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15 DE MAIO DE 2014

016ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO À “UMBANDA E LANÇAMENTO DO SELO OFICIAL DOS CORREIOS EM HOMENAGEM À UMBANDA”

 

Presidente: GERSON BITTENCOURT

 

RESUMO

 

1 - GERSON BITTENCOURT

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que a Presidência Efetiva convocara a presente sessão solene, a requerimento dos Srs. Parlamentares Luiz Claudio Marcolino, Leci Brandão e Gerson Bittencourt, na direção dos trabalhos, com a finalidade de "Homenagear a Umbanda e Lançar o Selo Oficial dos Correios em Homenagem à Umbanda". Convida o público a ouvir de pé, o "Hino da Umbanda" e o "Hino Nacional Brasileiro". Agradece aos músicos Ogã Severino Sena, Pai Enguels e Ogã Miro, que ministram cursos de atabaque. Anuncia a projeção da imagem do selo oficial dos Correios, "Umbanda - Sincretismo Religioso Brasileiro".

 

2 - MESTRE DE CERIMÔNIAS VERA BUCHERONI

Dá início ao ato de obliteração do Selo Oficial dos Correios, "Umbanda - Sincretismo Religioso Brasileiro".

 

3 - WAGNER PINHEIRO

Presidente dos Correios, cumprimenta todos os presentes. Manifesta satisfação, em nome dos Correios, em poder homenagear a Umbanda. Discorre sobre o histórico de vida de Zélio Fernandino de Moraes, fundador da Umbanda. Comenta que a doutrina visa à caridade e à busca da igualdade. Destaca que o símbolo da religião circulará o mundo através dos selos dos Correios.

 

4 - VICENTINHO

Deputado Federal, saúda as autoridades presentes. Menciona que um dos princípios da Umbanda é a caridade. Critica a discriminação racial e religiosa. Recorda de seu primeiro contato com a religião. Cita que os centros de Umbanda têm dificuldades em conseguir isenção tributária de IPTU, ao contrário de outros cultos religiosos. Comemora a criação do selo dos Correios em homenagem à Umbanda, por considerar ser um ato de reconhecimento da religião. Parabeniza a presidente Dilma Rousseff, pela coragem em aprovar a lei que criou o Dia Nacional da Umbanda. Agradece o apoio dos Correios.

 

5 - LECI BRANDÃO

Deputada Estadual, informa que, hoje, nesta Casa, foi lançada cartilha que aborda a aplicação da Lei Federal nº 10.639, de 2003, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas de Ensino Fundamental e Médio do País. Tece considerações sobre o preconceito religioso. Esclarece que a Umbanda destaca-se pelo caráter caridoso. Ressalta a influência da religião em sua vida pessoal e profissional. Destaca a importância dos parlamentares nas lutas populares.

 

6 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Deputado Estadual, comenta a importância da realização de homenagem à Umbanda nesta Casa. Elogia os Correios, pelo reconhecimento da religião. Menciona que há respeito por todas as religiões nesta Casa. Considera que o novo selo dos Correios representa o fortalecimento da Umbanda no País.

 

7 - PRESIDENTE GERSON BITTENCOURT

Agradece a presença de todos. Considera que a Umbanda é o retrato da diversidade cultural do Brasil. Tece críticas ao preconceito contra religiões de origem africana. Destaca o caráter humanístico da religião. Lembra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva instituiu o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, e que a presidente Dilma Rousseff instaurou o Dia Nacional da Umbanda. Elogia a homenagem prestada aos seguidores da Umbanda com a criação do selo dos Correios.

 

8 - MESTRE DE CERIMÔNIAS VERA BUCHERONI

Nomeia as autoridades presentes.

 

9 - RONALDO LINARES

Liderança religiosa, discorre sobre seu primeiro contato com a Umbanda. Relata como se deu seu encontro com o fundador da religião, Sr. Zélio Fernandino de Moraes. Enfatiza que a Umbanda é uma religião de fato. Lembra-se de como se sentiu lisonjeado por ter sido convidado para encontro religioso na Catedral Metropolitana de São Paulo. Enaltece o papel de Sandra Santos, presidente da Associação Umbandista e Espiritualista do estado de São Paulo, na conquista do selo dos Correios que homenageia a Umbanda.

 

10 - MESTRE DE CERIMÔNIAS VERA BUCHERONI

Informa que o vereador da Câmara de São Paulo, Quito Formiga, instituiu o Dia Municipal da Umbanda e do Umbandista na cidade de São Paulo, e foi autor de projeto de lei que declara a Umbanda como Patrimônio Cultural Imaterial do Município de São Paulo.

 

11 - JAMIL RACHID

Liderança religiosa, comenta que São Paulo é um centro regional importante para a Umbanda. Discorre sobre os primórdios da religião no País. Destaca a importância da circulação e divulgação da Umbanda pelo mundo, através dos selos dos Correios.

 

12 - VICENTINHO

Deputado Federal, faz homenagem póstuma ao Prof. Eduardo de Oliveira, fundador do Congresso Nacional Afro-Brasileiro. Manifesta expectativa de que projeto de lei federal sobre religião seja sancionado.

 

13 - CÁSSIO RIBEIRO

Liderança religiosa, saúda todos os presentes. Manifesta-se honrado pela oportunidade de fazer uso da palavra. Parabeniza o presidente dos Correios Wagner Pinheiro e a presidente Dilma Rousseff pela coragem em homenagear a Umbanda. Menciona que a religião presta a caridade acima de tudo.

 

14 - MESTRE DE CERIMÔNIAS VERA BUCHERONI

Anuncia a apresentação de música instrumental, com atabaques.

 

15 - PRESIDENTE GERSON BITTENCOURT

Presta homenagem, com entrega de diplomas, a diversas autoridades juntamente com o deputado federal Vicentinho e os deputados estaduais Leci Brandão e Luiz Claudio Marcolino.

 

16 - PRESIDENTE GERSON BITTENCOURT

Faz agradecimentos gerais e encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Gerson Bittencourt.

 

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A  SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - Senhores, boa noite.

Neste momento daremos início à sessão solene com a finalidade de homenagear a Umbanda e lançar o selo oficial dos Correios em homenagem à Umbanda.

Convido para compor a Mesa principal os deputados estaduais proponentes desta sessão.

O deputado Gerson Bittencourt. (Palmas.)

O deputado Luiz Claudio Marcolino. (Palmas.)

O deputado federal Vicentinho. (Palmas.)

O Sr. Wagner Pinheiro, presidente dos Correios. (Palmas.)

Na extensão da Mesa principal, a Sra. Sandra Santos, Sr. Jamil Rachid, Sr. Ronaldo Linares, Sr. Cássio Ribeiro, Sr. Saul de Medeiros, Sr. Marcos Boeing, Sr. Cláudio Franco, Sr. Edson dos Anjos, Sr. Cláudio Gianfardoni, Sr. Josa Queiroz, Sr. Ogã Juvenal e Sr. Milton Aguirre e Sr. Milton Alves, todos... Mãe Maria Imaculada, Pai Edson, Pai Silvio Mattos, Quito Formiga e Mãe Corajacy, de Campinas.  (Palmas.)

Com a palavra o deputado Gerson Bittencourt.

 

O SR. PRESIDENTE - GERSON BITTENCOURT - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Boa noite a todos, boa noite a todas. Quero cumprimentar meus colegas proponentes dessa sessão, deputado Luiz Claudio Marcolino, deputada Leci Brandão, que está em outra atividade, mas já está chegando a esta atividade; deputado Vicentinho, líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados em Brasília.

Quero cumprimentar o presidente dos Correios, presidente Wagner.

Quero cumprimentar a todos os homenageados. Em nome de Sandra Santos, quero estender a cada uma das pessoas que vão receber junto com todos vocês a homenagem que esta Casa presta a cada um de vocês.

Senhores deputados, senhoras deputadas, minhas senhoras e meus senhores, essa sessão solene foi convocada pelo presidente efetivo desta Casa, atendendo à solicitação desse deputado, do deputado Luiz Claudio Marcolino e da deputada Leci Brandão, com a finalidade de homenagear a Umbanda e lançar o “Selo Oficial dos Correios em homenagem à Umbanda”.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o “Hino da Umbanda” e logo em seguida, o “Hino Nacional Brasileiro”.

 

* * *

 

- É feita a execução do “Hino da Umbanda”.

 

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- É feita a execução do “Hino Nacional Brasileiro”.

