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10 DE NOVEMBRO DE 2017

 

074ª SESSÃO SOLENE em comemoração aos 87 anos da Soka Gakkai

 

Presidente: JOÃO CARAMEZ

 

RESUMO

 

1 - JOÃO CARAMEZ

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia a composição da Mesa. Nomeia as demais autoridades presentes. Informa que o Sr. Presidente Cauê Macris convocara a presente sessão solene, a requerimento do Sr. Deputado João Caramez, na direção dos trabalhos, em "Comemoração do 87º Aniversário de Fundação da Soka Gakkai". Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Informa exibição de vídeo sobre Cultura e Paz. Anuncia apresentação do Trio de Cordas, com a música "Rosa de Hiroshima".

 

2 - ROSE INOJOSA

Ex-presidente da Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz (Umapaz), discorre sobre seu trabalho em relação à proteção do Meio Ambiente. Comenta os princípios da Associação Brasil Soka Gakkai Internacional (BSGI).

 

3 - JOSÉ FERNANDO ROCHA

Professor e advogado militante da Cultura da Paz, enaltece a figura do presidente da Soka Gakkai Internacional, Daisaku Ikeda, destacando sobre sua busca pela paz. Lembra ensinamento de Mahatma Gandhi. Agradece a oportunidade de participar da solenidade.

 

4 - EDUARDO JORGE

Ex-secretário do Meio Ambiente do Município de São Paulo, discorre sobre a Cultura da Paz. Comenta ensinamentos e ações do presidente da Soka Gakkai Internacional, Daisaku Ikeda. Ressalta a importância do desenvolvimento sustentável e dos Direitos Humanos para a sociedade. Combate o armamento indiscriminado de pessoas e de países. Cita fatos históricos relacionados ao período da Guerra Fria.

 

5 - PRESIDENTE JOÃO CARAMEZ

Tece elogios à fala do ex-secretário do Meio Ambiente do Município de São Paulo, Jorge Eduardo. Comenta sua carreira política como deputado nesta Casa e como prefeito de Itapevi.

 

6 - OSVALDO YOSHINORI MAKI

Vice-presidente da Associação Brasil Soka Gakkai Internacional (BSGI), comenta o conceito de mundo ideal. Discorre sobre o trabalho do presidente da Soka Gakkai Internacional, Daisaku Ikeda. Ressalta que a paz é o tema central dessa obra. Cita ensinamentos budistas.

 

7 - PRESIDENTE JOÃO CARAMEZ

Anuncia a apresentação do Coral Esperança do Mundo, com a música "Ciclo da Vida". Faz histórico da solenidade, que ocorre nesta Casa há 20 anos. Destaca que é preciso que se acredite na participação política para a resolução dos problemas coletivos, declarando-se honrado pelo seu trabalho. Agradece aos integrantes da Soka Gakkai Internacional. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. João Caramez.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Senhoras e senhores, boa noite. Sejam todos bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, para esta sessão solene, que tem a finalidade de comemorar os 87 anos da Soka Gakkai. Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web, e será retransmitida pela TV Assembleia, dia 11, sábado, às 22 horas, pela NET, canal 7; TV Vivo, canal 9; e TV Digital, canal 61.2.

Anunciamos para compor a Mesa: o deputado estadual João Caramez; Eduardo Jorge, ex-secretário municipal do Meio Ambiente de São Paulo; Osvaldo Yoshinori Maki, vice-presidente da Soka Gakkai BSGI; Fernando Rocha, advogado e militante da cultura de paz; e o maestro Amaral Vieira. Podem sentar, senhores.

Com a palavra, o deputado João Caramez.

 

O SR. PRESIDENTE - JOAO CARAMEZ - PSDB - Boa noite a todos.

Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata da sessão anterior.

Senhoras e senhores deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa de Leis, deputado Cauê Macris, atendendo à solicitação deste deputado, com a finalidade de comemorar os 87 anos da Soka Gakkai.

Convido a todos os presentes para, em posição de respeito, cantarmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do segundo sargento PM Gleidson Azevedo.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOÃO CARAMEZ - PSDB - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, esta corporação que nos orgulha muito. Muito obrigado.

Aproveito a oportunidade para nominar aqui algumas outras autoridades. Hernandes, guarda da Marinha, representando, neste momento, o comandante do 8º Distrito Naval, o vice-almirante Carlos Soares Guerreira, obrigado pela sua presença, mande o nosso abraço ao almirante; Márcio Akira Iutaka, vice-presidente adjunto da BSGI, muito obrigado; Jeni Ikeda, consultora do Núcleo Feminino da BSGI; Júlia Ouchi, vice-coordenadora do Núcleo Feminino da BSGI; Roseli Barbosa, vice-coordenadora do Núcleo Feminino da BSGI; Vanessa Lamarca, coordenadora do Núcleo Feminino das regiões Norte e Sul paulistana; Alisson Shiozawa, vice-governador do Núcleo Masculino Jovem da BSGI; Rose Inojosa, ex-presidente da Universidade Livre do Meio Ambiente, Umapaz.

Bom, como todos os senhores observaram, as mulheres predominam nestas citações, é, ou, não é? Os homens ficam muito felizes com isto. Muito obrigado pela presença. Bom, antes de passar a palavra para as pessoas que compõem a Mesa, convido a todos para assistirmos a um vídeo sobre a Cultura da Paz que será apresentado neste momento. Por favor.

 

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- É feita a apresentação de vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOÃO CARAMEZ - PSDB - Bom, já que estamos falando em paz, nada mais justo do que nós comunicarmos aqui a todos os senhores e senhoras a visita do filho do presidente da SGI Daiso Ikeda Hiromasa. Ikeda, em representação de todos os membros da Soka Gakkai Nacional, esteve presente hoje no Vaticano, sendo recebido pelo papa. E no simpósio de perspectiva para o mundo livre de armas nucleares e um desarmamento integral.

Então, vai aqui o nosso abraço ao professor Ikeda, este homem que sempre tem lutado incansavelmente pela paz no mundo. Bom, agora assistiremos a uma apresentação do Trio de Cordas, e o canto com a música “Rosa de Hiroshima”.

