http://www.al.sp.gov.br/web/images/LogoDTT.gif

 

24 DE MARÇO DE 2017

012ª SESSÃO SOLENE OUTORGA DA MEDALHA THEODOSINA ROSÁRIO RIBEIRO

 

Presidente: LECI BRANDÃO

 

RESUMO

 

1 - LECI BRANDÃO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

2 - CLAUDIA LUNA

Mestre de cerimônias, nomeia as autoridades presentes.

 

3 - PRESIDENTE LECI BRANDÃO

Tece considerações regimentais sobre a solenidade. Informa que a Presidência Efetiva convocara a presente sessão solene, para a "Entrega da Medalha Theodosina Rosário Ribeiro", por solicitação desta deputada, ora na direção dos trabalhos. Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Reitera sua intenção de defender os menos favorecidos. Afirma-se artista em exercício de mandato parlamentar. Clama pela permanência da atual homenagem, ao longo do tempo. Ressalta a relevância da Lei Maria da Penha no cenário social. Acrescenta que mulheres negras são marginalizadas, mas corajosas. Dirige-se à juventude negra com palavras de incentivo.

 

4 - JAMIL MURAD

Presidente municipal do PCdoB, considera especial o tema da presente solenidade. Elogia a deputada Leci Brandão, não só como artista mas também pelo posicionamento político. Lembra homenagem a Nelson Mandela, realizada nesta Casa. Defende a promoção da igualdade racial. Parabeniza as homenageadas.

 

5 - ORLANDO SILVA

Deputado federal, manifesta contentamento por participar da solenidade. Parabeniza a deputada Leci Brandão pela iniciativa. Ressalta a importância da população negra, para o País. Reverencia Theodosina Rosário Ribeiro. Saúda de forma especial Mãe Wanda. Lamenta a aprovação de projeto de lei sobre terceirização, aprovado na Câmara dos Deputados. Informa discurso de Vicentinho, deputado federal, em defesa do negro.

 

6 - LUIZ SOUTO MADUREIRA

Secretário adjunto, a representar o secretário da Justiça e Defesa da Cidadania de São Paulo, Márcio Elias Rosa, saúda os presentes. Elogia a deputada Leci Brandão. Enaltece a defesa dos direitos das mulheres. Tece considerações a respeito da trajetória da Sra. Theodosina Rosário Ribeiro.

 

7 - DAVI EDUARDO DEPINÉ FILHO

Defensor público-geral do Estado de São Paulo, a representar Erik Saddi Arnesen, defensor público coordenador do Núcleo Especializado de Defesa da Diversidade e da Igualdade Racial, saúda os presentes. Acrescenta que a Defensoria Pública deve ser vista como parceira em busca do reconhecimento de direitos.

 

8 - THEODOSINA ROSÁRIO RIBEIRO

Ex-deputada estadual, manifesta-se emocionada em razão da solenidade. Enaltece a participação feminina em vários segmentos sociais. Reverencia o caráter combativo e atuante da deputada Leci Brandão. Aduz que a esperança do povo é, a partir da representatividade política, solucionar problemas sociais, em prol do desenvolvimento do País. Lembra eleição municipal de 1968. Menciona que seu pai fora político. Elogia a conscientização e a sensibilidade da deputada Leci Brandão, em defesa da participação feminina na política.

 

9 - LUIZA TRAJANO

Presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, saúda os presentes. Manifesta-se grata pela homenagem recebida. Afirma que em todas as 800 unidades do Magazine Luiza, nas segundas-feiras, é cantado o Hino Nacional. Enaltece o grupo Mulheres do Brasil, desejoso de ser o maior grupo político do País. Defende a aprovação de cota para mulheres em conselhos. Defendeu a igualdade racial.

 

10 - FABIANA COZZA

Cantora de samba e curadora, agradece o prêmio recebido. Faz referência ao seu sobrenome 'dos Santos', de origem negra. Cita fala de Oscar Wilde.

 

11 - ADRIANA COUTO

Jornalista e apresentadora do programa "Metrópolis", saúda os presentes. Afirma que as histórias das mulheres negras construíram o País. Anuncia a presença de sua mãe nas galerias.

 

12 - MÃE WANDA D'OXUM

Liderança religiosa do Candomblé e uma das fundadoras do Afoxe Ile Omo Dada, saúda os presentes. Agradece a homenagem recebida. Defende a distribuição de direitos de forma isonômica. Oferece a premiação à sua mãe. Interpreta cantiga de Candomblé.

 

13 - EFIGÊNIA JANUÁRIA

Liderança comunitária, saúda os presentes. Manifesta-se honrada e emocionada por participar da solenidade.

 

14 - SHIRLEY LESSA

A representar Adriana Lessa, atriz e dançarina, lê mensagem de agradecimento da homenageada.

 

15 - ANDREA FERREIRA

Sindicalista e dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Empresas de Prestação de Serviços de Asseio, Conservação e Limpeza Urbana de São Paulo, saúda os presentes. Agradece a homenagem recebida.

 

16 - EDNA ROLAND

Ativista do Movimento Negro, cumprimenta os presentes. Agradece a premiação recebida. Manifesta presença em Cali, na Colômbia, para debater reparações em decorrência do contexto de guerra. Homenageia os antepassados negros.

 

17 - LUANA HANSEN

Rapper paulistana e feminista, critica o Governo Temer e o que denomina patriarcado. Clama por atenção à periferia. Agradece a homenagem recebida

 

18 - MARIA DAS DORES CERQUEIRA

Coordenadora nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, saúda os presentes. Agradece a premiação recebida. Afirma que a Sra. Theodosina Rosário Ribeiro é fonte de inspiração para mulheres negras. Defende a igualdade racial. Tece considerações filosóficas sobre sonhos.

 

19 - PRESIDENTE LECI BRANDÃO

Faz agradecimentos gerais. Parabeniza as homenageadas. Argumenta que não se sentira diminuída, por não ter recebido o apreço da totalidade dos parlamentares, quando do seu ingresso nesta Casa. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Leci Brandão.

 

* * *

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA -  Bom dia senhoras e senhores, bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo para a sessão solene com a finalidade de entrega da Medalha Theodosina Rosário Ribeiro.

Anunciamos para compor a Mesa principal a Exma. Deputada Leci Brandão, proponente desta sessão solene; Exma. Sra. Theodosina Rosário Ribeiro, que foi deputada estadual nessa Casa de leis; Exmo. Luiz Souto Madureira, secretário adjunto, representando o secretário de Justiça e Defesa da Cidadania de São Paulo, o doutor Márcio Elias Rosa; Exmo. Dr. Erik Saddi Arnesen, defensor público coordenador do Núcleo Especializado de Defesa da Diversidade e da Igualdade Racial, representando o Dr. Davi Eduardo Depiné Filho, defensor público do Estado de São Paulo; Exmo. Presidente municipal do PCdoB, Jamil Murad.

Com a palavra, a nobre deputada Leci Brandão.

 

A  SRA. PRESIDENTE - LECI BRANDÃO - PCdoB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Sras. Deputadas e Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa, o deputado Cauê Macris, com a finalidade de entregar a Medalha Theodosina Rosário Ribeiro, atendendo à solicitação desta deputada.

Convido a todos os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do subtenente Edgar Lourenço.

 

* * *

 

- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

* * *

 

A SRA. PRESIDENTE - LECI BRANDÃO - PCdoB - Os nossos agradecimentos ao regente da Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Muito obrigada.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - Temos a honra de anunciar as seguintes presenças: Marinalva Cruz, secretária adjunta da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência; Liège Rocha, da Secretaria Nacional da Mulher do PCdoB; Dr. Reginaldo Batista, embaixador da Paz pela ONU; Iyá Ekeddi Ogun Lade, representando o Centro Cultural Africano e o Rumpani Kue Seja Soboadan; Ney Cardoso, representando o deputado estadual Antonio Salim Curiati; Kele Cristina, representando o deputado federal Orlando Silva; Moacir Gonçalves, distrital do PCdoB de Capela Parelheiros; Wagner Tronolone, representando a vereadora Adriana Ramalho; Maurício Pestana, diretor da revista “Raça”; Carmen Dora de Freitas Ferreira, presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB/São Paulo; Marcia Viotto, da Secretaria da Mulher do PCdoB de São Paulo; Ermantina Ramos, presidente da Unaccam - União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama, a Tininha; Maria Aparecida Pinto, Cidinha, conselheira do Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de São Paulo; Marco Chibebe, Associação Paulista dos Defensores Públicos; Vânius Oliveira, secretário sindical do PCdoB de São Paulo; Ribeiro Cintra, presidente do PCdoB do Noroeste; Dra. Sandra Regina Carvalho Martins, representando a Dra. Kátia Boulos, presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB/São Paulo; Janaína Lima, coordenadora adjunta de políticas LGBT da Secretaria de Direitos Humanos do município de São Paulo.

