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04 DE DEZEMBRO DE 2015

049ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO DIA DO EXTENSIONISTA RURAL

 

Presidente: JOSÉ ZICO PRADO

 

RESUMO

 

1 - JOSÉ ZICO PRADO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

2 - IZABEL DE JESUS PINTO

Mestre de Cerimônias, nomeia as autoridades presentes.

 

3 - PRESIDENTE JOSÉ ZICO PRADO

Pede um minuto de silêncio pelo falecimento de Jorge Sabino, prefeito do Partido dos Trabalhadores na cidade de Guapiara. Informa que a Presidência efetiva convocara a presente sessão solene, a requerimento do deputado José Zico Prado, na direção dos trabalhos, com a finalidade de "Homenagear o Dia do Extensionista Rural". Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Enaltece o trabalho desenvolvido pelos extensionistas rurais. Menciona o número desses profissionais existentes no País. Destaca a importância da produção de alimentos através da agricultura familiar. Ressalta que os extensionistas rurais agregam conhecimento às unidades familiares de produção agrícola e priorizam a utilização de técnicas para o desenvolvimento rural sustentável.

 

4 - REINALDO PRATES

Delegado regional do Ministério do Desenvolvimento Agrário por São Paulo, saúda todos os presentes. Mostra satisfação em estar presente na solenidade. Parabeniza a iniciativa do deputado José Zico Prado, a quem tece elogios pelo apoio à política de extensão rural. Comenta a criação da Anater - Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, e sua importância como instrumento para ampliação do setor. Discorre sobre os fatores culturais e ambientais intrínsecos às unidades de produção agrícola familiar. Ressalta a importância do apoio dos deputados desta Casa ao setor de extensão rural.

 

5 - MARA MELO

Prefeita de Araçoiaba da Serra, elogia o papel dos deputados José Zico Prado e Hamilton Pereira em prol da agricultura familiar. Cumprimenta as autoridades presentes. Enaltece o secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Araçoiaba da Serra, Sr. Raimundo Carvalho Palmeira Junior, por seu trabalho em defesa da agricultura familiar. Comenta o crescimento da prática de agricultura ecológica em cidades da região de Sorocaba.

 

6 - EDGARD APARECIDO DE MOURA

Assessor da Superintendência do Incra - Instituto de Colonização e Reforma Agrária, faz saudações às autoridades presentes. Enaltece o trabalho realizado pelos extensionistas rurais. Acrescenta que esses profissionais facilitam o acesso dos pequenos produtores rurais a créditos fundiários e promovem o aumento e a qualidade da produção agrícola familiar. Destaca a importância do trabalho de extensão rural com comunidades quilombolas.

 

7 - LINCOLN ALBUQUERQUE

Presidente da Afitesp - Associação dos Funcionários da Fundação Itesp, cumprimenta todos os presentes. Lembra sua origem como filho de boias-frias. Menciona que o trabalho dos extensionistas rurais é baseado na preservação do meio ambiente e na produção de alimentos de qualidade. Considera que há necessidade de investimentos na formação de profissionais na área de extensão rural.

 

8 - JOÃO CARLOS CORSINI

Assistente de direção da Diretoria Adjunta de Políticas de Desenvolvimento do Itesp, saúda os presentes na solenidade. Cita número de famílias e comunidades quilombolas atendidas pelo Itesp - Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo. Ressalta o papel dos extensionistas rurais na inclusão de quilombolas no processo de produção agrícola.

 

9 - ABELARDO GONÇALVES PINTO

Presidente da Apaer - Associação Paulista de Extensão Rural, parabeniza o deputado José Zico Prado pela iniciativa. Expõe sua perspectiva de evolução do setor de extensão rural. Discorre sobre a importância do acesso às políticas de extensão rural pelos produtores rurais familiares. Defende maior investimento na carreira dos extensionistas rurais.

 

10 - VICTOR BRANCO DE ARAÚJO

Presidente da Agroesp - Associação dos Assistentes Agropecuários do Estado de São Paulo, discorre sobre seu trabalho como extensionista rural no início de sua carreira. Ressalta a importância da abordagem humana desses profissionais com os agricultores familiares.

 

11 - RICARDO CERVEIRA

Representante do IBS - Instituto BioSistêmico, tece comentários acerca da importância da agricultura orgânica. Discorre sobre a atuação dos extensionistas rurais nas comunidades envolvidas no processo de reforma agrária. Menciona que o acesso à assistência técnica promove o aumento da qualidade de vida e de produção dos agricultores familiares.

 

12 - PRESIDENTE JOSÉ ZICO PRADO

Lê currículo e anuncia a entrega de placa em homenagem ao Sr. Henri Alexandrinho de Souza.

 

13 - HENRI ALEXANDRINO DE SOUZA

Homenageado, manifesta-se honrado pela homenagem recebida. Comenta o trabalho de assistência técnica e extensão rural realizado com os assentados da reforma agrária.

 

14 - PRESIDENTE JOSÉ ZICO PRADO

Lê currículo e anuncia a entrega de placa em homenagem ao Sr. Hiromitsu Gervásio Ishikawa.

 

15 - HIROMITSU GERVÁSIO ISHIKAWA

Homenageado, demonstra satisfação pelo reconhecimento de seu trabalho na área da extensão rural. Menciona a importância do reconhecimento do trabalho desenvolvido pelos extensionistas rurais.

 

16 - PRESIDENTE JOSÉ ZICO PRADO

Lê currículo e anuncia a entrega de placa em homenagem ao Sr. Raimundo Carvalho Palmeira Junior.

 

17 - RAIMUNDO CARVALHO PALMEIRA JUNIOR

Homenageado e secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Araçoiaba da Serra, agradece ao deputado José Zico Prado pela iniciativa. Mostra-se lisonjeado por representar a classe dos extensionistas rurais. Comenta a importância da visão agroecológica desses profissionais.

 

18 - PRESIDENTE JOSÉ ZICO PRADO

Lê currículo e anuncia a entrega de placa em homenagem à Sra. Ondalva Serrano.

 

19 - ONDALVA SERRANO

Homenageada e professora, discorre sobre o início de sua carreira na área da extensão rural. Destaca o papel educativo do extensionista rural e de sua importância na introdução do conceito de agricultura sustentável.

 

20 - PRESIDENTE JOSÉ ZICO PRADO

Presta homenagem, com entrega da placa, ao extensionista rural Carlos Medeiros.

 

21 - CARLOS MEDEIROS

Extensionista rural, estende a homenagem recebida aos técnicos do Itesp envolvidos na reforma agrária nos anos 80. Faz reflexão acerca do trabalho dos extensionistas rurais. Defende a valorização da categoria.

 

22 - PRESIDENTE JOSÉ ZICO PRADO

Faz agradecimentos gerais. Convida a todos para prestigiar a exposição de banners fotográficos desenvolvidos pelas entidades prestadoras de serviço de extensão rural, no Espaço IV Centenário, no andar Monumental. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. José Zico Prado.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO - Boa noite. Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente, o presidente da Casa, deputado Fernando Capez, convocou a presente sessão solene a requerimento do deputado José Zico Prado, na direção dos trabalhos, com a finalidade de homenagear o Dia do Extensionista Rural.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, minhas senhoras, meus senhores, esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web e será transmitida pela TV Assembleia neste domingo, dia 4 de dezembro, às 21 horas, pela NET, canal 7; pela TV Vivo, canal 66 analógico e 185 digital; e pela TV digital aberta, canal 61.2.

Chamamos para compor a Mesa desta solenidade o deputado estadual José Zico Prado (Palmas.); o Sr. Reinaldo Prates, delegado regional do Ministério do Desenvolvimento Agrário por São Paulo (Palmas.); a Sra. Mara Melo, prefeita de Araçoiaba da Serra (Palmas.); o Sr. Edgar Aparecido de Moura, assessor da Superintendência do Incra, Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Palmas.); o Sr. João Carlos Corsini, assistente de direção da Diretoria Adjunta de Políticas e Desenvolvimento do Itesp (Palmas.); o Sr. Hamilton Pereira, ex-deputado estadual e chefe de gabinete da liderança do PT na Assembleia Legislativa (Palmas.).

Estão posicionados nas mesas acessórias o Sr. Paulo Bearari, vereador do Partido dos Trabalhadores na cidade de Birigui (Palmas.); o Sr. Abelardo Gonçalves Pinto, Presidência da Apaer, Associação Paulista de Extensão Rural (Palmas.); o Sr. Lincoln Albuquerque, presidente da Afitesp, Associação dos Funcionários da Fundação Itesp (Palmas.); o Sr. Victor Branco de Araújo, presidente da Agroesp, Associação dos Assistentes Agropecuários do Estado de São Paulo (Palmas.); e o Sr. Ricardo Cerveira, representante do IBS, Instituto BioSistêmico (Palmas.).

