012ª SESSÃO
SOLENE EM COMEMORAÇÃO
AO “DIA DE CHICO XAVIER”
Presidente: ALEX MANENTE
RESUMO
1 - ALEX MANENTE
Assume a Presidência e abre a sessão.
Nomeia as autoridades presentes. Informa que a Presidência Efetiva convocara a
presente sessão solene, a requerimento do deputado Alex Manente,
para comemorar o "Dia de Chico Xavier". Convida o público a ouvir, de
pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Enaltece a figura do médium Chico
Xavier. Diz estar satisfeito com a realização desta homenagem. Anuncia
apresentação musical da Banda Benção de Paz, com as músicas "Canção para
meu Deus", "Os Anjos de Deus", "Basta Querer",
"Benção de Paz", "Cidadão", "Cura-me",
"Sonda-me", "Tudo Posso" e "Reconvexo".
2 - OCEANO VIEIRA DE MELO
Pesquisador, documentarista e
produtor de filmes espíritas, faz oração.
3 - EURÍPEDES
HIGINO DOS
REIS
Filho de Chico Xavier, lembra a atuação de Chico Xavier em benefício do povo.
Discorre sobre a doutrina espírita. Destaca o papel de Chico Xavier na difusão
do espiritismo no Brasil e no mundo.
4 - ESTEVÃO
CAMOLESI
Vereador da Câmara Municipal de São
Bernardo do Campo, cumprimenta os presentes. Agradece
ao deputado Alex Manente pela iniciativa desta
homenagem. Enaltece a atuação de Chico Xavier em prol dos necessitados. Cita dados da biografia do médium, desde sua infância.
Apresenta vídeo sobre a ajuda ao próximo. Anuncia apresentação musical da Banda
Benção de Paz, com a música "Nossa Senhora". Destaca a importância do
perdão. Apresenta vídeo sobre a paciência. Anuncia apresentação musical da
Banda Benção de Paz, com a música "Meu Querido, Meu Velho, Meu
Amigo". Enfatiza a importância do trabalho realizado por Chico Xavier.
Apresenta vídeo sobre criança nascida com síndrome genética. Fala sobre o amor
de Chico Xavier pelos animais.
5 - PRESIDENTE ALEX MANENTE
Agradece as palavras do vereador
Estevão Camolesi. Anuncia apresentação musical da Banda Benção de Paz, com a
música "Chico Xavier". Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.
* * *
- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Alex Manente.
* * *
O SR. PRESIDENTE - ALEX MANENTE - PPS - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.
Quero convidar para compor a Mesa
o vereador do município de São Bernardo do Campo, que fará a palestra da noite,
meu amigo Estevão Camolesi.
Com muito orgulho e alegria recebemos
nesta Casa Eurípedes Higino dos Reis, filho de Chico Xavier, a quem saudamos
com todo o calor e bênçãos possíveis e convidamos para compor a Mesa.
Convido também para fazer parte
da Mesa o pesquisador e documentarista, especialmente da vida de Chico Xavier,
Oceano Vieira de Melo, a colaboradora do Grupo Espírita da Prece, dona Donda, e a Sra. Jussara Pretti Korngold, do Centro de Estudos Espírita de Nova Iorque.
Senhoras Deputadas, Senhores
Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada
pelo presidente efetivo desta Casa, atendendo solicitação deste deputado, com a
finalidade de comemorar o “Dia de Chico Xavier”.
Convido a todos os presentes
para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia
Militar do Estado de São Paulo sob a regência do subtenente Vilas Boas.
* * *
- É executado do Hino Nacional Brasileiro.
* * *
O SR. PRESIDENTE - ALEX MANENTE - PPS - Comunicamos a todos os presentes que esta
sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV WEB e será transmitida pela TV Assembleia no domingo, dia 13 de abril, às 21 horas, pela
NET, canal 7, pela TVA, canal 66, e pela TV Digital Aberta, canal 61.2.
Quero agradecer à Assembleia que me proporcionou esta oportunidade. Com muita
honra, estamos aqui homenageando Chico Xavier. É a primeira vez que esta Casa tem
essa iniciativa e, a partir de agora, em toda primeira quinzena de abril, a Assembleia Legislativa de São Paulo homenageará uma das
pessoas mais marcantes da nossa história, que muito contribui para nossa
sociedade.
Fico feliz de ter sido o autor
deste pedido, atendendo à solicitação do meu amigo Camolesi. Recordo-me,
Camolesi, de uma sessão solene em São Bernardo em que estivemos presente.
Fiquei muito emocionado à época - tinha acabado de perder meu pai - e disse a
você que gostaria muito de realizar uma sessão solene como aquela na Assembleia. Hoje estamos aqui, e este momento certamente
ficará marcado.
Estou muito feliz, pois Eurípedes Higino dos Reis, filho de Chico Xavier, veio de Uberaba
para receber a homenagem feita a seu pai, quando o estado de São Paulo
reconhece hoje, oficialmente, a importância de Chico Xavier para cada um de
nós.
Ouviremos agora a banda do
Centro Espírita Bênção de Paz que, com certeza, trará aquela maravilhosa
sensação de paz para esta sessão solene.
O SR. - É uma honra muito grande termos sido convidados para participar deste
evento marcante, em que o estado de São Paulo, por meio da Casa do seu povo, a Assembleia Legislativa, homenageia, em minha opinião, um
dos homens mais importantes do nosso planeta em toda história: Francisco
Cândido Xavier.
Na pessoa do deputado Alex Manente, cumprimentamos os componentes da Mesa e as pessoas
que abrilhantam esta solenidade. Muito obrigado por estarmos juntos.
* * *
- É feita a apresentação musical.
* * *
O SR. - Esta música é do padre Marcelo, e já é de domínio público, como Chico
Xavier que, há muito tempo, deixou de ser patrimônio dos espíritas.