 

O SR. DIOGO LIPOAM - Boa noite a todos. Eu quero agradecer desde já pelo convite a nós feito. Estamos aqui para representar o Departe, o Departamento de Artistas de São Paulo, eu sou o Diogo Lipoam, esse é o Marco e essa é a Júlia Nogueira. Queremos oferecer uma música que, na verdade, é um clamor pela paz. Neste momento, vocês podem refletir sobre o que cada um de nós pode fazer para a paz mundial e o que já estamos fazendo, se é que estamos realmente fazendo alguma coisa, está bom? Então é isso.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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O SR. DIOGO LIPOAM - Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOÃO CARAMEZ - PSDB - Muito bom, parabéns mesmo. Bem, eu tenho aqui agora a grata satisfação de passar a palavra a senhora Rose Inojosa, ex-presidente da Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz (Umapaz).

 

A SRA. ROSE INOJOSA - Boa noite. É uma honra estar aqui com vocês, eu agradeço profundamente por isto, nesta celebração de 87 anos da fundação, que tem feito um caminho muito luminoso em vários países do mundo e, especialmente, aqui em nosso País e em nossa cidade. Eu tive a alegria de poder trabalhar na divulgação da Carta da Terra e na educação do desenvolvimento sustentável, e sei do cuidado extremo e da competência com que a fundação e as suas mulheres e homens desenvolvem, com muita delicadeza e com muito cuidado, cada projeto e cada programa.

E, por isto, é uma honra falar para vocês hoje, e eu queria trazer um pensamento do mestre da Daisaku Ikeda, que diz que os resultados do amanhã estão visíveis nas causas que fazemos e defendemos hoje, por isso, nestes 87 anos, vocês vêm plantando e cultivando o amanhã, e eu espero que isto continue por muito mais tempo, e que possamos todos nos beneficiar dos princípios, da competência e da alegria com que vocês trabalham. Parabéns a todos e parabéns à fundação. Obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - JOÃO CARAMEZ - PSDB - Agora, eu passo a palavra a este grande mestre e professor, advogado e militante pela cultura da paz, que sempre tem nos prestigiado com sua presença, o professor José Fernando Rocha, por favor.

 

O SR. JOSÉ FERNANDO ROCHA - Eminente deputado João Caramez, quero que receba a minha saudação cordial e respeitosa, e, eu peço licença para, em nome de V. Exa., estender as minhas saudações a todos os participes desta Mesa frutuosa de trabalhos nesta solenidade. Vossa Excelência noticiou, neste plenário, que hoje o Hiromasa Ikeda, filho do nosso sensei Daisaku Ikeda, já esteve com o papa em Roma. É uma notícia absolutamente auspiciosa, e, devo dizer que, em janeiro deste ano, na comemoração da posse do presidente dos Estados Unidos, Trump, houve uma solenidade ecumênica e holística na catedral de Washington, onde representantes de várias correntes religiosas puderam dar a sua homilia em homenagem à posse do presidente Trump, e lá estava o representante do Dr. Daisaku Ikeda, em nome da SGI, nos provando, com isto, que ela está no calendário de todas as grandes solenidades do mundo inteiro.

Meus senhores e minhas senhoras, meu respeito, minha saudação cordial, e quero dizer que, no início de todas as coisas, está o poeta, com sua lanterna mágica, e quem nos ilumina hoje? Um poeta consagrado de 190 países e territórios, o sensei presidente Daisaku Ikeda, o maior humanista, pacifista de todo o mapa do mundo, que se ombreia ao Mahatma Gandhi, a uma Rosa Parks, e aos grandes da história, e onde está hoje o doutor Daisaku Ikeda?

Eu diria que ele está a 8.848 metros no pico do Everest, espargindo daquela altura as suas lições pacifistas para transformar este planeta em um lugar mais humano. Eu tive a honra e a oportunidade de inaugurar umas salas de aula de computador para as meninas e meninos da escola média em Tóquio, e eu tive a oportunidade de cortar a fita de inauguração de uma sala de computadores linkados online a um observatório norte-americano. O que aquele observatório estava vendo, naquela hora, nas estrelas, as crianças da Soka Gakkai estavam vendo lá, e esta foi uma das grandes honras. Eu me lembro de uma passagem de Mahatma Gandhi, o grande pacifista, que estava visitando uma escola no interior da Índia e percorreu as salas perguntando a cada professor: “Que matéria o senhor leciona aqui?” E, no final, ele reuniu os professores e disse: “Os senhores me disseram que lecionam em diversas matérias, mas não me disseram que são professores de crianças.

É isto que o Dr. Ikeda está em sua doutrina espargindo daquela altura do Everest, eu agradeço profundamente e muito obrigado pela atenção dispensada.

 

O SR. PRESIDENTE - JOÃO CARAMEZ - PSDB - É sempre bom ouvir o professor Fernando Rocha, suas palavras sábias, um homem culto que nos brinda com a sua presença todos os anos nesta comemoração. Eu passo agora a palavra a uma pessoa que eu tenho uma grande admiração pela sua seriedade e sua honestidade, mas, sobretudo, pela maneira como ele faz política.

É um dos orgulhos, um dos homens que temos aqui no estado de São Paulo e que nos orgulha bastante. Como um homem público e ser humano, eu estou falando do nosso ex-secretário do Meio Ambiente do Município de São Paulo, Eduardo Jorge, o senhor está com a palavra.

 

O SR. EDUARDO JORGE - Obrigado, deputado Caramez, e a direção da Soka Gakkai e aos amigos da Mesa. Senhores e senhoras, a Sra. Silvana me convidou para falar com vocês e eu tinha um compromisso no Rio de Janeiro, mas consegui, na quarta-feira, adiar para amanhã, então na quarta-feira nós conversamos, “e eu quero que o senhor fale e faça um comentário sobre a proposta de País de 2017”. Eu tinha lido, porque eu recebo as publicações, inclusive aquela que se faz de quatro em quatro meses, muito interessante, sobre a educação, mas eu tinha lido em maio, e a idade cobra o seu preço.

