24 DE MAIO DE 2023

14ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

        

Presidência: CARLOS CEZAR e THIAGO AURICCHIO

        

RESUMO

        

ORDEM DO DIA

1 - CARLOS CEZAR

Assume a Presidência e abre a sessão. Solicita comportamento regimental ao público presente nas galerias. Coloca em discussão o PLC 81/23.

        

2 - CARLOS GIANNAZI

Discute o PLC 81/23.

        

3 - PROFESSORA BEBEL

Discute o PLC 81/23.

        

4 - PAULO MANSUR

Discute o PLC 81/23.

        

5 - PROFESSORA BEBEL

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

6 - DONATO

Discute o PLC 81/23.

        

7 - PRESIDENTE CARLOS CEZAR

Solicita comportamento regimental ao público presente nas galerias.

        

8 - JORGE WILSON XERIFE DO CONSUMIDOR

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

9 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Discute o PLC 81/23 (aparteado pela deputada Professora Bebel).

        

10 - THIAGO AURICCHIO

Assume a Presidência.

        

11 - PAULA DA BANCADA FEMINISTA

Discute o PLC 81/23.

        

12 - GUILHERME CORTEZ

Discute o PLC 81/23.

        

13 - PRESIDENTE THIAGO AURICCHIO

Encerra a discussão do PLC 81/23. Coloca em votação o requerimento de método de votação ao PLC 81/23.

        

14 - DR. JORGE DO CARMO

Encaminha a votação do requerimento de método de votação ao PLC 81/93, em nome da Federação PT/PCdoB/PV.

        

15 - PRESIDENTE THIAGO AURICCHIO

Coloca em votação e declara aprovado o requerimento de método de votação ao PLC 81/23. Coloca em votação e declara aprovado o PLC 81/23, salvo emendas e subemendas. Coloca em votação e declara aprovadas as emendas 1, 4, 5, 6, 7, 9 e 10, na forma de subemendas apresentadas no parecer do congresso de comissões, restando prejudicadas as respectivas emendas.

        

16 - PAULO FIORILO

Declara voto favorável às emendas do PT.

        

17 - PRESIDENTE THIAGO AURICCHIO

Coloca em votação e declara rejeitadas, englobadamente, as demais emendas com parecer contrário do congresso de comissões. Convoca a Comissão de Constituição, Justiça e Redação, para reunião extraordinária a ser realizada hoje, cinco minutos após o término desta sessão.

        

18 - GUILHERME CORTEZ

Declara voto favorável às emendas do PSOL.

        

19 - JORGE WILSON XERIFE DO CONSUMIDOR

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

20 - PRESIDENTE THIAGO AURICCHIO

Encerra a sessão.

        

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Carlos Cezar.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Eu quero só um minuto da plateia, por favor. Nós estamos em sessão agora, gostaria de que vocês mantivessem a ordem. São bem-vindos aqui, é justa a reivindicação, mas eu gostaria de que vocês permanecessem em silêncio agora para que nós pudéssemos tocar os nossos trabalhos.

Discussão e votação do Projeto de lei Complementar nº 81, de 2023, de autoria do Sr. Governador. Acrescenta dispositivo à Lei Complementar 1.093, de 16 de julho de 2009, que dispõe sobre a contratação por tempo determinado, de que trata o inciso X, do Art. 115, da Constituição Estadual, na forma que especifica. Com 11 emendas.

Parecer nº 353, de 2023, na reunião conjunta das comissões de Constituição, Justiça e Redação; de Administração Pública e Relações do Trabalho; e de Finanças, Orçamento e Planejamento, favorável ao projeto e às Emendas de nºs 1, 4, 5, 6, 7 e 10, na forma das subemendas a elas apresentadas, e contrário às demais emendas.

Para discutir a favor, está inscrito aqui o deputado Carlos Giannazi. 

 

O SR. DONATO - PT - Pela ordem, presidente. Só para uma questão de ordem.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Questão de ordem procede.

 

O SR. DONATO - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Nós vamos fazer a discussão do projeto. Eu gostaria de perguntar para V. Exa. se serão permitidos que sejam projetados os vídeos ou outros materiais de apoio no telão. 

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Só é permitido relacionado ao tema que está sendo discutido no momento da discussão. Se for relacionado ao tema que está discutindo nesse momento. 

 

O SR. DONATO - PT - Mas isso vale para o vídeo e vale para o próprio orador sobre o tema, não é isso que diz o Regimento? 

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Diz sobre o tema que está, o orador está discutindo um tema. Hoje, agora, o orador vai discutir o tema do Projeto de lei Complementar nº 81, de 2023. 

 

O SR. DONATO - PT - Se ele tiver um vídeo sobre o tema, ele vai poder apresentar? 

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Eu vou pedir para V. Exa. apresentar essa Questão de Ordem por escrito e, no tempo oportuno, regimental, o presidente vai deliberar. O presidente efetivo desta Casa, deputado André do Prado. 

 

O SR. DONATO - PT - O senhor está conduzindo os trabalhos agora. Pode ficar tranquilo, eu não tenho nenhum vídeo hoje. Só para saber qual é a regra.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Tem a palavra o deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público aqui presente e telespectador da TV Assembleia, primeiramente, quero manifestar o nosso total apoio à luta dos servidores da Assembleia Legislativa, que estão aqui na sua campanha salarial, dentro da lei.

O governo estadual, a Assembleia Legislativa tem que dar o exemplo, cumprindo a data base dos servidores, cumprindo o que determina o Art. 37, da Constituição Federal, fazendo a reposição, que obriga todos os entes federativos, municípios, estados e União, a fazer a reposição das perdas inflacionárias, fazer o reajuste dos salários de todos os servidores públicos do Brasil, dos municipais, dos estaduais, da União, do Poder Legislativo, do Ministério Público, da Defensoria, do Tribunal de Contas do Estado, do Tribunal de Justiça. Então parabéns pela mobilização. Contem com o nosso total apoio nessa luta. (Palmas.)

Aproveito, ainda, Sr. Presidente, para continuar manifestando o nosso total apoio à greve dos servidores e das servidoras da Fundação Casa, em greve desde o dia três. O Governo, de forma intransigente, não atende às reivindicações, não atende o sindicato, não abre processo de negociação. É um absurdo.

Os servidores estão com salários arrochados, defasados. Ontem, não foram incluídos no PLC 75. Nós tínhamos apresentado emendas, o Governo, através da sua base de sustentação aqui na Alesp, rejeitou as emendas incorporando os servidores, tanto da Fundação Casa, como também da própria Polícia Penal. Então fica aqui o nosso apoio aos servidores da Fundação Casa.

Sr. Presidente, esse projeto de lei, o PLC nº 81, que versa sobre a prorrogação de contratos feitos através da famigerada Lei nº 1.093, aprovada aqui na Assembleia Legislativa, em 2009, ainda na gestão do ex-governador José Serra.

Me lembro muito bem do debate que nós realizamos naquele período, aqui neste plenário, porque nós fomos contra. Porque nós sabíamos que se tratava do início de uma grande precarização das contratações dos servidores públicos do estado de São Paulo. Foi em 2009, através da aprovação dessa nefasta e perversa Lei º 1.093 que nós tivemos o advento da duzentena, depois da quarentena.

Foi na aprovação dessa lei que os servidores contratados em caráter excepcional foram expulsos, praticamente, da Previdência pública. Foram jogados para o regime geral da Previdência, saindo do antigo Ipesp, agora São Paulo Previdência. Nós votamos contra essa lei, no ano de 2009, aqui neste plenário.

Todas as entidades representativas dos servidores foram contra essa lei porque ela já era o prenúncio do que viria pela frente: uberização dos trabalhadores, a reforma trabalhista, e tantas outras leis que foram aprovadas. A lei federal da terceirização, que foi aprovada no governo Temer, mas começou aqui em São Paulo.

Essa lei é um marco no processo de precarização das contratações dos servidores públicos. Lembrando que um dos setores mais afetados foi a Educação, com a famosa precarização dos professores categorias “O”, que eram expostos, e são ainda, mas era pior porque eles eram expostos à duzentena. Professores que não podem utilizar o Iamspe. Ficam fora da Previdência pública.

E a nossa luta sempre foi pela realização de concursos públicos para o ingresso no serviço público. Sobretudo, em áreas essenciais, como essas da Educação, Saúde, Assistência Social. No entanto, o que esse projeto de lei está propondo é, na verdade, a prorrogação dos contratos de servidores já precarizados.

Ou seja, aqui já há uma precarização de contratações. Então é a precarização dentro da própria precarização. Porque nós, como eu disse, nós queremos concurso público, de provas e títulos, para todas as áreas. Sobretudo, também para a área da Saúde. Logicamente que nós vamos votar, somos obrigados a votar favoravelmente à prorrogação desses contratos.