 

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O SR. PRESIDENTE - GERSON BITTENCOURT - PT – Muito obrigado, queria agradecer aos músicos Ogã Severino Sena, Pai Enguels e Ogã Miro, que ministram cursos de atabaque, pela belíssima apresentação.

Quero passar agora a palavra para o presidente dos Correios do Brasil, Sr. Wagner.

Nós vamos passar um vídeo antes da fala do presidente dos Correios.

Estamos aqui projetando o selo que estamos lançando em homenagem à Umbanda. Uma salva de palmas. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - Neste instante, daremos início ao lançamento do Selo Oficial dos Correios.

O Ministério das Comunicações e os Correios lançam, nessa ocasião, o Selo Comemorativo “Umbanda - Sincretismo Religioso Brasileiro”. A peça filatélica circulará no Brasil e no exterior, propagando por meio da imagem da legenda o tema que originou a sua criação. Idealizado pela artista Lidia Neiva, que fez uso da técnica de desenho digital, o selo tem tiragem de 600 mil exemplares e foi impresso pela Casa da Moeda do Brasil.

O selo focaliza, sobre um fundo vermelho, a imagem do fundador da Umbanda, Zélio Fernandino de Moraes. Representado por uma pintura de autoria do artista Cláudio Gianfardoni, também aqui presente nesta sessão solene.

Para a representação dos fundamentos da Umbanda, o selo destaca também dois atabaques, instrumento musical utilizado na prática dos rituais de Umbanda e o símbolo oficial dessa religião, reforçando a sua abrangência nacional.

Na parte inferior do selo, encontra-se uma faixa verde, sobre a qual se lê o título da emissão filatélica “Umbanda - Sincretismo Religioso Brasileiro” em letras amarelas, conjunto que nos reporta à brasilidade da Umbanda e a sua presença em todo país.

Para o lançamento do selo comemorativo, convidamos o presidente dos Correios, Sr. Wagner Pinheiro a posicionar-se junto à Mesa.

O Sr. Wagner Pinheiro convida para a 1ª obliteração o deputado Gerson Bittencourt. (Palmas.)

Neste momento, o deputado Gerson Bittencourt recebe um álbum contendo a peça filatélica ora lançada.

 

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- É feita a entrega do álbum.

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - O Sr. Wagner Pinheiro convida agora o deputado Luiz Claudio Marcolino para a próxima obliteração. (Palmas.)

O deputado Luiz Claudio Marcolino recebe o seu álbum.

 

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- É feita a entrega do álbum.

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - O Sr. Wagner Pinheiro convida para a próxima obliteração do selo o deputado federal Vicentinho. (Palmas.)

Na sequência, o deputado federal Vicentinho recebe o seu álbum. (Palmas.)

 

* * *

- É feita a entrega do álbum.

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - Para a próxima obliteração, o Sr. Wagner Pinheiro convida a Sra. Sandra Santos representando todas as lideranças religiosas. (Palmas.)

Na sequência à Sra. Sandra Santos, o Pai Jamil Rachid, o Pai Ronaldo Linares e o Pai Cássio Ribeiro também, por favor, compareçam à frente para receberem o seu álbum. (Palmas.)

 

* * *

- É feita a entrega dos álbuns.

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - Com a palavra o presidente dos Correios, Sr. Wagner Pinheiro.

 

O SR. WAGNER PINHEIRO - Boa noite a todas as senhoras, todos os senhores, religiosos, religiosas.

Excelentíssimo Sr. deputado Gerson Bittencourt.

Excelentíssimo Sr. deputado Luiz Claudio Marcolino.

Excelentíssimo Sr. deputado federal Vicentinho, líder do PT na Câmara dos Deputados.

Senhora Sandra Santos, presidente da Associação Umbandista e Espiritualista do Estado de São Paulo.

            E demais autoridades religiosas, em nome de todos vocês quero saudar e abraçar todo esse público maravilhoso aqui presente.

            Senhoras e senhores, em breves palavras, pois hoje acho que a festa é de vocês e os Correios sentem uma satisfação enorme em poder homenagear a Umbanda, nesse sincretismo religioso brasileiro e pode ter outro país parecido com o nosso, mas o nosso é capaz de realizar algo que vocês realizam há tanto tempo, há quase um século, ou mais de século.

Parabéns e me sinto orgulhoso da nossa cultura, da nossa religiosidade, a religiosidade de nosso país é algo que nos orgulha e nos dá satisfação e faz parte da nossa cultura de tantos e tantos séculos.

Consciente da nossa missão, dos Correios, quero manifestar em nome da nossa empresa a honra por conduzir esse ato de lançamento de selo tão importante, significativo para a cultura, história do nosso país. A Umbanda que eterniza não só ela, mas também a obra e o seu fundador, Sr. Zélio Fernandino de Moraes.

 O senhor Zélio deixou-nos um legado de valor imensurável, sendo exemplo de ser humano dedicado à caridade e à igualdade, coisa que cada uma de vocês, certamente praticam diuturnamente. Valores que o fortaleceram na iniciativa de fundar a Umbanda, trabalhar por ela, tornando a expressão da fé e do amor ao próximo, como representantes tão abnegados, a quem eu tenho o orgulho e a satisfação de estar ao lado hoje aqui e lançarmos esse selo maravilhoso.

Abnegação de todos os senhores e dele também, o Sr. Zélio, foi a principal marca de seu trabalho em prol dos menos favorecidos e dos excluídos. Pelo que sua imagem figura como um motivo iconográfico principal dessa peça filatélica.

É preciso coragem e determinação para se construir uma vida dedicada à caridade, à busca da igualdade entre as pessoas, que exige disciplina, conhecimento, humildade e perseverança em torno das causas, em especial das causas espirituais.

Por isso com esta emissão, por seu sincretismo, por abraçar preceitos cristãos, indígenas, afros, a Umbanda e seus fundamentos serão levados para além das nossas fronteiras, uma vez que o selo tem o poder de circular mundo afora, mostrando que o Brasil valoriza, o que o Brasil respeita e como trabalha para a difusão de valores que priorizam a paz em sua mais ampla concepção.

Por isso comungo com os senhores e senhoras a minha emoção e a emoção dos Correios por sentir que o símbolo da Umbanda é uma grande estrela que paira no Universo, edificando a equidade e a caridade. Contribuindo para tornar os seres humanos mais unidos, solidários e felizes.

Parabéns a vocês, uma salva de palmas a essa religião maravilhosa. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - Neste momento o Sr. Wagner Pinheiro convida a deputada Leci Brandão para fazer a última obliteração do selo. (Palmas.)

A deputada recebe o seu álbum. (Palmas.)

 

* * *

 

- É feita a entrega do álbum.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - Informamos que o Selo Comemorativo “Umbanda – Sincretismo Religioso Brasileiro” poderá ser encontrado nas agências dos Correios e hoje, aqui na Assembleia Legislativa, no posto dos Correios, localizado no subsolo desta Casa, que se encontra aberto para quem quiser adquirir.

Com a palavra o deputado Gerson Bittencourt.

Convido para compor a Mesa, o Sr. Wilson Abadio de Oliveira, diretor regional dos Correios de São Paulo Metropolitana. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - GERSON BITTENCOURT - PT - Gostaria de passar a palavra para o articulador, para o incentivador dessa sessão solene, que nós três deputados estaduais tivemos a oportunidade de propor a essa Casa e realizar aqui com a presença de todos vocês.

Quero chamar para fazer uso da palavra, o nosso grande amigo, deputado federal Vicentinho. (Palmas.)

 

O SR. VICENTINHO - Axé. Boa noite às senhoras e aos senhores, às companheiras e companheiros.

Saúdo os deputados, primeiro a nossa querida deputada, irmã Leci Brandão, companheira de sonhos, de jornada, de lutas, de conquistas e celebrações.

Saúdo o companheiro Gerson Bittencourt, com quem tivemos oportunidade da vida, da luta conjunta desde a época em que eu era o presidente da Central Única dos Trabalhadores, este grande, querido deputado.

Saúdo o nosso querido companheiro Marcolino, também meu companheiro de lutas, bancário, lutamos muito em defesa da dignidade do trabalho.

Quero saudar também o nobre presidente dos Correios, o companheiro Wagner Pinheiro, que teve que cumprir uma outra agenda. Saúdo o Wagner Pinheiro e depois eu vou explicar porque essa saudação deve ser tão especial a este companheiro.

Saúdo Wagner em nome do nosso querido diretor dos Correios, aqui da Capital, Wilson Abadio e em nome do diretor dos Correios do Interior, o nosso companheiro, Divinomar.