“Os Anjos de Deus” também é patrimônio de
Jesus, que ama Deus, que tem sua maneira de reverenciar a divindade. Fizemos um
arranjo um pouco diferente, mas em síntese é a mesma coisa.
* * *
- É feita a apresentação musical.
* * *
O SR. - “Basta Querer”. Chico deve ter ouvido isso de Emanuel muitas vezes e
passou para nós, não é, Camolesi?
* * *
- É feita a apresentação musical.
* * *
O SR. - Vamos pedir licença para cantar a música da nossa casa espírita -
“Benção de Paz” -, feita por dois trabalhadores da casa, que é uma prece,
especialmente no dia em que celebramos algo tão nobre para celebrar a figura, a
memória e a obra de Chico Xavier.
* * *
- É feita a apresentação musical.
* * *
O SR. - Talvez tenhamos sido os únicos perturbados a acordar Chico Xavier
cantando no seu quarto. Temos uma testemunha viva aqui, seu filho, que permitiu
o nosso ingresso. Você se lembra disso, Eurípedes? Nós cantamos não apenas
músicas religiosas, mas, acima de tudo, música popular brasileira. Em 2012,
fizemos um DVD falando sobre virtudes, e foram escolhidas uma música evangélica,
uma católica, uma espírita e uma música popular brasileira. A música que
executaremos agora - “Cidadão” - será cantada pelo Paulinho.
* * *
- É feita a apresentação musical.
* * *
O SR. - “Cura-me”. Quantos corações, almas, e corpos a obra de Chico Xavier não
curou?
* * *
- É feita a apresentação musical.
* * *
O SR. - Existem duas versões da música “Sonda-me”: uma dos evangélicos e uma
dos católicos. Uma é cantada pelo padre Marcelo Rossi - a que apresentaremos
agora - e outra por Aline Barros.
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- É feita a apresentação musical.
* * *
O SR. - Agora, vamos ouvir uma música que minha caçula gravou comigo no DVD:
“Tudo Posso”, da Celina Borges, uma gravação maravilhosa com o padre Fábio de
Melo.
* * *
- É feita a apresentação musical.
* * *
O SR. - Outra que gravamos com voz feminina foi “Reconvexo”
de Caetano Veloso.
* * *
- É feita a apresentação musical.
* * *
O SR. PRESIDENTE - ALEX MANENTE - PPS - Queremos agradecer à Banda Bênção de Paz
pela belíssima apresentação, com uma energia que contagia a todos.
Antes de dar prosseguimento à
nossa sessão, quero agradecer a presença do diretor da Prodesp, meu amigo
Gilmar Gimenes, que gentilmente aceitou nosso
convite.
Convidamos o Sr.
Oceano Vieira de Melo para que profira nossa oração inicial.
O SR. OCEANO VIEIRA DE MELO - Deus, nosso Pai, Jesus, nosso Mestre,
estamos na Casa de homens que fazem leis que beneficiam a todos. Por isso,
agradecemos por este momento, Senhor. Agradecemos pela oportunidade de
homenagear um dos seus filhos queridos, esse ser de luz, enviado pelo Senhor à Terra, para ensinar a todos nós a humildade, a
fraternidade e o amor, assim como trazer Jesus para mais próximo de nós.
Queremos agradecer a ele, Chico,
o “Cisco de Deus”, e ao seu benfeitor espiritual, Emanuel, que
nos ensinou que a mão que assina um decreto é tão venerável para as leis
divinas, quanto à de um enfermeiro que alivia uma chaga.
Graça, pois, Senhor! Que assim
seja!
O SR. PRESIDENTE - ALEX MANENTE - PPS - Passamos a palavra neste momento a Eurípedes
Higino dos Reis, filho de Chico Xavier, aqui recebendo a homenagem desta Casa a
seu pai.
O SR. EURÍPEDES HIGINO DOS REIS - Boa noite a todos. Obrigado, deputado Alex Manente
e a todos pelo carinho com Chico Xavier. Mais do que seu filho sanguíneo, fui escolhido,
no meio de tantas crianças, para ser seu filho de coração.
Agradeço ao deputado Alex Manente por ter abraçado a sugestão do nosso amigo
legislador de São Bernardo do Campo, vereador Camolesi, para a realização desta
homenagem quando estivemos naquela cidade. Hoje, V. Exa., carinhosamente, nos trouxe a este plenário.
No início, vendo as palmas, o
levantar das mãos da plateia, lembrei-me bem daquilo
que meu pai mais gostava: o povo. Ele ia às periferias de Uberaba, Pedro
Leopoldo e de todas as cidades que gostava. Hoje, visitando o Museu de
Anchieta, com nosso amigo presente, Oceano, e outros companheiros, lembrava-me
das falas de meu pai.
Chico Xavier dizia que, quando foi
reencarnação de José de Anchieta, ele e Manoel da Nóbrega, reencarnação de Emanuel,
seu mentor espiritual, precisaram vir para o Brasil, porque, um dia, iria como
Alan Kardec, em 1864 na França, codificar a doutrina. Ele tinha certeza de que
os intelectuais franceses não iriam aceitar essa abençoada doutrina, que, de acordo
com ele, não era dos bons espíritos, e sim de Jesus Cristo. Ele estava em
missão. Então, veio conhecer nosso querido Brasil, especialmente São Paulo, aonde
chegou em 1534, como José de Anchieta.
Segundo ele, nosso país iria
receber pessoas de todas as etnias, de todos os lados do mundo, e os religiosos
iriam conviver bem com nossos cidadãos brasileiros. Mais tarde, andando pela
cidade de São Paulo, principalmente pela Maria Paula, ele e seu mentor na
última reencarnação, Emanuel, fizeram uma prece, porque sabia que ali seria
erguida a casa mater do espiritismo no Brasil. Respeitando
as hierarquias, ele sabia que a Federação Espírita Brasileira seria a maior
coordenadora do espiritismo no mundo, e São Paulo era e será sempre o coração
do Brasil, porque, quando São Paulo consegue manter seus cidadãos em paz,
naturalmente, o Brasil consegue também estar em paz. Daí a responsabilidade dos
senhores legisladores desta cidade. Depois de Pedro Leopoldo e Uberaba, São
Paulo era a cidade que ele mais amava. Todos sabiam disso, porque era a cidade
que mais visitava.