Mas nós queremos, estamos exigindo, ao mesmo tempo, primeiramente, a chamada dos concursos realizados. Nós temos muitos concursos no Estado, em várias áreas, pessoas aprovadas que não foram chamadas ainda. O governo realizou concursos, mas não fez a chamada, na área da Saúde, na própria área da Educação também, na Segurança Pública, na SAP, na Polícia Civil, na Polícia Militar.

Então aqui são sempre duas lutas. Uma para obrigar o governo a realizar os concursos públicos. Depois, a segunda luta é para obrigar o Estado a fazer a chamada dos aprovados. Esse projeto de lei trata da prorrogação, na verdade, da contratação de alguns cargos.

Olha, são 100 contratos de agentes técnicos de Assistência Social. Tem mais cargos. Tem cargos aqui de médicos. São 108 contratos de enfermeiros, 179 contratos de técnico de Enfermagem, 52 contratos de médicos, 48 contratos de oficiais de Saúde.

Então é sobre isso que nós estamos discutindo agora nesse momento: a prorrogação do contrato por até 12 meses. Na verdade, nós conseguimos, com muito sacrifício, aprovar uma subemenda, obrigando o Estado a chamar os aprovados no concurso.

Porque essa contratação continua sendo precarizada. E é um absurdo que, numa área tão importante como o Sistema Único de Saúde, nós tenhamos uma precarização desse porte.

Nós queremos que os servidores da Saúde, do SUS do estado de São Paulo, sejam concursados, que eles tenham uma carreira, que eles tenham uma evolução, progressão na carreira, que eles possam fazer um planejamento. Nós não queremos contratações precarizadas como essa; nós queremos concurso público e, sobretudo, que eles sejam chamados, os aprovados nesse concurso.

Eu apresentei, Sr. Presidente, emendas a esse projeto - que infelizmente não foram acolhidas no congresso de comissões -, primeiramente acabando com a interrupção dos contratos. É um absurdo que haja interrupção desses contratos. Lembro-me aqui, que antes da aprovação dessa lei, nós tínhamos uma outra lei, que era a Lei no 500, de 74, em que não existia... Era uma contratação feita em caráter excepcional, mas a pessoa, o servidor ficava no cargo até que chegasse um servidor efetivo, concursado.

Aí ele saía, logicamente; mas não tinha essa interrupção que é feita hoje, através de quarentena ou de duzentena, imposta pela Lei no 1.093. Isso prejudica não só os servidores públicos, mas sobretudo, Sr. Presidente, a própria população, que perde o vínculo, também, com o médico, com a enfermeira, com o professor, com o agente de organização escolar.

Nós também apresentamos uma emenda, aqui, incluindo os agentes de organização escolar da rede estadual, porque teve uma contratação de um ano que está sendo encerrada agora, e muitas escolas estão sem os agentes de organização escolar. Agora, na verdade, a coisa mais difícil é achar uma escola da rede estadual com o quadro completo, com o módulo completo de agentes de organização escolar.

Logo que aconteceu aquela tragédia na Escola Thomazia Montoro, eu fui até lá; as professoras me ligaram, fui logo pela manhã. E a primeira coisa que me chamou a atenção - lógico, após a tragédia, a morte - foi que naquela escola, que é uma escola PEI, de tempo integral, só tinha, naquele período, três agentes de organização escolar, sendo que uma delas era desse contrato precarizado, Sr. Presidente. E o contrato dela ia vencer em abril.

Isso significa que aquela escola onde a professora Elizabeth foi morta, vítima da violência, só tem, neste momento, duas agentes de organização escolar: uma é GOE e a outra tem que cuidar da escola inteira, que é uma escola de tempo integral. Então, essa é a triste realidade da rede estadual.

Só que esses contratos estão vencendo também, na rede estadual, para os agentes de organização escolar, e o governo não faz nem uma coisa nem outra: ele não prorroga esses contratos e também não chama os aprovados no concurso anterior. E não abre um novo concurso.

Mas nós temos aqui informações de que o atual secretário da Educação, esse Renato Feder, que não recebe deputados... Tem várias reclamações sobre ele, inclusive da base do Governo. Ontem mesmo, veio um deputado aqui reclamar no microfone, deputado da base do Governo reclamando que está na fila de espera há meses para ser atendido.

Aí eu fico imaginando: se ele não recebe a base do Governo, o que será de nós, da oposição, deputado Paulo Fiorilo? O secretário não vai receber mesmo. Mas ele está preocupado com a Multilaser; ele é o dono dessa empresa, que tem contratos milionários com o Governo do Estado. Enfim, ele, enquanto secretário de Educação do Paraná, colocou todos os cargos do quadro de apoio escolar em processo de extinção, para terceirizar.

Eu conversei com os servidores da rede estadual do Paraná. Eles me disseram: “olha, aqui todos os cargos foram colocados em extinção, do quadro de apoio escolar”. Então, parece-me que é por isso que não há aqui nem concurso, nem prorrogação das contratações, e as escolas vão ficar cada vez mais sem o quadro completo.

E eu apresentei uma emenda para justamente resolver essa situação, até que seja realizado um novo concurso público para a contratação de agentes de organização escolar.

Mas infelizmente a Assembleia, o congresso de comissões não acatou, não incorporou a nossa emenda a esse projeto, que poderia resolver, sim. Porque a Lei no 1.093 não trata só da contratação excepcional e emergencial dos servidores da Saúde ou da Educação, ela trata da contratação para todas as secretarias, para todo o funcionalismo público estadual, é uma lei geral. Então era o momento fazer a alteração, mas os nossos apelos, as nossas propostas não foram absorvidas, não foram, infelizmente, incorporadas.

Então nós vamos votar favoravelmente ao projeto, mas é um voto crítico, exigindo também que o governo realize concursos públicos em caráter de extrema urgência para a Saúde, para a Educação e para todas as áreas. Nós queremos o fim da precarização das contratações dos servidores públicos.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Seguindo a lista, para discutir a favor, a Professora Bebel. Tem V. Exa. o tempo de 15 minutos para discutir a favor do PLC 81/2023.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente. Cumprimento a Mesa de trabalhos, os assessores à minha esquerda, à minha direita, os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas e o público presente, lutadores e lutadoras que estão aqui fazendo a sua campanha salarial e lutando, porque é dessa forma que a gente consegue nossas vitórias, na luta, lamentavelmente. (Manifestação nas galerias.)

O que a gente gostaria é de que no mínimo a gente tivesse os nossos direitos garantidos, a gente naturalmente tivesse a data base respeitada e tivesse também respeitados todos os preceitos legais que já existem, mas que não são considerados. (Manifestação nas galerias.)

Então eu cumprimento vocês todos que estão aí. Façam uso disso, porque eu também já estive com a minha categoria desse lado, e fez muita diferença quando eu fui para aí, o Parlamento teve um outro comportamento. Por exemplo, deputado Cezar, presidente, com relação ao Plano Estadual da Educação, quase por unanimidade nós tivemos a aprovação dele aqui nesta Casa.

Também, é claro, estendo a solidariedade, como sindicalista que sou, aos trabalhadores da Fundação Casa, que, além de ficarem fora do reajuste de ontem, estão em greve, e não há nenhum sinal de negociação. Isso é difícil. Eu acredito que, quando uma categoria está em greve, ela minimamente tem que ser recebida, até para que se tenha um processo gradativo de negociação, para que a gente consiga chegar a um bom termo.

Mas eu vou tratar agora de uma questão que me é cara. Ela me é cara porque eu sou professora. Eu represento o maior sindicato da América Latina, que tem 186 mil sócios.

Tanto a Saúde quanto nós, da Educação, fomos duramente atingidos pela Lei 1.093, de 2009. Foi um momento muito difícil para nós, deputado líder Xerife do Consumidor, muito difícil, porque naquele momento nós lutávamos muito pela questão de ter uma forma de contratação justa.

A gente entende que talvez, até que se faça um concurso, até que se chame, há que se ter uma mediação. Então façam uma forma de contratação justa para não ter que ficar todo ano prorrogando contrato aqui na Casa de Leis.

A Casa de Leis já deveria ter aprovado um projeto de lei que tenha uma contratação que preveja o quê? O gatilho para que se chame concurso público. Quanto? No mínimo, 10% de profissionais da Saúde e da Educação que já estejam sem concurso, imediatamente já se chama um concurso público. Isso foi negociado com o ex-secretário da Educação, falecido, Paulo Renato de Souza. Ele colocou na lei, mas a lei não está sendo cumprida.

Por que é que a cada 10% de cada categoria... Ou seja, na minha, 30 mil, 20 mil, já tem que chamar concurso público, mas nós já temos mais de 100 mil, deputado Jorge do Carmo. Precário.

