01 DE DEZEMBRO DE 2008

174ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: EDSON FERRARINI, CARLOS GIANNAZI e JOSÉ BITTENCOURT

 

Secretário: CARLOS GIANNAZI

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - EDSON FERRARINI

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

 

003 - EDSON FERRARINI

Informa sua participação na solenidade comemorativa aos 117 anos do Batalhão Tobias de Aguiar. Relata freqüentar esta unidade desde a infância, junto com seu pai. Parabeniza o trabalho dos policiais militares, que proporcionam segurança à população paulista. Cita matéria jornalística a respeito de uso de drogas e alcoolismo entre os policiais. Destaca que as soluções para esses problemas são salários dignos e tranqüilidade para exercer a profissão.

 

004 - OLÍMPIO GOMES

Assume a Presidência.

 

005 - CARLOS GIANNAZI

Reitera convite para o "Debate sobre a Corrupção no Brasil", hoje, às 15h, com a participação do delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, a quem considera ser um funcionário exemplar no combate à corrupção nas instituições públicas.

 

006 - EDSON FERRARINI

Assume a Presidência.

 

007 - OLÍMPIO GOMES

Sugere aos policiais civis que doem, às vítimas do Estado de Santa Catarina, o valor referente a um mês do reajuste de 6,5%. Afirma ser essa uma forma de mostrar a insatisfação com o percentual oferecido pelo Executivo e, ao mesmo tempo, prestar solidariedade à população catarinense. Relata matéria publicada pela revista "Vejinha", a respeito dos policiais mortos em serviço.

 

008 - JOSÉ  BITTENCOURT

Enaltece a importância do trabalho realizado pela Divisão de Proposições Legislativas na elaboração de proposituras. Destaca a atuação da Procuradoria, em particular, na elucidação de dúvidas que surgiram a respeito do índice de correção das parcelas dos mutuários do CDHU. Pede transcrição de moção da Câmara Municipal de Campinas, o que foi aceito nos termos regimentais.

 

009 - JOSÉ  BITTENCOURT

Assume a Presidência.

 

010 - CARLOS GIANNAZI

Solicita apoio para revogação da aplicação da prova seletiva para os professores contratados da rede de ensino. Considera que essa medida não trará benefícios aos professores. Afirma que o correto seria a realização de concurso público para o magistério. Repudia a instalação de praças de pedágios no Rodoanel. Afirma que apresentou PDL, em 2007, logo após o anúncio da medida. Pediu apoio de seus pares para aprovação dessa matéria, para impedir a cobrança na referida via.

 

011 - DONISETE BRAGA

Presta solidariedade à população do Estado de Santa Catarina, que sofre as conseqüências das chuvas. Chama atenção para a importância dos projetos de proteção ambiental, em particular o específico da represa Billings, que pode evitar ocorrências semelhantes. Destaca reportagem publicada pela revista "Época" sobre o assunto.

 

012 - CARLOS GIANNAZI

Declara a sua posição, e da bancada do PSOL, contrária à venda da Nossa Caixa ao Banco do Brasil. Justifica que o Estado não pode ficar sem seu único banco de fomento. Informa ter protocolado dois projetos de lei, com a finalidade de conter a violência escolar. O primeiro autoriza o Executivo a criar, nas escolas, grupo de estudos e ação contra a violência. O segundo, trata do Programa de Defesa do Magistério contra a Violência.

 

013 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

 

014 - CONTE LOPES

Pelo Art. 82, relata sua participação, na manhã de hoje, no aniversário do Batalhão Tobias de Aguiar. Cita matéria de capa da revista "Veja  São Paulo", sobre os policiais mortos em serviço. Pede dignidade à categoria, com a valorização profissional e a melhoria nos salários. Recorda o confronto entre policiais civis e militares, em frente ao Palácio dos Bandeirantes. Fala de sua carreira como aspirante a capitão da PM.

 

015 - CONTE LOPES

Requer o levantamento da sessão, com a anuência das Lideranças.

 

016 - Presidente CARLOS GIANNAZI

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 02/12, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Edson Ferrarini.

 

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O SR. PRESIDENTE - EDSON FERRARINI - PTB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Carlos Giannazi  para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO  EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - Edson Ferrarini - PTB - Srs. Deputados, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Felício. (Pausa.)

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O Sr. Presidente - Carlos Giannazi - PSOL - Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini.

 

O SR. Edson Ferrarini - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, boa-tarde.

Pela manhã, tive o privilégio de participar de uma solenidade, no Batalhão Tobias de Aguiar, referente ao 117º aniversário do 1º Batalhão de Polícia de Choque Tobias de Aguiar.

É sempre uma solenidade emocionante, já que aquela unidade tem muito a ver com a minha vida. Fui o comandante dela antes de vir para esta Casa. Tenho uma foto, com sete anos de idade, ao lado do meu pai, que na época servia naquele batalhão. Na foto, estávamos ao lado de um pé de coqueiro. Esse coqueiro está lá, até hoje.

Portanto, quando fui comandar o Batalhão Tobias de Aguiar, a Rota, senti-me muito à vontade. Já vinha servindo há mais de 15 anos na área de choque e conhecia tudo aquilo.

Foi um grande prazer hoje rever os amigos e houve a entrega da Medalha Tobias de Aguiar a várias autoridades. Toda solenidade militar é sempre muito emocionante, com todo o seu ritual, e as pessoas gostam muito de participar.

A Rota é um batalhão com características diferentes, mas o importante é que os mais de 100 Batalhões da Polícia Militar - todos eles - têm o mesmo aprimoramento. É um batalhão diferenciado, que tem uma boina preta como tradição, mas o essencial é que a sua Polícia Militar tem mais de 100 batalhões, com soldados bem preparados. Dentro do possível, temos uma polícia altamente confiável, mesmo com todas as dificuldades: baixo salário, falta de equipamentos e soldados com muitos problemas. Hoje, o Batalhão Tobias Aguiar tem um efetivo de 730 policiais militares, número considerável, proporcionando segurança à população paulista, respeitando seus diversos direitos e objetivando o bem comum.

Isso consta na Nota para Boletim, assinado pelo Comandante da Unidade, Cel. Airton Alves da Silva, a quem desejo toda sorte e felicidade. Lembro-me de ter ido à Galeria dos ex-Comandantes e, com muita emoção, visto a minha foto ali, lembrando daquela outra foto que tirei com meu pai, ao lado de um coqueiro, quando tinha sete anos de idade. E o coqueiro ainda está lá.

Portanto, tenho uma história muito grande ligada às coisas da Polícia Militar, e o Batalhão de Choque é uma delas.

Gostaria de ler a Nota para Boletim Interno, assinado pelo Tenente Coronel Airton Alves da Silva:

“Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública

Polícia Militar do Estado de São Paulo

1º Batalhão de Polícia de Choque "Tobias de Aguiar"

Nota para boletim interno nº 1ºBPCHQ - 628/1/08

Solenidade alusiva ao 117º Aniversário de Criação do 1º Batalhão de Polícia de Choque “Tobias de Aguiar”

Comemorar o centésimo décimo sétimo aniversário deste glorioso Batalhão é uma imensa satisfação, cujo comando me propicia a oportunidade de me dirigir à comunidade paulista, aqui tão bem representada por integrantes da imprensa, dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Criado em 1º de dezembro de 1891, após a divisão em quatro corpos do então Corpo Policial Permanente, foi o primeiro resultante e assim assumiu a posição de vanguarda da Corporação nas revistas, paradas, e no chamamento para a manutenção da ordem e defesa das instituições. Criou-se aí, a mística de Batalhão de vanguarda. Inicialmente recebeu a denominação de 1º Corpo Militar de Polícia.

Desde então a unidade passou por diversas denominações, até que no ano de 1951, em homenagem ao Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, fundador da Polícia Militar, passou a se chamar lº Batalhão “Tobias de Aguiar”. O seu nome atual, lº Batalhão de Polícia de Choque “Tobias de Aguiar”, só veio em 15 de dezembro de 1975, por ocasião da reestruturação da Corporação.