Muitos diziam,
caro deputado, que, se Chico Xavier fosse de outra denominação religiosa,
certamente seria codificado ou lhe seria dada a condição de santo pelo serviço
prestado na presente reencarnação. Para nós, reencarnacionistas,
é bastante significativo o fato de, no dia de seu aniversário, dia 02 de abril,
a Igreja Católica, que ele dizia ser a religião mãe, ter anunciado a
canonização de José de Anchieta como santo brasileiro.
Freitas Nobre, colega dos
senhores, escreveu um livro afirmando que Chico Xavier era o apóstolo do
Brasil. Sabemos que Kardec codificou a doutrina em 1864, mas quem a humanizou e
cristianizou foi Chico Xavier.
O Brasil é considerado a pátria
do Evangelho da doutrina espírita, que se foi propagando pelo mundo. Hoje vemos
aqui a companheira brasileira na América do Norte, cuja missão é espalhar nossa
doutrina por aquela cidade, por aquele país.
Anchieta - que depois veio como
Kardec e Chico Xavier - queria ver essa doutrina, que era de Jesus, espalhada
por todo o mundo.
Parabéns, deputado, e a toda
esta Casa Legislativa, pela homenagem a Chico Xavier. Devolvemos a homenagem a
São Paulo e ao Brasil, pedindo paz, harmonia e alegria no coração de todos.
Deus abençoe esta cidade, nosso
país e o mundo. O maior desejo de Chico era ver o mundo em paz, de mãos dadas
em todos os segmentos. Ele sempre dizia que a Mãe Santíssima iria abençoar todo
mundo e estaria no coração de todos.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE - ALEX MANENTE - PPS - Agradeço as palavras do Eurípedes. Sinta-se
homenageado no lugar de seu pai, Chico Xavier, tão amado por todos nós, que
deixou esses ensinamentos de bem, paz, harmonia e amor para a humanidade.
Convido o Sr. Estevão Camolesi,
meu amigo, para que profira suas palavras.
O SR. ESTEVÃO CAMOLESI - Senhoras e senhores, meus amigos, meus irmãos, boa noite a todos. Que
Deus nos abençoe, proteja e nos dê sua divina e misericordiosa paz.
Não estranhem por eu descer e
fazer a palestra embaixo, mas tenho dois motivos. Primeiro, porque iremos fazer
a terapia do perdão, e eu preciso estar aqui para poder assistir aos vídeos;
segundo, para me colocar na altura devida, porque não estou à altura da Mesa
composta por pessoas, muitas delas, que são a história da nossa doutrina
espírita.
Quero cumprimentar todos que
aceitaram nosso convite: amigos, irmãos queridos. Temos pessoas da Praia
Grande, de Embu das Artes, São Bernardo do Campo. Agradeço a todos os centros
espíritas de São Paulo, São Bernardo do Campo, ao nosso querido Gerbelli, do Cadac, ao Iran, do
Centro Espírita Obreiros do Senhor, a nossa querida Mãe Carmen, do Axé Ilê Olá,
de São Bernardo do Campo.
Faço um agradecimento especial
ao deputado Alex Manente, a quem solicitei a
realização desta homenagem a Chico Xavier, que fazemos em São Bernardo do Campo
há cinco anos. Era o meu sonho realizar esta homenagem nesta Casa e pedi ao
deputado - que é do meu partido - que intercedesse por isso. Prontamente, ele
atendeu ao nosso pedido e hoje estamos aqui. Obrigado, deputado Alex Manente, que tem aqui toda sua família - mãe, esposa,
filhos.
Agradeço à Banda Bênção de Paz,
do Centro Espírita Bênção de Paz, da Vila Carrão, um show a parte. A palestra é
desnecessária com uma banda como essa. O que faremos, após essa apresentação,
será, no máximo, gaguejar um pouco, mas faz parte do protocolo.
Quero agradecer a nossa querida
Jussara, do Centro dos Estudos Espíritas de Nova Iorque, que assistiu a uma
palestra feita por nós em 1996, quando ainda era muito novinha.
Agradeço a Oceano Vieira de
Melo, biógrafo de Chico Xavier, um homem ligado à cinematografia espírita.
Cumprimento o meu conterrâneo
Gilmar, de Fernandópolis. Digo conterrâneo porque somos do interior - ele é de
Fernandópolis e eu de Votuporanga. Aliás, sempre achei Votuporanga um pouco
melhor que Fernandópolis.
Quero cumprimentar a Donda, uma das responsáveis pelo Grupo Espírita da Prece,
nosso querido centro de Chico Xavier. Agradeço também a todos os médiuns do
Centro Cadac aqui presentes, dando sustentação a este
ambiente.
Cumprimento nosso querido
Eurípedes Humberto Higino dos Reis, filho de Chico Xavier. Fui a Uberaba - como
sempre faço, com a maior alegria do mundo - levar o convite, mas pensei que ele
não viesse. Mas veio. Apareceu de surpresa - como espírito superior, que
aparece quando não esperamos -, alegre, feliz e contente. Vi na sua entrada,
Eurípedes, a entrada do próprio Chico aqui, porque, onde está o filho, com toda
certeza, está o pai.
Falar, meus amigos, de Chico
Xavier é tão fácil, no entanto, tão difícil. Como retratamos a vida de um
santo? Na doutrina espírita, não temos santo, mas ele é santo, um santo
espírita. Como retratar, em poucos minutos, a vida de um homem que transcendeu
à própria religiosidade? Como falar da vida de um homem tão notável, capaz de
ser amado pelos espíritas, católicos e umbandistas, respeitado pelos
evangélicos, pela religião do candomblé, pelos ateus? Todos respeitam Chico
Xavier pelo homem que foi.
