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16 DE MARÇO DE 2018

027ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: CORONEL TELHADA e CARLOS GIANNAZI

 

Secretário: CARLOS GIANNAZI

 

RESUMO

 

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - CORONEL TELHADA

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia a presença do vereador de Marília, Maurício Roberto, acompanhado por seu chefe de gabinete, Mário Rui, e do cinegrafista Jerubal Garcia, cuja atuação profissional elogia.

 

2 - CARLOS GIANNAZI

Informa sua participação em audiência pública e manifestação, na Câmara Municipal de São Paulo, contra o Sampaprev. Critica o projeto de reforma da Previdência municipal, que prevê a privatização do Iprem e a elevação da contribuição dos servidores de 11 para 19 por cento. Tece elogios à mobilização de profissionais da Educação e comunidade escolar. Compara o movimento àquele que combateu a proposta federal de reforma previdenciária. Reprova o uso eleitoreiro que o prefeito João Doria faz, a seu ver, do cargo que ocupa. Deseja que o político não seja eleito governador. Critica as gestões Alckmin e Serra no Estado, sobretudo em relação às privatizações.

 

3 - MARCO VINHOLI

Fala sobre as prévias para candidatos a governador do PSDB, que deverão ocorrer no próximo domingo. Tece elogios ao processo de pré-candidatura adotado pelo partido, que considera democrático. Anuncia apoio à candidatura de João Doria.

 

4 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

 

5 - CORONEL TELHADA

Mostra foto de intervenção bem sucedida do 2º Grupamento do Corpo de Bombeiros de São Paulo. Fala sobre a possibilidade do armamento usado no assassinato da vereadora Marielle Franco ser originário da Polícia Federal. Defende a solução do caso. Mostra foto do policial militar Jean Felipe de Abreu Carvalho, morto em tentativa de assalto. Defende a isonomia de tratamento e comoção social a todos os casos de assassinato e violência. Critica a normalidade com que são tratadas, a seu ver, as mortes de policiais. Mostra postagem que circula nas redes sociais, referente ao assassinato de policiais negros no Rio de Janeiro. Lamenta a morte de 26 policiais, este ano.

 

6 - CORONEL TELHADA

Assume a Presidência.

 

7 - CARLOS GIANNAZI

Discorre sobre ato em homenagem a Marielle Franco e Anderson Pedro Gomes, ontem, na Avenida Paulista. Relata histórico da vereadora como ativista e política em defesa dos movimentos sociais e direitos humanos e no combate às desigualdades. Ressalta a representatividade de Marielle e seu alto desempenho nos pleitos municipais. Destaca a comoção nacional e internacional causada pela morte da vereadora. Diz que, a seu ver, ela foi vítima de um crime político com vistas a combater o crescimento de uma nova forma de fazer política, encabeçada pelo PSOL. Frisa o simbolismo da ocorrência. Defende a investigação do crime, inclusive da possibilidade de participação da polícia. Relata ameaças de morte sofridas por Marcelo Freixo após presidir CPI sobre milícias.

 

8 - CARLOS GIANNAZI

Pede o levantamento da sessão, por acordo de lideranças. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 19/03, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Lembra sessões solenes a serem realizadas hoje, às 20 horas, para "Homenagem ao Dia Estadual das Filhas de ", e no dia 19/03, às 10 horas, para "Homenagem aos Consegs - Conselhos Comunitários de Segurança e o Projeto Vizinhança Solidária". Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Coronel Telhada.

 

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O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - SEM PARTIDO - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Carlos Giannazi para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - SEM PARTIDO - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esta Presidência gostaria de anunciar a presença do vereador de Marília, do Partido Progressista, Tenente Maurício Roberto, acompanhado de Mário Rui, chefe de gabinete. O vereador é nosso amigo e tenente da Polícia Militar. Sejam bem-vindos. Levem o abraço de todos nós à cidade de Marília. E contem com nosso apoio. Abraço a todos; obrigado ao vereador e ao assessor.

