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27 DE MARÇO DE 2018

018ª SESSÃO SOLENE pela OUTORGA DO COLAR DE HONRA AO MÉRITO LEGISLATIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO AO ARTISTA MARCOS FROTA

 

Presidente: CÁSSIO NAVARRO

 

RESUMO

1 - CÁSSIO NAVARRO

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia a composição da Mesa. Nomeia demais autoridades presentes. Informa que a Presidência Efetiva convocara a presente sessão solene, por solicitação deste deputado, para "Outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao artista Marcos Frota". Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Anuncia exibição de vídeo sobre a vida e obra do artista Marcos Frota.

 

2 - JOSÉ PICOLO

Amigo de Marcos Frota, faz breve relato da história de vida do homenageado. Saúda a pessoa do artista e amigo, Marcos Frota.

 

3 - MARIA DEL CARMEN PADIN MOURÃO

Primeira-dama de Praia Grande, agradece ao artista Marcos Frota por ter instalado seu circo no município de Praia Grande. Entrega imagem de São Francisco, doada pelo artista plástico Antônio Marcos da Silva, ao homenageado.

 

4 - PRESIDENTE CÁSSIO NAVARRO

Anuncia apresentação do Coral do Lar das Moças Cegas, com a música "Pot-pourri Pirueta", de Chico Buarque e Circo da Xuxa.

 

5 - MAURA LÍGIA COSTA RUSSO

Vice-prefeita de Praia Grande, parabeniza o artista Marcos Frota pela sua trajetória e por essa homenagem.

 

6 - ALBERTO MOURÃO

Prefeito de Praia Grande, discorre sobre a importância de um legado na vida de todo ser humano. Afirma que o artista Marcos Frota tem realizado grande trabalho na difusão da cultura circense. Destaca a importância do circo para a sociedade. Discorre sobre a trajetória artística do homenageado. Parabeniza o artista Marcos Frota pela homenagem.

 

7 - ALVACI MENDES DA LUZ

Frei do Santuário São Francisco, discorre sobre a vida e o legado de São Francisco, lembrando a devoção do artista Marcos Frota ao religioso.

 

8 - MARX RODRIGUES DOS REIS

Frei do Santuário São Francisco, lê o poema "Cântico do Irmão Sol", da obra franciscana.

 

9 - ALVACI MENDES DA LUZ

Frei do Santuário São Francisco, parabeniza o artista Marcos Frota pela homenagem. Abençoa a imagem de São Francisco de Assis, recebida pelo homenageado.

 

10 - PRESIDENTE CÁSSIO NAVARRO

Anuncia apresentação do Coral do Lar das Moças Cegas, com a música "O que é, o que é?", de Gonzaguinha. Concede o Colar de Honra ao Mérito Legislativo ao artista Marcos Frota.

 

11 - MARCOS FROTA

Artista, cita a obra de Charlie Chaplin, como fonte de inspiração de sua trajetória. Afirma que a essência humana é a de generosidade para com seu semelhante. Agradece a presença de todos nesta homenagem. Destaca a forma pela qual foi recebido pelo prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão, para instalação de seu circo. Enaltece, pela humildade e retidão, a figura do deputado Cássio Navarro. Faz oração do Pai Nosso.

 

12 - PRESIDENTE CÁSSIO NAVARRO

Declara-se satisfeito em poder prestar esta homenagem ao artista Marcos Frota. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Cássio Navarro.

 

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O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Bom dia a todos. Muita satisfação em receber todos vocês nesta manhã, para a sessão solene com a finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao artista Marcos Frota. Plenário Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, 27 de março.

Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos do Regimento Interno, e  com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Para compor a Mesa, anuncio nosso homenageado, Marcos Frota; o prefeito municipal de Praia Grande, Alberto Mourão; a vice-prefeita do município de Praia Grande, Maura Lígia Costa Russo; a primeira-dama de Praia Grande, Maria Del Carmen Padin Mourão; José Picolo, amigo de Marcos Frota.

Senhoras e senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa, o deputado Cauê Macris, atendendo solicitação deste deputado, com a finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao artista Marcos Frota.

