018ª SESSÃO SOLENE pela OUTORGA DO COLAR DE HONRA AO MÉRITO LEGISLATIVO DO ESTADO DE
SÃO PAULO AO ARTISTA MARCOS FROTA
Presidente: CÁSSIO NAVARRO
RESUMO
1 -
CÁSSIO NAVARRO
Assume
a Presidência e abre a sessão. Anuncia a composição da Mesa. Nomeia demais
autoridades presentes. Informa que a Presidência Efetiva convocara a presente
sessão solene, por solicitação deste deputado, para "Outorga do Colar de
Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao artista Marcos
Frota". Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional
Brasileiro". Anuncia exibição de vídeo sobre a vida e obra do artista
Marcos Frota.
2 - JOSÉ
PICOLO
Amigo
de Marcos Frota, faz breve relato da história de vida
do homenageado. Saúda a pessoa do artista e amigo, Marcos Frota.
3 - MARIA DEL CARMEN PADIN MOURÃO
Primeira-dama
de Praia Grande, agradece ao artista Marcos Frota por
ter instalado seu circo no município de Praia Grande. Entrega imagem de São Francisco,
doada pelo artista plástico Antônio Marcos da Silva, ao homenageado.
4 - PRESIDENTE
CÁSSIO NAVARRO
Anuncia
apresentação do Coral do Lar das Moças Cegas, com a música "Pot-pourri
Pirueta", de Chico Buarque e Circo da Xuxa.
5 - MAURA LÍGIA
COSTA RUSSO
Vice-prefeita
de Praia Grande, parabeniza o artista Marcos Frota
pela sua trajetória e por essa homenagem.
6 - ALBERTO
MOURÃO
Prefeito
de Praia Grande, discorre sobre a importância de um
legado na vida de todo ser humano. Afirma que o artista Marcos Frota tem
realizado grande trabalho na difusão da cultura circense. Destaca a importância
do circo para a sociedade. Discorre sobre a trajetória artística do
homenageado. Parabeniza o artista Marcos Frota pela homenagem.
7 -
ALVACI MENDES DA LUZ
Frei
do Santuário São Francisco, discorre sobre a vida e o legado de São Francisco,
lembrando a devoção do artista Marcos Frota ao religioso.
8 - MARX RODRIGUES DOS REIS
Frei
do Santuário São Francisco, lê o poema "Cântico do Irmão Sol", da
obra franciscana.
9 -
ALVACI MENDES DA LUZ
Frei
do Santuário São Francisco, parabeniza o artista Marcos Frota pela homenagem.
Abençoa a imagem de São Francisco de Assis, recebida pelo homenageado.
10 - PRESIDENTE
CÁSSIO NAVARRO
Anuncia
apresentação do Coral do Lar das Moças Cegas, com a música "O que é, o que é?", de Gonzaguinha. Concede o Colar de Honra
ao Mérito Legislativo ao artista Marcos Frota.
11 - MARCOS FROTA
Artista,
cita a obra de Charlie Chaplin, como fonte de inspiração de sua trajetória.
Afirma que a essência humana é a de generosidade para com seu semelhante.
Agradece a presença de todos nesta homenagem. Destaca a forma pela qual foi
recebido pelo prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão, para instalação de seu
circo. Enaltece, pela humildade e retidão, a figura do deputado Cássio Navarro.
Faz oração do Pai Nosso.
12 - PRESIDENTE
CÁSSIO NAVARRO
Declara-se
satisfeito em poder prestar esta homenagem ao artista Marcos Frota. Faz
agradecimentos gerais. Encerra a sessão.
* * *
- Assume a Presidência e
abre a sessão o Sr. Cássio Navarro.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Bom dia a todos. Muita
satisfação em receber todos vocês nesta manhã, para a sessão solene com a
finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São
Paulo ao artista Marcos Frota. Plenário Presidente Juscelino Kubitschek de
Oliveira, 27 de março.
Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Com base nos termos do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.
Para compor a
Mesa, anuncio nosso homenageado, Marcos Frota; o prefeito municipal de Praia
Grande, Alberto Mourão; a vice-prefeita do município de Praia Grande, Maura
Lígia Costa Russo; a primeira-dama de Praia Grande, Maria Del Carmen Padin Mourão; José Picolo, amigo
de Marcos Frota.