Saúdo, portanto, os servidores dos Correios e saúdo, são tantas autoridades aqui presentes, tanta gente maravilhosa, que eu não posso saudar a todos; então eu vou escolher um que teve a honra de conhecer o fundador da Umbanda, que é o Pai Ronaldo Linares, saudando assim a todos.  (Palmas.)

Meus irmãos e minhas irmãs, eu quero agradecer muito a esta Casa na figura desses três deputados porque, como vocês sabem, esta luta não é de hoje.

Ela começou já há algum tempo, todo mundo, especialmente nosso povo telespectador, que nos vê pela televisão agora, deve imaginar o quanto é importante esta Casa hoje estar tão bonita, lotada de pessoas que professam a generosidade, que professam a caridade, que professam respeito aos mais novos, o respeito aos mais velhos. Dessa comunidade que acolhe a todos, independente da origem, independente da cor, independente da opção sexual, independente da sua condição financeira.

Entretanto, apesar da abertura e da generosidade, uma coisa é verdade, neste Brasil, que se não tomarmos cuidado, vamos ser muito infelizes, porque ainda permanece o preconceito e a discriminação entre todos nós. (Palmas.)

Preconceito este que nos marca pela cor da pele. As pessoas não podem ser julgadas pela cor da pele e sim pelo seu caráter. Preconceito este que nos esmaga por termos religiões diferenciadas. E eu conheço algumas pessoas que acham que eu sou santo, porque a minha religião é boa e outras, com medo, professam a maldade contra outras religiões.

Aprendi a conviver, principalmente através da nossa companheira Sandra Santos, mas também do Pai Cássio, de Diadema, do Pai Leonardo, de tantos outros com quem eu tenho uma convivência mais cotidiana, a importância do respeito à Umbanda no Brasil.

E quero me confessar um aprendiz. Lembro que na primeira vez em que fui a um encontro da Umbanda, fui preocupado, fui com medo, não sabia o que podia acontecer, tantas palavras, “macumbeiro” ...

Aí o Pai Ronaldo me dá uma lição de moral no seu Templo Nacional da Umbanda, mostrando que a macumba, caros ouvintes e telespectadores, nada mais é do que um instrumento musical, uma coisa linda de se tocar, de se acompanhar.

Veja como é grande o preconceito. Tão grande que, muitas vezes, nas atividades da Umbanda e do Candomblé, por aí afora, na festa de Iemanjá, na festa dos orixás de todos os cantos do Brasil, você percebe reações.

Falei, não, é impossível aceitar uma postura como essa. Porque outras religiões se pronunciam, se manifestam, mas a Umbanda e o Candomblé muitas vezes para se manifestar e se organizar, têm que pagar imposto, como as outras não pagam.

Tinha até os anos 1930 que ter a autorização da polícia para se instalar. Por isso estar aqui dentro, pessoal, é uma vitória. Uma vitória da Umbanda e daqueles que lutam por melhores condições da fé do seu povo, pela espiritualidade do nosso povo. (Palmas.)

Lembro quando a Umbanda completou 100 anos, resolvi ousar, meus queridos deputados, propor à Câmara dos Deputados que parasse um pouquinho para a gente realizar uma sessão solene em homenagem à Umbanda. Nós conseguimos aprovar.

E aí, Bittencourt, Marcolino, minha querida Leci, nós preparamos. Quando aprovou, eu disse, não acredito. Deu certo. Aí começamos a montar, Wilson, os painéis nos corredores, gabinetes, convocando para o evento. E alguns deputados mandaram os seus funcionários, na madrugada porque sempre gesto covarde é feito às escondidas, a rasgarem os símbolos sagrados da Umbanda.

Mas foi chegando gente. Eram autoridades religiosas de todos os lugares. Babalorixás, a todas as Mães, Ogãs, jovens e foi ocupando, e foi ocupando, me emocionei e declarei, meu Deus, como este Plenário está limpo, como está aqui hoje, graças a Deus.

Conseguimos, juntamente com meu companheiro Carlinhos Almeida, depois de uma outra luta intensa, desde a Comissão de Educação e Cultura, introduzir um projeto para se criar o Dia Nacional da Umbanda. Ele foi e voltou, reagiram, deputados ficavam sem jeito. Aí, Leci, aprovamos na Câmara.

Quando aprovamos na Câmara, fomos para os senadores. Os senadores votaram, discutiram, queriam conhecer. Era a oportunidade das pessoas saberem o que significa isto. E aí, um senador me perguntou: “Mas, Vicentinho, você não é da Igreja Católica?”. Eu falei “E daí, senador, qual é o problema?” E eu agradeço ao papa Francisco, que agora está dizendo que o verdadeiro, quanto mais tolerante às religiões, mais católico o católico é. Interessante isto.

E lá os senadores aprovaram. Foi difícil esta caminhada. Quando chegou na mão da presidenta Dilma, ela nos disse “Estou assinando, quem sabe, um dos projetos que não têm dinheiro no meio, que não têm gasto do governo, que não têm tanta repercussão, mas para mim, um dos projetos mais importantes”; e tacou a sua assinatura e virou lei.

Hoje é lei. O dia 15 de novembro, o Dia Nacional da Umbanda. (Palmas.)

Claro, claro que nós não podíamos, de maneira nenhuma, ficarmos quietos. Era preciso fazer uma nova sessão solene, sabem para quê? Para comemorar a existência da lei. Lembra disso, Pai Cássio? A existência da lei. Lá vamos nós outra vez.

Uma notícia, nesta segunda sessão solene, fizemos de novo os símbolos sagrados da Umbanda, fizemos os cartazes e sabem o que aconteceu na manhã seguinte?

Todos os cartazes estavam íntegros. Ninguém mexeu mais no cartaz. Pusemos um pé dentro do Congresso Nacional.

Bom, então era preciso uma outra maneira de comemorar esta homenagem. O então presidente dos Correios, não é por desrespeito, mas eu não quero falar o nome dele, fiz uma indicação parlamentar para que se fizesse um selo pelos 100 anos da Umbanda. Este selo não saía, não saía.

Por isso, querido Bolinha, querido Alex Marins, querido Divinomar, meus irmãos dos Correios, ilustre Abadia, a entrada do Wagner, este que acabou de falar, que teve que se retirar, fez com que a decisão assim acontecesse.

O ano passado, lembro que anunciei em algumas festas, muitas festas esta possibilidade e mais raro do que isto, o presidente desta instituição, que faz 350 anos, que merece a nossa homenagem, que tem que viajar pelo mundo inteiro, porque os Correios hoje é uma instituição internacional, resolveu sair de Brasília, para participar conosco deste momento.

Eu queria pedir uma salva de palmas aos Correios do Brasil, na figura do nosso querido companheiro Wagner Pinheiro e a todos os carteiros e atendentes, todos os trabalhadores.

Vai ser muito bonito de se ver chegar nas casas, inclusive do nosso povo evangélico, do nosso povo católico, do nosso povo espírita, do nosso povo judeu, uma carta com este selo maravilhoso, com a imagem do fundador da Umbanda no Brasil. (Palmas.)

E é claro, não é meus companheiros, que embora seja amigo da comunidade, e não é somente a comunidade neste período, nós resolvemos e pedimos aos Correios que não fizessem um selo para nos surpreender e a direção dos Correios decidiu: “Vicentinho, vou mandar para você vários modelos de selos, cores diferentes, formas diferentes e você vai decidir”. Falei, muito obrigado, eu vou decidir. Mas sabe com quem eu vou decidir? Através das autoridades.

Eu não podia chamar todos vocês, pessoal, vocês concordam comigo. Aí, eu resolvi chamar o Pai Leonardo, o Pai Cássio, a querida irmã Sandra e nós fomos fazer uma visita ao Pai Ronaldo Linares.

Naquele templo maravilhoso que todos vocês conhecem, este templo que também esteve ameaçado de ser isolado por um prefeito do passado de Santo André, que também não vou falar o nome, que inventando razões outras, iria impedir a chegada do povo naquele templo, coisa mais linda do mundo. Para quem não conhece, caro telespectador a abóboda desse templo é simplesmente o céu maravilhoso.

E um templo que ao se instalar ali, o Pai Ronaldo deve contar a história para vocês, recuperou inclusive aquela terra, aquela comunidade.

Para enfrentar preconceito, pessoal, não é fácil. Lá no Congresso, têm deputados que, em nome de outras causas, querem proibir as práticas religiosas, inclusive no caso de animais, porque são amigas do Candomblé e de outras religiões.