É assim que nós vamos falar em qualidade da Educação? É assim que nós vamos falar em qualidade de atendimento na Saúde? É dessa forma? Não vai ter. Porque, se tem duas políticas, todas as políticas públicas têm que ter continuidade. Elas têm que ser política do estado. É a Saúde e a Educação.

Nós não podemos trocar de médico toda hora, de enfermeira toda hora. A cada ano você muda um contrato e muda a enfermeira. Não, tem que ter continuidade. É a mesma coisa a professora, você não pode trocar toda hora. Então, que qualidade é essa? Não dá para falar de qualidade de ensino e nem de qualidade no atendimento da Saúde com essas interrupções de contrato. Essa é lógica.

Então, eu voto, e a bancada votará, por óbvio, favorável a este PLC nº 81, de 2023, assim como salvamos, no final de dezembro do ano passado, 50 mil demissões de professores temporários, que seriam demitidos na véspera do Natal ou na véspera do Ano Novo. É isso que a gente quer? É desta forma que o funcionalismo público vai ser tratado? Não pode.

Então, eu fico pensando o seguinte. Se a coisa andar como está, nós estamos caminhando em uma perspectiva de privatização, como uma parte da Educação terceiriza já, que são os agentes de organizações escolares que a gente tem, a das merendeiras.

É só você ver, as empresas quebram, largam as merendeiras na mão, e não tem a merenda na escola, e aí toca a gente correr, pedir para pagar, entrar com ação e pedir para pagar, e fazer um papel que uma terceirizada que tinha que cumprir, e não cumpriu. Aí toca o governo a cumprir e pagar. Olha só.

Então, em que isso barateou, deputado Jorge do Carmo? Não barateia. Sabe o que é? Desculpe, isso nós temos que tomar cuidado. Porque essas organizações sociais em curso, na forma de terceirização de um jeito ou de outro, vão nos levar, na verdade, a uma armadilha de, lá na frente, deputada Andréa, a gente verificar o seguinte, o governo está pagando mais terceirizando do que puxando para dentro do estado um serviço que ele deveria fornecer. Essa que é a questão.

Então, fazer o debate de ter uma contratação que garanta. Eu, por exemplo, eu fiz uma opção nessa lei. Porque colocar concurso público aqui é importante, mas até que tenha o concurso público, eu tenho que ter a contratação. Então, o que faríamos com os funcionários? Eles têm que ser recontratados, senão eles ficam sem salário.

A minha opção - e os senhores não atenderam - foi para preenchimento de todos os cargos que estavam em vacância, e isso não aconteceu. Fizeram uma tabela: 100 contratos disso, 108 de enfermeiros, 179 de técnico de enfermagem, 52 de médicos, 48 de oficiais de Saúde. Daqui a pouco vão faltar de novo os funcionários, porque não preencheram todos. Não fazem uma leitura, deputado Donato.

Porque é o seguinte, está tão desorganizada a máquina estatal, que eles não são capazes de fazer a leitura dos que vão aposentar, para prever, e pelo menos já preparar e dizer: “Não, vamos já botar lá porque não pode faltar”. Espera aí até o final, falta até faltar lá na ponta, a população paga impostos e nós pagamos o preço e a tristeza de ver duas áreas importantíssimas descobertas: Saúde e Educação.

Eu quero dizer que eu acho lamentável, mas lamentável. Por óbvio, eu vou destacar todas as emendas que foram acatadas, acolhidas, é ótimo, mas quero dizer que deveria, na verdade, esta Casa, fazer o que foi feito, deputada Márcia Lia... Eu não estou conseguindo me concentrar.

O que foi feito com o confisco de aposentados e pensionistas. Eu queria fazer um convite para esta Casa. O convite, deputada Márcia Lia, por favor. Eu estou ouvindo tudo. Alguém tem um foninho para dar para ela? Por favor. Desculpa, Márcia, é que eu tenho um problema de... Desculpa, querida.

Mas de qualquer forma eu acho o seguinte, que esta Casa pode fazer isso e faz bem se quiser, fazer de novo o que nós fizemos com o confisco dos aposentados e pensionistas.

Vamos fazer um PL da Casa? Um PLC em que a gente tenha uma contratação temporária até que se chame o concurso, mas de forma correta. Que o temporário não fique perdendo direitos, não tenha aquela interrupção que tem em dezembro para não receber os direitos que tem que receber.

Porque se a gente tiver isso, você intermedia com o concurso e faz a luta pelo concurso, né? Se esta Casa topar, esta Casa pode fazer a diferença que fez, que foi com relação ao confisco de aposentados e pensionistas.

Do contrário, nós vamos chover no molhado. Isso não vai acontecer para nós porque essa lei abrange todos os serviços públicos do estado de São Paulo, deputado Conte Lopes.

Então, eu acho que seria de bom tom a gente pensar um pouco essa questão para não ficar todo ano... por exemplo, em dezembro, já vai ter um número considerável de professores que vão estar, de novo, precisando de prorrogação de contratos.

E antes de terminar, eu quero chamar a atenção para o seguinte: é verdade que tem a chamada de um concurso público agora. Mas vocês sabem para quantos? Só 15 mil. E nós temos 100 mil professores na condição de categoria “O”.

Então como 15 mil podem repor 100 mil? Nós fizemos a greve, na minha opinião, deputada Andréa, a greve mais importante da minha vida. Ela foi, sim, por salário, ela foi, sim, por garantia de direitos.

Ela foi, sim, contra essa famigerada lei, porque quem estava aqui dentro lutou de um jeito, quem está lá fora como nós, sindicalistas, luta lá no asfalto, na rua e na chuva. Levando bala, porque naquela época ainda usavam a polícia, nossos colegas policiais, para dar um susto em nós e correr. Susto não, o negócio era bravo.

A gente sofreu muito, mas a greve mais importante foi a de 2013. É marcante para a minha vida, foi quando nós conseguimos pular de 20 mil cargos de professores para 59 mil cargos. O maior concurso da história, mas nós arrancamos na greve os 39 mil cargos a mais.

Então, por óbvio, votarei favorável na condição de que repensemos esta forma de contratação de tal maneira que dê dignidade, que a gente não fique todo ano... Que a cada gatilho de 10% seja chamado o concurso e não fique toda hora com esse mundo de temporários e pensionistas.

E apelar para o líder do Governo, o nobre deputado Xerife do Consumidor, incorporar a emenda em que peço para atender todos os cargos, porque, atendidos todos os cargos, a gente não precisa ficar voltando para cá para votar novamente.

É lamentável uma categoria que forma cidadãos e outra que salva vidas serem tratadas dessa forma. Tudo bem, isso é uma herança, mas, se o governador quer mesmo mudar o curso da história, que mude a herança, então. Não fique só reclamando do que é do passado. O que ele está fazendo até então é só reafirmando o que o PSDB fez durante 30 anos.

Então, qual é a diferença? A diferença é que continua dando reajuste - e eu achei que foi justo, ainda que diferenciado - para os policiais? A diferença é continuar nos deixando nas condições de temporários e não dar concurso público na totalidade? A diferença é continuar dando zero para outra parte do funcionalismo público? Então não tem diferença. É mais do mesmo, lamentavelmente.

Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Obrigado, deputada Professora Bebel. Para falar contra, está inscrito o deputado Paulo Mansur. Tem V. Exa. o tempo regimental de 15 minutos.

 

O SR. PAULO MANSUR - PL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Vejo um tema muito importante para a gente falar e, na realidade, sou a favor do projeto, mas contra a fala da Bebel, que fala de precarização. Quando a senhora fala em precarização, eu vejo como... Precarização é quando a pessoa passa no concurso, se torna médico, se inscreve para fazer o plantão e não aparece.

A gente precisa do essencial, atender a população com a Saúde. A gente não pode, de maneira nenhuma, não passar esse projeto atento do governador Tarcísio aqui para a Casa e deixar a população sem atendimento médico.

Quando a gente faz um concurso público, tem todo um trânsito para isso. A pessoa precisa passar em um concurso, precisa ser homologada, precisa ter uma série de coisas.

Então, o que o governador Tarcísio está fazendo? Ele está prevendo uma situação que pode acontecer e trazer o caos para a Saúde. Então, ele já está se adiantando agora para manter essas pessoas nos cargos em que estão, e para fazer o concurso público, que realmente ele vai pautar para fazer, mas ele já sabe que tem um processo a ser feito.

Então, é claro que ele já está se adiantando, já trouxe esse projeto para pautar e é claro que a gente precisa votar “sim” para dar Saúde para a nossa população. As pessoas precisam chegar ao hospital e precisam ser atendidas. Não tem como a gente votar em um projeto desses, contrário.