Senhoras e
senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa, o
deputado Cauê Macris, atendendo solicitação deste deputado, com a finalidade de
outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao
artista Marcos Frota.
Convido a todos
os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.
* * *
- É executado o
Hino Nacional Brasileiro.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO
NAVARRO - PMDB - Comunico aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao
vivo pela TV Web, e será retransmitida pela TV Assembleia no domingo, dia primeiro
de abril, às 21 horas pela Net - canal 7; pela Vivo - canal 9; e TV Digital Aberta
- canal 61.2.
Gostaria ainda de
agradecer a presença do meu amigo e companheiro, o vereador Betinho da
Educação, muito obrigado pela presença. Peço agora para que passem um vídeo
sobre o artista Marcos Frota.
* * *
- É exibido o
vídeo.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO
NAVARRO - PMDB - Agora eu gostaria de convidar o amigo José Picolo, para poder falar um
pouco sobre essa amizade e essa pessoa de Marcos Frota. Por favor, na tribuna.
O SR. JOSÉ PICOLO - Bom dia a todos e todas. Esta é uma missão muito
diferente que tenho em minha vida, porque falar de um sujeito que conheço há 50
anos é uma coisa. Vocês conhecem o artista Marcos Frota, da televisão e do
circo. Eu conheço o homem Marcos Frota, e isso faz uma diferença muito grande.
Conheço o pai Marcos Frota, o irmão Marcos Frota, sobretudo o amigo que a vida
me deu. Esse foi um presente que recebi na vida no momento da escola, uma troca
de olhares quando fizemos uma primeira brincadeira com o teatro na escola,
fazendo uma homenagem a São Francisco, falando de Irmão Sol e Irmã Lua.
Mas queria falar
um pouco do pai que é Marcos Frota, vocês viram aqui os filhos dele fazendo uma
referência a ele, porque alguns de vocês sabem da história pessoal dele. Marquinhos foi viúvo muito cedo, ficou com os filhos
pequenos, mas com todo o glamour da vida artística, de tudo isso que acontece, ele
jamais deixou de ser pai desses meninos. Assumiu um duplo papel de pai e mãe, e
por isso que de vez em quando eu chamo ele de pãe,
porque é a mistura disso.
Com todas as
coisas desse mundo maluco, ele jamais os deixou um instante sequer. Largou
qualquer coisa por conta de seus filhos, e não só por conta dos filhos, mas por
conta dos muitos irmãos dele. Marquinhos tem uma família bem grande, como a
minha, temos muitos irmãos, ele sempre esteve do lado.
Nunca abandonou
os amigos, tanto é que Marquinhos foi para o Rio de
Janeiro no comecinho da década de 80, e eu morei em São Paulo, nunca nos
abandonamos, nunca precisamos nos falar todo dia, mas toda vez que nos
encontramos, é como se fosse ontem, como se fosse há meia hora. Nossa história
não é de compromisso ou realizações, mas uma história de coração. Qualquer
momento, e sou testemunha viva disso, que eu precisar desse homem que está ali,
não o artista, mas o homem que está ali, é só pegar o telefone “Marquinhos,
preciso de você”, e a recíproca também é verdadeira. Já choramos muito, andamos
muito, juntos, nunca nos abandonamos, e nós vamos permanecer para sempre.
Marquinhos, o
mérito é seu, mas a honra é minha de poder estar aqui te dizendo essas coisas. Te amo demais, somos para a vida, como você disse outro dia,
nos encontramos e viemos de outros lugares. É isso que eu queria deixar para
vocês. Isso aqui é um exemplo de história de um amor gratuito, simplesmente por
ser amor. É isso.
O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Gostaria de convidar agora a
primeira-dama de Praia Grande, Maria Del Carmen
Padin Mourão, para falar algumas palavras e prestar homenagem.
A SRA. MARIA DEL CARMEN
PADIN MOURÃO - Bom dia a todos. Quero
parabenizar o deputado Cássio Navarro, pela iniciativa de oferecer essa
honraria ao ator Marcos Frota, acho muito merecida. Agradeço
ao Marcos Frota por tudo que tem feito no social em Praia Grande. Eu como
presidente do Fundo Social, só tenho a agradecer, porque a partir do momento
que ele instalou seu circo em nossa cidade, deu oportunidade de crianças e
famílias carentes, crianças de abrigos, terem acesso ao circo, inclusive
fazendo sessões especiais para os portadores de necessidades especiais. Digo
aqui que só temos a agradecer, meu carinho eterno a você, que nós continuemos
durante muitos anos com essa parceria.