Convido a todos os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Comunico aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web, e será retransmitida pela TV Assembleia no domingo, dia primeiro de abril, às 21 horas pela Net - canal 7; pela Vivo - canal 9; e TV Digital Aberta - canal 61.2.

Gostaria ainda de agradecer a presença do meu amigo e companheiro, o vereador Betinho da Educação, muito obrigado pela presença. Peço agora para que passem um vídeo sobre o artista Marcos Frota.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Agora eu gostaria de convidar o amigo José Picolo, para poder falar um pouco sobre essa amizade e essa pessoa de Marcos Frota. Por favor, na tribuna.

 

O SR. JOSÉ PICOLO - Bom dia a todos e todas. Esta é uma missão muito diferente que tenho em minha vida, porque falar de um sujeito que conheço há 50 anos é uma coisa. Vocês conhecem o artista Marcos Frota, da televisão e do circo. Eu conheço o homem Marcos Frota, e isso faz uma diferença muito grande. Conheço o pai Marcos Frota, o irmão Marcos Frota, sobretudo o amigo que a vida me deu. Esse foi um presente que recebi na vida no momento da escola, uma troca de olhares quando fizemos uma primeira brincadeira com o teatro na escola, fazendo uma homenagem a São Francisco, falando de Irmão Sol e Irmã Lua.

Mas queria falar um pouco do pai que é Marcos Frota, vocês viram aqui os filhos dele fazendo uma referência a ele, porque alguns de vocês sabem da história pessoal dele. Marquinhos foi viúvo muito cedo, ficou com os filhos pequenos, mas com todo o glamour da vida artística, de tudo isso que acontece, ele jamais deixou de ser pai desses meninos. Assumiu um duplo papel de pai e mãe, e por isso que de vez em quando eu chamo ele de pãe, porque é a mistura disso.

Com todas as coisas desse mundo maluco, ele jamais os deixou um instante sequer. Largou qualquer coisa por conta de seus filhos, e não só por conta dos filhos, mas por conta dos muitos irmãos dele. Marquinhos tem uma família bem grande, como a minha, temos muitos irmãos, ele sempre esteve do lado.

Nunca abandonou os amigos, tanto é que Marquinhos foi para o Rio de Janeiro no comecinho da década de 80, e eu morei em São Paulo, nunca nos abandonamos, nunca precisamos nos falar todo dia, mas toda vez que nos encontramos, é como se fosse ontem, como se fosse há meia hora. Nossa história não é de compromisso ou realizações, mas uma história de coração. Qualquer momento, e sou testemunha viva disso, que eu precisar desse homem que está ali, não o artista, mas o homem que está ali, é só pegar o telefone “Marquinhos, preciso de você”, e a recíproca também é verdadeira. Já choramos muito, andamos muito, juntos, nunca nos abandonamos, e nós vamos permanecer para sempre.

Marquinhos, o mérito é seu, mas a honra é minha de poder estar aqui te dizendo essas coisas. Te amo demais, somos para a vida, como você disse outro dia, nos encontramos e viemos de outros lugares. É isso que eu queria deixar para vocês. Isso aqui é um exemplo de história de um amor gratuito, simplesmente por ser amor. É isso.

 

O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Gostaria de convidar agora a primeira-dama de Praia Grande, Maria Del Carmen Padin Mourão, para falar algumas palavras e prestar homenagem.

 

A SRA. MARIA DEL CARMEN PADIN MOURÃO - Bom dia a todos. Quero parabenizar o deputado Cássio Navarro, pela iniciativa de oferecer essa honraria ao ator Marcos Frota, acho muito merecida. Agradeço ao Marcos Frota por tudo que tem feito no social em Praia Grande. Eu como presidente do Fundo Social, só tenho a agradecer, porque a partir do momento que ele instalou seu circo em nossa cidade, deu oportunidade de crianças e famílias carentes, crianças de abrigos, terem acesso ao circo, inclusive fazendo sessões especiais para os portadores de necessidades especiais. Digo aqui que só temos a agradecer, meu carinho eterno a você, que nós continuemos durante muitos anos com essa parceria.