Seu passado de lutas registra ações na campanha de Itararé em 1894, na Revolta de Canudos em 1897, na Revolta do Quebra Lampião em 1904, na revolta dos Marinheiros da Esquadra em 1910, do levante do forte de Copacabana em 1922, da Revolução Paulista em 1924, de sua atuação em 1930 em defesa das instituições nacionais guarnecendo as fronteiras do Estado, na Revolução Constitucionalista em 1932, conferiu ao Batalhão projeção nacional por ter atuado em vários estados do país, e, em 1970, em conjunto com as forças armadas. combate a guerrilha rural no Vale do Ribeira.

Hoje com um efetivo de 730 Policiais Militares, a Unidade implementa a sua mais nobre missão através das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, de proporcionar segurança a população paulista, respeitando os seus direitos, objetivando o bem comum, a inclusão social de todos e de todas, sem discriminação de qualquer ordem, sendo exemplo de ética, de legalidade, de planejamento de sua conduta, de técnica apurada e de ação de comando.

Aproveito a oportunidade de agradecer ao Comando Geral da Polícia Militar, Cel PM Roberto Antonio Diniz e ao Comandante do Policiamento de Choque, Cel PM Eduardo José Felix, por continuarem demonstrando confiança no nosso trabalho, nos prestigiando e não deixando faltar os meios materiais, humanos e tecnológicos que precisamos para bem desempenhar a missão que nos é afeta.

Finalizando, registro meus cumprimentos aos recepiendários da medalha comemorativa ao centenário do BTA, galardoados nesta oportunidade e dizer que cada um dos senhores, pelas atividades exercidas, muito contribuíram para com a Polícia Militar do Estado de São Paulo, tomando-se, desta forma, nossos parceiros na empreitada de oferecer segurança à sociedade paulista.

Muito obrigado.

Publique-se e cumpra-se.

São Paulo, 1º de dezembro de 2008.

Airton Alves da Silva

Ten Cel PM – Comandante

Responsável pela Lavratura do Ato - Telmo Luiz Costa, Sd Pm - Aux P/5

Responsável pela Conferência do Ato - Felipe De Souza Goulart – 2º Ten PM - OFICIAL P/5”

 

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- Assume a Presidência o Sr. Olímpio Gomes.

 

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Quero também falar do “Jornal da Tarde” de hoje, que traz a manchete: “Alcoolismo e uso de drogas entre PMs batem recorde”. Esse assunto é muito sério porque as dificuldades trazem estresse a esses profissionais. Por exemplo, a carreira de médico em determinadas especialidades leva à grande quantidade de pessoas com problema de álcool; com relação a jornalistas, o fechamento de uma seção é um momento de grande estresse, diariamente.

O que fazer, e como é que se dá tranqüilidade ao policial? Ter bom salário. Sem isso, o estresse é constante. O policial se pergunta o que fazer com o seu salário: comprar a comida do mês ou pagar o aluguel. Essa é uma das razões. Ele sai de casa e não sabe se voltará vivo. É necessário um grande trabalho de prevenção.

Eu me lembro que o Coronel Eclair, ex-Comandante-Geral - tão competente quanto o atual, Coronel Diniz -, dizia que queria trazer um pouco mais de humanidade dentro dos quartéis. Ele chegou a dizer: “Eu quero acabar com a hierarquia dentro da Polícia Militar”. Nós não entendemos, e ele explicou: “A hierarquia é entre os seres humanos. A dor do coronel é a mesma do soldado: o filho doente do coronel traz a mesma angústia, então, precisamos ter tempo para ouvir mais o nosso soldado.”

Voltaremos a falar sobre esse importante assunto. O que se deve fazer é dar um bom salário, dando tranqüilidade aos policiais para que não se arrebentem no bico. Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, gostaria de reforçar mais uma vez o convite que fizemos na semana passada, em relação ao ato que estamos promovendo hoje aqui na Assembléia Legislativa contra a corrupção em defesa do estado democrático de direito.

Sr. Presidente, como sabemos, a corrupção hoje se tornou endêmica, pandêmica, pois permeia todas as instituições brasileiras, principalmente os Poderes Judiciário, Executivo e Legislativo. São inúmeras as denúncias estampadas nos jornais, veiculadas na televisão. A sociedade não se cansa de tomar conhecimento dessas denúncias e desses casos de corrupção que também permeiam o setor empresarial e tantas entidades e instituições.

Sr. Presidente, hoje vamos realizar um ato de apoio e solidariedade ao Delegado da Polícia Federal, servidor público, concursado, Protógenes Queiroz, que já fez várias investigações neste País na área da corrupção. Ele foi o responsável pelo desmantelamento de várias máfias, que estavam se apoderando do dinheiro público, como a máfia chinesa e a máfia russa. Ele foi também o responsável pela prisão do ex-Prefeito Paulo Maluf e do seu filho, - que ficaram encarcerados por 40 dias, na sede da Polícia Federal, em São Paulo. Foi também o responsável pela investigação que culminou com a prisão do ex-Deputado Hildebrando Pascoal, - que mandava serrar com moto-serra os seus opositores e mandou matar várias pessoas. O Delegado Protógenes Queiroz também denunciou o banqueiro Daniel Dantas, caso que se tornou muito conhecido no Brasil - um banqueiro acusado de comprar servidores do Judiciário, Legislativo e Executivo.

O Delegado Protógenes Queiroz deveria ser homenageado em todo o Brasil, como herói nacional, porque tem se dedicado ao combate da corrupção.No entanto, ao contrário, está sendo perseguido, foi afastado do seu cargo, teve sua casa invadida pela própria Polícia Federal, através de um mandado de busca e apreensão, onde seus bens foram apreendidos.

O Delegado Protógenes, servidor público federal, que combateu e continua  combatendo a corrupção, enfrentando as várias máfias brasileiras e internacionais, está sendo perseguido agora pela própria Polícia Federal, tendo a sua vida particular e sua vida funcional prejudicadas. Foi afastado das suas funções, está praticamente sem função, vai carimbar papéis no balcão da Polícia Federal. Um verdadeiro absurdo.

Contamos com a presença de todos os parlamentares desta Casa, comprometidos com o combate à corrupção. Tenho certeza de que estará presente o Deputado Olímpio Gomes, grande combatente contra a corrupção. Gostaria de convidar sobretudo os telespectadores. O evento vai começar às 18 horas e 30 minutos, no Plenário José Bonifácio, aqui na Assembléia Legislativa. Convido os telespectadores para que venham à Assembléia Legislativa às 18 horas e 30 minutos, no Plenário José Bonifácio, para participarem desse ato contra a corrupção e de apoio a um servidor público que tem dignidade, coerência e que está trabalhando contra a corrupção em defesa do Erário público, em defesa da cidadania e da dignidade da população do Brasil.

Muito obrigado, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Edson Ferrarini.

 

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O SR. PRESIDENTE - EDSON FERRARINI - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Cândido. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vicente Cândido. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez. (Pausa.)

Esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Célia Leão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PV - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, funcionários da Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembléia, nós estamos vivendo uma grande tragédia em Santa Catarina. Todo o País está tentando dar sua parcela de contribuição à população de Santa Catarina, que foi surpreendida com essa calamidade que, além de ceifar inúmeras vidas, ainda levou terror, fome e doença para a população.

Estamos encarecendo especialmente aos policiais civis que vão receber, na próxima sexta-feira, a miséria de um reajuste de 6.5% do Governo do Estado - e homologados por esta Casa - antecipada para 1º de novembro, para fazerem à doação desses 6.5%, que, na verdade, não passam de 2% de aumento real do salário, às vítimas de Santa Catarina e que encaminhe o controle da doação, ou o protocolo, ou o controle bancário à sua associação ou sindicato, porque a nossa resposta como policiais ao que o Governador José Serra fez conosco é exatamente fazermos isso como doação aos nossos irmãos de Santa Catarina. Se o Governo do Estado nos humilha, o resultado dessa humilhação, dessa antecipação de 6.5%, essa migalha quando pedíamos simplesmente o que há de mais justo e digno, será exatamente a nossa doação nesse valor.

