29 DE
MAIO DE 2018
073ª
SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: DOUTOR ULYSSES e CAUÊ MACRIS
Secretaria: CORONEL TELHADA
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - DOUTOR ULYSSES
Assume a Presidência e abre a sessão.
2 - CORONEL CAMILO
Dá orientações para identificação de fake news disseminadas por meio
de redes sociais. Cumprimenta a Polícia Militar do Estado de São Paulo pela
atuação durante a greve dos caminhoneiros.
3 - CORONEL TELHADA
Afirma a legitimidade das
paralisações dos caminhoneiros. Fala sobre a retomada das atividades normais do
setor. Defende o atendimento das reivindicações desses trabalhadores pelo
Governo. Critica abusos de comerciantes diante da crise de abastecimento.
4 - LUIZ CARLOS GONDIM
Discorre sobre a diminuição dos
estoques de bancos de sangue de São Paulo em decorrência da dificuldade de
transporte da população. Fala sobre prejuízos a atendimentos de saúde causados
pela situação. Faz apelo pelo término das atividades grevistas. Lamenta a falta
de vagas para internação de pacientes psiquiátricos na região do Alto Tietê.
5 - CARLÃO PIGNATARI
Mostra vídeo sobre consequências das
paralisações de caminhoneiros para a criação de aves. Lamenta a morte de
animais, as perdas econômicas e a crise de abastecimento. Critica a greve, uma
vez que, a seu ver, o povo brasileiro será onerado e apenas grandes empresas do
setor serão beneficiadas pelas concessões do Governo ao setor. Reprova
oportunismo político diante do movimento grevista.
6 - CARLÃO PIGNATARI
Solicita a suspensão da sessão até as
16 horas e 30 minutos, por acordo de lideranças.
7 - PRESIDENTE DOUTOR ULYSSES
Defere o pedido e suspende a sessão
às 15h02min; reabrindo-a às 16h32min.
8 - MARCO VINHOLI
Solicita a suspensão dos trabalhos
até as 17 horas, por acordo de lideranças.
9 - PRESIDENTE DOUTOR ULYSSES
Defere o pedido e suspende a sessão
às 16h33min.
10 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Reabre a sessão às 17h03min.
11 - BETH SAHÃO
Pelo art. 82, tece comentários sobre
a crise de combustível que está ocorrendo atualmente no País. Faz críticas à
postura do governo federal em relação à greve dos caminhoneiros. Apoia o
direito à manifestação dos transportadores. Critica o presidente da Petrobras,
Pedro Parente, e o presidente da República, Michel Temer pela condução da
crise.
12 - CARLOS GIANNAZI
Pelo art. 82, lamenta colapso social
ocorrido no País em consequência da greve dos caminhoneiros. Critica o projeto
de governo do presidente Michel Temer. Pede a destituição de Pedro Parente,
presidente da Petrobras. Comenta sua presença em assembleia dos professores da
rede particular de ensino, que estão protestando pela manutenção de direitos
estabelecidos em convenção coletiva de trabalho. Informa que foi aprovado
requerimento de sua autoria na Comissão de Educação desta Casa convidando
Benjamin Ribeiro, presidente do Sieeesp - Sindicato
dos Estabelecimentos de Ensino para explicar a situação.
13 - GUSTAVO PETTA
Pelo art. 82, faz considerações sobre
o desabastecimento e dificuldades da população brasileira em meio à crise dos
combustíveis. Questiona a legitimidade do presidente Michel Temer no exercício
de seu mandato. Cobra posicionamento do ex-prefeito de São Paulo, João Doria,
sobre a questão. Informa sua presença em assembleia dos professores da rede
particular de ensino no estado de São Paulo.
14 - MARCO VINHOLI
Pelo art. 82, faz comentários sobre a
paralisação dos caminhoneiros que ocorre atualmente no País. Critica opiniões
antidemocráticas surgidas neste momento de crise. Menciona as desonerações
fiscais no Estado de São Paulo como possível solução para remediar a crise do
combustível. Cita renovações de concessões públicas que devem ocorrer em breve
no estado.
15 - JOÃO PAULO RILLO
Pelo art. 82, cita discurso do
deputado Marco Vinholi sobre manifestações
antidemocráticas no Brasil. Faz críticas ao PSDB em relação ao apoio do partido
ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Critica o posicionamento
político do empresário Paulo Skaf. Manifesta-se
contrariamente à privatização da Petrobras. Defende a redução do preço da
gasolina e do gás para o consumidor final.
ORDEM DO DIA
16 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Encerra a votação, coloca em votação
e declara aprovado requerimento de não realização de sessão legislativa no dia
01/06. Encerra a discussão, coloca em votação e declara aprovado requerimento
de Urgência ao PLC 21/18. Convoca os Srs. Deputados para uma sessão
extraordinária a realizar-se hoje, às 19 horas e 30 minutos.
17 - MARCO VINHOLI
Solicita o levantamento da sessão,
por acordo de lideranças.
18 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Defere o pedido. Convoca os Srs.
Deputados para a sessão ordinária de 30/05, à hora regimental, com Ordem do
Dia. Lembra a realização da sessão extraordinária, hoje, às 19 horas e 30
minutos. Levanta a sessão.
* * *
-
Assume
a Presidência e abre a sessão o Sr. Doutor Ulysses.
* * *
O SR. PRESIDENTE –
DOUTOR ULYSSES - PV - Havendo
número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os
nossos trabalhos.
Com base nos termos do
Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em
plenário, está dispensada a leitura da Ata.
Convido o Sr. Deputado
Coronel Telhada para, como 1º Secretário “ad hoc”,
proceder à leitura da matéria do Expediente.
O SR. 1º SECRETÁRIO –
CORONEL TELHADA – PP - Procede
à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.
* * *
- Passa-se ao
PEQUENO EXPEDIENTE
* * *
O
SR. PRESIDENTE - DOUTOR ULYSSES - PV - Srs. Deputados, Sras.
Deputadas, tem a palavra o nobre deputado Coronel Camilo, pelo tempo
regimental.
O
SR. CORONEL CAMILO - PSD - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr.
Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Alesp, visitantes, funcionários desta Casa, falaremos hoje
sobre dois assuntos: primeiro, as fake news, e, segundo, o excelente trabalho que está sendo feito
pela Polícia Militar.
