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04 DE MAIO DE 2018

026ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AO DIA DO PSICANALISTA

 

Presidência: MARIA LÚCIA AMARY

 

RESUMO

1 - MARIA LÚCIA AMARY

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

2 - IZABEL DE JESUS PINTO

Mestre de cerimônias, anuncia a composição da Mesa.

 

3 - PRESIDENTE MARIA LÚCIA AMARY

Informa que a Presidência efetiva convocara a presente sessão solene, atendendo solicitação desta deputada, na direção dos trabalhos, em "Comemoração ao Dia do Psicanalista". Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".

 

4 - CÉSAR AUGUSTO

Diretor da Comissão Científica do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo - Sinpesp, saúda os presentes, os quais parabeniza pelo Dia do Psicanalista. Destaca a necessidade de fortalecimento da função e atuação dos psicanalistas do ponto de vista político. Faz considerações sobre o papel social da psicanálise atualmente. Cita os motivos mais comuns pelos quais as pessoas buscam a psicanálise, diferenciando as demandas femininas e masculinas.

 

5 - NORBERTO BUENO DOS SANTOS BITENCOURT

Segundo vice-presidente do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo - Sinpesp, faz relato histórico do Sinpesp. Discorre sobre as dificuldades enfrentadas pela instituição. Ressalta que houve aumento do número de atendimentos no sindicato, principalmente para a população menos favorecida. Frisa a importância do sindicato em prol da atuação clínica social dos psicanalistas.

 

6 - ELIZANDRA SOUZA

Primeira vice-presidente do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo - Sinpesp, aponta que um dos papéis do sindicato é unir os profissionais de psicanálise, que considera ser uma categoria pouco unida. Tece considerações sobre como a psicanálise funciona na vida social. Faz reflexão sobre o que é ser psicanalista.

 

7 - PRESIDENTE MARIA LÚCIA AMARY

Anuncia apresentação musical da cantora Bruna Caram, com a música "Vou para a rua".

 

8 - ARMINDA MARTINS

Presidente da Comissão de Ética do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo - Sinpesp, presta homenagem à Sra. Araceli Albino, pela contribuição à psicanálise brasileira e ao Sinpesp, com a entrega do Prêmio Freud de Psicanálise 2018.

 

9 - ARACELI ALBINO

Presidente do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo - Sinpesp, manifesta-se surpresa com a homenagem recebida. Tece considerações sobre a simbologia artística do troféu ganho. Lembra de quando trabalhou com a deputada Maria Lúcia Amary, cujo desempenho profissional enaltece. Menciona que o Dia do Psicanalista foi instituído com lei estadual em 2008. Destaca que o Sinpesp tem poder legal para representar a categoria. Frisa que a psicanálise é uma profissão. Reflete sobre a importância da formação do psicanalista.

 

10 - PRESIDENTE MARIA LÚCIA AMARY

Anuncia apresentação musical da cantora Bruna Caram, com a música "Palavras do Coração", de Otavio Toledo e Costa Netto.

 

11 - IZABEL DE JESUS PINTO

Mestre de cerimônias, anuncia homenagem com entrega de flores à deputada Maria Lúcia Amary pela presidente do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo.

 

12 - PRESIDENTE MARIA LÚCIA AMARY

Discorre sobre a função da psicanálise para o desenvolvimento pessoal e o equilíbrio emocional das pessoas em um mundo cada vez mais tecnológico. Parabeniza os psicanalistas pelo seu dia. Tece elogios à Sra. Araceli Albino, presidente do Sinpesp. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Maria Lúcia Amary.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO -Senhoras e senhores, boa noite. Sejam bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Neste momento daremos início à sessão solene com a finalidade de comemorar o Dia do Psicanalista.

Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web, e será retransmitida pela TV Assembleia no domingo, dia 06 de maio, às 21 horas pela NET, canal sete, TV Vivo, canal nove, e TV Digital, canal 61.2.

Convidamos para compor a Mesa, a deputada estadual Maria Lúcia Amary, proponente desta sessão solene. Dra. Araceli Albino, presidente do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo, Sinpesp. Elizandra Souza, 1ª vice-presidente do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo, Sinpesp. Norberto Bueno dos Santos Bitencourt, 2º vice-presidente do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo, Sinpesp. Dr. César Augusto, diretor da Comissão Científica do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo, Sinpesp.