Vocês que são do Partido dos Trabalhadores, que falam que são a favor do trabalho. Então, vêm aqui a esta tribuna ainda falar mal do governador Tarcísio, porque não pôs em pauta ainda para as pessoas entrarem no concurso público.

Mas ele está há quatro meses no governo. A gente tem que ter calma. Ele está agora pautando aqui, para nós deixarmos quem está no atendimento médico continuar, para a gente ter esse atendimento à nossa população paulista.

Um grande abraço, gente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Para falar contra, está inscrito... Para falar a favor do projeto...

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Uma pequena comunicação?

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Tem V. Exa. o tempo de dois minutos.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - É gozado...

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Enquanto V. Exa.... Só um minuto: eu quero já indicar o deputado Donato para assumir a tribuna e ele vai discursar. É o próximo orador para discutir a favor do projeto. Tem V. Exa. o tempo de comunicação.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Eu não sei o que que eu falei diferente do deputado Paulo Mansur, porque eu exatamente disse que mediaria, deveria ter uma mediação, deputado Paulo Mansur, entre o concurso até que se tenha prova e títulos. Eu sei exatamente que até que se chame o concurso tem que ter a chamada, tem que...

Então você tem que ter aquele período. Agora, não pode ser um período permanente. Foi isso que eu disse. E o concurso é a porta de entrada para todo servidor. Para quem defende serviço público de qualidade, é o concurso público. Isso é inquestionável entre nós. Agora, eu não entendi o que o senhor quis dizer: “A deputada Bebel, precarização...”.

Não, eu exatamente fui... Acho que o senhor não ouviu talvez - o celular da deputada Márcia deu uma atrapalhadinha -, mas de qualquer maneira, eu acho que V. Exa. falou exatamente o que eu falei, mas tem que mudar essa forma de contratação.

Não pode ser essa, porque se continuar essa, nós vamos continuar fazendo isso o tempo todo.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Com a palavra o deputado Donato.

 

O SR. DONATO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigado, Sr. Presidente. Sras. Deputadas, Srs. Deputados, todos que nos acompanham aqui nas galerias e todos que nos acompanham pelas redes sociais da Alesp pela TV Alesp, eu acho que o projeto aqui já foi bem defendido pela deputada Bebel, que explicou claramente aqui os princípios que nós defendemos.

É evidente que nós somos a favor do projeto, mas nós somos contra perpetuar uma situação de precarização, de contratos provisórios de trabalho. Isso que é precarização para a gente.

Daqui a um ano, esses trabalhadores ou vão ser renovados os seus contratos ou sairão do serviço público, e para isso a gente precisa de estabilidade de concurso público, de uma política de planejamento de concursos públicos, porque boa parte da categoria se aposenta ou sai, enfim.

Tem uma rotatividade que é perfeitamente planejável, além do que é necessária uma expansão de serviços públicos, em particular na Saúde. Amanhã, por exemplo, teremos um ato no Hospital Geral de São Mateus, que é um hospital estadual com muitos problemas e com problemas de falta de pessoal, além dos problemas estruturais.

Então convido a todos amanhã, às nove horas da manhã, lá no Hospital Geral de São Mateus, para conhecer de perto a realidade no hospital estadual. E não é o único que vem tendo problemas.

Eu posso falar do Hospital Geral de Pedreira, Hospital Geral de Itapecerica da Serra, Hospital Geral de Pirajussara, alguns que eu conheço e todos eles com muitos problemas, e também e, principalmente, problemas de recursos humanos.

Eu queria, presidente, se o senhor me permite... Evidente, todo respeito à Presidência, que ontem impediu que eu passasse um vídeo ilustrativo aqui da minha fala, mas hoje eu não tenho vídeo, fique tranquilo.

Mas eu queria falar o seguinte sobre um tema que é correlato e que estava na pauta hoje e foi retirado da pauta, que é a validação de decretos de benefício fiscal de ICMS e eu queria discorrer um pouco sobre isso.

No Orçamento para o ano que vem - está discutindo a LDO agora - a previsão é de 64 bilhões de renúncia de receita e é evidente que isso impacta as políticas públicas de Saúde, de Educação, de Assistência Social, de Segurança Pública. Nós estamos renunciando à receita. Algumas são justificáveis e correspondem a uma política de investimento em alguns setores e são defensáveis.

Não tenho nenhum problema com isso, mas algumas outras... Por exemplo, hoje tinha um decreto aqui de isentar a Gol. Tem o decreto; o decreto já existe e já está validado automaticamente.

Eu vou explicar isso um pouquinho melhor, porque eu também não sabia. Eu aprendi isso hoje e me chocou, porque são bilhões de reais que esta Assembleia delegou para o Executivo discutir de maneira ilegal.

O que estava na pauta hoje era a validação de um decreto publicado no dia 9 de maio, de dez setores que ele, enfim, ou prorrogava ou estabelecia a renúncia fiscal do ICMS. Em 2020, foi votada aqui uma lei, a que deram o nome pomposo de Lei do Equilíbrio Fiscal, é isso?

Que extinguiu a CDHU, extinguiu a Fundação Zoológico, uma lei grande. Mas ela tem um artigo que eu vou ler aqui, que é escandaloso e inconstitucional, vou explicar por quê.

Art. 23: A partir da publicação desta lei, os novos benefícios fiscais e financeiros fiscais somente serão concedidos após manifestação do Poder Legislativo, está falando uma coisa para fazer outra, no prazo de 15 dias, contados da publicação no “Diário Oficial” do estado de decreto do Poder Executivo, ratificando os convênios aprovados pelo Conselho Nacional de Política Fazendária, a Assembleia Legislativa manifestar-se-á sobre sua implementação no âmbito do estado de São Paulo.

Havendo concordância do Poder Legislativo, ou em caso de ausência de manifestação no prazo assinalado no parágrafo primeiro deste artigo, 15 dias, o Poder Executivo fica autorizado a implementar os convênios aprovados.

Ou seja, ele faz de conta que é uma lei, mas não é uma lei: você valida um decreto do Executivo, e se em 15 dias você não analisar o decreto, ele é aprovado por decurso de prazo.

Bom, vamos à mãe de todas as leis, a Constituição. Art. 150, parágrafo VI: “Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica”, lei específica, “tratando daquela isenção federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no Art .155”.

Ou seja, primeiro, precisa ter lei específica. Eu fiquei chocado aqui, porque fui vereador, lá qualquer isenção fiscal tinha lei, federal tem lei, e aqui não tem lei. Aqui tem um decreto do governador, que tem um faz de conta, que é mandar para a Casa. Olha, ele foi aplicado no dia 9 de maio.

Manda para a Casa, a Mesa apresenta um projeto de decreto legislativo. E apresentou quando? Pôs na pauta quando? Hoje, último dia dos 15 dias. Se a gente aprovasse...

Então, como a gente falou que a gente ia discutir, ele falou: “Não, então tira da pauta, que amanhã tá aprovado”. Bilhões de reais que nós estamos falando, não é de troco. Estamos falando de bilhões de reais. Uma lei do governo Doria.

O Doria, quando foi prefeito e eu era vereador, ele foi mestre em tentar tirar atribuições do Poder Executivo para governar por decreto. Pelo visto, aqui na Assembleia ele foi mais longe ainda, porque ele instituiu o mecanismo da ditadura, que é o decurso de prazo.

E aí, se o senhor me permite só projetar, eu não vou passar vídeo. É só uma foto, tá bom? Só para lembrar. Então está permitido, cabine de som. Acho que está permitido, não é, presidente?

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Permitido.

 

O SR. DONATO - PT - Olha só. É daqui, a “Folha de S.Paulo” de 88: “Constituinte acaba com decreto-lei decurso de prazo”. Aí, mais embaixo, tem o seguinte: “Estado Novo criou mecanismo em 37”. Eu vou ler porque é instrutivo. Tratar um pouco de história do Brasil sempre é bom.

Eu não sou professor, mas é que eu gosto de tentar ir a fundo. O decreto-lei surgiu pela primeira vez na Constituição de 37, que instituiu o Estado Novo. Abolido pela Constituição de 46, foi restabelecido pelo Ato Institucional nº 2, editado pelo presidente Castelo Branco, em sessenta e cinco.

A Constituição de 67 procurou dar uma forma jurídica ao decreto-lei. Pela Carta de 67, o presidente podia baixar decretos sobre matéria de segurança nacional, finanças públicas. O decreto-lei tinha vigência imediata, e deveria ser votado pelo Congresso no prazo de 60 dias, caso contrário, era considerado aprovado.