Primeiro, sobre as fake news. Pessoal, nesse fim de
semana, até ontem, tenho visto nas redes sociais e vai um alerta para vocês
todos como um profissional de segurança: cuidado com as redes sociais.
Tem gente trazendo
notícias lá de trás, de eventos que não aconteceram nem no Brasil, para gerar
pânico. Há pessoas trazendo notícias de invasões, de bagunças, até de acidentes
relacionados a manifestações; trazendo fatos de manifestações antigas para esta
manifestação.
Então, fica a dica
aqui: cuidado com as redes sociais. Transmitam aquilo que vocês conhecem. Mesmo
no grupo de vocês, reparem se aquela notícia é verdadeira. Como é que eu faço
para ver se uma notícia é verdadeira?
Primeira coisa: vamos
nos certificar da fonte. “Ah, mas um amigo disse, alguém falou, pertencia a uma
pessoa do alto escalão”, ou então, “alguém que integra lá o sindicato de não
sei quem”: se não falar quem é a pessoa, se a fonte não for confiável, desconfie
e não transmita essas informações.
Segundo ponto: confira
a data. Muitas vezes, a data da publicação, quando você vai ver a notícia que
está sendo anexada, é de 10, 15 anos atrás, ou de um ano, dois anos atrás - não
tem a ver com essa manifestação.
Já tivemos greve de
caminhoneiros na década de 80, em 89, se não me engano, e em 2010, eu estava no
comando da PM - também tivemos esse problema -, e tem gente trazendo tudo à
tona para hoje.
Mais uma coisa: veja os
erros no português, erros na fala, erros na escrita. Desconfie dessas notícias
e não divulgue aquilo que você não tiver certeza de que funciona.
Mais ainda: os áudios.
Quantos áudios, de quantas bobagens, estão sendo falados aqui? Estão trazendo
tudo para dentro da greve dos caminhoneiros. É uma greve justa, não tenha
dúvida, eles precisam ser reconhecidos. Mas, nós precisamos continuar tocando
este País, também.
Então, não divulguem
notícias de que vocês não têm conhecimento. Muita gente está fazendo isso só
para ver o circo pegar fogo. Sabemos que precisamos mexer, temos uma grande
oportunidade nas próximas eleições. Mas, vamos tomar um pouco de cuidado com
essas notícias.
Segundo ponto, Sr.
Presidente. É com muito orgulho que eu falo da nossa Polícia Militar de São
Paulo. Parabéns a você, policial militar de São Paulo. parabéns, coronel Sales,
nosso comandante geral. Parabéns, Eduardo, nosso comandante do Corpo de
Bombeiros. Parabéns pelo exemplo do que podem fazer pelo povo de São Paulo.
No começo, garantiram a
segurança durante todos esses nove dias de manifestação. Não tivemos grandes
problemas de segurança no estado de São Paulo, num segundo momento garantindo
que serviços essenciais - ambulância, viatura, serviços públicos - pudessem
continuar, escoltando caminhões das refinarias.
A partir de ontem, de
domingo para cá, praticamente, escoltando também caminhões agora para abastecer
os postos de gasolina para o cidadão comum - não só para chegar medicamentos,
para a Ceasa, mas, principalmente, agora, também, para todo cidadão comum.
Então, a nossa Polícia
Militar está de parabéns. Coronel Sales, parabéns pelo grande trabalho da nossa
Polícia. Tanto é que em algumas imagens das redes sociais vê-se a nossa Polícia
sendo aplaudida pela população de São Paulo, sendo aplaudida pelos caminhoneiros,
resolvendo tudo na base da negociação.
Só onde chegou ao
extremo em alguns momentos, na Imigrantes, em alguns lugares aí em que não foi
possível - aliás, nem eram caminhoneiros que se manifestavam. Pessoas que
queriam só interromper os serviços acabaram sendo retiradas pela Polícia.
Então, parabéns a você,
policial militar de São Paulo, parabéns a você por esse grande trabalho
defendendo a democracia, garantindo o direito de manifestação dos caminhoneiros
e protegendo a população de São Paulo, sendo sustentáculo da democracia no
estado de São Paulo.
Parabéns, Polícia
Militar!
Muito obrigado, Sr.
Presidente e Srs. Deputados.
O
SR. PRESIDENTE - DOUTOR ULYSSES - PV - Tem a palavra o nobre
deputado Coronel Telhada.
O
SR. CORONEL TELHADA - PP - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,
cidadãos que nos acompanham pela TV Alesp,
funcionárias e funcionários desta Casa.
Nós estamos aqui para falarmos,
justamente, sobre esse movimento que tem balançado todo o Brasil. Eu entendo
que esse movimento é legítimo, apesar do sofrimento que a população vem
passando. É um movimento sem partidos políticos, sem a inclusão de qualquer
movimento - apesar de muita gente tentar se incluir para levar vantagem, para
se fazer como dono da situação. Mas os próprios caminhoneiros colocaram esses
aproveitadores para correr - porque o que não falta nesse momento é gente
aproveitadora querendo levar vantagem.
Hoje, pelo que consta, parece que a
situação vai retornar à normalidade. Alguns caminhões já estão reabastecendo os
postos, apesar de uma parte ainda estar paralisada. O governo fez um proposta e
o grupo analisou se vale a pena ou não.
Eu entendo que a proposta do governo não
foi o esperado. O governo fez estritamente o que foi pedido, mas poderia ter
ajudado mais a população facilitando mais. Mas, teoricamente, foi o que os
caminhoneiros pediram e chegou-se a uma situação de possível término da
paralisação. Vamos aguardar para ver o que ocorrerá nesses dias.
Quero dizer que entendemos que o Brasil
precisa mudar. Esses preços abusivos de combustível têm que mudar, esses preços
assustadores de pedágio, que é um roubo contra o contribuinte e contra o
cidadão, têm que mudar.
Então, nós esperamos que não só o governo
federal, mas o governo estadual também, pense no trabalhador e diminua os
preços do combustível e dos pedágios.