Então eu falei: “Silvana, mande rápido porque eu vou ler de novo.” E ontem eu li tudo e eu acho que anotei três páginas, mas não vou falar as três. Mas merecia, porque são só algumas observações prévias, mas, quem faz a tradução, professor, quem é que faz a tradução da mensagem de 2017? É o nosso Tiago de Melo, é um poeta amazonense, deve morar lá no meio da Floresta Amazônica, e que deve estar pelos seus 90 e poucos anos, porque eu conheci o Tiago de Melo quando ele foi exilado no Chile, em 1971 e 1972, e ele já tinha uma bela cabeleira branca. Hoje, o poeta Tiago, que é um dos grandes poetas brasileiros, já deve estar pelos seus 90, e continua militando e ajudando a causa do professor Ikeda. Na penúltima página tem as mensagens e as propostas de paz que o Dr. Ikeda implacavelmente manda para o mundo todo, lá do alto do Everest. E começou em 1983, nova proposta de paz e de desarmamento, criando um momento unido para um mundo sem guerras, nova zona de paz, rumo ao século 21 e rumo ao movimento global. Isto aqui a universidade de Soka Gakkai deveria fazer um curso de nova diplomacia da cultura de paz no mundo usando somente estas mensagens do Daisaku Ikeda, de 1983 até 2017. É uma pauta completa da cidadania global, da tolerância, democracia e da cultura de paz. Abarca todos os assuntos.

Havia uma tendência ao fatalismo de uma reação de causa e efeito muito marcada e sem esperança, e, ao mesmo tempo, do outro lado tinham correntes que pregavam a desvinculação da causa e do efeito, que era uma falta de parâmetros, e o caminho do meio, que é a interpretação que o professor Makiguti e Toda levaram, é de que há realmente uma relação de causa e efeito, mas há esperança de que a ação do presente planta o futuro.

Então, é esse caminho do caminho que dá esta fonte de inspiração e de energia para pessoas como o professor Makiguti e Toda e o professor Ikeda agora. Eu sempre penso como foi heróica e como tinha uma formação de coragem física e moral, o professor Makiguti, naqueles idos sombrios da tomada pelo mundo de uma paixão pelo autoritarismo e pelo militarismo, rejeitar esta tendência e resistir em um país caracterizado pela sua cultura de unidade e de finalidade quase religiosa, a unidade do país e como poderia ser interpretado como traição, se ele fosse contra esta tendência implacável que o Japão e que outros países estavam tendo na primeira metade do século 20, e, em relação ao Japão, porque isso era uma tendência mundial na direita e na esquerda, que era a União Soviética e que era altamente autoritário e na direita países como Mussolini e Hitler, e então realmente é preciso ter uma têmpera moral e intelectual baseada em uma segurança filosófica muito forte para ter a postura que o professor Makiguti teve e seu amigo Toda que o sucedeu, e o Ikeda é o representante hoje dessa tradição que honra a todos os democratas do mundo e honra ao Japão, porque essa mensagem e esta resistência do professor Makiguti é uma honra que o Japão nunca pode deixar de pendurar em sua lapela.

E daí também vem as ideias avançadas para o seu tempo: a cidadania global, mundial; a defesa destacada que o Ikeda faz da tarefa da ONU, essa grande obra de engenharia política da humanidade; a pregação do professor Toda em 1957, 12 anos depois de Hiroshima; esse tratado que foi discutido agora na ONU, ele lançou essa ideia em 1957, portanto, fazendo agora 60 anos. Ele plantou uma rosa e colheu agora, 60 anos depois, com o reconhecimento da ONU.

Recentemente aprovado pela ONU, e na solidariedade e coexistência universal, ele pode citar como exemplo o acordo de Paris, que é um acordo extraordinário, entre 200 países. Os dois últimos que não tinham assinado o acordo de Paris assinaram agora. Temos o presidente americano que, infelizmente, recusa a assinatura do ex-presidente Barack Obama, que é um sujeito muito mais arejado e que vê muito mais à frente do que ele. Mas ele não pode ignorar que os Estados Unidos assinaram e ele não pode, porque lá nos Estados Unidos existe uma descentralização muito forte.

Na parte de superação da divisão da xenofobia, ele foca, é claro, nessa crise mundial das imigrações e na dificuldade de acolher o diferente em situações difíceis, e ele faz o apelo que todos os países vejam e julguem as pessoas não por um único atributo, mas como um conjunto de vários atributos e vários contextos e resultados culturais, nunca a ver apenas pela cor da pele, porque vem de tal continente, porque vem da ideologia.

Essa é uma coisa extraordinária, e ele cita os objetivos do desenvolvimento sustentável como o nosso mapa, os objetivos do desenvolvimento sustentável feito pela ONU a pedido da Rio + 20, e dividiu todas as políticas públicas mundiais e nacionais em 17 objetivos que vão da saúde e da superação da pobreza, da questão do meio ambiente e do transporte e da cultura de paz, com metas e objetivos daqui até 2030. Para nós é uma coisa incrível que se consiga algo desse tipo, que é resultado desse trabalho da ONU, que o professor Ikeda tanto apoia.

Essa capacidade de colocar os 200 países do mundo sentados durante dois anos discutindo e fazendo um mapa de 17 objetivos com 169 metas para orientar as políticas públicas do mundo inteiro é inédita na história da humanidade. É uma coisa incrível, porque a história da humanidade é das guerras entre estações, entre povos dominantes e mais fortes, menos fortes. A cultura de paz que a ONU vem propondo se concretiza nesta proposta de você ter um planejamento mundial, que é importante para Moçambique, é importante para a Síria, para o Brasil, para os Estados Unidos, para a Rússia, e são objetivos que vão ser acompanhados e avaliados.

Então, ele pede que se atente a isso e que os jovens, em particular, não deixem de se assenhorar, a participar. A SGI, a Soka Gakkai Internacional e a Carta da Terra, que é outra entidade importantíssima de educação ambiental e cultura da paz da ONU, sediada na América Central, se uniram e fizeram um aplicativo de mapping, que os jovens de todas as idades podem entrar e acompanhar ações em todas as ODS, no mundo inteiro.

Por esse aplicativo, qualquer um pode saber o que um grupo de jovens na Malásia está fazendo para as ODS, na Rússia, nos Estados Unidos, na Paraíba, no Uruguai. É uma organização da SGI e da Carta da Terra Internacional. E ele faz, então, esse diagnóstico de desafios, e parte imediatamente como o homem prático que ele é, para as propostas dele, faz esta avaliação de conjuntura e parte para as propostas, que são três.