Eu gostaria de
chamá-lo aqui para fazer a entrega do São Francisco de Assis, de uma imagem que
foi presenteada pelo artista plástico Antônio Marcos da Silva. Sabemos que você
é devoto, então ele pediu que entregássemos essa imagem a você. Muito obrigada
por tudo.
O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO
NAVARRO - PMDB - Gostaria de anunciar a presença honrosa entre nós, do
vereador Queixão, de Cubatão, obrigado pela presença.
Também do prefeito Gabriel Rosa, de Cananéia. Agradeço também ao Lar das Moças
Cegas, que sempre é muito parceiro, e estão hoje comparecendo aqui também, e vão
agora utilizar do coral com a música “Piruetas”, de Chico
Buarque, e “O Circo”, de Xuxa.
* * *
- É feita a
apresentação musical.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Neste momento gostaria de
convidar a vice-prefeita de Praia Grande, Maura
Lígia Costa Russo, para fazer uso da palavra.
A SRA. MAURA LÍGIA COSTA RUSSO - Bom dia a todos e a todas. Cumprimento nosso deputado
estadual Cássio Navarro, o prefeito Alberto Mourão, a primeira-dama Maria Del
Carmen, e nosso querido homenageado Marcos Frota. Gostaria de dizer da
satisfação de estar neste momento aqui presente, prestigiando esta honraria,
que mais do que merecida, está sendo entregue pelo nosso deputado a você,
Marcos Frota. Vou ser bem breve, mas digo que cada um de nós escreve a sua
própria história, e sem dúvida nenhuma, a sua é maravilhosa. Parabéns.
O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO
NAVARRO - PMDB - Agora, quero passar a palavra para o prefeito de Praia Grande, esse
grande homem e gestor do nosso município, Alberto
Mourão.
O SR. ALBERTO MOURÃO - Bom dia a todos. Queria
saudar o Marcos, meu amigo. Não nos conhecemos há
tanto tempo quanto seu amigo, mas no dia que te conheci, criei uma sinergia,
aquela questão espiritual que é fundamental na hora que você tem uma relação
humana. Nos conhecemos, conversamos bastante e
divagamos um pouco sobre diversos temas.
Saúdo o deputado
Cássio Navarro, enaltecendo toda a Mesa e autoridades. Falo aqui não só como
homem público, mas também como ser humano. Nós perdemos o sentido, como pessoa
e humanidade, do papel e da figura individual do ser humano. Nós perdemos o
sentido da nossa existência, por que nascemos e qual é o nosso fim, que
objetivo traçar na evolução da raça humana. E aí nós não nos perguntamos,
agimos de acordo com o impulso do mundo moderno, de mais meios, mais
tecnologias, e nosso íntimo, nada.
O aperfeiçoamento do lado espiritual, com a presença de representantes do
mundo religioso aqui, temos deixado ao largo. E tem uma coisa muito próxima com a
evolução da espécie humana, até porque se não fizermos algo nesse mundo, que
não para aperfeiçoarmos e melhorarmos nossa relação, espalharmos mais igualdade
social. Essa igualdade social só vai vir quando todo mundo tiver percepção dos
seus limites. Nós não estamos fazendo nada aqui, estamos passando outra vez por
um poder de presidente de uma Casa Legislativa, de presidente da República, de
grande magnata do setor, ser o homem mais rico do mundo, e amanhã o homem mais
pobre do mundo, porque na realidade alguns chegaram a esse patamar.
Mas que papel
você cumpriu, que legado você deixou? O legado você vai deixar ao longo de uma
existência. É óbvio que muitos não terão expressão desse valor que esperamos,
mas a somatória de pequenos legados faz a diferença na sociedade. Eu vejo
Marcos, que quando você de forma individual abraça a profissão, e aí passa para
o coletivo, se pudéssemos chamar de representatividade como figura pública,
porque é uma figura pública, você passa a ser visto por esse coletivo, pela
criança, pelo jovem, pelos velhos.