O problema é que tem muita gente que se
aproveita dessa situação, que grita por justiça, que xinga o governo e o
político, mas, nessa hora, está fazendo um monte de coisa errada. Nós estamos
vendo vários comerciantes aumentando abusivamente o preço do combustível, uma
coisa assustadora. No Rio de Janeiro, o preço do combustível está chegando a
quase quinze reais.
Nessa manchete, o cidadão colocou a
gasolina, lá em Brasília, a nove reais e noventa e nove centavos. O cidadão,
desesperado para trabalhar ou para cumprir os seus compromissos, acaba
aceitando esse roubo. O comerciante que faz isso é tão criminoso quanto o nosso
governo que rouba na gasolina, no imposto e no pedágio - porque ele está
explorando o povo também.
Saco de batata, que custava entre R$50 e
R$100, chegou ao absurdo de quase quinhentos reais. Essa outra matéria mostra
que o quilo da batata, no Ceasa, vai de R$1 a R$17 na semana. Quer dizer, é um
roubo à mão armada! E esses cidadãos, depois, vêm falar que o governo é ruim e
é corrupto.
A corrupção está em todo lugar. É
necessário que esses cidadãos coloquem a mão na consciência e ajudem o povo.
Nós estamos falando um monte de coisa do governo, mas tem um monte de gente
roubando o povo aqui também.
Outra coisa que vemos é o desespero do
povo em querer abastecer. Vamos com calma. Nós temos a impressão que a situação
está acalmando e, daqui a uma semana, eu espero que esteja tudo tranquilo.
Hoje eu passei por filas quilométricas, o
pessoal abastecendo nos supermercados e fazendo despensa em casa de uma maneira
absurda. Essa outra matéria diz o seguinte: “o medo do desabastecimento faz
surgir oportunismo dos dois lados”.
Não sei se vocês notaram, mas na fila do
posto de gasolina tinham pessoas com galões na mão. As pessoas estão comprando
galões de gasolina, litros de gasolina, para vender mais caro. Poxa, o que é
isso? O que as pessoas estão pensando?
Outros aqui estão fazendo estoque. Por exemplo, em Vitória da
Conquista, na Bahia, a batata subiu de 80 reais na quarta-feira para 200 reais
na quinta-feira. Não adianta falarmos em mudar o Governo se o povo não tiver a
consciência de que todos somos responsáveis por acabar com a corrupção.
Não adianta falar em acabar com a corrupção enquanto o povo
rouba o próprio povo. É necessário que o pessoal entenda que o Brasil vai mudar
se todos fizerem suas obrigações. Não adianta trocar os políticos de cima se o
povo continuar corrupto.
O povo deve pensar em quem vai votar, mas também deve fazer sua
obrigação. Além de cobrar dos políticos, deve cobrar um preço justo dos
comerciantes e, quando essa pessoa não agir assim, denunciá-la ao órgão
competente. Aqui se fala em Ceasa vendendo saco de batata de 80 por 500 reais,
mercado que esconde mercadoria para criar histeria e aumentar o preço, postos
de gasolina vendendo gasolina por dez reais no início da semana, gás de cozinha
a 100 reais o botijão, pé de alface na faixa de sete reais. É um absurdo.
Falamos tanto em acabar com a corrupção, que o povo deve lutar
contra a corrupção, mas não pode entrar nessa onda de querer ganhar com o
prejuízo dos outros. Quem faz isso é tão corrupto quanto esses corruptos que
estão na cadeia. É necessário que coloquemos a mão na consciência e lutemos por
um Brasil melhor. Como? Fazendo a opção certa neste ano, na eleição para os
postos eletivos, como presidente, governador, dois senadores, deputado federal
e deputado estadual, mas também cobrando justiça em seu bairro, na sua empresa,
na sua igreja e no comércio. Vendendo pelo preço adequado e comprando pelo
preço adequado.
Quem não se adequar a essa situação deve ser denunciado sim,
porque ladrão é ladrão. Ladrão que rouba um tostão e ladrão que rouba um milhão
é ladrão do mesmo jeito. Daqueles que roubam bilhões, então, nem dá para falar,
são super ladrões.
É sobre isso que eu queria falar. Que o povo tenha calma e
atenção, porque esse problema afetou todo o País. Via hoje, na televisão, que
no Nordeste a situação em algumas capitais já retornou à normalidade.
Parabenizo os caminhoneiros publicamente pela coragem, pelo
sacrifício e pela luta que fizeram em nome do povo brasileiro. Que isso seja um
marco na história, para que o Governo entenda que tem que ouvir o povo. O
Governo foi eleito pelo povo, não para explorar o povo. Que sirva de lição para
que a Petrobras acabe com esses aumentos quase diários absurdos. É inadmissível
que na Colômbia, na Venezuela, na Argentina, na Bolívia paguem menos da metade
do preço que nós pagamos no combustível. Como é possível isso? Não dá para
entender.
A Petrobras foi arrombada, escorraçada, roubada pelo Governo do
PT, agora eles querem se recuperar nas costas do povo? Não, nós não
permitiremos isso. Estamos aqui, lutando.
Esta Casa deveria, hoje, estar lotada de deputados, para que nós
todos exigíssemos do governo estadual uma diminuição no preço dos pedágios,
porque esses preços abusivos são um verdadeiro roubo no bolso do contribuinte.
O SR. PRESIDENTE -
DOUTOR ULYSSES - PV - Tem a palavra o nobre
deputado Luiz Carlos Gondim.
O SR. LUIZ CARLOS GONDIM - PTB -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, sempre
aprendemos, é bíblico e está em Eclesiastes 3, que há tempo para tudo.
Então,
hoje, nos pegou de surpresa a situação dos bancos de sangue. Nós temos uma
diminuição de doadores, doadores que querem vir até São Paulo e não conseguem
vir, porque não tem ônibus. Pessoas que não podem sair de casa, porque não tem
transporte para fazer uma doação de sangue.
Os hospitais estão
pedindo, de uma maneira geral, que sejam feitas as doações. Hoje eu estava
discutindo com a minha esposa, e ela disse: “puxa vida, acho que eu vou até São
Paulo, ou então aqui em Mogi, na Santa Casa, para fazer doação de sangue”.