Dando prosseguimento, com a palavra, a nobre deputada Leci Brandão, proponente desta sessão solene.

 

A SRA. PRESIDENTE - LECI BRANDÃO - PCdoB - Deus abençoe, proteja e ilumine todos e todas que aqui estão. Bom dia. Benção, para que haja benção.

Vocês podem perceber, quem me conhece, que eu estou um pouquinho apreensiva. Estou bastante tensa e, como eu não minto - nunca menti para nenhum público em lugar algum -, recebi um telefonema ontem à noite. A minha mãe, a Dona Lecy de Assumpção Brandão passou mal, foi para o hospital.

Graças a Deus já saiu, mas ainda não está do jeitinho que ela normalmente é - uma mulher que tem 94 anos, mas é uma mulher forte, haja vista a alegria dela. Todo mundo viu no desfile da Tatuapé - ela veio no carro, no abre alas. E é a primeira vez que ela vez em um abre alas. Eu estou muito preocupada, apreensiva, e peço a todas as pessoas que estão presentes neste plenário, de todas as religiões, que peçam pela saúde dela, para que ela possa se recuperar. Muito obrigada pela compreensão. 

Essa é a 5ª Edição da Medalha Theodosina, Dra. Theodosina. É importante, Dra. Theodosina, que a senhora saiba que nós chegamos nesta Casa sem nenhuma pretensão, foi uma coisa que aconteceu porque Deus assim a quis.

Eu sempre procurei fazer da arte um instrumento para defender os menos favorecidos, as minorias, enfim. Mas o meu anjo da guarda definiu que a minha missão não seria só como acho, doutora. Eu teria que fazer mais.

E, na verdade, eu sou uma artista. Estou deputada nesta Casa - reeleita por vocês, do estado de São Paulo - dizendo que é uma missão que não é fácil. É uma missão muito árdua, até porque os meus camaradas do PCdoB sabem que só tem a nossa presença, aqui na Casa, representando esse partido.

Na eleição de 2010 nós conseguimos duas cadeiras nesta Casa. Mas, depois, as pessoas têm o livre arbítrio de se retirar do partido. Na segunda eleição conseguimos e continuamos com duas cadeiras nesta Casa, mas a vida é assim, as pessoas mudam e têm o direito de mudar.

Eu estou sozinha aqui, mas conto sempre com o companheirismo, a sensibilidade, o respeito e o reconhecimento dos outros 93 parlamentares. E é por isso que esse prêmio, essa medalha, existe. Porque os parlamentares desta Casa assim o quiseram.

Eu espero em Deus que, mesmo havendo transformações nesta Casa - como estão acontecendo muitas -, este prêmio tenha continuidade. Que, mesmo no dia em que eu não esteja aqui, alguma mulher ou algum homem permaneça com a Medalha Theodosina Ribeiro, que foi a primeira mulher negra a entrar nesta Assembleia Legislativa - é muito importante isso. 

Vejam bem a diversidade das nossas homenageadas. Este ano nós temos dez. Uma empresária, voltada para o consumidor popular; uma autoridade religiosa, da religião de matriz africana; uma cantora de música popular brasileira, reconhecida e respeitadíssima; uma líder comunitária da Zona Sul; uma atriz; uma mulher que é líder sindical e é do movimento de mulheres; uma jornalista também de renome, uma jornalista politizada; uma ativista do movimento negro, que foi relatora da Conferência de Durban; uma cantora do rap, que é um segmento que nós respeitamos demais; e uma liderança dos trabalhadores sem teto.

Então, vejam, senhoras e senhores, graças a Deus nós podemos ter nas mulheres de hoje representações variadas. Isso sem contar as que estão sentadas neste plenário - todas têm a sua importância.

Nós passamos por um momento de muita apreensão no nosso País. Eu quero terminar dizendo que é necessário que a Lei Maria da Penha seja realmente respeitada pelas autoridades da Segurança. Esta é uma lei pela qual esperamos muito.

É importante que haja respeito da sociedade brasileira pelas mulheres - as mulheres não estão sendo respeitadas. Mas isso só vai acontecer de fato quando acontecer a mudança. Estou falando dessa reforma política que querem fazer, trazendo a isonomia - 50% de homens e 50% de mulheres. Então nós vamos poder ter o nosso poder, de fato, dentro das casas parlamentares.

Peço desculpas por, mais uma vez, ter que ressaltar que, entre essas mulheres, as mulheres negras são as que continuam sofrendo mais, e são as que continuam sendo prejudicadas diante de tanta maldade que tem acontecido nesse País. Maldades em todos os termos.

Não é só aquela agressividade que nós vemos todos os dias no noticiário policial, não. São as maldades que acontecem dentro do Congresso Nacional. Nós precisamos entender.

Eu sou a favor de reformas. As reformas vão mudar a cabeça e as ideias desses representantes políticos, para que eles acabem com a homofobia, com a intolerância religiosa, com a violência contra as mulheres, com a questão da aposentadoria dessas mulheres e, principalmente, fazendo reformas na Educação.

Nós queremos que essa reforma aconteça na cabeça dessa gente que só está atrasando, que só está retirando, roubando de nós todas as conquistas que duramente nós conseguimos.

O povo brasileiro precisa acordar, precisa tomar uma iniciativa. Eu conto com as mulheres, porque as mulheres são corajosas, são firmes. E tem mais, há uma quantidade enorme de mulheres jovens.

Eu estou me dirigindo, neste momento, à juventude negra, à essas meninas que estão tomando as universidades, que estão tomando as ruas, que estão fazendo discursos maravilhosos e cheios de reflexão. É em vocês que eu tenho muita esperança. Porque tem muita gente que está desanimando, e nós não podemos desanimar. Se nós desanimarmos, nós vamos perder este País.

Muito obrigada.

Quero aqui registrar a presença do deputado federal Orlando Silva, deputado federal pelo PCdoB.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA -Comunicamos aos presentes que esta sessão também está sendo transmitida ao vivo pela TV Web, e será retransmitida pela TV Alesp no domingo, dia 26 de março, às 21 horas, pela NET, canal 7; pela TV Vivo, no canal 9; e pela TV Digital, canal 61.2.

 

A SRA. PRESIDENTE - LECI BRANDÃO - PCdoB - Concedo a palavra ao nosso querido e sempre deputado Jamil Murad.

 

O SR. JAMIL MURAD - Hoje é um dia especial para nós, para o povo de São Paulo, porque a deputada Leci Brandão, honrando o seu compromisso com o povo, como uma grande representante do povo, mais uma vez promove a entrega desse prêmio Theodosina. Deputada Theodosina que conheci na década de 70, quando ela era deputada e eu era médico, aqui no Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo. E, desde aquela época, deputada, a senhora marcou a sua presença aqui na Assembleia Legislativa.

Os anos passaram, a deputada Leci Brandão, com grande esforço do nosso deputado federal Orlando Silva, se filiou ao PCdoB e concordou em representar o povo de São Paulo na Assembleia Legislativa. E, deputada, V. Exa. orgulha não só os membros do PCdoB. Vossa Excelência orgulha o povo de São Paulo e o povo brasileiro. Todos os momentos críticos, não só os momentos de alegria, que também participa.

Inclusive, a Acadêmicos do Tatuapé foi campeã do carnaval de São Paulo. Isso traz muito do seu prestígio, do seu trabalho, do que você fez pela Acadêmicos do Tatuapé para eles chegarem a ser campeões.

Vossa Excelência tem se posicionado nas horas difíceis para o povo brasileiro. Foi contra o impeachment de uma presidente legitimamente eleita. Foi, e agora está, contra a retirada de direitos do povo brasileiro. É uma voz firme, coerente, para retomar a democracia no Brasil. E ela sempre registra - é só uma artista. Só que é uma artista cidadã.

O artista é cidadão, não é? E ela é uma cidadã lúcida, inteligente, que trabalha, que tem compromisso e sabe qual é o caminho da democracia, da participação, da promoção do povo trabalhador. È assim que vai construir um País melhor, e esse é um grande compromisso da Leci, da deputada Leci.

Então, aqui V. Exa. honra esta Casa, que recebeu Nelson Mandela - homenageou Nelson Mandela -, um grande líder da humanidade contra o racismo, pela democracia, pelo progresso social. Aqui estava super lotado recebendo o grande líder. Ele assumiu simbolicamente, inclusive, a Presidência naquele momento.

Eu gostaria de registrar, também, que exerci um mandato aqui. Eu me orgulho de ter exercido mandato depois do Benedito Cintra, que é afrodescendente. Exerceu mandato com um deputado do PCdoB chamado Nivaldo Santana, que foi deputado várias vezes e que, com dignidade, representou o povo de São Paulo. Exerceu um mandato aqui e teve o prazer de compartilhar, lutar, trabalhar junto, e ter apoiado o deputado Orlando Silva para ser eleito deputado federal do Brasil.