Quero citar também a presença de uma pessoa amiga, o pai da nossa repórter Sílvia, o Sr. Jerubal Garcia, que hoje está completando 86 anos. Parabéns. É um dos cinegrafistas mais antigos do Brasil, com 70 anos de televisão. Recebi a informação de que ele fez a primeira transmissão ao vivo de um jogo. Ele faz parte da história da televisão brasileira. Está acompanhado da Sra. Helena, sua esposa. Senhor Jerubal, felicidades, parabéns pelo aniversário e pela carreira. Que Deus o abençoe, e obrigado por tudo o que o senhor fez pela televisão brasileira e pelo Brasil. Que Deus abençoe a toda a sua família.

Tenho uma lista com 30 deputados inscritos, mas vou chamar somente os que se encontram na Casa.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, ontem participei de uma audiência pública na Câmara Municipal de São Paulo, contra o projeto do Sampaprev, que é o projeto conhecido como a reforma da Previdência Municipal, que não passa, na verdade, de uma destruição e de uma privatização da Previdência Municipal, do Instituto de Previdência Municipal, conhecido como Iprem.

O prefeito Doria pretende privatizar o Iprem, entregando sua administração para os bancos, para as empresas privadas de previdência, para enriquecer ainda mais esses setores. Ele está fazendo negócios com a previdência dos servidores.

Ao mesmo tempo, é um projeto que confisca salários de servidores, sobretudo dos educadores e profissionais da Educação. Ele eleva a contribuição previdenciária de 11 para 19 por cento. Esse é o projeto do prefeito Doria contra os servidores municipais.

Participei dessa audiência pública, mas participei também de uma grande manifestação dos servidores públicos, talvez uma das maiores de todos os tempos, na frente da Câmara Municipal. Mais de 100 mil pessoas passaram por ali. Foi uma grande manifestação, com vários setores do funcionalismo, organizações, alunos e pais de alunos. Foi um ato que, com certeza, assustou muito os vereadores que pretendem votar a favor desse projeto do Sampaprev.

A sociedade é contra isso. A sociedade brasileira já rejeitou a reforma da Previdência do Temer. Ele não tem forças para fazer a reforma da Previdência contra o povo brasileiro. O Temer pretendia - ainda pretende, mas não tem força política - acabar com a aposentadoria, acabar com a Previdência, mas houve muita reação de todos os setores da sociedade, de setores críticos, dos trabalhadores, houve greve geral, e ele foi obrigado a recuar.

Agora, o Doria, como é candidato ao Governo do Estado, tenta mostrar trabalho para os banqueiros, para o mercado, e tenta vender uma ideia de que vai fazer ajuste fiscal, de que o Temer não fez a reforma, mas ele fez. Ele está usando o Iprem para esse objetivo.

Então, há uma grande mobilização. Nossa bancada do PSOL está obstruindo e fazendo intervenções. Logicamente, somos contra e estaremos junto com os servidores e com a sociedade contra o Sampaprev, contra a destruição da Previdência Municipal. É um atentado criminoso contra os trabalhadores, é um confisco salarial que eleva de 11 para 19% o desconto de todos os servidores. O servidor que já paga 27% vai pagar mais 19% de Iprem, ou seja, quase 50% do seu salário estará comprometido com impostos e com o Iprem. É um absurdo total.

Não vejo a hora de o Doria sair. No dia 6, ele renuncia e a cidade de São Paulo se livra dele. Ele vai ser candidato ao Governo do Estado e tudo faremos para que ele não seja eleito. Então, ele não volta para a Prefeitura, não vira governador e volta para a empresinha dele, a Lide, aquela empresa que bajula empresários, que faz piquenique para empresários. Também é uma empresa que recebe recursos públicos, ele deveria explicar isso. O lugar dele é na Lide, é o lugar do organizador de festinhas para empresários. Vou torcer - todos nós estamos torcendo - para que ele renuncie. Ele vai renunciar no dia 6, vai ser candidato e, se não for eleito...

E tomara que ele não seja governador do estado, pois, se ele chegar ao Governo do Estado, não vai ter mais nada para ele destruir, pois já está tudo destruído aqui. O Alckmin e o Serra já destruíram a Educação Estadual, a Segurança Pública. O Alckmin já privatizou tudo o que viu pela frente, o Serra também. Então, não vai ter quase nada para ele privatizar.