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Neste instante, daremos início à sessão solene com a finalidade de homenagear o Dia do Extensionista Rural.

Pedimos um minuto de silêncio pelo falecimento de Jorge Sabino, presidente do Partido dos Trabalhadores na cidade de Guapiara, que faleceu hoje. Jorge foi meu assessor, vereador e era prefeito, uma amizade de mais de 23 anos e um grande amigo. Plantador de pêssego, morava na roça, lutou a vida toda ao lado dos pequenos agricultores. Façamos, neste momento, um minuto de silêncio.

 

* * *

 

- É feito um minuto de silêncio.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Convido a todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do sargento Ezequias.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Esta Presidência agradece a Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Gostaria de iniciar esta sessão solene, reafirmando a justa homenagem a este profissional que presta serviço de educação não formal aos agricultores, no intuito de levar o conhecimento acadêmico para aqueles que fazem, na prática, a Agricultura e a Pecuária, origem de todos os alimentos que consumimos. Além de dialogar com toda a diversidade de conhecimentos que os agricultores familiares trazem de inúmeras tradições e de seu conhecimento empíricos, os extensionistas são frequentemente responsáveis pela divulgação de políticas públicas dos três entes federativos, sendo também figuras centrais no acesso às políticas de crédito e mercados institucionais.

No Brasil, o serviço brasileiro de assistência técnica e extensão rural está presente em mais de 4.500 escritórios, entre regionais e municipais, com uma força de trabalho em torno de 16 mil extensionistas. Aqui no Estado de São Paulo são aproximadamente 1.400 profissionais de extensão rural que se desdobram, em condições por vezes adversas, para atender as mais de 150 mil unidades familiares que necessitam desse serviço. Agregando o conhecimento acadêmico às experiências do próprio agricultor, os extensionistas utilizam técnicas e metodologias que contribuem com o desenvolvimento rural sustentável, ajudando a conter o êxodo rural e renovando as formas de produção e utilização dos recursos naturais.

Com a palavra para uma breve saudação o Sr. Reinaldo Prates, delegado regional do Ministério do Desenvolvimento Agrário por São Paulo.

 

O SR. REINALDO PRATES - Boa noite a todos, boa noite a todas. Boa noite a todos vocês. Uma saudação especial a todos os extensionistas e as extensionistas aqui presentes. Que todos recebam essa homenagem, que vai ser materializada hoje através de algumas pessoas, colegas de vocês.

Quero aqui manifestar a grande satisfação de estar neste ambiente, para, juntos, comemorarmos todo esse trabalho, toda essa história de entrega, todo esse engajamento dos profissionais e das profissionais de Ater e, ao mesmo tempo, juntos aqui com os vários parceiros, as várias instituições, nós podermos falar um pouco deste trabalho, desenvolvido no estado de São Paulo e no Brasil inteiro.

Cumprimento e saúdo o Zico Prado, deputado que coordena a Frente Parlamentar de Assistência Técnica em Extensão Rural. Zico, eu o parabenizo por essa iniciativa, mais que merecida, dos extensionistas de São Paulo.

Cumprimento a prefeita Mara, de Araçoiaba da Serra. O grande trabalho desenvolvendo lá em Araçoiaba, o grande compromisso com a agricultura familiar, com todos os povos do campo e um trabalho muito sério feito inclusive na questão do apoio à política de extensão rural e assistência técnica.

Cumprimento o João Corsini, do Itesp; cumprimento o Amaral, que está aqui representando o superintendente do Incra. O Incra tem um papel muito importante na questão da reforma agrária em São Paulo e que conseguiu universalizar o serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural aos assentados da reforma agrária.

Um brilhante trabalho, Amaral, vem sendo feito agora no sentido de buscar uma qualificação cada dia maior desse serviço prestado em assistência técnica e extensão rural.

Cumprimento o Hamilton, pessoa sempre engajada como parlamentar, contribuindo muito nesses temas que se referem à questão da agricultura familiar, da reforma agrária e da segurança alimentar.

Cumprimento todas as pessoas que compõem a Mesa. Talvez eu não saiba o nome de todos, mas há aqui o Abelardo, da Apaer. Cumprimento-o, Abelardo, pelo trabalho que a Apaer vem fazendo.

Já realizou seu primeiro congresso, I Congresso Paulista da Extensão Rural. Cumprimento o Ricardo pelo Instituto BioSistêmico, que tem a parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário para prestar assistência técnica, e também com o Incra.

Você é um vereador de Birigui. É uma satisfação tê-lo aqui. Birigui é tão distante, ? E você vem aqui prestigiar os extensionistas. O Lincoln, pela associação do Itesp, parabenizá-lo, também, pelo engajamento de vocês, e tem contribuído muito com a crítica e com as proposições na política de assistência técnica e extensão rural.

O Itesp tem parcerias com o Incra para prestar assistência técnica em várias regiões do estado. O Victor, da Agroesp, está aqui, também prestigiando.

Enfim, quero cumprimentar a todos vocês e dizer que para o Ministério do Desenvolvimento Agrário sempre é muito importante a gente tanto comemorar, mas também a gente sentar para refletir a política de extensão rural no Brasil, que, todos sabemos, desde 90, foi abandonada pelo governo federal.

Nós vimos retomando essa política. E nesse ano de 2016, nós temos uma grata satisfação de dizer para vocês que a Anater, Agência Nacional de Assistência Técnica em Extensão Rural, vai começar a executar toda a política de gestão da política de assistência técnica e extensão rural no Brasil, onde vai estabelecer parcerias com as instituições públicas de Ater no Brasil inteiro.

Zico, Hamilton, é importante esse diálogo com o Governo de São Paulo, porque a Cati, com todo o “know-how” que tem e a grande contribuição que a Cati tem dado em toda a sua história, tem possibilidade de estabelecer parceria com o governo federal para também prestar esse serviço.

Então, é um instrumento importante para se conseguir ampliar a assistência técnica em extensão rural aqui em São Paulo, assim como também as entidades não governamentais, que são credenciadas no sistema de Ater, que já vem fazendo essa política no Estado. Estamos com chamadas no estado de São Paulo de Ater, para agroecologia, para sustentabilidade, Ater mulheres, Ater juventude vai começar, Ater para o crédito fundiário, que hoje chega a 13 mil famílias, que estamos assistindo, com mais cerca de 12 mil famílias que o Incra vem assistindo na reforma agrária, mais cerca de seis mil que o Itesp tem assistido.

Passamos hoje de cerca de 30 mil famílias que estão tendo Ater. Claro que para a realidade de São Paulo é muito pouco. Temos 151 mil unidades de produção familiar. Então, há um desafio enorme ainda para avançarmos. Mas isso já é significativo.

Então, mais do que nunca, é importante o reconhecimento a todos os profissionais que estão envolvidos nesse trabalho, e que têm dado toda a sua contribuição, inclusive dentro da nova concepção de Ater, que pensa numa intervenção holística, não pensar só nos aspectos econômicos da produção, mas pensar também na sustentabilidade dessa família, no aspecto social, a questão ambiental, os valores culturais sendo considerados nessa nova abordagem da política de extensão rural de assistência técnica no Brasil.

É fundamental, é notável o engajamento dos profissionais, com todas as adversidades, que nós sabemos que não são poucas. E o pessoal tem contribuído muito.

Este ano estamos fazendo, no final do ano e no começo do ano que vem, as conferências de Ater. São conferências territoriais, intermunicipais. Vamos fazer conferência estadual em abril, e logo na sequência a conferência nacional de Ater.

O objetivo é atualizar a política nacional de Ater, estabelecer um plano nacional de assistência técnica de extensão rural. É evidente que vamos utilizar a conferência estadual para estabelecer o plano estadual de assistência técnica de extensão rural.

É fundamental a parceria com a Assembleia Legislativa, para podermos, a partir daquela vontade de profissionais da assistência técnica, de agricultores familiares, das instituições, das universidades, a partir desse conjunto de demandas e proposições, podermos transformar isso em ações de políticas públicas no governo de São Paulo e no governo federal.

Quero aqui manifestar toda a minha alegria em estar com vocês, parabenizar todos os extensionistas. Um grande abraço a todos nós. Muita força e perseverança, porque dias melhores estão vindo. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT- Com a palavra, para uma breve saudação, a nossa querida prefeita Mara Melo, de Araçoiaba da Serra, uma companheira nossa de muitos anos.

 

A SRA. MARA MELO - Boa noite a todos. É uma imensa satisfação para esta moça, filha de boia-fria, filha da roça, estar aqui nesta noite, convidada pelo Zico, por esse deputado que também tem a cara da roça, como nós. Agradeço pela oportunidade, Zico.