Então, eu pertenço ao partido da deputada Leci Brandão. Nós lutamos pela promoção da igualdade racial, ajudamos a formar o Conselho do Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo em 1983. O meu partido tem essa coerência, e é representado muito bem pela deputada Leci Brandão.

Eu gostaria de parabenizar a todas as homenageadas. E, também homenagear a sempre deputada Theodosina. Parabéns para vocês. Todas as lideranças que vieram aqui hoje prestigiar essa grande causa da promoção da igualdade racial, da democracia, do progresso social, do desenvolvimento do Brasil, e, também prestigiar a deputada Leci Brandão.

Parabéns! Salve em nome do PCdoB. Quem vai falar pelo PCdoB é o meu deputado Orlando Silva, mas eu dei aqui uma introdução.

Parabéns, deputada Leci Brandão. E que sua mãe se recupere rapidamente, porque V. Exa. nunca negou o tanto que ela fez por Vossa Excelência. O que V. Exa. é - de coisas maravilhosas que é, reconhecido pelo povo, pela sociedade , nunca deixou de transparecer que deve isso a sua querida mãe. Nós todos estamos fervorosamente torcendo para que ela se recupere rapidamente.

Obrigado.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - Tem a palavra, neste exato momento, o ilustre deputado federal Orlando Silva.

 

O SR. ORLANDO SILVA - Bom dia, pessoal. Eu estou muito feliz de poder participar deste momento tão importante.

Deputada Leci Brandão, eu a cumprimento pela iniciativa deste prêmio. É um reconhecimento à liderança política da nossa deputada Theodosina Ribeiro, mas é também uma homenagem à luta popular, à luta do povo brasileiro, à formação histórica do Brasil, ao reconhecimento que os negros e negras tiveram na construção da identidade brasileira e do desenvolvimento do nosso País.

É assim que vejo esta homenagem a nossa primeira vereadora negra da cidade de São Paulo e à primeira deputada negra do estado de São Paulo, que é a nossa querida Theodosina Ribeiro.

Se hoje é difícil para nós, negros, termos representação, imaginem há 10, 20, 30, 40 anos uma mulher negra ocupar um espaço tão importante na política.

Portanto, eu quero apenas agradecer uma vez mais a nossa companheira Leci Brandão pela iniciativa de dar esse prêmio, pela homenagem, que ela renova com exemplos. As mulheres que hoje são homenageadas se somam às outras mulheres que foram homenageadas e são exemplos que inspiram todos. Inspiram o Brasil, mas inspiram, sobretudo, meninos e meninas negros que observam que é possível que nós ocupemos um espaço, um espaço que não nos é determinado.

Não existe lugar para quem é branco e para quem é negro, na sociedade. O nosso lugar é em todos os lugares da sociedade, esse é o nosso desafio. E a presença dessas homenageadas revela a potência e a força que nós temos.

Eu quero concluir cumprimentando não só as homenageadas, mas saudando, se todas me permitirem, as homenageadas em nome da Mãe Wanda.

Mãe Wanda, gostaria de cumprimentá-la em nome de todas as homenageadas, para poder falar de uma coisa muito bonita que aconteceu em Brasília essa semana.

Foi iniciativa de um colega de bancada chamado Vicentinho, do PT aqui de São Paulo. Ele fez no plenário da Câmara dos Deputados, na terça-feira de manhã, uma sessão solene em homenagem ao candomblé e às tradições de matriz africana. No plenário da Câmara dos Deputados, que é palco de momentos muito duros e muito tristes como a votação que nós tivemos esta semana, da terceirização, que é um crime contra o direito dos trabalhadores.

Eu nunca vi um plenário tão bonito. O plenário ficou abençoado. Às autoridades religiosas que ocuparam aquelas palavras generosas, eu falei: “Só está faltando aqui a Leci Brandão, para testemunha esse momento”. Eu sei que V. Exa. ficaria muito feliz. Porque V. Exa. defende não uma religião, mas defende todas as religiões, a liberdade religiosa e a tolerância.

Essa caminhada que V. Exa. faz aqui está repercutindo até em Brasília. O Vicente me falou que se inspira muito nas coisas que V. Exa. faz, nas iniciativas que V. Exa. toma. Então, eu quero compartilhar com vocês esse momento, que para mim foi tão bonito. Porque é com essa solidariedade que temos entre nós que teremos que juntar energia, juntar forças para construir o país com o qual nós sonhamos.

Eu fico muito triste quando observo passos, que eu imaginei que demos para frente e que nunca mais daríamos para trás, recuando. É o caso dessa lei que eu me referi, que votou sobre a terceirização. Ela permite que todos os trabalhadores sejam terceirizados e, na verdade, generaliza o trabalho temporário - que é um trabalho com menos direitos do que o trabalho permanente. Não por acaso essa lei é de 1998, é dos anos 90.

Voltamos aos anos 90 e perdemos tantas conquistas que tivemos nos últimos anos. Mas a nossa resistência - seja em Brasília, seja em São Paulo, seja no parlamento, seja no movimento social - vai ser muito importante para que não percamos as conquistas que o povo negro, homens e mulheres, alcançou neste último período.

Nós temos que tratá-las como conquistas civilizatórias. Não permitiremos que políticas de cotas caminhem para trás, que são afirmativas que permitiram a oportunidade de ocupar muitos espaços do estado. Maurício Pestana foi protagonista disso aqui no estado de São Paulo.

Por isso eu quero homenagear as homenageadas. Homenagear a nossa sempre deputada Theodosina Ribeiro.

Agradeço a Leci Brandão, e falo do orgulho que é para nós, do PCdoB, tê-la como nossa porta-voz da esperança, do sonho e de ideias de solidariedade e de justiça, que é o que encarna a trajetória da Thedosina, e que inspira a homenagem a essas valorosas mulheres, que participam deste evento.

Um bom dia a todos. 

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - Com a palavra, o Sr. Luiz Souto Madureira, secretário adjunto da Justiça e Defesa da Cidadania de São Paulo.

 

O SR. LUIZ SOUTO MADUREIRA - Bom dia a todas e a todos.

Cumprimento a deputada Leci Brandão, uma artista consagrada que veio à vida pública para defender os seus ideais e, principalmente, ser a voz das minorias nesta Casa de Leis. Cumprimento a Dra. Theodosina Rosário Ribeiro, nossa sempre deputada Theodosina Ribeiro. Eu tive a honra de, ainda como assessor nesta Casa de Leis, participar, aqui no plenário, e ouvir sua posição - uma posição firme e forte, corajosa. Isso me faz levar o pensamento aos tempos em que grandes debates aconteciam nesta Casa.

Não que hoje não aconteçam. Mas nós tínhamos deputados mais aguerridos, deputados mais comprometidos e corajosos. A deputada Theodosina é um exemplo desses.

Cumprimento o nosso deputado federal, o deputado Orlando Silva, nosso ministro, que fez também um grande trabalho no Ministério dos Esportes. E o nosso amigo Jamil Murad, o Dr. Jamil Murad, presidente municipal do PCdoB e que também já foi deputado nesta Casa de Leis.

Cumprimento a Sra. Carmem Dora, presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB de São Paulo. Cumprimento os homenageados e minhas amigas, meus amigos, familiares dos homenageados que aqui estão presentes. Feliz a ideia da deputada Leci Brandão quando instituiu a homenagem às mulheres que se destacaram na sociedade em razão da sua contribuição ao enfrentamento da discriminação racial e na defesa dos direitos das mulheres no estado de São Paulo.

E também de homenagear essas pessoas na figura da Dra. Theodosina Ribeiro, um exemplo de mulher, um exemplo de garra, determinação e coragem. Dra. Theodosina vem de uma família humilde lá da cidade de Barretos e, como todos os jovens nas cidades do interior, muitas vezes nós não temos um mercado de trabalho. Então, com muita determinação, ela veio, em busca dos seus sonhos, à cidade grande.

Foi eleita a primeira mulher negra na Câmara Municipal de São Paulo. Também esteve nesta Assembleia, como citei há pouco. A Dra. Theodosina sempre defendeu a causa da mulher negra, sempre defendeu as minorias, sempre defendeu a oportunidade para todos. Oportunidade essa que a própria Constituição Federal defende, ao dizer que todos são iguais perante a lei. É isso que ela veio defender aqui. Portanto, deputada Leci, eu gostaria de parabenizá-la pela sua feliz iniciativa de escolher a Dra. Theodosina como símbolo do trabalho dessas mulheres valorosas.