E aí você tem uma outra missão, não só da individualidade do empresário, que
às vezes não cumpre seu papel social, e do artista que tem que cumprir seu
papel também. Não do êxtase da glória, de ser chamado de maior artista, de ser
visto como cara que recebeu troféu do Oscar, mas sim daquele que plantou
sementes para a evolução desta sociedade, dessa melhoria da relação humana neste
mundo que estamos hoje.
E aí percebemos
que você se dedicou a uma coisa que estava se perdendo, que é a questão do
circo. Tem uma importância na formação, não só da cultura da base, porque foi
ali que começou o processo da arte, mas principalmente naquilo que é mais
importante, a formação da criança, fazer a criança ser criança. Todo mundo sabe
que criamos nossa personalidade dos sete até os 12 anos. As memórias mais
importantes estão lá, no nosso subconsciente, elas afloram em determinado
momento e reagem. Escutamos muito falar em tribunais “Agiu com violenta emoção”,
mas será que não tinha traumas registrados?
A ausência de
ser, o meio ambiente que provocou que ele não fosse criança,
que ele exercesse seu direito de ser criança com a sua plenitude, não levasse
para amanhã na sua fase adulta traumas, porque não teve oportunidade de ter
família e diversão, tudo aquilo que é obrigação de ser dado pelo pai. Às
vezes as pessoas mais pobres não têm nem condição de dar isso, porque o mundo
moderno fez com que tivéssemos a bilhetagem, e excluímos a acessibilidade para
as pessoas mais pobres, para a arte, cultura, diversão, de meios que o pai mais
pobre pudesse ter acesso, para que seu filho se divertisse, e ele também
voltasse a ser criança.
Marcos, quando
você tenta manter vivo o circo, você estimula que o circo no Brasil todo não se
perca, não vire o circo da internet, do tablet,
virtual, estamos perdendo a relação humana. O circo é aquele primeiro embate
com a relação humana, que é fundamental para que você possa aprimorar. Estamos
ficando muito mecânicos, porque é muito fácil você ofender alguém pela
internet, fazer qualquer coisa pelo mundo digital, porque você não olha nos
olhos, você não sente o calor e o cheiro dessa pessoa. Então, é fácil trair,
falar mal, fazer tudo que se faz contra o outro.
Isso fez com que
60 mil pessoas morressem ano passado, pela simples violência. Isso tem
explicação, o Brasil não tem uma uniformidade cultural, o Brasil não se
conhece. Pessoas como você, fazendo seu papel com a soma dos outros, é que vai
fazer a diferença. Acho que poucas pessoas sabem, eu vou contar,
perder um pouco mais de tempo. Quando você foi fazer sua turnê pelo Brasil, lá
no Nordeste, estava lá à noite em seu circo, e aí aquele adolescente sai dando
uma cambalhota no meio do circo, já estava fechado e
você estava ali fazendo sua reflexão, ele passou, deu a cambalhota, passou em
cima do palco, catou algo que tinha para levar embora, vender e sobreviver,
porque a família passava dificuldade no Nordeste.
Você correu
atrás dele, tentou agarrar, mais ou menos isso, e pensei que você fosse chamar
a polícia, mandar prender, colocar na Febem,
ou sei lá outro nome. E ele viraria mais uma estatística de morte ou um
delinquente muito mais forte, porque não temos uma execução da pena, um processo adequado no País, damos mão de obra boa para que
o crime organizado faça as coisas horrorosas que estão fazendo neste País.
Você não agiu
com a raiva, com o ódio, porque é isso que estamos assistindo no Brasil. Não
agiu com aquele sentimento de vingança, dente por dente, olho por olho, você
agiu como ser humano, como se fosse sua responsabilidade, porque você agiu como
seu amigo falou, você era um pai que não abandonou os
filhos, porque era fundamental nos primeiros anos de vida a presença desse pai,
já que não tinha mãe. Você é espelho deles, você agiu dessa mesma forma porque
estava no seu ser.
Foi lá,
conversou com ele, foi falar com a família, e pediu para deixar no circo. Mas
teve uma surpresa, quando esse garoto foi chamado para o Rio de Janeiro, acho
que para o Panamericano, alguma coisa, simplesmente o garoto entrou no caminhão
escondido, você estava no Rio com sua equipe, e ele apareceu no circo. Ele
acaba ficando ali, e os olheiros do Cirque du Soleil
estavam lá. Esse garoto foi reconhecido com talento pelo Cirque du Soleil, e levado para o exterior, com autorização da
família dessa vez, e vira um artista internacional, um dos primeiros artistas circenses
brasileiros no Cirque du Soleil. Será que ele estaria lá se você tivesse agido de
outra forma? Com certeza não. Ou estaria numa lápide, ou chefiando alguma coisa
de errado.