A grandeza de Chico Xavier,
inobstante ter sido o maior médium espírita do mundo, conseguiu ser maior ainda
na sua pequenez. A grandeza de Chico Xavier estava justamente na sua pequenez,
na sua humildade e caridade.
Muitas pessoas dizem que
gostariam de ter a mediunidade de Chico Xavier. Ao que respondemos: “Quem não
gostaria?” Não gostaríamos de passar o que Chico passou, de dar o testemunho
que Chico Xavier deu em favor da humanidade.
Quando criança, Chico passou as
piores dificuldades que alguém poderia passar. Nasceu em Pedro Leopoldo, em 02
de abril de 1910, no seio de uma família pobre, filho do Sr. João Cândido e de
dona Maria João de Deus. Era pobre numa cidade interiorana pequena, que ainda
hoje continua assim.
Foi um menino extremamente
humilde, que sofreu a sua primeira dor aos cinco anos ao enterrar sua mãe. Dona
Maria João de Deus chamou o menino, às vésperas da morte, e segurando suas mãos
disse: “Meu filho, mamãe vai partir. O povo vai dizer que morri, mas mamãe não
morreu. Mamãe está viva e um dia volto para buscar você.” E isso acontece 87
anos depois da promessa. Aos 92 anos de idade, quando desencarnou, com certeza,
encontrou sua querida mãezinha.
Ela desencarnou, faleceu, o seu
corpo morreu. Ele viu a mãe sendo enterrada, o caixão descendo
e sendo coberto por terra. Não obstante ter cinco anos, ele tinha consciência
da morte. Sabia que a mãe havia morrido, mas nunca lhe mentira e, um dia,
haveria de buscá-lo.
O pai, Sr. João Cândido, um
caixeiro viajante, ficou com os nove filhos. Procurou um lar para as crianças,
para que os filhos fossem cuidados por parentes e amigos. Chico Xavier foi
levado para ser cuidado pela madrinha. Na teoria, o padrinho e a madrinha
existem para substituir a ausência dos pais. A madrinha deveria fazer o papel
da mãe, mas ela tinha um problema pessoal com ele.
De acordo com a biografia pessoal
de Chico Xavier, ela lhe aplicava surras constantes, ela lhe dava garfadas no
abdômen, como foi retrato em filme, fazendo com ficasse marcado com os dentes
do garfo. Por que ela batia tanto nele, em um menino que era praticamente
santo? Chico não sabia o motivo por que apanhava, nem ela o motivo por que
batia. Era um processo obsessivo. Deixava o menino passar fome. As pessoas, com
dó, passavam pão, bolacha por baixo da cerca. Ele comia a bolacha, o pão velho
e também folhas de bananeira, para que limpassem os dentes e não ficasse
resíduo de bolacha ou pão. Se ela chegasse e visse que ele tinha comido,
apanhava de novo.
Aquele menino que tinha tudo
para ser revoltado, certo dia, após uma surra, vai para o quintal chorando e se
ajoelha ao lado de uma bananeira. Sua mãe, então, aparece e lhe diz: “Chico,
lembre-se que, mais do que você, apanhou Jesus, meu filho. Não se revolte, não se magoe e, muito menos, odeie sua madrinha. Se
você odiá-la ou revoltar-se com isso, sua revolta e seu ódio atrapalharão a missão
que você tem para realizar no futuro.” Ela sabia da sua missão.
Continuou dizendo: “Não se
revolte, meu filho, ame, lembre-se de Jesus. Não vim ainda buscá-lo, mas sim
dizer que um anjo bom aparecerá na sua vida”. Esse anjo, realmente, apareceu na
figura da segunda esposa do pai de Chico Xavier. Dona Cidália
Batista Xavier, muito mais nova que o Sr. João, disse a ele que só casaria se pudesse recolher os filhos deixados nas outras casas. Ela
mesma recolhe as crianças, entre eles, o menino Chico Xavier.
Chico Xavier psicografou e
publicou mais de 400 livros; hoje são mais de 500, porque, após sua morte,
somaram alguns que não haviam sido publicados. Ele mal concluiu o primário.
Estudou só até o quarto ano e ainda foi reprovado no terceiro. Não por falta de
inteligência, mas por falta de energia, pois trabalhava como um condenado em
uma fábrica de tecidos, para ajudar no sustento da família.
Contou Chico que, certa vez, o
governo de Minas Gerais lançou, para o estado inteiro, um concurso patriótico:
uma redação para o dia sete de setembro. As crianças deveriam escrever sobre a
importância do Brasil, das suas riquezas nacionais e naturais. Participariam as
crianças de todas as escolas, de todas as cidades, inclusive da pequena Pedro Leopoldo. Chico, mal sabia escrever o próprio
nome, mal sabia fazer a letra inicial de Francisco. Aqui, entre nós, não teria
nenhuma chance de ganhar o concurso, porque iria
concorrer com jovens do segundo grau, jovens de 16, 17 anos, de Belo Horizonte,
que falavam inglês, que haviam ido para os Estados Unidos.
Chega o dia de fazer a redação
na escola, e Chico, humilde, pegou o papel, virou e pensou em nem fazer - não
devemos nunca começar uma coisa que não sabemos como acabar. Chico conta que
vê, no meio da sala de aula, um homem de terno branco, gravata branca, barba
branca, bigode branco, que lhe sorri e diz: “Bom dia!” Chico, no meio da sala
de aula, disse: “Bom dia!” Não por acaso, era chamado de louco.
O senhor disse a ele que estava
ali para ajudá-lo a fazer a redação. Hoje, sabemos que era um espírito
desencarnado. Chico, inocentemente, respondeu que não podia fazer aquilo,
porque acreditava que o homem estivesse vivo. Vivo ele
estava, mas estava morto. Não sei se os amigos entendem. O espírito falava que
podia, e Chico dizia que não podia. Ficaram nessa discussão e Chico disse: “Só
um minutinho, que vou perguntar para a professora.”