Quero, então, desejar a todos um feliz trabalho, e que continuem se espelhando nesses exemplos, para nós termos um País mais justo, mais fraterno, e que reine a cultura da paz.

Parabéns e um bom trabalho a todos.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - Com a palavra, o Dr. Erik Saddi Arnesen, defensor público coordenador do Núcleo Especializado de Defesa e da Igualdade Racial, neste ato representado pelo Sr. Davi Eduardo Depiné Filho, defensor público-geral do Estado de São Paulo.

 

O SR. DAVI EDUARDO DEPINÉ FILHO - Bom dia a todas e todos.

Cumprimento todas as autoridades presentes nas pessoas da deputada Leci Brandão, que preside essa sessão, e, especialmente, da Dra. Theodosina Ribeiro, por sua importante trajetória.

Eu gostaria de registrar que é uma enorme honra para a Defensoria Pública do Estado de São Paulo - e aqui eu falo como coordenador do Núcleo de Defesa da Diversidade e da Igualdade Racial e Defensoria - poder estar presente na data de hoje nesta sessão solene para a entrega da Medalha Theodosina Ribeiro como homenagem a essas mulheres tão admiráveis, cada uma na sua área de atuação.

Gostaria de ser breve. Gostaria de acrescentar que a Defensoria Pública está lado a lado, está como deve ser vista - como uma parceira de todas e todos nessa luta pela efetivação de direitos, pelo reconhecimento de direitos nesse processo civilizatório a que o deputado federal Orlando se referiu.

Nós, da Defensoria Pública, nos colocamos como parceiros nesse empoderamento, nessa tarefa de efetivar e garantir direitos às mulheres e ao povo em geral. Independentemente de raça, religião, orientação ou gênero.

É isso, obrigado.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - Neste momento, tem a palavra a Dra. Theodosina Rosário Ribeiro, a instituidora do nosso prêmio.

 

A SRA. THEODOSINA ROSÁRIO RIBEIRO - Bom dia a todos.

Eu estou muito emocionada, deputada Leci Brandão. Vossa Excelência fez essa escolha em meu nome e conseguiu desta Casa um respeito que vai servir para o resto da vida, em relação a mim e também àqueles que passam anualmente para receber esse prêmio.

Vossa Excelência nos deixa confiantes. Confiantes de que o que foi feito naquele início de anos e séculos passados está se concretizando. Quando viemos para cá, como mulheres e deputadas, tivemos pouca oportunidade para comemorar e também para valorizar a importância da mulher.

Eu vejo que, hoje, isso cresceu. Nós estamos aqui, segundo o que foi enunciado por várias entidades religiosas, ou não, no afã de fazer um trabalho para o erguimento de vários movimentos sociais.

Vossa Excelência, deputada Leci Brandão, nós analisamos, no meu entender, que a senhora já era uma política não oficial.

Não oficial porque quando nós olhávamos e assistíamos a televisão, ela já estava combativa. E, por sinal, a senhora também é uma escritora, da confecção das letras do samba. E eu, através da televisão, ficava admirando aquela mulher intrépida e muito atuante, ao lado da parte musical. Esse respeito conseguiu vir para esta Casa.

Levanto, também, para aqueles que aqui dirigem, que o lugar do povo brasileiro é, constantemente, nesta Casa. Quando nós elegemos um político, a nossa esperança é de que ele, se não conseguir, pelo menos tente resolver os problemas sociais do nosso estado, da nossa cidade.

É, também, a importância de comemorar o Ano Internacional da Mulher, principalmente da mulher brasileira. Nós sentimos que, cada vez mais, essa comemoração vai dar à mulher brasileira empoderamento, para poder atender às tentações do povo, atender àqueles que muitas vezes acham que as raças têm diferenças muito grandes, principalmente a raça negra.

Só que nós somos humanos. Deus nos vê com muita igualdade, todos aqueles que ele colocou no nosso mundo. Quando V. Exa. faz esse ato internacional em favor da mulher, essa igualdade vai crescendo, vai, cada vez mais, galgando casos que, muitas vezes, a maioria das mulheres não consegue.

Hoje nós temos médicas, cientistas, engenheiras, políticas e empresárias - no campo empresarial que é exclusivamente voltado para o homem. E, a cada sessão vamos aqueles que estão presentes saem com melhor entendimento daquilo que se realiza.

Cada um dos oradores aqui presente colocou a importância do papel do político para que um país possa se desenvolver. À medida que o político vem para essa Casa, e outras Casas, para se beneficiar pessoalmente, nós verificamos que o País retrocede cada vez mais. Estou preocupada com o Brasil.

Estou muito preocupada. Se nós fizermos uma pesquisa, em todos os setores, o Brasil está em uma colocação bem abaixo de vários países latinos - na Educação, por exemplo. A Educação é a base. É ela que forma o indivíduo para poder vencer, para poder vencer as etapas dentro da sociedade.

Só um parêntese, eu recebi aqui um bilhetinho para eu ser mais rápida, porque a deputada Leci Brandão tem uma viagem ainda hoje.

 

A SRA. PRESIDENTE - LECI BRANDÃO - PCdoB –Fique à vontade. A senhora é a grande celebridade deste evento.

 

A SRA. THEODOSINA ROSÁRIO RIBEIRO - Com isso, para finalizar e para demonstrar a essa nova geração aqui presente, - já foi dito pelo deputado Orlando Silva e pelo nosso ex-assessor, que foi assessor desta Casa e muito nos honra, e também pelas palavras do Dr. Jamil, deputado Jamil e Dr. Jamil, que nós nos conhecemos de longa data -, que quando nós recebemos o convite para participar das eleições municipais em 1968, nós não sentimos que fosse uma surpresa, porque a família é muito importante. Ela vai nos trazendo subsídios que, na fase adulta, sem que nos percebamos, nós reagimos e vamos, então, aplicar o que foi dito pela família.

Meu pai foi um homem político, militar, na época um autodidata - nós acompanhamos realmente esse trabalho político dele. Não foi nenhum candidato. Quando recebemos esse convite, para ser vereadora na Câmara Municipal de São Paulo, eu achei normal.

Consultei o meu esposo na época e achei normal. O meu filho também. E fui para a luta. E fomos para uma campanha que, hoje, não chega aos pés das campanhas que nós assumimos. Com muita honestidade, o povo conscientizado, não damos dinheiro para ninguém.

E conseguimos ser a candidata, no momento era do MDB, ganhando em segundo lugar. Logo após recebemos também o convite para sermos candidatas a deputada estadual. Viemos para esta Casa como a quinta mais votada. Eu acho que essa nova geração aqui presente colaborou, mas os seus pais colaboraram conosco, e o professorado também.

Sendo assim, deputada, nós vamos encerrar. E, mais uma vez, lhe agradeço por essa indicação. Agradeço por vossa sensibilidade, por vossa conscientização da importância da participação da mulher. Não só no contexto político, porque hoje nós estamos verificando o número de mulheres aqui presentes que vão ser homenageadas, cada um tendo uma bagagem importantíssima.

O que é que vai acontecer com essa bagagem importantíssima? Acontece que, anonimamente, elas estão dando, também, a sua contribuição para que o País se erga cada vez mais, e que para que o povo receba, de nós, uma atenção especial, porque foi ele quem nos colocou aqui e em outras Casas também políticas.

Obrigada.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - Anunciamos, neste momento, as seguintes presenças. Excelentíssima senhora juíza federal do Trabalho, a doutora Milene Pereira Ramos; Sra. Cristiane Fagundes, da ONG Aldeia do Futuro; a ala das baianas da Vai-Vai; a Sra. Cida Costa, representando a coordenadora de Políticas da Igualdade Racial do Município de São Paulo, a Sra. Maria Aparecida de Laia; Sra. Aparecida Carmelita, do Sindicato das Costureiras; Sra. Cristiane Berenice, fisioterapeuta de Piracicaba; Sra. Walquiria Stela, assistente social, também de Piracicaba; Sr. Martim Vieira, diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo.

E, agora, com a palavra, a ilustre deputada Leci Brandão.

 

A SRA. PRESIDENTE - LECI BRANDÃO - PCdoB - Neste momento iremos homenagear mulheres que se destacaram na sociedade em razão da sua contribuição ao enfrentamento da discriminação racial e à defesa dos direitos das mulheres no estado de São Paulo.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - Agora finda a parte protocolar. Nós vamos iniciar a melhor parte desta cerimônia de premiação. Trata-se da 5ª Edição do Prêmio Theodosina Rosário Ribeiro.

E, como vocês já observaram, nós temos dez. Uma constelação de dez mulheres de infinita grandeza. Nós vamos aqui sempre com aquele mistério, anunciando a partir das biografias das mulheres aqui homenageadas.

Eu vou começar pela primeira e vocês vão tentar ajudar este Cerimonial, identificando as mulheres aqui presentes.