É muito bom saber que temos efetivamente representantes da agricultura, de onde realmente o nosso pé pisa, de onde sai o que nós comemos, aqui na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Para nós foi uma satisfação saber que você estava de volta a esta Casa, porque deu a sensação de que a agricultura familiar continua protegida aqui na Assembleia. Muito obrigada, Zico.

Saúdo nosso companheiro Reinaldo, delegado regional da Superintendência de São Paulo, do MDA. Reinaldo tem sido um grande parceiro, está sempre conosco nas atividades, quando se faz menção ao tema, ou precisamos dialogar. Reinaldo está sempre presente nas cidades, apesar do tamanho do estado de São Paulo, e o que ele tem de demanda para Brasília. Ele sempre tem nos ajudado.

Vou aproveitar, Reinaldo, que estou com um arresto para fazer no final do ano, no MDA, então já deixo o meu recado para você, para nós conversarmos com o Patrus, tête-a-tête.

Amaral, esse ícone, uma referência para vários temas, inclusive o da segurança alimentar. Mas é alguém que é militante também da causa da igualdade racial, que dialoga em vários segmentos, em vários setores, é um companheiro de longa data, também. É uma satisfação tê-lo presente.

Quero saudar o João, companheiro do Itesp. Quase prestei concurso para sociólogo no Itesp, mas desisti porque preferi estar à frente dos desafios dos quais sempre participei, da luta. Agora, realizando política pública enquanto prefeita. Desisti da jornada.

Em seu nome, João, quero dar um grande abraço, em especial no Carlão, que está ali, já de cabeça branca esse rapaz do Itesp. É uma satisfação encontrar o Carlão, mais uma vez, no trecho.

Sei da importância do Itesp, o quanto é importante para o nosso pessoal da reforma agrária, dos assentados. Tenho bons companheiros na região de Sorocaba - o Magu, a Margarete, a Isabel. São grandes companheiros nossos em Sorocaba. Ajudam-nos na região. Temos um carinho especial pelos companheiros do Itesp.

Quero saudar esse sempre amigo e muito irmão, chamado Hamilton Pereira. Ele, que é metalúrgico de formação, tem o pé efetivamente no chão de fábrica, nunca se esqueceu da agricultura familiar. Aliás, trabalhei ao lado deste homem durante 12 anos, e por 12 anos rodei a região de Sorocaba justamente trabalhando nesse tema da agricultura familiar. Ele nos deu a oportunidade de ajudar várias cooperativas, várias associações numa central que organizamos para atender o desenho que nos foi dado e discutido amplamente nas conferências de Segurança Alimentar - o PAA, o Merenda Escolar, o Doação Simultânea.

Ao mesmo tempo em que os programas aconteciam nos grandes debates, organizávamos a sociedade civil, organizávamos assentamentos, organizávamos a agricultura familiar na região de Sorocaba, o que permitiu que tivéssemos uma média de 15 cooperativas e associações organizadas, que hoje conseguem comercializar um mix de produção muito grande, entregando para São Bernardo, Osasco, Carapicuíba e outras cidades da região. Só Sorocaba que não compra de nós, mas vamos tentar colocar um pezinho na porta. Estamos tentando.

Temos feito um trabalho. Apesar de estarmos na prefeitura, temos ajudado. O Hamilton foi quem nos permitiu fazer isso, uma figura que transitou por muitos anos aqui. Não só transitou, transita ainda, é extremamente respeitado nesta Casa. Tenho certeza de que tem um dedinho dele aqui, por ter se lembrado de nós. O Hamilton dispensa comentários porque, de fato, continua - e continuará - sempre deputado. Não só para nós, da região de Sorocaba, acredito que para todos os funcionários desta Casa, para todas as pessoas que aqui trabalham e respeitam este homem chamado Hamilton Pereira. (Palmas.)

Quero saudar a extensão da Mesa. Não conheço os senhores, mas somos irmãos porque lutamos pela mesma causa. Considerem-se, pois, abraçados por essa gordinha.

Quero mencionar duas coisinhas. Quero dar um beijo no coração de uma moça que está aí, chamada Ondalva Serrano. Essa menina, de cabelo grisalho, foi minha professora por dois anos, em Ibiúna, quando iniciamos um trabalho na Escola Família Agrícola e iniciamos um trabalho com uma comunidade. Começamos com 12 aluninhos. Ela preparou-nos, ajudou-nos. Depois, esteve conosco, no chão, no roça. Lá, começamos com 12 garotos.

Hoje, Ibiúna é a maior referência em agricultura orgânica no estado de São Paulo. Graças a Deus, a essa nossa estadia em Ibiúna, ao povo da roça, ao povo da igreja, ao povo das CEBs, Comunidades Especiais de Base, à Fundação Campo Cidade Vida, ao trabalho na roça na região de Ibiúna, de Piedade, ao campo e à cidade que hoje têm essa grande referência em Ibiúna. Reencontrar Ondalva, para nós, é sempre um grande prazer. E a Ondalva também está dando um dedinho de prosa conosco, em Araçoiaba, ajudando-nos quando pode.

Por fim, quero saudar o público. No começo da semana, o Alberto me ligou. Eu não conhecia o Alberto. Ele deve estar por aí, perdido. O Alberto falou: “Prefeita, não sabia que era tão fácil falar com a senhora. Liguei no PABX, a moça já passou direto para o seu gabinete! Como é que funciona isso?” Isso é prefeito que não se esqueceu da base; isso é prefeito que está dentro do gabinete, mas que não pode fechar a porta nunca. O gabinete emburrece, o gabinete serve para você receber um monte de venda de pacote, serve para as pessoas que batem na mesa dizendo que são 10%, 20 por cento.

E serve para as pessoas falarem assim: “Prefeita, olha o meu umbigo, olha a minha rua, olha a minha luz, faz um favor para mim, ajeita aqui.” O gabinete serve para isso. O que é bom é quando você, de fato, vai para a rua, vai para a base, vem negociar na Assembleia Legislativa, vai visitar alguém em Brasília, vai buscar pacotes de emendas para a cidade.

Para isso que serve o gabinete de prefeito: é a extensão. O povo, a massa, tem que ser a extensão - e não simplesmente um gabinete fechado com o ar condicionado. A gente, que teve o pé na roça, por mais que queira ficar fechado, não consegue.

Eu trouxe o Raimundo, de Araçoiaba, que trabalha com o Incra no assentamento de Ipanema. Ele foi meu companheiro de trecho. Quando ganhamos as eleições, resolvemos buscar um rapaz que, de fato, trabalhasse com a roça. O Raimundo é o grande responsável pelas políticas públicas que estão acontecendo na nossa cidade. Ele é meu braço direito. Ele é tão bom que, além de ser secretário da Agricultura e Meio Ambiente, ele assumiu um segundo desafio porque o meu secretário de Governo foi para Londres - ele passou em uma bolsa de mestrado. O Raimundo foi assumir o lugar dele no governo e está me fazendo dialogar com a sociedade araçoiabana. Ele tem feito isso de uma forma muito hábil - até pelo jeitão dele de ser.

Em nome do Raimundo, eu gostaria de saudar todos os extensionistas aqui nesta noite. Eu não conheço a história de cada um de vocês, mas imagino o quanto foi difícil e o quanto vocês são teimosos. Quem gosta da roça, se há algum adjetivo para isso, é teimoso.

Eu lembro que, quando eu tinha uns seis ou sete anos, chegou um engenheiro que devia ser extensionista. Ele perguntou ao meu pai: “Sr. Augusto, quanto de arroz deu ali embaixo?” Antes de o papai responder, eu falei: “Rapaz, só naquele lugar deu uns 90 sacos.” O pai meteu um beliscão em mim e só depois eu descobri que era por causa do seguro. O pai queria mentir e eu o desmenti!

Naquele momento, na roça, foi o meu primeiro contato com um extensionista. Depois eu deixei de ver extensionista; depois eu deixei de ver engenheiro; depois eu deixei de ver gente. Porque a política de extensão rural sofreu um baque no estado de São Paulo, ela sofreu demais no estado de São Paulo. A gente viu um pouquinho depois na rearticulação do Itesp, que começou a dialogar com a reforma agrária. Depois, a gente viu os municípios assumindo um pouco o papel. Era pneu, era gasolina, era carro, era tudo por conta do município. E essa realidade não é diferente hoje.

Então, quando eu vejo um extensionista da Cati, eu costumo dizer que são verdadeiros heróis. A gente viu as Ater acontecendo; agora a gente vê o Reinaldo falando da Anater que está vindo aí. Nós estamos reconduzindo essa discussão, tendo um projeto, um guarda-chuva, que vai poder nos orientar nessa caminhada.