Foi o golpe de misericórdia. Ele
chegou para a professora e falou: “Professora, tem um homem de terno branco,
gravata branca, sapato branco, barba branca.” A mulher perguntou em que lugar
estava esse homem. Ele disse que estava sentado na sua cadeira. Claro que a
professora não viu ninguém e pensou que ele estivesse com fome; ele, realmente,
passava fome, e a fome faz com que vejamos coisas onde não existe coisa alguma.
Disse então: “Chico, vá para lá, fique quieto e não atrapalhe.”
Chico foi. O homem levantou, e
Chico sentou. Disse que deu um sono, um sono... Era um processo mediúnico, o
que chamamos de transe mediúnico. Quando Chico acordou do sono, a redação estava
feita, com o nome dele e uma letra caprichada. O sino tocou,
as crianças entregando, e Chico com o papel na mão não sabendo se entregava ou
não, com medo de apanhar. Resolveu então entregar. Entregou e sumiu.
Seis meses depois - naquela
época, o resultado demorava para sair, porque não
havia computador, e eram redações de todo o estado de Minas para corrigir -, sai
o resultado. Quem ganhou? Chico Xavier. Para seu desespero. Quem pode muito,
geralmente, não quer mostrar que pode; quem não pode nada quer mostrar sempre
que pode alguma coisa. Chico sempre soube que podia muito e sempre preferiu o
anonimato, porque o anonimato já era suficiente para ser famoso no mundo
inteiro.
As mães dos filhos que não
ganharam ficaram revoltadas. Como um menino pobre, mais analfabeto que
alfabetizado, que não tem mãe, que não vê o pai porque ele vive viajando, ganha
o primeiro lugar em uma redação cujo tema é “Brasil Difícil”? Chegaram, então,
à conclusão que ele havia colado. A suspeita já veio com a condenação. A pessoa
é o acusador, o promotor e o juiz que dá a sentença. As mulheres se juntaram e
afirmaram que ele havia colado.
O diretor da escola, pressionado
pelas mães, para agradá-las, chama Chico Xavier que já estava condenado e diz:
“Você colou.” Não perguntou ao menino se ele havia colado. Disse ainda: “Você
sabe o que acontece com quem cola.” Naquela época, as crianças apanhavam muito
na escola e, muitas vezes, quando chegavam em casa,
apanhavam novamente dos pais porque tinham apanhado na escola, ou seja,
apanhavam duas vezes. Toda surra era multiplicada por dois: se apanhasse na
escola, apanhava em casa também.
O diretor continuou: “Você
merece uma surra, mas vamos lhe dar uma nova chance. Você vai fazer outra
redação, quem sabe faz ao vivo. Suba no banquinho, pegue o giz e faça uma
redação.” Por maldade, deram um tema extremamente difícil: areia. Os senhores
já imaginaram fazer uma redação ao vivo aqui, na frente de todos, cujo tema é
areia? “Eu gosto da areia, a areia é linda, eu já andei na areia.” É surra na
certa. O tema é muito difícil. Se, pelo menos, fosse um tema mais fácil, como
caridade, amor, paz. Areia não rima com nada. Você vai falar que chorou em cima
da areia? E o menino era analfabeto.
O diretor colocou Chico em cima
da cadeira, com o giz nas mãos. Ele estava tremendo. Chico conta que vê, na
linguagem popular, de rabo de olho - na linguagem científica, visão periférica -
o homem de branco chegando. Segundo Chico, de rabo de olho, só via aquele vulto
branco do lado. Ele então lhe disse: “Calma, meu filho! Eu vou ajudá-lo, de
novo, a escrever.” Chico disse que, dessa vez, não falou nada para ninguém. Em
boca fechada, não entra mosquito.
Ele disse que deu muito sono, de
novo. Chico começou a redação assim: “Meus filhos, que ninguém escarneça da
criação. O grão de areia é quase nada, mas parece estrela pequenina, refletindo
o sol de Deus.” Desceu e levou a maior surra da sua vida, para aprender a não
escrever coisa estranha na lousa. Aquilo não deveria ser coisa de Deus, era coisa
do mal. Como um menino daquele poderia escrever coisas assim?
Chico sempre enfrentou
dificuldades. Parece que foi criado para apanhar. Nunca teve privilégios. Nunca
teve privilégio na saúde, porque enfartava só nas férias. Não sei como alguém
consegue enfartar nas férias. Chico Xavier conseguia esse prodígio. Em 35 anos
de serviço, o bendito não teve um único atestado médico, não teve uma única
falta. É um homem diferente.
Chico sempre atendia todos com
carinho, com atenção. José Xavier, um de seus irmãos, era seu braço direito;
ele abria o centro, atendia as caravanas quando chegavam,
até Chico chegar do seu trabalho. Eis que um dia, em um momento muito
importante da vida de Chico, nosso querido José Xavier veio a falecer.
O filme sobre Chico mostra a cena
do momento em que o médico faz o diagnóstico: “Ele está em uma situação muito
grave.” Chico conversa com Emanuel que lhe diz: “Se ele voltar a si, não vai
recobrar a consciência, não vai se lembrar de ninguém, ou seja, vai viver em
estado vegetativo.” O braço direito de Chico foi amputado naquele momento.
Chico conversa com Emanuel que
diz: “Estamos pensando na possibilidade de José Xavier partir para o mundo
espiritual.” Chico argumenta, dizendo que ele ajudava e amparava muitas
pessoas, que era seu braço direito, que ele só fazia o bem. Emanuel disse:
“Justamente por isso não queremos que ele fique sofrendo. Queremos que ele
parta. Estamos estudando a possibilidade, por merecimento, de ele não ficar
sofrendo na terra, de ele partir.” Posteriormente, José Xavier, o braço direito
de Chico Xavier, parte.