Eu vou falar do fim para o começo. A última é o esforço de educação para os direitos humanos. A ONU, dois anos depois da fundação de sua Declaração Universal de Direitos Humanos, que é uma novidade absoluta na história da humanidade, insiste na necessidade de que isto seja um objeto de estudo de todos nós, principalmente da juventude. Nestes direitos, ele fala, particularmente, sobre a questão de gênero e a importância de que essa supremacia matriarcal do homem sobre a mulher, que acompanhou praticamente toda a história da humanidade, seja superada. É outra revolução em andamento no mundo de alguns anos para cá.

Portanto, vocês veem como ele está antenado com essas transformações revolucionárias do final do século e do começo do século. Essa é a primeira proposta que ele faz. A segunda, de trás para frente, é a questão de você estabelecer e reestabelecer a esperança dos refugiados e dos imigrantes. Ele cita vários exemplos de como isso pode ser feito, e, inclusive, é um exemplo interessantíssimo, porque ele vai lá no New Deal de Roosevelt, em 1945, e, além de conhecer demais a filosofia oriental, ele conhece demais a ocidental. Então ele cita o Roosevelt, lá nos Estados Unidos, que estava sofrendo com o problema seríssimo de depressão e de desemprego, entre outros programas de construção de barragens, de estradas, etc. Ele cita uma coisa interessantíssima que o Roosevelt fez: ele contratou três milhões de jovens, deu formação, e este pessoal trabalhou no reflorestamento, plantando dois bilhões de árvores e cuidando delas nos parques nacionais americanos. O que explica porque os Estados Unidos têm parques tão extraordinários, e que são visitados por milhões de pessoas, uma conservação incrível, tanto que ele diz: “Isso aí, que foi feito lá atrás, tem que ser feito de novo.”

Três milhões de jovens, dois bilhões de árvores. Qualificação, autoestima, algo que esses jovens podem revisitar depois, mostrando como eles recuperaram qual parque, que são paixões americanas de visitação, e ele diz: “Isso aí temos que estender aos novos desempregados, refugiados, que precisam ter qualificação e formação para se integrar e realmente ter o direito ao trabalho assegurado, que é um dos direitos previstos nos direitos humanos.”

E a questão mais chocante entre as três propostas é em relação a essa questão do desarmamento, da proibição das armas. Eu li isso aqui e, como eu falei, lá em maio, quando me mandaram lá em casa a primeira versão, eu fiquei tão entusiasmado que eu fui atrás, porque ele dizia isso no começo do ano. A Soka Gakkai está participando de um movimento para o desarmamento e a proibição das armas nucleares, e ele cita vários exemplos de como a juventude da Soka Gakkai se reuniu pelo Zero Nuclear, e outro congresso que houve no Japão, participando várias entidades.

Ele diz: “Conseguimos que a Assembleia-Geral da ONU aprovasse, ao final de 2016, um novo tratado de proibição do uso de armas nucleares como armas de destruição em massa.” E, no dia 07 de julho, estes debates vão ser feitos e esse tratado será preparado e será votado, e ele dizia: “É preciso que haja mobilização no mundo inteiro para que o tratado fique pronto, que ele seja aprovado e que, depois, ele entre em vigor.

Ele falou isso no começo do ano, e ninguém na imprensa, na internet, falava dessa história. Eu que sou interessado nessa questão da cultura de paz e desarmamento não sabia disso, e estava em andamento, é uma coisa muito importante. Então fui atrás, entrei lá no endereço do tratado de proibição de armas nucleares e aparecia tudo, é um milagre da internet, aparece tudo. Tinha um site também dizendo que vai ser votado realmente, quem estava a favor, quem estava contra, quem ia participar, as mobilizações da SGI, sempre presentes nestas atividades. E dia 07 de julho, conforme o professor Ikeda tinha falado, foi a votação, e o tratado foi aprovado por 122, uma abstenção e um voto contra. Isso significa que 78 países não foram lá, porque são 200 países.

Veja que foi uma vitória muito importante, mas que também significa que há uma resistência importante ao tratado. E quais países estavam entre esses 122? Eu pesquisei no site do Ican, que eu recomendo fortemente que vocês visitem, e lá tinham países, por exemplo, que votaram entre os 122: a Áustria, a Suécia, a Irlanda, a Suíça, o Brasil, o México, o Irã, a Nova Zelândia e a Costa Rica.

Quem foi que se absteve? Foi Singapura. E quem votou contra? A Holanda. E, é claro, os países que têm as armas nucleares não pisaram lá e nem participaram da formulação. Foram seis meses discutindo, e nem foram lá para votar. E quem são estes? Os Estados Unidos, Rússia, Índia, Paquistão, França, Inglaterra, China, Israel e, claro, a Coreia do Norte.

Mas, vejam, porque a orientação de mobilização de lutas e a esperança do professor Ikeda tem razão de ser, porque as pessoas, quando falam que isso nunca vai acontecer, se baseiam em outros tratados semelhantes, que começaram com dificuldades e foram aprovados. Houve um tratado de proibição, por exemplo, em 1975, de armas biológicas de destruição, foi aprovado, foi adotado, e o país que usar uma arma, hoje, depois desse tratado adotado, pode ser condenado no Tribunal Penal Internacional, que é outra atividade da ONU, sediada na Europa, para julgar crimes internacionais.

E, depois em 1995, se aprovou o tratado de armas químicas. O presidente da Síria já foi acusado várias vezes de ter usado armas químicas na guerra da Síria, e está sendo investigado pelo Tribunal Penal Internacional. O tratado que proibiu o uso de minas terrestres e outros tratados que começaram também lá atrás tiveram grande resistência, mas foram aprovados, estão valendo, e é lei internacional hoje.

É uma lei internacional porque foram aprovados nos Congressos dos países todos. Eles aceitaram como lei internacional, internalizada dentro do seu país. Portanto, essa trajetória da proibição das armas nucleares começa e vai seguir esse roteiro, e ele é complementado de um outro tratado, de 1968, da ONU, que está valendo, que prega a não proliferação de armas nucleares.

O Brasil, por exemplo, não sei vocês sabem, resistiu muito a assinar o tratado de não proliferação lá de 1968, só assinou isso em 1994, e foi um dos países que mais resistiu, porque durante a ditadura militar, havia uma aspiração, vamos dizer assim, de que o Brasil tivesse uma bomba nuclear. É aquela visão de que, sem uma bomba atômica, somos um país de segunda categoria.