Como policial militar da reserva, farei a doação dos meus 6,5% para os meus irmãos necessitados de Santa Catarina.

Que o Governador saiba que se tentou nos humilhar, mas vamos fazer dessa humilhação, mesmo que pequena, insignificante, algo que seja sinônimo de vida, de esperança: medicamento, água como um mínimo de consideração aos nossos irmãos de Santa Catarina.

Encareço também aos demais segmentos do funcionalismo público do Estado de São Paulo que se foram tratados - e foram - com a mesma desigualdade, que também façam esse gesto encaminhando o produto da doação ao seu sindicato ou associação dizendo “à migalha do Sr. José Serra estamos dando uma destinação humanitária.”

Vamos continuar lutando e mostrando o descaso para com os servidores públicos do Estado de São Paulo.

A propósito, a “Folha de S.Paulo” de hoje traz a seguinte matéria no caderno Cotidiano: “PMs em base da Zona Leste precisam urinar em balde.”

Isto é o que o Governo faz hoje com essa Polícia Militar, que morre pela causa. São humilhados, têm de fazer suas necessidades fisiológicas em balde. Homens e mulheres morrem pela causa. E morrem mesmo! Aliás, está estampado na capa da “Vejinha”, deste final de semana: “Os heróis da PM”.

Gostaria de elogiar a Editora Abril, a Veja e o repórter Márcio. Essa matéria acabou sendo construída junto com a minha assessoria porque a Secretaria de Segurança Pública determinou ao Comando da Polícia Militar que não desse à revista “Veja” e ao Márcio nenhum dado que pudesse chegar aos familiares dos nossos heróis mortos. Quero cumprimentar a persistência do Márcio, da revista “Veja”, e do produto final que mostra para a sociedade como é a vida dos nossos heróis anônimos que morrem pela sociedade, o que acontece com suas famílias quando perdem seus entes queridos. Este será o meu papel até o último dia do meu mandato: a verdade doa a quem doer em relação ao que fazem com os quadros da Polícia.

Nestes últimos instantes gostaria de reforçar àqueles que puderem: doem essa migalha dos 6,5%, dado como reajuste antecipado para a Polícia, esse cala-boca, às vítimas de Santa Catarina. Várias entidades - e a própria Assembléia Legislativa - associações e sindicatos estão fazendo campanha de doação.

Nós, profissionais da Segurança Pública, vamos doar isso que o Governador nos deu como uma desconsideração às vitimas de Santa Catarina dizendo que queremos dignidade e não migalhas.

Das migalhas ainda vamos fazer um esforço concentrado: tirar do que não temos e dar a quem tem menos ainda no Estado de Santa Catarina.

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON FERRARINI - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt.

 

O SR. JOSÉ BITTENCOURT - PDT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembléia, funcionários desta Casa, imprensa, queremos mais uma vez, desta tribuna, parabenizar o Departamento de Comissões, a Divisão de Proposições Legislativas, pelo empenho, pela forma eficiente, pelo denodo e esmero com que esses abnegados funcionários, servidores deste Parlamento têm atendido os 94 deputados desta Casa nos encaminhamentos de solicitações para a elaboração de propostas legislativas e medidas legislativas.

É sempre bom ressaltar que a atuação desses eficientes servidores da Casa é supletiva. Cada deputado tem seus assessores e, evidentemente, dado o acúmulo de atividades e atendimento às várias demandas que deságuam no gabinete, temos o reforço, como disse, supletivamente, desses funcionários, desses servidores do Legislativo de São Paulo na elaboração de propostas legislativas para esta Casa.

É um grande suporte para os deputados ao lado do DPL. Temos a Procuradoria, que exerce outro papel, que tem outras atribuições e que também é fundamental para o deslinde das questões que lhe são postas. Refiro-me especificamente ao estudo que foi elaborado para dirimir de uma vez por todas a dúvida entre a aplicação do fator de correção das prestações dos mutuários da CDHU. Temos aqui o estudo, com muita clarividência, desse departamento desta Casa, dizendo que é ilegal a CDHU aplicar a Tabela Price para reajuste das prestações dos seus mutuários, ao contrário do que prevê o próprio contrato. O contrato prevê o Plano de Equivalência Salarial e se aplica para o reajuste de forma ilegal, arbitrária, em desconformidade com o pactuado, quebrando inclusive o princípio chamado “Pacta sunt servanda”, ou seja, as partes são escravas do contrato. A estatal aplica a Tabela Price em detrimento do PEL, acarretando grandes prejuízos aos mutuários.

De tal modo a nossa idéia era propor medida legislativa que proibisse essa prática reiterada. Seguindo o entendimento do Dr. Gláucio Marques da Silva, Agente Técnico Legislativo desta Casa e do Dr. Davi, propomos uma minuta de emenda que achamos por bem já protocolar.

O que queremos é abrir o debate. Já fizemos requerimento ao Dr. Lair, Secretário da Habitação, e ficou muito claro que a resposta não foi suficiente, razão pela qual fizemos esta indicação na forma regimental e, acima de tudo, para buscar entendimento com o Executivo para que através da CDHU não use essa prática que é pacífico no Superior Tribunal de Justiça. Na instância originária a demanda tem sido receptiva aos magistrados quanto à procedência dessas ações quando as associações de mutuários buscam a tutela jurisdicional do Poder Judiciário do Estado. Evidentemente nos tribunais superiores, pelo menos no Superior Tribunal de Justiça, já tem jurisprudência firmada, pacificamente, de que é legal esta prática.

Sr. Presidente, passo a ler o estudo completo e a minuta da indicação de minha autoria, sobre a CDHU, que será enviada ao Governador do Estado.

“Excelentíssimo Senhor Deputado José Bittencourt

Em atenção à solicitação veiculada pelo Memorando JB n. 13/2008, recebido em 11.06.2008, no sentido de elaborar minuta de propositura nos “mesmos termos do processo em anexo”, encaminhamos anexo relatório de estudo acompanhado de minuta de indicação.

À disposição para esclarecimentos.

DPL/DC, 13 de novembro de 2008.

Atenciosamente

Glaucio Marques da Silva - Agente Técnico Legislativo

David Foot - Diretor

ESTUDO

CDHU: suposta aplicação da tabela price em substituição ao plano de equivalência salarial por categoria profissional

O presente estudo tem por finalidade atender à solicitação do Deputado José Bittencourt no sentido de elaborar minuta de propositura nos “mesmos termos do processo em anexo”.

Contém o referido anexo cópia de sentença proferida pela M. Juíza de Direito Ana Lúcia Fusaro, da comarca de Descalvado, em ação civil pública movida pela Associação dos Mutuários e Moradores de Porto Ferreira e Região em face da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo - CDHU. Eis o conteúdo do dispositivo da referida sentença:

Ante o exposto, julgo procedente a presente Ação Civil Pública que Associação dos Mutuários e Moradores de Porto Ferreira e Região move em face de CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo para declarar a nulidade das cláusulas contratuais que prevêem a aplicação da Tabela Price para correção das prestações e do saldo devedor dos associados da autora, bem como sua efetiva utilização, devendo os cálculos tomar por base o Plano de Equivalência Salarial por Categoria Profissional (PES/CP), pelo salário atual de cada mutuário, inicialmente pactuado. Condeno a requerida ao pagamento das custas e despesas processuais, e honorários advocatícios no importe de R$ 1.500,00, nos termos do art. 20, § 4º do CPC.  Traslade-se cópia desta decisão para os autos nº 382/2004, desta vara. P.R.I.C. Descalvado, 26 de março de 2008.  Ana Lúcia Fusaro, Juíza de Direito

Considerando que:

- o material recebido por esta Divisão trata de demanda judicial cuja decisão declara a nulidade de cláusulas contratuais,

- a parte condenada é sociedade de economia mista vinculada à Secretaria da Habitação (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo CDHU),

- há risco de reprodução da suposta conduta lesiva em relação a outros mutuários,

torna-se conveniente o uso das prerrogativas fiscalizatórias inerentes à atividade parlamentar.  Desse modo, a elaboração de requerimento de informação revela-se opção adequada.