Mas a vida dá muitas voltas. É o
que os indianos chamam de Roda de Samsara, roda da
vida. Certo dia, em Uberaba, Chico estava atendendo e na fila havia uma senhora
de Ituiutaba, com uma criança. Chico parou o
atendimento, levantou-se, foi andando ao longo da fila e parou junto a essa
senhora. Ela diz a Chico que havia perdido seu marido, estava passando por
necessidade e não tinha como criar seu filho pequeno. Os olhos de Chico se
enchem de lágrimas e ele diz: “Minha filha, eu sabia que você viria. Estava
esperando essa criança há muito tempo. Esse menino é o meu irmão José Xavier
que voltou para cuidar de mim.”
Esse menino, meus irmãos, é o
nosso querido Eurípedes Higino Humberto dos Reis, presente aqui esta noite, o
José Xavier que cuidava de Chico; que cuidou em Pedro Leopoldo e até o final da
existência de Chico em Uberaba.
Peço perdão Eurípedes por contar
esse fato por ser uma coisa pessoal, mas estamos entre amigos, entre irmãos. Eurípedes
contou sobre Chico Xavier ser o padre José de Anchieta, amigo de Emanuel, que
era o padre Manoel da Nóbrega. A vida de Chico Xavier foi só amor, esperança,
paz, alegria. Só há casos de esperança, amor e paz desse homem para contar. Ele
atendia as pessoas com alegria, felicidade, carinho, amor. Era o homem chamado
amor.
Certa vez, o jornal “Folha de S.Paulo” fez uma reportagem sobre Chico Xavier. O repórter
ficou tão impressionado com o que viu em Uberaba que colocou em matéria de capa
a foto de Chico com o título: “Chico Xavier, o São Francisco dos Desesperados.”
Fez uma comparação da vida de Chico Xavier com o que fez São Francisco de Assis
na Idade Média.
Era um homem de amor e
esperança. Suas mãos suavam trabalho. Dormia pouco e aproveitou cada instante
dos seus 92 anos. Um filósofo muito importante, Soren
Kierkegaard, diz que se mede a grandeza da vida de
uma pessoa não pelos anos que viveu, mas pela
intensidade pelo qual foi capaz de viver cada dia. A vida de Chico Xavier foi
vivida em sua intensidade máxima, não em cada dia, mas em cada segundo. Sempre
com paciência.
Imaginem Chico já com certa
idade, velhinho, em casa, deitado, ao ver a banda chegando, tocando para ele no
quarto! Ele dizia: “Que maravilha, que lindo!” Imagine ser acordado por uma
banda dentro de sua casa! E isso contou com um cúmplice, Eurípedes, que deu a
chave para que eles entrassem. Era um homem chamado amor, esperança, alegria,
paz.
Chico atendia as pessoas no
centro e depois ia para sua casa, a casa de Eurípedes, onde hoje é o museu em
Uberaba. Certa vez, fui a Uberaba e consegui entrar no centro, porque era
sempre muito movimentado. Fiquei parado vendo Chico atender as pessoas. O que
vou contar agora não li em livro, ninguém me contou, eu mesmo presenciei.
Uma senhora, que era presidente
de um centro espírita do interior do estado de São Paulo, com enormes olheiras,
denunciando as noites mal dormidas, segurou as duas mãos de Chico. O silêncio
se fez, porque todos perceberam que o caso era grave. Ele já a conhecia. Ela
começou a chorar e disse: “Chico, eu sou espírita, você sabe. Há alguns dias,
fui pescar com meu marido e mais dois casais. Levamos nossas crianças. Nossos
maridos montaram as barracas e nós, as mulheres, ficamos com as crianças. Elas brincando.
Era um rio perigoso, cheio de correntezas e pedras. Eles ligaram o barco e
subiram o rio contra a correnteza. A intenção era subir por cerca de duas horas
com o motor ligado e voltar com o barco desligado, pescando.”
As mulheres ficaram conversando,
fazendo o almoço. Mas mãe é mãe. Coração de mãe é algo muito especial, por
isso, Chico Xavier atendia as mães que perderam seus filhos com um carinho todo
especial. Chico falava que enterrar o próprio filho é muito triste. A dor de
ver o filho que abraçávamos, beijávamos, em um ataúde com o corpo enregelado é
muito grande. Segundo Chico Xavier, é enterrar a própria alma e continuar
vivendo.
A senhora continuou seu relato
dizendo que, de repente, ouviu o grito de sua filha mais velha. O grito vinha
da direção do rio. Ela largou tudo e saiu correndo com o coração palpitando.
Viu sua filha mais velha correndo na margem. A mais nova havia caído no rio,
que começou a arrastá-la. A mais velha correu pela margem tentando salvar a
irmã. Mais a frente, ela subiu em uma pedra e estendeu a mão para a mais nova. A
mãe continuava correndo atrás. Viu então que a mais nova conseguiu pegar na mão
da mais velha, mas o peso da menor, aliado à força da correnteza, puxou a mais
velha para dentro do rio. “As duas se abraçaram, olharam para mim, gritaram meu
nome e sumiram na correnteza,” contou a mãe.
Disse ela: “Chico, até hoje, não
encontraram os corpos. Os bombeiros ficaram três dias procurando. Concluíram que
os corpos possivelmente entraram embaixo das pedras. Onde passa muita
correnteza, não tem como encontrar. Não pude sepultar minhas filhas. Eu sou
espírita, eu creio piamente na imortalidade da alma e tenho certeza de que nada
acontece por acaso. Mas como dói perder duas filhas de uma vez só e não poder
enterrá-las. Vim falar com você para saber o que tem para me dizer.”