Foi feito um acordo com a Alemanha, ainda no governo do Geisel, para internalizar tecnologia nuclear que daria a condição de você fabricar uma bomba. Felizmente, com a democracia, o Brasil resolveu abandonar esse rumo, se acertou com a Argentina, porque o pretexto era que ela nos ameaçaria, veja que coisa ridícula. Para ela nos ameaçar, se o mestre jogar muito bem e o leilão falhar. A justificativa dos militares era que Argentina e Brasil ameaçavam um ao outro. Quando o Brasil finalmente assinou o tratado, a Argentina assinou junto para não criar problemas. Mas, vejam como é um processo, o tratado é de 1968, de não proliferação, e o nosso País só aderiu em 1994, já na época da democracia.

Portanto, esse é um roteiro que vamos seguir agora nesse tratado, que realmente é um tratado muito difícil, mas deve ser levado com esperança. E no dia 20 de setembro, quando abriu a Assembleia-Geral da ONU anual, os países tiveram a chance de assinar o tratado, que foi votado em 07 de julho. E 53 países assinaram, e é o primeiro passo dos 200. Graças a Deus, o Brasil estava entre eles, o nosso orgulho; infelizmente, para o professor Ikeda, o Japão não estava, mas o Brasil estava, dessa vez não falhamos, estávamos na primeira fila, e o presidente foi pessoalmente assinar o tratado.

Esse é o primeiro passo, o país assina, o presidente, o ditador, o primeiro-ministro, o rei, pega aquela assinatura e entrega no Congresso do país. Porque só vale quando o Congresso do país ratifica a assinatura do representante do Executivo lá em Nova Iorque. Então, o presidente nosso assinou, trouxe, e entregou no Congresso, e está lá. O tratado só vai ser reconhecido como um tratado da ONU com validade, quando 50 países ratificarem os seus Congressos as assinaturas dos seus presidentes, primeiros-ministros e ditadores, reis, etc., e quantos países já ratificaram, destes 53 que assinaram? Três. Já porque foi agora no dia 20 de setembro, esses Congressos estão muito ocupados com vários assuntos, a fila é grande, os três países que já ratificaram em seus Congressos foram a Guiana, nossa vizinha, a Tailândia e o Vaticano.

Por isso que estava reunido hoje o filho do professor Ikeda lá no Vaticano, porque ele foi um dos três que já assinou e ratificou, mas é fácil, porque o Vaticano é muito pequeno e é pouca gente que vota, eu acho que é só o papa. Mas, dos 53 que já assinaram, tem países como a Tailândia, a Guiana e o Vaticano eu já falei, mas, tem o Brasil, tem o México, tem o Peru, tem o Chile, tem a África do Sul, a Nigéria, a Argélia, Cuba, Venezuela, Uruguai, Holanda, Áustria, Indonésia, Nova Zelândia, Bangladesh, Vietnã.

Então, o tratado está andando, e agora ele precisa, como o professor Ikeda recomenda lá, desde o começo do ano, que haja o acompanhamento e pressão nossa ao longo de todos esses anos. E, a pressão por exemplo, para que o nosso Congresso vote a ratificação para poder contar os 50 e o tratado começar a valer, como tratado oficial da ONU, e essa é uma coisa que cada país tem que fazer.

E quem tem que fazer a pressão? Somos nós, de cada país. Então a SGI pode jogar um papel pela sua clareza, pela consciência, pelo que está acompanhando esse processo desde o começo, vocês podem jogar um peso grande nessa atribulação do Congresso Nacional aqui do Brasil. E os outros países? Nós do Brasil poderíamos fazer alguma coisa, podemos juntar unidades interessadas e começar a visitar os cônsules e os embaixadores, registrar a nossa posição.

Os Estados Unidos devem receber uma delegação de brasileiros dizendo que é importante isso, e devemos ir também ao cônsul japonês, o da Rússia, o da Inglaterra, o da França, e sair peregrinando, porque isso repercute na diplomacia internacional. Há o que se fazer para atender a esse apelo do professor Ikeda, de participação nessa que é a tarefa número um das três que ele colocou aqui em sua mensagem para a ONU.

E não é brincadeira realmente essa luta, porque o mundo tem, atualmente, 15.000 ogivas nucleares prontas, e dessas 15.000 ogivas prontas, tem 1.800 que estão no alerta máximo, e você sabe o que é alerta máximo? É que se os Estados Unidos desconfiarem que a Rússia apertou um botão, os Estados Unidos apertam imediatamente, e vice-versa.

E vocês sabem o que são 1.800 bombas atômicas, cada uma delas com o poder de 200, 300, 400 vezes maior do que as de Hiroshima e Nagasaki? Isso praticamente inviabiliza a vida da humanidade na Terra. Tudo depende de apertar um botão. Nós vivemos guerra que exigia que você se posicionasse por A ou por Z, e era uma guerra mesmo, a guerra fria. De vez em quando, a guerra fria ficava quente em um pedacinho do mundo. Não era uma guerra mundial, mas era quente no Chile, no Vietnã, era quente aqui e na Coreia. Nós vivemos um período muito difícil até que a guerra fria esfriasse. A justificativa deles era que precisava ter estas 15 mil ogivas, uma olhando para a outra, sete mil aqui e sete mil acolá, porque assim não haveria guerra, porque os outros não queriam. Se atirasse, os dois seriam destruídos.

Vejam, é o equilíbrio do terror completo, é um equilíbrio do terror e é uma coisa de alto risco, a partir dessa declaração do professor Ikeda eu olhei para uma outra questão, que eu pensei que fosse uma lenda da guerra fria, e ela tem várias lendas, da Rússia e dos Estados Unidos, que lá em 1980 e pouco, os Estados Unidos tinha uma casamata com o botão vermelho, e a Rússia também. Nessa casamata ficavam os responsáveis por disparar a reação ao ataque do inimigo. Um tenente-coronel russo, que comandava os seus 150 soldados nessa casamata, um dia, de repente, viu a mensagem que tinham sido espalhados cinco mísseis balísticos em direção à Rússia. Ele tinha que ir pela regra e apertar um outro botão para avisar o Kremlin e poder mandar de volta os mísseis. Mas ele pensou: “É estranho, por que só mandaram cinco? Achei que iam mandar uns 100, 200.