Sr. Presidente, nós vamos continuar lutando contra a aprovação do Sampaprev. Vereador que votar a favor do Sampaprev é traidor de São Paulo. A foto dele estará estampada em cartazes e nas redes sociais: o partido, o nome e a foto. Vamos distribuir em toda a cidade de São Paulo, porque o lema do movimento é: Se votar a favor, não volta mais para a Câmara Municipal. Porque será tachado traidor de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - SEM PARTIDO - Obrigado, deputado.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre deputado Marco Vinholi pelo tempo regimental.

 

O SR. MARCO VINHOLI - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, público, telespectadores da TV Assembleia, boa tarde.

Essa sexta-feira é importante aqui na Assembleia de São Paulo. Quero falar sobre as prévias do PSDB. Teremos agora no domingo próximo, dia 18, um movimento importantíssimo do PSDB no estado de São Paulo. Sabemos da importância dos partidos serem cada vez mais democráticos, ouvirem os seus filiados, terem uma conexão importante com o que pensa a sociedade. O PSDB faz isso: uma grande festa democrática no próximo domingo, das 9 da manhã às 16 da tarde.

São mais de 120 pontos em todo o estado - acho que 128, se não me engano -, nos centros de regiões e, também, nas cidades acima de 100 mil eleitores. O PSDB faz uma grande festa democrática. São mais de 30 mil filiados que vão às urnas nesse domingo, escolher entre cinco pré-candidatos, cinco pessoas valorosas no PSDB: o prefeito de São Paulo, João Doria; o Floriano Pesaro, secretário de Desenvolvimento Social; José Aníbal, grande figura do partido; o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão; e Luiz Felipe D´Ávila, que ingressou no partido no ultimo ano e tem também uma boa militância política.

Esse processo é muito importante para o partido, pois vai ouvir as suas bases. Primeiro temos uma decisão da Comissão Executiva Estadual do partido, que por 16 votos a 8 definiu essas regras, a data e todo o processo de prévias do partido. Depois o Diretório Estadual, com 70 votos a 34, definiu finalmente essas regras e pode acelerar esse processo dentro do partido. Agora, esse domingo, vai culminar com grande participação dos filiados e dos militantes tucanos. Esse processo tem sido muito importante internamente.

Entendemos que, em dado momento, algum pré-candidato possa ter seu ânimo mais acirrado, mas é um processo muito tranquilo dentro do PSDB. A Executiva Estadual fez de tudo o tempo inteiro, pelo comando do presidente Pedro Tobias, para poder ter o máximo de participação possível. Primeiro, a regra da Comissão Executiva Nacional era para que o filiado tivesse que ter dois anos de filiação para participar. Recuamos em São Paulo e colocamos seis meses para que o Luiz Felipe D´Ávila pudesse participar.

Ontem era o prazo para que se apresentassem os fiscais. Somente o prefeito João Doria apresentou os fiscais. Tudo bem, segue em frente esse processo, sempre buscando a maior participação e a democracia com todos os pré-candidatos. Ontem teve bastante debate em torno da taxa que foi colocada para os pré-candidatos participarem. Acho que é uma taxa justa. São todas pessoas experimentadas e que têm campanhas - fizeram nos últimos anos - com gastos muito superiores a isso.

O partido, evidentemente, vai ter total discernimento quanto a isso: aquele candidato que não tiver, vai poder apresentar um atestado - pelo menos a meu ver - de que não pode pagar, ou vai ficar em débito com o partido e participar normalmente. E o processo segue em frente de forma democrática.

Vou apelar aos pré-candidatos: tenho visto, nos últimos dias, alguns indo à imprensa, buscando a Justiça e tentando, de alguma forma ou outra, tirar a credibilidade do processo. Acho que isso é muito errado e tem que acabar no PSDB. Só atrapalha o nosso partido. Quero dizer da confiança nesse processo.

Ontem, ainda, estive lá com o deputado Hélio Nishimoto em São José dos Campos. Houve lá um grande encontro, com o prefeito João Doria, debatendo com o partido na cidade, lotado de filiados.