Com a palavra a deputada estadual Maria Lúcia Amary.

 

A SRA. PRESIDENTE - MARIA LÚCIA AMARY - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos do Regimento Interno, e  com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Senhoras e senhores deputados, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa, o deputado Cauê Macris, atendendo à solicitação desta deputada, com a finalidade de comemorar o “Dia do Psicanalista”.

Convido a todos os presentes para, de pé, ouvirmos ao Hino Nacional Brasileiro, reproduzido pelo Serviço de Audiofonia da Casa.

 

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- É reproduzido o Hino Nacional Brasileiro.

 

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A SRA. PRESIDENTE - MARIA LÚCIA AMARY - PSDB - Queria citar a presença das seguintes personalidades: Dr. César Augusto, diretor da Comissão Científica do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo; Dra. Araceli Albino, presidente do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo; Elizandra Souza, 1ª vice-presidente do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo; Norberto Bueno dos Santos Bitencourt, 2º vice-presidente do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo.

Com a palavra, o Sr. César Augusto, diretor da Comissão Científica do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo, Sinpesp. Prefere usar a tribuna?

 

O SR. CÉSAR AUGUSTO - Boa noite, quero começar saudando a Mesa, saúdo a deputada Maria Lúcia, presidente Araceli Albino, Elizandra e Norberto, vice-presidentes. Em primeiro lugar, quero lembrar que hoje é uma data comemorativa, estamos antecipando o Dia do Psicanalista, que é dia seis. Freud vai fazer 162 anos, então são 162 anos do seu nascimento, quero começar parabenizando a todos aqui.

Eu acho que a maioria aqui são psicanalistas, começo lembrando que toda data comemorativa de uma profissão é um momento de pensar sobre a profissão e a atuação, de fortalecer essa profissão e essa atuação, de um ponto de vista político. Eu penso que os colegas aqui da Mesa vão fazer essa tarefa de pensar essa questão do fortalecimento político. Eu vou tentar uma breve reflexão sobre o lugar social da psicanálise hoje, muito brevemente, não temos tempo para nos alongarmos e nem quero entediá-los, teremos um coquetel depois.

Como sabemos, o principal objetivo enquanto psicanalistas é o bem-estar dos nossos pacientes, fortalecer esses indivíduos, mas a clínica também é um instrumento para entendermos o mal-estar social contemporâneo, a clínica sempre foi isso, os sintomas sociais e o mal-estar da sociedade chegam até nós na clínica. Então eu quero pensar um pouco isso, porque revela o nosso papel social, e cabe a nós entendermos isso enquanto psicanalistas. Eu acho que também é clássico à nossa compreensão, os nossos pacientes vêm à clínica de psicanálise, buscam a psicanálise por alguma dificuldade, acredito que os senhores concordam, vinculada aos verbos amar, trabalhar e desejar, alguma inibição na vivência desses verbos e dessas práticas, amar, desejar e trabalhar. Isso é clássico e já estava em Freud, não é uma invenção minha, isso continua sendo bastante atual.

Eu queria pensar um pouco aqui como é que estão as demandas desses pacientes de modo mais específico, para além disso, e recorrendo aqui, como o tempo é curto, a marcação de diferença de gênero entre homem e mulher. Poderemos pensar as demandas atuais em termos de geração, porque isso colocaria outras questões, ou em termos de orientação sexual ou de raça, mas não há tempo para isso, eu queria pelo menos colocar essa questão de: o que as mulheres e os homens estão demandando hoje na clínica?

Pensando que por um lado essa marcação de homem e mulher é um pouco antiquada, já que vivemos em uma sociedade pós-moderna e muitas pessoas estão se pensando como pós-gênero, não tendo um gênero binário, parece um pouco antiquado pensar na diferença entre homem e mulher, só que essa diferença continua sendo central em nossa cultura, e isso bate na clínica, homens e mulheres não são diferentes em sua essência, de maneira nenhuma, mas são diferentes em grau. Há uma diferença de grau, e isso é perceptível em nossa clínica, eu não pretendo aqui responder bem essa questão, mas pelo menos colocar essa questão: qual é a diferença hoje, o que os homens e as mulheres têm demandando?