Nós não podemos permitir que as pessoas sejam impedidas da sua prática religiosa, até porque os símbolos do fogo, da água, da terra, da natureza são símbolos típicos da Umbanda no nosso país. Nós devemos continuar, portanto na nossa luta.

Chegamos lá, no Pai Ronaldo, abrimos um monte de selos, aí tinha selo com bandeira diferente, não era, Pai Ronaldo? Cores diferentes, eu falei “Olha, meus irmãos, eu vou demorar um pouquinho, mas só vou apresentar para os Correios o selo que vocês acharem melhor.”

Eles se reuniram no Conselho de Anciões, embora a Sandra não seja ainda tanto, nem o Pai Cássio, mais ou menos, mas ouvindo o ancião, Pai Ronaldo Linares, que se encontrou com o fundador da Umbanda, lá no Rio de Janeiro, ele não somente recuperou, como assegurou a imagem verdadeira como aqui se encontra, inclusive o criador da imagem, que é o Sol, sob o Sol, a pomba da paz, da alegria e da fraternidade, que eu queria até, o Saul Medeiros, que veio de Caxias do Sul para participar deste momento junto com a gente. (Palmas.)

Obrigado, querido Saul.

Então, pessoal, está aqui o selo. Está aqui... Ah, está aqui também quem desenhou. Cadê o Gianfardoni? Gianfardoni, uma salva de palmas, quem desenhou, portanto, obrigado Gianfardoni. (Palmas.)

Desenhou, portanto este símbolo. Este aqui foi feito a quatro mãos. Quero agradecer primeiro a existência da Constituição Brasileira e do Estado Laico, e a existência daqueles que compreenderam e compreendem a importância de a gente seguir em frente.

Por isso, pessoal, muito obrigado. Muito obrigado por vocês acolherem nos seus trabalhos. Muito obrigado por me acolherem nas festas que são realizadas. E eu fico feliz, pessoal, porque nem o Gerson, nem a Leci, que inclusive é do Santo, nossa querida companheira. E Leci, deixa eu contar uma história para você, Leci.

Eu, a primeira vez que eu fui nessa história do encontro da comunidade, faz muitos anos, eu sou muito bobo para isso, vou aprendendo.

Quando fui a primeira vez ao encontro da religião evangélica, uma senhora falou “A paz do Senhor, irmão” e eu falei “A paz da senhora, irmã”. De fato, eu não sabia como me comportar.

Outra vez, na comunidade muçulmana, eu fui lá porque eu lutei muito na Guerra do Líbano, em defesa dos muçulmanos e, sobretudo depois que aconteceu o 11 de setembro, os filhos dos muçulmanos começaram a ser perseguidos, inclusive em São Bernardo do Campo; eu fui lá no lugar, eu entrei de sapato, não podia entrar de sapato. Quando fui tirar o sapato, tinha infelizmente um dedinho apontando, mas entrei lá, dobrei o dedo e fiquei junto com os nossos companheiros.

Mas o mico maior que eu passei na vida, foi quando, no encontro de comunidades de várias religiões de matriz africanas, dos povos tradicionais, e lá se discutia a linguagem banto e, por coincidência, me encontrei com um grande companheiro meu da Volkswagen, ele falou “Vicentinho, você é do Santo?”. Eu ouvi mal, falei: “Não, meu amigo, eu sou do Corinthians”.

Aí, o companheiro saiu sem jeito e eu saí desconfiado de que falei uma bobagem. A companheira Sandra Leite, minha assessora, do Candomblé, nossa irmã que hoje está em outra geração, para quem a gente manda uma salva de palmas, para ela, pessoal, de energia positiva. (Palmas.)

Ela que não aceita bobagem de um deputado, ela disse “Você falou bobagem mesmo, Vicentinho, é outra história”, e me contou toda a história.

E aqui estamos, irmãos, muito juntos, muito companheiros, saúdo, entre todos, a presença do meu filho Hudson, que está aqui, porque meu filho trabalha com o nosso companheiro Gerson, está aprendendo comigo, minhas filhas, meus outros filhos, a importância da tolerância.

Vocês estão sendo muito tolerantes comigo, inclusive abusando do tempo.

Muito obrigado, axé, viva a Umbanda. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - GERSON BITTENCOURT - PT -  Muito obrigado, deputado Vicentinho. Gostaria de chamar para utilizar, para colocar o seu depoimento aqui, a deputada Leci Brandão, por favor, deputada. (Palmas.)

 

A SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - A benção, meus Pais, minhas Mães, Ekédis, Ogãs; que Deus e os guias de Luz abençoem, protejam, iluminem todos que aqui estão.

Excelentíssimos senhores deputados, Gerson Bittencourt, Marcolino, meu querido amigo antigo, deputado federal Vicentinho, o senhor que representa o presidente dos Correios.

A gente pode assegurar que hoje realmente para mim é um dia de celebração. Eu já começo justificando, pedindo desculpas, mas justificando o meu atraso.

Nós estávamos em um outro espaço dessa Assembleia, lançando uma cartilha que é uma luta também da Umbanda, que é a cartilha do Maurício Pestana, sobre a Lei 10639/2003. Essa lei foi implementada no governo do presidente Lula, que obriga no ensino básico, no ensino médio, a história da África e dos afrodescendentes.

Nós sabemos que somos mais da metade da população brasileira, mas infelizmente a história oficial não conta isso, então essa lei vai inclusive fazer com que as pessoas entendam o que é a importância da Umbanda.

A Umbanda não tem preconceito, a Umbanda acolhe, a Umbanda agrega, a Umbanda une. E a gente até conta sempre uma história aqui dentro dessa Casa, porque tudo que aconteceu na minha vida, a partir de 1984, eu tenho absoluta certeza que foi resultado de missão de orixá. Eu sou sim, do Santo, Vicentinho. Eu fiquei sabendo que sou filha de Ogum e sou filha de Iansã. (Palmas.)

No meu trabalho artístico, porque eu quero deixar muito claro que eu estou deputada, eu não sou deputada, eu sou uma artista que está fazendo 40 anos de carreira esse ano. (Palmas.)

Quarenta anos de carreira esse ano e a partir do momento que eu entendi o que é essa coisa do Santo, foi que eu comecei a gravar na última faixa de todos os meus discos, uma homenagem a um orixá. E eu comecei homenageando um caboclo, porque quem gosta da Umbanda, sabe que caboclo e preto velho é muito importante na vida da gente. (Palmas.)

É por isso, caboclo e preto velho é importante, eu respeito, eu acredito, as autoridades religiosas do Candomblé que aqui estão sabem que não é uma unanimidade. Alguns Pais, algumas Mães às vezes até ficam naquela coisa, mas, não. Caboclo é forte sim, a pemba é boa, o cachimbo do preto velho tem axé, tem força e por isso que a gente diz: Saravá Umbanda!

E viva a Umbanda sempre. (Palmas.)

Agora, quando um parlamentar, e eu quero dizer aqui com muita tranquilidade que o nosso mandato, muito humilde, ele tem referência nos mandatos do Vicentinho, que eu conheço há mais tempo, no Gerson Bittencourt e no Marcolino, sabem por quê? São deputados, são cidadãos comprometidos com as lutas populares. São homens que estão sempre envolvidos com todas as lutas sociais, que não têm medo, que têm garra, que enfrentam, enfrentam de verdade. Como a gente diz, abre o coração, vai para a luta, vai para a frente de luta e por isso que são deputados respeitados, embora sejam jovens, são dois jovens, ah, três? São três jovens. Está bom, Vicentinho, incluo você. Eu tenho certeza de que sou mais velha do que vocês.

Então, vejam bem, a gente têm neles referência, porque somos empregados do povo. Estamos na situação parlamentar, porque o povo que nos colocou aqui. E quando você vê uma instituição como os Correios aceitar uma orientação, uma indicação de um parlamentar colocando um selo em homenagem à Umbanda, eu queria dizer para os Pais e para a Sônia também, que isso é uma ação afirmativa. É isso que a gente chama de ação afirmativa.

É a verdadeira política pública, é a coisa de comprometimento. Porque política é uma coisa ruim, sabe, é uma coisa ruim, quando você entra no processo que está hoje. Hoje todo mundo tem até medo de dizer que é político.