Quando ela falou isso, dei um
passo à frente. Todos estavam emocionados. Pensei: “É agora que Chico Xavier
vai fazer um tratado sobre a vida espiritual, é agora que vai fazer um tratado
sobre a vida além da vida.” O que ele poderia falar para a presidente de um
centro espírita? Provavelmente, vai falar alguma coisa que ela nunca tenha lido, uma coisa que não conhecemos.
Ele me surpreendeu. Chico que
estava segurando suas mãos, numa atitude de humildade, disse: “Minha filha, o
que eu poderia falar para você? Você é presidente de um centro espírita,
conhece muito mais o espiritismo que eu.” Modéstia dele.
Continuou: “Minha filha, nesta
hora de dor e de pranto, o que posso fazer é chorar com você.” Abraçou a mulher
e chorou junto. A mulher soluçava, Chico soluçava, eu soluçava, todos
soluçavam. Ele chorava e a abraçava como se fosse a
mãe, como se fosse o pai. Nunca havia visto aquilo. Ele resolveu dividir a dor
da mulher, como se ele houvesse perdido as filhas. Ele chorava de soluçar. Os
dois choraram por dez minutos.
Era um homem que chorava com os
que choravam, que dividia as dores com os
desfalecentes na luta. Um homem chamado amor, que é homenageado hoje na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Esse homem
fez o bem sem olhar a quem. Era o protótipo do que Jesus disse: “O que a mão
direita faz, a esquerda não fica sabendo.” Fazia caridade, muitas vezes, à
noite, para que os outros não vissem. Vivia na simplicidade em um quarto
humilde.
É dentro desse espírito que nos
preparamos para a terapia que vamos fazer esta noite. Gostaria que entrássemos
nesse clima. Chico Xavier é sinônimo de caridade, amor, esperança e paz.
Na terapia do perdão, vou usar a
figura da mãe e do pai. Não vou perguntar com quem você tem problema, quem o
magoou. Não cabe a mim entrar na sua intimidade. Para
preparar a terapia do perdão, vamos passar um vídeo que mostra o que é a caridade,
o amor e o bem.
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- É apresentado o vídeo.
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O SR. ESTEVÃO CAMOLESI - Meus amigos, meus irmãos, a vida dá muitas voltas e coloca todos em seu
devido lugar. Todo bem que fazemos jamais passa despercebido
da bondade de Deus, não obstante, muitas vezes, fazê-lo no escuro de um
deserto. Deus o observa. Como diz Paulo Apóstolo, “há uma nuvem de
testemunhas”.
Chico Xavier é o exemplo desse
amor, é o exemplo dessa paz, dessa bondade, do amor que tudo
perdoa, do perdão que tudo abençoa, da mão estendida que soergue, da palavra
amiga que leva esperança e amor.
É com esperança e amor que pensaremos, neste instante, na mãe de todos os presentes.
Imagine sua mãe chegando a este ambiente, imagine sua mãe sentando a sua
frente, imagine seus cabelos esbranquiçados pelo tempo e ouçamos a música
executada pela banda.
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- É apresentado o número musical.
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O SR. ESTEVÃO CAMOLESI - Ouvindo a música de fundo que será solada pela banda, imagine sua mãe
sentada a sua frente, você olhando em seus olhos, pedindo perdão: “Mãe, eu peço
perdão pelas vezes que a maltratei, pelas vezes que a magoei, perdão pelas
noites mal dormidas por minha causa. Perdão pelas vezes que brigamos, pelas
vezes que eu disse que você não tinha importância alguma em minha vida. Hoje,
com o passar do tempo, percebo o quanto difícil é ser mãe. Perdoe-me, minha
mãe. Foi por isso que a chamei esta noite, para pedir perdão.”
Tenho certeza, meus amigos, que
a sua mãe o perdoa. Muito mais, é ela que pede perdão a você, dizendo: “Perdão,
meu filho, por não ter sido uma mãe tão bonita quanto à mãe de seus amigos.
Perdão por não ter sido uma mãe tão inteligente quanto às mães que você
conheceu. Perdão, meu filho, se não lhe dei todas as coisas que merecia. Gostaria
que soubesse que dei tudo o que podia. Se eu soubesse, meu filho, que você
estava no hospital precisando de um transplante de coração, se o meu coração
coubesse em seu peito, morreria mil vezes, para você viver mais um dia. Por
isso, hoje, venho pedir perdão a você. Perdoe-me, meu filho.”
Fiquemos todos em pé, meus
amigos - aqueles que puderem -, e abracemos a pessoa do lado, representando
nossa mãe, e peça perdão. “Perdão, mãe, perdão.” “Eu perdoo
você, meu filho.”
Vamos sentar com calma, em paz,
confiantes em Deus. Silêncio, porque outra pessoa acaba de chegar a esse
ambiente. Seu pai também veio para conversar com você. Vamos assistir a esse
vídeo.
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- É apresentado o vídeo.
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O SR. ESTEVÃO CAMOLESI - Feche os seus olhos e imagine seu pai sentado a sua frente, o cabelo
esbranquiçado pelos outonos, agora contados como invernos que chegaram. Puxe
sua cabeça em direção a seu ombro e diga: “Pai, que bom você ter vindo. Eu
estava aguardando.” Pense em seu pai e ouçamos a música que será executada pela
banda.
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- É apresentado o número musical.
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O SR. ESTEVÃO CAMOLESI - Ouvindo o solo da banda, imaginemos seu pai sentado a sua frente e
você dizendo: “Pai, que bom que você veio. Eu esperava você neste momento
especial para dizer que o amo, mas, sobretudo, para pedir perdão. Perdão, pai,
pelas vezes que o maltratei, que o magoei, pelas vezes que
brigamos, pelas vezes em que o ofendi, pelas vezes em que eu disse que
você não tinha importância alguma em minha vida. Peço perdão a você, porque
hoje, com o passar dos anos, compreendo o quão difícil é ser pai. Por isso,
hoje o chamei, para pedir perdão a você, meu pai.”