Cumpre salientar, entretanto, que em 24.06.2008 foram apresentados os requerimentos de informação de números 224, de 2008, e 225, de 2008, de autoria do solicitante, dirigidos respectivamente ao Presidente da CDHU e ao Secretário da Habitação. Ambos veiculam a mesma questão:

“1. Qual a razão de estar sendo aplicado a Tabela Price para cálculo dos reajustes das prestações e do saldo devedor dos mutuários e não o PEC/CP - o plano de equivalência salarial por categoria profissional, sendo este último fator é o que fora pactuado em contrato entre os mutuários do sistema e o CDHU?”

Verifica-se ainda que o Ofício n. 116/08 da Casa Civil, referido pelo Expediente de 06.08.2008 (96ª sessão ordinária), publicado em 07.08.2008 (DA, p. 40), encaminhou resposta relativa aos mencionados requerimentos.

Independentemente do conteúdo da resposta, deve-se esclarecer que embora se trate de decisão de primeiro grau e que a matéria seja controvertida, não convém à CDHU aplicar métodos que imponham excessiva onerosidade aos mutuários. O Superior Tribunal de Justiça já teve a oportunidade de se manifestar a respeito, conforme se observa no item 5 da ementa do REsp 668795/RS, de relatoria do Min. José Delgado:

5. A aplicação da Tabela Price aos contratos de prestações diferidas no tempo impõe excessiva onerosidade aos mutuários devedores do SFH, pois no sistema em que a mencionada Tabela é aplicada, os juros crescem em progressão geométrica, sendo que, quanto maior a quantidade de parcelas a serem pagas, maior será a quantidade de vezes que os juros se multiplicam por si mesmos, tornando o contrato, quando não impossível de se adimplir, pelo menos abusivo em relação ao mutuário, que vê sua dívida se estender indefinidamente e o valor do imóvel exorbitar até transfigurar-se inacessível e incompatível ontologicamente com os fins sociais do Sistema Financeiro da Habitação.

Considerando que a CDHU tem por finalidade executar programas habitacionais em todo o território do Estado, voltados para o atendimento exclusivo da população de baixa renda, convém a esta, a despeito de qualquer discussão jurídica, lançar mão dos meios adequados para viabilizar seus propósitos.

Não pairam dúvidas, porém, acerca da ilegalidade da substituição de método de cálculo anteriormente pactuado.  Nesse passo, a prática de eventuais condutas lesivas aos mutuários não apenas desvirtuará o objeto da Companhia, mas também ensejará o ajuizamento de ações judiciais que, no mínimo, gerarão gastos desnecessários ao Estado. Reproduz-se abaixo decisão do STJ a corroborar o exposto:

Civil. Recurso Especial. Sistema Financeiro da Habitação Atualização de Saldo Devedor. Taxa Referencial. Possibilidade Amortização. Tabela Price. Legalidade.

1. É firme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça no sentido de admitir-se, nos contratos imobiliários do Sistema Financeiro da Habitação, a TR como fator de atualização monetária quando este for o índice ajustado contratualmente.

2. Não é ilegal a utilização da tabela Price para o cálculo das prestações da casa própria, pois, por meio desse sistema, o mutuário sabe o número e os valores das parcelas de seu financiamento. Todavia, tal método de cálculo não pode ser utilizado com o fim de burlar o ajuste contratual, utilizando-se de índice de juros efetivamente maiores do que os ajustados.

3. Recurso especial provido. (grifou-se) (STJ, REsp 755340/MG, Rel.  Min. João Otávío de Noronha, 2ª T., j. 11/10/2005)

Não se trata decisão isolada, mas representativa do entendimento daquele tribunal superior consolidado em diversos julgados.  Em que pese a divergência quanto à legalidade da aplicação da tabela price, não há dúvidas quanto à inviabilidade da substituição de fórmula inicialmente pactuada por tal método. O respeito à previsão contratual amparada no plano de equivalência salarial tem sido confirmado pelo STJ há anos, senão vejamos o teor da seguinte ementa:

Sistema Financeiro da Habitação. Código de Defesa do Consumidor. PES/CP - Plano de Equivalência Salarial por Categoria ProfissionaL Amortização. Capitalização.  Tabela Price. Prequestionamento.  Dissídio. Precedentes da Corte.

1. Não pode ser deferida a inversão do ônus da prova se ausentes os pressupostos previstos no Código de Defesa do Consumidor, que, de acordo com a jurisprudência da Corte, aplica-se aos contratos da espécie.

2. Previsto no contrato o PES/CP - Plano de Equivalência Salarial por Categoria Profissional, deve ser respeitado no reajustamento das prestações, vedada a utilização de outro índice.

(...) (grifou-se)

(STJ, REsp 585524/RS, Rel. Min.  Carlos Alberto Menezes Direito, 3ª T., j. 07/12/2004)

Em face do exposto, sugere-se a elaboração de indicação, cuja minuta segue anexa, ao Senhor Governador para a adoção de providências necessárias a fim de impedir que a CDHU aplique a tabela price para correção das prestações de seus mutuários quando refletirem índices de juros efetivamente maiores do que os originalmente ajustados.

Ressalte-se que tal elaboração depende, evidentemente, do conteúdo das informações prestadas por meio do mencionado Ofício n. 116/08, da Casa Civil.

À disposição para esclarecimentos.

DPL/DC, 13 de novembro de 2008.

Atenciosamente

Glaucio Marques da Silva - Agente Técnico Legislativo

 

Minuta

Indicação nº , DE 2008

Indico, nos termos do Art. 159 da XIII Consolidação do Regimento Interno, ao Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, que determine, à Secretaria da Habitação, providências necessárias a fim de impedir que a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo - CDHU aplique a tabela price para correção das prestações de seus mutuários quando refletirem índices de juros efetivamente maiores do que os originalmente ajustados.

Justificativa

A Associação dos Mutuários e Moradores de Porto Ferreira e Região ajuizou ação civil pública em face da CDHU pleiteando que os cálculos das prestações fossem efetuados de acordo com os contratos originalmente firmados. A M. Juíza de Direito Ana Lúcia Fusaro, da comarca de Descalvado, proferiu sentença que declara a

“nulidade das cláusulas contratuais que prevêem a aplicação da Tabela Price para correção das prestações e do saldo devedor dos associados da autora, bem como sua efetiva utilização, devendo os cálculos tomar por base o Plano de Equivalência Salarial por Categoria Profissional (PES/CP), pelo salário atual de cada mutuário, inicialmente pactuado”.

Cumpre esclarecer que embora se trate de decisão de primeiro grau e que a matéria seja controvertida, não convém à CDHU aplicar métodos que imponham excessiva onerisidade aos mutuários. O Superior Tribunal de Justiça já teve a oportunidade de se manifestar a respeito, conforme se observa no Item 5 da ementa do REsp 668795/RS, de relatoria do Min. José Delgado:

5. A aplicação da Tabela Price aos contratos de prestações diferidas no tempo impõe excessiva onerosidade aos mutuários devedores do SFH, pois no sistema em que a mencionada Tabela é aplicada, os juros crescem em progressão geométrica, sendo que, quanto maior a quantidade de parcelas a serem pagas, maior será a quantidade de vezes que os juros se multiplicam por si mesmos, tornando o contrato, quando não impossível de se adimplir, pelo menos abusivo em relação ao mutuário, que vê sua dívida se estender indefinidamente e o valor do imóvel exorbitar até transfigurar-se inacessível e incompatível ontologicamente com os fins sociais do Sistema Financeiro da Habitação.