Ou seja, ditadura. O decreto-lei da ditadura tinha um prazo de 60 dias para ser aprovado. O decreto-lei do Doria aqui tem um prazo de 15 dias para ser aprovado. Quinze dias: isso é um atropelo às atribuições da Assembleia Legislativa como um todo, não é da oposição, não, a nós, como Poder Legislativo, e a gente não pode aceitar isso.

Então a gente está conversando na Bancada do PT, certamente isso é inconstitucional. A gente vai propor uma Adin, porque não se sustenta que bilhões de reais do estado de São Paulo sejam autorizados como renúncia fiscal, sem análise desse conjunto de parlamentares eleitos pelo povo, que foram eleitos para isso, e a Constituição define que nós é que definimos, através de lei, a possibilidade de ter renúncia fiscal ou não.

E em 2020, essa Assembleia abriu mão, de maneira ilegal, na minha opinião, eu até levantei a votação. Foram 48 votos, foram cravados os 48 votos. O deputado Conte Lopes votou contra, eu vi. Parabéns, deputado, e a bancada do PT, do PSOL votaram contra também, mas é um absurdo.

Então, eu queria fazer esse registro, porque acho que isso tem tudo a ver com a discussão do preenchimento de cargos, porque diz respeito à capacidade de o Estado arrecadar e investir em políticas públicas tão necessárias para o nosso povo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Muito obrigado por permitir que eu projetasse um slide.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Parabéns, deputado Donato.

Quero passar a palavra agora, para discutir a favor, o deputado Luiz Claudio Marcolino.

Só pedimos silêncio, que nós temos orador na tribuna. Nós estamos em sessão aqui.

 

O SR. JORGE WILSON XERIFE DO CONSUMIDOR - REPUBLICANOS - Pela ordem, Sr. Presidente, para uma breve comunicação.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Para uma breve comunicação, com anuência do orador na tribuna, deputado Xerife do Consumidor.

 

O SR. JORGE WILSON XERIFE DO CONSUMIDOR - REPUBLICANOS - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, nobres pares, Sras. Deputadas, Srs. Deputados; falei há pouco com o secretário de Educação do Estado de São Paulo, Sr. Renato Feder, que está à disposição para atender as demandas de todos os deputados que precisarem de uma agenda diretamente com o secretário.

Já está, inclusive, com sua assessora Mia. A Mia já está orientada a já marcar agenda com os deputados e atender, através do Renato Feder, e não do secretário-executivo.

Ou seja, o secretário vai atender. As demandas que forem pertinentes do secretário-executivo vão passar pelas mãos dele para que o secretário-executivo dê sequência depois do atendimento na agenda com os pares aqui desta Casa.

Falei da importância de atender a todos os deputados desse Parlamento, que é fundamental que não só o secretário Renato Feder - que é secretário da Educação do Estado de São Paulo - como todos os secretários de Estado que atendam os parlamentares aqui no nosso Estado.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Parabéns, deputado Jorge Wilson.

Passo a palavra ao orador na tribuna, Luiz Claudio Marcolino.

Tem V.Exa. o tempo regimental.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigado, nobre deputado Carlos Cezar. Já iniciando minha fala saudando o Sindalesp, que estava acompanhando aqui a nossa plenária e todos os funcionários da Assembleia Legislativa que estão em campanha salarial.

Então, é muito importante a organização dos trabalhadores em todas as esferas do nosso Estado. Então, tem aqui a nossa solidariedade à pauta de reivindicação dos servidores da Assembleia Legislativa.

Sr. Presidente, vou tratar aqui sobre a lei complementar. Tanto o nobre deputado Donato, quanto a nobre deputada Bebel já apresentaram aqui as razões pelas quais vamos votar favoravelmente ao projeto, mas colocando as nossas considerações.

E está correta, nobre deputada Bebel, quando fala de um projeto que trata de serviço temporário, temporário é temporário. Não dá para a gente tratar, nobre deputado Rômulo, o temporário como se fosse algo permanente.

E nós estamos falando de uma lei complementar, que é a Lei Complementar nº 1093, de 16 de julho de 2009. Antes dessa data, nobre deputada Andréa, nunca teve contratos temporários no estado de São Paulo, sempre eram precedidos de concurso público. Tinha redução de números de servidores, ou por aposentadoria, ou mesmo por afastamento por saúde, você tinha concursos públicos no estado de São Paulo.

E na época ainda do governador Serra, ele instituiu aqui na Assembleia Legislativa o contrato temporário. Para 2009, foi algo inédito. Mas na hora que ele cria esse contrato temporário, ele fala justamente que é por um período de apenas 12 meses.

E fala, nobre deputado Suplicy, aqui no Art. 1º, “Para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público a contratação por tempo determinado no que trata o Inciso X do Art. 115 da Constituição Estadual será realizada nas condições e prazos previstos nessa lei complementar”.

Então, essa lei complementar à qual agora o governador Tarcísio apresenta uma prorrogação dos contratos existentes de forma temporária. Então, aqui está a Lei Complementar 1093, de 2009.

Ainda no corpo da lei, onde vai detalhando, o que ela fala? “A contratação será efetuada pelo tempo estritamente necessário para atender às hipóteses previstas nesta lei complementar, observada a existência de recursos financeiros e o prazo máximo de 12 meses”. Doze meses é o prazo máximo para uma contratação temporária no estado de São Paulo.

Só que vem sendo, de forma reiterada pelos governos que por aqui passaram, iniciou com Serra, depois o Alckmin, o Alckmin novamente, o Doria e agora o Tarcísio, da mesma sequência que tem em relação aos governos anteriores do PSDB.

As emendas que as nossas bancadas apresentaram, do PT, do PSOL, da Rede Sustentabilidade, do PSB, eram emendas para equacionar esse problema em relação à contratação temporária.

O que nós solicitamos foi concurso público. Nós fomos retomando e voltando ao que era o patamar do estado de São Paulo, que é concurso público. Na ausência dos servidores, é importante que a máquina pública funcione. O que é necessário para a gente é concurso público.

Então, todas as emendas que foram apresentadas, nobre deputada Bebel, todas iam na mesma perspectiva. O governador, a partir do presidente da Assembleia, do relator, olha as emendas apresentadas. E nós tínhamos várias emendas. Das emendas que foram apresentadas a esse projeto de lei, tinham as emendas nº 1, nº 4, nº 7, nº 9 e nº 10.

Todas essas emendas que foram apresentadas, o que elas falavam? Pretendem acrescentar dispositivo ao presente projeto de lei complementar com o objetivo principal de autorizar ou determinar a realização de concurso público para o preenchimento de vagas relativas aos trabalhadores da Saúde.

Todas as emendas, a 1, a 4, a 7, a 9 e a 10, todas as emendas que nós apresentamos aqui, na Assembleia Legislativa, foram pelo conjunto dos deputados desta Casa, do PT, do PSOL, do PSB, da Rede Sustentabilidade, eram para aperfeiçoar o projeto, vinculando à contratação de servidores a partir de concurso público.

E a subemenda, que, na verdade, nenhuma dessas emendas apresentadas foram acatadas, nenhuma delas. Nenhuma. Só que foi acatada uma subemenda. Nas subemendas 1, 4, 7, 9 e 10, o que o Governo acrescenta ao projeto ora apresentado?

A autorização contida no caput deste artigo não inibe a adoção das providências necessárias à nomeação, posse e exercício dos candidatos habilitados para provimento dos respectivos cargos em caráter efetivo, na forma do que dispõe o Art. 1, § 2º, Item 5, desta lei complementar.

Aqui o relator acata, então somos sim favoráveis às emendas 1, 4, 7, 9 e 10, na forma da subemenda ora apresentada. Mas quando você olha a subemenda, na prática, ela não fala do que nós tratamos nas nossas emendas, que era em relação ao concurso público.

Fala aqui em relação à nomeação, à posse, ao exercício dos candidatos habilitados, mas o que nós mais queríamos mesmo era deixar claro que nas substituições desses trabalhadores que hoje estão substituindo outros trabalhadores da Saúde fosse feito um processo de contratação a partir de concurso público.

Inclusive, das emendas apresentadas, foi colocado que no período anterior a 180 dias de encerramento de um contrato de prestação de serviços aqui, na Assembleia, de substituição, esses trabalhadores tivessem concurso público para essas áreas.

E a gente olha, eu queria mostrar aqui, antes de concluir a minha fala, por que nós fizemos essas emendas e apresentamos essas emendas para aperfeiçoar o projeto. Poderia colocar, Machado, o quadro da Saúde?

Eu queria mostrar para vocês, a Soninha da bancada do Partido dos Trabalhadores e o Edmundo fizeram um levantamento mostrando como é que foi a redução do número de servidores da Saúde no estado de São Paulo, que é um quadro também apresentado pelo Dieese.