Tem havido encontros como esse no estado inteiro. É um processo que vai chegando a seu fim. Eu, particularmente, apoio o João Doria para candidato a governador.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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Assim como a maioria da bancada do PSDB, a grande maioria dos militantes do PSDB espera esse domingo para poder, nas urnas, ter uma grande vitória e, no domingo à noite, já poder ter o candidato a governador definido no PSDB.

Então, que possamos ter no domingo uma grande festa democrática e o PSDB avançando com suas primeiras prévias para o Governo do Estado. Algo que, na minha opinião, tem que haver em todos os processos. Isso é uma prática importante dos partidos grandes, os partidos que têm quadros, os partidos que têm uma militância ativa.

O PSDB avança muito com isso. Que possamos ter, no domingo, ótimas prévias.

Muito obrigado, Sr. Presidente e Srs. Deputados.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre deputado Coronel Telhada pelo tempo regimental.

 

O SR. CORONEL TELHADA - SEM PARTIDO - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Alesp, visitantes, funcionários desta Casa, quero falar sobre três assuntos.

Primeiro, um assunto leve. Recebi um e-mail de um amigo, do Wagner, que é nosso acompanhante nas redes sociais.

 

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- É exibida fotografia.

 

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Foi uma ocorrência simples, do dia-a-dia do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar. Mas, o cidadão se sentiu prestigiado. Ele pediu que se fizesse elogio a três bombeiros que, segundo eles, fizeram um “baita” trabalho, ou seja, um trabalho muito bom.

Sozinhos, retiraram uma árvore que caiu ontem. Foram: o sargento Carvalho, a soldado Juli e o cabo Valsuir, todos do 2º Grupamento de Bombeiros, lá na região do Tucuruvi.

Eles já estavam há 48 horas trabalhando, sem auxílio nenhum de outro órgão público: prefeitura, Defesa Civil. Fizeram todo o trabalho sozinhos. O ocorrido foi na Rua Donato Luongo, na Água Fria.

Então, veja bem, ele ainda fala: “Um serviço que deveria ser obrigação da prefeitura no caso do corte de galhos, tronco caído e remoção de tudo para liberação da via.” Mas foi o Corpo de Bombeiros que fez.

Então, é uma ocorrência que se pode dizer normal, mas que é uma prestação de serviço da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros com a população. E o cidadão Wagner nos manda esse elogio. Não poderia deixar de agradecer a postura e o trabalho inconteste do sargento Carvalho, da soldado Juli e do cabo Valsuir, todos do 2º GB.

Sr. Presidente, hoje, infelizmente, mais um policial foi morto no Rio de Janeiro. É o 26º policial morto este ano. Ontem, falamos aqui da vereadora do PSOL, o partido de V. Exa., que foi morta. Isso é inadmissível. É preciso chegar aos autores desse crime.

Hoje, o jornal noticia que a munição apreendida, segundo um técnico, um perito, talvez seja de um lote da Polícia Federal. Eu não sei o que quer dizer isso. Pode ter sido munição roubada, pode ter sido uma série de coisas.

Mas, é uma ocorrência que exige que se chegue ao âmago da questão - não só dela, mas de todos esses absurdos que estão acontecendo no Rio de Janeiro - para que o crime organizado e a violência neste País parem.

 

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- É exibida fotografia.

 

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Hoje, temos aí esse jovem policial militar. Ele tinha 29 anos, idade para ser nosso filho, deputado Giannazi. Foi morto hoje o soldado Jean Felipe de Abreu Carvalho, com 29 anos de idade. Ele estava de folga, foi abordado por um criminoso, entrou em luta corporal com o criminoso, matou o vagabundo, só que havia outros criminosos do outro lado da rua. Ou seja, ele não estava sozinho.

Vieram, mataram o policial militar e levaram a arma dele. Então, esse é um típico caso de execução, é um atentado. O jovem policial Jean Felipe de Abreu Carvalho era casado e estava na Polícia Militar quatro anos. Ele é o 26º PM assassinado.

Quero fazer aqui uma lembrança. Ontem, alguns deputados falaram aqui da morte da vereadora e criticaram, depois, a minha fala, dizendo que eu teria dito que morre PM e ninguém fala nada.