Eu gostaria de chamá-lo aqui para fazer a entrega do São Francisco de Assis, de uma imagem que foi presenteada pelo artista plástico Antônio Marcos da Silva. Sabemos que você é devoto, então ele pediu que entregássemos essa imagem a você. Muito obrigada por tudo.

 

O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Gostaria de anunciar a presença honrosa entre nós, do vereador Queixão, de Cubatão, obrigado pela presença. Também do prefeito Gabriel Rosa, de Cananéia. Agradeço também ao Lar das Moças Cegas, que sempre é muito parceiro, e estão hoje comparecendo aqui também, e vão agora utilizar do coral com a música “Piruetas”, de Chico Buarque, e “O Circo”, de Xuxa.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Neste momento gostaria de convidar a vice-prefeita de Praia Grande, Maura Lígia Costa Russo, para fazer uso da palavra.

 

A SRA. MAURA LÍGIA COSTA RUSSO - Bom dia a todos e a todas. Cumprimento nosso deputado estadual Cássio Navarro, o prefeito Alberto Mourão, a primeira-dama Maria Del Carmen, e nosso querido homenageado Marcos Frota. Gostaria de dizer da satisfação de estar neste momento aqui presente, prestigiando esta honraria, que mais do que merecida, está sendo entregue pelo nosso deputado a você, Marcos Frota. Vou ser bem breve, mas digo que cada um de nós escreve a sua própria história, e sem dúvida nenhuma, a sua é maravilhosa. Parabéns.

 

O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Agora, quero passar a palavra para o prefeito de Praia Grande, esse grande homem e gestor do nosso município, Alberto Mourão.

 

O SR. ALBERTO MOURÃO - Bom dia a todos. Queria saudar o Marcos, meu amigo. Não nos conhecemos tanto tempo quanto seu amigo, mas no dia que te conheci, criei uma sinergia, aquela questão espiritual que é fundamental na hora que você tem uma relação humana. Nos conhecemos, conversamos bastante e divagamos um pouco sobre diversos temas.

Saúdo o deputado Cássio Navarro, enaltecendo toda a Mesa e autoridades. Falo aqui não só como homem público, mas também como ser humano. Nós perdemos o sentido, como pessoa e humanidade, do papel e da figura individual do ser humano. Nós perdemos o sentido da nossa existência, por que nascemos e qual é o nosso fim, que objetivo traçar na evolução da raça humana. E aí nós não nos perguntamos, agimos de acordo com o impulso do mundo moderno, de mais meios, mais tecnologias, e nosso íntimo, nada.

O aperfeiçoamento do lado espiritual, com a presença de representantes do mundo religioso aqui, temos deixado ao largo. E tem uma coisa muito próxima com a evolução da espécie humana, até porque se não fizermos algo nesse mundo, que não para aperfeiçoarmos e melhorarmos nossa relação, espalharmos mais igualdade social. Essa igualdade social só vai vir quando todo mundo tiver percepção dos seus limites. Nós não estamos fazendo nada aqui, estamos passando outra vez por um poder de presidente de uma Casa Legislativa, de presidente da República, de grande magnata do setor, ser o homem mais rico do mundo, e amanhã o homem mais pobre do mundo, porque na realidade alguns chegaram a esse patamar.

Mas que papel você cumpriu, que legado você deixou? O legado você vai deixar ao longo de uma existência. É óbvio que muitos não terão expressão desse valor que esperamos, mas a somatória de pequenos legados faz a diferença na sociedade. Eu vejo Marcos, que quando você de forma individual abraça a profissão, e aí passa para o coletivo, se pudéssemos chamar de representatividade como figura pública, porque é uma figura pública, você passa a ser visto por esse coletivo, pela criança, pelo jovem, pelos velhos.

E aí você tem uma outra missão, não só da individualidade do empresário, que às vezes não cumpre seu papel social, e do artista que tem que cumprir seu papel também. Não do êxtase da glória, de ser chamado de maior artista, de ser visto como cara que recebeu troféu do Oscar, mas sim daquele que plantou sementes para a evolução desta sociedade, dessa melhoria da relação humana neste mundo que estamos hoje.

