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28 DE ABRIL DE 2017

017ª SESSÃO SOLENE Em HOMENAGEM AO BRASILEIRO FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - CELEBRANDO CHICO XAVIER E SUA OBRA

 

Presidente: CAUÊ MACRIS

 

RESUMO

 

1 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Abre a sessão. Anuncia as autoridades presentes. Informa que convocara a presente sessão solene para "Homenagem ao brasileiro Francisco Cândido Xavier - celebrando Chico Xavier e sua obra". Convida os presentes a ouvirem, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".

 

2 - JOSÉ HENRIQUE VALÊNCIO

Diretor da Associação Benção de Paz, representando a Sra. Angela Maria Giudice de Oliveira, presidente da Associação Benção de Paz, tece comentários acerca das manifestações realizadas no Brasil hoje. Considera que Chico Xavier lutou pela dignidade das pessoas. Acentua a importância de reuniões públicas voltadas para a disseminação do bem. Pontua a relevância da bandeira nacional. Indica que, no espiritismo, o Brasil é conhecido como pátria do evangelho. Frisa a humildade do homenageado. Assinala que, a seu ver, a juventude e as virtudes do presidente Cauê Macris representam novas esperanças para a política do País e do estado de São Paulo. Defende que as pessoas se unam em nome de objetivo maior. Deseja que a figura de Chico Xavier seja uma inspiração para as ações coletivas.

 

3 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Anuncia a exibição de vídeo acerca dos trabalhos sociais da Associação Benção de Paz. Anuncia a apresentação da Banda Benção de Paz, com a execução de três músicas em homenagem a Chico Xavier.

 

4 - QUITO FORMIGA

Vereador à Câmara Municipal de São Paulo, enfatiza a atuação política de jovens, a exemplo do presidente Cauê Macris e do vice-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, para o exercício digno da atividade política. Declara seu orgulho em pertencer ao PSDB. Discorre acerca de sua experiência pessoal na Associação Benção de Paz e no centro espírita Perseverança. Tece elogios a Chico Xavier. Manifesta sua gratidão por tê-lo conhecido. Relata orientações recebidas do homenageado em relação à vivência do cristianismo na vida cotidiana. Pondera o reconhecimento da relevância de Chico Xavier por todas as religiões.

 

5 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Anuncia a exibição de vídeo com imagens da vida e obra de Chico Xavier.

 

6 - ESTEVÃO CAMOLESI

Vereador à Câmara Municipal de São Bernardo do Campo, representando o prefeito do município, Orlando Morando, cumprimenta os presentes. Comenta a trajetória de vida de Chico Xavier, marcada, segundo ele, pela superação, o amor, a paz, a simplicidade, a humildade e a fé. Lista informações a respeito da atuação religiosa e caritativa do homenageado. Acentua a relevância das obras psicografadas por ele. Recita trechos da poesia "Brasil", de Castro Alves. Lamenta a falta de respeito às diferenças e o pessimismo nas relações humanas. Frisa a atitude tolerante e a mensagem de esperança de Chico Xavier. Descreve vivências do homenageado em visita à penitenciária do Carandiru. Indica sua contribuição às obras de caridade por meio da venda de livros. Discorre sobre as doenças enfrentadas por Chico Xavier. Tece elogios à sua assiduidade e responsabilidade na vida profissional. Relata visita do homenageado ao estádio do Pacaembu, enfatizando o bom humor e otimismo de Chico, na ocasião. Pontua o amor que ele tinha aos cachorros. Analisa as relações entre animais e seres humanos. Narra atendimento feito pelo homenageado ao ex-presidente Fernando Collor de Mello. Assinala que o homenageado despendia a mesma atenção e carinho a todos que o procuravam. Faz relato sobre a postura de fé de uma senhora que pedira auxílio para alimentar seus filhos. Parabeniza o presidente Cauê Macris pela iniciativa desta sessão solene.

 

7 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Saúda os presentes. Sinaliza a premência, a seu ver, de auxílio às pessoas carentes, em função da crise de desemprego enfrentada pelo Brasil. Descreve problemas pessoais e profissionais, devido à sua vida como homem público. Reflete acerca dos enfrentamentos humanos. Lê trecho de texto, escrito por Chico Xavier, a respeito da possibilidade de encarar as dificuldades da vida e transformá-las em oportunidades. Destaca a relevância dos exemplos dados por pessoas que doaram suas vidas em favor da superação e do fortalecimento espiritual de outras, independente da religião professada por elas. Mostra-se feliz pela possibilidade de realizar esta solenidade. Faz agradecimentos gerais. Encerra os trabalhos.

 

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- Abre a sessão o Sr. Cauê Macris.

 

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O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Boa noite a todos e a todos.

É um prazer muito grande receber cada um de vocês nesta sessão solene em homenagem ao brasileiro Francisco Cândido Xavier, “Celebrando Chico Xavier e Sua Obra”.

Antes de mais nada, gostaria de cumprimentar todos os integrantes da Mesa: Sr. José Henrique Valêncio, representando neste ato a Associação Benção de Paz. Agradeço à Angela, que não pôde estar presente, mas está muito bem representada neste ato. Quero cumprimentar, também, o vereador Estevão Camolesi, da Câmara Municipal de São Bernardo do Campo, representando o amigo e prefeito Orlando Morando; Quito Formiga, vereador que realiza um grande trabalho na Câmara Municipal de São Paulo, também amigo do nosso partido; Rafael Pitanga, defensor público representando o Dr. Davi, defensor público-geral; Ronaldo Lino, representando aqui o vereador João Jorge, também da Câmara Municipal de São Paulo.

Minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada por este Presidente com a finalidade de prestar homenagem ao brasileiro Francisco Cândido Xavier - “Celebrando Chico Xavier e Sua Obra”.

Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web e será retransmitida pela TV Assembleia nesse sábado, 29 de abril, às 21 horas, pela NET, canal 7; pela Vivo, canal 9; e TV Digital Aberta, canal 61.2.

Convido todos os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do 1º sargento PM Elizeu.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Em nome da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, gostaria de, mais uma vez, agradecer à Polícia Militar do Estado de São Paulo e, nesse ato, o 1º sargento PM Elizeu, pela presteza que sempre tem com a Assembleia de São Paulo e nossos parlamentares. Agradeço imensamente em nome da Assembleia de São Paulo.

Gostaria de, neste momento, nominar os representantes das autoridades aqui presentes: Eduardo Fuoco, representando o deputado Fernando Capez; Alexandre Ribeiro, representando o prefeito regional da Vila Mariana, Benê; Sanenari Oshiro, representando Joaquim Lopes, presidente da EMTU.

Neste momento, passo a palavra para ele que é diretor da Associação Bênção de Paz, um amigo, uma pessoa com quem tivemos uma relação muito grande ao longo dos últimos tempos: José Henrique Valêncio.

 

O SR. JOSÉ HENRIQUE VALÊNCIO - Boa noite a todos.

Na pessoa do nobre deputado Cauê Macris, cumprimento todos os componentes da Mesa.

Amigos queridos, pessoas que estou tendo o privilégio de conhecer essa noite, como defensor público, senhoras e senhores, nós representamos, nesta noite, a nossa presidente Angela Maria Giudice de Oliveira, que lastima profundamente não poder estar conosco, que requisitamos esta sessão ao nosso deputado, para uma homenagem a Chico Xavier - o grande incentivador das obras do bem no Brasil e além-fronteiras. Angela que está vivendo hoje uma experiência bastante difícil com a enfermidade de seu pai.

É importante ressaltar que nesse dia, 28 de abril, aqui em São Paulo, muitas pessoas mais humildes, às vezes nem tão humildes assim, tiveram dificuldades em exercer seus direitos constitucionais de se locomoverem. Porque, algumas pessoas, usando seu legítimo direito de se manifestar, acabam extrapolando e, inclusive, invadindo, em suas manifestações, o direito de outrem.

Mas, da mesma forma que acompanhamos há algum tempo o trabalho do deputado Cauê Macris dentro do Poder Legislativo, o homenageado da noite, nosso querido Francisco Cândido Xavier - de quem tivemos o privilégio de gozar um pouquinho de sua intimidade - também era um homem que fazia todos os esforços que estivessem em seu alcance para que a vida das pessoas fosse facilitada, para que a dignidade dos homens e das mulheres fosse absolutamente homenageada e colocada como principal parâmetro de atitude e de vivência.

Hoje, no Brasil, precisamos muito destas homenagens, destes instantes de reflexão, defensor, meu querido Ronaldo. Precisamos demais de noites como estas, em que nos encontramos para falar do bem, para falar das virtudes, para falar de liberdade. Nada mais adequado que iniciar esse tipo de reflexão cantando o Hino Nacional e olhando para o grande pavilhão brasileiro, nossa bandeira. Esse pavilhão tem sido vilipendiado por pessoas e entidades que, às vezes, não se recordam da grandiosidade que há por trás do Brasil - que entre nós e nossa fé religiosa é chamado de Brasil, coração do mundo e pátria do evangelho.

Nesta noite estamos aqui reunidos para homenagear um homem que, para muitas pessoas, é santo. Ele não gostava em hipótese alguma de receber esse tipo de epíteto, esse tipo de adjetivo. Ele não se imaginava um santo. Ele falava que o que mais combinava com ele era o diminutivo de seu próprio nome - ele era um cisco.

Nós nos apequenamos demais porque estamos muito distantes de ser o cisco que ele se intitulava. E, ao mesmo tempo, nos entusiasmamos. Porque se ele, com tudo isso, tinha essa atitude, há ainda muito que nós, unidos, podemos fazer.

Agora, inclusive com sua ascensão à Presidência desta Casa, deputado, nossas esperanças e expectativas se renovam. Se redobram para que sua juventude, aliada às virtudes do seu coração - que se coadunam, como disse e repito, com o homenageado desta noite -, possam trazer novos alentos, novos ares e esperanças ao torrão da pátria brasileira, iniciando pelo torrão paulista - na condição de mais jovem homem a representar a posição mais destacada deste estado, dentro do Poder Legislativo. Deste digno estado, deste grande estado de São Paulo, da locomotiva deste País.

Para que daqui possamos cantar juntos em um brado de trabalho, renovação e esperança, e acima de tudo de crença na vitória do bem, do trabalho e do esforço unido. Que possamos começar o grande trabalho de renovação, de tudo aquilo que cremos e esperamos do nosso Brasil e da nossa pátria. Que comece pelo reconhecimento de nossas potencialidades, pela assunção de nossas responsabilidades, porque efetivamente é bom que nos manifestemos, é muito vital que demonstremos nossas indignações ou pontos de vista, mas acima de tudo é preciso que tomemos as mãos da charrua, do arado e partamos para fazer nossa semeadura no campo menor que cada um de nós tivermos, no próprio lar, na rua onde estivermos.