Nós estamos aqui
solicitando à população, pedindo, fazendo um apelo aos grevistas, porque está
na hora de parar a greve. Eu acho que ela já deu o recado que tinha que dar, já
foi tomada a decisão que tinha que ser tomada. Quero pedir isso a eles, porque
esse apelo que nós estamos fazendo agora nesse momento é para salvar vidas.
Nós não podemos mais
ficar nessa situação, nesse impasse. Bancos de sangue com 20% da capacidade que
se tem para se fazer doação em momentos de cirurgias, que estão sendo
suspensas. A situação chegou a um ponto tal, que pacientes que precisam receber
um órgão, um transplante, não podem, porque não há mais sangue. O banco de
sangue não tem. Não garante que possa ter para fazer uma transfusão.
Eu, como médico e
deputado, que estou aqui há cinco mandatos, sei que a luta de vocês foi justa
até um momento. Porém, neste momento ela já está atrapalhando vidas. Neste
momento, ela já passou do limite. Então, é neste momento que nós estamos
pedindo e apelando a vocês, para que permitam que as pessoas possam se
locomover, para, pelo menos, fazerem uma doação de sangue, para, pelo menos,
receberem um transplante.
Na situação em que nos
encontramos, não estamos conseguindo nem pegar o ônibus. Pessoas de certas
cidades não conseguem chegar a São Paulo, por falta de ônibus. Luta justa, e a
hora de saber ceder. Já chegou o momento. Na hora de reclamar, nós estivemos
junto com vocês na luta, apoiamos a greve, mas agora é o momento de parar. O
Brasil precisa continuar, precisa crescer, precisa dar emprego, e nós não
podemos parar com isso.
Hoje também chama a
atenção os hospitais psiquiátricos da nossa região, que realmente não têm mais
vagas para psiquiatria. Nós não temos mais vagas para psiquiatria. Aliás, há
muito tempo nós excluímos essas vagas de psiquiatria, e não há mais vaga para
os pacientes graves, pacientes com esquizofrenia grave, com depressão grave.
Nós não estamos conseguindo vagas.
Então, são várias
coisas que são relacionadas com a Saúde e sobre as quais nós falamos aqui,
justamente porque aparece no dia a dia da nossa região, do Alto Tietê, mas é em
todo estado de São Paulo.
Então, de repente,
começam a ligar os pacientes que desejam fazer doação de sangue e não
conseguem. Aí você emenda uma coisa com a outra, para poder trazer aqui para os
deputados saberem o que está acontecendo no estado de São Paulo.
Então, eu, neste
momento, Sr. Presidente, faço um
apelo à luta dos grevistas. Está na hora de parar. Está na hora de sabermos o
que vocês ganharam. Está bem, pode não ser o suficiente, pode não ser o tempo
de seis meses, ou um ano, mas está na hora de ceder. Então, este é um apelo que
nós fazemos pela população, pelos pacientes, tanto os doadores como os
receptores, que estão sem poder receber até uma doação de sangue.
Muito
obrigado, Sr. Presidente e Srs. Deputados.
O SR. PRESIDENTE -
DOUTOR ULYSSES - PV - Tem a palavra o nobre deputado Carlão
Pignatari.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB
- Sr.
Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados. Eu gostaria de um minuto de
atenção. Eu nunca vim a esta tribuna para falar em defesa de alguma coisa da
qual participo, mas eu gostaria de mostrar o que está acontecendo na minha
atividade, que é a atividade avícola, com o prolongamento dessas paradas de
caminhões na estrada. Então, gostaria de passar um vídeo, que é um vídeo muito
rápido e muito triste de se ver.
* * *
- É exibido vídeo.
* * *
Quando
falta alimento nas granjas, que é o que acontece onde eu tenho meus criatórios,
o frango mais fraco, mais franzino, é completamente canibalizado por outros
frangos, mais fortes, para matar a fome. Isso, hoje, infelizmente, é uma regra
do que está acontecendo em toda cadeia produtiva do nosso sistema.
Não
tenho nada contra o que foi feito pelos caminhoneiros. Achei que foi uma pauta
em defesa de sua atividade econômica, não da atividade do povo brasileiro. Eles
foram para defender um reajuste do óleo diesel que vai beneficiar apenas as
grandes transportadoras que temos no Brasil - essa é a grande verdade - ou os
pequenos transportadores que estão ali em defesa do seu negócio. Quem vai pagar
a conta disso? Somos nós, o povo brasileiro. Toda vez que você fala em um
subsídio, vai haver contribuição de todos os brasileiros para que alguém seja
beneficiado. A greve, feita por grandes transportadoras, agora tem pautas de
intervenção militar, Volta Lula, Vive Lula, Fora Temer, que não têm nada a ver
com a pauta que eles estavam querendo, do qual eu discordo do sistema, de todos
os combustíveis, não só do diesel, mas da gasolina, principalmente, junto com o
óleo diesel, da maneira que a Petrobras estava fazendo.
Três
vezes por semana, eu tenho caminhão que sai de Votuporanga, minha cidade, e vai
ao Rio Grande do Norte. São dez dias de viagem. Sai com um preço de combustível
e, no meio, já foram três aumentos de preço. Como calcular o custo de uma
empresa dessas? Impossível.
Que tem
que haver reajuste, que houve um desmando no governo anterior, que segurou o
preço, quebrou a Petrobras, ótimo, é uma verdade, mas nós não somos obrigados a
pagar a conta dessa maneira. Tem que haver uma vantagem, tem que haver uma
composição de preços para que todos nós possamos ter certeza de quanto vai
custar. Eu saio com um quilo de frango e ando cinco mil quilômetros. Quanto vai
custar quando chegar lá? Eu não sei. Até a semana passada, o óleo diesel estava
subindo todos os dias, porque, entendemos, o barril de petróleo está subindo, o
dólar está subindo.
Chegou o
momento em que está havendo muito mais vandalismo por parte de algumas pessoas
que estão infiltradas em um movimento, fazendo bandalheira. Eu estou com 70 e
poucos caminhões presos no Brasil todo. Nas minhas granjas está acontecendo
isso, faltando alimentos para os nossos frangos. Acho que isso não pode haver
no Brasil. Com medida judicial, conseguimos, hoje, escolta para levar caminhão
de milho e soja para uma fábrica de ração nossa, para poder alimentar as nossas
aves, os plantéis.