Mas aqueles que estão cumprindo seus deveres, aqueles que têm compromisso com o povo, aqueles que não escondem a sua religião, que batem no peito e assumem a sua religião, eles têm que ser realmente respeitados, têm que ser considerados. E eu quero dizer que eu tenho muito orgulho de ser companheira de vocês dentro dessa Casa Legislativa.

E a partir de hoje, eu tenho certeza que essa Assembleia, toda essa Assembleia Legislativa estará muito mais iluminada, estará com muito mais luz, como muito mais encaminhamentos, com mais prosperidade, com mais saúde e principalmente com mais axé.

Saravá a Umbanda. Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - GERSON BITTENCOURT - PT - Muito obrigado à deputada Leci Brandão. Quero passar a palavra agora ao deputado Luiz Claudio Marcolino. (Palmas.)

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Então, boa noite a todos. Boa noite a todas. Queria saudar a deputada Leci Brandão, deputado Gerson Bittencourt, deputado Vicentinho, que mesmo sendo deputado federal, nos solicitou esse espaço da Assembleia Legislativa para que pudéssemos fazer, no dia de hoje, uma homenagem à umbanda. Depois você fala, mas um deputado federal propondo uma sessão solene em uma Assembleia Legislativa; e o Vicentinho falou da importância de fazer esse ato, de fazer essa homenagem em todas as Assembleias Legislativas do Brasil.

Por que é importante essa homenagem hoje na Assembleia Legislativa? Porque são dois momentos.

Um é homenagem à umbanda. E a Assembleia Legislativa é uma Casa de Leis, é uma Casa que tem que estar aberta a todos povos e a todas as religiões. E as sessões solenes que acontecem aqui na Assembleia Legislativa, acontecem para a Igreja Católica, acontecem para a Igreja Evangélica e é muito importante também a Assembleia Legislativa ser aberta também à Umbanda e a outras religiões também do nosso país, também do nosso estado.

Porque essa homenagem, no dia de hoje, à umbanda, cria um diálogo não só para vocês que estão aqui hoje nos assistindo, nos acompanhando nessa homenagem, mas a partir do dia de amanhã vai estar no “Diário Oficial”, vai sair na TV Assembleia, vai demonstrar que de fato essa Casa de Leis está fazendo o seu papel que é abrir esse espaço para todas as religiões e hoje nós estamos fazendo uma homenagem aqui à umbanda.

A outra homenagem também é o selo que foi criado pelos Correios, e muitas vezes nós não damos dimensão à importância desse selo em homenagem à umbanda. Hoje, os Correios têm 351 anos, completa esse ano, é uma empresa que praticamente tem mais tempo que a religião que nós hoje estamos aqui homenageando.

E a gente constrói e começa a entender também a importância dos Correios no nosso país, vocês estão percebendo que os Correios mudaram agora, inclusive, a sua marca. Porque os Correios estão seguindo, inclusive, uma dinâmica de fortalecimento da empresa em todo país. Começa a ter uma ação agora, não é, Wilson? De fortalecer para ações que os Correios vão estar desenvolvendo no Brasil como um todo. E não só nos Correios, mas a parte do BNDES, da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil, da própria Petrobras.

Algumas ações foram concluídas, que foram feitas no Brasil, eu posso falar com tranquilidade, Vicentinho. Se não fosse um governo democrático e popular, se não fosse uma nova orientação que o Brasil vem tendo, jamais, talvez, teríamos nos Correios um selo da Umbanda sendo homenageado, no dia de hoje, ou sendo produzido pelos Correios. (Palmas.)

Porque é um outro olhar para a questão religiosa, é um outro olhar para a questão da população do nosso Brasil.

Queria concluir aqui a minha fala no dia de hoje, deixando essas duas marcas. Primeiro, nós estamos abrindo no dia de hoje uma Casa de Leis que respeita todas as religiões, mas eu acho que é uma das poucas vezes que essa Casa é aberta com tanta magnitude, com tanta força que hoje estamos homenageando à umbanda aqui na Assembleia.

Então, eu queria parabenizar aqui todas as autoridades religiosas em nome da Sandra Santos, do Pai Jamil Rachid e também do Pai Ronaldo Linares, que daqui a pouco, falarão com vocês também, que têm uma autoridade muito maior do que a gente para estar homenageando cada um e cada uma de vocês da Umbanda, e que têm essa religião maravilhosa, que não só dialoga em relação à cultura, não só dialoga em relação à relação com os indígenas, com as classes afrodescendentes, com outras religiões inclusive que se construíram na verdade uma grande força no Brasil e hoje o selo dos Correios demonstra toda força e toda a estruturação que a Umbanda vem tendo em todo o país.

Parabéns a cada um, a cada uma de vocês que tem trabalhado e tem feito ações para potencializar e fortalecer a Umbanda em nosso país. Parabéns a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - GERSON BITTENCOURT - PT - Muito obrigado, deputado Luiz Claudio Marcolino.

Agora chegou a minha vez. Pessoal, estava comentando com o Vicentinho como está bonito ver esse público aqui, a hora que vocês aplaudem, demonstra essa energia, essa energia positiva a essa Casa de Leis. Nós temos que agradecer imensamente à presença de cada um de vocês e a energia que vocês trazem a cada um de nós e a essa Casa. (Palmas.)

A Umbanda é uma religião genuinamente brasileira. Ela é retrato da diversidade cultural do Brasil. Ela nasce incorporando conceitos, posturas e preceitos cristãos, indígenas e afros. Ainda hoje, deputado Vicentinho, apesar de existirem leis que reprimem o preconceito e a intolerância religiosa, os umbandistas enfrentam grandes preconceitos por parte da sociedade em geral.

A intolerância não perdoa nenhuma faixa etária ou religião, atingindo idosos, homens, mulheres e crianças. Não respeitando sequer o princípio universal do amor e compaixão para com o próximo e a total liberdade de crença.

No que diz respeito aos cultos religiosos de matriz afro-brasileiros e à Umbanda, em especial, a grande maioria das pessoas é influenciada pelo senso comum de que a Umbanda é coisa do mal, primitiva e pagã. Aponta-se para tal repúdio diversos fatores, porém o que chama mais atenção é a crueldade e o desrespeito provenientes de uma análise preconceituosa, distorcida e ofensiva sobre a Umbanda e suas entidades.

O mau exemplo dado por essas pessoas preconceituosas, muitas vezes até mesmo por alguns religiosos desinformados, só faz aumentar o preconceito contra as religiões de matrizes afro e anulam quaisquer possibilidades de radicar a intolerância religiosa.

Em uma sociedade cujo homem desfruta do livre-arbítrio o que deve predominar é o respeito à pluralidade, à diversidade e às muitas formas de manifestações divina. Episódios tristes diariamente chamam a nossa atenção em relação ao preconceito religioso. Terreiros constantemente são invadidos por pessoas se dizendo portadoras da palavra de Deus e acusando seus frequentadores de pagãos.

Ao contrário, Jesus, portador legítimo da palavra de Deus, viveu entre nós pregando o amor ao próximo e nunca o ódio.

Ninguém está autorizado a utilizar o nome de Deus para pregar o ódio e a intolerância ao diferente. (Palmas.)

Ninguém, ninguém está autorizado a desrespeitar o seu semelhante, porque ele é de origem religiosa, social ou mesmo econômica diferente. A nossa luta pelo combate à intolerância religiosa e pela defesa e vigilância constante de um valor fundamental de um estado laico, o da liberdade de culto religioso.

É nesse sentido que a Lei 11635, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estabeleceu dia 21 de janeiro como o Dia Nacional do Combate à Intolerância Religiosa. Em 2012, como disse o nosso deputado Vicentinho, foi aprovado o dia 15 de novembro como o Dia Nacional da Umbanda, através de uma lei deste deputado, a Lei 12644.

Essa sessão solene homenageia uma religião que nasceu no Brasil e é representativa das três culturas que formam o nosso país. Essa sessão homenageia aqui mais do que uma religião, homenageia mais de um milhão de pessoas que ajudam a manter essas tradições culturais e religiosas.

Homenageando aqui vocês, estamos homenageando toda essa população que mantém viva a mensagem de paz, de amor, de caridade e de profundo respeito pelas diferenças culturais e religiosas que prega a Umbanda no seu dia a dia, e que é a marca de sua fundação.

Podemos resumir a nossa luta pela liberdade de culto, que é também a luta da Umbanda na seguinte frase de Jesus: “A casa de meu Pai tem várias moradas”. E tomo aqui a liberdade de acrescentar, e todas elas levam ao Senhor.