Frente a um importantíssimo e vital, como é a Casa do povo, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, onde estivermos, que a esperança tome nosso coração e que a inspiração que o nome, a obra e a vida de Francisco Cândido Xavier seja o combustível em nossa atitude, seja a certeza de nossa vitória e acima de tudo, que tenhamos a certeza de que essa vitória, todos unidos em nome de uma coisa positiva, possa triunfar sobre tudo aquilo e todos aqueles que não vierem ao encontro do esforço pela grandeza do Brasil, de São Paulo e de todos nós. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Assistiremos agora à apresentação do vídeo de trabalhos sociais da entidade Benção de Paz.

 

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- É feita a apresentação de vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Neste momento a Banda Benção de Paz nos oferecerá três músicas: “Chico Xavier”, de autoria de Fábio Jr.; “Tributo a Chico Xavier”, de Maurício Cunha, e “Nossa Senhora”, de Roberto Carlos.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Em nome da Assembleia, quero agradecer pelas três músicas e a todos os presentes.

 Nesse momento passo a palavra ao vereador aqui da Capital, da Câmara Municipal de São Paulo, Quito Formiga, para que possa utilizar-se da palavra.

 

O SR. QUITO FORMIGA - Boa noite a todos. Queria inicialmente parabenizar nosso estimado presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, como bem colocou aqui meu irmão Henrique, Cauê Macris. Para mim, vivendo num país em que atravessamos um momento de muita dificuldade, assistir um deputado jovem como V. Exa. a assumir a responsabilidade de conduzir uma Casa com 94 deputados estaduais, representando nosso Estado, tão jovem como a exemplo também do nosso vice-prefeito e secretário de Coordenação de Prefeituras Regionais, nosso querido Bruno Covas.

Tenho esperança no Brasil, por ver pessoas jovens bem orientadas já com experiência procurando mudar nossa história. Eu fico muito feliz e me sinto orgulhoso em ser do PSDB, do nosso partido e estar hoje ao seu lado nessa Mesa num dia em que fazemos aqui a homenagem ao nosso querido Chico. Então nesse momento eu quero deixar um pouco o protocolo de lado presidente, e falar com meu coração.

Meu irmão Henrique Valêncio, tão querido, nos conhecemos lá atrás em nossa adolescência; a Benção de Paz, uma casa que tenho muito carinho e já tive a oportunidade de visitar por tantas vezes, até para contribuir com minha humilde mediunidade, com o trabalho da psicografia que nós já desenvolvemos há tantos anos no Perseverança.

Falar de Chico para mim é como entrar num momento de oração. Chico era o apóstolo da humildade. Nós que tivemos - eu, Henrique e tantos outros jovens naquela época, acompanhamos até o desencargo do Chico, a oportunidade de conviver com ele um pouco, para nós isso é uma benção e uma alegria tão grande, motivo de gratidão a Deus. Henrique, eu lembro que há muitos anos participamos daquele movimento do Prêmio Nobel da Paz, do Chico. Nós trabalhávamos muito para que pudéssemos levar o nome do Chico e que ele pudesse ganhar.

Eu fico realmente muito agradecido de receber o seu convite e participar desse evento maravilhoso, rever a banda do Benção de Paz, o Paulinho, a Paulinha, enfim, toda a família espírita e de irmãos queridos. Eu só quero aproveitar esse momento e contar um fato que aconteceu comigo. Numa ocasião, na época em que entrei para a faculdade, eu tinha lá no Perseverança dois dias de trabalho por semana. Eu ia estudar à noite, então seria obrigado a passar meu trabalho espiritual para o domingo e abrir mão dos dois dias de trabalho, ficando com um único dia para trabalhar espiritualmente.

Aquilo me preocupou muito porque as pessoas que nos procuravam lá, muitas para receber mensagens de entes queridos, eu sabia que num dia só eu não conseguiria atender. Aquilo machucou meu coração. Numa viagem com minha mãe para Uberaba, eu estava na mesa junto com o Chico e minha mãe me provoca para que eu pudesse contar ao Chico o que eu estava sentindo. Eu não queria aquilo... Minha mãe: “Fala filho.” Aí contei para ele, que me falou assim: “Filho, quantos dias você fica no Perseverança quando você vai fazer seu trabalho?” E eu falei: “Duas horas, Chico”. Aí ele me disse: “Por mês quantas horas são?” Aí eu falei: “São oito horas, Chico”. E ele disse: “Por ano quantas horas são, filho?” E eu falei: “Noventa e seis, Chico”. “Quantos dias são 96 horas?” Falei: “São quatro dias”. “Então meu filho, os outros 361 dias você vai ser o cristão espírita fora do centro”.

Aquilo para mim foi uma lição tão grande, com tanta humildade, que saí de lá tão feliz e falei: “Então vou fazer meu trabalhinho de quatro dias por ano, mas vou procurar ser melhor na minha vida cotidiana, no meu trabalho, na minha família”. Então o Chico era uma lição. Sentar perto do Chico, olhar para ele, escutar uma palavra do Chico era de tanto proveito para nossa vida. Hoje, sentimos aquela saudade que todo mundo sente de Chico, até de quem não o conheceu. Eu duvido que qualquer outra pessoa, de qualquer outra religião não gostaria hoje de ter um momento ou de dar um abraço no Chico como ele abraçava tanta gente, sempre com aquele jeitinho tão humilde. E se dizendo, como o Henrique colocou aqui, “cisco” Xavier.

Eu estou muito emocionado e feliz de poder falar do Chico dentro desta Casa de leis, deste Parlamento, por você ter aberto esse espaço, Cauê. Eu desejo para você, para seu mandato de presidente e deputado estadual todas as bênçãos do mundo. Que o Chico, de onde estiver, possa olhar e conduzir você com a tarefa tão difícil que você tem de presidir esta Casa e cumprir com seu mandato dignamente, como faz seu pai, nosso deputado federal Vanderlei Macris. Você vai mudar a história do nosso país junto com o Bruno, tenho certeza disso. Parabéns, deputado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Agradeço as palavras do vereador Quito Formiga. Quero agora pedir para que passem um vídeo de Chico Xavier, com a canção de Roberto Carlos.