Bem, a minha resposta vai muito da minha experiência, mas eu espero colocar aqui uma questão um pouco mais geral, o que me parece comum.             A maioria dos nossos pacientes são mulheres, como é bastante sabido, mas essa maioria em relação aos homens tem diminuído, cada vez mais eles procuram o nosso trabalho. O que é comum nas demandas femininas atuais? Com todas as transformações sociais pelas quais passamos e os papéis de gênero, parece que a carga feminina continua sendo mais pesada, sempre foi o polo dominado na sociedade, e as transformações sociais têm as mulheres como agentes, mas também como objetos de transformação.

Por que é que eu estou dando essa volta? Porque me parece que o que é muito comum no atendimento das mulheres é o excesso, de modelos, de papéis a se cumprir, então as mulheres ainda carregam papéis muito tradicionais, como a valoração da virgindade, de casamentos muito normatizados, do ponto de vista legal e religioso, em certos extratos sociais é claro. O papel de mães e de filhas cuidadoras, de esposas, de anfitriãs, tudo que se espera de uma mulher, que ela seja bela, recatada e do lar.

Esses papéis continuam sempre muito presentes, só que outros papéis estão sendo exigidos das mulheres, que elas tenham sucesso profissional, sucesso financeiro, que elas tenham uma certa liberdade sexual, que elas sejam potentes e ativas, autônomas e independentes. Então as demandas femininas parecem passar bastante pelo excesso e pela dificuldade em abrir mão de algum papel, alguns desses papéis, por isso que é uma clínica de excesso.

Os homens estão cada vez em maior número na clínica, alguns psicanalistas até atendem mais homens, mas essa é uma minoria. Em grandes medidas, as demandas masculinas passam pela elaboração da feminilidade masculina, como também é clássico na psicanálise, sabemos que a clínica é um ambiente de elaboração da nossa feminilidade, da nossa falta, do nosso não ter, do nosso não conseguir, do nosso não poder. É claro que os homens vêm trabalhar isso na clínica, o sentir e o não conseguir, o não atingir aquele modelo de macho alfa que se espera que machos ocupem.

Mas além disso, todas as transformações sociais de gênero também têm demandado uma nova postura masculina, muitas práticas nas relações não eram tidas como abuso, não eram tidas como violentas, e os homens mais jovens estão passando por essa adequação, sobretudo os mais jovens e os mais conscientes, de modo que a questão masculina parece ser bastante vinculada a um equilíbrio de uma potência possível, de um novo reequilíbrio do que é ser potente e lidar com certas impotências.

Poderíamos focar em outras marcações das diferenças na clínica hoje, mas não há tempo para isso, mas eu entrei nessa questão da diferença entre homens e mulheres para pensarmos o nosso papel social na construção de indivíduos mais conscientes, autônomos, independentes e felizes para a nossa sociedade. Obrigado e boa noite.

 

A SRA. PRESIDENTE - MARIA LÚCIA AMARY - PSDB - Com a palavra o Sr. Norberto Bueno dos Santos Bitencourt, 2º vice-presidente do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo, Sinpesp. Eu peço por favor, que use a tribuna.

 

O SR. NORBERTO BUENO DOS SANTOS BITENCOURT - Muito boa noite a todos. Me desculpem, eu estou um pouco gripado, tomei a vacina H1N1 e estou um pouco ruim para falar. Mas vamos lá, vou falar um pouco sobre a trajetória do Sinpesp, por volta de 15 anos para cá.

O Sinpesp não tinha um formato de clínica conforme temos hoje, nós tínhamos um punhado de documentos, nos quais não se tinha uma validação legal. Com a entrada, a presidente anterior colocou sabiamente essa documentação nas mãos da Dra. Araceli, porque ela faz parte da Assembleia, ela já trabalhava aqui e conseguiu colocar isso, dar andamento a essa legalidade. A partir daí, começamos a fazer a clínica social, que era em um porão, tinha uma salinha no porão e ao lado era o Sinpesp, onde tinha uma pessoa que nos ajudava a ficar, era embaixo da nossa clínica, onde nós trabalhávamos, pagávamos o aluguel em cinco ou seis analistas, e o Sinpesp estava lá, pagávamos para eles também, hoje para nós, porque eu não fazia parte do Sinpesp na época.