E aí percebemos que você se dedicou a uma coisa que estava se perdendo, que é a questão do circo. Tem uma importância na formação, não só da cultura da base, porque foi ali que começou o processo da arte, mas principalmente naquilo que é mais importante, a formação da criança, fazer a criança ser criança. Todo mundo sabe que criamos nossa personalidade dos sete até os 12 anos. As memórias mais importantes estão lá, no nosso subconsciente, elas afloram em determinado momento e reagem. Escutamos muito falar em tribunais “Agiu com violenta emoção”, mas será que não tinha traumas registrados?

A ausência de ser, o meio ambiente que provocou que ele não fosse criança, que ele exercesse seu direito de ser criança com a sua plenitude, não levasse para amanhã na sua fase adulta traumas, porque não teve oportunidade de ter família e diversão, tudo aquilo que é obrigação de ser dado pelo pai. Às vezes as pessoas mais pobres não têm nem condição de dar isso, porque o mundo moderno fez com que tivéssemos a bilhetagem, e excluímos a acessibilidade para as pessoas mais pobres, para a arte, cultura, diversão, de meios que o pai mais pobre pudesse ter acesso, para que seu filho se divertisse, e ele também voltasse a ser criança.

Marcos, quando você tenta manter vivo o circo, você estimula que o circo no Brasil todo não se perca, não vire o circo da internet, do tablet, virtual, estamos perdendo a relação humana. O circo é aquele primeiro embate com a relação humana, que é fundamental para que você possa aprimorar. Estamos ficando muito mecânicos, porque é muito fácil você ofender alguém pela internet, fazer qualquer coisa pelo mundo digital, porque você não olha nos olhos, você não sente o calor e o cheiro dessa pessoa. Então, é fácil trair, falar mal, fazer tudo que se faz contra o outro.

Isso fez com que 60 mil pessoas morressem ano passado, pela simples violência. Isso tem explicação, o Brasil não tem uma uniformidade cultural, o Brasil não se conhece. Pessoas como você, fazendo seu papel com a soma dos outros, é que vai fazer a diferença. Acho que poucas pessoas sabem, eu vou contar, perder um pouco mais de tempo. Quando você foi fazer sua turnê pelo Brasil, lá no Nordeste, estava lá à noite em seu circo, e aí aquele adolescente sai dando uma cambalhota no meio do circo, já estava fechado e você estava ali fazendo sua reflexão, ele passou, deu a cambalhota, passou em cima do palco, catou algo que tinha para levar embora, vender e sobreviver, porque a família passava dificuldade no Nordeste.

Você correu atrás dele, tentou agarrar, mais ou menos isso, e pensei que você fosse chamar a polícia, mandar prender, colocar na Febem, ou sei lá outro nome. E ele viraria mais uma estatística de morte ou um delinquente muito mais forte, porque não temos uma execução da pena, um processo adequado no País, damos mão de obra boa para que o crime organizado faça as coisas horrorosas que estão fazendo neste País.

Você não agiu com a raiva, com o ódio, porque é isso que estamos assistindo no Brasil. Não agiu com aquele sentimento de vingança, dente por dente, olho por olho, você agiu como ser humano, como se fosse sua responsabilidade, porque você agiu como seu amigo falou, você era um pai que não abandonou os filhos, porque era fundamental nos primeiros anos de vida a presença desse pai, já que não tinha mãe. Você é espelho deles, você agiu dessa mesma forma porque estava no seu ser.

Foi lá, conversou com ele, foi falar com a família, e pediu para deixar no circo. Mas teve uma surpresa, quando esse garoto foi chamado para o Rio de Janeiro, acho que para o Panamericano, alguma coisa, simplesmente o garoto entrou no caminhão escondido, você estava no Rio com sua equipe, e ele apareceu no circo. Ele acaba ficando ali, e os olheiros do Cirque du Soleil estavam lá. Esse garoto foi reconhecido com talento pelo Cirque du Soleil, e levado para o exterior, com autorização da família dessa vez, e vira um artista internacional, um dos primeiros artistas circenses brasileiros no Cirque du Soleil. Será que ele estaria lá se você tivesse agido de outra forma? Com certeza não. Ou estaria numa lápide, ou chefiando alguma coisa de errado.