 

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- É apresentado um vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Nesse momento convido o vereador Estevão Camolesi, da Câmara Municipal de São Bernardo do Campo, para que possa utilizar da palavra. Fique à vontade caso queira utilizar a tribuna.

 

O SR. ESTEVÃO CAMOLESI - Excelentíssimo Presidente desta Casa de Leis, Cauê Macris, presidente também desta importante e tão significativa sessão solene em homenagem ao nosso querido e venerando Chico Xavier e sua obra. Excelentíssimo vereador de São Paulo, dessa nossa abençoada São Paulo que nosso querido Chico Xavier amava tanto, e que aqui esteve tantas vezes, Quito Formiga. Cumprimento os distintos senhores representantes do Ministério Público, em especial da Defensoria Pública, nosso querido Henrique, representando o Centro Espírita Benção de Paz, e também a banda que aqui brilhantemente apresentou suas três músicas.

Senhoras e senhores, boa noite. Que Deus nos possa abençoar e proteger. Aproveito, deputado, para ensejar os votos de paz e solidariedade do então prefeito de São Bernardo do Campo, que já foi deputado nesta Casa por três mandatos e agora prefeito, Orlando Morando, que lhe manda um abraço e sua solidariedade a todos nós nesta noite.

Meus amigos e irmãos, seremos breves. É importante dizer que nosso querido e venerando Chico Xavier foi uma alma ímpar no mundo. Sua vida foi toda pautada na superação, todo seu crescimento espiritual foi feito de escada, não de elevador como muitos querem fazer.

Jantando, passando perfume sem esforço, apertam o botão escrito céu e sobem dando adeus aos pecadores. Ele fez de escada, degrau por degrau, andar por andar, porque nasceu no dia dois de abril de 1910 na cidade do interior do estado das Minas Gerais. Pedro Leopoldo ensejou então em abril, hoje no dia 28, essa homenagem justa a esse homem cuja vida foi um cântico de amor e de paz em meio a noite dos que padecem. Chico Xavier teve uma vida extremamente simples; a vida é simples, nós é que geralmente complicamos. Ele amava a simplicidade porque sabia que quando estamos bem com Deus, o pouco é muito, e o muito sem Deus não é nada.

Vivemos numa sociedade onde muitos procuram tanto, e muitas vezes tendo tudo não se tornam ninguém porque são carentes do brilho dos olhos, da alegria de viver, da felicidade e da paz tão necessárias no mundo de hoje. Chico Xavier foi um homem que através de sua mediunidade extremamente simples, mas profícua e trabalhadora, psicografou mais de dez mil espíritos diferentes. Somados hoje são mais de 500 livros que falam de amor, de paz, de alegria e felicidade. O primeiro livro de Chico Xavier que ele psicografou ainda na adolescência, com 17 anos de idade e que foi publicado dois anos e meio depois.

“Parnaso de Além-Túmulo” é para mim o livro mais difícil de ser psicografado. Somente grandes médiuns para fazer poesias mediúnicas. Eu me recordo também de vosso pai, Eurícledes Formiga, que era um poeta nato que fazia poesia como nós somos capazes de beber um copo de água; numa simplicidade fazia tantas coisas maravilhosas. Quando pegamos, por exemplo, Chico vindo a São Paulo, ele vinha uma vez por ano para fazer aquele chá beneficente do Centro Espírita União, de dona Nena Galves e Sr. Francisco Galves. Quantas vezes fazia ao vivo e a cores, no original sem correção, Castro Alves? Não é fácil você seguir um estilo.

Peguemos Castro Alves, Guerra Junqueiro... Todos esses poetas que têm uma maneira de escrever muito ímpar. Psicografar Augusto dos Anjos com um linguajar que ele tinha ao vivo, e mandar sem correção para a gráfica era realmente um fenômeno. Peguemos Castro Alves num navio negreiro, que não vamos declamar aqui, mas numa trovinha muito simples. “Oh! Bendito o que semeia. Livros à mão cheia e manda o povo pensar! O livro, caindo n'alma é germe que faz a palma, é chuva que faz o mar”. Castro Alves em vida. Castro Alves no mundo espiritual pelo Chico numa poesia psicografada em São Paulo, ao vivo, intitulada “Brasil”. Muito grande, faremos só o início e final: “Brasil, o Mundo a escutar-te, pergunta hoje: ‘O que é?’ Ah! Terra de minha vida, responde às Nações de pé!”, e termina: “Ao resguardar o Direito, mantendo a Justiça e o Bem, luta e rasga o próprio peito, mas não desprezes ninguém! Levanta o grande futuro, ergue tranquilo e seguro a paz nobre e varonil! À humanidade que chora, clamando: Senhor... e agora?! O Christo aponta: Brasil”.

Castro Alves, através de nosso querido Chico Xavier, era um poeta nato. Encontramos Chico Xavier na figura do seu benfeitor Emmanuel, que tem muitas obras, mas especialmente cinco que são chamadas série romana. Há dois mil anos, 50 anos depois renúncia de Cristo, Paulo, Estevão, num período da mediunidade de Chico Xavier - que contava a história do cristianismo primitivo e que nunca mais se repetiu na própria mediunidade dele - esse homem que psicografou várias pessoas sempre com uma mensagem de esperança, de paz, alegria e felicidade, é um homem moderníssimo.