Com isso, fomos aumentando, colocando mais pessoas, montando uma diretoria cada vez mais forte, passando por várias dificuldades, porque na verdade até hoje quem faz com que o Sinpesp exista não são só os diretores, são as pessoas que fazem parceria com a clínica, conosco, senão não existiria, não temos um valor que vem de fora, contribuição sindical nunca fizemos o uso. Não porque não queríamos, é porque fomos crescendo de uma forma que, como psicanalistas, tínhamos uma certa dificuldade de cuidar disso.

Hoje em dia estamos com um grupo muito mais forte, estamos com uma diretoria fortíssima, temos as assembleias, nas reuniões de diretoria são discutidos assuntos pertinentes à questão da psicanálise, a questão de como está a psicanálise e como ela vai estar daqui a alguns anos, e onde temos que cuidar dos alunos, como vai ser a formação desses alunos de forma geral. Então trabalhamos muito no ano passado e este ano, para cuidar melhor do estatuto e para alinharmos o estatuto frente à contemporaneidade, e às questões das formações de forma geral. A gente foi fechando, fechando, qual é o intuito disso? Para podermos ter uma formação melhor dentro dos nossos alunos psicanalistas.

Acredito que muitos alunos estejam aqui, que a maioria sejam alunos, poucos psicanalistas, hoje temos uma formação na clínica social que é de se tirar o chapéu, porque a formação que o Sinpesp proporciona para os engajados, as pessoas que estão conosco, nossa, é maravilhosa, porque tem indicação, tem possibilidade de formar uma clínica, eu não tive essa possibilidade, eu tive pouco, eu fui crescendo com ela, olha, aproveitem ela, porque é única, fora o pessoal que estamos hoje, tivemos que diminuir o nosso número de associados e sindicalizados, há alguns anos atrás. Por que? Porque estava tudo misturado ali. O Sindicato de Psicanalistas onde a minoria era psicanalista, e aí, que sindicato é esse?

Então fomos trabalhando em cima disso, fomos acertando o estatuto, fomos direcionando ao valor do tripé da psicanálise. Hoje temos por volta de 23 salas na clínica Ana Joaquina, que antes era chamada de Clínica Social, e é a Clínica Ana Joaquina desde 2009. Foi fundada e se iniciou com quatro salas, após a salinha que tinha lá, e hoje estamos com 23 salas, fora as parcerias, os parceiros. O nome do sindicato hoje ele vem em um crescente muito grande, para se ter uma ideia, estamos com 7.500 atendimentos por ano, no ano passado teve mais de 7.500 atendimentos, sabe o que é isso para a psicanálise? É muita coisa.

Nós temos levando a psicanálise para uma população menos favorecida, a psicanálise tem um Q muito forte de elitização, então a nossa função maior é de levar a psicanálise para a população menos favorecida, é tornar acessível isso, porque esse é o nosso lema e eu acho que sempre será ele. Fora a questão da formação, eu acredito que a Elizandra vai falar um pouco mais sobre isso, e os eventos que fazemos, nós estamos sempre fazendo eventos, tem encontros, congressos, fora o fortalecimento que estamos dando, não é doutora?

Sobre os outros sindicatos, para a abertura de outros sindicatos, temos o fortalecimento, uma experiência maior em fazer palestras, em estar ali organizando esses eventos, então damos força para esses sindicatos que estão começando agora, por exemplo, no final do ano tem em Santa Maria, no Sinpers, que é o sindicato do Rio Grande do Sul, vamos lá dar uma força, no ano retrasado teve em Vitória e fomos com muita força para lá, ajudamos muito, fortaleceu muito, a Araceli esteve lá na semana passada. Sem dúvida, quem tiver a fim de estar conosco e tiver o tino para a psicanálise, vai ser muito favorecido com a evolução, já como o Sinpesp está hoje na formação, com a estrutura como ela é hoje, tanto a estrutura legal, que é a judiciária, a estrutura ética, então estamos trabalhando bastante, isso está funcionando de verdade.