Eu não
vi, em nenhum momento, nenhuma ONG de defesa de animais, fazer a defesa desses
animais que ali morreram. Suínos estão morrendo no Brasil inteiro, de fome. São
mais de 70 milhões de aves mortas. E eu não vi, em momento algum, alguém vir
aqui, ou em alguma matéria da Globo, fazer uma defesa para que parem com a
greve, a fim de que os alimentos cheguem à granja.
É isso que temos de discutir
no Brasil. O movimento pode ter sido bom, mas foi uma pauta para algumas
pessoas, pela qual todos nós brasileiros vamos pagar. Não é essa a discussão
que temos de fazer no Brasil. Não adianta virmos agora e dizer: “intervenção
militar”, “volta, Lula”, “sai, Temer”. O Lula está preso; é uma pena. Estou até
com dó. Está lá há quase 70 dias, mas está indo bem.
Mas temos a certeza de que o
Brasil tem jeito. Outubro é o momento de fazer as mudanças que o povo
brasileiro acha necessárias. Isso é democracia, não ficar fechando frente de
refinaria. Hoje, há muitos transportadores autônomos que querem trabalhar, mas
são obrigados a ficar ali. Não podemos ter isso. Começou como uma greve das
grandes transportadores, fazendo reduções de preço para aliviar o bolso de cada
uma delas. No momento seguinte, o governo - certo ou errado - atendeu às
solicitações, e nem assim foi possível parar.
Então, acho que o Brasil tem
que refletir. É isso que queremos para o nosso país? Que pare, que falte gás de
cozinha, que não tenha alimento, que as nossas aves... O Brasil é o maior
exportador de frango do mundo. Estamos há uma semana sem fazer exportação.
Alguém está entrando no nosso mercado lá fora. Estamos perdendo cada vez mais
terreno, nessa dificuldade que nós temos. Então, quero pedir a quem está nesse
movimento que tenha um pouco de serenidade, de tranquilidade e que deixe o
Brasil voltar a andar.
O
SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Sr. Presidente, havendo
acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a
suspensão dos trabalhos até as 16 horas e 30 minutos.
O
SR. PRESIDENTE - DOUTOR ULYSSES - PV - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tendo havido acordo
entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre deputado
Carlão Pignatari e suspende a sessão até as 16 horas e 30 minutos.
Está suspensa a sessão.
* * *
- Suspensa às 15 horas
e 02 minutos, a sessão é reaberta às 16 horas e 32 minutos, sob a Presidência
do Sr. Doutor Ulysses.
* * *
O SR. MARCO VINHOLI -
PSDB - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças
partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos até as
17 horas.
O SR. PRESIDENTE -
DOUTOR ULYSSES - PV - Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, tendo havido acordo entre as
lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Marco Vinholi e suspende a sessão até as 17 horas.
* * *
- Suspensa às 16 horas
e 33 minutos, a sessão é
reaberta às 17 horas e 03 minutos, sob a Presidência do Sr. Cauê
Macris.
* * *
A SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - Sr. Presidente, peço a palavra para falar pelo Art. 82.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. Tem a
palavra a nobre deputada Beth Lula Sahão pelo Art.
82.
A SRA. BETH
LULA SAHÃO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, cidadãos que nos
acompanham pela TV Alesp, funcionárias e funcionários
desta Casa.
Esse é um dia bastante delicado dentro do nosso país
por aquilo que nós estamos passando e vivenciando com a paralisação dos
motoristas de caminhões, o que tem afetado a vida da grande maioria da
população brasileira, não só pela falta de combustíveis, mas pela falta de
produtos, pelas aulas que estão suspensas, por atividades públicas que estão
sendo suspensas, por atividades privadas que estão sendo suspensas.
Hoje, pela primeira vez, na hora em que entrei na
cidade de São Paulo logo cedo, dificilmente eu veria um trânsito tão livre
quanto estava hoje nas marginais, com uma facilidade muito grande de
deslocamento.
Mas não é só isso que devemos apontar e destacar.
A
despeito da legitimidade da manifestação, destaco ser algo que eles estão
buscando há muito tempo, um diálogo com o governo Temer, que tem
responsabilidade total sobre a situação pela qual estamos passando no País.
Primeiro
porque, se fizermos uma retrospectiva, de julho de 2016 a janeiro de 2018,
houve 115 reajustes do diesel. Como as pessoas que trabalham nessa área poderão
se programar? Como poderão planejar algo com tantos reajustes em sequência a
todo o momento, a todo instante?
Infelizmente,
vivemos em um País em que, desde que me conheço por gente, sempre que se
reajusta os combustíveis, há o efeito dominó. Os outros produtos também acabam
sofrendo reajustes iguais. Não apenas o que está ligado à questão dos
transportes, mas todas as demais contas ficam mais caras para os consumidores
brasileiros.
E
nesse momento temos um governo fraco, que não consegue resolver um problema que
está afetando toda a população, que, embora tenha apresentado uma proposta, não
consegue formalizar isso, não consegue concretizá-la, e as paralisações
continuam afetando milhões de pessoas em nosso País.
Isso
é muito ruim. É ruim para todos os lados. Certamente também o é para aqueles
que estão encostados nos acostamentos das principais rodovias brasileiras,
caminhões parados, gente ali há mais de 30 dias pelo fato de ter vindo de uma viagem
longa, distante da família, de sua casa e de seus parentes, sem conseguir
chegar a seu destino.
Precisamos
separar o que de fato é uma manifestação legítima e justa, com a qual
concordamos, do que, infelizmente, hoje, vem sendo reforçado e estimulado por
uma minoria que ali está e que quer, de fato, prejudicar a população. Isso não
pode. Isso é ruim e deve ser condenado.
Somos
favoráveis, sim, a essa manifestação. Somos favoráveis a que se busque
condições mais favoráveis de trabalho, para que haja uma diminuição nos valores
da gasolina, do diesel, dos pedágios ou dos insumos que eles utilizam para
desenvolver seus trabalhos com dignidade, mas não podemos concordar com pessoas
que, às vezes, usam de truculência e agressividade para impedir outros de chegarem
ao supermercado, aos hospitais, às escolas, locais que precisam muito desses
insumos. Isso é fundamental e não podemos perder, do contrário podemos viver um
colapso e um caos ainda maiores do que os que estamos vivendo.