Em 2013, tinham 56.449 funcionários. Foi reduzindo em 2014, foi reduzindo em 2015. Daí hoje, no “Estado de S. Paulo”, servidores da Saúde, nós temos apenas, em 2022, 37 mil 608 trabalhadores.

Quando a gente apresenta, ao projeto de lei, a adequação e a obrigatoriedade de fazer concurso público, é para recompor um quadro, que nós estamos falando, de 2013 até 2022.

Se a gente pegar o quadro, comparado com 2009, quando começou o processo das contratações temporárias, nós vamos chegar num número maior, inclusive, do que esse apresentado nesse momento.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Thiago Auricchio.

 

* * *

 

Então, uma informação importante, também, para a gente, nesse debate. O Edmundo levantou algumas informações para a gente. Vou mostrar como é que são hoje os cargos por tempo determinado. Aqui no estado de São Paulo são 916 cargos para o trabalhador agente técnico de assistência de Saúde.

Nós temos 133 cargos para médico. Mais quatro para médicos, dois e dois, totalizando 137, 139, 141 médicos. Então esses contratos, que estão sendo validados por esse PLC, são um pouco mais de 140 médicos para o estado de São Paulo, e um pouco mais de 916 agentes de assistência à Saúde aqui no estado de São Paulo.

Apenas 25 trabalhadores são concursados nesse período. Então apenas 25, de mais de mil trabalhadores da Saúde, que era necessário que houvesse concurso público. Então, quando a gente traz essas informações, e fazemos essas emendas... Inclusive, eu queria agradecer ao Sindsaude, a Cléo, ao Gervásio, a Roseli, a Valéria e ao Edson.

Quando esse projeto, para a adequação em relação à contratação por tempo determinado... Nós determinamos que o Sindsaude nos encaminhasse eventuais emendas necessárias para aperfeiçoamento do projeto.

O Sindsaude encaminhou, para o nosso mandato, algumas emendas. Inclusive, nas emendas que eles apresentaram, eles reforçaram para a gente um problema sério e grave da Saúde no estado de São Paulo.

Levantamento feito pelo Sindsaude São Paulo aponta que os cargos vagos, pela Secretaria estadual de Saúde, em São Paulo, são: 308 agentes técnicos de Saúde, 2.631 cargos vagos de enfermeiros, 17.974 cargos vagos de técnico de Enfermagem do estado de São Paulo, 4.346 cargos vagos de oficial de Saúde, 10.634 cargos vagos de médico I. O que justifica grande parte da deficiência do atendimento do cidadão no estado de São Paulo.

Por isso que nós apresentamos, a bancada do Partido dos Trabalhadores, o PSOL, o PSB, várias emendas ao projeto ora apresentado e que nós cobramos, do Governo do estado de São Paulo, o Tarcísio.

Vamos votar favoravelmente ao projeto apresentado. Mas é importante que não possamos mais, no próximo período, ficar simplesmente renovando uma lei de contrato temporário, ano a ano, que é uma Lei 1.093, de 16 de julho de 2009. Nós não podemos aceitar apenas renovação de contratos por tempo permanente.

O que nós queremos, no estado de São Paulo, é uma recomposição dos quadros da Saúde, da Educação, dos servidores públicos do estado de São Paulo, a partir de concurso.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Dando continuidade, chamar a deputada...

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Ainda para dar continuidade ao meu tempo remanescente, passar para a nobre deputada Bebel.

 

O SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Deputada Bebel com a palavra.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT – COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Eu falo por aqui mesmo. Serei até mais breve que o tempo que V. Exa. me destinou. Mas eu quero chamar a atenção para o seguinte...

Você vê, deputado Marcolino, quando, em 2006, não, em 1999, o então, à época... Em 99, não. Era o Mario Covas. Ele queria, na verdade, já aprovar a Reforma da Previdência naquele momento.

Porque nós convivíamos com um quadro muito grande de profissionais temporários. Dez, 15, um ano, seis meses. E aí nós pedimos um parecer da doutora Maria Sylvia Zanella di Pietro, da USP aqui. Ela é uma exímia conhecedora de direito administrativo. E ela então nos dá esse parecer, e a gente ganha uma audiência pública nesta Casa. Naquele tempo, se fazia audiência pública. Apesar de ser Minoria aqui, tinha audiência pública.

E a tese foi nesta direção: a partir de um mês, dois, até seis meses, a partir de seis meses, deixa de ser temporário e já é alguém que adquire uma certa estabilidade. Foi com base nisso que o então ministro Marinho, quando o Serra quis também aprovar uma reforma da Previdência, foi conosco ao Palácio e aí exigiu o quê?

Que resolvesse o problema dos 75 mil professores temporários, que se transformaram em categoria “F”. Ou seja, uma estabilidade por 12 horas-aula. Por que não pensar numa mediação entre o concurso e esta forma de contratação?

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Muito obrigado, nobre deputada Bebel, pelo aparte. E só concluindo, Sr. Presidente, também foi acatada, como subemenda, a Emenda no 05.

E diz o que o artigo? “Os órgãos de controle - Poder Legislativo e a sociedade civil - poderão exercer, na forma da lei, a fiscalização dos contratos de que trata esta lei complementar, inclusive mediante a solicitação de informações ao contratante e aos contratados”.

Então, inclui também essa subemenda e a emenda apresentada. A gente falava, inclusive, das OSs. E a OS acabou não sendo acatada. Então, queria agradecer pela oportunidade, Sr. Presidente.

Tem aqui as subemendas que foram apresentadas. Não é na íntegra do que nós tínhamos apresentado, mas o concurso público, ou ao menos essa transição apresentada pela deputada Bebel, é fundamental para que melhore o serviço público no nosso estado de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Dando continuidade, chamar a deputada Paula da Bancada Feminista.

 

A SRA. PAULA DA BANCADA FEMINISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente, boa tarde a todos os deputados e deputadas aqui presentes, às pessoas que nos acompanham pela galeria e também aos trabalhadores e trabalhadoras desta Casa. Quero falar, em primeiro lugar, sobre a importância, também, desse projeto. Mais um dia em que nós estamos nesta Casa discutindo o serviço público no estado de São Paulo.

Isso não é qualquer coisa. Isso mostra a atribuição que nós, deputados e deputadas, temos, nesta Casa, de sempre pensar, focar nossos mandatos - os mandatos de oposição têm insistido muito nisso - no quanto é fundamental para o bom funcionamento do estado de São Paulo que nós tenhamos como prioridade a discussão sobre os serviços públicos e, consequentemente, sobre os servidores públicos.

Quero, inclusive, saudar esse barulho que nós estávamos ouvindo. Eles estavam aqui também, agora, na galeria: o Sindalesp, os servidores da Alesp, que estão neste momento em campanha salarial, passaram no gabinete, conversaram conosco, com certeza com os demais deputados também. E assim como eles, outros trabalhadores também estão, neste momento, em campanhas salariais.

Ontem nós discutíamos o projeto de lei de aumento dos servidores, dos policiais militares, dos policiais civis, e falamos, no momento, sobre a importância da inclusão de outras categorias da Segurança Pública, como os servidores da Fundação Casa, que estão no vigésimo primeiro dia de greve hoje, e também dos policiais penais no projeto. E hoje nós discutimos um outro projeto, que pretende prorrogar contratos de trabalhadores da Saúde do estado de São Paulo.

É importante que se diga por que esses contratos serão prorrogados. Esses contratos serão prorrogados - como chegou na informação, também, que nós recebemos com o projeto de lei - porque não houve até agora autorização para a existência de concurso público na área da Saúde no estado de São Paulo.

E isso infelizmente é um grande problema. Eu acompanhava hoje o Pequeno e o Grande Expediente, e vi muitos deputados da oposição falando sobre o caos na Saúde no estado de São Paulo.

E não são só os deputados da oposição que falam sobre isso: eu costumo ver muitos deputados subindo aqui - inclusive da base do Governo - e falando sobre o sistema de Saúde no estado de São Paulo. Problemas em hospitais, problemas na fila, o sistema Cross; são muitas questões que são debatidas diariamente, semanalmente, mensalmente nesta Casa Legislativa, neste plenário, sobre esse tema da Saúde. Não à toa: esse é um tema que diz respeito a muitos de nós.

Nós sabemos o papel que os trabalhadores da Saúde tiveram durante a pandemia da Covid-19 aqui no estado de São Paulo. Enquanto, infelizmente, o - na época - presidente da República tentava dizer que era só uma gripezinha, que ninguém devia ligar para o que estava acontecendo, que a vacina não era importante, os trabalhadores da Saúde em todo o estado de São Paulo e no restante do país deram duro, deram o sangue, literalmente as suas vidas, a vida das suas famílias, para garantir que menos pessoas quanto possível morressem por conta da pandemia.