Queria terminar a minha fala citando o que disse um dos nossos homenageados na noite de hoje, Ronaldo Linares, presidente da Federação Umbandista do Grande ABC, que gravou uma mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, que na íntegra diz o seguinte:

“Meus irmãos, sejam humildes, tragam amor no coração para que vossa mediunidade possa receber espíritos superiores, sempre afinados com as virtudes que Jesus pregou na Terra, para que os necessitados possam encontrar socorro nas nossas casas de caridade.

Aceitem o meu voto de paz, saúde e felicidade, com muita humildade, amor e carinho.”

Parabéns à Umbanda. Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - Registramos a presença do Sr. Maurício Pestana, secretário adjunto da Secretaria Municipal da Promoção da Igualdade Racial. (Palmas.)

Divinomar Oliveira da Silva, diretor regional dos Correios de São Paulo e Interior e sua equipe. (Palmas.)

Senhor Juarez Bispo Mateus, conselheiro do Ministério das Cidades. (Palmas.)

Ebomi Conceição Reis de Ogum, coordenador do Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afro-brasileira de São Paulo e coordenadora inter-religiosa. (Palmas.)

Pai Olinto, presidente do Primado do Brasil. (Palmas.)

Giselda Pereira, representando a Secretaria da Igualdade Racial. (Palmas.)

Ogã Mestre Gildasio, coordenador de Igualdade Racial, da Prefeitura Municipal de Mauá.

Nilson Correa, Evandro Otoni, Luiz Renato, Salete, de Campinas, Marcelo Pires, Paulo Ludogero, Ekédi Conceição Reis, Babá Dirce, Sérgio Fontes, Pai Marcelo de Xangô, Toi Leonardo, Mãe Bete, Dr. Basílio, Escolas de Curimba e todos os umbandistas presentes. (Palmas.)

Nesse instante, ouviremos as palavras da liderança religiosa, Pai Ronaldo Linares. (Palmas.)

Antes das palavras do Pai Ronaldo, vamos ouvir a apresentação musical.

 

O SR. RONALDO LINARES - Bom, gente, dá para vocês imaginarem como é que está fora de compasso o velho coração.

Eu desejo, em nome da família umbandista que eu represento, agradecer a atitude gentil do deputado Gerson Bittencourt e Luiz Claudio Marcolino, da sempre presente Leci Brandão, meu querido amigo, meu irmão, Vicentinho, você vai acabar me matando, rapaz.

Olha, gente, 1970, 44 anos atrás, eu era umbandista, tenho a humildade de dizer que conhecia muito pouco de Umbanda, mas era um comunicador, tinha acesso ao rádio, fui pioneiro em levar a Umbanda para a televisão, criei o primeiro curso de divulgação da Umbanda. Eu parti de uma roça de Candomblé em Caxias, roça de candomblé de Joãozinho da Gomeia, aonde eu cheguei através de um médico dos Correios, Dr. Nelson Grossi, um dos momentos mais difíceis da minha vida.

Grossi tinha o seu lado místico e um dia ele me perguntou se, meu tratamento não evoluía, tive um acidente, tive redução dos espaços intervertebrais, de L4-L5, e ele me perguntou se eu não tentaria alguma coisa diferente.

Ele tinha um cliente que falava ligeiramente anasalado e isso incomodava muito. Eu mal sabia quem era esse cliente. Esse cliente se chamava João Alves Torres Filho, que era conhecido também por Joãozinho da Gomeia. Para quem não tem o que perder, qualquer passo é importante. Assim, eu fui parar numa roça de Candomblé, onde fui acolhido com muito carinho.

Muitas pessoas me sabendo filho de fé de uma roça de Candomblé tradicional, como era a roça de Joãozinho da Gomeia, apesar de todas as divergências de opinião, perguntaram como o Pai Ronaldo foi se envolver com a Umbanda. Meu conhecimento com a Umbanda foi muito posterior, certo. E nós conhecíamos os terreiros de Umbanda, não tínhamos resposta dos terreiros de Umbanda. Nós não sabíamos dizer de onde veio, por que veio.

Até que um dia, eu encontrei numa revista, que teve circulação de um número só, editada por Átila Nunes, no Rio de Janeiro, eu encontrei uma revista, um título gritante, exclusivo, “Eu fundei a Umbanda”, era tão gritante que não merecia crédito. Em todo caso, como eu tinha nessa altura alguns interesses no Rio e tinha a minha família candomblecista, eu resolvi ir até Joãozinho, até o homem que eles indicavam como sendo fundador da Umbanda.

Ele não podia saber que eu existia. Naquela época era muito difícil as comunicações, nós não assistíamos ao futebol do Rio de Janeiro, estou falando de 1970, gente. Nós não assistíamos ao futebol, a não ser depois, por filme. Não havia essa comunicação instantânea, a emissora de rádio em que eu trabalhava nem cochichava para o Rio, quanto mais para lá.

Depois de muita busca, que eu tive a oportunidade dada pelo meu irmão Vicentinho de contar para o Brasil todo, lindo Plenário Ulisses Guimarães, na Câmara Federal, depois de muita busca, eu cheguei até onde estava Zélio de Moraes, num dia que por puro acaso, eu estava completamente desocupado, fui retirar um material, o material não estava pronto, só ficaria pronto no dia seguinte. Então naquele dia, nem eu sabia que iria à procura de Zélio de Moraes. Não sabia do seu passado, sabia apenas o que tinha lido nessa revista na gira de umbanda.

Minha gente, eu acabei encontrando Zélio de Moraes, eu não vou entrar em todos os detalhes, não posso me entender demais; acabei encontrando Zélio de Moraes da seguinte forma: eu só tinha um número de telefone, nada além disso, de onde ele poderia estar. Ligo ao telefone, uma voz feminina me atende, e eu explico, eu desejo entrevistar uma pessoa de nome Zélio Fernandino de Moraes. Estive em sua casa em Cachoeiras de Macacu, me deram esse telefone, dizendo que ele estaria em Niterói. A senhora poderia confirmar se essa pessoa se encontra no domicílio desse telefone?

E para minha surpresa, eu ouvi do outro lado: “Papai, há uma pessoa”, não disse nem se era um homem ou uma mulher, “que queria lhe entrevistar”. Eu ouvi claramente do outro lado “É o Ronaldo, minha filha, é o homem que vai tornar conhecido o meu trabalho”. (Palmas.)

Obrigado. Muito obrigado, senhores.

Eu gostaria de destinar esse imenso amalá de palmas que os senhores me dirigiram àquele que tinha todas as respostas, que foi capaz de contar para mim, com todos os detalhes, as histórias que eu contei para vocês, que quase todos vocês conhecem, porque do nascimento da primeira tenda de Umbanda.

Ele disse que eu tornaria conhecido seu trabalho e desde então, eu dediquei o melhor do meu tempo para que ele nunca fosse esquecido.

Convidei sua neta, Lygia de Moraes Cunha, que hoje mora em Ilhabela, mas que todo mês vai à Boca do Mato, Cachoeira de Macacu, conduzir a Tenda Nossa Senhora da Piedade, que nunca acabou. Mas o seu marido, Carlos, fez duas pontes de safena, então era impossível para ela estar presente nesse momento, senão ela estaria dividindo isso conosco.

Fico muito feliz de contar nesse momento com a presença do Saul Medeiros, da Organização de Caxias do Sul, Organização Federativa de Umbanda e que foi o autor da Bandeira da Umbanda, cujo símbolo se encontra ao lado do selo da Umbanda.

Para mim, gente, viver esse momento, poder encontrar com todos os senhores, depois de ter estado presente na Câmara Federal, graças ao nosso irmão, Vicentinho. Eu peço licença para contar um outro fato, a umbanda hoje não é uma seita, seita é um grupo discordante de uma religião tradicional, nós somos uma religião de fato e de direito. Zélio de Moraes não plantou no vazio, plantou em solo fértil.

Eu gostaria de contar para os senhores, há dois anos, por ocasião dos festejos comemorativos do aniversário de São Paulo, houve na Catedral Metropolitana de São Paulo um culto ecumênico e um desagravo, um desagravo às vítimas do Nazismo, o povo judeu.

Eu fui convidado a participar desse evento. Até pouco tempo atrás, a Umbanda não passava na porta da igreja. O que aconteceu nessa ocasião? Dom Ivo Lorscheiter, que quase foi Papa, estava junto do altar, no dia 25 de janeiro e naturalmente tinha os seus recepcionistas na entrada.