No mundo que vivemos hoje, cuja uma das características do que não dá certo, porque tem muitas coisas que dão certo, sejamos honestos. Mas uma das características do problema de convivência social é a falta de tolerância. É a primeira característica da mediocridade de comportamento psicológico ou de uma evolução espiritual de alguém, a incapacidade de lidar com as diferenças, a incapacidade de lidar com o contraditório, como diz no Direito a incapacidade de ouvir um não e conseguir fazendo o que deve ser feito.

Chico Xavier nunca julgou ninguém, o que não quer dizer que concordava com todos. Mas nunca julgou, talvez porque se recordasse de uma questão do Antigo Testamento que indaga sem dar a resposta, e quem vos elegeu juiz de vossos irmãos. Ele nunca quis ser juiz, sempre alegre e feliz. Pegamos, por exemplo, São Paulo, certa vez Chico Xavier foi visitar o Carandiru, que à época era em população carcerária, o maior presídio da América Latina, que ficava em Santana, aqui em São Paulo. Chico foi a convite do diretor-geral do Carandiru visitar o presídio.

Quando chegou, alguns espíritas ficaram sabendo e ficaram do lado de fora do presídio pensando: “O Chico vai ser morto, porque ou sai morto fisicamente, porque vão matá-lo lá dentro, ou morto espiritualmente porque imagina a vibração de um Carandiru onde só tem assassino, bandido”... E aí vem o julgamento. O Chico foi, entrou, passou cinco horas no Carandiru e atendeu 1.500 detentos. Não que fez uma palestra para esse número, mas atendeu, fez fila. Quando ele saiu já havia a notícia de que Chico estava em São Paulo, tinha uns 80 a 100 espíritas, e eles olharam e disseram: “Chico, graças a Deus saiu vivo, já é uma boa notícia. Mas espiritualmente deve estar acabado, porque o que você deve ter visto de obsessor no Carandiru é coisa de outro mundo”.

Ele disse: “Não vi um”. Claro que deve ter visto, mas a generosidade dele. “Como não viu?” Ele disse: “Não vi. Pelo contrário, lá eu encontrei mães desencarnadas ao lado do filho criminoso em lágrimas rogando a Deus pelo amparo e proteção para que subtraísse aquele filho dos torvelinhos do mal. Encontrei pais, familiares numa cadeia de união, de mãos dadas rogando a Deus amparo para que as pessoas dali mudassem seus comportamentos.” Mas a pessoa insistiu: “Mas e os obsessores?” Porque é impressionante como as pessoas querem saber o que pode acontecer de errado, mesmo que não aconteça. O que dá errado para a maioria da humanidade nunca é surpresa, geralmente nós já sabíamos.

Capota um carro, sai e diz: “Bem que senti um negócio diferente hoje”. Não passa no vestibular e o que diz? “Eu sabia.” E se passa: “Deixa eu olhar de novo porque deve ter algo errado”. Portanto, ele disse: “Os obsessores, meus filhos, não vi nenhum, porque eles já conseguiram o que queriam, trazer essas pessoas a esse local que é um verdadeiro inferno de Dante na Terra”. Ele nunca julgava ninguém, e isso serve para nós hoje, dia 28 de abril de 2017: num mundo de intolerância ele era paz.

Chico Xavier era um homem extremamente pobre, e sendo assim foi o homem que mais deu dinheiro para caridade; foram dezenas, se não centenas de milhões de reais para a caridade. Imaginem por exemplo, vamos pegar um livro do Chico Xavier, são 500. Peço licença para pegar um dos 18 de André Luis, o primeiro, “Nosso Lar”, um livro simples. Só “Nosso Lar” já atingiu um milhão e 900 mil cópias, quase duas milhões de cópias. Imaginem que hoje um autor no Brasil ganhe em média três reais por média de livro publicado, só com “Nosso Lar” Chico Xavier teria ganhado, já deduzidos os impostos, seis milhões de reais.

Agora vocês imaginem que são 500 livros, portanto, sem medo de errar dão mais de cem, 200 milhões. Chico Xavier podia ser milionário, mas ele alegava o seguinte: “Eu ganhei na doutrina espírita coisa que o dinheiro jamais pode comprar, a amizade verdadeira, a paz de servir alegria.” Logo deu tudo para os pobres. Não tendo nada, foi o homem que mais deu. Chico Xavier era um homem extremamente doente, era praticamente cego de um olho. Quando psicografava André Luis, e um espírito contra o Chico obsessor lançou-lhe algo no olho, ele sente o olho doendo no passar de um mês e indaga Emannuel: “Se eu continuar assim com esse olho problema, vou perder o olho.” E Emannuel, seu mentor espiritual diz: “Chico, o que importa? Deus te deu dois, e para psicografar você não precisa nem de um.” E Chico perdeu o olho.

Era um homem doente, infartou três vezes, deputado, sempre nas férias; nunca faltou um dia de trabalho. É impressionante alguém que só uma vez infarta nas férias, mas três vezes? Ele só infartou nas férias, nunca faltou ao trabalho, nunca apresentou um atestado médico, nunca deu desculpas. O primeiro emprego dele foi na Tecelagem Belo Horizonte, ainda em Pedro Leopoldo, com sete anos de idade. Trabalhava num horário muito bom para criança, ele entrava às três da tarde e saia uma da madrugada de segunda a domingo.

O segundo trabalho dele foi no bar de um homem que se chamava Juca Bicheiro, não porque vendia jogo do bicho, mas em Minas era muito comum tomar uma cachacinha. Eles entendiam que no imaginário popular cachaça matava verme, lombriga, então falavam: “Vou tomar uma tabicho.” Daí o Juca Bicheiro que vendia cachaça, um bom local para o maior médico espírita do mundo trabalhar; um ambiente familiar, de esperança, de oração. Trabalhar num bar vendendo cachaça. Ele saía do bar em Pedro Leopoldo e ia trabalhar.