Por
isso, temos que apontar que a responsabilidade se centraliza em uma política
equivocada, errada e conturbada do presidente da Petrobras, Pedro Parente, que
foi totalmente apoiada pelo presidente da República, Michel Temer, um
presidente fraco, que não é mais reconhecido por ninguém da população
brasileira.
Aliás,
hoje ele esteve em São Paulo e o governador do Estado não foi prestigiá-lo,
porque ninguém quer ficar perto dele. O prefeito da cidade também não esteve
nesse evento que houve aqui, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, como
também não vieram os presidentes da Câmara e do Senado, pessoas que, até ontem,
davam apoio ao presidente ilegítimo Michel Temer.
Hoje
eles querem distância dele, com medo de serem contaminados pelas loucuras,
pelas sandices que foram feitas durante esses mais de dois anos em que o Temer
está à frente da Presidência do País.
Portanto, temos que
lamentar o momento que nós estamos vivendo, embora, ressaltamos, seja legítima
a paralisação, mas nós já estamos vendo que os efeitos acabam tomando conta,
principalmente da população mais fragilizada, da população que mais precisa,
que está sofrendo, porque não consegue, muitas vezes, trabalhar, porque perde o
dia de serviço, e com isso perde rendimento. Portanto, isso vai ter um impacto
muito negativo dentro do seu orçamento.
Muito obrigada, Sr. Presidente. Devemos retornar a esta
tribuna ainda no dia de hoje, para comentarmos mais a esse respeito.
O SR. CARLOS
GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, peço a palavra para falar
pelo Art. 82, pela liderança do PSOL.
O SR. PRESIDENTE -
CAUÊ MACRIS - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. Tem a palavra o nobre deputado Carlos Giannazi
pelo Art. 82, pela liderança do PSOL.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
telespectadores da TV Assembleia, cidadãos que nos acompanham pelas galerias, quero
rapidamente comentar aqui dois assuntos importantes.
O primeiro é
relacionado à greve dos caminhoneiros. Nós achávamos que estávamos no fundo do
poço no governo do chefe da quadrilha, do Michel Temer, com seus ministros
investigados na operação Lava Jato e toda sua quadrilha.
Achávamos que já
tínhamos chegado ao fundo do poço, mas percebemos que nós entramos agora no
volume morto. O Brasil está entrando em um verdadeiro colapso. Crise de
abastecimento, falta de combustíveis, de gás de
cozinha, de gasolina, de óleo diesel, estradas paradas. É um verdadeiro caos na
nossa sociedade, fruto de um governo que vem servindo a um projeto neoliberal
de ajuste fiscal, de retirada de direitos sociais, trabalhistas e
previdenciários, e de entrega de todo nosso patrimônio para o capital, para as
elites econômicas, sobretudo as elites internacionais.
É isso que está
acontecendo hoje no Brasil. O governo Temer está entregando o pré-sal,
entregando a Petrobras, as nossas florestas, as nossas terras, a nossa energia.
Ele pretende privatizar a Eletrobras. É um governo
antipopular antidemocrático, que está destruindo o País. Por isso que nós
estamos exatamente nessa situação.
Então, a nossa luta
nesse momento é para fazer enfrentamento a esse governo, exigindo a imediata revogação de todas
as reformas aprovadas, da Emenda 95, da Reforma Trabalhista, da Lei da
Terceirização, dessa Lei do Pré-Sal, que foi aprovada, que entregou,
praticamente, o pré-sal para as refinarias internacionais, para as empresas
internacionais. Isso tem que ser revogado imediatamente.
Nós queremos a saída
imediata do presidente da Petrobras, do Pedro Parente, que é um lacaio, que é
um serviçal, não do povo brasileiro, mas dos acionistas da Petrobras. O Brasil
inteiro, o país inteiro destruído para beneficiar meia dúzia de acionistas em
Nova Iorque, da bolsa de valores de Nova Iorque, que estão cada vez mais ricos
explorando, tendo lucros em cima da Petrobras, em cima do nosso petróleo.
Então, essa é a nossa
posição. Fora, Pedro Parente. Fora, Temer.
Outro assunto
importante que quero comentar é que acabei de chegar agora de uma grande
assembleia dos professores da rede particular de ensino, que estão em luta pela
manutenção da sua convenção coletiva. O deputado Gustavo Petta,
do PCdoB, estava lá também, apoiando o movimento.
Estávamos lá
participando de uma grande
assembleia vitoriosa. O movimento dos professores, liderado pela Federação
Paulista dos Professores e também pelo Sinpro de São Paulo foi um movimento
vitorioso hoje, porque o sindicato patronal teve que fazer um recuo, teve que
dar um passo atrás e reconhecer pelo menos um ano de convenção coletiva.
Não é o ideal, mas foi
um avanço diante dessa conjuntura que nós estamos vivendo, de ataques aos
direitos dos trabalhadores. Como eu disse, estamos vivendo a retirada de
direitos trabalhistas, previdenciários e sociais.
Então,
semana que vem haverá uma nova assembleia, na quarta-feira, mas a proposta
negociada, apresentada, representa não uma vitória total, mas pelo menos
parcial de um grande movimento que veio se destacando, tendo espaço na mídia e
tendo o apoio e a simpatia da opinião pública, que foi o movimento e a
paralisação dos professores da rede particular.
Nós
aprovamos o requerimento. Apresentei-o na Comissão de
Educação, que foi aprovado, convidando o presidente do Sindicato dos
Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo, Benjamin Ribeiro, para
explicar na Comissão de Educação todos esses ataques e essa tentativa de
desmontar a convenção coletiva dos professores, que, em última instância, ataca
não só os professores, mas ataca também os alunos e a qualidade de ensino.
Espero que ele venha explicar esses ataques e essa tentativa de desmonte da
convenção coletiva, que tem força de lei e foi uma dura conquista dos
professores, que já dura 20 anos.
Muito
obrigado, Sr. Presidente.
O SR. GUSTAVO PETTA -
PCdoB - Sr. Presidente, gostaria
de falar pelo Art. 82, pela vice-liderança do PCdoB.