Considerando que a CDHU tem por finalidade executar programas habitacionais em todo o território do Estado, voltados para o atendimento exclusivo da população de baixa renda, convém a esta, a despeito de qualquer discussão jurídica, lançar mão dos meios adequados para viabilizar seus propósitos.

Não pairam dúvidas, porém, quanto à ilegalidade da substituição de método de cálculo anteriormente pactuado. Nesse passo, a prática de eventuais condutas lesivas aos mutuários não apenas desvirtuará o objeto da Companhia, mas também ensejará o ajuizamento de ações judiciais que, no mínimo, gerarão gastos desnecessários ao Estado.”

Sr. Presidente, também passo a ler uma moção que recebi, de autoria dos Vereadores Paulo Oya, do PDT; Marcela Moreira, do PSOL; e Zé Carlos, do PDT, da Câmara Municipal de Campinas.

“Câmara Municipal de Campinas

Campinas, 25 de novembro de 2008.

A Sua Excelência o Senhor Deputado José Bittencourt

Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo

Estamos encaminhando cópia de inteiro teor da Moção nº 234/2008, de autoria dos Srs. Vereadores Paulo Oya, Marcela Moreira e Zé Carlos, devidamente aprovada na 74ª Reunião Ordinária.

Atenciosamente,

Aurélio Cláudio - Presidente

 

Moção nº 234/08

Exmo. Sr. Presidente

Ementa: Repúdio ao aumento de pedágios na Região Metropolitana de Campinas.

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) contará com mais quatro pedágios previsto para o segundo semestre do ano que vem. Atualmente são sete pedágios, aumentando assim para onze pedágios. Segundo os investidores privados, serão instaladas novas praças nos municípios de Paulínia, Engenheiro Coelho, Monte Mor e Itatiba.

Apesar do governo estadual divulgar que serão feitas melhorias realizadas pelas concessionárias nas rodovias, e que estão beneficiando milhares de pessoas, a população da nossa região já não agüenta pagar tantos pedágios.

Essas melhorias e obras de recuperação de pavimento, sinalização horizontal e vertical, instalação de equipamentos de monitoração e serviços de atendimento ao usuário são necessárias, mas estão saindo muito caro no bolso dos condutores e motoristas de uma forma geral.

O custo de viagens para o interior do Estado está cada vez mais caro, colocando mais uma vez a modernização como questionanento.

Ante o exposto, apresentamos a seguinte Moção de Repúdio:

Repudiamos o aumento no número de praças de pedágios na Região Metropolitana de Campinas, que atualmente de sete, passarão para onze pedágios a partir do segundo semestre do ano que vem.

Que do deliberado seja dada ciência, por oficio, para a bancada do PDT na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, Exmos.  Srs.  Deputados Estaduais Geraldo Vinholi, Haifa Madi, José Bittencourt, Rafael Silva e Rogério Nogueira, todos endereçados para a Avenida Pedro Álvares Cabral, 201, São Paulo/SP, CEP: 04097-900.

Sala das Reuniões, 18 de novembro de 2008.

Paulo Oya - Vereador – PDT”

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON FERRARINI - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. José Bittencourt.

 

* * *

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, inúmeras vezes fiz uso desta tribuna para denunciar a Resolução nº 69, de 2008, que é a regulamentação do Decreto nº 53.037, de 2008, da Secretaria Estadual da Educação, que criou a famosa e malfadada prova seletiva para os 100 mil professores ACTs/OFAs, da Rede Estadual de Ensino.

Na nossa opinião, e também na opinião do Magistério, é uma prova malfadada porque não tem função alguma. É uma prova desnecessária, que vai apenas gastar dinheiro do orçamento da Educação e que tem o único objetivo de punir e perseguir os mais de 100 mil professores ACTs/OFAs admitidos pela Lei nº 500, de 1974. Essa é a situação. Ao invés de investir em Educação, nas carreiras do Magistério, o Governo persegue o Magistério com medidas punitivas. Ao invés de realizar o concurso público de provas e títulos, como rezam as nossas Constituições Federal e Estadual, para ingresso no Magistério público, o Governo começa a elaborar medidas para punir os professores. Esse é um dos vários casos. É um caso muito sério e danoso ao Magistério estadual.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, como se não bastasse essa grande contradição, estamos recebendo inúmeras denúncias de várias regiões do Estado, principalmente da Capital, de várias diretorias de ensino, de professores, de professoras que fizeram inscrição para essa prova seletiva que será realizada no próximo dia 17 de dezembro. Ocorreram muitos erros. Muitos professores estão sendo humilhados com essa situação porque o professor de Português fez inscrição para a prova de Português e saiu a publicação na área de Educação Artística. O professor de Educação Artística fez sua inscrição, mas sua inscrição foi publicada em outra disciplina. Há erros de pontuação. Enfim, são vários constrangimentos e prejuízos no processo de inscrição.

 São muitas denúncias, Sr. Presidente. Sem contar que nem sabemos como será aplicada essa prova, se houve ou não licitação para alguma dessas empresas privadas, ou se serão os próprios servidores da Educação que aplicarão essa prova. Ninguém sabe ao certo. É uma prova totalmente obscura. A única coisa que sabemos é que seu conteúdo versará sobre as propostas curriculares do Estado que foram apresentadas este ano de cima para baixo, sem discussão com o Magistério estadual. A situação é muito grave. Muito grave porque a essência da prova já é contraditória, desnecessária. Se o Governo quer mesmo resolver a situação e qualificar os professores, que realize concurso de provas e títulos, que invista na formação continuada. Essa prova seletiva é para inglês ver.

Como a Educação vai muito mal no Estado de São Paulo, até porque não há investimento e os recursos financeiros são ínfimos, o Governo elegeu o professor como o culpado dessa crise educacional. E criou, além de outras medidas perversas e danosas aos servidores da Educação, o limite de consultas médicas para os professores e para todos os servidores, que é representado pela Lei nº 10.041, inclusive aprovada aqui nesta Casa, Sr. Presidente. Votamos contra, mas infelizmente a base governista votou a favor.

A Lei nº 10.041 tem prejudicado milhares e milhares de servidores do Estado de São Paulo, sobretudo os servidores da Educação, principalmente professoras gestantes, que precisam fazer periodicamente consultas, exames, mas não podem mais porque têm um limite de seis consultas, ou exames, um verdadeiro absurdo. Inclusive já protocolamos aqui um PDL para revogar a Resolução nº 69/08, que cria essa malfadada e perversa prova seletiva para os professores ACTs.

Sr. Presidente, diante da gravidade da situação, pedimos o apoio dos deputados e deputadas para que possamos revogar essa medida insana e perversa da Secretaria Estadual de Educação. Para isso pedimos ao Colégio de Líderes, pedimos ao Presidente desta Casa, a todos os partidos que realmente estão preocupados com Educação, com o Magistério, que aprovem em caráter de extrema urgência nosso PDL, que revoga essa Resolução nº 69/08, que é uma resolução que regulamenta uma parte do Decreto nº 53.037, que também já deveria ser revogado.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT -  Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, volto a esta tribuna, pois tenho muitas cobranças a fazer ao Governo do Estado, mas nossa grande preocupação neste momento é a questão dos pedágios que já estão quase todos instalados no Rodoanel. São 13 praças de pedágios. Já havia denunciado aqui exaustivamente esse fato desde o ano passado, quando foi publicado o Decreto nº 52.036/07, do Governador José Serra, autorizando a implantação de pedágios privados nas saídas do Rodoanel. Tive a oportunidade de ir lá e conferir. Fiz lá uma auditoria, Sr. Presidente. Fotografei, fiz relatórios para constatar isso. O Governo já anunciou, até pela imprensa, que pretende inaugurar esses pedágios até o dia 15 de dezembro. Vai ser um verdadeiro presente de Natal à população do Estado de São Paulo. Sem contar os mais de 60 pedágios que serão instalados em várias rodovias estaduais e também em algumas federais. Quando foi publicado o decreto que privatizava o Rodoanel, protocolizamos o PDL 91/07 para revogá-lo, até porque era uma medida inconstitucional.