Ele tinha somente 20 minutos para esperar, porque era o tempo que os mísseis antigos atravessariam e chegariam à Moscou, a Leningrado e a outras cidades, e ele achou que aquilo era algum erro no sistema, então, decidiu não apertar o botão. Esperou uns 20 minutos, um silêncio completo na casamata, todos os oficiais olhando para ele, porque só ele tinha autorização para apertar o botão. Vinte minutos e não aconteceu nada. Após isso, ele saiu com todos os oficiais para beber vodca, e foi uma festa tremenda, porque a intuição dele estava correta. Mas veja, se ele tivesse seguido com o protocolo, que era o mesmo protocolo dos Estados Unidos, teria disparado mísseis em direção aos Estados Unidos. Nós não estaríamos aqui, porque esses mísseis iam afetar a vida de três a quatro bilhões, que esta é outra coisa detestável do equilíbrio da guerra fria. A Rússia e os Estados Unidos ficavam tranquilos, entre aspas, e todos nós que não estávamos nos dois países tínhamos que sofrer com a ameaça da instabilidade desses dois grandes países, resultado: o tenente-coronel foi demitido, punido e expulso da Força Militar russa.

O tenente-coronel foi demitido das Forças Armadas, e foi aposentado, ganhando o equivalente a meio salário mínimo em um país que dá 40 graus abaixo de zero, vocês imaginem o que é viver com meio salário mínimo na Rússia.

Esse homem, esse herói, depois da Glasnost, da Perestroika e tudo, um oficial que era comandante dele escreveu a história, isso já em 1990. Depois, ele foi redescoberto, foram procurar e o encontraram em uma casinha na periferia de Moscou, bem pobrezinho, porque até a sua família o abandonou. A ONU reconheceu o sujeito e a Assembleia da Alemanha deu um prêmio a ele, que faleceu este ano.

Vejam que coisa incrível, como é frágil esse equilíbrio do terror, que é uma herança da guerra fria e que ainda continua hoje. A diferença é que esse terror, hoje, não é somente entre Rússia e Estados Unidos, entre Índia e Paquistão. São vários focos onde esse equilíbrio do terror se disseminou e se descentralizou. Então, realmente, essa missão que o Daisaku Ikeda nos dá, e essa sinalização que a ONU dá para o mundo, é uma tarefa incrível.

O Dr. Daisaku Ikeda fala que a sua tarefa é para jovens, mas eu acredito que, quando ele fala isso, é para jovens de 15, 16, 50, 70, 80 anos. É para todos nós. É realmente algo que temos que deixar como herança para a humanidade: conseguir superar essa herança da guerra fria, essa herança absurda e entrar em uma época de cultura de paz, de tolerância e de discussão entre nações.

Portanto, eu queria ressaltar como foi importante para mim ver essa proposta do Dr. Ikeda e me colocar à disposição para tentar ajudar em tudo o que for possível. Por exemplo, o deputado Caramez poderia propor aqui nesta Assembleia Legislativa, que é a mais importante do Brasil, que se aprove uma moção pedindo que o Congresso vote o tratado, para chegarmos naqueles 50 países necessários para tornar o tratado oficial, e aí vamos atrás dos outros países, pressionando, porque já é o tratado da ONU. Um país que vai aderir não é obrigado, mas ele vai ficar contra um tratado da ONU que já está em vigor, portanto, eu acho que há tarefas bem práticas em relação a isso, para que essa mensagem de 2017, do professor Ikeda, seja fértil e dê muitas rosas. Muito obrigado pessoal.

 

O SR. PRESIDENTE - JOÃO CARAMEZ - PSDB - Nós só temos que agradecer a Silvana pela lembrança de convidar o Eduardo Jorge para vir aqui e trazer estas belíssimas palavras. Que tudo isto sirva de reflexão para todos nós. Eu fico muito orgulhoso de receber aqui uma sugestão deste homem, por quem eu tenho uma grande admiração. Um homem com espírito público e republicano, fora de série. Então, é com muita honra que eu recebo a sua sugestão, e pode ter certeza que, na semana que vem, terça-feira, estaremos protocolando esta moção aqui na Assembleia Legislativa.

Estes aplausos têm que ser dirigidos a ele, porque ele que me deu a sugestão, então eu fico muito grato. A vida do parlamentar é uma vida ingrata, e ainda mais para quem já foi prefeito, como eu fui, o sonho de todo o homem é materializar o seu sonho, e quando eu digo homem, eu digo a humanidade, homens, mulheres, jovens. O Executivo é uma missão muito nobre, e conseguimos, professor, materializar alguns sonhos, afinal de contas, você tem a caneta na mão, você sonha em fazer uma praça, e com toda a dificuldade vai lá e destina recursos, vai à luta, e consegue materializar os sonhos, construir as praças. E assim é com o campo de futebol, é com o ginásio e com o posto de saúde, pronto-socorro. Eu, quando fui prefeito, consegui materializar diversos sonhos.

Quando eu vim para o Parlamento, logicamente, eu senti uma certa dificuldade nisso, por que qual sonho conseguimos materializar em um Parlamento? O próprio Parlamento já diz, é um local onde se parla muito, muito debate, e então é muito difícil você conseguir materializar alguns sonhos. Eu fui muito feliz recentemente, quando eu consegui aprovar um projeto de lei complementar que acabou se transformando em uma lei complementar e que cria 140 municípios de interesse turístico.

São Paulo é o maior receptador de turistas do Brasil. Para se ter uma ideia, temos aqui uma riqueza muito grande, não só em nossas praias, mas, sobretudo em nosso interior paulista. Cidades que podem oferecer atrativos diversos, são municípios pequenos, mas que não têm recurso suficiente para fomentar o turismo, que é a maior fonte geradora de emprego e renda do mundo. São Paulo é o único estado da Federação que tem uma política que transfere recursos para o fomento ao turismo. Então, hoje, no estado de São Paulo, nós somos 70 cidades que são estâncias, e criamos a possibilidade de termos 140 municípios de interesse turístico, 51 já foram aprovados. E nós temos aí mais 89 para serem certificados como interesse turístico, e a partir do momento que eles certificarem, eles estarão recebendo recursos na ordem de quase 600 mil reais para o fomento ao turismo.

Este é um sonho que eu consegui materializar com o Executivo. Mas, o que eu quero dizer com tudo isto, Eduardo, o senhor, que já foi deputado, sabe que nós dependemos muito da sociedade para que nos tragam ideias e sugestões e possamos realmente desempenhar a nossa função, que não é só apenas de legislar e fiscalizar, é também de atender a sociedade civil organizada.