Essa é a diferença
de quem não quer trabalhar com o fígado, que tem a responsabilidade com o ser
humano. Cada um tem que fazer o seu papel no seu cantinho, nós não podemos ser
cada um numa caixinha, criança é criança, adolescente é adolescente, jovem é
jovem, idoso é idoso, preto é preto, branco é branco, amarelo
é amarelo, pobre é pobre, rico é rico. Nós temos diversas caixinhas
neste País, e não trazemos a liga desta sociedade, para curar nossos problemas.
São pessoas como
você que vão fazer a diferença, tenha certeza que aquela atitude semeou nesse
jovem, ele tem responsabilidade com isso também, e com as gerações futuras. É
isso que temos que fazer, cada vez mais semear esse
processo de transformação fundamental, para que o mundo dê uma ré nesse excesso
de abstrato de relação humana através do mundo moderno e da internet, e que voltemos
a fazer mais relação de pele, que é fundamental para melhorar.
Parabéns, tenha aqui a minha homenagem. Vou repetir um pouco daquela
conversa nossa, quando você também passou por suas dificuldades, como eu
passei. E aí perguntou como eu superava, falei assim: “Porque mesmo fazendo o
bem, também temos quem não goste desse bem, senão não teríamos jogado alguém na
cruz, não teríamos as atrocidades que este mundo fez na história da evolução,
porque o mal sempre estará derrubando o bem”.
Eu disse que um
dia cheguei à prefeitura muito chateado, porque você
se dedica à causa pública com afinco, eu estava muito ruim naquele dia. Não sei
por que, mas olhei para a mesa e tinha um texto, um papel com a imagem da Madre
Tereza de Calcutá. Li o texto, e no fim ela falava que tinha sofrido também
injustiças, e sofreu. Nós que pregamos o bem sofremos injustiças. No final do
texto ela falava que não fazia para os outros, mas para ela, porque quando você
faz o bem para os outros, está fazendo para você, você está melhorando sua
evolução como raça, espírito. E automaticamente me fez lembrar que preciso
sempre praticar esse exercício, que o bem é feito para nós mesmos. Ele pode
irradiar o bem para os outros, mas tem um papel muito mais importante do que
nos tornar cada vez melhores. Parabéns.
O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO
NAVARRO - PMDB - Neste momento gostaria de convidar o frei Alvaci
Mendes da Luz, para abençoar esta cerimônia.
O SR. ALVACI MENDES DA LUZ - Bom dia a todos. Para nós franciscanos é uma alegria grande
estar aqui nesta sessão, deputado, prefeito. Moramos aqui em São Paulo, no
Largo do São Francisco, largo histórico do lado da Faculdade de Direito da USP,
já há 370 anos, uma presença histórica aqui no centro de São Paulo. Viemos com
alegria, porque justamente o Marcos carrega essa história com o Francisco, e
hoje fiquei sabendo que é muito mais antigo do que eu imaginava. Ele tem feito
uma busca bem intensa para conhecer esse homem, Francisco de Assis.
Gostei das falas
do prefeito e do amigo pessoal do Marcos, que citaram
muito a questão humana, a humanidade de cada um de nós, eu tinha pensado
justamente nisso para falar aqui. Francisco não é um santo, mas um homem, acima
de tudo, um ser humano que chegou a uma perfeição do humano que todos nós
buscamos. Ao longo da vida, buscamos uma perfeição, com todas as falhas que
temos, e ele também tinha as suas várias, mas conseguiu a perfeição, a ponto de
caber em vários lugares, inclusive aqui, numa Assembleia Legislativa.
Francisco de
Assis cabe num terreiro de umbanda, num centro espírita, na religião muçulmana,
é muito querido pelos muçulmanos, porque teve a capacidade de conversar com o sultão
no tempo de guerra, não com armas, mas com palavras. É querido pelos budistas,
que os chamam de espírito evoluído, chegou a um nível. Ou seja, é um homem que nós
católicos chamamos de santo, e o Marcos tem buscado conhecer esse homem ao
longo de uma vida toda.