O Governo não pode colocar pedágio no Rodoanel. Ele foi um equipamento público construído para interligar as rodovias estaduais, mas sobretudo para diminuir o trânsito da Grande São Paulo e ainda mais da Cidade de São Paulo. Além disso, gostaríamos de ressaltar que há uma legislação no nosso Estado que continua em vigor, a Lei n° 2481, de 1953, inclusive aprovada aqui na Assembléia Legislativa, que proíbe a instalação de pedágios num raio aproximado de 35 quilômetros do marco zero da cidade, a Praça da Sé.

O Governo do Estado está na ilegalidade ao instituir pedágios no Rodoanel. Além de ser ilegal e inconstitucional, essa medida é também uma atitude extremamente imoral e privatista. O Rodoanel foi construído com dinheiro público, uma obra razoavelmente nova que agora está sendo entregue para as concessionárias ganharem dinheiro. A concessionária não precisa fazer nada no Rodoanel. Assim é fácil ser empresário. É o capitalismo sem risco, sem gasto nenhum. O que a concessionária vai fazer ali? Ganhar milhões e milhões de reais só para fazer umas faixas, algumas sinalizações, porque a estrutura é muito nova. É um absurdo que isso esteja acontecendo.

Também pedimos aqui o apoio de todos os deputados no sentido de que esse nosso PDL entre para aprovação também em caráter de urgência para que possamos impedir a instalação de 13 praças de pedágios.

Também estamos tomando providências em outro sentido. Vamos à Justiça, ao Ministério Público nesta semana. Já estamos preparando uma representação, e talvez uma liminar, para impedir esse ataque ao bolso do cidadão do Estado de São Paulo, para impedir a continuação da instalação das praças de pedágio no Rodoanel. É um crime de lesa-pátria, e a Assembléia Legislativa tem de reagir. Não pode ficar aqui passiva, submissa aos interesses do Governador José Serra. Todos os partidos políticos e os cidadãos do Estado têm de agir. A população tem de ser chamada a fazer manifestações, principalmente as pessoas que utilizam o Rodoanel.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público que nos assiste e nos acompanha pela TV Assembléia, funcionários da Casa e leitores do Diário Oficial.

Não poderia deixar de fazer uma justa homenagem ao povo do nosso País, em momento de dor do povo de Santa Catarina, onde as últimas notícias já nos trazem mais de 100 vítimas. Milhares de pessoas perderam as suas casas, sem distinção de cor, de raça, de ser rico ou pobre. As famílias estão sendo vitimadas pelas fortes chuvas e quero registrar aqui a solidariedade do povo de São Paulo e do País que tenta, desde a maneira mais simples, prestar o seu auxílio, cedendo alimentos, coletando roupas e água, ou realizando depósitos em uma conta bancária previamente estabelecida.

Gostaria de me referir a um artigo da revista “Época”, que avalia os motivos dessa tragédia em Santa Catarina e, ao mesmo tempo, aponta preocupações para outros estados da Federação, com relação à preservação do meio ambiente.

Concordo plenamente com a reportagem, quando fala sobre a preservação das cabeceiras dos nossos rios. Tenho falado muito desta tribuna sobre os principais projetos desta Casa, que tem o dever de debater, aprovar e votar, assim como apontar uma segurança ambiental para o futuro no Estado de São Paulo.

Temos hoje um importante projeto de lei nesta Casa, que trata da futura Lei Específica da Represa Billings. Talvez os telespectadores que nos assistem não entendam a imensidão do que está acontecendo em Santa Catarina , mas essa lei traz a prerrogativa da proteção de muitas famílias que moram em área de risco na represa Billings.

Talvez em breve possamos comemorar a aprovação da lei, mas principalmente a preservação de milhares de vidas de pessoas que hoje moram em área de risco. Muitas famílias aguardam do governo do Estado de São Paulo uma política de investimentos, de preservação e recuperação dos nossos mananciais, das cabeceiras dos rios do Alto Tietê.

Cobramos uma política ambiental eficaz do governo do Estado de São Paulo: regularizar a ocupação dos morros da Região Metropolitana de São Paulo, aumentar o escoamento dos rios e monitorar as populações de áreas de risco. São as conclusões sobre o que é preciso fazer, segundo a revista “Época”.

Mas quero fazer um paralelo sobre a importância dos investimentos em uma política segura e responsável do governo do Estado de São Paulo para cuidar dos nossos mananciais. Entendemos que a aprovação simbólica da Lei Específica da Billings com investimentos nos mananciais vai restabelecer uma segurança quanto aos crimes ambientais que têm ocorrido no nosso país.

Santa Catarina reflete hoje uma triste realidade. É culpa da natureza? É culpa do homem? Não podemos estabelecer a real origem. Faço o registro da tristeza vivida hoje na reconstrução do Estado de Santa Catarina e também da nossa preocupação quanto às políticas ambientais que o nosso Estado tem o dever e a responsabilidade de concretizar para que, num futuro próximo, não registremos fatos como os que ocorreram no sul do Brasil.

Sr. Presidente, passo a ler a matéria da revista “Época”, para que conste nos Anais da Casa.

“1 - Preservar as cabeceiras dos rios

Para reduzir o tamanho das enchentes, é essencial conter o desmatamento nas cabeceiras dos rios. Num terreno com vegetação nativa, a água das chuvas leva mais tempo para chegar ao curso d'água (leia o quadro na pág. 48) . As próprias folhas das árvores absorvem parte da chuva e reduzem o impacto das gotas no solo. Além disso, troncos e folhas no chão ajudam a reter a água. O solo, menos compactado, absorve mais água. A diferença foi medida em pesquisas em Ubatuba, no litoral de São Paulo. Nas encostas com floresta, o risco só surge com uma precipitação de 360 a 520 milímetros em três dias. Sem vegetação nativa, chuvas de 120 milímetros já provocam desabamentos e cheias.

Santa Catarina estava vulnerável em parte porque foi o Estado campeão de derrubadas na Mata Atlântica, segundo um levantamento do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). Entre 2000 e 2005, desmatou-se uma área maior que Florianópolis. ‘Há dez anos o Estado vem tendo esses recordes de desmatamento’, diz Márcia Hirota, bióloga da fundação SOS Mata Atlântica. ‘As derrubadas foram justamente em áreas de encostas e morros, onde há um risco maior de desabamento e estão as nascentes dos rios’, diz Mirian Prochnow, da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi).

No Vale do Rio Itajaí, a região mais afetada pela chuva, o desmatamento para plantação de pinheiros agravou o problema de escoamento da água. ‘As folhas das florestas naturais serviam de esponja para segurar a água. Nos pinus, a folhagem é pequena e deixa passar mais chuva’, diz João de Deus, diretor do Departamento de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e professor de Botânica da UFSC.

Além de piorar as cheias, o desmatamento elevou a proporção dos desabamentos. “Em um solo desnudo, sem vegetação, o impacto de uma única gota d'água ao bater no solo desloca um grão de areia em até 45 centímetros ”, diz Maria Lúcia Herrmann. Quando há folhas nas árvores, as gotas são amortecidas e movimentam menos barro.

2 - Regularizar a ocupação dos morros

O que aumentou as perdas de vidas e danos materiais foram construções em áreas de encostas perigosas. ‘Após as inundações de 1983, a população ficou traumatizada com a cheia do Rio Itajaí-Açu e começou a construir casas nos morros’, diz Mirian, da Apremavi.   ‘Essas obras criaram um efeito duplo. Aumentaram o desmatamento e colocaram as pessoas em zonas de risco.’ Essas moradias foram construídas em áreas de preservação permanente (APPs). “Os governos sempre consideraram as APPs como mera exigência de ambientalistas’, diz Márcia, da SOS Mata Atlântica. ‘Agora está provado que proibir obras a 30 metros de rios e encostas também é uma forma de garantir a segurança da população.’