Eu agradeço muito aos meus colegas de trabalho e a todas as comissões, porque vocês são o Sinpesp, junto aos alunos que estão tendo a oportunidade de conhecer um pouco desse nosso trabalho, que não é fácil, mas é possível. Muito boa noite a todos.

 

A SRA. PRESIDENTE - MARIA LÚCIA AMARY - PSDB - Com a palavra a Sra. Elizandra Souza, 1ª vice-presidente do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo - Sinpesp.

 

A SRA. ELIZANDRA SOUZA - Boa noite a todos. Eu falo assim, não somos Roberto Carlos, mas que passamos por grandes emoções, realmente nos últimos dias para quem está dentro do sindicato, organizar um evento como este não é simples, ainda mais quando temos intercorrências, que são coisas que acontecem em qualquer evento, mas eu acho que as intercorrências que aconteceram desta vez foram extremamente importantes, porque deve fazer nós pensarmos, e pegando a palavra que o César falou da demanda, qual é a demanda do analista hoje? O que demanda ao psicanalista e como é que o sindicato pode responder a isso? Se é que ele pode.

A história da psicanálise é uma história de discórdias, sempre teve uma briguinha aqui e ali, uma instituição que não aceita a outra, uma associação que é contra a instituição, um que sai de um lugar e vai montar uma outra associação. Eu acho que é importante começarmos a pensar o que é que o sindicato pode fazer para unir realmente os psicanalistas, porque não parece ser uma categoria muito unida, digo isso até porque eu conheço pessoas de outras instituições e de outras associações que falam a mesma coisa.

Se eu estou aqui, eu falo a partir deste sindicato e para mim isso vale, quando vou para uma outra associação, parece que não vale tanto, nem a minha fala, e de repente nem a fala de outro. Sofremos hoje no sindicato por visibilidade, porque começamos a aparecer, e na medida em que começamos a aparecer as pessoas começam a falar: “Opa, o que você? ”

No Brasil infelizmente temos uma história relacionada a sindicatos não muito boa, quando falamos assim: “Eu sou do sindicato”, já acham que queremos tomar dinheiro de alguém. O nosso sindicato é diferente, como o Norberto falou, a questão da contribuição sindical que nunca se teve, quando conseguimos algo legal em relação a isso, acabou, não existe mais. Sobrevivemos com as afiliações e com os diretores se reunindo e participando, tirando dinheiro do bolso, fazendo acontecer eventos.

Eu acredito que o sindicato tem um papel muito importante para nós que somos psicanalistas, visto que é uma categoria de pessoas que não se unem, porque ele, enquanto instituição, é legal, é uma instituição que realmente pode representar, o sindicato pode representar tanto profissões como ofícios. Existe a grande dúvida: a psicanálise é um ofício ou uma profissão? Eu fui pesquisar, e para mim é uma profissão, porque ofício está relacionado a um nível médio, de conhecimento técnico, enquanto profissão está relacionada com um nível de conhecimento especializado e graduado. Então eu comecei a achar que psicanálise é profissão, essa questão do ofício eu não uso mais.

Um sindicato pode sim representar, podemos sim sermos uma categoria a ser representada, mas o que o sindicato pode representar do psicanalista? Onde é que ele pode realmente servir ao psicanalista? Eu acho que esse é um papel que já viemos tentando fazer de forma bem feita há anos, principalmente relacionado à formação, mas também a discussão do que é a psicanálise, e de como ela pode funcionar em nossa vida social.

Hoje nós ligamos a televisão e é muito fácil vermos um psicanalista, ele está na TV, no rádio, está discutindo questões variadas, não só relacionadas aos sintomas da clínica, mas também aos sociais. Então o psicanalista está aparecendo, o sindicato precisa aprender a acolher esses psicanalistas que estão aparecendo e que estão querendo discutir as questões sociais, porque nós também devemos discutí-las. Eu acho que hoje é um dia de reflexão sobre o que é ser psicanalista. Eu sempre falo para os meus alunos que, enquanto estamos ali atendendo, temos que nos perguntar mais de uma vez: “O que eu estou fazendo aqui? Porque precisamos a todo momento nos colocar na posição de psicanalista, porque é muito fácil divagar, de repente a pessoa fala alguma coisa e você já começa a pensar em feijão.

