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10 DE JUNHO DE 2016

081ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO e CORONEL CAMILO

 

Secretário: CORONEL TELHADA

 

RESUMO

 

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

2 - CORONEL CAMILO

Avalia que há deficiência no ensino de valores à juventude. Menciona conversas que teve com autoridades da Educação acerca da inclusão, nos currículos escolares, de disciplinas relacionadas à educação moral e cívica. Argumenta que todos têm direitos, mas também deveres.

 

3 - CORONEL TELHADA

Endossa o pronunciamento do deputado Coronel Camilo quanto à ausência de valores na sociedade. Exibe foto do policial militar goiano Renato Simões, assassinado durante o atendimento a uma ocorrência, a qual relata. Acusa a imprensa e muitos políticos de defender criminosos.

 

4 - CORONEL CAMILO

Assume a Presidência. Concorda com as declarações do deputado Coronel Telhada.

 

5 - JOOJI HATO

Defende projeto de lei, de sua autoria, em tramitação nesta Casa, que decreta "toque de acolher" para adolescentes em certas circunstâncias. Comenta o caso do garoto Ítalo, de dez anos, morto em confronto com a polícia. Discorre sobre o acidente na Rodovia Mogi-Bertioga, envolvendo um ônibus que levava estudantes universitários para casa após as aulas. Defende a duplicação da rodovia citada. Propõe a liberação do acostamento das estradas para circulação em baixa velocidade.

 

6 - CORONEL TELHADA

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

 

7 - PRESIDENTE CORONEL CAMILO

Defere o pedido. Apoia o pronunciamento do deputado Jooji Hato a respeito do caso do garoto Ítalo. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 13/06, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Lembra a realização de sessões solenes: hoje, às 20 horas, com o objetivo de "Prestar homenagem ao 10 de junho - Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas"; e 13/06, às 10 horas, para "Comemorar os 70 anos do Secovi-SP - Sindicato da Habitação". Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Jooji Hato.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Coronel Telhada para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - CORONEL TELHADA - PSDB - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Ramalho da Construção. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Professor Auriel. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Gileno Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Adilson Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Milton Vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Alencar Santana Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Luiz Fernando. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Welson Gasparini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Jooji Hato. (Na Presidência.) Tem a palavra o nobre deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Coronel Telhada. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Delegado Olim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado João Paulo Rillo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra a nobre deputada Beth Sahão. (Pausa.) Tem a palavra a nobre deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra a nobre deputada Marta Costa. (Pausa.) Tem a palavra a nobre deputada Marcia Lia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Carlos Neder. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Teonilio Barba. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Luiz Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Tem a palavra a nobre deputada Célia Leão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Orlando Bolçone. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Coronel Camilo.

 

 O SR. CORONEL CAMILO - PSD - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde a todos. Boa tarde aos nossos assessores, aos nobres deputados, a você que nos assiste pela TV Assembleia.

Queria falar um pouquinho, para todos vocês que nos acompanham, sobre valores. Nós estamos carentes de valores na nossa sociedade. Faltam valores, falta solidariedade, falta nós trabalharmos melhor os nossos jovens, falta nós trabalharmos melhor a cidadania.

Estive, semana retrasada, falando com o nosso secretário da Educação. Esta semana fui ao Conselho Estadual de Educação conversar com o professor Callegari para ver a possibilidade de incluirmos, ou como uma disciplina, ou como um espaço na sala de aula, a discussão de cidadania. Nós precisamos discutir cidadania em sala de aula.

A LDB diz que os valores têm que ser transversais às disciplinas, diz que cidadania tem que ser transversal as demais disciplinas, diz que os direitos humanos têm que estar dessa forma, mas nós sabemos que isso não está acontecendo. Infelizmente, não está acontecendo. Como policial militar e como profissional de Segurança, sei que a consequência de não se internalizar valores nós vemos nas ruas, nos nossos jovens e até, infelizmente, nas crianças, como aconteceu semana passada.

Então, precisamos internalizar valores, precisamos fazer com que os jovens entendam que têm liberdade, todos têm liberdade, mas também têm responsabilidade pelos atos que praticam. Têm que saber que todos têm direitos. Realmente, todos têm direitos, mas também têm deveres para serem cumpridos. Têm que saber, principalmente, que o nosso direito acaba onde começa o direito do outro, têm que saber respeitar as pessoas, têm que saber respeitar os mais velhos, têm que saber respeitar a autoridade, a autoridade do professor, a autoridade do prefeito, a autoridade do vereador, do deputado, do policial. Ou seja, todos devem ser respeitados.