Essa é a diferença de quem não quer trabalhar com o fígado, que tem a responsabilidade com o ser humano. Cada um tem que fazer o seu papel no seu cantinho, nós não podemos ser cada um numa caixinha, criança é criança, adolescente é adolescente, jovem é jovem, idoso é idoso, preto é preto, branco é branco, amarelo é amarelo, pobre é pobre, rico é rico. Nós temos diversas caixinhas neste País, e não trazemos a liga desta sociedade, para curar nossos problemas.

São pessoas como você que vão fazer a diferença, tenha certeza que aquela atitude semeou nesse jovem, ele tem responsabilidade com isso também, e com as gerações futuras. É isso que temos que fazer, cada vez mais semear esse processo de transformação fundamental, para que o mundo dê uma ré nesse excesso de abstrato de relação humana através do mundo moderno e da internet, e que voltemos a fazer mais relação de pele, que é fundamental para melhorar.

Parabéns, tenha aqui a minha homenagem. Vou repetir um pouco daquela conversa nossa, quando você também passou por suas dificuldades, como eu passei. E aí perguntou como eu superava, falei assim: “Porque mesmo fazendo o bem, também temos quem não goste desse bem, senão não teríamos jogado alguém na cruz, não teríamos as atrocidades que este mundo fez na história da evolução, porque o mal sempre estará derrubando o bem”.

Eu disse que um dia cheguei à prefeitura muito chateado, porque você se dedica à causa pública com afinco, eu estava muito ruim naquele dia. Não sei por que, mas olhei para a mesa e tinha um texto, um papel com a imagem da Madre Tereza de Calcutá. Li o texto, e no fim ela falava que tinha sofrido também injustiças, e sofreu. Nós que pregamos o bem sofremos injustiças. No final do texto ela falava que não fazia para os outros, mas para ela, porque quando você faz o bem para os outros, está fazendo para você, você está melhorando sua evolução como raça, espírito. E automaticamente me fez lembrar que preciso sempre praticar esse exercício, que o bem é feito para nós mesmos. Ele pode irradiar o bem para os outros, mas tem um papel muito mais importante do que nos tornar cada vez melhores. Parabéns.

 

O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Neste momento gostaria de convidar o frei Alvaci Mendes da Luz, para abençoar esta cerimônia.

 

O SR. ALVACI MENDES DA LUZ - Bom dia a todos. Para nós franciscanos é uma alegria grande estar aqui nesta sessão, deputado, prefeito. Moramos aqui em São Paulo, no Largo do São Francisco, largo histórico do lado da Faculdade de Direito da USP, já há 370 anos, uma presença histórica aqui no centro de São Paulo. Viemos com alegria, porque justamente o Marcos carrega essa história com o Francisco, e hoje fiquei sabendo que é muito mais antigo do que eu imaginava. Ele tem feito uma busca bem intensa para conhecer esse homem, Francisco de Assis.

Gostei das falas do prefeito e do amigo pessoal do Marcos, que citaram muito a questão humana, a humanidade de cada um de nós, eu tinha pensado justamente nisso para falar aqui. Francisco não é um santo, mas um homem, acima de tudo, um ser humano que chegou a uma perfeição do humano que todos nós buscamos. Ao longo da vida, buscamos uma perfeição, com todas as falhas que temos, e ele também tinha as suas várias, mas conseguiu a perfeição, a ponto de caber em vários lugares, inclusive aqui, numa Assembleia Legislativa.

Francisco de Assis cabe num terreiro de umbanda, num centro espírita, na religião muçulmana, é muito querido pelos muçulmanos, porque teve a capacidade de conversar com o sultão no tempo de guerra, não com armas, mas com palavras. É querido pelos budistas, que os chamam de espírito evoluído, chegou a um nível. Ou seja, é um homem que nós católicos chamamos de santo, e o Marcos tem buscado conhecer esse homem ao longo de uma vida toda.