Subi as escadarias da Catedral como os senhores estão me vendo, de branco, até exagerei um pouquinho, fui com a minha toalha de médium e as guias bem aparentes. Era um encontro religioso, gente, era como tal que eu tinha que me portar. O nariz voltado para o alto, orgulhoso de poder ser convidado pelo cardeal arcebispo de São Paulo. Quando eu adentrei a nave central, uma emoção extra me esperava. Dom Ivo se encontrava perto do altar, se adiantou, nós acabamos nos encontrando no centro da nave. Ele abriu os braços, nós nos abraçamos e ouvi de um cardeal: “Obrigado, Pai Ronaldo, pela sua presença”.

Não era o Ronaldo que estava recebendo naquele momento o abraço do cardeal arcebispo de São Paulo, era a Umbanda que estava sendo reconhecida como uma religião de fato e de direito, ocupando o lugar que lhe cabe no conceito de todas as religiões. (Palmas.)

O meu muito obrigado a todos, ao diretor da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, e quero dizer que essa homenagem me toca mais profundamente, durante 28 anos eu fui radiologista do Departamento de Correios e Telégrafos. Trabalhávamos lá no 3º andar da Praça do Correio, certo? Então, toca um pouco mais fundo isso.

Gente, eu não desejo me estender, eu queria deixar bem claro o seguinte: a homenagem que se faz sempre é ao líder, é à figura carismática, é àquele que está, mas eu sou bastante humilde para dizer que o Ronaldo pode ter conquistado todas essas coisas em torno da Umbanda, mas não sozinho. Eu gostaria de dizer que dentro do nosso trabalho, muitos participaram.

Há pouco, eu abraçava meu irmão Jamil e nós estávamos nos lembrando dos primórdios do Superior Órgão de Umbanda do Estado de São Paulo, onde essa história foi levantada. Nós tínhamos que dar resposta e o que eu consegui foi a resposta que se fazia necessária, conseguimos todos os elementos de prova.

Eu fiquei muito feliz, mas muito feliz, quando recebi um dia um telefonema daquele jovem Saul Medeiros dizendo do trabalho que ele havia realizado e o lançamento da Bandeira da Umbanda foi feito numa solenidade formatura, na qual estiveram presentes mais de 800 pessoas aqui em São Paulo. Mais um orgulho, uma satisfação que esse irmão me dá.

Sandra Santos, que esteve sempre ao lado de Rubens Saraceni, meu filho de fé, Rubens Saraceni, batalhou muito para que isso acontecesse. A todos, eu quero dar o meu agradecimento, o meu melhor agradecimento, que Oxalá possa recompensar em benção tudo o que vocês fizeram, não pelo Pai Ronaldo, pela Umbanda, pelo ideal de todos nós.

E eu gostaria, terminando a minha fala, eu gostaria de agradecer a cada uma de suas Babás aqui presentes, das Iás, dos Babalaôs aqui presente, compreende, me abençoassem e queria pedir encarecidamente: ninguém faz sucesso sozinho. A minha casa, a casa de Pai Benedito sempre foi a mão francesa, o ponto forte para que a gente pudesse realizar tudo que realizamos e lá dentro eu tenho uma pessoa que me acompanha, minha filha de fé, da qual eu muito me orgulho, que me acompanha há mais de 40 anos. Chama-se Dirce Paludetti Fogo, Babá da casa de Pai Benedito. É à mulher umbandista que nós devemos os nossos aplausos. (Palmas.)

Eu estou encerrando, me perdoe se eu avancei um pouquinho. Leci, meu coração bate com você, Leci. Eu queria que todos vocês ficassem de pé e dessem o maior amalá de palma a essa Mesa, ao Vicentinho, a todos que nos proporcionam essa alegria.

Que Deus abençoe a todos, muito obrigado.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - Gostaria de registrar que o vereador Quito Formiga, aqui sentado na extensão da Mesa principal, instituiu o “Dia Municipal da Umbanda” na cidade de São Paulo e colocou a Umbanda como patrimônio cultural e material da cidade de São Paulo. (Palmas.)

Registro também a presença da Sra. Kitanji, coordenadora da Juventude do Fórum Nacional de Segurança Ambiental Nutricional de Povos de Matriz Africana. (Palmas.)

Ouviremos agora as palavras da liderança religiosa Pai Jamil Rachid. (Palmas.)

 

O SR. JAMIL RACHID - Boa noite a todos os presentes. Meus irmãos, eu queria saudar o deputado federal Vicentinho, que sempre olhou pela nossa religião. A nossa irmã, Leci Brandão, aprovou uma lei em 23 de abril, dia de Ogum, é isso mesmo? E a nossa presidente da República, 15 de novembro é o Dia Nacional da Umbanda.

Então, os senhores estão vendo a evolução da nossa Umbanda no Brasil.

Queria também agradecer os deputados Gerson Bittencourt, Luiz Claudio Marcolino, felicidade a vocês por essa ajuda.

Bom, vamos falar um pouquinho da nossa Umbanda.

Deputado Vicentinho, nós temos vários presidentes de federações importantes aqui, o (Ininteligível.), amigo, o Reinaldo Tupinambá, o Basílio, maior departamento jurídico que toma conta das federações. Tem muitas pessoas importante nessa Casa.

Portanto, São Paulo é o berço da Umbanda.

Primeiro, está o Rio de Janeiro, com aquela mistura do Candomblé, claro, que é nossa, pertence a nós também, mas São Paulo, as festividades aqui são transmitidas para o interior de São Paulo e para outros estados do Brasil, é por isso que a Umbanda cresceu muito em outros Estados, na Europa, nos Estados Unidos, no Japão.

A Umbanda está evoluindo, nós movimentamos quase 30 milhões de habitantes aqui no estado de São Paulo. Portanto, Ronaldo, valeu a luta de 1950 para cá? Cadê o Aguirre? Hein, Aguirre? Valeu a luta nossa?

De 1950 para cá, nós começamos a trabalhar, tinha 17 anos quando iniciei. Chegou uma época aqui, deputado, que as outras religiões não permitiam a migração da Umbanda, de Rio de Janeiro ou de Minas e começou a perseguição. Eu me lembro da Teodosina Ribeiro, vocês já conhecem a Teodosina, grande líder, e o Adalberto Camargo, que era deputado federal, esses dois na época, eles ajudaram. Porque naquela época, a Umbanda estava enquadrada no Deic como vadiagem. Olha onde estava enquadrada a nossa religião.

Então nós viemos de uma luta muito grande para conseguir hoje essa luz, sentado aqui, toda a família nossa junta. Isso é uma luz.

Portanto, meus irmãos, vocês sabem o significado desse selo? “Umbanda – Sincretismo Religioso Brasileiro”, vocês têm ideia onde vai parar esse selo? Vai o mundo todo. Isso para nós é a maior divulgação, deputado, que pode haver dentro da nossa religião.

Sofremos tanto porque os templos de Umbanda, gratuitamente, abrem as portas para receberem as pessoas doentes, problema de família, problema de filho, de trabalho e é aberto ao povo, sem fila, sem cobrança, gratuitamente, todos esses templos trabalha pelo orixá. Então, o que nós podemos agradecer de coração mesmo esse presente que Zélio ganhou, que é o nome dele. Ele que registrou em 1908 o primeiro templo em Niterói.

Claro, naquela época tinha mais templo, mas não era declarado, como Rondônia, Manaus, já existiam vários templos, mas não eram declarados como registro oficial. Portanto, umbandistas, vamos nos unir.

Prestem atenção, a Europa está de olho na Umbanda, porque é uma religião espiritual, nos países de outros... América Latina, por exemplo, estão seguindo o Brasil; Argentina, Uruguai, Paraguai, enfim, América Latina. Portanto, vamos continuar nossa missão, vamos nos unir, porque a Umbanda precisa se unir, é isso que nós vamos fazer nas federações, unindo as federações. Ronaldo, que luta que nós tivemos. Ogã Juvenal, enfim, nosso irmão ali também, que lutou muito pela Umbanda, o vereador.

Portanto, vamos agora fazer nossas festividades, e toda festa de orixá feita em São Paulo é transmitida para todos os estados do Brasil. Portanto, os estados do Brasil agora, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, todos esses Estados, Paraná, Minas Gerais, estão acompanhando o nosso trabalho da evolução da Umbanda.

Eu só tenho aqui que agradecer os senhores deputados, e quero que vocês, os nossos irmãos, prestem bem atenção, vocês não têm ideia desse selo, aonde ele vai atingir. Vocês não têm ideia aonde ele vai chegar.