Mas é um dia importante para o sindicato, não só porque temos um Dia do Psicanalista, mas para pensar qual é o papel do sindicato para esses psicanalistas. O que vocês precisam? Como é que o sindicato pode realmente representar um psicanalista? Eu acho que essas são as reflexões que podemos ter hoje e que eu deixo aí para vocês, e também convido a todos para discutirem dentro do sindicato e participarem das nossas assembleias, todo mundo pode ir lá e colocar a sua opinião, porque nós conseguimos ser um sindicato aberto a todos, obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTE - MARIA LÚCIA AMARY - PSDB - Teremos agora uma apresentação musical da cantora Bruna Caram, com a música “Vou Para a Rua”, de sua autoria.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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A SRA. PRESIDENTE - MARIA LÚCIA AMARY - PSDB - Obrigada, Bruna, realmente a letra é libertadora e motivadora, parabéns. Neste momento quero convidar ao púlpito a Sra. Arminda Martins, presidente da Comissão de Ética do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo - Sinpesp, para prestar homenagem à Sra. Araceli Albino, pela contribuição à psicanálise brasileira e ao Sinpesp, com a entrega do Prêmio Freud de Psicanálise 2018.

 

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- É entregue a homenagem.

 

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A SRA. ARMINDA MARTINS - Boa noite, Sra. Deputada, senhoras e senhores membros da Mesa, público geral, ela não esperava por essa, não é? Deixemos ela tomar um folego.

Foi-me concedida a honra de entregar o Prêmio Freud de Psicanálise 2018, é a primeira vez que o Sinpesp, celebrando o “Dia do Psicanalista”, homenageia toda a classe por meio desta entrega em mãos para um membro e profissional eleito por sua diretoria. Muito antes de diversos contratempos, suas mãos já eram as fiéis depositárias às quais se destinaria este prêmio, só a senhora não sabia.

Este símbolo, banda de Möbius, utilizado por Lacan em seu retorno a Freud, denuncia um saber incompleto e em andamento constante, um representante do irrepresentável. Em 1930, Freud postulou em “O Mal-Estar da Civilização” que “o trabalho é uma das formas de encontrar o pouco do quinhão de felicidade  que nos cabe em vida”. “Amar e produzir”, como disse César, e quanto à produção, é amor, doutora.

Nos oito mil atendimentos por ano da clínica do Sinpesp, estão sempre as suas mãos direcionando e possibilitando melhoras individuais e melhores sujeitos posicionados nos laços sociais. Eu já vou encerrar, eu vou utilizar Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer de nós é coragem”. Coragem nunca te faltou, esse troféu tinha que ir para a senhora.

 

A SRA. PRESIDENTE - MARIA LÚCIA AMARY - PSDB - Passo a palavra para a Sra. Araceli Albino, presidente do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo – Sinpesp. Parabéns pela justa homenagem.

 

A SRA. ARACELI ALBINO - Essa realmente foi uma surpresa, dentro de tudo aquilo que a Elizandra colocou, esse troféu passou de mão em mão. As pessoas foram declinando e acabou aqui nas minhas mãos. Essa foi uma ideia criada, essa arte foi desenvolvida pelo Ângelo, nosso coordenador de eventos. Isso faz parte de todo o nosso movimento também, além de todos os trabalhos psicanalíticos, nos preocupamos com a arte que está colocada, o inconsciente é a própria arte, ele se manifesta através dela.

Isso foi desenvolvido pelo Ângelo, que é o nosso coordenador do evento, pela sua equipe, e vou aproveitar aqui de antemão também e já anunciar para vocês, antes de eu fazer o meu pronunciamento oficial, comunico a todos que nós também tivemos um grande prazer, uma semana muito difícil para concluirmos este evento, mas como diz o ditado: “Depois da tempestade vem a bonança”.

Hoje pela manhã, nós fomos agraciados, deputada, com a concessão da Lei Rouanet, para que pudéssemos realizar a nossa exposição fotográfica das obras arqueológicas do Freud, em convênio com o Museu Freud de Londres, então vamos começar no ano que vem esse grande evento, já está concedido e esse trabalho durou um ano inteiro. O Ângelo e a Fátima, que estão ali, trabalharam o ano todo, nós hoje fomos agraciados com esta grande concessão, obrigado pelo trabalho de vocês.