A nossa primeira homenageada tem como princípio de diretriz de vida colocar as pessoas em primeiro lugar, desenvolver atitudes empreendedoras sempre com inovação e criatividades. Esses são alguns dos conceitos que ela sempre adotou e incentivou em sua equipe.

Entre os retornos dessas crenças e práticas, está a força desta mulher que, ao assumir a superintendência da empresa, foi responsável pelo salto de inovação e crescimento que colocou a empresa que preside entre as maiores varejistas do Brasil.

Essa mulher de quem falamos colocou a empresa, por 19 anos consecutivos, na marca das melhores empresas para se trabalhar.

Eu estou falando aqui da presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, Luiza Trajano.

Eu comecei dizendo a vocês dizendo que se tratavam de mulheres. Esta é uma constelação de mulheres de infinita grandeza. Então vejam só o que nos reserva o dia de hoje.

Receba das mãos da nossa nobre deputada Thedosina Rosário Ribeiro, que institui esse prêmio, e da ilustre deputada Leci Brandão, as flores e a nossa homenagem no dia de hoje.

 

* * *

 

- É entregue a homenagem.

 

* * *

 

A SRA. LUIZA TRAJANO - Bom dia a todos. Eu fiquei pensando ali no meio de tantas mulheres, de tantas pessoas, eu estou emocionada e me vem muito a palavra gratidão. Então eu quero começar a gratidão pela deputada Theodosina. Como disse o deputado Orlando, imagina o que ela sofreu há 20 anos, para podermos estar aqui hoje.

Minha gratidão a Leci, que eu tenho acompanhado e que faz esta homenagem tão linda. Muito obrigada, Leci. É só através disso que nós podemos dar realmente transparência aos movimentos. Muito obrigada.

Minha gratidão ao Brasil. Eu sou uma pessoa apaixonada pelo Brasil, a nossa empresa está aqui há mais de 15 anos, toda a segunda-feira nas suas 800 unidades nós não temos vergonha de cantar o Hino Nacional e louvar este País maravilhoso.

É um país que eu concordo que estamos passando por momentos difíceis, mas a crença e a força de todos nós, é muito maior do que isso. Então, eu prometo a vocês, eu tenho um carinho e um cuidado muito grande com o povo brasileiro.

Eu adoro morar fora, eu adoro viajar fora, eu adoro este país. Depois que nós conseguimos realmente colocar uma empresa onde ela precisava ser colocada, a minha luta agora é para que o Brasil junto com todos vocês, possa estar no lugar que ele merece.

Então, há três anos nós montamos o grupo Mulheres do Brasil, onde tem alguns inegociáveis. Nós somos totalmente apartidárias, não podemos sair candidatas, não podemos lançar partido, não podemos reinventar a roda e temos que apoiar tudo. E, temos que pensar no Brasil, como um todo. Como um maior grupo político deste país, para que a sociedade civil assuma o país e possa fazer, deputada Leci, todas as reformas, junto com todos os políticos que são necessários.

Então, foi nesse grupo que tem vários comitês, onde nós temos andado por todo Brasil, que nós montamos o Comitê de Igualdade Racial. Eu quero me dirigir agora aos negros, que eu aprendi a falar assim: “Luiza, fala negros.” “É negros que se fala, não fica titubeando.”  Faz um ano que eu estou andando com elas e aprendendo com elas. E, defendendo-as, porque nós temos 53 centros de população negra e temos muito poucos negros e negras em qualquer comando.

Mas, não é só negros não gente. Mulheres também. Então, deputada, V. Exa. abriu uma frente muito grande. Se Deus quiser nós estamos abrindo mais para os nossos netos não precisarem lutar pela igualdade racial, pela igualdade social e muito menos por colocar mulheres em postos que precisam. Então, eu quero dizer para o deputado Orlando, que nós acabamos de aprovar agora para o grupo Mulheres do Brasil, cota para mulheres em conselhos. Cota é um processo transitório para acertar uma desigualdade. Só para vocês entenderem, nós temos 7% de mulheres em conselhos. Se tirassem as donas e as filhas dos donos, isso cai para 2%.

Faz 15 anos que esse número está parado em 2%. Nós íamos levar 110 mulheres para por 20% de mulheres em conselhos. Então, conte comigo, conte com o grupo Mulheres do Brasil, a quem eu convido qualquer mulher a participar. Nós não somos contra homens, não somos a favor dos homens, nós acreditamos que a unidade entre a mulher e o homem é que faz diferença, são as forças masculina e feminina juntas. Mas, nós tínhamos que começar o movimento e sabemos que a mulher tem uma força, não é gente?

E, nós estamos muito unidas, quem não acreditar nisso está errado e não aposta nisso. Nós estamos muito unidas. Às minhas colegas dou-lhes parabéns, é uma honra estar no meio de vocês. Eu só quero pedir desculpa a vocês, a deputada Leci, sabe que eu tinha um compromisso às dez horas, consegui mudar para às 11h, quando ela me chamou. Eu, infelizmente, vou ter que sair. Mas, deixo a todas vocês o meu beijo.

Eu já tirei foto com elas. E, deixo meu compromisso de continuar pela igualdade social, pela igualdade de todas as pessoas que precisam. O Brasil precisa, o mundo precisa da diversidade, se nós somos diversos, precisamos da diversidade. Então o meu compromisso é de continuar lutando por todos isso, para que minhas netas possam me agradecer e agradecer a vocês como eu estou fazendo agora para a deputada Theodosina.

Se não fossem vocês e mulheres como vocês, não estaríamos aqui. Muito obrigada, gente, um abraço.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - Bem, vocês já viram que o negócio começou de maneira maravilhosa. Mas, ainda vai ficar melhor. Porque depois de nos homenagearmos essa mulher que faz diferença no mundo empresarial, homenagearemos outra. Eu quero ver se vocês são capazes de adivinhar. Vamos lá, nós vamos homenagear uma paulistana que se destaca por críticos e público, como uma das mais importantes intérpretes da música brasileira.

Gente, eu já dei a dica, olha: ela tem cinco CDs lançados e dois DVDs. Em 2004 fez a sua estreia com o “Samba é Meu Dom”, cujo título é uma música de Wilson das Neves. Essa mulher maravilhosa também recebeu o 23º prêmio da Música Brasileira em 2012 na categoria de Melhor Cantora de Samba. Em 2013 o seu quarto trabalho, o CD “Canto Sagrado”, uma homenagem a Clara Nunes. E, em 2015 chega ao seu quinto trabalho, o CD “Partir”.

No exterior, a nossa segunda homenageada tem sido convidada por grandes personalidades do jazz internacional como o saxofonista japonês Sadao Watanabe. E, se apresentou em diferentes países e festivais do gênero em Israel, Alemanha, França, Canadá, Estados Unidos, Bulgária, Chile, Espanha, Portugal e Suécia.

Em 2013 foi convidada da Bigband alemã HR3 e considerada uma das cinco melhores da Europa.

Receba o Prêmio Theodosina Rosário Ribeiro. Nós somos tietes da pessoa, da homenageada e fica assim emocionada. Fabiana Cozza, maravilhosa.

 

* * *

 

- É feita a homenagem.

 

* * *

 

A SRA. FABIANA COZZA - Bom dia, é bem cedo para uma cantora, então estou com essa voz bem grave. Eu quero dizer que eu nunca tinha pisado neste teatro, nesta sala, onde tantas coisas importantes são resolvidas para nós cidadãos, quero agradecer imensamente este prêmio.

Ele sem dúvida nenhuma é um prêmio dos meus pais, dos meus avós, dos meus tataravôs e ele sendo um prêmio dado por uma mulher negra, ele fala mais do meu outro sobrenome, que é ‘dos Santos’ e não Cozza. Costumo dizer que nessas viagens todas que a nossa amiga anunciou eu sempre digo que o problema não é Fabiana Cozza, que é italiano, mas ‘dos Santos’, e é pelo ‘dos Santos’, que eu canto muito e defendo essa bandeira que a Leci tanto nos ensinou e tanto nos ensina e influencia tantos músicos, tantos artistas como eu. Que é bandeira do samba e da música negra, no Brasil e no mundo.

Eu queria terminar a minha fala agradecendo este prêmio a cada um de vocês nesta Mesa. Parabenizo a todas as minhas amigas que estão recebendo o prêmio também, para que possamos seguir firme nessa luta e dizer um pequeno poema do Oscar Wilde que diz assim: “Nesse momento dramático do mundo, todos nós, o artista em especial, deve sorrir e chorar o seu povo. Antes de nada, nós somos parte do mundo e irmãos de todos”. Muito bom dia, muito obrigada.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA – Está maravilhoso ou não está, gente? Está fraco, pessoal. Está maravilhoso ou não está? E ficará mais ainda. Porque a nossa terceira homenageada do dia de hoje, depois de nós termos uma megaempresária, uma megacantora, nós temos agora a nossa homenageada que tem 20 anos de profissão.