O SR.
PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É regimental. Tem a
palavra o nobre deputado Gustavo Petta para falar
pelo Art. 82.
O SR. GUSTAVO PETTA -
PCdoB - PELO ART. 82 - Caro Presidente, demais deputados,
deputadas, público presente e telespectadores, realmente nós vivemos no País um
momento muito dramático, um momento de retrocessos democráticos, de retirada de
direitos. Agora, como nunca antes visto, pelo menos no último período, um
momento de desabastecimento, de muita dificuldade para o conjunto da população
brasileira.
É
evidente que esse momento chegou por conta de um governo que não possui
autoridade, não possui legitimidade e que permitiu que chegássemos a essa
situação. O governo do ilegítimo Temer permitiu que o
Brasil chegasse a essa situação que nós estamos vivendo hoje. Tudo isso graças
a uma política de preços da Petrobras, que submete os interesses do conjunto da
população brasileira aos interesses dos investidores dessa empresa, aos
interesses dos investidores internacionais.
Portanto,
todas as medidas anunciadas no último período para tentar conter as diversas
manifestações que ocorrem pelo Brasil são medidas que não atacam a questão
principal. Durante um mês, nós tivemos 17 vezes o aumento do litro do diesel,
da gasolina, impactando diretamente não só nos profissionais, nos
caminhoneiros, naqueles que vivem por conta disso, mas também para o conjunto
da população do nosso País. É preocupante a situação. É preciso exigir a queda
do Pedro Parente, que é quem impõe essa política nefasta e perversa ao conjunto
da população do nosso País.
Mas,
Sr. Presidente, estranha-me também que nos últimos
dias um líder político do nosso Estado, o ex-prefeito que abandonou a
prefeitura de São Paulo, João Doria, tenha sumido do mapa. Onde está João
Doria? Ele que é muito ativo nas redes sociais, costuma se manifestar de modo
ativo, todo momento, sobre qualquer tipo de assunto, sumiu completamente. No
único depoimento que ele fez sobre greve, ele falava que todo grevista era
vagabundo, que grevista não servia para nada, que era coisa de arruaceiro, de
baderneiro, de vagabundo. Agora, ele está fazendo a sua campanha, porque
pretende ser governador, e não fala absolutamente nada sobre a maior crise
social que o Brasil já viveu nos últimos tempos, uma crise de desabastecimento,
uma crise que tem provocado tantos dramas na vida de tantas pessoas no nosso
País. É importante fazer esse registro aqui na Casa, porque realmente chama a
atenção o silêncio e a omissão de alguém que pretende ser o principal líder
político do nosso estado, no cargo de governador, apesar de ter abandonado a
prefeitura, de ter mentido. Aliás, a pesquisa que saiu agora prova que quem o
conhece o rejeita: 55% da população paulistana rejeita a candidatura de João
Doria.
Sr.
Presidente, no último minuto eu gostaria de registrar minha presença na
assembleia dos professores da rede particular do estado de São Paulo. São mais
de 100 escolas que foram paralisadas hoje, por conta da tentativa de se utilizar da ilegítima reforma trabalhista para retirar
direitos da convenção coletiva dos professores. Como exemplo, temos as bolsas
dos filhos dos professores, a semestralidade ou o recesso dos 30 dias, além de
tantos outros direitos consolidados em convenções coletivas de muitos anos.
Os professores cruzaram
os braços, e agora há uma resposta de recuo por parte do sindicato patronal.
Então, graças a essas manifestações, a esse movimento organizado pelo sindicato
dos professores e pela Fepesp, esses direitos não
foram retirados do conjunto dos professores. Sob a campanha de “nenhum direito
a menos”, os professores e funcionários da rede privada do estado de São Paulo
venceram uma batalha e impediram a diminuição de direitos na negociação coletiva
que está ocorrendo neste período.
Muito obrigado pela
atenção, Sr. Presidente.
O
SR. MARCO VINHOLI - PSDB - Sr.
Presidente, peço a palavra para falar pelo Art. 82.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB -
O pedido de V. Exa. é
regimental. Tem a palavra o nobre deputado Marco Vinholi
pelo Art. 82.
O
SR. MARCO VINHOLI - PSDB - PELO ART. 82 - Boa tarde a todos e
a todas. Quero cumprimentar os nobres parlamentares num dia importante para a
Casa. O estado e o país estão em crise, tentando superar uma paralisação geral.
E a Assembleia Legislativa de São Paulo está aqui presente, trabalhando alerta
e atenta, a fim de tomarmos, a qualquer momento, medidas que possam contribuir
com o fim dessa paralisação e com a volta à normalidade no nosso estado e no
nosso país.
Primeiramente, quero
falar - e falei um pouco disso ontem, aqui - da preocupação com o momento que
vivemos. É justa a paralisação, e cada um pode concordar ou não com isso. Mas o
fato é que nos últimos dias foi crescente a opinião antidemocrática neste país.
Vi faixas, discursos e postagens na internet, muitas vezes demonstrando um
saudosismo por tempos negros do nosso país. Se existe um caminho para a
superação de todas as crises neste país, é através da democracia. Que nós
possamos, em todas as correntes políticas desta Casa, do estado de São Paulo e
do país, ter isso como base e como defesa.
Desde moço estou
fazendo política, e nunca, no movimento estudantil e na escola, tanta
aproximação com o tema antidemocrático neste país. Então, fica o alerta a todos
nós. Já vieram outras crises, e esta é uma crise dura. Mas que possamos prezar
sempre pela união em torno da democracia neste país, para que não voltemos aos
tempos sombrios que tivemos no Brasil.
Quero, também, falar um
pouco sobre as soluções com as quais esta Casa pode ajudar o estado de São
Paulo. Ano passado, em várias vezes, foi discutida aqui a questão das
desonerações fiscais no estado de São Paulo. Muitos deputados da oposição,
aqui, eram contrários às desonerações, mas hoje vemos que se não houvesse
algumas delas, poderia ter sido muito pior.