Um homem poeta, artista, acho que os artistas têm um pouco de divindade dentro de si, carregam essa santidade dentro de si. Francisco era chamado de arauto, menestrel, poeta. É o arauto do grande rei, o trovador de Deus, porque cantava com alegria tudo aquilo que ele carregava dentro de si. Trouxemos aqui para ler, o Marcos conhece, com certeza foi citado aqui, a primeira poesia composta em língua italiana. É a mãe da língua italiana, chamado Cântico do Irmão Sol, foi composta no século 12 por Francisco de Assis.

Era o latim falado vulgarmente, que dá origem à língua italiana. Francisco compõe e escreve esse cântico louvando todas as criaturas e tudo que o criador criou. É um grande louvor, hoje estudado nas escolas pelas crianças italianas como a primeira poesia da língua italiana. Nasceu de um poeta e artista chamado Francisco de Assis. O frei Marx Rodrigues dos Reis vai ler essa poesia para nós.

 

O SR. MARX RODRIGUES DOS REIS - Cântico do Irmão Sol, o louvor das criaturas.

 

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- É lido o poema.

 

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O SR. ALVACI MENDES DA LUZ - Marcos, 800 anos atrás um poeta escreveu essa poesia, e chegou à perfeição do ser humano, que todos nós buscamos. Acho que essa perfeição que você busca é o que tentamos a cada dia. Parabéns por esta homenagem, e todos aqui que dedicaram esse tempo para estarem com o Marcos. Que ao longo da nossa vida possamos buscar um caminho que nos faça melhores, seguindo a fala do prefeito. O que tentamos e passamos não é em vão aqui, mas uma busca para sermos melhores. Que Deus nos ajude. Paz e bem.

Vamos abençoar a imagem que o Marcos ganhou, pode trazer aqui por favor. Vamos abençoar a imagem e o Marcos também, com a bênção de São Francisco de Assis. É uma bênção que ele usou pela primeira vez para dar ao seu amigo, que se chamava frei Leão, muito próximo de Francisco. Ele escreve essa bênção e abençoa frei Leão. Hoje usamos a chamada bênção de São Francisco. Abençoamos a imagem e o Marcos também.

 

O SR. MARCOS FROTA - Posso chamar os artistas do circo para serem abençoados também?

 

O SR. ALVACI MENDES DA LUZ - Claro. A bênção de São Francisco, este artista como vocês. Que o senhor vos abençoe e vos guarde. Que o Senhor mostre a sua face e tenha compaixão de vós. Volte os seus olhos para vós, e vos dê a paz. Que nosso Deus de amor e bondade os abençoe hoje e sempre. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

 

O SR. MARCOS FROTA - Viva o circo!

 

O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Com vocês, mais uma vez o coral.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Neste momento vamos prestar homenagem com a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo ao artista Marcos Frota. Convido toda da Mesa para que, de pé, façamos esta homenagem.

 

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- É feita a entrega do Colar de Honra ao Mérito Legislativo.

 

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O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Com a palavra o homenageado.

 

O SR. MARCOS FROTA - Bom, turma, houve um artista que revolucionou um pouco a arte através do cinema, pontuou toda sua existência através da alegria, e esse artista é consagrado no mundo do circo como clown dos clowns, o palhaço dos palhaços. A alma mais bonita, o sorriso mais doce, o homem que encantou e encanta as gerações através do tempo e do riso, da alegria. O nome dele é Charles Chaplin. Eu estava quietinho, escutando o nosso Mourão, mas me lembrei dele. Ele tem um escrito, uma poesia, um dizer, que escreveu quando saiu do circo.

O Jardim está aqui, meu querido e grande companheiro, responsável por talvez uma das experiências mais importantes do circo brasileiro atualmente, que é o Circo dos Sonhos. Charles Chaplin, quando já morando na Suíça, foi ver o Circo Knie, de muita tradição na Europa, em especial na Suíça. Quando ele saiu do circo, escreveu um poema, olha o que o picadeiro do circo foi capaz de inspirar em um dos maiores nomes que o mundo artístico conheceu e reverenciou.