Já trabalhou na TV Globo como repórter do programa musical Fama e do Rio de Janeiro TV, já apresentou programas maravilhosos e ela é jornalista. Há seis anos nós vimos acompanhando e assistindo todas às vezes na televisão a nossa terceira homenageada como apresentadora do programa Metrópolis, da TV Cultura. Uma apresentadora e repórter. E a nossa jornalista, a nossa terceira homenageada também foi vencedora do Prêmio Comunique-se, de 2016, na categoria Jornalismo e Cultura.

É um máximo, , e eu estou aqui falando da maravilhosa Adriana Couto. Receba, Adriana Couto, esta homenagem pela 5ª Edição do Prêmio Theodosina Rosário Ribeiro, das mãos da ilustre deputada Leci Brandão e da instituidora do prêmio, Theodosina Ribeiro.

 

* * *

 

- É feita a homenagem.

 

* * *

 

A SRA. ADRIANA COUTO - Olá, bom dia a todos e a todas. É um prazer enorme, eu queria cumprimentar a deputada Leci Brandão, a deputada Theodosina, duas grandes inspirações para nós mulheres negras. Eu imagino e penso que eu como comunicadora, as histórias das mulheres negras são histórias que construíram este País.

Muitas dessas histórias são apagadas, são invisibilizadas. O meu papel como jornalista é levantar essas histórias porque através delas nós vamos conseguir avançar a partir da conquista dessas mulheres. Se não sabemos a história de mulheres negras e vencedoras, não avançamos e é isso que eu procuro fazer. Eu ainda estou caminhando, eu ainda estou construindo a minha história, mas eu me guio muito por vocês, pela minha mãe que está aqui neste plenário. Mãe, a senhora pode se levantar, por favor? Dona Conceição. Levante-se, mãe. Dona Conceição que está aqui, criou quatro mulheres junto com o meu pai, Seu Antoniel.

Mas, essas conquistas são as nossas conquistas. Então, vamos fazer com que a nossa história siga em frente. Muito obrigada. Obrigada, minhas colegas. Fico aqui pensando: “Meu Deus, sou merecedora de tudo isso?” Muito obrigada. Um beijo.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - Vamos prosseguindo com a nossa quarta homenageada. Estão vendo que as mulheres são responsáveis pela transformação não só das suas próprias histórias, mas pelas histórias e várias conquistas na sociedade também.

E, agora eu vou falar da nossa quarta homenageada, que é uma mulher que tem um papel relevante e importantíssimo. Ela é uma mulher que vem lutando não apenas no espaço de religião matriz africana que tem se destacado como um grande expoente, mas ela também vem tendo um ativismo de destaque no Movimento Negro.

Nós vamos falar um pouco dessa mulher que da mãe de sangue ela herdou o ofício da costura e a casa de Candomblé Ilè Íyá Òsún Múíywá, fundado em 1956. E essa mulher na década de 70 se aproximou do Movimento Negro unificado e procurou se conscientizar politicamente enquanto negra e praticante da religião afro.

Ela estava nos grupos religiosos que celebraram a primeira missa afro na Praça da Sé em frente à Catedral, em 1986 ela teve a oportunidade de ir à Nigéria e, além do fortalecimento espiritual trouxe toda a arte da modelagem e lançou uma loja com roupas africanas. O maior problema enfrentado obviamente segundo a sacerdotisa é a então a herança de alguns religiosos fundamentalistas.

Então, a alegria de Wanda é o afoxé na rua. Então, agora como grande representante das religiões e matrizes africanas, nós vamos e temos a honra de conceder nesta 5ª Edição do Prêmio Theodosina Rosário Ribeiro, a Mãe Wanda D’Oxum, nessa maravilhosa premiação.

 

* * *

 

- É feita a homenagem.

 

* * *

 

A SRA. MÃE WANDA D’OXUM - Bom dia ainda, bom dia a todos e a todas. Eu estou aqui e quero agradecer a deputada Leci Brandão pela lembrança de me indicar e à deputada Theodosina Ribeiro que sempre foi um exemplo para mim e para a minha mãe.

A minha mãe sempre que a via na televisão falava: “Venha assistir para você ver como que uma mulher luta pelos direitos dos iguais”. Então eu a admirava muito quando eu era uma mocinha. Eu admirava muito a senhora, o deputado Adalberto Camargo, e o vereador Paulo Rui.

Eu cheguei até a trabalhar com ele em algumas coisas. Então, eu estou muito feliz e quero oferecer este prêmio para a minha mãe. A minha mãe ensinou-me, eu cresci dentro de uma casa de Candomblé.

Eu recebi essa casa e já estou 15 anos levando-a na minha vida, está sempre presente. Eu quero cantar uma reza nossa onde ofereço tudo de bom para todos vocês. Está bom?

 

* * *

 

- É feita a reza.

 

* * *

 

A SRA. MÃE WANDA D’OXUM - Muito obrigada.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - Bem, depois de recebermos as vibrações maravilhosas de mamãe Oxum através de Mãe Wanda D’Oxum nós continuamos as nossas homenagens. E, vamos chamar a nossa próxima homenageada, que nasceu em Minas Gerais e veio para São Paulo no ano de 79 em busca de oportunidades.

E, devido às grandes dificuldades financeiras foi morar no Jd. Silveirinha, em 2000, um bairro do extremo sul de São Paulo. Ela se tornou uma líder comunitária e não aceitou tanta desigualdade na localidade em que morava e, por ser uma comunidade muito carente e sem informação a nossa homenageada se prontificou a buscar ajuda para as pessoas levando-as em médicos para fazer exames e no INSS para auxílios e aposentadoria.

Esta mulher simples que fez e faz tanta diferença, que jamais se intimidou com as dificuldades e foi em busca de informação e ajuda, sempre encontrou grandes parceiros fundamentais para a concretização das conquistas de sua comunidade para o seu empoderamento, enquanto mulher na luta pelos seus direitos. Nós vamos chamar agora para ser homenageada na 5ª Edição do Prêmio Theodosina Rosário Ribeiro: Efigênia Januária.

 

* * *

 

- É feita a homenagem.

 

* * *

 

A SRA. EFIGÊNIA JANUÁRIA – Bom dia a todos. Quero cumprimentar a Mesa, essas maravilhosas pessoas que estão aí, a Theodosina, a Leci, o Orlando e o Jamil e o outro que esqueci o nome, desculpa-me, eu esqueci o nome. Mas, todos da Mesa.

E, quero cumprimentar também a minha galera, eles estão me acompanhando e não vem mais o dobro de gente porque não tinha a condução para poder vir. Mas, todo mundo queria me ver nessa hora maravilhosa, junto com essas maravilhosas.

No ano passado eu fiquei emocionada e não esperava que hoje fosse ser o meu dia de estar aqui com vocês. E, agradeço a minha família, meu genro, filha, neta, que estão todos lá no fim. Eu quero agradecê-los.

Agradeço a turma da Uapi, a Dra. Guilmara que está aqui presente também, me acompanhando. E o resto de todos os meus amigos, muito obrigada a todos. Desculpem-me, estou muito emocionada.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - Pois é, mulheres de luta que fazem e transformam suas histórias. Não podemos deixar de mencionar aqui que existem e estão aqui hoje conosco mulheres que também foram agraciadas em edições anteriores do prêmio como Marli Ogun Lade e Janaina Lima.

Mas, agora dando prosseguimento a essa maravilhosa e magnífica cerimônia de premiação que vocês já viram que as mulheres são sensacionais, nós vamos agora passar para a nossa homenageada que é uma estrela também. Antes ela gostava de esportes, quase foi jogadora de vôlei, já tentou ir para música, mas foram os palcos que arrebataram de vez o coração da nossa homenageada de hoje.

Ela participou como cantora também de grupos musicais, cantou MPB, forró, rap, mas ela é principalmente atriz. Em 91, na Rede Globo de Televisão ela fez as novelas Arapongas e Retrato de Mulher. Em 96 esteve no seriado a Comédia da Vida Privada e o último trabalho desta maravilhosa foi na Rede Record, na novela Escrava Mãe, como a Condessa, não está aqui no currículo e na biografia. Mas, lembro-me porque eu assisto TV, foi demais, é verdade, olha só. Então, em 2011 ela retornou da teledramaturgia e gravou Corações Feridos no SBT, que seria exibido na emissora apenas no ano seguinte.

A nossa homenageada, Adriana Lessa, que não pôde estar presente porque está com compromissos no teatro e não daria tempo para ela poder estar aqui, será magnificamente representada por Shirley Lessa. Então venha, por favor, representando a nossa magnífica Adriana Lessa.