Precisamos aumentar a solidariedade na sociedade como um todo, mas, principalmente, nas nossas crianças. Vou dar um exemplo. Nós trabalhamos bastante na Polícia Militar com o programa “Proerd”, que trabalha com as crianças. Muitas crianças deixam de entrar no mundo das drogas por causa disso. Por que eu estou dando esse exemplo? Porque nós precisamos trabalhar nessa faixa etária.

Falar que os conceitos estão internalizados ou transversais nas demais disciplinas, infelizmente, eu falo isso para todos os nossos professores, falei isso no Conselho Estadual de Educação, não está acontecendo. A sugestão é essa, ter um espaço em que possamos discutir isso na sala de aula, internalizar valores nos nossos jovens para que, amanhã, possamos ter um futuro melhor, ter pessoas que exerçam a sua cidadania, ter pessoas que aumentem o seu sentimento de pertencimento, que cuidem não só da sua casa, não só da sua família, mas cuide também da sua rua, do seu bairro, cuide da sociedade como um todo, cuide das nossas crianças em qualquer situação. Ou seja, não só do meu filho, mas eu olho por todos os filhos da sociedade, como tínhamos antes, nas cidades pequenas do interior. Aumentar o sentimento de que tudo nos pertence, que nós vivemos em uma sociedade e precisamos respeitar as pessoas, precisamos ter limites. É isso o que pretendemos.

Muitos falam: “Deputado, o senhor está querendo de volta a disciplina de Educação Moral e Cívica, que tinha no regime militar”. Vou deixar bem claro para você que nos assiste. Eu quero que volte sim, quero que volte a Educação Moral e Cívica, que não é do regime militar.

A matéria de Educação Moral e Cívica ensinava valores, não só valores de respeito, de ética, de moral, de fazer a coisa certa, de fazer a boa ação, mas ensinava também a se cantar o hino, a se cantar o “Hino à Bandeira”, a se cantar o “Hino Nacional”. As crianças sabiam quais eram os símbolos nacionais, não só isso, mas todos aqueles valores que precisamos que as crianças internalizem.

Para deixar bem claro, isso não é do regime militar, surgiu em 1940, implantada pelo presidente Getúlio Vargas. Chamava-se Educação Cívica, Moral e Física, que era a Educação Física, que era junto.

Para que isso? Para internalizar valores. Quando se saiu do regime militar, tiraram tudo isso, como se fosse um problema, e olhem o que estamos tendo hoje: falta de valores, crianças assaltando, jovens assaltando e tirando a vida das pessoas. Por qualquer coisa já estão atirando e tirando a vida das pessoas. Por quê? Falta de valores na nossa sociedade.

Esperamos que o Conselho de Educação avalie com carinho essa proposta de voltar às escolas disciplinas que discutam cidadania e valores dentro da sala de aula.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre deputado Marcos Damasio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado André Soares. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Celso Giglio. (Pausa.)

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Carlão Pignatari. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Coronel Telhada.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PSDB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários da Assembleia Legislativa, policiais militares presentes, público que nos assiste pela TV Assembleia, ouvi atentamente o discurso do Coronel Camilo, que é meu amigo há muitos anos, desde 79, quando ingressamos no Barro Branco, e estou de pleno acordo com a posição de V. Exa., realmente precisamos rever a Educação de nossos jovens.

Nós, que somos policiais militares, sabemos que todos os problemas relacionados com a criminalidade, com a violência que impera, não só em São Paulo, mas em todo o Brasil, é resultado de uma má educação, de uma má formação, de uma má base familiar, de uma falta de crença, da falta de valores básicos, de civismo, de cidadania, enfim, de todos os valores básicos que o cidadão deve ter e que não estamos vendo em nossa sociedade.

Pelo contrário, estamos vendo uma escola politizada, onde a esquerda impera, dizendo contra a família, contra Deus e contra as instituições. O resultado é esse: violência para todo lado.

E quando acontece o que aconteceu na semana passada, aquele menino de dez anos que morreu trocando tiro com a polícia, quem não presta é a polícia. Todo o sistema falha, mas a polícia não presta. Todo mundo lava a mão.

É mais fácil colocar a culpa na polícia e dizer que ela é mal preparada do que falar que a escola está uma porcaria, que a família não está sendo apoiada. A esquerda acabou com o Brasil, mas foi bom que isso acontecesse, para que todo mundo notasse o que realmente é a esquerda. A cara do demônio sempre aparece.

Estamos vendo essa batalha constante e, infelizmente, perdendo valorosos homens e mulheres das forças de segurança em todo o Brasil, que, diariamente, sacrificam-se no holocausto pelo bem da sociedade e a sociedade não os valoriza.