A respeito deste prêmio, o que eu posso dizer à minha equipe de trabalho é muito obrigada, esse sindicato não existiria se não fossem todos aqueles que vêm trabalhando no dia a dia para que ele fosse uma realização. Muito obrigada, eu não estava esperando, eu tenho uma outra fala e eu vou fazer o meu pronunciamento oficial agora.

Então Exma. Sra. Deputada Maria Lúcia Amary, presidente desta sessão solene em comemoração ao “Dia do Psicanalista”, em seu nome cumprimento a todos os Exmos. Srs. Deputados e Deputadas desta Casa e as autoridades aqui presentes. Prezados diretores do Sinpesp, Elizandra Souza, minha 1ª vice-presidente, Norberto Bueno, 2º vice-presidente, César Augusto, diretor da Comissão Científica do Sindicato dos Psicanalistas.

Sinto-me honrada em estar nesta sessão solene, sob a Presidência de Maria Lúcia Amary, com quem tive a honra de trabalhar por quatro anos quando ela presidia a Comissão de Constituição e Justiça nesta Casa de Leis. Podemos dizer que essa é a comissão mais importante desta Casa. A deputada sempre conduziu os trabalhos nesta Casa de Leis com sabedoria, diplomacia, ética, a sua conduta ilibada é um exemplo ao Parlamento Paulista. Hoje em dia, neste momento político tão difícil, realmente sinto-me honrada de ter trabalhado com Vossa Excelência.

O dia seis de maio foi instituído como “Dia do Psicanalista”, graças a uma iniciativa do sindicato, e aprovado na Assembleia Legislativa no ano de 2008, sancionada pelo Sr. Exmo. Governador do Estado de São Paulo, portanto é uma data legítima, oficial.

Quero salientar que a psicanálise é livre, e independe de qualquer outra profissão, não pertence a nenhuma sociedade ou instituição brasileira internacional, as instituições só a representam, não são donas e muito menos têm o poder de reconhecer quem é psicanalista ou não. Sabemos que Sigmund Freud disse que a psicanálise é leiga, é um ofício exercido por psicanalistas que fazem sua formação seguindo um tripé: análise pessoal, supervisão e teoria específica do inconsciente.

Se existe um órgão que pode minimamente representar a classe dos psicanalistas são os sindicatos, nenhuma instituição, associação ou sociedade tem poder legal para tal, portanto a psicanálise no Brasil faz parte da classificação brasileira de ocupações, instituída pelo Ministério do Trabalho. Existimos sim como profissionais, nós psicanalistas que ganhamos o nosso dia cobrando as sessões, vivemos desse trabalho, como isso não é profissional?

É importante refletirmos sobre a psicanálise hoje, que rumo queremos que ela caminhe para o futuro. Nós, os psicanalistas, somos os detentores desse importante saber, que mudou a visão do homem e a prática da clínica terapêutica. A psicanálise é um processo analítico eficaz, que ajuda o homem a superar os seus conflitos, a resolver as suas dores, a encontrar-se consigo mesmo. Essa data, que é extremamente importante para toda a sociedade psicanalítica, não só do Brasil, mas do mundo. A psicanálise existe há mais de 120 anos, está aí colocada, e não existe nenhum órgão que fiscalize, nós só existimos porque preservamos a ética.

Finalmente, deixo um outro ponto importantíssimo para refletir neste dia, que é a importância da formação do psicanalista. O analista é aquele que é formado no divã, ele não é formado nas mídias. Muito obrigada.

 

A SRA. PRESIDENTE - MARIA LÚCIA AMARY - PSDB – Agora convidamos a cantora Bruna Caram, para cantar a música “Palavras do Coração”, de Otavio Toledo e Costa Netto.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO – Neste momento convidamos a Dra. Araceli Albino para fazer a entrega de flores para a deputada Maria Lúcia Amary.

 

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- É entregue a homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - MARIA LÚCIA AMARY - PSDB – Muito obrigada pela homenagem. Quero dizer que sinto muita alegria de estar hoje aqui podendo contribuir para homenagear essa tão nobre e necessária profissão.