Foram também os trabalhadores dos institutos de pesquisa que poderiam ter sido precarizados, privatizados aqui no estado de São Paulo que garantiram a existência de uma vacina, produzida pelo instituto Butantã, que garantiu também que todo o estado de São Paulo, todo o país tivesse vacina no braço, e que com isso nós todos estivéssemos aqui hoje.

Então, eu quero falar que é fundamental a prorrogação desses contratos neste momento, sim, mas nós apresentamos, assim como outros parlamentares também apresentaram, emendas que tentavam vincular essa prorrogação à necessidade de realização de concurso público, e eu fiquei muito feliz com o aceno do governo e líder do governo, que garantiram a aplicação, na verdade, a incorporação, na forma de subemendas às emendas apresentadas, mas quero dizer que, infelizmente, isso também ainda não é o suficiente.

Não é suficiente por uma razão: porque a subemenda que foi acatada pelo governo, e que vai ser votada aqui hoje neste plenário, é uma subemenda que diz, vejam só, que a prorrogação do contrato da Saúde, neste momento, não impede a convocação daqueles que foram aprovados nos concursos públicos e a realização dos concursos. Que “não impede”, mas não autoriza a realização do concurso.

Não diz que é necessária a realização do concurso, e em quanto tempo, e a praxe é que quando contratos como esse chegam até nós, ou melhor, quando projetos de lei como esse chegam até nós, eles cheguem dizendo: “os contratos existem por determinado prazo, porque esse é o prazo em que o Governo do Estado abrirá concurso público”.

E essa, infelizmente, é uma marca, tem sido uma marca do governador Tarcísio. Uma marca que nós da oposição temos tentado tanto combater, que é a marca de privatização e consequente precarização dos serviços públicos no estado de São Paulo.

O concurso público é fundamental para que o serviço público continue sendo público, de fato. Nós sabemos que, mesmo com os servidores que atualmente existem, com a prorrogação dos contratos, ainda haverá um déficit grande na Saúde Pública no estado de São Paulo.

Todo mundo falava hoje sobre o Hospital de São Mateus, por exemplo. Isso é um dos exemplos no estado de São Paulo, mas é fundamental a abertura dos novos concursos, mas mais do que isso, que nós consigamos debater, e dizer ao governador que a marca para a verdadeira valorização do serviço público é manter o serviço público público de fato, e não privatizado, e consequentemente precarizado.

O transporte é um grande exemplo disso. As linhas 8 e 9, hoje o Tarcísio anunciou sobre a construção da linha 17, que vai também ficar nas mãos da ViaMobilidade, a tentativa de privatização da Sabesp, e tantos outros.

É fundamental que o serviço público siga sendo público e, consequentemente, gratuito e de qualidade para todos as pessoas no estado de São Paulo. Para isso, a valorização do servidor público também é fundamental.

Então, faço um apelo aqui para que, na verdade, hoje nós aprovemos esse projeto de lei, mas, mais do que isso, que o governador, o mais rápido possível, autorize a realização de concursos públicos para os cargos que estão faltando na Saúde do estado de São Paulo.

Obrigada, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Dando prosseguimento, deputado Guilherme Cortez.

 

O SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, público que nos acompanha, servidores desta Casa, sobretudo aqueles que estão se mobilizando hoje pela sua campanha salarial, que têm todo o nosso apoio à sua manifestação e quem nos acompanha através da Rede Alesp.

Eu quero discutir esse projeto, Sr. Presidente, porque ele é muito importante. Ontem, nós estávamos aqui falando sobre a situação da Segurança Pública, e travando um debate nesta Casa pela valorização de todas as categorias da Segurança Pública.

Lamentavelmente, o resultado da votação ontem, que aumentou o salário, concedeu reajuste salarial digno reivindicado pelos policiais militares, mas manteve uma desigualdade em relação à Polícia Civil, e, sobretudo, excluiu a Fundação Casa e os policiais penais de São Paulo...

Hoje estamos aqui para falar sobre a situação da Saúde Pública, como a deputada Paula, que me antecedeu, muito bem disse. É uma área essencial na nossa sociedade que, sobretudo nos últimos anos, quando a gente foi afetado pela pandemia da Covid-19 e que, lamentavelmente, a gente tinha no governo federal um governo negacionista, foi quando muita gente parou para olhar sobre a importância do Sistema Único de Saúde e do serviço público de Saúde que a gente tem aqui no nosso País.

Portanto, nós da bancada do PSOL vamos votar a favor desse projeto, porque a gente sabe que é uma necessidade a prorrogação desses contratos, por conta do déficit de novos concursos, que não são realizados há muito tempo, mas, ao mesmo tempo, a gente tem o dever de ponderar aqui que esse modus operandi de a gente prorrogar infinitamente contratos de trabalho temporário, na verdade, eles vão na contramão do sentido do serviço público.

O serviço público e o servidor público têm direito à estabilidade, justamente para que eles possam exercer a sua função com a maior qualidade possível, com a maior isonomia possível e, a partir do momento em que a gente substitui a estabilidade do servidor público, aprovado através de concurso público, por contratos de tempo de trabalho determinado, que a gente vai prorrogando infinitamente, a gente começa a desvirtuar o papel e a função do serviço público.

Portanto, nós, da bancada do PSOL, vamos sim votar a favor desse projeto por uma questão de necessidade. A gente reconhece o gesto feito pelo governo de acatar parcialmente as emendas oferecidas pela oposição, mas, mais do que apenas como consta na subemenda que foi apresentada, que a realização de novos concursos não é descartada, a gente precisa fazer o apelo para que o Governo do Estado de São Paulo, de fato, efetive novos concursos públicos para a gente poder repor o quadro de funcionários e a gente não ficar mais refém da prorrogação de contrato por prazo determinado.

E para terminar, presidente, como São Paulo não é uma ilha, como a gente está falando da valorização do serviço público, eu acho muito importante a gente discutir um tema nacional, que é o principal tema que está em discussão no País hoje, que é o regime fiscal do Brasil e que tem tudo a ver com investimento público, com servidor público, com o que a gente está discutindo.

Lamentavelmente, o Brasil viveu alguns anos sob o teto de gastos, que é uma política que nunca foi implementada em nenhum lugar do mundo dessa maneira, como foi feita pelo governo do Temer, que congelou o investimento em serviços públicos essenciais pelo prazo de 20 anos.

Deputado Conte Lopes, nenhum país do mundo, nenhuma democracia do mundo criou esse nível de austeridade em que você congela investimentos sociais pelo período de 20 anos, porque a gente teve uma pandemia de Covid-19, por exemplo, que se esse teto fosse cumprido, tinha morrido muito mais gente.

Então, acredito que esse teto de gastos, que foi aprovado pelo governo Temer, é um impedimento, deputado Jorge Wilson, para que a gente possa fazer em todos os estados, na União e nos municípios, o investimento público adequado em serviços essenciais.

Por isso eu votei no presidente Lula para presidente, dentre outros motivos, deputado Simão, porque eu achava que era muito importante que a gente trouxesse o debate sobre a revogação do teto de gastos. E felizmente a gente está podendo discutir isso.

Agora quero manifestar aqui com muita tranquilidade, com muito respeito, que fico muito preocupado com o que foi aprovado ontem no Congresso Nacional. Ontem foi aprovado um projeto de arcabouço fiscal - a bancada do PSOL se manifestou contrariamente - que substitui esse teto inimaginável do governo Temer por uma outra medida de você atar o investimento público por um arcabouço fiscal que limita o investimento público do governo federal a, no máximo, 70% do que foi a arrecadação do ano anterior.

E, se o governo não cumprir com a sua meta primária, aí esse investimento tem que ser ainda mais limitado, vai para 50 por cento. Isso é muito pouco. A gente não está discutindo aqui como a gente vai sair de um teto, que é extremamente baixo, que estrangula as contas brasileiras, para substituir por um outro teto, que continua sendo insuficiente para um país como o Brasil.

Por isso, eu quero deixar aqui esse debate, essa reflexão. Eu fiz, com muito orgulho, campanha para o presidente Lula, para ele se tornar presidente da República, dentre outros motivos, para que a gente pudesse discutir aqui a revogação do teto de gastos, mas, ao mesmo tempo, eu acho que a substituição no teto de gastos não deve ser por um outro regime de ajuste fiscal, por um outro regime que imponha uma amarra, que imponha um teto para o investimento público. Eu acho que não é disso que precisa o nosso País.

A solução é a gente investir mais no serviço público, e é sobre isso que a gente está discutindo aqui. Por isso, mais uma vez eu quero manifestar a posição favorável do PSOL a esse projeto, mais uma vez eu quero manifestar aqui que o PSOL faz esse apelo, da mesma forma como apresentamos uma série de emendas ao projeto que foi apresentado pelo governo para que, além da prorrogação desses contratos para o prazo determinado, a gente possa, de fato, efetivar a realização de concursos públicos para repor a defasagem da área da Saúde em São Paulo.