Tem um grupo na Coater em Araçoiaba - isso é coisa do Raimundo - que disputou o edital. Os caras ganharam o edital mais do que rápido. Puxamos o povo para Araçoiaba e, de lá, em um salão pequenininho, nós estamos aumentando a extensão para 15 municípios na região de Sorocaba com a extensão de agricultura ecológica. Isso é não olhar no umbigo. Nós temos que fazer coisas assim para a nossa cidade, que é o esconderijo do sol.

Mas, efetivamente, nós temos que pensar que a política pública não acontece só na cidade - ela é macro, ampla e maior. E nós nunca vamos abaixar essa bandeira como vocês que foram teimosos e acreditaram nesta prefeita ao longo da caminhada - eu fui caminhoneira depois e me tornei socióloga. Hoje, disputo a prefeitura de Araçoiaba da Serra e estou lá para reeleição.

Eu já me alonguei demais. Mas eu queria dizer que, quando você é movimento, quando você está na base discutindo o que é preciso fazer, metendo o dedo na cara de um e de outro, torando a coisa no peito - porque é assim que acontece no movimento popular -, pode chamar a gente de baderneiro, pode falar o que quiser da gente. Mas o resultado que vocês viram hoje na educação do estado de São Paulo, se não é segurar ali, se não é essa molecada segurar no braço, ocupar, fazer política de cultura nas escolas, dormir, fazer chá, contar histórias... Se não é isso, o governador Geraldo Alckmin não tinha voltado atrás. Se não é isso, o secretário do estado de São Paulo não tinha tido vergonha de ter voltado atrás e dito: “Estou fora.

Isso mostra que a luta está em voga a qualquer momento. As lutas de classe estão aí a todo instante. Nós não podemos baixar a bandeira. E não baixar a bandeira significa continuar dizendo: a roça precisa, sim, de engenheiro; precisa, sim, de sociólogo, de técnico agrícola. Precisa continuar melhorando a qualidade. Afinal de contas, todo mundo sabe que a agricultura familiar é responsável pela quantidade de empregos e geração de renda. Quem come neste mundo sabe que vem da agricultura familiar.

Estar prefeita hoje, mas ter vindo do movimento popular... uma coisa me entristece. O Jorge foi um companheiro da roça por toda a vida, de botina no pé. Com a idade que tinha ele nos deixou, infelizmente. Eu diria com toda a tranquilidade que o trabalho do Jorge em Guapiara, o que este homem fez... com certeza novos Jorges virão para atuar na política e no campo.

Tenho o maior orgulho e o maior prazer de estar prefeita hoje, de ter a leitura de que temos de pensar todo o tipo de política, que elas dialogam e são transversais.

Se tem uma coisa que não consigo abandonar é o cheiro da minha infância. O cheiro da minha infância é arroz, feijão, café, milho, leite, abobrinha, pepino, tomate, alface. É a roça, é a agricultura familiar.

Fico felicíssima, Zico. Agradeço a oportunidade de estar aqui e fiz questão de vir, apesar de cinco formaturas que eu tinha lá. Vir aqui, saber que o meu Raimundinho, o nosso Raimundinho, iria ser homenageado... eu não poderia deixar de vir dar um abraço nesse rapaz com o sorriso largo e que tem me ajudado muito a governar a cidade de Araçoiaba da Serra.

Obrigada pela oportunidade e obrigada por poder fazer justiça a esse rapaz que tem sido um grande companheiro do nosso lado, um defensor da agricultura familiar. Muito obrigada e boa noite. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Obrigado, Mara. A Mara continua no movimento até hoje. Agradeço muito.

Com a palavra, para uma breve saudação, o Sr. Edgard Aparecido de Moura, assessor da superintendência do Incra. Todo mundo o conhece por Amaral, apesar de não ter nada de Amaral.

 

O SR. EDGARD APARECIDO DE MOURA - Boa noite, Zico. Não é o Amaral daquela japonesa não, é o Amaral que foi zagueiro da seleção em 1974. Vou ter que contar a história toda, mas deixa para outro momento, Zico, até porque meu time perdeu anteontem e não posso falar muito de futebol hoje. Estamos tristes.

Boa noite, Zico. Boa noite, Reinaldo, que é o nosso delegado do MDA São Paulo. Boa noite, Mara, nossa prefeita, amiga da reforma agrária e companheira da segurança alimentar. A Mara foi ao Espírito Santo falar um pouco sobre o que ela está fazendo em São Paulo. A Mara está correndo por esse Brasil afora. Está aqui também o Hamilton, um grande amigo. Não posso deixar de lembrar o abraço do Simão Pedro a vocês e a todos os extensionistas. Ele é ex-deputado estadual e hoje está cumprindo um papel importante na Prefeitura de São Paulo, na Secretaria de Serviços. Tive o prazer de trabalhar dez anos com ele nesta Casa.

Chegando nesta Casa me deparei com dois grandes companheiros da equipe do Zico. Alguns estão aqui. Brinco com a nossa amiga ali, que me ajudou muito. A Assembleia tem 94 deputados. Nós até nos perdemos quando caminhamos por aqui. Eles me ensinaram muito a fazer sessão solene, me ensinaram muito sobre projetos de plenário, assim como a equipe do deputado Hamilton também me ensinou. Tem um companheirão ali que me ajudou demais no orçamento e na questão agrária. Se eu sair daqui sabendo um pouquinho de segurança alimentar e de reforma agrária, foi por causa do Carlão, que está ali com o cabelo branquinho. O meu está meio branco também. Quando cheguei, tinha pouco cabelo. Agora está um pouco grande.

Nesta Casa muita gente me ajudou. Hoje é um prazer também estar aqui representando o Wellington, nosso superintendente do Incra São Paulo. Ele teve que cumprir uma agenda também importante lá para os lados do Pontal. Havia lá uma grande feira da questão agrária e amanhã ele fará outras correrias com os assentamentos. Estou aqui, mas também estão a Priscila, a Cristina, a Claudinha, enfim, tem um monte de gente representando o Incra São Paulo e homenageando os extensionistas, nossos companheiros e o companheiro Raimundinho. Ouvi que você é um super secretário, Raimundinho. Parabéns para você também. O Henri está aqui. Raimundinho também é do fórum de segurança alimentar, então também tem um papel importante.

Lembro que esta homenagem é de extrema importância. Se estamos comendo comida de verdade - e o lema da conferência é “Comida de verdade no campo e na cidade”-, isso é graças ao trabalho do extensionista e da assistência técnica. Esse trabalho não é apenas fazer com que o agricultor familiar tenha acesso aos créditos, mas também a qualidade dos alimentos e da produção, a possibilidade de acessar os créditos para se desenvolverem.

Portanto, há o Pronaf e outros importantes programas. Há o PAA e o Pnae. Se isso vai para frente, é graças ao trabalho do extensionista. Em São Paulo, o Incra trabalha com 127 assentamentos federais. Isso dá um total de mais de 15 mil famílias atendidas pelo Incra em São Paulo. Na verdade, esse atendimento passa pela assistência técnica e pelos profissionais.

Quando você está no assentamento, até a coisa andar e pegar, é duro. A prefeita sabe dessa dificuldade. É um período importante, mas a assistência técnica está lá. O Incra tem uma chamada pública em 2011, que vai mais de 69 milhões. Na verdade, o Incra, em São Paulo, tem um bom investimento.

Pelo cálculo que fizemos ontem, os extensionistas são responsáveis, em São Paulo, por mais de 300 bilhões. Esse valor acaba circulando com a ajuda dos extensionistas, considerando o Pronaf e o PAA que, no ano passado, chegou à casa de 95 milhões em São Paulo. Há ainda o crédito inicial. Há muitas questões de crédito que passam por vocês.

Parabéns para vocês e parabéns ao deputado Zico. Esse é um grande desafio. Em São Paulo, o Incra acabou de fazer um recadastramento. Estamos com quase 12 mil acampamentos. Sabemos que, indiretamente, vocês da extensão rural e da assistência técnica também acabam dando o suporte, passando o perrengue que é estar debaixo de lona e conseguem fazer essa interlocução com todos os órgãos federais, estaduais e municipais.

Sabemos da dificuldade de alguns prefeitos que realmente não investem e não querem ver esse acampado que depois irá virar um assentado. Esse trabalho da terra irá possibilitar que comamos comida de verdade, no campo e na cidade.

Estar aqui hoje também é, para mim, uma questão histórica, porque vocês trabalham com a questão dos quilombolas e das famílias negras rurais. Hoje, no Brasil, há mais de sete mil comunidades quilombolas. Isso passa por um grande trabalho por parte de vocês. Há ainda o trabalho do Incra, com a nossa presidente Maria Falcón, e do MDA, que tem como ministro o Patrus Ananias.