Realmente, eu disse. Morre PM todo dia e ninguém se preocupa. Não que não deva se preocupar com a morte da vereadora. Ao contrário: tem que se preocupar, sim. Mas, nós temos que nos preocupar com todos os que morreram, não só com a vereadora, com o deputado, com o presidente, com todos. Todos têm direito à vida, todas as vidas são iguais. Nenhuma vida é melhor que a outra.

Hoje eu estava vendo televisão e só se fala no caso da vereadora. Realmente, é uma situação atípica - não é normal matar um político aqui no Brasil -, mas tornou-se normal matar policial. Como é que pode? Aqui, policial morre todo o dia e ninguém fala nada. Por que? A vida do policial não vale?

Está rodando na internet esse post, em que está escrito: “todos negros; todos assassinados no Rio de Janeiro, porém, esses foram defendendo o cidadão, em combate contra o crime”. E tem a pergunta: “por que não tem comoção pública e das redes de TV?”. Eu digo o porquê. Nesse post, inclusive, há duas mulheres.

Falaram sobre a vereadora ser negra, pobre e mulher. Ali, há duas negras, pobres, mulheres e policiais: soldado Alda e soldado Fabiana, que foram assassinadas no Rio de Janeiro por serem policiais. Eu pergunto: por que não se preocupam com a vida desses policiais?

Hoje, mais um homem morto no Rio de Janeiro: o policial Jean Felipe de Abreu Carvalho. Por que não se preocupam com a vida desses policias? Eu quero o mesmo tratamento que o político recebe quando é morto! Eu quero o mesmo tratamento para o cidadão comum e para o policial, que ganha um salário ridículo. O salário do Rio de Janeiro consegue ser pior que o salário de São Paulo. Eu quero o mesmo tipo de atenção para a morte do policial!

Eu vi, ontem, o ministro da Segurança Pública dizendo que logo irão esclarecer esse caso. E esses policiais mortos? Quando as mortes serão esclarecidas? Nunca! Morreu mais de 100 no ano passado e nada foi feito - este ano, nós já estamos no vigésimo sexto.

Deputado, V. Exa. falou agora de um outro deputado que anda com segurança. Será que nós teremos que morrer? Será que terão que morrer deputados, vereadores, senadores? Quantos políticos terão que morrer para o pessoal perceber que a Segurança Pública no Brasil está uma porcaria e que nós temos que mudar essas leis criminosas em que a impunidade impera? É o único jeito de melhorar a Segurança Pública.

Eu faço voz, mais uma vez, relatando o absurdo que aconteceu no Rio de Janeiro com a morte dessa jovem. É inadimissivel. Mas, lembrando, que, esse ano, já foram 26 policias. Tem que ser dada a mesma atenção para os policias porque todas as vidas valem a mesma coisa. Não existe vida melhor ou pior: todos são iguais perante a lei e têm que ser tratados da mesma maneira - aliás, isso está escrito na Constituição Federal.

Para encerrar, eu gostaria que as minhas palavras elogiosas ao sargento Carvalho, à soldado Juli e ao cabo Valsuir fossem encaminhadas ao comandante do 2º Grupamento de Bombeiros. Também gostaria que fossem transmitidos os nossos sentimentos de pêsames da perda do soldado Jean Felipe de Abreu Carvalho ao senhor comandante da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Muito obrigado.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Coronel Telhada.

 

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O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - SEM PARTIDO - Tem a palavra o nobre deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, ontem eu estive na Câmara Municipal de São Paulo e participei da manifestação dos servidores municipais contra o Sampaprev.

Em seguida, no final da tarde, eu participei de uma grande manifestação na Av. Paulista, no vão livre do Masp. Foi um protesto muito forte contra a morte da vereadora Marielle, do PSOL, e do seu motorista, o Anderson. Eles foram executados. Foi um crime político. Para nós, não há dúvidas.

A Marielle era uma grande ativista de movimentos sociais, uma pessoa que, bem antes de ser vereadora, fazia uma luta incessante contra a discriminação racial e contra a pobreza e defendia a comunidade LGBT e as mulheres, sobretudo as mulheres negras.

Ela tinha uma vida extremamente ativa nos movimentos sociais, tinha uma visão crítica e sabia muito bem quais eram as verdadeiras causas das desigualdades sociais e econômicas do Brasil. Era uma pessoa extremamente politizada, que foi tendo a sua formação na militância política, há muito tempo atrás. Depois, ela teve o reconhecimento desse trabalho com a sua eleição.