3 - Aumentar o escoamento do rio

A terceira ação para reduzir o impacto das chuvas seria melhorar a calha do Rio Itajaí-Açu. Desde 1986 existe um plano diretor de controle de cheias na região. Ele foi feito ainda sob o impacto das enchentes de 1983, que mataram 49 pessoas e causaram prejuízos de US$ 1,1 bilhão. O plano, feito com o apoio do governo do Japão, previa a retificação e o alargamento das margens do Rio Itajaí-Açu desde Blumenau até a foz em Itajaí. Também seriam construídos um canal para desviar parte das águas dos rios em Itajaí para a Praia dos Navegantes e diques para conter os tributários de pequenos riachos. Mas as obras não saíram do papel. Por quê?  Um levantamento feito pelo site Contas Abertas mostra que a União repassou para Santa Catarina, neste ano, R$ 2,4 milhões para obras preventivas, como contenção de encostas, e três vezes mais recursos para respostas a desastres. O governo executou bem menos que o autorizado no início do ano. No caso de obras, liberou até este mês apenas 6% do total aprovado para todo o país. ‘Obras de prevenção, como contenção de encostas, não são caras, mas, politicamente, talvez não sejam tão interessantes’, diz o professor Dickran Berian, da Universidade de Brasília.

Foi com obras assim que Belo Horizonte, uma metrópole espremida nas montanhas, conseguiu reduzir o impacto das enchentes. A cidade é cortada em 37 quilômetros pelo Ribeirão Arrudas, que recebe boa parte dos mais de 700 quilômetros de outros cursos d'água canalizados ou soterrados por ruas e avenidas. No verão de 1977, 17 pessoas morreram. Em 2002, foram 16 mortos. Para combater isso, foram feitas obras de retificação, alargamento e canalização do Arrudas. Na região central, a obra terminou no ano passado. São Paulo também agiu. Uma das maiores obras do mundo para reduzir enchentes foi feita no Tietê, que corta a região central da cidade. O município tem três mil e 200 quilômetros de rios e córregos. A maioria deságua no Tietê. As enchentes são um problema desde o século XIX. Foram agravadas com a construção das avenidas marginais, que acompanham o rio. O transbordamento do rio virou símbolo do descaso do poder público. Mas entre 2001 e 2006 o governo aprofundou o leito do rio entre 2,5 metros e 10 metros em alguns trechos e o alargou de 26 metros para 46 metros em outros. Custou mais de R$ 1 bilhão. A obra não evitou uma enchente em 2005, após a maior pancada de chuva desde 1943. Mas praticamente acabou com os transbordamentos nos outros verões.

4 - Monitorar as populações de risco

É o que já fazem algumas cidades. Em Belo Horizonte , obras de contenção de encosta reduziram o número de famílias em zonas de risco de 15 mil , em 1994, para cerca de 6 mil, em 2008. Além disso, foram criados 50 núcleos com 500 voluntários treinados. Eles se reúnem antes da estação chuvosa para planejar o trabalho. Essa rede de prevenção custa R$15 milhões por ano. ‘É fundamental organizar a Defesa Civil a partir das comunidades’, diz Cláudio Vinícius Leite, diretor-presidente da Cia. Urbanizadora de Belo Horizonte. Desde 2003 não há uma só morte por deslizamento nas áreas monitoradas.

No Rio de Janeiro, o governo estadual gasta cerca de R$ 15 milhões por ano em contenção de encostas na cidade. Mas estima-se que 1 milhão de pessoas morem em áreas de risco, boa parte em favelas ou bairros irregulares. Para reduzir os danos, há 12 anos o Alerta Rio, da Prefeitura, monitora a aproximação de chuvas, mede o índice pluviométrico por área da cidade, calcula o grau de saturação do solo encharcado. Com isso, sabe-se qual o ponto em que ele não absorve mais água e fica sujeito a deslizamento. Em caso de risco de desabamento, as pessoas são avisadas por e-mail, telefone, fax ou mensagem de texto por celular. A Defesa Civil tem uma espécie de infra-estrutura de emergência em modo de espera, composta de fornecedores de mercadorias, igrejas e abrigos permanentes, além de voluntários para socorrer os desabrigados.

Nenhuma obra bilionária ou investimento anual em contenção de encosta vai evitar desastres naturais. Chuvas fora do padrão acontecem regularmente. Isso não justifica a inação.   Há milhares de anos, as primeiras sociedades humanas temiam as intempéries. Julgavam-se à mercê da vontade de deuses da chuva e de outras forças da natureza. Hoje, os conhecimentos técnicos e até a experiência brasileira em lidar com chuvas não justificam a falta de prevenção.   Nas próximas semanas, Santa Catarina receberá ajuda humanitária e financeira. Para os próximos anos, no entanto, o Estado vai exigir investimento para poupar a população de uma nova calamidade.”

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PDT - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembléia, gostaria de registrar uma decisão da Bancada do PSOL da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo quanto à votação do projeto de lei do Executivo que deverá entrar em votação nos próximos dias. Trata-se do Projeto de lei n° 750, de 2008, que praticamente vende o Banco Nossa Caixa ao Banco do Brasil. Já há uma discussão entre alguns deputados da Casa, é uma venda polêmica, e também a população já começa a falar sobre essa medida. A posição oficial da Bancada do PSOL é de contrariedade. Votaremos contra o Projeto de lei n° 750, de 2008. Somos contra a entrega do único banco público de fomento do Estado de São Paulo para o Banco do Brasil.

O Banco do Brasil já anunciou anteriormente que tinha interesse em comprar o Banco Nossa Caixa porque queria disputar mercado com os bancos privados. O Banco do Brasil era o primeiro banco no mercado financeiro brasileiro, perdeu lugar para o Itaú na fusão com o Unibanco. É uma questão de lógica de mercado.

O Banco Nossa Caixa dá lucro para o Estado de São Paulo, tem mais de 15 bilhões de depósitos judiciais na sua carteira. Aliás, é o único banco que o Estado de São Paulo tem. O fato é que quando São Paulo entregar o Banco Nossa Caixa, o maior estado da Federação vai ficar sem banco de fomento, importante para financiar o pequeno agricultor, a agricultura familiar, a população de baixa renda, mas sobretudo para financiar a Educação, a Saúde, a Habitação, o Saneamento Básico.

O Governador José Serra tem a intenção de desmontar o Estado - e todos sabemos disso porque essa é uma questão de DNA, não só dele, mas do PSDB e dos partidos aliados. Isso já aconteceu em administrações anteriores, por exemplo, na administração do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, que acabou com as nossas empresas públicas, e na administração do ex-Governador Geraldo Alckmin.

Recentemente, o Governador José Serra tentou, sem sucesso, privatizar a Cesp. Ele já fez uma avaliação financeira acerca do valor das 18 empresas públicas do Estado para vendê-las, para privatizá-las, como a CPTM, o Metrô, a CDHU, a Sabesp. A população pergunta qual o problema em privatizar. O problema é o aumento das tarifas. Se a Sabesp for privatizada, a população pagará mais caro pela água. Foi assim com a energia elétrica, com a telefonia e será assim com as outras empresas públicas.

É por isso que somos contra, não vamos legitimar o desmonte do Estado de São Paulo, não vamos permitir que haja continuidade desse processo de privatização. Embora a venda de um banco estadual para um federal não seja uma privatização, está dentro da lógica da privatização, de perseguir um objetivo de mercado. Sem contar que haverá desemprego. Ao contrário do que o Governo vem anunciando, não há garantia alguma de que isso não ocorrerá. Vejo mobilizações de alguns servidores do Banco Nossa Caixa para que apresentemos uma emenda ao projeto. Até assinamos, mas o correto é não entregar o banco. Isso é um verdadeiro absurdo, um crime de lesa-pátria ao nosso Estado.