Então, hoje, eu saio daqui com um presente maravilhoso, de ter recebido esta sugestão deste tão nobre amigo, que eu considero muito. Muito obrigado, semana que vem estaremos aqui para a moção.

Bom, vamos passar a palavra aqui para o nosso vice-presidente da SGI, o Sr. Osvaldo Yoshinori Maki, por favor.

 

O SR. OSVALDO YOSHINORI MAKI - Prezadas senhoras e senhores, Excelentíssimo Deputado João Caramez, em nome de quem eu gostaria de cumprimentar as demais autoridades aqui presentes, que nos dão a honra de sua prestigiosa presença nesta noite tão significativa, boa noite. Eu gostaria de explicitar especificamente ao nobre deputado, nosso amigo e anfitrião há tantos anos, que nos honra com esta sessão solene, nossa eterna gratidão, e adentrar a esta nobilíssima Casa de Leis do grandioso estado de São Paulo, todos os anos é, para todos nós, muito mais do que uma satisfação, é um imenso e precioso privilégio. Por favor, receba a nossa sincera salva de palmas. (Palmas.)

Antes de tudo, gostaria de iniciar a minha fala com uma pergunta: Como é para todos os senhores um mundo ideal? Eu creio que precisamos, antes de qualquer coisa, pensar em como seria o que é ideal. Um dia ideal começa, por exemplo, com um despertar cheio de esperanças, de confiança no futuro. Não seria assim? Um grande homem um dia bradou: “Juro banir a miséria da face da Terra!” Lembra disso ou não? Este homem era Jossei Toda, o segundo presidente da Soka Gakkai. E o seu discípulo imediato, na época vivendo o frescor dos seus 30 anos, era Daisaku Ikeda, e a pessoa que inspirou Jossei Toda foi Tsunessaburo Makiguti, fundador da Soka Gakkai. E tomando para si o juramento de seu mentor, após o falecimento deste, o indomável e incansável Jossei Toda se levantou sozinho, quando todos o imaginavam destruído, e proferiu o brado resoluto que mudou a história: “Juro banir a miséria da face da Terra!” Poucos anos depois, Jossei Toda ainda discursou diante de dezenas e milhares de jovens sobre o grande mal que as armas de destruição em massa causam à humanidade.

Sua célebre declaração para a abolição das armas nucleares, aos céticos, foi apenas uma voz clamando no deserto, porém o jovem Ikeda, ao assumir o posto do seu mestre, decidido a fazer com que aquela voz reverberasse pelo mundo, implementou um grande plano de ações coordenadas para concretizar o ideal de Jossei Toda, e hoje, ele, no alto dos seus 89 anos, vivencia as suas palavras diariamente.

Desde 1983, ele redige anualmente impressionantes propostas de paz, abordando as questões mais alarmantes e ameaçantes da paz, propondo soluções práticas a cada um dos problemas. E muitas dessas propostas foram a base de programas das Nações Unidas, duplicando assim o alcance da voz de seu mestre que clamava pela paz e a harmonia entre os povos. E, conforme consta na carta da SGI, nós, os seus associados, com um contingente de cerca de 12 milhões de indivíduos em todo o mundo, não apenas nos posicionamos como meros espectadores, mas participamos efetivamente, promovendo ações conjuntas que visam o estabelecimento de uma sociedade verdadeiramente pacífica e harmoniosa.

Todas essas ações são realizadas em nosso cotidiano, a pessoa tendo em mente a máxima: “Eu sou uma proposta de paz.” A multiplicação da força destas milhões de vozes anônimas, mas resolutas em suas ações cotidianas, resultou em um feito inédito. A Organização das Nações Unidas ratificou o tratado de proibição das armas nucleares em julho deste ano, 60 anos depois que Jossei Toda bradou, com coragem e determinação, aquela declaração que todos pensavam ser somente um sopro em meio a um vendaval de ceticismo e insegurança.

Como bem colocou o Dr. Ikeda, a paz não se inicia nas mesas de negociações de governantes, ela só é possível se ela se originar no coração de cada cidadão deste planeta, por meio de seu sincero empenho na busca por uma própria revolução humana. Nós, associados da SGI, desde que nos conscientizamos sobre a importância desse fato e iniciamos as nossas trajetórias como cidadãos engajados na construção de uma paz perene, temos, nas propostas de paz do Dr. Ikeda, um guia, que nos possibilita sermos, cada um de nós, uma proposta de paz. E muitos podem nos considerar poucos, ou dizer que ainda estamos muito distantes do nosso ideal. O Dr. Ikeda coloca em sua proposta de paz de 2015 que a direção da sociedade futura será determinada pelos 5% que estão comprometidos. Essa porcentagem, em última análise, transforma a cultura na sua totalidade. Essa afirmação é compartilhada por inúmeros pesquisadores e é a base de nova revolução, na qual os 12 milhões de associados da SGI se engajam diariamente.

E o ativista da paz argentino Adolfo Pérez Esquivel enfatizou que quando as pessoas aspiram a um objetivo humano em comum, quando aspiram a paz e a liberdade, desenvolvem capacidades extraordinárias. O Dr. Esquivel e o Dr. Ikeda se encontraram em algumas ocasiões, cada qual engajados de formas nobres em seus ideais. O Dr. Esquivel junto aos seus povos mais sofridos das Américas, e o Dr. Ikeda em meio aos companheiros de toda a SGI. Nenhum deles abriu mão de seus sonhos e ambos adquiriram uma crescente fé nas ações cotidianas de pessoas comuns, devido à pureza e o desprendimento com que agem, sem objetivarem fama ou fortuna.

Sobre isso, na proposta de paz deste ano e na solidariedade mundial dos jovens, o alvorecer de uma nova era de esperança, o Dr. Ikeda enfatiza que nenhum dos ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, será fácil de alcançar, mas as relações empáticas com aqueles que lutam pela dedicação ao trabalho, de empoderamento, dão a cada um de nós a capacidade de fazer uma flor desabrochar em nosso ambiente, e, no início, ninguém tem papel mais crucial dos que os nossos jovens. Os ODS mostram a realidade presente de vivermos neste planeta junto com os nossos semelhantes e um modo de vida dedicado ao esforço diário de construir uma sociedade unida pela alegria de viver.