Shirley, receba das mãos das ilustres Leci Brandão e Theodosina Rosário Ribeiro esta premiação.

* * *

 

- É feita a homenagem.

 

* * *

 

A SRA. SHIRLEY LESSA - Bom dia, meu nome é Shirley Lessa, eu sou prima da Adriana. Primeiramente eu queria agradecer por estar aqui na Assembleia e poder dirigir-me a vocês. Eu moro fora do Brasil há 26 anos, então este momento para mim é um momento de muita emoção, na verdade, poder cantar o hino com o meu povo.

Então, eu agradeço imensamente. A Adriana mandou-me uma mensagem, e me pediu que eu leia em agradecimento a todos. Diz: “Sou muito grata e sinto-me honrada por neste momento tão solene ser representado por minha prima Shirley Lessa, que apontou caminhos a serem trilhados na arte, na vida e por quem eu tenho grande admiração. Alegria, estímulo, respeito e amor são algumas das palavras que também traduzem este momento. Quero agradecer a deputada Leci Brandão, por me conceder esta honra de receber a Medalha Theodosina Ribeiro, uma pioneira e doutora na causa da mulher, do negro, do cidadão paulista e do cidadão deste País. Vida saudável, longa e próspera para todos nós. Muito obrigada pela honra.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - Bem gente, agora a nossa próxima homenageada, olha, já tivemos uma, ela também veio de Minas Gerais, deixa eu dar uma pista. Ela é uma mulher maravilhosa. Ainda não descobriram? Só vou dizer aqui a idade, mas ela não aparenta a idade que tem. Ela tem 52 anos, é mãe de seis filhos, mas tem o corpinho de 20.

Ela tem uma trajetória maravilhosa, sofreu violência doméstica por muitos anos, sofreu também violência sexual, que a fez gerar a sua filha de 31 anos, no entanto, dentro do trabalho a que se propõe a realizar, iniciou o seu trabalho como auxiliar da limpeza no Hospital das Clínicas e chegou a direção de um dos maiores sindicatos que representa essa categoria tão discriminada e por vezes invisíveis.

Também vem atuando através do curso de formação Unaccam, empoderando mulheres, acerca da conscientização sobre os direitos à saúde e para também a prevenção ao câncer de mama. Nós estamos falando desta mulher maravilhosa que tem feito a grande diferença entre as mulheres e entre as mulheres de sua categoria, Andrea Ferreira de Souza, Ferreirinha. Receba, Ferreirinha, das mãos da deputada Leci Brandão e da sempre deputada Theodosina Rosário Ribeiro esta homenagem que você merece.

 

* * *

 

- É feita a homenagem.

 

* * *

 

A SRA. ANDREA FERREIRA - Gente, eu estou tremendo. Primeiramente eu quero agradecer a Deus e o nosso senhor Jesus Cristo por este presente. Porque é como um presente, porque neste mês, no dia 8 de março, eu fiz 52 anos. Eu sou uma mulher sortuda duas vezes. Então, eu quero agradecer a esta Mesa maravilhosa e eu prefiro não citar nomes para não errar, mas eu vou agradecer a Dra. Theodosina Ribeiro, a Leci Brandão, e aos demais que eu esqueci o nome. Essa galera maravilhosa, pessoal GTP, que veio me homenagear, o pessoal do Siemaco. E, esse pessoal aqui gente, esse pessoal de verde é o pessoal da Soma, são as minhas meninas de ouro. Eu quero agradecer a todos vocês. Muito obrigada.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - E o tempo passa e o tempo corre e as estrelas de magnífica grandeza estão aqui ainda para serem homenageadas. Agora, eu vou chamar uma mulher poderosíssima, daquelas que são mestras e que nos ensinam e tem ensinado na construção da nossa entidade, que tem feito uma imensa diferença na vida de negras e negros neste País. Uma mulher maravilhosa, uma intelectual e ativista afro-brasileira que veio do Maranhão. Dessa vez não é de Minas. Ela veio da terra do arroz com cuxá.

Ela é maravilhosa. Dentre os feitos dessa mulher que é psicóloga formada pela Universidade Federal de Minas Gerais, nos anos 80 participou da construção do Movimento Negro e do Movimento de Mulheres Negras, foi uma das fundadoras de Geledés, o Instituto da Mulher Negra e também de Fala Preta.

Ela também foi uma das mulheres que participou da relatoria, ela foi a relatora da conferência de Durban, não é isso? Da conferência contra todas as formas de racismo e discriminação e intolerância.

Essa mulher nos ensinou tanto, inclusive nesta Casa por conta das conferências preparatórias para Durban. Eu estou falando da magnífica da nossa eterna mestra, Edna Roland. Receba, Edna Roland a nossa gratidão e das mãos de Leci Brandão e Theodosina Rosário Ribeiro esta premiação, esta merecida homenagem.

 

* * *

 

- É feita a homenagem.

 

* * *

 

A SRA. EDNA ROLAND - Bom dia a todos e a todas. Eu pensei que a chamada ia ser pela ordem de chegada, então eu ainda não estava preparada para vir até aqui. Eu queria inicialmente agradecer a nossa querida deputada Leci Brandão, por esta homenagem, por me incluir nesta lista maravilhosa de mulheres. Eu quero homenagear a deputada Theodosina Ribeiro, que com o seu nome dá o devido o valor para esta cerimônia.

Eu quero agradecer a muitas pessoas que estão aqui presentes, eu quero agradecer a minha irmã Júlia Roland. E, eu peço que ela se levante, ela é ainda mais tímida do que eu. Por favor, Júlia. O meu cunhado Jamil Murad, eu não sei se todo mundo sabe que ele é meu cunhado.

Eu quero agradecer a presença da minha casa, dos representantes da minha casa, o Ilê Axé Oyá, que estão aqui presentes: meu pai João, minha mãe ekedis, Gislene, o babá Demilson, que representam aqui a ialorixá Cláudia de Oyá e todos os meus ogans e ekedis, meus irmãos, minhas irmãs, meus mais velhos e meus mais novos. Quero homenagear também o babalorixá Regis de Xangô, aos que me deram também um prêmio muito significativo e todos os demais representantes da nossa comunidade religiosa e dizer a vocês que eu tive dificuldades para chegar aqui inclusive porque cheguei nesta madrugada de Cáli na Colômbia. Onde participei de um evento da maior importância em que se está debatendo a questão das reparações. A Colômbia vive hoje um momento de muita dificuldade, mas também de muita esperança. Um momento de transição da guerra para a paz. E o que os nossos irmãos afro-colombianos estão fazendo com muita sabedoria é aproveitar esse momento em que se debatem as reparações no contexto da guerra para colocar essa questão no contexto mais amplo das reparações para todos nós afrodescendentes. E, aos nossos antepassados que nós principalmente temos que homenagear neste momento. As separações precisam ser discutidas, precisam ser discutidas por nós porque não existe uma receita já elaborada. Não existe um único caminho que possa servir para todos. Nós temos que construir essa questão a partir da nossa experiência, da nossa vivência, da nossa história, das nossas dores e dos nossos sentimentos.

Então, eu creio que nós precisamos aproveitar esta onda, embarcarmos nesse navio, não mais aquele navio no qual nós viemos, mas nesse navio em busca de justiça. É preciso que isso seja colocado e nós precisamos contar com todos: com os religiosos, com os militantes do Movimento Negro e de Mulheres Negras, meus irmãos a quem eu também quero homenagear aqui e a quem eu devo tudo. Toda a minha história política foi construída no interior do Movimento Negro e do Movimento de Mulheres Negras, não posso me prolongar e nem quero mais.

Queria então agradecer profundamente a vocês este momento que é de grande emoção e de grande significação para mim.  

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - Bem continuando o nosso time, o nosso time dos sonhos dessas mulheres, de estrelas de infinita grandeza, nós temos uma mulher maravilhosa. Quer dizer, todas elas são, mas agora temos uma mulher sensacional também que já está na caminhada há 17 anos. Mulher negra, lésbica e periférica que é DJ, produtora musical e que em seus dois álbuns “Marginal Imperatriz” e “Negras em Marcha” apresentou letras que abordam a violência doméstica, aborto, machismo, lesbofobia.

Uma mulher que fez do rap o motivo da sua militância e de fazer a diferença na vida das pessoas. Venha receber, Luana Hansen, esta justa homenagem na 5ª Edição do Prêmio Theodosina Ribeiro.

 

* * *

 

- É feita a homenagem.

 

* * *

 

A SRA. LUANA HANSEN - Eu não tinha como chegar aqui e não falar isso e vou falar com a maior honra: primeiramente, “Fora Temer”, certo? E, depois é uma gratidão vir aqui representar a periferia e não só a mulher negra, mas como sempre a mulher lésbica e fazer esse recorte LBGT dentro desta Câmara e agradecer ao trabalho que é de fato independente e é uma luta independente.