Portanto, vamos carregar a nossa bandeira, confiando em Oxalá.

Saravá Umbanda, meus irmãos. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV WEB e será transmitida pela TV Assembleia, neste sábado, dia 17, à meia-noite, pela NET, canal 7, pela TV Vivo, no canal 66 analógico e 185 digital e pela TV Digital Aberta, canal 61.2.

 

O SR. PRESIDENTE - GERSON BITTENCOURT - PT -Vamos quebrar mais uma vez o protocolo, o deputado Vicentinho quer apresentar uma notícia aqui rapidamente, nós vamos abrir aqui a palavra ao deputado Vicentinho.

 

O SR. VICENTINHO - Meus amigos, minhas amigas é que eu esqueci naquela hora de dar essa notícia. Nós temos aqui em São Paulo uma figura muito ilustre, que foi o professor Eduardo.

Professor Eduardo, falecido recentemente, foi o fundador do Congresso Nacional Brasileiro do Povo Negro e o professor Eduardo fez um hino à negritude. Esse hino à negritude, eu assumi a responsabilidade de apresentar como um projeto de lei para que se tornasse o Hino Nacional à Negritude, oficial. (Palmas.)

E a notícia que eu gostaria de dar é que, em tese alguns deputados terem se manifestado contra o hino, vou dizer porquê, mas nós conseguimos aprovar este hino na Comissão de Educação e Cultura, conseguimos aprovar este hino na CCJ, aprovar na Câmara, conseguimos aprovar no Senado e este projeto está nas mãos da presidenta Dilma para ser sancionado.

Então, logo ela vai sancionar e o Gilberto já me falou que vai trazer a comunidade para comemorar essa sanção, por quê? Porque esse é o único hino que vai ser oficial e um dos trechos fala dos orixás.

Axé. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - Ouviremos agora as palavras da liderança religiosa Pai Cássio Ribeiro. (Palmas.)

 

O SR. CÁSSIO RIBEIRO - Axé. Boa noite, senhoras e senhores, boa noite aos nobres deputados, Gerson Bittencourt, à deputada Leci Brandão, nossa irmã de fé, deputado Luiz Claudio Marcolino. Meu amigo, irmão, companheiro de luta também, nosso querido deputado federal, Vicentinho.

Boa noite à Mãe Corajacy, Pai Leonardo de Toi do Sul, através dos dois, eu saúdo todo o povo de matriz africana.

Boa noite, Mãe Imaculada, boa noite, Pai Marcelo de Xangô. Boa noite, Pai Sérgio de Ogum, nas figuras da senhora e do senhores, eu saúdo a todos os umbandistas aqui presentes.

Boa noite aos Ogãs Severino Sena, Engels e através deles, a todos os atabaqueiros, curimbeiros da Umbanda do Brasil.

Marques Rebelo, Alexandre Cumino, através de vocês, eu saúdo a imprensa umbandista, aqui presente.

Pai Jamil Rachid, Pai Ronaldo Linares, através dos senhores, eu saúdo todos os presidentes de federação presentes e àqueles que estão longe, mas que contribuem nessa luta.

Quero saudar a memória de Toy Vodunnon, Francelino do Xapanã, saudar a memória do Dr. João Batista Menezes Ladessa e Pedro Furlan, comendador Hilton de Paiva Tupinambá, presidente Mário Paulo, doutor, companheiro, irmão Demétrio Domingues.

Quero saudar Mãe Joana Imparato. Eu quero saudar Sr. Hercilio Sanches. Eu quero saudar aqueles que já se foram, mas que estão presentes aqui conosco. (Palmas.)

Obrigado.

Para mim é uma honra inenarrável, imensurável, indescritível, diante dos meus mais velhos ter a oportunidade de fazer uso da palavra.

Companheiro Vicentinho, companheiros e companheiras, deputados, hoje aqui nós devemos saudar com muito carinho a pessoa do presidente dos Correios, Sr. Wagner Pinheiro e a pessoa da presidenta Dilma, que teve a coragem de fazer o Estado Brasileiro homenagear a Umbanda, uma religião perseguida, discriminada, uma religião até então sem vez e sem voz.

Muito mais do que um selo, como disseram os que passaram aqui por esse microfone, como disse a deputada Leci Brandão, é um momento de política afirmativa. É o Estado dizendo, você não pode atacar a Umbanda, você não pode usar o rádio, a televisão, concessões públicas para achincalhar uma religião que presta a caridade acima de tudo.

O selo não é só um selo. É uma marca indelével de um governo que diz sim à liberdade religiosa e nós, a Umbanda e os cultos afro-brasileiros, notadamente a Umbanda, porque o selo versa sobre o Zélio de Moraes e sobre a Umbanda, nós saberemos honrar esse momento de hoje, em todos os terreiros desse Brasil, por todo Brasil a fora, pelo mundo a fora, amanhã e sempre, o umbandista vai acordar mais orgulhoso de ser umbandista e mais capaz de prestar a caridade através dos caboclos, dos pretos velhos, dos baianos, dos marinheiros, de exu, através de todo panteão. Nós somos muitos e estamos aqui em nome deles.

Saravá, para quem é de saravá. Axé, para quem é de axé. Laroiê, para quem é de laroiê.

Viva a Umbanda. Axé. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - Registramos a presença da Sra. Isaura, Entidade Catimbó de Jurema, Chico Malado e Maria Rosa. (Palmas.)

Ouviremos agora apresentação musical.

 

O SR. - Saravá, nossa Umbanda. Salve todos os guias e orixás. Vamos, nosso povo, nosso grande terreiro. Vamos cantar os preto velhos, 13 de maio, vamos cantar de pé para os pretos velhos, ninguém sentado.

Saravá os pretos velhos, saravá, nossa Umbanda, vamos começar daí para ver a força do nosso canto como ecoa, nosso grito de liberdade.

 

* * *

 

- É feita a apresentação musical.

 

* * *

 

O SR. - Aos nobres deputados, senhores e senhoras, a todas as religiões, que o amor e a prosperidade de Mãe Oxum esteja sempre vibrando em vossas vidas.

Saravá, Oxum. Saravá, Oxum.

 

* * *

 

- É feita a apresentação.

 

* * *

 

O SR. - Saravá, nossa Umbanda. Agora nós vamos nos sentar para dar prosseguimento a nossa sessão.

Saravá, nossa Umbanda.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - Neste momento, os deputados Gerson Bittencourt, Luiz Claudio Marcolino e Leci Brandão, juntamente com o deputado federal Vicentinho farão entrega de homenagens à Sra. Sandra Santos. (Palmas.)

 

* * *

 

- É feita a entrega do diploma.

 

* * *

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - Solicito aos demais que serão agraciados, que se coloquem em pé para receberem o seu diploma.

Pai Jamil Rachid.

Pai Ronaldo Linares.

Pai Cássio Ribeiro.

Pai Saul de Medeiros.

Pai Marcos Boeing.

Pai Cláudio Franco.

Pai Edson dos Santos.

Mãe Corajacy.

Vereador Quito Formiga.

Ogã José Juvenal dos Santos.

Pai Milton Alves.

Milton Aguirre.

Mãe Maria Imaculada dos Santos.

Pai Sílvio da Costa Mattos.

Cláudio Gianfardoni.

 

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- É feita a entrega dos diplomas.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - Com a palavra o deputado Gerson Bittencourt.

 

O SR. PRESIDENTE - GERSON BITTENCOURT - PT - Esgotado o objeto da presente sessão, a Presidência agradece às autoridades, à minha equipe, aos funcionários dos serviços de Som, da Taquigrafia, de Atas, ao Cerimonial, à Secretaria Geral Parlamentar, à Imprensa da Casa, à TV Legislativa e às Assessorias Policial Civil e Militar, bem como a todos que, com suas presenças, colaboraram para o êxito dessa solenidade.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - Pessoal, só um minuto. Não é possível entregarmos um certificado a todas, convido o deputado Vicentinho a descer e fazermos essa entrega. Aos companheiros, muito obrigada. E não posso deixar de citar aqui o Hudson Damasi, a Carol e a Cleide pelo trabalho. Se os deputados trabalharam em prol disso, esse pessoal que eu peço que venha aqui para receber uma salva de palmas, pois foram eles que nos ajudaram com todos os trâmites dessa Casa. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - GERSON BITTENCOURT - PT - Está encerrada a sessão.

 

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  - Encerra-se a sessão às 22 horas e 02 minutos.

 

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