 Obrigado, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Há sobre a mesa requerimentos de método de votação. Em votação o requerimento...

 

O SR. PAULO FIORILO - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Pela ordem, deputado.

 

O SR. PAULO FIORILO - PT - Para encaminhar o método, eu indico, pela liderança da Federação PT/PCdoB/PV, o deputado Dr. Jorge do Carmo.

 

O SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Deputado Jorge do Carmo com a palavra.

 

O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Se o senhor quiser, eu não falo nem um minuto, o senhor que manda. O deputado está dizendo que é para falar só por três minutos. Boa tarde, presidente; boa tarde Sras. Deputadas e Srs. Deputados.

Que alegria voltar a esta tribuna, cumprimentar Vossas Excelências, cumprimentar meu líder que permitiu, encaminhou-me para que eu pudesse falar sobre esse projeto, deputados e deputadas, que é um projeto extremamente relevante.

Falar sobre a Saúde Pública, para mim - e tenho certeza de que para todas as deputadas e deputados - é um tema bastante caro, porém, deputados e deputadas, do ponto de vista pessoal, bastante satisfatório.

Tenho certeza de que quando a gente indica recurso, aprova recurso, fala de investimento, deputado Enio - e tem governos que por esse Brasil passaram que acham que pôr dinheiro na Saúde é gasto -, nós entendemos que é investimento. Foi por isso que nós criticamos tanto quando se limitou o teto de gasto - que chamavam de gasto - pelas PECs da maldade que V. Exas. se lembram, no governo golpista Temer, da PEC 241, e que depois se tornou a PEC 55, que foi aquela PEC que limitou os gastos, assim por eles chamados, dos recursos dos investimentos da saúde para os próximos 20 anos.

 Graças a Deus esse desgoverno, tanto o golpista como o que lhe sucedeu, por conta de tudo o que aconteceu, passou. Hoje, nós estamos lá em Brasília discutindo exatamente como resolver uma situação causada, caótica como foi a que foi causada lá em Brasília pelos desgovernos que não tinham nenhum compromisso com a Saúde nem com a Educação, como muito bem falou a deputada Professora Bebel, que nos antecedeu aqui, das maldades que fizeram.

Mas, Sr. Presidente, eu me inscrevi para falar sobre o PLC 81, de 2023, que, como já dito pelos colegas que me antecederam, versa sobre o Projeto de lei Complementar 1093, de 16 de junho - coincidentemente a data do meu nascimento - de 2009, com o objetivo de prorrogar contratos por tempo determinado na área da Saúde.

Como foi falado também, nós vimos que todo ano a gente tem que prorrogar para não ter descontinuidade. É evidente que nós não queremos e fizemos isso para prorrogar os contratos da categoria “O” na Educação, para não ter descontinuidade da Educação no ensino público.

Assim como faremos e votaremos a favor desse PLC, é para que não haja descontinuidade dos contratos, dos investimentos, dos servidores da Saúde que lá estão de forma contratual quando o estado deveria promover os concursos públicos para que não tivéssemos que todo ano fazer isso aqui, mas vamos fazer por conta da importância e da responsabilidade que temos com a Saúde.

Todos os anos, aqui nesta Assembleia, quando vamos destinar as emendas impositivas, que são uma prerrogativa, um direito de cada deputado e deputada, constitucionalmente, previsto na Constituição Estadual, nós fazemos minimamente 50% de investimento.

Isso para não ver UBSs, Santas Casas, hospitais, UPAs e prontos-socorros agonizando por recursos públicos, muitas vezes, porque o estado deixa de fazer o investimento que deveria na Saúde Pública.

É por isso que eu não poderia deixar de falar sobre Saúde, porque falar sobre Saúde para mim é muito caro, mas é também muito gratificante. Nós vemos em São Paulo as famigeradas organizações sociais, que pegam muito dinheiro do estado e que, infelizmente, a gente vê que o serviço não é adequado, que a prestação de serviços não é adequada.

Nós precisamos realmente - esta Casa - debruçar-nos sobre o sistema de Saúde que queremos, que é o SUS, evidentemente, mas sobretudo com o funcionamento das administrações estaduais, municipais, para que não tenhamos governantes que achem que colocar recurso na Saúde é gasto, e não investimento.

Por essas razões, hoje, cada parlamentar, cada liderança, cada pessoa que recebemos em nossos gabinetes, boa parte deles quer falar sobre Saúde. Hoje mesmo recebi um médico em nosso gabinete, vereador do município de Ferraz de Vasconcelos, o Dr. Jobson Jovino.

É vereador daquele município, um clínico geral de muito compromisso com a Saúde Pública. Hoje vereador daquele município, veio ao gabinete - e certamente irá a outros gabinetes - pedir recursos para a Saúde, para melhorar o município de Ferraz de Vasconcelos. Eu disse para ele: “Hoje, inclusive, vereador, vamos discutir a prorrogação dos contratos”.

Não era isso que nós queríamos. Nós queríamos que tivessem servidores públicos que não ficassem todo ano na dependência de a gente ter que discutir, de a gente ter que aprovar aqui a prorrogação para, daqui um ano, fazer tudo de novo, sendo que este estado, que é o estado mais rico da Federação, poderá...

Não vou nem dizer “poderia”. Poderá, deverá, melhor dizendo, deverá promover os concursos públicos para que tenhamos servidores de carreira que tenham expectativas e não a ameaça, de certa forma, de amanhã serem demitidos.

Além de perderem o emprego, a Saúde perde, a sociedade perde, a população perde, porque o serviço fica cada vez mais precário, infelizmente, porque não tem segurança, não há segurança jurídica, digamos assim, de que vão se aposentar, de que vão poder ficar muito tempo no cargo público, por função pública, porque é um contrato precário, é um contrato com prazo determinado.

Por isso, quero concluir dizendo da minha alegria de vir encaminhar para que possamos aprovar o PLC 81, de 2023, evidentemente com o compromisso, cada vez mais, com a Saúde Pública do nosso estado e do nosso Brasil.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Em votação o requerimento. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis, permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Em votação o projeto, salvo subemendas às emendas. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis, queiram conservar-se como se encontram. (Pausa.) Aprovado o projeto.

Em votação as Emendas nºs 1, 4, 5, 6, 7, 9 e 10, na forma das subemendas apresentadas no parecer do congresso de comissões. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis, queiram conservar-se como se encontram. (Pausa.) Aprovadas as subemendas. Prejudicadas as respectivas emendas.

 

O SR. PAULO FIORILO - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Para declarar voto favorável às emendas do PT.

 

O SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Em votação as demais emendas englobadamente, com parecer contrário do congresso de comissões. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem contrários, queiram conservar-se como se encontram. (Pausa.) Rejeitadas.

Convocação: Sras. Deputadas e Srs. Deputados, nos termos do disposto no Art. 18, inciso III, alínea “d”, combinado com o Art. 45, § 5º, ambos do Regimento Interno, convoco reunião extraordinária da Comissão de Constituição, Justiça e Redação, a realizar-se hoje, cinco minutos após o encerramento da presente sessão, no salão nobre da Presidência, com a finalidade de oferecer a redação final ao Projeto de lei Complementar nº 81, de 2023.

 

O SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - Pela ordem, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Pela ordem, deputado.

 

O SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - Só para registrar meu voto favorável às emendas apresentadas pelo PSOL.

 

O SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Registrada a manifestação, deputado.

 

O SR. JORGE WILSON XERIFE DO CONSUMIDOR - REPUBLICANOS - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Pela ordem, deputado.

 

O SR. JORGE WILSON XERIFE DO CONSUMIDOR - REPUBLICANOS - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, agradecer mais uma vez por um projeto, a prorrogação dos agentes de saúde, para que a gente continue dando o atendimento para a população. De fundamental importância esse gesto do Parlamento em entender a necessidade dessa prorrogação.

Prorrogação porque agentes estavam trabalhando inclusive apreensivos. A partir deste momento, eles ficarão tranquilos trabalhando, cumprindo o seu papel no Estado.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PAULO FIORILO - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Deputado Paulo Fiorilo.

 

O SR. PAULO FIORILO - PT - Só para esclarecimento, Sr. Presidente. Sr. Presidente, as comissões que farão parte da redação final...

 

O SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Somente a CCJ, deputado.

 

O SR. PAULO FIORILO - PT - Perfeito. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Esgotado o objeto da presente sessão, está encerrada a presente sessão.

 

* * *

 

- Encerra-se a sessão às 18 horas e 11 minutos.

 

* * *