, peço um saneamento básico pelo menos aqui na parte de baixo porque as coisas estão muito alteradas.

Nobre Deputado Vinicius Camarinha, quero lhe parabenizar como prefeito eleito de Marília. Parabéns! É um jovem com futuro. Emocionado lhe cumprimento como o novo prefeito de Marília.

Sr. Presidente Barros Munhoz, quero fazer um reparo porque aqui no “Diário Oficial” têm os novos deputados que vão assumir e não sei se tem deputado que está aqui na suplência que saiu do partido, abandonou o partido e se filiou a outro partido. Não acredito que possa haver uma ascensão automática. Na nossa coligação, têm dois deputados que abandonaram o partido. Não do nosso partido, do outro partido que estava coligado conosco. Tanto é que o primeiro suplente da coligação foi o vice na chapa de São José dos Campos por outro partido, por outra coligação. Estou já fazendo um questionamento porque isso vai dar problema.

Quero me ater à discussão do projeto, que é a seguinte, Deputado Hamilton: votando esse projeto de lei da operação delegada, não é que os policiais militares voluntariamente poderão fazer os bicos nas horas de folga junto a prefeituras. É o inverso. Uma vez aprovada essa lei estadual, qualquer policial militar que na hora de folga exerça uma função remunerada ele vai estar criminalizada, vai estar fora da lei. A única atividade legal que vai ser admitida se ele trabalhar para a prefeitura.

Se fizermos uma analogia, imagina-se que se todo funcionário da saúde do Estado forem obrigados nas suas horas de folga a trabalhar em prefeituras essa lei é absolutamente inconstitucional. Não é que ela gera uma liberalidade, gera uma obrigatoriedade.

A lei delegada, Deputado Samuel Moreira, que tenho tanto apreço, tanto respeito, ela foi derrotada nas urnas. Onde existe a lei delegada oficial? Na única cidade: São Paulo.

V. Exa. quer que eu lhe prove que essa operação delegada foi derrotada na urna? Vou lhe dar um exemplo.

Peço para projetar o vídeo.

 

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- É feita a apresentação do vídeo.

 

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Como eu estava dizendo, a operação delegada foi derrotada aqui em São Paulo. Foi uma coisa plebiscitária. Foi colocado em votação se o povo de São Paulo aceitava ou não essa operação.

A operação delegada não deu certo porque ela foi montada com o objetivo persecutório. Se alguém recuperar a imagem do Coronel Camilo quando ele veio aqui para justificar a operação delegada, quando ele ainda era o Comandante da Polícia Militar, ele dizia que o ambulante é o biombo da saidinha do banco. O assalto na porta do banco é motivado pelo ambulante na Cidade de São Paulo que faz um biombo de proteção.

Quando você monta uma operação delegada para desestruturar e criminaliza o comércio ambulante, primeiro tira a polícia da rua, concentra na defesa dos bancos, do comércio, e criminaliza toda população. Esse foi o erro central. Então, é absolutamente ilegal aprovar uma lei estadual onde todo policial militar nas horas de folga fica obrigado a prestar serviço junto à prefeitura. Para isso existem as GCMs e as Guardas Municipais.

Reconheço que a cerimônia foi muito triste. Mas foi um plebiscito. Quais foram idéias colocadas nessa campanha? O “kit gay”, a questão da guarda da moralidade acima de coisa e a questão da operação delegada foi o centro da campanha do Coronel Telhada. Foi o elemento central plebiscitário e foi derrotada.

Já que estamos numa democracia, ouçamos a resposta das urnas. Tudo bem que o governador estava muito bem orientado por um deputado desta Casa, uma pessoa brilhante, um visionário, uma pessoa espetacular, reconhecida por todos seus pares. Quando foi líder aqui, foi reconhecida, aplaudida, uma pessoa da maior sociabilidade, pessoa do bem. Então, reconhecemos que a Assembleia Legislativa estava muito bem representada. Não podia dar outra coisa com aquele orientador, aquela coisa inteligentíssima que o acompanhava em todos os acontecimentos.

Sem querer fazer uma ironia grosseira, a operação delegada, é uma operação absolutamente ilegal. Acho que deveria ser consultado o conjunto da Polícia Militar e da Polícia Civil se a operação delegada na realidade não vai se transformar numa espada na cabeça.