Quando era criança, eu também fui aquele garotinho que levava o almoço em uma marmita para o seu avô. Tinha que estar na chácara às 11 horas. Toda vez que vou a um assentamento, lembro os meus oito anos, quando fazia essa correria. Por ser o mais velho de quatro irmãos, era eu quem saía correndo para levar o almoço do meu avô. Fico emocionado ao lembrar isso, porque hoje estou fazendo um trabalho que gosto. Sou militante, gosto da terra e sou apaixonado por ela. Fico muito feliz em estar aqui com vocês.

Parabéns pelo seu trabalho. O Incra compromete-se a melhorar não só as finanças de cada um, mas as condições de trabalho de cada um. Esse também é um compromisso das empresas e do Itesp. Precisamos que o governador também entre nessa turma, fazendo coro a esse grupo para que São Paulo não seja uma falsa locomotiva, mas uma locomotiva verdadeira, com grandes produtos da reforma agrária, com alimentos saudáveis e de qualidade. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Muito obrigado, Amaral. Gostaria de chamar a nossa vereadora de Araçoiaba, a professora Adriana Ribeiro, para fazer parte da Mesa. (Palmas.)

Para uma breve saudação, tem a palavra o nosso companheiro Lincoln Albuquerque, presidente da Afitesp - Associação dos Funcionários da Fundação Itesp.

 

O SR. LINCOLN ALBUQUERQUE - Boa noite a todos. Em nome do deputado Zico, gostaria de cumprimentar toda a Mesa, parabenizando-o pelo evento. Gostaria de cumprimentar todos os colegas que aqui representam as instituições de assistência técnica e extensão rural, assim como toda a Plenária.

Bom, falar do extensionista... Alguém estava brincando e dizendo que eu estava muito branquinho para ser extensionista, dizendo que eu não estava indo para o campo. Também sou filho de boia-fria, meu pai era cortador de cana. Cheguei a ir à roça colher algodão. Lembro que fiquei um dia trabalhando, colhi só uma arroba e logo vi que não daria certo. Decidi ir ao colégio agrícola, estudar e correr atrás.

Gostaria também de parabenizá-los pela lembrança do extensionista, pois é ele que faz essa ponte, ele é o responsável por levar essas políticas públicas até o agricultor familiar. Sabemos que o agricultor familiar tem a sua vivência e sua experiência, mas a atuação do extensionista é fundamental para que consigamos atingir o desenvolvimento baseado em um alimento de qualidade, baseado na agroecologia, na preservação do meio ambiente. Estamos vendo hoje a crise pela qual estamos passando em termos de água, entre outros. O produtor rural, quando bem assistido e orientado, é um grande produtor de água. Muitas vezes, percebemos que isso não é valorizado. Vemos que a sociedade faz essa discussão quando há falta, mas quando se resolve alguma coisa o campo fica esquecido.

Na Fundação Itesp, temos uma equipe multidisciplinar, pois o trabalho de extensão, além da questão agrícola, trabalha com gênero, com igualdade racial e com todas as discussões que passam pela sociedade. Precisamos ter instituições preparadas para que isso seja enfrentado e valorizado, ajudando no desenvolvimento.

Lembro-me que, quando comecei no Itesp, eu era vendedor de veneno na região de Birigui. Quando comecei a trabalhar no Itesp, tive a oportunidade de conhecer a agroecologia. É uma resistência, pois é uma mudança de cultura. Às vezes, o extensionista precisa que os órgãos e governos invistam em sua formação. Para abordar o tema da agroecologia havia uma resistência, porque eu sabia fazer receita de vários venenos. Mudar totalmente essa visão e trabalhar com uma visão agroecológica é algo que requer investimentos, que requer uma instituição preparada. Percebemos que as políticas públicas precisam olhar mais para esse lado. Na nossa instituição, principalmente, nós temos essa carência.

Meu primeiro diretor foi o Carlão, a quem eu gostaria de agradecer pelos ensinamentos. No campo, temos que aprender a ouvir mais do que falar. Muitas vezes, temos que tomar cuidado para não sermos donos da razão, pois podemos acabar não conseguindo fazer o trabalho. Tivemos, naquele momento, naquele início, grandes professores. Alguns deles estão aqui: a Maju, o Lóis, o João Leonel. Eram pessoas que comandavam a instituição. As políticas públicas que executávamos naquele momento tinham uma preocupação com a formação do profissional, mas isso foi se perdendo ao longo do tempo. Precisamos rever isso.

Sabemos que há aqui pessoas que representam o Poder Executivo e esperamos que essas autoridades invistam nessa formação. O profissional, às vezes, é teimoso, mas se estiver bem preparado, ele conseguirá enfrentar de alguma forma, pois o trabalho de extensão rural é algo realmente apaixonante. Você se envolve, você começa a fazer parte daquelas famílias, pois sabe que há um compromisso, e você sofre quando não sente um respaldo, quando não sente essa retaguarda.

Acho que essa homenagem é muito válida, muito importante e serve para fazermos essa reflexão. Gostaria de agradecer pessoalmente ao Carlão, em nome de todos os homenageados, e agradecer a todos pela oportunidade de falar.

Vou pedir licença, pois tenho que ir a Prudente e tenho horário de ônibus. Pessoal, muito obrigado por tudo e bom evento a todos.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Agradecemos ao Lincoln e pedimos desculpas ao João, porque o Lincoln tem passagem de ônibus comprada. Se ele perder o ônibus, não vai a Prudente hoje.

Gostaria de passar a palavra ao João Carlos Corsini, assistente de direção da Diretoria Adjunta de Políticas de Desenvolvimento do Itesp.

 

O SR. JOÃO PAULO CORSINI - O Lincoln disse que, se eu não desse a palavra, eu pagava a passagem dele, então...

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - É, não vai fazer igual ao Amaral. O Amaral disse que eram 11 horas, 11 horas já era merenda para nós, na roça. O almoço dela era 11horas.

 

O SR. JOÃO PAULO CORSINI - Em nome da Fundação Itesp, do Pilla, trago um abraço e um agradecimento por participar dessa comemoração do “Dia do Extensionista Rural". Boa noite a todos, à prefeita Mara, ao Reinaldo do MDA, ao Amaral do Incra, ao sorocabano Hamilton, aos presentes, tem muita gente aí que faz parte da minha passagem pelo Itesp desde o IAF, há muito tempo.

O Itesp assiste, hoje, a doze mil famílias, parte assentada em 180 assentamentos, 136 do estado, e já reconheceu 33 comunidades quilombolas. São pessoas que precisam do resgate da cidadania, o trabalhador sem terra ficou à margem do processo produtivo e esse é o papel do extensionista.

O quilombola ficou tão escondido pela sua história que se escondeu até das políticas públicas. Assim, hoje, é papel do extensionista buscar essa transformação. Ele deve ter uma atitude de educador, de resgatar os sonhos, os valores e a cultura dessa gente. Não é o caso de dar números de quanto produzimos por hora para não nos alongarmos aqui.

Estamos buscando elevar a produção dessa turma, dos assentados, dos quilombolas, buscando tecnologias na produção leiteira e assim vai. Não é o caso de dispor programa por programa aqui.

Um abraço a todos, meus agradecimentos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Muito obrigado, João Carlos Corsini.

Quero passar a palavra ao senhor Abelardo Gonçalves Pinto, presidente da Apaer, Associação Paulista de Extensão Rural.

 

O SR. ABELARDO GONÇALVES PINTO - Boa noite a todos e a todas. Na figura do Zico eu quero homenagear a toda a Mesa e parabenizar o Zico por essa iniciativa de valorização da extensão rural. Valorizar o Dia do Extensionista é valorizar a extensão rural.

Na figura do Hiromitsu e do Carlão, gostaria de homenagear a todos os extensionistas aqui presentes. Este é um momento de muita confraternização e de trabalho conjunto, de valorização conjunta. Cumprimento a Mesa, os presentes e as associações.

Extensão rural é um trabalho a muitas mãos e sempre precisamos nos lembrar disso, porque, muitas vezes, as instituições acabam tentando resolver todos os problemas sozinhas e nós defendemos, na Apaer - Associação Paulista de Extensão Rural -, que é uma organização que procura abrigar profissionais de todas as instituições, o trabalho conjunto, o trabalho em rede.

Vimos, nesse caminho do trabalho em rede, a perspectiva de a extensão rural evoluir ainda mais. Eu diria que, no momento em que vivemos no Brasil, com tanto pessimismo e negativismo, a extensão rural é um aspecto muito positivo hoje no Brasil. Por quê? Porque, ao contrário de outros tempos, hoje temos políticas públicas de alta qualidade voltadas à agricultura familiar.