Tenho certeza que seu pai o
perdoa. Muito mais, é ele que pede perdão a você, dizendo: “Meu filho, sou eu
quem lhe pede perdão. Perdão pelas vezes em que discutimos,
perdão se não fui um pai tão rico que não pôde comprar todas as coisas que você
desejava. Perdão se não fui um pai tão inteligente quanto o pai de seus amigos.
Mas fui seu pai e dei a você tudo que podia dar dentro da minha possibilidade.
Hoje, venho para dizer que amo você e quero pedir perdão. O amor cobre a
multidão de todas nossas diferenças. Perdoe-me meu filho, minha filha.”
Fiquemos de pé novamente e
abracemos a pessoa do lado que está representando nosso pai: “Perdão, pai.
Perdoe-me, meu pai.” Ouça seu pai perdoando você.
Chico Xavier foi a maior ligação que tivemos do mundo material com o mundo
espiritual. Ele era um telefone usado pelos mortos para falarem com a Terra.
Era a voz de esperança e paz a todas as mães e pais que buscavam uma mensagem
de esperança e amor. Apenas quem perdeu um filho e pôde receber uma mensagem
pelas mãos de Chico Xavier sabe a importância do que estamos falando. Abraçar
aquelas folhas de papel, há quinze minutos esbranquiçadas, com a letra do filho
era como abraçar o próprio filho.
Chico Xavier foi a certeza de que nada tem fim nesta vida, a vida é um grande
começo, e todos estamos nos passos iniciais do aprendizado da vida eterna. Não
há adeus, mas até breve. Podemos comparar a morte com alguém que toma um barco.
Quando a pessoa olha para trás, vê lenços brancos dizendo adeus. São os que ficaram, chorando de saudade. Mas, quando olha para frente,
do outro lado da margem, vê lenços brancos acenando dando as boas-vindas. São os
que nos antecederam no momento da grande viagem. Tudo é uma grande viagem na
trajetória infinita da nossa evolução.
Para encerrar, vamos passar o
último vídeo, o grande exemplo de amor e esperança, com a continuidade da vida.
É um vídeo muito conhecido e belo por ser verdadeiro. É o símbolo do que acreditamos, o símbolo do que Chico Xavier viveu por 92
anos. Aconteceu com um menininho nos Estados Unidos da América.
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- É apresentado o vídeo.
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O SR. ESTEVÃO CAMOLESI - Meus amigos, meus irmãos, não há morte, apenas vida. A vida de Chico
Xavier foi cuidar de pais como o desse menino que, após enterrar o filho, iam à
procura de Chico, tentando conversar com ele. Muitos conseguiram. A mão
abençoada de Chico Xavier, por meio da bênção da psicografia, trouxe de volta a
vida, a esperança e alegria de viver para aqueles que aguardavam o momento do
reencontro. Volto a dizer que Chico nos ensinou a não dizer adeus, mas até breve,
porque, um dia, todos estaremos juntos no reino de
nosso Pai.
Agradecemos, esta noite, a Chico
Xavier por todo amor que teve pelos animais. Nunca vi alguém amar os animais
como ele. Dizia que o Deus que criou todos nós criou
também o cão, o gato, o pássaro. Ele acalentava os animais no seu colo como se fossem gente.
Ele amava a humanidade, amava a
vida. Agradecemos a Chico Xavier por todo amor que nos deixou, por todos esses
exemplos de vida, paz, esperança e alegria, na certeza de que, no mundo espiritual,
está olhando por cada um de nós. Livre do corpo, cansado em demasia, Chico pode
agora visitar cada um de nós, trazendo, por meio da inspiração, a certeza de
que tudo nesta vida é uma pequena viagem para o nosso destino eterno.
Agradecemos a todos, na certeza
de que ele está aqui, ao menos na figura de seu filho. Obrigado, Chico, por
tudo que nos deu. Obrigado, Chico Xavier, pelo amor que teve por nós. Que nos
abençoe de onde estiver.
Obrigado, Chico, obrigado, meus
irmãos. Deus o abençoe e proteja.
O SR. PRESIDENTE - ALEX MANENTE - PPS - Ficamos até sem palavras. Camolesi. Ouvi várias
palestras suas, mas hoje você estava inspirado de maneira diferenciada. Ficamos
muito felizes por participar deste momento.
Antes de encerrar esta sessão,
ouviremos novamente a banda do Centro Espírita Bênção de Paz.
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- É feita a apresentação musical.
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O SR. PRESIDENTE - ALEX MANENTE - PPS - Antes do encerramento da sessão, quero fazer um agradecimento especial ao Eurípedes, aqui presente. Essa homenagem feita a Chico Xavier se estende a você, que muito contribuiu para que Chico desempenhasse seu papel na Terra. Ficamos muito honrados com sua presença.
Agradeço ao meu amigo Camolesi pela sua presença. Fiquei muito feliz em atender ao seu pedido e assim trazer a esta Casa um momento tão especial, realizando uma homenagem tão justa. Tomei posse duas vezes nesta Casa e digo que, em nenhuma dessas vezes, me emocionei tanto como no dia de hoje.
Agradeço a todos os senhores. Estão aqui presentes minha mãe, minha esposa, minha filha, que fizeram questão de prestigiar esta sessão. Agradeço a cada um de vocês que fizeram desta sessão um registro importante nos Anais da Casa Legislativa do Estado de São Paulo. Que possamos trazer muito amor, paz, honestidade e esperança a esta Casa.
Esgotado o objeto da presente sessão, a Presidência agradece às autoridades, à minha equipe, aos funcionários dos serviços de Som, da Taquigrafia, de Atas, ao Cerimonial, à Secretaria-Geral Parlamentar, à Imprensa da Casa, à TV Legislativa, e às Assessorias Policiais Civil e Militar, bem como a todos que, com as suas presenças, colaboraram para o êxito desta sessão.
Está encerrada a sessão.
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- Encerra-se a sessão às 22 horas e 03 minutos.
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