Ao sair do circo, caminhando com sua família, ele escreveu este poema: “Ah se todos nós pudéssemos ser e sentir como a Santíssima Trindade, acolher a todos, sem preconceitos. Aos olhos de Deus, somos todos iguais. Infelizmente, a ganância envenenou a alma do homem, o que levanta uma barreira insuportável, do ódio e da intolerância. Mas não somos assim, essa não é a nossa essência. Nascemos e vivemos para o outro, para construir a felicidade do outro, para participar da felicidade do outro”. Aliás, como disse meu querido Mourão, a nossa felicidade só é completa quando você participa e constrói a felicidade do outro. A manifestação de Deus está no outro, o outro é que nos dá a oportunidade do erro e, portanto, do crescimento.

Mais do que máquinas e inteligência, a sabedoria é a espiritualidade, porque sem amor e sem a alegria, o ser humano não tem luz. Mais do que máquina e inteligência, a sabedoria é a espiritualidade. Charles Chaplin, a quem nós do circo, do teatro, da televisão, do cinema reverenciamos como a grande atitude do bom humor, da alegria, da reinvenção, da renovação, mas acima de tudo, da humildade. Então, é com a figura de Charles Chaplin e com essa pequena poesia que ele escreveu ao sair, ao deixar o espetáculo circense, que eu queria agradecer a presença de todos vocês. É uma cerimônia tão simples, tão despojada.

Manuel Frota está aqui, meu querido primo, meu amor, artista de rua e clown de formação. Brincamos ali, e eu me senti na Praia Grande, tão à vontade. Uma cidade que nos acolhe, sob todos os aspectos. Ali temos a oportunidade de mostrar um circo brasileiro, moderno, jovem e bem administrado. Ali temos a oportunidade de receber da população da Praia Grande o seu aplauso, o seu ingresso na bilheteria, e acima de tudo, temos a oportunidade de usar o circo mais uma vez para fazer o bem. Acho que hoje somos amigos, Mourão, Cássio, a primeira-dama, a vice-prefeita, porque de uma maneira ou outra, nos encontramos para fazer o bem. A minha atitude quando entrei na sala do Mourão pela primeira vez, para pedir seu apoio e instalar o Circo dos Sonhos na Praia Grande, foi encontrar um homem absolutamente acolhedor, eu falei: “É aqui”.

Chegando na Praia Grande, percebi mais uma vez que muito mais importante que o dinheiro que ganhamos, são os amigos que fazemos. O dinheiro, claro, mexe daqui, investe de lá, reserva um pouco, ajuda na formação dos nossos filhos, mas os amigos, cara. Um rapaz me falou uma coisa na Praia Grande que nunca mais vou esquecer, Mourão. Eu estava com o português na calçada e falou: “Marquinhos, a hora que você tiver com alguma dificuldade, até passando fome, venha para a Praia Grande, que aqui você vai ter um prato para comer”. Isso para mim... O artista é carente, tem uma fragilidade da alma, do espírito. A única coisa que o artista busca é o reconhecimento, o aplauso. Eu digo até para meus companheiros, não desperdicem um circo lotado, não exercite sua vaidade, aproveite o aplauso, ele faz bem para a alma do artista.

Quando o artista chega num lugar, principalmente o artista do circo, e recebe da população mais simples esse acolhimento que experimentamos na Praia Grande, e graças a Deus no Brasil inteiro, vale a pena. Nos voltarmos para dentro de nós mesmos e dizer, como disse o Alvalci, a palavra mais doce, que é o muito obrigado. Então, em nome da Camille aqui, que vou falar mais uma vez, se esforçou para fazer uma cerimônia tão simples, mas a você Cássio, que para mim é uma referência de humildade, de elegância.

Nunca vi o Cássio com uma brincadeira maldosa, com um palavrão, nunca vi o Cássio arrogante ou prepotente. Sempre que vejo o Cássio, vejo um menino educado, gentil, acolhedor. Um rapaz que poderia estar curtindo a vida com tudo que conquistou, mas assume a responsabilidade de um mandato para, de maneira ou outra, poder retribuir o que recebemos. Para que vale nossa existência, se ficarmos acumulando coisas? Disse o Alvalci aqui, São Francisco veio sem nada e se transformou num dos homens mais queridos e amados em todas as religiões, de todas as formas e jeitos.