Comemoramos agora 20 anos de Pronaf, temos as compras governamentais, o crédito fundiário, os programas de capacitação de agricultores e agricultoras, enfim, temos este momento muito feliz, de políticas muito boas, e sabemos que não adianta termos boas políticas públicas, precisamos ter organizações com extensionistas que ajudem os agricultores a acessar essas políticas.

Este é o grande desafio da extensão rural, dialogar com essa massa de agricultores familiares para que eles possam ter acesso a essas políticas e, a partir daí, melhorar a qualidade de vida, a renda, gerar emprego no campo. Este é o grande desafio, tanto para a agricultura familiar quanto para os extensionistas: gerar emprego, renda e qualidade de vida no campo.

Isso se faz com um conjunto de organizações que hoje estão aqui presentes: a Fundação Itesp com seu trabalho importantíssimo junto aos assentamentos de reforma agrária e aos quilombos; e a Cati, atendendo toda a agricultura, um amplo leque. E, a partir dos últimos anos, atendendo também a comunidades indígenas e de pescadores artesanais.

São muito importantes as organizações não governamentais, que estão em São Paulo trazendo inovações. Tive oportunidade de participar da Comissão de Seleção de Boas Práticas de Ater, e pude ver a excelente qualidade dos circuitos curtos de comercialização, produção e consumo. As organizações não governamentais têm trabalhado nessa área, na figura da professora Ondalva, do Instituto Auá, que também trabalha a questão da proximidade produtor/consumidor, bem como a questão dos alimentos saudáveis. Os extensionistas têm hoje uma rede de organizações com as quais podem dialogar. Este é um espaço de diálogo, o que é importante. A extensão rural precisa dialogar muito entre si.

Temos uma rede de extensão muito rica, multidisciplinar, como foi falado. Temos um conjunto de políticas públicas muito boas. Temos uma política nacional que dá o norte, uma política de base tecnológica, da transição agroecológica; isso nos dá o norte para as metodologias de extensão rural, que devem ser participativas. E aí está o grande desafio, como diz a professora Ondalva: deixar o ego de lado e trabalhar pelo outro, no diálogo, resgatando os ideais de Paulo Freire, de comunicação de fato, verdadeira. E o desafio da multidisciplinaridade. Se isso não se consegue dentro das organizações, onde muitas vezes os profissionais são da área de ciências agrárias, vamos buscar essa multidisciplinaridade talvez trabalhando conjuntamente entre as diversas organizações.

Mas sem esquecer que, se temos esse cenário positivo que descrevo, temos também a luta para que ele melhore, ou não se desfaça. Para isso, precisamos recompor os quadros extensionistas. Falaram dos cabelos brancos do Carlão. É um sinal de que precisamos fazer mais concursos públicos, para renovar o quadro extensionista em São Paulo - da Cati, do Itesp e de todas as organizações. Então, é preciso uma luta permanente. Deste modo, o Poder Legislativo joga papel decisivo também frente ao governo, para que façamos esses concursos. É necessário colocar, nos planos plurianuais e leis de diretrizes orçamentárias, a possibilidade de termos concursos públicos a fim de repor essa massa de pessoas que estão se aposentando. É preciso manter um serviço de qualidade.

Valorização também significa reposição salarial. Sabemos da luta das várias instituições de extensão rural, como Itesp e Cati, pela reposição salarial. Também é uma maneira muito importante de mantermos serviço de qualidade no campo e darmos um horizonte, sobretudo para a juventude, que não enxerga mais no rural um lugar de perspectiva de desenvolver todo o seu potencial humano e acaba buscando nas cidades as alternativas profissionais e de futuro. Para que tenhamos no campo essas alternativas para os jovens, precisamos de uma extensão rural fortalecida, que conheça de fato as necessidades dos agricultores, dialogando com eles e construindo com eles os caminhos da qualidade de vida no campo, de geração de emprego e de futuro para a juventude rural. Parabéns a todos, aos extencionistas que serão homenageados daqui a pouco. Que todos consigamos valorizar cada vez mais a extensão rural. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Muito obrigado, Abelardo. Tem a palavra, para uma breve saudação, o Sr. Victor Branco de Araujo.

 

O SR. VICTOR BRANCO DE ARAUJO - Boa noite a todos. Boa noite, deputado. Agradeço pelo honroso convite para estar aqui. Boa noite à Mesa e aos colegas presentes. Represento a Agroesp, associação que abrange todos os assistentes agropecuários, que são os técnicos da Cati que fazem a extensão rural. Represento-os na qualidade de presidente dessa instituição. Hoje, estou no departamento de sementes e mudas. Já não é tanto uma área de extensão. Mas há 32 anos, eu comecei trabalhando como extensionista rural em Capão Bonito.

Você falou do prefeito de Guapiara. Em Capão Bonito eu atendi os três municípios: Capão Bonito, Guapiara e Ribeirão Branco. Então nós tínhamos que correr por todo aquele sertão, ver aqueles coitados que plantavam tomate com muito custo.

Ali que eu falei: “Puxa vida, é isso que eu escolhi como minha profissão.” Saí da capital de São Paulo e não conhecia muita coisa. Minha avó plantava pés de milho no quintal e nós íamos carpir quando crianças, eu e meus irmãos. Esse era nosso conhecimento de roça, para chegar em uma Guapiara, naquele fim de mundo, aquele morro. Tínhamos que arar o morro “terra abaixo”.

Eu disse: “Aqui há coisas para se fazer.” Então íamos tentando ajudar. O recurso era pouco, mas íamos lá buscar recursos, através do financiamento da Caixa Estadual, na época. Eles davam um recurso para que o agricultor plantasse e nós íamos fazer a fiscalização desse crédito rural.

Eu lembro que, na época, dava até dó. Você entrava na casa do trabalhador da roça e não havia nem uma cama para dormir o coitado do agricultor. A cama dele era um monte de varas, e ele estava ali, plantando com aqueles recursos.

Às vezes eles pediam seguro rural. Nós íamos ver o que haviam dado de tecnologia para esse cara. Era um dinheiro que mal dava para fazer aquela “rocinha”. Não dava para fazer, tecnicamente. Então, tentávamos orientar. Buscávamos trazê-lo para a Casa de Agricultura para fazer cursos, essas coisas.

Foi uma coisa pela qual eu fui me apaixonando. Fiquei cinco anos naquela região. Foi um tempo maravilhoso, no qual aprendi muito. Acho que a melhor coisa da extensão rural, o que traduz a extensão rural mesmo é o ser humano para o ser humano.

Temos que entrar em uma comunidade e conhecer aquela comunidade. O que eles querem? É preciso participar. É o ser humano com o ser humano. Isso traduz a extensão rural. O conhecimento, a tecnologia, tudo se consegue, cada vez mais, hoje em dia. Agora, conseguir ser amigo da pessoa e levar alguma coisa é uma coisa boa.

Então, fico muito feliz quando há uma homenagem para o extensionista rural como esta. Nós merecemos. Me considero também merecedor disso. Como todos vocês são. Cada um de nós merece, seja da Secretaria da Agricultura ou do Itesp, com carros velhos, sem dinheiro para combustível e para as diárias, pedindo dinheiro emprestado para ir atender o agricultor. Quantas vezes o carro não quebrou e fomos obrigados a voltar a pé. Graças a Deus, eu não passei muito por isso, porque tive sorte, mas sentimos muita dificuldade.

Portanto, acho que não há nada mais valoroso do que homenagear o extensionista. Homenageando o extensionista, estamos homenageando também aquele agricultor familiar coitadinho que está lutando até hoje, que está até hoje buscando progresso.

Nós somos parte disso. O extensionista é parte desse processo, e vai continuar sendo.

Esse é meu recado. Obrigado e boa noite.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Quero agradecer ao Victor. Para uma breve saudação, tem a palavra o senhor Ricardo Cerveira, presidente do IBS.

 

O SR. RICARDO CERVEIRA - Boa noite a todos e a todas, membros da Mesa. Em nome do nobre deputado José Zico Prado, quero agradecer este momento que estamos tendo para sermos homenageados como extensionistas.

O IBS é novo, vai completar agora dez anos. É uma entidade que começou atuando muito fortemente com agricultura orgânica. Nosso time vem desse movimento. Entendemos como sendo prioritária a valorização da agricultura familiar dos assentados da reforma agrária.

De que forma? Nós procuramos levar tecnologia para esse público. Estamos observando ao longo do tempo uma evolução muito grande dessas comunidades quando eles recebem a oportunidade de ter tecnologia. Hoje, o grande produtor tem. O pequeno ou menor, aquele não tão importante quanto - em termos de área -, tem mais dificuldade de acesso.