Neste mundo como o de hoje, modernizado e de tecnologia avançada, onde conseguimos saber praticamente tudo que acontece no País durante questão de minutos, de uma geração que muitas vezes não consegue conciliar a realização profissional com relacionamento ou uma família, de refeições realizadas na maior parte do tempo com os olhos mais no celular do que no alimento, praticamente esquecemos de olhar para nós mesmos, para o nosso interior, e avaliar o comportamento que tivemos no dia, para projetarmos uma vida saudável, física e psicologicamente, e assim garantirmos um futuro equilibrado.

Na contemporaneidade de crises emocionais constantes, de depressão querendo nos arrastar para a baixa autoestima, o conselho de um amigo é uma das coisas mais simples de se conseguir, mas nem sempre é o mais adequado, como o de um especialista na área. Hoje, com o número de cerca de 20 mil profissionais que exercem a função de psicanalistas, percebemos a enorme importância dessa ciência que investiga o mundo das pessoas com técnicas específicas, contribuindo para o processo de desenvolvimento e amadurecimento pessoal.

É para um psicanalista que podemos colocar nossas ansiedades, falar das nossas angústias, sermos ouvidos por profissionais tecnicamente preparados para ajudar, encontrar a nossa própria identidade e caminhos para o equilíbrio emocional. É o psicanalista que pode apontar caminhos que nos levem a descobrir o sentido da vida e da nossa existência, é ele quem nos dirige o rumo ao autoconhecimento, em um sentido maior ao encontro da paz, ao encontro do equilíbrio.

“Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo, e se a boca se cala, falam as pontas dos dedos”, entre outras coisas, nessa frase Freud nos faz pensar sobre os traços da personalidade, da natureza humana, as nossas fragilidades, capacidades e fraquezas, principalmente nós mulheres, que muitas vezes enfrentamos as culpas pela tripla jornada de trabalho, incompatível com uma vida saudável, harmônica e emocionalmente equilibrada. Não paramos muitas vezes para pensar se as nossas atitudes perante o próximo são dignas e corretas, como é o nosso papel na sociedade e qual a contribuição que podemos dar para o mundo que vivemos.

A vida muitas vezes pode ser cruel e difícil para algumas pessoas, e em algumas situações, por mais extremas e desesperadoras que possam parecer, devemos manter o pulso firme e o equilíbrio mental, para isso a função do psicanalista pode ser fundamental. De Freud, aprendemos que tudo compreender, não é tudo perdoar, a psicanálise nos ensina não apenas o que podemos suportar, mas também o que devemos evitar. Ela nos diz o que deve ser eliminado, a tolerância com o mal não é de maneira alguma um corolário de conhecimento.

 Aos que se ocupam da incrível descoberta científica de Freud, e dela utilizam para o bem-estar do próximo da sociedade, os meus mais sinceros cumprimentos e parabéns a todas e todos os psicanalistas pelo seu dia.

Esta Presidência agradece ao Dr. César Augusto, diretor da Comissão Científica do Sindicato dos Psicanalistas, à minha querida amiga Dra. Araceli Albino, presidente do Sindicato, pela sua luta e ética, vontade de acertar e seu compromisso com a sua classe e conciliando um trabalho que dá exemplo aqui dentro da Assembleia Legislativa, pela sua postura, sua dedicação e conciliação que faz das suas atividades, sempre com um sorriso, sempre tratando e desenvolvendo um trabalho com muito respeito. Eu tive a honra de trabalhar com a senhora na Comissão de Constituição e Justiça, a senhora foi uma peça muito importante em nosso trabalho em conjunto.

Esgotado o objeto da presente sessão, queria agradecer também a Elizandra Souza e ao Norberto Bueno dos Santos Bitencourt, às autoridades, à Mesa, à minha equipe, aos funcionários dos serviços de Som, da Taquigrafia, de Atas, do Cerimonial,  à Imprensa, à TV Legislativa, às assessorias das polícias Civil e Militar, bem como a todos que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade.

Está encerrada a sessão, convido a todos para o coquetel que será servido no Salão dos Espelhos, muito obrigada e parabéns pelo dia de todos vocês.

 

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- Encerra-se a sessão às 20 horas e 58 minutos.

 

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