Há necessidade, sim - eu não vou ficar aqui tecendo considerações superlativas do salário de fome, essa coisa toda exagerada - de complementação do salário, assim como os professores complementam o salário, os médicos complementam o salário.

O estatuto que gerou a Polícia Militar é o mesmo das Forças Armadas. Polícia Militar não é Força Armada. É polícia. O conceito de polícia é diferente de tropa: tropa do Exército, da Marinha, da Aeronáutica. Esse regime 48, 24 está completamente ultrapassado. O policial militar deveria ter uma jornada de trabalho como a de qualquer outro trabalhador, ou seja, de oito horas. Tudo o que excedesse a oito horas deveria ser pago como hora extra. Esse estatuto de 88, originário da ditadura, que gerou a Polícia Militar está completamente superado. O policial militar e policial civil não são militares, são policiais. Esse conceito de militar está completamente superado. Tropa mora em quartel, dorme em quartel, tem alojamento e o nosso policial militar onde dorme? Na base da Polícia Militar ou nesses pequenos batalhões. Está errado esse modelo.

O que a Operação Delegada faz? Faz com que o policial militar fique completamente exposto nessa guerra civil.

Peguemos a guerra do Vietnã. O principal grupo crítico que levou ao fim da guerra do Vietnã foram os sequelados, os cadeirantes. Aqueles que voltavam feridos da guerra do Vietnã começaram os movimentos de resistência. Os policiais militares feridos, sequelados, mortos são as vítimas da guerra, assim como os nossos jovens da periferia que estão nos programas de ressocialização. Essa guerra não leva à nada. Está errada a política de Segurança Pública. Faliu. Temos de ver outra forma de política para a área da Segurança Pública. Não podem transformar o policial militar e o policial civil em inimigo da população. Está errado esse conceito. Essa orientação do olho por olho, dente por dente está completamente errada. Essa visão de que para a Polícia todo cidadão é um suspeito, é um inimigo está errada. Por isso tem havido tanta morte. A situação está completamente fora de controle. E não tem mocinho, não tem bandido. Todo mundo está em pânico. O número de pais de policiais militares que nos procuram todos os dias apavorados querendo tirar seus filhos dessa guerra é impressionante! Quem de nós, deputados, não está sendo procurado por pais de policiais pedindo pelo amor de Deus para tirarem seus filhos das ruas porque podem ser mortos a qualquer momento?!

Vamos aproveitar o resultado das urnas e não aprovar esta lei absurda que, ao invés de liberar o policial militar para fazer bico junto a sua prefeitura, cria uma obrigatoriedade que seguramente não vai passar pela Justiça. Do ponto de vista trabalhista é uma aberração, uma aberração!

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente, para discutir a favor.

 

O SR. ALEX MANENTE - PPS – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos acompanha pela TV Alesp, estamos tratando de um tema dos mais relevantes e mais atuais no Estado de São Paulo: Segurança Pública, que tem deixado de fato a população muito preocupada na questão da violência urbana e que temos de enfrentar de maneira decisiva. Nesse sentido, este projeto que autoriza o convênio pelas prefeituras para a Operação Delegada é extremamente necessário e defendido pelos policiais militares.

Quero falar com muita firmeza que ninguém é obrigado a trabalhar em dia de folga. Trabalha aquele que quer, aquele que se inscreve para este programa. Portanto, aquele que nos dias de folga quer trabalhar fardado, receber o auxílio através do convênio com as prefeituras ajuda muito aumentando o efetivo especialmente nas grandes cidades, onde os policiais conseguem controlar de maneira integrada à comunidade os problemas da violência urbana.

Quero dizer da importância em aprovarmos este projeto e permitirmos que esse programa possa ser utilizado adequadamente por todas as prefeituras. Mais de 130 prefeituras estão aguardando este convênio, que é também um anseio da população. Além dos concursos que estão sendo feitos, além do preparo que existe para a formação de novo efetivo policial militar temos condições de utilizar o policial militar nos dias de folga para atuar de maneira decisiva na vida da população.

Segurança Pública é um tema que requer um debate muito mais profundo.