Hoje quero falar sobre um policial militar de Goiás, a distante Goiás, nossa querida Goiás. Recebi, hoje, a notícia da morte de um jovem de 34 anos, um aspirante a oficial chamado Renato Montalvão Simões, de 34 anos. A foto dele está sendo exibida aqui, um jovem militar que servia na 37ª Companhia Independente de Polícia Militar de Goiás.

Durante o atendimento de uma ocorrência, foi atingido no peito por uma facada lançada pelo criminoso Francisco de Assis Fontes, de 42 anos. Vejam o que aconteceu: na manhã do dia 10, na Rua 52, em Goiânia, o policial militar Renato Montalvão Simões, um aspirante da PM, cumprindo seu dever de serviço, constatou que o criminoso, visivelmente transtornado, derrubou móveis, fogão, botijão de gás, quebrou tudo dentro da residência e ainda ameaçou atear fogo na casa.

Novamente a Polícia Militar foi chamada. Ou seja, a Polícia Militar só se mete em encrenca. Encrenca quem joga nas costas da Polícia Militar é a própria população, que, quando se vê em uma situação difícil, tem que ligar para quem? Ela se ajoelha, pede apoio a Deus, mas como Deus é um apoio espiritual, ela tem que pedir um apoio material, que é o da Polícia Militar. Liga 190 e vai a viatura, e lá foi a viatura com esse jovem.

O aspirante Renato Montalvão Simões chegando no local, juntou-se à equipe empenhada no atendimento da ocorrência e controlaram - vejam bem, a casa já estava pegando fogo - e quando tentavam gerenciar a crise, ou seja, conversavam com o criminoso procurando acalmá-lo, o autor lançou a faca na direção do tórax do policial militar atingindo-o em pleno tórax. Ele foi socorrido em estado gravíssimo ao hospital dos acidentados, mas não resistiu ao ferimento e entrou em óbito. O homicida, Francisco, foi detido e autuado em flagrante.

Vejam bem: alguém ouviu algum comentário sobre isso? Alguém viu a imprensa revoltada pelo fato desse jovem de 34 anos ter morrido com uma facada no peito? Alguém viu a família desse policial ser entrevistada pelos direitos humanos pelo absurdo da morte desse menino de 34 anos, trabalhador, formado e tendo uma carreira pela frente? Alguém se incomodou com isso, Coronel Camilo? Vossa Excelência sabe que não. Sabe por que, coronel Camilo? Porque a nossa vida não tem valor, a vida do policial militar não tem valor. Mas neste País, a vida do bandido tem valor. E aqui vários deputados vêm defender bandido. Eu só posso entender que talvez seja porque possam ser eleitores desses deputados. Só pode ser isso.

Não me conformo em uma pessoa eleita para fiscalizar a lei, para ajudar a sociedade, vir defender bandido, eu sinceramente não entendo!

Está aqui mais uma vítima da violência, o aspirante Renato Montalvão Simões, da nossa Polícia Militar do Estado de Goiás.

Eu lembro, Coronel Camilo, que meses atrás tivemos um problema desses, salvo engano, em Bauru, em que um policial militar cercava um homem com um facão e atirou nele. E foi criticado pelo secretário de Segurança Pública à época - e nós nos opusemos à crítica do secretário - dizendo que o policial havia se precipitado.

Digo aos senhores: eu sou patrulheiro, vivi patrulheiro minha vida toda. Se o cara vier com um facão para cima de mim, eu dou um tiro no meio do peito dele sem pensar duas vezes, porque não estou a fim de ser esquartejado ou morrer como o Renato Montalvão com uma facada no peito. E para quem pensa o contrário, faço um convite: da próxima vez que alguém estiver com um facão, uma foice ou uma faca na mão, louco, bêbado ou transtornado, convido você que está nos criticando a dominar esse louco. Vai ver como é fácil!

Então, vamos parar com essa hipocrisia de falar mal da Polícia e defender bandido, porque ou temos uma Polícia forte e atuante ou a sociedade vai para o buraco.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Coronel Camilo.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL CAMILO - PSD - Parabéns pelas suas palavras, que corroboro totalmente. Temos de ter uma Polícia firme.

Se por acaso aquele garoto tivesse acertado o policial militar, provavelmente toda a história seria diferente.

É uma pena que tenha sido uma criança, mas infelizmente era um infrator da lei.