O terceiro emprego de Chico Xavier, já em Uberaba, foi no Ministério da Agricultura, cujo presidente era o Dr. Romulo Joveane. Trabalhou mais de 35 anos lá sem nunca faltar. O primeiro nome de Chico era Chico, o segundo era trabalho. Talvez relembrando Jesus que disse: “Meu pai trabalha e eu também”. Ele não tinha medo de trabalhar e tudo que via era com olhos de amor.

Voltemos a São Paulo. Certa vez Chico veio a São Paulo, e a convite de um irmão nosso ele foi convidado a ir assistir um jogo em São Paulo, no Pacaembu: Palmeiras X Corinthians. Imaginem a cena, Sr. Francisco Galves, esposa de dona Nena Galves, o convidou e Chico aceitou. O Galves conta que quando chegou do lado de fora do estádio, já tinha se arrependido de convidar o Chico, porque o povo gritava. Vamos pensar que não eram palavras de ordem de Maria Santíssima, orações de amor em favor dos desesperados, vocês imaginam a gritaria numa decisão entre Palmeiras e Corinthians no maldito Pacaembu lotado.

Foram o Chico e o Francisco Galves, sentaram-se os dois. Imaginem a cena: você no estádio lotado e do seu lado senta Chico Xavier. Ele sentou, o Galves nem olhava para ele. O Galves conta que quando entrou o juiz, imagina a gritaria que não foi, o povo já começa a xingar e o Chico fica firme. O jogo começou, primeiro tempo, segundo tempo, gritaria, quebra-pau, todo mundo jogando, brigando, saiu gol de um lado, gol do outro... Isso nos 40 minutos do segundo tempo, quando o pessoal estava sentado, Chico levantou-se, bem do Chico, ele andava na contramão do mundo. Quando todo mundo está indo, você esperava e ele estava vindo.

Ele olhou para o Galves no meio de Palmeiras e Corinthians, um estádio lotado, gritando palavrões. Chico olha para o Galves e diz: “Galves, meu filho, que maravilha. Louvado seja Deus, que maravilha”. Galves perguntou, pensou: “Chico acha maravilha em tudo? Você achar uma maravilha no meio de um estádio?” E ele disse: “Eu estou vendo aqui espíritos de luz”. Só o Chico para ver espírito de luz em Palmeiras e Corinthians, porque eles brigam tanto que até se você fazer o mesmo time jogando a própria torcida quando não tem com quem brigar, marcam entre eles, tamanha vontade de brigar.

Ele disse: “Estou vendo espíritos de luz que vieram aqui buscar a energia dessas pessoas.” Imaginem... Na época cabiam 80 mil pessoas gritando, gera uma certa energia. Vocês sabem o que estou falando, já ficaram tristes alguma vez? Não tem uma energia da tristeza, você fica cabisbaixo? Já ficou alegre e feliz? Agora imagina 80 mil pessoas gritando. Chico disse: “Eles vêm buscar essas energias, colocam em tubos.” E ainda viu... O Galves conta que o Chico fez o gesto do tamanho do tubo, em tubos de luz.

Essas energias são direcionadas nesse tubo ao Cemitério do Araçá para que nele, perto do Pacaembu, essas energias por esses mesmos espíritos de luz sejam levadas aos nossos irmãos recém-desencarnados que ainda iludidos pelo corpo que não possuem mais, geram uma espécie de sofrimento espiritual. Para se despertarem, como alguém que dá choque no outro para fazer o coração voltar ao batimento, eles levam essas energias; acordam envolvendo esses espíritos e os encaminham às escolas, colônias ou hospitais espirituais de acordo com a necessidade de cada um.

E chorou de emoção no meio de Palmeiras e Corinthians querendo se matar. É impressionante, ele é a confirmação do que Jesus disse: “Se seus olhos forem bons, tudo será bom”. Agora o recíproco também é verdadeiro, se seus olhos forem maus, tudo será mau. Chico sabia que nós vemos o mundo pelo colorido da esperança de nossos olhos ou pelo branco e preto do nosso pessimismo. A vida é não o que é, mas o que nós fazemos dela; o que nós achamos que é. Portanto, é um homem chamado amor. Impressionante o carinho com que ele atendia as pessoas.

Certa vez em sua casa eu estava presente e chegou o então presidente do Brasil, Fernando Collor de Melo. Entrou ele, a esposa, um general do Exército Brasileiro à paisana, tinha um pessoal lá fora da imprensa e o Collor queria fazer com o Chico, que estava descansando um pouquinho; ele pingava um colírio no olho, já estava com uma certa idade. Até que veio o Chico. O Collor sapateou de um lado para o outro, conversou com ele... O presidente da República esperando no quintal da casa do Chico, imagina se ele era importante ou não. Você via que o presidente queria buscar alguma informação com o Chico, quando então passou um cachorro, porque o Chico tinha muitos cachorros.

Ali mostrou no vídeo a boneca, mas Chico também tinha uns cachorros da raça pequinês. Hoje quase não tem mais, mas é aquele inteiro peludo. Impressionante como o cão fica geralmente a cara do dono. Se o dono é um pouquinho obeso, o cão geralmente não é magro. Se o dono é magrinho o cão segue... O cachorro tinha a cara do Chico, com respeito ao Chico e ao cachorro. Chico era portador de um estrabismo divergente. O convergente é o estrábico, vesgo, mas Chico tinha os olhos divergentes; o esquerdo olhava para a esquerda e o direito para a direita ao mesmo tempo. Era um desespero você conversar com ele sem óculos, porque ele conversava com você, mas um olho olhava para cá, e esse para lá. Você não sabia com quem Chico estava falando.