Um homem poeta,
artista, acho que os artistas têm um pouco de
divindade dentro de si, carregam essa santidade dentro de si. Francisco era
chamado de arauto, menestrel, poeta. É o arauto do grande rei, o trovador de
Deus, porque cantava com alegria tudo aquilo que ele carregava dentro de si. Trouxemos
aqui para ler, o Marcos conhece, com certeza foi citado aqui, a primeira poesia
composta em língua italiana. É a mãe da língua italiana, chamado Cântico do
Irmão Sol, foi composta no século 12 por Francisco de Assis.
Era o latim
falado vulgarmente, que dá origem à língua italiana. Francisco compõe e escreve
esse cântico louvando todas as criaturas e tudo que o criador criou. É um
grande louvor, hoje estudado nas escolas pelas crianças italianas como a
primeira poesia da língua italiana. Nasceu de um poeta e artista chamado
Francisco de Assis. O frei Marx Rodrigues dos Reis vai ler essa poesia
para nós.
O SR. MARX RODRIGUES DOS REIS - Cântico do Irmão Sol, o
louvor das criaturas.
* * *
- É lido o
poema.
* * *
O SR. ALVACI MENDES DA LUZ - Marcos, 800 anos atrás um poeta escreveu essa poesia, e
chegou à perfeição do ser humano, que todos nós buscamos. Acho que essa
perfeição que você busca é o que tentamos a cada dia. Parabéns por esta
homenagem, e todos aqui que dedicaram esse tempo para estarem com o Marcos. Que
ao longo da nossa vida possamos buscar um caminho que nos faça melhores,
seguindo a fala do prefeito. O que tentamos e passamos não é em vão aqui, mas
uma busca para sermos melhores. Que Deus nos ajude. Paz e bem.
Vamos abençoar a
imagem que o Marcos ganhou, pode trazer aqui por favor. Vamos abençoar a imagem
e o Marcos também, com a bênção de São Francisco de Assis. É uma bênção que ele
usou pela primeira vez para dar ao seu amigo, que se chamava frei Leão, muito
próximo de Francisco. Ele escreve essa bênção e abençoa frei Leão. Hoje usamos
a chamada bênção de São Francisco. Abençoamos a imagem e o Marcos também.
O SR. MARCOS FROTA - Posso chamar os artistas do
circo para serem abençoados também?
O SR. ALVACI MENDES DA LUZ - Claro. A bênção de São Francisco, este artista como vocês.
Que o senhor vos abençoe e vos guarde. Que o Senhor mostre a sua face e tenha
compaixão de vós. Volte os seus olhos para vós, e vos dê a paz. Que nosso Deus
de amor e bondade os abençoe hoje e sempre. Em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo. Amém.
O SR. MARCOS FROTA - Viva o circo!
O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Com vocês,
mais uma vez o coral.
* * *
- É feita a
apresentação musical.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Neste momento vamos prestar
homenagem com a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo ao artista
Marcos Frota. Convido toda da Mesa para que, de pé, façamos esta homenagem.
* * *
- É feita a
entrega do Colar de Honra ao Mérito Legislativo.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO
NAVARRO - PMDB - Com a palavra o homenageado.
O SR. MARCOS FROTA - Bom, turma, houve um
artista que revolucionou um pouco a arte através do cinema, pontuou toda sua
existência através da alegria, e esse artista é consagrado no mundo do circo
como clown dos clowns, o palhaço dos palhaços. A alma mais bonita, o sorriso
mais doce, o homem que encantou e encanta as gerações através do tempo e do
riso, da alegria. O nome dele é Charles Chaplin. Eu estava quietinho, escutando
o nosso Mourão, mas me lembrei dele. Ele tem um escrito, uma poesia, um dizer,
que escreveu quando saiu do circo.
O Jardim está
aqui, meu querido e grande companheiro, responsável por talvez uma das
experiências mais importantes do circo brasileiro atualmente, que é o Circo dos
Sonhos. Charles Chaplin, quando já morando na Suíça, foi ver o Circo Knie, de muita tradição na Europa, em especial na Suíça.
Quando ele saiu do circo, escreveu um poema, olha o que o picadeiro do circo
foi capaz de inspirar em um dos maiores nomes que o mundo artístico conheceu e
reverenciou.