Quando o extensionista leva esse conhecimento junto a esse produtor, ele dá um salto de qualidade de produção, de qualidade de vida, de qualidade nas relações. Isso para nós é motivo de orgulho. Fugi um pouco do padrão da faculdade, sou engenheiro agrônomo e sinto que a maioria de nossos colegas envereda para grandes produções de “commodities”, porém, tem uma turma que também procura trabalhar com agricultor familiar. E é uma delícia trabalhar com esse povo. Esse pessoal cresce, de maneira absurdamente elevada, quando tem acesso a todo esse conhecimento que procuramos aprender junto com eles.

Senti-me muito honrado de estar aqui, ainda mais sabendo que um membro do nosso time, da nossa equipe vai ser homenageado, o Henri. Sei que tem uma luta muito maior que o IBS, mas ficamos muito felizes de receber essa homenagem de vocês.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Quero agradecer ao Ricardo.

Neste momento, passo à solenidade de entrega das placas aos extensionistas homenageados. Convido o Sr. Ricardo Cerveira para entregar a placa de extensionista rural, representando a defesa federal, para o Sr. Henri Alexandrino de Souza. (Palmas.)

 

* * *

 

- É feita entrega de placa. (Palmas.)

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO - Henri Alexandrino de Souza, 31 anos, nasceu na cidade de Andradina, São Paulo. É filho do agricultor Getúlio Rosendo de Souza e da professora Domingas Mendes Alexandrino de Souza, assentados do Projeto de Assentamento Timboré, em Andradina, local onde morou e passou toda a sua infância. Cursou técnico em agropecuária.

Em 2003, iniciou-se no trabalho como agente de assistência técnica e extensão rural, Ater, na região de Andradina, e, posteriormente, em outras localidades do estado, tendo trabalhado em várias terceirizadas que organizam os trabalhos de extensão rural ao produtor, através de visitas técnicas, orientação voltada à produção e liberação de créditos, elaboração de projetos da linha Pronaf e elaboração de projetos referentes ao Programa de Aquisição de Alimentos, PAA. Atualmente, presta serviço para o Instituto BioSistêmico na função de gestor do Núcleo Operacional de Araraquara, atendendo 2.874 famílias nessas modalidades. (Palmas.)

Tem a palavra, para uma breve saudação, o Sr. Henri Alexandrino de Souza. (Palmas.)

 

O SR. HENRI ALEXANDRINO DE SOUZA - Boa noite a todos. Sinceramente, eu estou com muita vergonha hoje. Primeiramente, quero agradecer, porque é uma honra poder representar o trabalho. Eu sou filho de assentados e me formei como técnico agropecuário para trabalhar com assentados, para trabalhar com quem precisava naquele momento. Nunca imaginei chegar aqui, hoje, e ser homenageado. Quero agradecer - muito obrigado mesmo, do fundo do meu coração - ao deputado Zico por homenagear todos os extensionistas e por eu poder estar participando disto.

Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Muito obrigado, Henri, não só pelas palavras, mas pelo trabalho que você tem feito junto aos assentados na região de Andradina.

Convido o Sr. Eduardo Galetta para entregar a placa de extensionista rural, representando a esfera estadual, para o Sr. Hiromitsu Gervásio Ishikawa. (Palmas.)

 

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- É feita entrega de placa. (Palmas.)

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO - Hiromitsu Gervásio Ishikawa, 56 anos, natural de São Paulo, é engenheiro agrônomo, produtor rural de batata, tomate, pimentão e hortaliças em geral.

Foi o primeiro presidente da Associação de Produtores Rurais de Socorro. Coordenou o trabalho de introdução do cultivo comercial de hortaliças no município de Socorro e de produção de sementes híbridas de hortaliças na região de Bragança Paulista. Colaborou na formação de grupos de produtores orgânicos em bairros da cidade de Socorro, tendo o primeiro campo de produção de mudas de morango orgânico certificado pela Cati, e também foi pioneiro na introdução dos cursos práticos de apicultura na mesma cidade.

Atualmente trabalha na Divisão de Extensão Rural da Cati, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, como responsável pela área de agricultura orgânica. Para uma breve saudação, tem a palavra o Sr. Hiromitsu Gervásio Ishikawa.

 

O SR. HIROMITSU GERVÁSIO ISHIKAWA - Boa noite a todos. É uma satisfação a presença de todos vocês aqui. A minha maior alegria hoje é ter esse reconhecimento de 30 e tantos anos de luta na extensão rural. Realmente, é muita luta e sofrimento. O negócio da extensão rural é para pessoas que amam o que fazem, porque não é fácil, não, gente. Esse reconhecimento dá forças para nós, extensionistas, continuarmos nosso trabalho diário. Pretendo trabalhar até mais de cem anos, comendo alimento orgânico e saudável, divulgando essa tecnologia para todas as pessoas e, também, para que possa melhorar a vida dos agricultores, sua qualidade de vida, sua família, e ter como base a família dentro do coração de cada um, para poder realmente construir um País mais sério, mais justo e mais honesto. Muito obrigado. Agradeço em nome de todos nós, extensionistas, por essa homenagem. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Obrigado, Sr. Hiromitsu. Convido o nosso querido Hamilton Pereira, para a entrega da placa de extensionista, representado pela esfera municipal o Sr. Raimundo Carvalho Palmeira Junior, o Raimundinho.

 

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- É feita a entrega da placa. (Palmas.)

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO - Raimundo Carvalho Palmeira Junior, natural de Araguanã, Maranhão, passou grande parte de sua vida no estado de Mato Grosso, onde se graduou engenheiro agrônomo. Foi em Mato Grosso que a família se tornou assentada da reforma agrária. Veio para o estado de São Paulo para trabalhar com assistência técnica e extensão rural nos assentamentos do Incra. Fixou residência em Araçoiaba da Serra, região de Sorocaba, e passou a trabalhar com os assentamentos do Incra na região. Em 2013, a prefeita Mara Melo, do município de Araçoiaba da Serra, o convidou para dirigir a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, onde permanece até hoje. Entre os trabalhos desenvolvidos, estão as políticas de agricultura familiar, com a instalação do serviço de inspeção municipal, feira da Agricultura familiar e fortalecimento do Pronaf no município, em parceria com o Banco do Brasil, Casa da Agricultura e Sindicato Rural. Além da atuação conjunta com o Incra para a implantação da unidade municipal de cadastramento, ações junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, a Coater e a Ater Agroecológica. Com a palavra, para uma breve saudação, Raimundo Carvalho Palmeira Jr.

 

O SR. RAIMUNDO CARVALHO PALMEIRA JUNIOR - Boa noite. Quero agradecer ao deputado José Zico Prado por lembrar do Dia dos Extensionistas, tão importante para a implementação de políticas públicas para a agricultura familiar e agroecológica no campo. Lembrou-se dos extensionistas neste dia. Muito obrigado, deputado.

Agradeço à prefeita Mara Melo, pela oportunidade de trabalhar lá em Araçoiaba e na região, ao ex-deputado Hamilton Pereira, ao Reinaldo Amaral, Incra e MDA e todas as instituições e colegas extensionistas que estão aqui presentes. Nós nos sentimos como um grilinho no meio de tantos extensionistas de longas datas, que tem experiência e, como o Henri falou, nós nos sentimos até envergonhados. Mas estamos aqui, representando esta nossa geração, depois de tantos anos sem extensão rural no Brasil. Os últimos dez anos têm representado um avanço nas políticas públicas e o extensionista é baseado em uma nova matriz tecnológica, que é a agricultura orgânica e agroecológica - também para oferecer alimento de qualidade à nossa população, e também saúde e desenvolvimento humano no campo. Muito obrigado por lembrar-se dos extensionistas e aqui, em nome de todos os extensionistas, agradeço muito, e parabéns a todos nós. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Obrigado, Raimundo. Convido a Sra. Priscila Faria Barbosa dos Santos para entregar a Placa de Apoio ao Trabalho de Extensão Rural para a professora Ondalva Serrano.

 

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- É feita a entrega da placa. (Palmas.)

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO - Ondalva Serrano, agrônoma, tem sua história intimamente ligada ao movimento em defesa da agroecologia, de políticas públicas integradas e da criação de verdadeiros espaços educadores e conscientizadores. Ondalva sempre acreditou que as interações entre os setores público e privado e a sociedade civil são a base para a construção de um coletivo sustentável.