Ele então conversou com o Collor e passou o cachorro. Chico pegou o cachorro no colo, segurou, alisou e começou a falar sobre os animais. O amor dos animais, a fidelidade que os animais têm para com o homem. Chico disse: “Assim como Deus está para nós, o homem está para o animal.” E começou a falar de compaixão, de responsabilidade. Todos entendemos que Chico estava falando sobre os animais, mas para bom entendedor, meio cachorrinho daquele bastava. Ele estava mandando uma mensagem falando de compaixão, fidelidade, amor e o golpe de misericórdia foi dar o pequinês para o presidente segurar.

Um pequinês fedido, sejamos honestos. Uma gracinha de Chico Xavier, mas temos que ser honestos. Ele segurou o pequinês, fez uma cara daquelas, devolveu e foi embora. Nesse ínterim, Chico olhou uma senhora de cor que ninguém tinha notado a presença. Ela era tão pobre que o chinelo Havaianas dela não tinha tira de borracha, era tira improvisada de arame, metal. Imaginem a pobreza dessa senhora. O brilho dos olhos de Chico Xavier quando viu aquela mulher, parecia que ele estava vendo uma princesa que vinha dos céus. Os olhos marejaram de lágrimas.

Ele a chamou e conversou com ela por 40 minutos, com o presidente foram dez. Deu passe nela na sala de casa. Foi até a biblioteca dele, pegou no livro algo e colocou no bolso, que não deu para ver o que era, mas possivelmente era dinheiro. Deu um dinheirinho para ela, beijou suas mãos, ela beijou as deles, conversaram mais dez minutos e ficaram quase uma hora. Ele a levou ao portão, se despedindo dizendo: “Vai em paz”. Ele atendia com o mesmo carinho presidentes da República e senhoras numa miséria material de dar pena, com o mesmo carinho e amor. Aqueles que a buscavam nele a esperança sempre encontraram.

Por isso ele é a esperança de nossos dias. Sua mensagem, sobretudo hoje, num mundo de intolerância que vivemos, num mundo de tantos “diz que me diz” num mundo tão moderno, mas tão sofrido; o Brasil é o maior país do mundo consumidor de Rivotril. Somos capazes de ir à lua, mas somos incapazes muitas vezes de ir a esquina com medo da manifestação, da agressão, do incêndio, do assalto. Nós vamos tão longe, mas temos medo de viajar para dentro de si mesmos. Tão perto conhecereis a verdade, e a verdade os libertará.

Portanto, hoje eu tenho certeza que a sua presença aqui é mais importante do que você imagina. Para estarem aqui, deputado, todas essas pessoas venceram uma semana de notícias ruins, porque na televisão a sensação é de que hoje o mundo iria acabar, começando pelo Brasil, especialmente São Paulo, como se fosse cair uma bomba atômica e todos seríamos consumidos pelo próprio fogo ou calor. Você venceu a notícia ruim, tomou uma atitude e veio até aqui, por isso você é a prova de que a felicidade, a paz, alegria e evolução não é para quem precisa, porque não conheço uma única pessoa que não precise ser feliz; mas é para quem quer, para quem tem coragem de tomar uma atitude, para quem tem a capacidade de fazer o que deve ser feito. Tenho certeza de que ele com certeza quer que estejamos aqui.

Para encerrar, nesse minutinho final peço licença para contar uma história que não é do Chico, mas bem representa o que fazemos aqui. Muito rapidamente conta que havia uma senhora que no interior do estado mandou um recado para a rádio, porque no interior é muito comum dar recado por rádio. Uma senhora muito bondosa, caridosa e honesta, mãe de quatro meninas, estava passando extrema necessidade. Então pediu através do rádio que houvesse uma alma generosa, boa, caridosa que pudesse dar uma cesta básica para as crianças. Ela pediu em nome de Deus 200 vezes: “Em nome de Deus, você que está ouvindo agora, me ajude. Ajude essas quatro crianças. Se Deus tocar no seu coração”. E ela pediu várias vezes.

Tinha um empresário ouvindo e disse para mim: “Não custa nada uma cesta básica, vou dar amanhã a cesta para ela”. Mas tinha um porém: ele era ateu. Não tem problema nenhum, é uma opção de a pessoa não acreditar em Deus; o problema é ser fanático, seja ateu ou religioso. Ele era fanático como ateu, incomodava todo mundo, humilhava as pessoas que acreditavam em Deus e adorava colocar em situações vexatórias pessoas que tinham fé. Ele disse: “Vou entregar a cesta básica para ela amanhã, e quando eu entregar ela vai ficar feliz e vou perguntar: ‘A senhora sabe quem mandou?’” Claro que ela não sabe. Vou falar somente para atormentá-la: “Foi o diabo”. Olha a mente perversa desse homem colocando numa situação aquela mulher.

No outro dia ele foi, bateu palmas, entregou a cesta. A mulher se ajoelhou ao chão, chorou agradecida pela benção da vida, pela oportunidade daquela cesta. Beijou as mãos dele, as crianças vieram e choraram e ele então fez a pergunta: “A senhora sabe quem mandou a cesta básica?” E ela disse: “Não preciso saber”. E ele falou: “Mas como não precisa?” “Não preciso, porque tenho certeza de que Deus tocou em seu coração, e fazendo isso mandou que o senhor trouxesse a cesta.” E ele falou: “Não, eu preciso dizer para a senhora quem mandou a cesta”. “Mas eu não preciso ouvir, eu confio em Deus, sei que Deus tem as estradas onde o mundo não tem caminho”. Ele doido para falar que tinha sido o diabo. “Mas por que a senhora não quer ouvir o nome de quem mandou a cesta?” Ela falou: “Meu filho, porque tenho fé em Deus. Quem tem fé em Deus e confia no mais alto sabe que quando Deus manda, até o diabo obedece”.