Vamos fazer nesta Casa o bom combate para impedir a venda de um patrimônio público importante e histórico, um banco de fomento que tem que financiar, sobretudo, as áreas sociais. Não é função de um banco público disputar o mercado, mas financiar as áreas sociais.

Fica, portanto, registrada a posição da Bancada do PSOL contra a venda do Banco Nossa Caixa para o Banco do Brasil.

Muito obrigado.

 

O Sr. Presidente - José Bittencourt - PDT - Deputado Carlos Giannazi, V. Exa. continua com a palavra pelo tempo restante do Pequeno Expediente.

 

O SR. Carlos Giannazi - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, gostaria de comunicar que já protocolamos dois projetos de lei no sentido de colaborar com a diminuição da violência escolar nas escolas estaduais.

A violência escolar é um fenômeno que sempre existiu, mas tem aumentado de uma forma assustadora. São diários os casos de violência nas escolas, em várias regiões do nosso Estado, do nosso País, seja em escolas públicas ou privadas.

Os nossos dois projetos são destinados às escolas estaduais. Estamos assistindo a um aumento muito grande da violência na Rede Estadual de Ensino. Visitamos escolas, conversamos com professores, alunos, pais de alunos, além das informações que nos chegam pela imprensa. Muitas vezes, a imprensa nem fica sabendo desses casos.

Já denunciamos inúmeros casos de violência escolar: aluno contra aluno, narcotráfico ocupando escolas, alunos batendo em professores. A situação é muito grave e generalizada. O último caso divulgado pela imprensa foi o da Escola Estadual Amadeu Amaral, na Região do Belém. Casos como esse acontecem em várias escolas da Rede Estadual e não são noticiados pela imprensa.

Queremos o fim da violência escolar e, para tanto, o Governo estadual precisa investir mais recursos na Educação, aprovar o Plano Estadual da Educação, acabar com a superlotação de salas e investir na valorização salarial do Magistério estadual. O Governo precisa tomar medidas para acabar com essa situação, investindo em infra-estrutura escolar, tornando a escola um lugar alegre, saudável e interessante, com computadores e bibliotecas. Sem isso, não há como diminuir a violência e garantir a aprendizagem mínima para seis milhões de alunos.

Apresentamos dois projetos a pedido do próprio Magistério, que começam a tramitar na Assembléia Legislativa. Eles poderão ser uma referência para a Secretaria Estadual de Educação e a outras Secretarias também.

Um refere-se à criação de uma comissão formada pela escola, e representada por professores, comunidade escolar e até representantes das diretorias de ensino, para estudar e propor alternativas em relação à violência escolar.

O outro é um projeto mais focado no Magistério. Temos inúmeros professores, servidores da Educação, que são ameaçados de morte por traficantes, por gangues, e não podem nem ir à escola. Esse projeto apresentado faz a defesa afastando momentaneamente o professor, mas sem que ele perca o seu salário e as vantagens do seu cargo, até que a situação seja resolvida pela Secretaria de Educação e, muitas vezes, pela Secretaria de Segurança Pública. Muitos professores, impossibilitados de ensinar, perdem seus salários não por sua culpa, mas porque estão ameaçados de morte.

Pedimos então o apoio de todas as Sras. Deputadas e Srs. Deputados, no sentido de que esses projetos prosperem nas Comissões e sejam aprovados imediatamente, para contribuir no combate à violência nas escolas. Queremos paz nas escolas. Muito obrigado, Sr. Presidente.

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

* * *

 

O SR. CONTE LOPES - PTB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, aqueles que acompanham através da TV Assembléia, hoje pela manhã tivemos a oportunidade de comparecer ao Batalhão Tobias de Aguiar, quartel da Rota, à solenidade de aniversário daquela Unidade, com a presença de Secretários como o Dr. Marrey, o Sr. Antonio de Ferreira Pinto, da Secretaria de Assuntos Penitenciários, Deputado Edson Ferrarini, Deputada Célia Leão, e vários generais do Exército, inclusive o Comandante da nossa área que teve a oportunidade de usar a palavra e cumprimentar os policiais da Rota pelo belo trabalho feito, inclusive em ações especiais ao lado do Exército Brasileiro.

A Revista “Veja São Paulo” desta semana também traz uma matéria sobre policiais militares que tombaram em combate, demonstrando aquilo que acompanhamos todo dia no nosso programa de rádio, falando até com os policiais. Tudo isso demonstra claramente a luta dos policiais militares contra o crime, aqueles que acabam perdendo a vida e, às vezes, os familiares sofrendo as conseqüências de ter um parente policial.

É por isso que estamos sempre cobrando dignidade e salários melhores para os policiais, para que possam exercer suas atividades em condições de enfrentar os criminosos, homens e mulheres, que perderam a vida combatendo o crime organizado, alguns durante suas horas de folga, mas que são atacados porque são policiais. São atacados em razão de serem policiais. E são muitos.

A “Revista Veja São Paulo” coloca claramente essa situação dos policiais, que acabam perdendo a vida, defendendo a população. Por isso cobramos as autoridades desta tribuna há muito tempo para que analisem o trabalho da Polícia Militar, tropa disciplinada, em primeiro lugar. Há alguns dias, vimos uma tentativa de ataque ao Palácio do Governo, onde alguns policiais reivindicavam aumento de salário, mas em determinado momento, aquela massa perdeu o cérebro. E nós, que trabalhamos na Tropa de Choque há muito tempo, sabemos que massa reunida acaba perdendo o cérebro. Foi o que aconteceu. Mas tivemos a Tropa de Choque da Polícia Militar, em que o Batalhão Tobias de Aguiar, uma força disciplinada, impediu que se chegasse à frente do Governador, homens armados, reivindicando.

Tivemos coronel baleado, tenente espancado. Recebi um telefonema do Secretário de Segurança Pública, Dr. Marzagão, sobre o fato de um policial - que se excedeu - ter espancando um tenente. É evidente que a ação é uma coisa, agora, a ação criminosa tem que ser cobrada de qualquer um, seja de que lado for, seja de quem for. A pessoa precisa ser responsabilizada pelos seus atos.

Realmente, vimos que a polícia impediu a invasão do Palácio dos Bandeirantes. Nesse aspecto, o Governador e os seus Secretários devem reconhecer o trabalho da Polícia Militar e da Rota, que foi elogiada hoje no Batalhão Tobias de Aguiar, pelo próprio Comandante do 2º Exército.

Cobramos sempre melhores salários e melhores condições de trabalho. Se temos uma Polícia de primeiro mundo, é porque os policiais do passado foram muito eficientes. Então, não é justo depois que o policial se aposentar não receber nenhum aumento e simplesmente se dê vantagens aos que estão na ativa. Os da ativa merecem muito mais do que estão recebendo. Vemos policiais que, quando perdem a vida, seus dependentes passam a ganhar mil e quinhentos reais por mês. Um dos piores salários do Brasil, infelizmente.

Sr. Presidente, nesse aniversário do Batalhão Tobias de Aguiar, onde tivemos a honra de servir como aspirante, chegando a capitão, nós nos orgulhamos dessa unidade, que presta valorosos serviços ao povo de São Paulo.

Muito obrigado.

 

O SR. CONTE LOPES - PTB - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, nos termos constitucionais, adita à Ordem do Dia da Sessão Ordinária de amanhã, dia 2 de dezembro, os seguintes projetos: Projetos de lei Complementar  nºs 41, 42, 47, 48, 49, de 2008; Projeto de lei nº 660, de 2008, Art. 26 da Constituição Estadual; e ainda os Projetos de lei nºs 677 e 716, de 2008, em regime de urgência.

Havendo acordo de líderes, antes de dar por levantados os trabalhos, convoco V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da sessão do dia 27 de novembro e os aditamentos anunciados.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 39 minutos.

 

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