Quando falamos de Segurança Pública precisamos debater também a questão da formação, das perspectivas, das oportunidades desses jovens para o futuro. Mas é necessário combater também os problemas atuais e eles precisam ser enfrentados com um maior efetivo policial. Uma das maneiras mais rápidas, baratas e eficientes é através do programa Operação Delegada. Esse programa criado em 2009 baixou os índices de criminalidade especialmente na região central de São Paulo. O programa piloto foi na 25 de março e trouxe uma significativa tranquilidade. A redução nos índices de criminalidade passou dos 50 por cento. O número de policiais que ali circulam é suficiente para controlar as ocorrências na localidade. Com o programa piloto bem-sucedido, conseguimos o avanço desse programa para diversos municípios, inclusive este foi um tema recorrente no processo eleitoral, um tema que requer detalhamento para que a população tenha conhecimento da importância de aplicarmos esse programa nas regiões metropolitanas. Vejam o exemplo que existe em diversas cidades e a diferença no número de ocorrências. Nós precisamos de todas as forças e o município através desse convênio, além da sua Guarda Municipal, consegue oferecer a eficiência que o cidadão do município busca. É a possibilidade de a prefeitura participar ativamente dos programas que existem para diminuir os índices de criminalidade nas suas cidades. Alguns municípios fazem essa Operação Delegada com a sua Guarda Municipal, o que é também uma atividade importante. Dificilmente encontramos um policial que não queira se inscrever neste programa.

Na prática, na vida real, os policiais fazem bico na maioria das vezes para aumentar a renda. Esta é uma realidade que vivemos.

Mesmo com os aumentos concedidos por este Governo, temos ainda um salário que precisa ser melhorado e o bico é algo que ocorre há muito tempo. Não é algo deste Governo, mas uma prática que já vem ocorrendo há muito tempo.

E esse “bico” não dá nenhuma segurança para o policial militar e para sua família. Não existe qualquer tipo de aparato para que ele tenha condições de ter a segurança de estar representando a Polícia Militar. Nos corredores comerciais, onde as prefeituras, através dos seus convênios, colocam esse pessoal para fazer segurança, temos um aumento da sensação de segurança, consequentemente nos próprios corredores comerciais nós temos a possibilidade de melhorar o comércio, de ter novos empregos, da população circular nessas zonas comerciais fazendo com que a sociedade viva de maneira tranquila.

Este é, portanto, um projeto extremamente importante. É uma ideia que gerou muitos elogios e que nós precisamos dar sequência. Como Poder Legislativo, nós podemos debatê-lo e aprimorá-lo. Mas este é um projeto que precisamos dar celeridade para que ele consiga estar na vida do cidadão, para que os municípios possam, de maneira decisiva, influenciar na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Tenho certeza de que este é um programa que muitos municípios aguardam. Aqueles que não o aguardam, aqueles prefeitos que colocam barreira para poder implementar esse programa, precisam ter a pressão da própria população, que muitas vezes reivindica da prefeitura as ações efetivas na área da segurança, e que nós, através desse programa, damos a possibilidade dos municípios terem essa discussão e conseguirem aumentar o efetivo.

Os índices estão aí, são comprovados. Nesses índices nós temos a queda da criminalidade. Tenho certeza de que a Operação Delegada é um sucesso e precisa ter continuidade.

Quero aproveitar também para falar que muitos municípios podem também, a partir desse programa, utilizar a Guarda Municipal. Com as Guardas Municipais, integradas com a Polícia Militar, conseguiremos ter uma melhor sinergia para que a população tenha de fato o combate à criminalidade.

Nos dias de hoje, onde nós acompanhamos todos os esforços que existem do Governo do Estado para poder combater a criminalidade no Estado de São Paulo, temos ações efetivas do próprio Governador, do Secretário de Segurança Pública, do Comandante Geral Roberval, que tem feito um grande trabalho, buscando estar em toda a sociedade, todo o Estado de São Paulo, e este programa dar condição de termos um maior efetivo.