Portanto, meus amigos, quando Deus quer, todos nós conseguimos. Parabéns deputado por sua coragem em fazer esta sessão, que é símbolo do trabalho para alguém que nunca deixou de trabalhar, alguém que sempre fez o que tinha que fazer. Parabéns por sua coragem, ao Centro Espírita Benção de Paz, aos nossos amigos e irmãos. Digo que é uma alegria inenarrável poder participar desse momento histórico da cidade de São Paulo e também da Assembleia Legislativa deste estado. Que Deus te abençoe e proteja, muito obrigado por sua atenção. Sejam todos muito felizes.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Confesso a todos que não tenho o dom da oratória do vereador Camolesi, mas vou me esforçar ao máximo para falar de maneira bem breve e mandar o recado. Em primeiro lugar quero agradecer a presença de cada um de vocês. Estamos hoje numa véspera de feriado, segunda-feira, dia 1º é o Dia do Trabalho; uma sexta-feira atípica, passando por greve geral e certas dificuldades. Tenho certeza que cada um de vocês que está hoje aqui presente é porque tiveram a força de vontade para participarem desse importante momento e dessa homenagem ao Chico Xavier, que foi requisitado por nosso amigo José Henrique, que tem uma relação junto ao meu mandato e nossa atuação aqui na Assembleia Legislativa.

Fico muito feliz de ser amigo não só seu, mas de todos aqueles da entidade. Estou vendo aqui o Tadashi, tantas pessoas que temos aqui uma relação ao longo do tempo. O recado que eu queria dar para todos vocês é que vivemos um momento de muita dificuldade não só em relação à intolerância, mas onde nosso país passa por uma das maiores e mais graves crises, seja ela econômica, financeira, política que já passamos. Vivemos um momento em que a dificuldade de cada um dos 13, 14 milhões de desempregados tem mostrado que as pessoas precisam sim serem ajudadas, seja de qualquer forma em relação a qualquer religião, para conseguir força suficiente para enfrentar as dificuldades que os caminhos nos colocam.

Viver não é fácil, você tem ao longo de sua vida diversos problemas, desde aquele que passa pelos mais simples, e que para ele são grandes problemas, até aquelas pessoas que têm grandes problemas e enfrentam de frente para conseguir sua superação. Esses dias atrás confesso que cheguei em casa e minha mulher me cobrou: “Poxa, Cauê, faz 40 dias desde que você virou presidente da Assembleia e não consigo conversar com você, não consigo olhar para você, porque você chega muito tarde e sai muito cedo”. Faz 40 dias que não olho e não consigo brincar com meus filhos, tenho um casalzinho de gêmeos de um ano e meio em casa. Faz 40 dias que passo diariamente por dificuldades para conseguir colocar a Assembleia no rumo que eu acredito que é correto em relação à vida.

Por que digo isso para vocês? Porque cada um de nós temos nossas dificuldades e enfrentamentos diários. Agora nem tudo acontece por acaso. Eu lendo um pouco da fala que nossa equipe me pediu para fazer, uma inclusive colocada pelo Chico Xavier diz o seguinte: “As coisas boas surgem no meio da dificuldade”. Uma fala colocada pelo Chico Xavier. Isso demonstra para todos nós que temos que encarar de frente cada uma das dificuldades de nossa vida, e fazer com que elas se tornem uma oportunidade.

Nós temos que mostrar que essas dificuldades, e as pessoas que doaram suas vidas inclusive, para nos dar a questão espiritual, para conseguir fortalecer nosso entorno para enfrentar as dificuldades que a vida nos impõe, seja qual seja, mas temos que encarar de frente. Temos que saber que pessoas como Chico Xavier viveram ajudando as pessoas a encarar cada uma das dificuldades. Tenho certeza que quando o Collor visitou o Chico Xavier ele encarava uma das maiores dificuldades da vida dele, e o fim todos sabemos qual foi. Isso quer dizer que precisamos fazer com que essas oportunidades apareçam, e não podemos ter medo de encarar de frente cada uma delas.

Hoje me sinto muito feliz em presidir esta sessão numa véspera de feriado, num dia atípico em relação ao nosso país, mas digo que faço de bom grado, independente da religião de cada uma das pessoas que estejam aqui, que com certeza respeitam e sabem da importância que o Chico Xavier teve na vida de milhares de pessoas em nosso país e pelo mundo. Quero deixar essa fala a todos vocês, e dizer que fico muito feliz em saber que nós participamos, e que sua memória estará sempre na vida de cada um de nós e de todos aqueles que conheceram e comungam de suas posições e ideias.

Agradeço plenamente cada um de vocês por estarem aqui, e tenho certeza que faço votos para que o retorno para casa seja mais tranquilo do que foi o dia a dia, até porque já estamos no avançado da hora, e com certeza não temos greve em lugar nenhum. Todos conseguiremos retornar para casa com Deus.

Esgotado o presente objeto da sessão esta Presidência agradece todas as autoridades, minha equipe, aos funcionários dos serviços de Som, da Taquigrafia, de Atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV Legislativa, das Assessorias Policiais Civil e Militar, bem como todos aqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito dessa sessão.

Está encerrada a presente sessão, uma ótima noite e fiquem todos com Deus. Obrigado.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 55 minutos.

 

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