Ao sair do
circo, caminhando com sua família, ele escreveu este poema: “Ah se todos nós
pudéssemos ser e sentir como a Santíssima Trindade, acolher a todos, sem
preconceitos. Aos olhos de Deus, somos todos iguais. Infelizmente, a ganância
envenenou a alma do homem, o que levanta uma barreira insuportável, do ódio e
da intolerância. Mas não somos assim, essa não é a nossa essência. Nascemos e
vivemos para o outro, para construir a felicidade do outro, para participar da
felicidade do outro”. Aliás, como disse meu querido Mourão, a nossa felicidade
só é completa quando você participa e constrói a felicidade do outro. A
manifestação de Deus está no outro, o outro é que nos dá a oportunidade do erro
e, portanto, do crescimento.
Mais do que
máquinas e inteligência, a sabedoria é a espiritualidade, porque sem amor e sem
a alegria, o ser humano não tem luz. Mais do que máquina e inteligência, a
sabedoria é a espiritualidade. Charles Chaplin, a quem nós do circo, do teatro,
da televisão, do cinema reverenciamos como a grande atitude do bom humor, da
alegria, da reinvenção, da renovação, mas acima de tudo, da humildade. Então, é
com a figura de Charles Chaplin e com essa pequena poesia que ele escreveu ao
sair, ao deixar o espetáculo circense, que eu queria agradecer a presença de
todos vocês. É uma cerimônia tão simples, tão despojada.
Manuel Frota
está aqui, meu querido primo, meu amor, artista de rua e clown de formação.
Brincamos ali, e eu me senti na Praia Grande, tão à vontade. Uma cidade que nos
acolhe, sob todos os aspectos. Ali temos a oportunidade de mostrar um circo
brasileiro, moderno, jovem e bem administrado. Ali temos a oportunidade de
receber da população da Praia Grande o seu aplauso, o seu ingresso na
bilheteria, e acima de tudo, temos a oportunidade de usar o circo mais uma vez
para fazer o bem. Acho que hoje somos amigos, Mourão, Cássio, a primeira-dama,
a vice-prefeita, porque de uma maneira ou outra, nos encontramos para fazer o
bem. A minha atitude quando entrei na sala do Mourão pela primeira vez, para
pedir seu apoio e instalar o Circo dos Sonhos na Praia Grande, foi encontrar um
homem absolutamente acolhedor, eu falei: “É aqui”.
Chegando na
Praia Grande, percebi mais uma vez que muito mais importante que o dinheiro que
ganhamos, são os amigos que fazemos. O dinheiro, claro, mexe daqui, investe de
lá, reserva um pouco, ajuda na formação dos nossos filhos, mas os amigos, cara.
Um rapaz me falou uma coisa na Praia Grande que nunca mais vou esquecer, Mourão. Eu estava com o português na calçada e
falou: “Marquinhos, a hora que você tiver com alguma dificuldade, até passando
fome, venha para a Praia Grande, que aqui você vai ter um prato para comer”.
Isso para mim... O artista é carente, tem uma fragilidade da alma, do espírito.
A única coisa que o artista busca é o reconhecimento, o aplauso. Eu digo até
para meus companheiros, não desperdicem um circo lotado, não exercite sua
vaidade, aproveite o aplauso, ele faz bem para a alma do artista.
Quando o artista
chega num lugar, principalmente o artista do circo, e recebe da população mais
simples esse acolhimento que experimentamos na Praia Grande, e graças a Deus no
Brasil inteiro, vale a pena. Nos voltarmos para dentro de nós mesmos e dizer,
como disse o Alvalci, a palavra mais doce, que é o
muito obrigado. Então, em nome da Camille aqui, que
vou falar mais uma vez, se esforçou para fazer uma cerimônia tão simples, mas a
você Cássio, que para mim é uma referência de humildade, de elegância.
Nunca vi o
Cássio com uma brincadeira maldosa, com um palavrão, nunca vi o Cássio
arrogante ou prepotente. Sempre que vejo o Cássio, vejo um menino educado,
gentil, acolhedor. Um rapaz que poderia estar curtindo a vida com tudo que
conquistou, mas assume a responsabilidade de um mandato para, de maneira ou
outra, poder retribuir o que recebemos. Para que vale
nossa existência, se ficarmos acumulando coisas? Disse o Alvalci
aqui, São Francisco veio sem nada e se transformou num dos homens mais queridos
e amados em todas as religiões, de todas as formas e jeitos.