Nós, os companheiros de 192 países e territórios do mundo, vivemos por este ideal, por meio da filosofia humanística do budismo de Nitiren Daishonin, propagado pela Associação Brasil SGI. Somos pessoas felizes, pois, retornando à ideia inicial desta fala, temos claro que, para existir um mundo ideal, a caminhada sempre se inicia com um dia ideal, passando para uma semana ideal, um mês e um ano ideal. Tropeços, percalços, quedas sempre ocorrerão, isso é certo, porém, o que temos firme em nossas mentes é sempre que cada topada, tropeço, cada queda, é uma nova oportunidade para recomeçarmos, para repensarmos, reorganizarmos, e, com certeza, refeitos do susto, mais preparados para obter uma nova conquista.

A frase que marca a trajetória de um membro da SGI é sempre: “Seja como for, a grandiosa revolução humana de uma única pessoa irá um dia impulsionar a mudança total do destino de um país e, além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade.” Daisaku Ikeda. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOÃO CARAMEZ - PSDB - Ouviremos agora a apresentação do Coral Esperança do Mundo, com a música “Ciclo da Vida”.

 

O SR. - Boa noite a todos, somos o Coral Esperança do Mundo e membros associados da BSGI, e contamos com mais de 500 membros, não só em São Paulo, mas no Rio de Janeiro, em Porto Alegre, então, agradecemos por esta maravilhosa oportunidade de lutarmos pela justiça, pela paz, pela revolução humana e pela felicidade de todos. Então, em nome do Coral Esperança do Mundo e da BSGI, muito obrigado.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOÃO CARAMEZ - PSDB - É difícil encontrar palavras para expressar toda a nossa alegria depois de uma apresentação como esta. Todos os anos estamos aqui comemorando o aniversário da Soka, todos. E isto foi criado através de uma lei de autoria do nosso amigo e deputado Lívio Giosa, e eu estou tendo o privilégio de, nestes 20 anos, durante 14, estar presidindo esta sessão.

Todos nós aqui, tanto eu quanto os meus assessores, os nossos servidores aqui da Casa, sempre aguardam esta noite, esta comemoração, com muita expectativa porque é um dos momentos raros que temos aqui nesta Casa. Vocês nos trazem energia, uma paz de espírito, mas, sobretudo, nos trazem a certeza de que realmente um dia possamos alcançar a tão almejada paz. Eu tenho certeza absoluta, Eduardo, em que pesem todas as dificuldades, as diferenças de raças, as desigualdades que estamos vivendo, principalmente aqui no Brasil, e torcemos para que a nossa guerra que vivemos aqui tenha um final feliz, e que possamos ter orgulho dos nossos governantes, das pessoas que realmente dirigem o destino deste País.

O Brasil é um país tão rico e constituído de uma população tão trabalhadora, movida por uma fé incomensurável, e não merece passar o que está passando. Mas eu tenho certeza absoluta de que nós haveremos de alcançar não só a paz mundial, como também a nossa paz interna. Eu me sinto uma pessoa privilegiada por várias razões, primeiro, pela família que eu tenho, minha esposa Dalvanir, meus filhos, a Luciana, o André, o João Pedro, uma família que aceitou a opção que eu fiz de fazer política, porque eu acredito que, através dela, podemos alcançar os objetivos da nossa comunidade.

E a política veio para isso, ela veio para ajudar as pessoas, ela não tem outro sentido, é, ou não é? Ela veio para ajudar as pessoas, e a partir do momento em que somos escolhidos para exercer qualquer mandato eletivo, não temos outro caminho a não ser cumprir com a verdade do grande mestre que nos escolheu e o povo nos referendou. Se o nosso grande mestre nos escolheu, foi para que possamos ajudar os filhos dele, e é este o nosso dever, é esta a nossa missão, uma missão tão nobre que a política nos proporciona.

Então, eu tenho um grande orgulho de ser político, eu tenho um grande orgulho daquilo que eu faço. Por esta razão, sou uma pessoa privilegiada. Por aquilo que eu estou fazendo, pela escolha que fizeram para que eu viesse aqui e pela família que eu tenho, mas, sobretudo pelos amigos que acabamos angariando no decorrer desta nossa trajetória. E, vocês podem ter certeza de que a Soka Gakkai é um dos grandes amigos que eu acabei ganhando nesta minha vida pública.

Este privilégio eu carrego através da Soka Gakkai, que me deu a oportunidade de ter um contato que muitos, mesmo aqueles que frequentam a Soka, gostariam de ter, que é ter um aperto de mãos do professor Dasaiku Ikeda que eu tive, conversar com ele, com sua esposa, a dona Kaneko. É um privilégio de poucos, e eu o tive. E eu devo a vocês este privilégio, é uma coisa que eu carrego em minha vida, e vou levar para o resto dela, porque foi um momento inesquecível, um momento que eu me senti uma pessoa leve, uma pessoa ali naquele momento abençoada, e então isso vocês me proporcionaram.

Sou privilegiado também porque, em minha cidade, nós temos os dois fundadores, o Makiguti e Jossei Toda, eternizados. A estrada que dá acesso ao grande centro cultural que a Soka possui em Itapevi tem o nome do Tsunessaburo Makiguti. Eu vou ficar só no Makiguti, é mais fácil. Então, temos o nome dele eternizado em nossa cidade, através da denominação desta rua, e do Jossei Toda, que dá a denominação do viaduto que dá acesso àquilo que mais precisamos que é emprego, a nossa área industrial.

Este privilégio eu também carrego, e quando digo eu, eu estendo à minha família, à minha esposa, porque quando foi dada a denominação da estrada, a minha esposa era prefeita de lá. Então, eu só tenho a agradecer a vocês, por toda esta oportunidade que vocês me deram, estamos aqui chegando ao final da nossa sessão, mais um ano que tivemos aqui o privilégio de estarmos juntos e comemorando.

Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência agradece às autoridades, à minha equipe, aos funcionários dos serviços de Som, da Taquigrafia, das Atas, do Cerimonial, da Secretaria-Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV Alesp, das Assessorias Policiais Militar e Civil, bem como a todos que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade.

Está encerrada a sessão. Viva a Soka Gakkai. Viva Ikeda e sensei. Muito obrigado, gente.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas.

 

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