Quero registrar aqui que esse foi um tema muito debatido nas eleições municipais: a questão da segurança, a questão da implementação da “Operação Delegada”. Vejo, por exemplo, a região do Grande ABC, uma região em que nenhuma cidade fez esse programa e existe um clamor para que as prefeituras possam conveniar com o Estado e a Polícia Militar para executar e melhorar o nosso efetivo, lá aonde temos muitas ocorrências e certamente precisamos buscar o caminho de fazer com que o grande ABC também tenha. Represento o Grande ABC e tenho certeza que com esse programa, bem explicitado para a nossa população, conseguiremos fazer com que a população entenda que esse debate ocorreu com muita firmeza nas eleições municipais.

Muitos prefeitos que ganharam agora e assumiram, assumiram inclusive com o compromisso de estabelecer a Operação Delegada. Aqueles que foram reeleitos não, mas os novos prefeitos da região do Grande ABC, tiveram, Sr. Presidente, o compromisso de fazer com a sociedade a operação delegada a partir do início do seu Governo. Isso significa que é um clamor da população, senão ninguém ganharia a eleição apenas debatendo essa única proposta.

São várias propostas. São vários temas que uma eleição define. A população define o seu representante, mas a segurança tem o seu papel preponderante e na segurança a inovação desses últimos anos foi a implementação do programa Operação Delegada.

Então, tenho certeza de que nós teremos com o programa a possibilidade de dar uma melhor condição aos nossos policiais militares; não adianta fugir disso.

Vejo, muitas vezes, alguns discursos que na minha opinião soam de maneira hipócrita, porque nós temos que não pagar o “bico”; o policial militar não tem que fazer “bico”. Não tem que fazer “bico”, mas na prática ocorre o “bico” que deixa o policial militar totalmente desprotegido.

Então, temos que fazer a Operação Delegada, que é uma maneira dele ter uma remuneração melhor com a proteção da corporação da Polícia Militar, preservando inclusive a sua estrutura de trabalho e a sua família com qualquer ocorrência que tenha para aquele policial militar.

E nós, por mais que melhoremos o salário, qualquer cidadão busca uma remuneração melhor. E se tem espaço para isso, nós temos que fazê-lo; nós temos que dar essa condição; nós temos que aumentar o efetivo. Temos que fazer com que o Estado tenha condições efetivas de dar condições de sensação de segurança para a nossa população; tem que garantir que os números de violência urbana, os índices de criminalidade, possam cair com esse trabalho que está sendo desempenhado.

Sr. Presidente, quero aqui registrar nossa posição. Como Líder do Partido falo também pelo PPS, da nossa vontade de ver rapidamente este projeto aprovado e liberando as prefeituras para estabelecer os convênios.

Se fosse um projeto que não tivesse a maioria dos prefeitos reivindicando esse convênio, certamente poderíamos até discutir durante mais tempo. Mas, com a necessidade de mais de 130 prefeitos reivindicando a possibilidade de executar tal programa, precisamos ter celeridade, como Casa de leis até aprimorar, mas principalmente, votar rapidamente e dar a possibilidade da população ter um efetivo policial militar e civil nas ruas, e dar a possibilidade das prefeituras que desejam influenciar diretamente na Segurança Pública que não pode ser apenas exclusividade única do Poder Executivo Estadual, mas que precisa ser compartilhado e essa é a maneira adequada.

Só registrando, eu ouvi aqui em um dos discursos anteriores, que todo policial é obrigado a trabalhar com a Operação Delegada. Todo policial militar não é obrigado a fazer tal coisa. Aliás, Deputada Regina Gonçalves, parabéns pela vitória do seu partido em Diadema, que também tem como uma das metas lá estabelecer o convênio com a Polícia Militar para implementar a Operação Delegada que certamente trará mais segurança a toda população.

São essas as nossas palavras, Sr. Presidente. Insisto que a população conheça esse programa, que saiba o seu significado e a partir da aprovação nesta Casa de leis, que as prefeituras também possam ter essa responsabilidade compartilhada, para que aumentemos o nosso efetivo e tragamos uma melhor segurança para toda a nossa população. Sr. Presidente, é esse o nosso posicionamento. Muito obrigado Sr. Presidente.

 

A SRA. REGINA GONÇALVES - PV - Sr. Presidente, em havendo acordo de lideranças, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, lembra a V. Exas. da sessão ordinária de amanhã, com a mesma Ordem do Dia de hoje, e cancela a convocação da sessão extraordinária feita anteriormente.

Está levantada a presente sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 17 horas e 59 minutos.

 

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