Então, quando temos
a oportunidade, não vamos desperdiçar de retribuir aquilo que recebemos, ou
continuamos a receber, em forma de saúde, amizade. Então a você que, tão elegantemente, mais uma vez Cássio, junto com sua equipe,
permitiu que hoje, Dia Internacional do Teatro, e Dia Nacional do Circo,
algumas poucas pessoas reverenciassem aquela que é consagrada a mãe de todas as
artes, que é o circo, na Assembleia Legislativa.
Estou aqui do
lado da Camille, fiz questão de poder estar com eles
aqui, porque experimentamos no picadeiro do Circo dos Sonhos o sentimento único
de saber que não somos capazes de fazer nada sozinhos. Então, quando vi os
meninos aqui, maquiados, aquecidos, concentrados para exercitar seu ofício, e
não a sua vaidade. Agradeço mais uma vez ao deputado Cássio, por permitir que o
circo seja, por todos nós, aplaudido neste momento, mas em pé, por favor. Todos
nós em pé, aplaudindo o circo do Brasil. Viva o circo!
Fui assistir o filme Maria Madalena, não percam, olha a dica do Marcos
Frota, está em cartaz com aquele menino que fez o “Gladiador”. A transmutação
da energia, como ele foi capaz de transmutar aquilo tudo e viver um Jesus
absolutamente humano na tela, ele fala: “Vocês presentearam com a sua fé, e vou
retribuir com uma oração”. Eu queria terminar dizendo essa oração, do jeito que
ele diz, tão simples, que é: “Pai nosso que estais no céu, santificado é o Teu
nome. Venha a nós o Teu reino, de amor e de misericórdia. Abençoe o nosso
trabalho, nos ensine a perdoar e nos livre sempre de todos os males”. Se tem
uma coisa que o Brasil está precisando muito, é do sentimento misericordioso e
compassivo de cada um de nós.
Não suportamos
mais tanta intolerância, tanto ódio espalhado agora, nas escolas, nas ruas, nas
assembleias, nas universidades, nos teatros. Um país com tanto a contribuir
para o planeta, é como estar dentro de uma casa e ver os irmãos brigando, às
vezes por nada. Mais do que nunca, temos que provocar o encontro. Até a nossa
alegria está manchada, aquilo que nos é tão precioso é a alegria do povo brasileiro,
a sua sensualidade, um jeito único que tem o povo brasileiro. Até isso está
manchado. Agora, cada um de nós, não dá mais para ficar apontando para os
outros, porque isso e aquilo, fulano... Não dá. Colocamos a mão no coração
quando olhamos a bandeira brasileira, mas o que precisamos mesmo é colocar a
mão dentro do peito, encontrar dentro de cada um de nós um espaço qualquer, do
encontro, do diálogo, do perdão, da compaixão, do acolhimento, da misericórdia.
Afinal, o Brasil
quer ter razão ou ser feliz? Fica aí a nossa reflexão, talvez inspirada por um
homem público com a dimensão do meu querido Mourão. Só quem vive perto e trabalha, quem anda pelas ruas da Praia Grande sabe o que
estou querendo dizer. Obrigado. Viva o circo!
O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Muito bem. Por essas razões
é que tenho certeza que a escolha foi bem feita. Afinal, desde quando tivemos o
primeiro contato por telefone, uma ligação, que nós até nos surpreendemos,
quando uma figura pública do meio artístico liga e fala “Aqui é o Marcos
Frota”, até nos assustamos. Mas foi assim o primeiro contato, e desde então, em
todos os momentos, acabamos nos surpreendendo e tendo bons momentos de muita
aprendizagem, de muito companheirismo, que nos deixam com muita satisfação de
prestar esta homenagem.
Esgotado o
objeto da presente sessão, esta Presidência agradece às autoridades, à minha
equipe, aos funcionários dos serviços de Som, da Taquigrafia, de Atas, do Cerimonial,
da Secretaria Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV Alesp, e das
assessorias policiais Civil e Militar, bem como todos os presentes que
contribuíram para o êxito desta solenidade.
Está encerrada a
sessão. Muito obrigado.
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- Encerra-se a
sessão às 11 horas e 35 minutos.
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