Tem a palavra o nobre deputado Jooji Hato, também um defensor da Segurança Pública.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caríssimo deputado Coronel Camilo, que tão bem comandou a PM, cumprimento as Sras. Deputadas e os Srs. Deputados na pessoa do nosso comandante Telhada, cumprimento o telespectador da TV Assembleia, em cima do que V. Exa. acabou de dizer, meu caro presidente, que se fosse o garoto de 10 anos a ter tirado a vida do PM a conversa talvez fosse outra, quero dizer que eu sou médico e a minha vida sempre foi pautada por prolongar a vida. Mas sabemos que a Polícia tem de dar segurança a todos nós. Só que nós, como cidadãos, às vezes erramos; nós, como parlamentares, às vezes erramos quando o governo não ajuda esta Casa a ajudar a população.

Lembro-me de um projeto que está tramitando na Casa que tem como proposta o “toque de acolher”. Nesse sentido, quero lembrar o projeto do meritíssimo juiz Dr. Evandro Pelarin que em Fernandópolis decretou o “toque de recolher” para os adolescentes que estavam em locais promíscuos, de grande insegurança, onde havia até exploração de trabalho sexual infantil, bares, botecos, boates naquela região.

O Dr. Evandro Pelarin, que hoje é desembargador em Rio Preto, teve o seu projeto como juiz cassado por uma liminar do próprio Poder Judiciário. Mas esse poder para fazer os projetos, na verdade, é desta Casa, e eu já tinha o projeto.

Inclusive, entrevistei o Dr. Pelarin na TV Alesp. Na ocasião, falei isso: “Dr. Pelarin, em vez de o senhor falar “toque de recolher”, que fortalece a oposição, vamos falar em “toque de acolher”, acolher o adolescente no seio da família, acolher o menor que está perambulando pelas ruas do nosso País, pelas ruas de Santa Fé, de Fernandópolis, de Ilha Solteira, Votuporanga, Andradina, tantas cidades; acolher essa criança ao seio familiar, trazer essa criança aos órgãos competentes, dar uma orientação, dar medicamentos, se for preciso; acolher essa criança para que amanhã ela não seja um marginal”.

O Ítalo, de dez anos, na zona sul desta cidade, invadiu um condomínio junto com outro garoto, de 11 anos. Eu fico muito constrangido de estar falando e relembrando do fato. Deixa todos nós entristecidos um garoto de dez anos atirando na Polícia.

A que ponto chegamos? Nós erramos. Talvez esta Casa não tenha errado. Talvez nesta Casa não tenhamos tido a oportunidade de aprovar essa lei, esse projeto meu, que é o “toque de acolher” os adolescentes, as crianças que estão sob jugo das drogas, do alcoolismo, de traficantes, de marginais e até da exploração sexual infantil. Talvez nós pequemos por isso.

Mas o Ítalo talvez precisasse de um medicamento, porque ele nasceu igual aos outros garotos, às outras meninas, às outras crianças. Eu sempre digo, Coronel Telhada, Coronel Camilo: toda criança nasce igual. O meio é que muda.

A criança nasce chorando, querendo que o médico passe a mão no narizinho e desobstrua as narinas para que ela possa respirar. Dali a pouco ela chora porque tem frio; vem a enfermeira e a acolhe com o cobertor. E essa criança continua chorando, protestando, pedindo alimento, porque ela tem fome. E essa criança cresce, elas nascem todas iguais.

Ela cresce, ela quer escola, ela quer educação, quer o carinho da família. Essa criança quer um lar, quer uma casa, quer casar, quer contrair o matrimônio, enfim, quer um emprego.

Então, todo ser humano nasce igual, o meio é que muda. Infelizmente, no caso do Ítalo, quem é que falhou? Eu não acredito que tenham sido os deputados. Quem falhou foi a sociedade, foram os órgãos competentes que realmente quiseram.

O Ítalo talvez precisasse de um medicamento, de uma internação, de uma orientação, de uma família, porque a mãe e o pai estavam detidos, presos. Então, nós ficamos aqui, ninguém tem condições de ficar criticando a Polícia Militar. Porque se as pessoas atiram, é lógico que sempre tem um revide. E, às vezes, com insulfilm, com tantas coisas, até o policial militar não percebe que há lá uma criança de dez anos.

De qualquer forma, temos que fazer uma reflexão. Espero que esta Casa ajude este deputado, ajude nossos adolescentes, aprovando o mais rápido possível o “toque de acolher”, para que essas crianças sejam abrigadas em organizações, em sociedades, em comunidades que possam dar um alento, uma esperança, a essas crianças esquecidas, principalmente pelos pais.