Então, quando temos a oportunidade, não vamos desperdiçar de retribuir aquilo que recebemos, ou continuamos a receber, em forma de saúde, amizade. Então a você que, tão elegantemente, mais uma vez Cássio, junto com sua equipe, permitiu que hoje, Dia Internacional do Teatro, e Dia Nacional do Circo, algumas poucas pessoas reverenciassem aquela que é consagrada a mãe de todas as artes, que é o circo, na Assembleia Legislativa.

Estou aqui do lado da Camille, fiz questão de poder estar com eles aqui, porque experimentamos no picadeiro do Circo dos Sonhos o sentimento único de saber que não somos capazes de fazer nada sozinhos. Então, quando vi os meninos aqui, maquiados, aquecidos, concentrados para exercitar seu ofício, e não a sua vaidade. Agradeço mais uma vez ao deputado Cássio, por permitir que o circo seja, por todos nós, aplaudido neste momento, mas em pé, por favor. Todos nós em pé, aplaudindo o circo do Brasil. Viva o circo!

Fui assistir o filme Maria Madalena, não percam, olha a dica do Marcos Frota, está em cartaz com aquele menino que fez o “Gladiador”. A transmutação da energia, como ele foi capaz de transmutar aquilo tudo e viver um Jesus absolutamente humano na tela, ele fala: “Vocês presentearam com a sua fé, e vou retribuir com uma oração”. Eu queria terminar dizendo essa oração, do jeito que ele diz, tão simples, que é: “Pai nosso que estais no céu, santificado é o Teu nome. Venha a nós o Teu reino, de amor e de misericórdia. Abençoe o nosso trabalho, nos ensine a perdoar e nos livre sempre de todos os males”. Se tem uma coisa que o Brasil está precisando muito, é do sentimento misericordioso e compassivo de cada um de nós.

Não suportamos mais tanta intolerância, tanto ódio espalhado agora, nas escolas, nas ruas, nas assembleias, nas universidades, nos teatros. Um país com tanto a contribuir para o planeta, é como estar dentro de uma casa e ver os irmãos brigando, às vezes por nada. Mais do que nunca, temos que provocar o encontro. Até a nossa alegria está manchada, aquilo que nos é tão precioso é a alegria do povo brasileiro, a sua sensualidade, um jeito único que tem o povo brasileiro. Até isso está manchado. Agora, cada um de nós, não dá mais para ficar apontando para os outros, porque isso e aquilo, fulano... Não dá. Colocamos a mão no coração quando olhamos a bandeira brasileira, mas o que precisamos mesmo é colocar a mão dentro do peito, encontrar dentro de cada um de nós um espaço qualquer, do encontro, do diálogo, do perdão, da compaixão, do acolhimento, da misericórdia.

Afinal, o Brasil quer ter razão ou ser feliz? Fica aí a nossa reflexão, talvez inspirada por um homem público com a dimensão do meu querido Mourão. Só quem vive perto e trabalha, quem anda pelas ruas da Praia Grande sabe o que estou querendo dizer. Obrigado. Viva o circo!

 

O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PMDB - Muito bem. Por essas razões é que tenho certeza que a escolha foi bem feita. Afinal, desde quando tivemos o primeiro contato por telefone, uma ligação, que nós até nos surpreendemos, quando uma figura pública do meio artístico liga e fala “Aqui é o Marcos Frota”, até nos assustamos. Mas foi assim o primeiro contato, e desde então, em todos os momentos, acabamos nos surpreendendo e tendo bons momentos de muita aprendizagem, de muito companheirismo, que nos deixam com muita satisfação de prestar esta homenagem.

Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência agradece às autoridades, à minha equipe, aos funcionários dos serviços de Som, da Taquigrafia, de Atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV Alesp, e das assessorias policiais Civil e Militar, bem como todos os presentes que contribuíram para o êxito desta solenidade.

Está encerrada a sessão. Muito obrigado.

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e 35 minutos.

 

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