Dedicou-se, por mais de 10 anos, em tempo integral, à docência na Esalq - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, unindo a teoria, com base na agricultura ecológica, à preocupação com o aprendizado vivencial dos alunos. Já na década de 1980, trouxe esse conhecimento para a experiência como diretora de Agricultura e Abastecimento da Prefeitura de São Roque, onde, por nove anos, implantou políticas de produção e abastecimento orgânicos para alimentação escolar e das famílias.

É sócia fundadora da Associação de Agricultura Orgânica, da qual foi presidente nas gestões de 1994 a 1996 e de 2009 a 2013. Ondalva também foi fundadora e presidente da Cooperativa Mista de Produtores e Pesquisadores em Técnicas Regenerativas e Autossustentáveis na Agropecuária, em São Roque, e, entre 2010 e 2013, foi presidente da Câmara Setorial de Agricultura Ecológica da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.

Ao transitar pela capacitação de equipes intersetoriais que integraram a rede de programa de jovens, Ondalva passou a ampliar os instrumentais de conhecimento da realidade local e da formação de técnicos em programas de desenvolvimento da sustentabilidade do município, trabalho que vem desenvolvendo atualmente em Araçoiaba da Serra pelo Instituto Auá, do qual é conselheira.

Com a palavra, para uma breve saudação, a Sra. Ondalva Serrano.

 

A SRA. ONDALVA SERRANO - Boa noite a todos e a todas. Para mim, isso foi uma surpresa, pois não estava previsto na programação. A idade possibilitou que eu tivesse a oportunidade de vivenciar, na década de 1980, a experiência viva do que acreditávamos ser a base da sustentabilidade de uma comunidade local.

Aproveitando a oportunidade das Diretas Já - uma nova gestão, saindo do regime militar para uma possibilidade de reconstrução da nossa sociedade -, tivemos a oportunidade, por oito anos, de sermos diretora de Agricultura e Abastecimento, com a liberdade de poder criar. Na ocasião, nosso compromisso com a Associação de Agricultura Orgânica nos fez chamar um profissional de Campinas, que veio ao município de São Roque para nos ajudar nesse processo.

Pudemos ter o prazer de construir uma horta municipal ampla, com hortifrutigranjeiros, e abastecer a merenda escolar de todo o município. Tivemos a oportunidade de criar um sistema de extensão no qual tínhamos posto de monta, inseminação artificial em bovinos e serviços de fornecimentos de mudas e sementes.

Tivemos a oportunidade também de começar uma pequena escola agrícola municipal de Ensino Fundamental. Nessa escola, as crianças, em sistema de contraturno, viviam a realidade rural para adquirir essa vivência e essa convivência que formam pessoas com capacidade de se autoconhecer, conhecer o outro e conhecer as leis que regem a natureza e a vida, para assim se sentir fortes e, em conjunto, construir sociedades melhores.

Estes oito anos foram fantásticos, me enriqueceram muito. Eu senti o quanto um extensionista é educador: educador de si, educador da comunidade, educador da família, educador do produtor. Eu me senti bastante realizada. Nunca me senti uma extensionista, mas tive a vivência disso e agradeço a vocês por terem me lembrado.

O resto de vida útil que tenho eu gostaria de dedicá-la a um processo que acho fundamental: apoiar os extensionistas para que desenvolvam instrumentais de alto conhecimento, de alto gerenciamento, de valorização do programa genético singular que existe dentro de cada um e, em sendo educadores vocacionais, poderem se instrumentalizar para serem co-construtores de uma sociedade melhor, mais justa, mais solidária.

Obrigada por esta oportunidade. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Convido o Carlão Medeiros para receber, das minhas mãos, a placa em homenagem aos demais extensionistas do estado de São Paulo.

 

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- É feita a entrega da placa. (Palmas.)

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO - Carlos Fernando da Rocha Medeiros, engenheiro agrônomo, 69 anos, nasceu em São João da Boa Vista, SP.

Iniciou seu curso de Agronomia em 1965 na Esalq, USP, em Piracicaba.

Sua trajetória como extensionista teve início ainda no período acadêmico ao se juntar ao grupo que, aplicando os ensinamentos de Paulo Freire, criou o movimento de alfabetização de adultos de Piracicaba dando aulas na periferia da cidade para os boias-frias, cortadores de cana da região.

Em 1968, em pleno acirramento da ditadura militar, trancou a matrícula para se engajar mais efetivamente na luta contra a ditadura, já como militante da Ação Popular Marxista Leninista do Brasil.

Tornou-se trabalhador rural para apoiar a luta dos camponeses na região de Santa Fé do Sul, que culminou com a segunda edição do Arranca Capim, onde conviveu com o jovem sindicalista José Zico Prado.

Foi preso e torturado em 1970. Condenado e foragido, aguardou a anistia na clandestinidade, concluindo o curso de Agronomia em 1981.

Trabalhou na Coordenadoria de Abastecimento da Secretaria de Agricultura de São Paulo integrando-se ao grupo de apoio à implantação dos primeiros assentamentos estaduais no governo Montoro.

Em seguida, passou a ser diretor de operações do antigo Instituto de Assuntos Fundiários, hoje Fundação Itesp.

Integrou-se ao grupo que ficou conhecido como técnicos militantes da reforma agrária. Foi técnico de campo no período da implantação dos assentamentos Sumaré I e II.

Em Moçambique, trabalhou na organização da produção familiar de algodão no período de 1988 a 1990.

De volta ao Brasil, reintegrou-se ao Itesp, participando da grande jornada de arrecadação das terras devolutas do Pontal do Paranapanema nos anos 90 com a implantação dos assentamentos emergenciais e definitivos, mantendo contínuo diálogo com os movimentos sociais com destaque para o MST.

Foi assessor da liderança do PT na Alesp na área da Agricultura e política agrária por sete anos.

Em 2012 voltou ao trabalho de base atuando novamente como extensionista junto ao assentamento Porto Feliz e Quilombo Cafundó.

Tem a palavra, para uma breve saudação, o Sr. Carlos Medeiros.

 

O SR. CARLOS MEDEIROS - Boa-noite, pessoal. Quero agradecer a generosidade do pessoal que me indicou para ser homenageado e ao mesmo tempo dividi-la com o grupo de técnicos do Itesp pioneiro na nova fase da reforma agrária iniciada nos anos 80 conhecido como técnicos militantes da reforma agrária.

Naquela época, tinha acabado a ditadura e a expectativa dos trabalhadores era que dessa vez iria ter reforma agrária. O governo federal ainda não tinha se proposto a iniciar um programa efetivo de reforma agrária na época. Daí então o governo estadual fez uma lei possibilitando utilizar as terras públicas estaduais para implantação de assentamentos. Eu passei a fazer parte dessa equipe, e é com eles que eu quero dividir esta homenagem.

Ser extensionista rural é semelhante ao que o deputado José Zico Prado fala do agricultor. Ele fala que ser agricultor não é vocação, é vício. E o extensionista rural, como já foi dito aqui, ele é um teimoso, porque além de nos envolvermos com esses agricultores que pouco têm acesso à cidadania, e às políticas públicas nós acabamos tendo o mesmo sofrimento deles, e ao mesmo tempo a mesma luta, e a mesma esperança. Além disso, o extensionista rural, no meu ponto de vista, é um setor ainda pouco valorizado na sociedade e pelos governos. Haja vista a situação de muitos extensionistas do Itesp, da Cati, que vivem lutando para serem reconhecidos, para ter salários dignos, para ter recomposição salarial, para ter uma carreira que realmente valorize a nossa profissão.

Acho que a melhor homenagem que poderíamos ter no ano que vem seria esse reconhecimento oficial por parte de todos os níveis de governo.

É isso moçada, a luta continua!

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Esta Presidência, em nome de toda a Assembleia Legislativa, quero agradecer às representações Agroesp, Fundação Itesp, a Cati, escritório de São Paulo, o Instituto Polís, Apaer, Sindidraf, Itesp, Incra, IBS, MDA, Ocesp, Fitesp.

Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência agradece às autoridades presentes, à minha equipe, aos funcionários dos serviços de Som, da Taquigrafia, de Atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV Legislativa, das Assessorias Policiais Civil e Militar, bem como a todos que, com suas presenças colaboraram para o êxito desta sessão solene.

 Convido a todos para prestigiar a exposição de banners fotográficos desenvolvidos pelas entidades prestadoras de serviço de extensão rural no Espaço IV Centenário, no Andar Monumental. Esta Presidência solicita que todos viessem aqui para frente para fazer uma grande foto com todos os extensionistas. Agradeço também a presença dos dois vereadores, tanto o Cativa quanto a Adriana. O Cativa veio de Birigui e a Adriana, lá de Araçoiaba da Serra.

Está encerrada a sessão. Muito obrigado a todos.

 

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- Encerra-se a sessão às 22 horas e 07 minutos.

 

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