Volto a outro assunto que foi muito debatido ontem, nesta Casa. É o acidente ocorrido na Mogi-Bertioga. Faleceram 18 pessoas - 17 jovens e o motorista. Praticamente todos eram de São Sebastião. Eles viajavam todos os dias para a faculdade em uma estrada com muitas curvas.

Eu conheço a Mogi-Bertioga. Eu a uso sempre. É uma rodovia extremamente perigosa que mereceria uma duplicação o mais rápido possível. Eu já falei, desta tribuna, por várias vezes. Os nobres deputados estão cansados de ouvir. Se não der para fazer a duplicação das rodovias, deve ser feita a terceira pista, a segunda faixa em que possa haver a ultrapassagem. Mesmo na serra, há alguns locais em que se pode fazer essa segunda faixa.

Segundo informações colhidas, foi uma ultrapassagem na contramão que acabou provocando esse acidente. Temos mais 28 feridos deste acidente. Há famílias chorando.

A coisa mais triste que vemos é um pai ou uma mãe sepultar um filho ou uma filha. Ficamos muito mais tristes, porque nas condições da cadeia ecológica ou cronológica, sempre é o filho ou a filha que vai ao sepultamento dos pais. Nesse caso, foi o contrário. Então, a dor é bem maior.

Na BR-116, nós tivemos um acidente que dizimou várias pessoas da melhor idade, que vinham jogar o gateball, que é uma modalidade de mini-golfe. Saíram de Registro e, em um acidente, não sobreviveu nenhum desses jogadores da melhor idade - todos anciões que buscavam Saúde através do mini-golfe, em uma atividade esportiva da comunidade oriental chamada gateball.

Eu sempre digo que, nos finais de semana, pelo menos, quando há congestionamento, há que se liberar o acostamento com a velocidade controlada de 30 ou 40 km/h. Se são liberados os acostamentos da Rodovia Tamoios, aqui na Rio-Santos, também, de Riviera até a entrada de Mogi das Cruzes, na Mogi-Bertioga, onde aconteceu o acidente de ontem, deve-se liberar o acostamento na faixa ascendente. Na Imigrantes, também se libera em finais de semana.

Por que o governador, o secretário de Transporte e nós não podemos influenciar nisso, para que liberem os acostamentos, para que as pessoas usem o acostamento em baixa velocidade controlada - não havendo pedestres, logicamente - e consigamos evitar acidentes em ultrapassagens, o que é comum?

Eu não ando, mas a maior parte das pessoas anda no acostamento. Porém, é proibido. Aí, o caminhoneiro joga o caminhão em cima do carro e provoca acidentes.

Nós poderíamos evitar esse tipo de acidente e agressões nas rodovias. O caminhoneiro fica com raiva, com ódio, porque o carro, que é mais rápido, ultrapassa o seu caminhão, que é mais lento. Se a Lei dissesse que o caminhão pode trafegar em baixa velocidade no acostamento, ele faria isso e desobstruiria a rodovia. Nós chegaríamos mais rapidamente. Na Castelo Branco, o acostamento é uma pista. Lá se pode circular, sim, a 30 ou 40 km/h e não vai haver acidente. Isso é uma questão de orientação.

Sonho com que dupliquemos todas as rodovias. Se não há dinheiro, vamos fazer a segunda faixa. Se não há dinheiro para fazer a segunda faixa, faça-se lá um local em que se possa trocar um pneu, em que o carro possa parar, a cada 1 km. Utilizem-se os acostamentos, se nós não temos dinheiro para fazer a segunda ou a terceira faixa.

Já falei com o governador Geraldo Alckmin pessoalmente, lá em Bertioga, quando inauguramos a reforma do ferry boat naquela cidade, pela qual eu tenho grande carinho. Termino a minha fala agradecendo mais uma vez e sonhando com a possibilidade de aprovar projetos que ajudem à população. Muito obrigado, Coronel Camilo, que preside esta sessão interinamente.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL CAMILO - PSD - Eu que agradeço. Parabéns pelas suas palavras, nosso professor deputado Jooji Hato.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PSDB - Sr. Presidente, havendo acordo de liderança, eu solicito de V. Exa. o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL CAMILO - PSD - É regimental. Havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia, lembrando-os, ainda, da sessão solene a realizar-se hoje, às 20 horas, com a finalidade de prestar homenagem ao “Dez de Junho - Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas” e da sessão solene a realizar-se na segunda-feira, às 10 horas, com a finalidade de comemorar os “70 Anos do Secovi-São Paulo - Sindicato da Habitação”.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 01 minuto.

 

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