Ela teve quase 46 mil votos no Rio de Janeiro. É muito voto. Ela tinha uma grande representatividade dessas lutas sociais, desses segmentos da sociedade. O simbolismo do seu mandato era muito forte no Rio de Janeiro: uma mulher negra, que saiu favela, da comunidade, pobre, que foi eleita para representar esses segmentos e combater as causas da miséria social.

Ela estava fazendo isso muito bem, então para nós não há dúvidas de que foi uma execução política. Ela foi vítima de um grande crime político. Isso é tão verdade que há uma comoção internacional em torno da morte dela. Ontem, várias manifestações tomaram as ruas do Brasil e do mundo. Em São Paulo, a Avenida Paulista ficou paralisada; no Rio de Janeiro, milhares e milhares de pessoas foram para as ruas, e houve manifestações em Salvador, em Recife, em Fortaleza.

Ela também representava e representa a nova política, uma nova forma de fazer política, e isso é importante. É a velha política tentando exterminar o novo, tentando anular o surgimento de novas lideranças. Então a morte dela com certeza representa hoje uma fagulha a mais em um grande movimento que está crescendo cada vez mais no Brasil e no mundo, representado pela nova política, pelos novos ativistas, por uma nova forma de fazer política, que rompe com o clientelismo, com fisiologismo, com o coronelismo político.

Essa nova política é representada também pela entrada de novos atores, de novos segmentos na política institucional, e era isso que ela simbolizava e simboliza, porque ela foi morta, mas os ideais e a representação dela só aumentaram. A voz da nossa vereadora do PSOL agora ecoa pelo mundo inteiro. Portanto, quero agora fazer esta homenagem a ela, porque ela representa tudo isso que eu falei: a luta em defesa dos direitos humanos, da cidadania, da comunidade LGBT, contra homofobia, em defesa das mulheres e dos afrodescendentes.

Ela participava de vários movimentos e deu, com certeza, uma grande contribuição, então ela vai deixar um grande legado, um grande simbolismo que só cresce cada vez mais no Brasil. Essa foi uma morte estúpida, sem dúvida nenhuma, e nós queremos que haja uma apuração, inclusive da própria Polícia Federal. Há denúncias de que a munição pode ser da Polícia Federal, então nós queremos uma rigorosa e profunda investigação.

O PSOL já está tomando providências, tanto a nossa bancada de deputados federais em Brasília quanto a bancada estadual do Rio de Janeiro e a bancada da Câmara Municipal. Nós vamos continuar a luta que ela sempre travou e que o PSOL trava, pois o PSOL é isso, o PSOL incomoda mesmo. O Marcelo Freixo, que é deputado estadual e era muito amigo dela e parceiro de muitas lutas no Rio de Janeiro, também é ameaçado de morte. Há mais de dez anos ele é jurado de morte pelas milícias.

No filme “Tropa de Elite”, ele é um dos personagens, ele é citado. O filme é inspirado, nessa parte, na história dele. Ele é deputado estadual como nós e foi presidente de uma CPI que investigou as milícias. Muitas pessoas foram presas por conta da atuação dele - vereadores, deputados, traficantes - e agora ele é jurado de morte, tem que andar com segurança o tempo todo. Onde há parlamentar do PSOL, há esse tipo de incômodo, porque nosso partido vai fundo na denúncia e no combate à corrupção e às injustiças sociais. Fica aqui nossa homenagem a ela. E nós faremos outras, com certeza. Mas ontem tivemos uma grande homenagem, da qual ela, se estivesse aqui, estaria participando, porque isso era a vida dela - os movimentos sociais, as manifestações e a luta contra as injustiças sociais e econômicas.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - SEM PARTIDO - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia, lembrando-os, ainda, da sessão solene a realizar-se hoje, às 20 horas, com a finalidade de homenagear o Dia Estadual das Filhas de , e da sessão solene da próxima segunda-feira, às 10 horas, com a finalidade homenagear os Consegs - Conselhos Comunitários de Segurança - e o Projeto Vizinhança Solidária.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 01 minuto.

 

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