Eu tive o privilégio de no meu clipe “Negras em Marcha” ser o hino da marcha das mulheres negras e ter a Leci Brandão no meu clipe. É uma honra estar aqui perto de mulheres que mudam a história e eu espero continuar com o meu trabalho mudando a história, porque é para isso que eu existo. É para atormentar o patriarcado, é para mostrarmos que a periferia existe e que vamos continuar resistindo e que não é a primeira que vamos estar aqui.

Estaremos aqui sempre, muito obrigada, é uma honra. Gratidão eternas, Motumbá axé.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - E, agora, a nossa décima homenageada para encerrar este time maravilhoso de estrelas de magnífica grandeza, a nossa homenageada nasceu na Bahia, é mãe de cinco filhos e 13 netos. Ela é moradora de Santo André, São Paulo. Estudou até o primeiro ano do ensino médio e chegou em São Paulo em 1993.

Trabalhou como auxiliar de confeiteira por 12 anos até se tornar confeiteira. Teve uma vida muito difícil, sofreu muito com os preconceitos e, principalmente com o racismo. Até que em 18 de março de 2007. Ela conheceu o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, o MTST, que mudou a sua história e a história de centenas de pessoas.

Hoje, a nossa homenageada é coordenadora nacional do MTST - Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, e se orgulha muito. Venha, Maria das Dores Cerqueira, receber o Prêmio Theodosina Ribeiro. É uma grande mulher que muda e faz a diferença.

 

* * *

 

- É feita a homenagem.

 

* * *

 

A SRA. MARIA DAS DORES CERQUEIRA - Bom dia a todos e todas. Em primeiro lugar eu quero agradecer a Deus pelo fato de eu existir e tentar a fazer a diferença neste País. Quero agradecer a eterna e guerreira, incansável, Leci Brandão. Quero agradecer a Theodosina Ribeiro por ser essa inspiração não só para mim, mas para todas as mulheres negras. Este prêmio, eu quero também oferecê-lo a todas as guerreiras e guerreiros incansáveis do MTST e também a todas as negras que sofrem na pele o preconceito, que têm no teu corpo a marca da injustiça, que carregam consigo também a força, a determinação, a garra e a coragem de lutar pela igualdade social. Eu desejo este prêmio a todas as mulheres negras do nosso País e podem ter certeza que a minha história não tem fim. O meu limite não existe, eu faço a diferença.

Quero dizer para todos vocês que o sonho que se sonha só ele é só um sonho. O sonho que se sonha coletivamente ele vira realidade. Porque isso mudou a minha vida, sonhei ter a minha casa própria, que eu não tinha. Ela está sendo construída e  foi por muita luta, por muita ocupação de terra, foi por muita garra.

Hoje, eu digo que posso morrer e deixar os meus filhos debaixo de um teto, porque são cinco filhos e 13 netos, então jamais será esquecida. É uma questão de honra dizer que eu tenho 13 netos, porém, o mais velho tem oitos anos.  Orgulho-me disso, orgulho-me plenamente disso.

Sou baiana, nasci no Recôncavo Baiano, vim para São Paulo, sofri muito preconceito, racial principalmente, e aqui estou. E nada e nem ninguém vai me abalar. Vocês duas são o meu espelho. Espero que um dia eu alcance para que eu seja espelho também da próxima geração que está vindo aí se despontando.

Muito obrigada. Agradeço a cada um de vocês que se faz presente. Eu desejo um bom dia para todos. Em primeiro lugar, Senhor, obrigado pelo fato de nós existirmos. 

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - Gostaria de fazer um anúncio de mais algumas honoráveis presenças no dia de hoje: a Dra. Júlia Roland, da direção estadual do PCdoB; a ilustre delegada Clementina da Delegacia da Proteção do Idoso do Estado de São Paulo; os senhores Rovilson Britto e André Bezerra, ambos da direção estadual do PCdoB.

Passo agora a palavra para a ilustre deputada Leci Brandão para fazer o encerramento formal da solenidade do dia de hoje.

 

A SRA. PRESIDENTE - LECI BRANDÃO - PCdoB - Muito obrigada. Que Deus abençoe, proteja e ilumine a todos vocês. Hoje está um pouco difícil falar do jeito que vocês estão acostumados porque estamos aqui com o coraçãozinho meio apertado. Mas, todas essas mulheres que passaram por aqui o que elas não sabem é que elas me ensinam e já me ensinaram um monte de coisas e vão continuar me ensinando.

Eu quero agradecer de uma forma muito especial a toda a minha equipe. Não quero citar nomes, porque cada um dentro da sua possibilidade contribuiu para que fizéssemos este evento. Digo a vocês que eu não me sinto mais importante por ter presidido esta solenidade maravilhosa.

A grande importância de tudo isso que aconteceu está aqui ao meu lado direito, que é a Dra. Theodosina. Uma senhora de uma competência, de uma inteligência, de uma reflexão fantástica e, que, graças a Deus tem tido saúde para estar aqui em todas as medalhas e em todos os prêmios que nós construímos.

Quero dizer para as mulheres, sejam negras, brancas, indígenas, ciganas, que podem ser autoridades religiosas, autoridades de todas as religiões, as pessoas que são não só do samba, mas de outros segmentos musicais, porque gostamos da arte, a arte plena. Gostamos e respeitamos todas as religiões, porque todo mundo tem que ter um credo, inclusive aqueles que não acreditam em Deus e são ateus também merecem o meu respeito.

Quero dizer que quando nós chegamos a uma Casa Legislativa e na nossa entrada nem sempre recebemos, como eu não recebi em 2011, o cumprimento e o olhar de afetividade de todos os parlamentares, isso não me fez perder a força. Isso não me fez sentir-me diminuída, porque eu tenho o reconhecimento, o carinho e a sabedoria de vocês. A minha universidade é aquela das seis palavras: “Bom dia, boa tarde, boa noite, com licença, por favor e muito obrigada”. Hoje, eu saio daqui com a minha consciência muito tranquila de ter feito a minha obrigação. Eu não fiz favor a quem quer seja e não faço favor a quem quer que seja. É a nossa obrigação lutar sempre.

Lutar sempre e acima de tudo respeitar sempre. Mulheres queridas, amadas e respeitadas por mim, muito obrigada por vocês existirem. Aos homens que tratam essas mulheres com carinho, com respeito e com a dignidade, também o nosso agradecimento.

A todo mundo que me ajudou, a todo mundo que confiou na minha história de vida. Não foi no sucesso. Eu não faço sucesso há algum tempo. Para vocês terem ideia, nem gravadora eu tenho, eu estou tentando arranjar uma, quem souber pode mandar um recadinho para o gabinete. É sério, é mais um pedido que eu faço.

Mas, o principal pedido é o seguinte, mandem as suas ideias, todo mundo que está sentado aqui tem uma ideia, todo mundo que está aqui tem um encaminhamento de alguma coisa. Tem alguma coisa para dar, alguma coisa boa para doar. Eu estou pedindo a vocês que continuem dando para mim, continuem dando para essa pessoa que está cumprindo uma missão, eu não sei até quando Deus vai permitir.

Mas, eu quero terminar a minha fala mais uma vez agradecendo a minha equipe, agradecendo a presença de Jamil Murad aqui do nosso representante do Tribunal de Justiça e da Procuradoria-Geral e de todas as autoridades populares que estão sentadas neste plenário que nem sempre pode ser ocupado pelo povo desse estado.

Mas, hoje, são vocês que mandam aqui; hoje, são vocês que conduzem a sessão; hoje, são vocês os donos da verdade e os donos da felicidade. Porque hoje, com todas as circunstâncias que eu estou passando, é um dia de muita felicidade. Axé para todo mundo que está aqui, benção para todos vocês e muito obrigada por tudo. Obrigada meu povo, valeu, Deus abençoe, proteja e ilumine.

Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência agradece às autoridades, à Mesa, à minha equipe, aos funcionários, aos serviços de Som, da Taquigrafia, de Atas, do Cerimonial, da Imprensa, à TV Legislativa, às assessorias das Polícias Civil e Militar, bem como a todos que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade.

Convidamos a todos para um coquetel no Hall Monumental. Um aplauso maravilhoso para as dez mulheres homenageadas. (Palmas.)

 Está encerrada a sessão.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - CLAUDIA LUNA - E, neste momento a deputada Leci Brandão fará a entrega das flores a grande instituidora do prêmio, a deputada Theodosina Ribeiro.

 

* * *

 

- É feita a entrega de flores.

 

* * *

 

- Encerra-se a sessão às 12 horas e 16 minutos.

 

* * *