Quero listar, por
exemplo, o Repetro, em 2012, que deu isenções para
produção, pesquisa e exploração de petróleo aqui no estado de São Paulo. Além
disso, em 2016, isso foi feito também com as transportadoras aqui no nosso
estado. Ora, se isso é o bastante? Parece-nos que não, com uma crise desse
tamanho, beirando, de início, uma questão de preços de combustíveis, depois já
beirando uma questão de rebelião tributária de modo geral, de uma população que
paga seu imposto e não recebe o serviço adequado de acordo com o valor que
paga. Por isso, ela sente. Quando há uma paralisação dessas, acabam surgindo
indignações de modo geral.
Espero que possamos, por meio desta Casa, estudar um
pouco quais desonerações poderíamos fazer no estado de São Paulo para poder
melhorar um pouco toda essa cadeia.
Queria dizer também da preocupação com alguns
anúncios dos últimos dias. Sabemos que a conta também não pode ficar para os
municípios. Cinquenta por cento do IPVA, por exemplo, vai para os municípios.
Temos que ter critérios e resolver a crise, mas ter em mente que não se pode
fazer caridade com o chapéu alheio.
Além disso, estamos chegando aos 20 anos das
concessões públicas do estado de São Paulo, de várias delas. Essas concessões
foram feitas em 1998, no início desse processo. É evidente que é
responsabilidade do Estado avançar nessa questão agora. Haverá renovações de
concessões.
Nas últimas semanas, vi o governo colocar uma
comissão para avaliação da Rodovia da Laranja, que liga Catanduva a Bebedouro.
Espero que possamos ter membros do Legislativo e que seja um processo cada vez
mais participativo em relação a essas concessões que se findam e serão
renovadas agora.
Acredito que temos um caminho muito grande para,
além de superar essa paralisação, avançar nessa questão do tributo, sempre com
uma diferença muito grande em relação ao serviço que é recebido. Temos aqui as
melhores estradas do Estado, mas é tempo de olharmos essas concessões e
avançarmos nesse assunto.
Queria falar um pouco sobre o posicionamento desta
Casa em relação a isso. Temos que estar alertas e, hoje, fico feliz em ver
tantos deputados na Casa, trabalhando, atentos a este momento pelo qual o País
e o estado de São Paulo passam.
O
SR. JOÃO PAULO RILLO - PSOL - Sr.
Presidente, com anuência da líder da Minoria, peço a palavra para falar pelo
Art. 82.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB -
O pedido de V. Exa. é regimental. Havendo anuência da
líder Ana do Carmo, tem a palavra o nobre deputado João Paulo Rillo para falar
pelo Art. 82, pela Minoria.
O
SR. JOÃO PAULO RILLO - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, antes de
iniciar minha fala, começo dialogando com o deputado Marco Vinholi, do PSDB,
hoje líder de sua bancada.
Talvez não tenha sido de maneira explícita, mas ele
acabou fazendo uma autocrítica aqui na Assembleia Legislativa, quando disse que
está impressionado com tamanha onda conservadora e que se assusta com a
quantidade de jovens que falam em intervenção militar. O País está precisando
de cada vez mais democracia e parte da população está pedindo menos democracia,
pedindo intervenção militar.
Entendo isso como uma autocrítica e, talvez, um
avanço importante, pois, se teve um partido, se teve um agrupamento político
que jogou gasolina nessa fogueira perigosa, foi o PSDB. E todos nós sabemos
disso.
O PSDB era liderado pelo senador Aécio Neves, que
foi pego em flagrante pedindo propina e falando em matar o primo, caso ele o
delatasse. Hoje, é importante ver um parlamentar do PSDB fazendo autocrítica e
reconhecendo. Faltou reconhecer que eles foram fundamentais para que o Brasil
chegasse a esse caos. Eles lideraram o processo de golpe no Brasil, vestiram
suas camisetas amarelas e foram vaiar a presidente legitimamente eleita.
E o que se vê hoje? Vemos parlamentares que estavam
vestidos de CBF pegos na máfia da merenda, malas de dinheiro no apartamento de
um operador do presidente e um assessor em um gesto terrível, correndo com uma
mala de dinheiro pela rua.
E um pato que virou sapo, o Sr. Skaf, que talvez até desista da candidatura a governador do
Estado, porque não sei o que ele vai falar para a população, depois da
palhaçada que ele ajudou - palhaçada, não, temos que ter mais respeito
aos artistas circenses e os palhaços - a irresponsabilidade do Sr. Skaf, no processo de impeachment.
Gostaria de começar, talvez
o tempo vá ser muito curto, falando dessa conjuntura que não termina neste dia,
lendo o início de um texto do jornalista Luis Nassif: “O tique de fechar a boca, como quem está engolindo a saliva que escorre
do beiço; as mãos magras, desossadas, melífluas, espelhos da alma; a
dissimulação de disfarçar a leitura do teleprompter
com observações vazias, e, principalmente, o tom impositivo, ridículo para
cenas de rendição, como que estivesse batendo em retirada de costas, para não
levar projéteis no traseiro. Todo esse conjunto ajuda a compor a mais execrável
personalidade política da história da República.”
Óbvio
que estou falando do crápula, do mafioso, do chefe de quadrilha Michel Temer.
O que
acontece no Brasil, a greve dos caminhoneiros, e aqui presto solidariedade aos
caminhoneiros, aos trabalhadores verdadeiros, que ajudam a abastecer o País,
ainda não tem uma conclusão de interpretação. Falou-se em locaute, uma greve
patronal dirigida, falou-se em greve de trabalhadores, e também falou-se em manipulações externas, para provocar o caos no
País e gerar uma intervenção.
A
questão é que nada disso ainda é conclusivo. Até nós, da esquerda, do campo
democrático popular, temos dificuldade para interpretar o que de fato está
acontecendo no País. Mas uma coisa é certa, e dialoga muito com a necessidade
dos brasileiros. Você tem um aumento escandaloso de gás de cozinha. Você tem um
aumento escandaloso na bomba dos combustíveis, provocado por uma política
entreguista, vendilhona.
A
Petrobras opera com 50% da capacidade de refino, ou seja, estamos mandando
matéria-prima para o exterior, para comprar, a preço de ouro, na alta do dólar,
combustível processado. Ou seja, é claro que existe uma nítida intenção de
privatizar a Petrobras. É o que acontece hoje.
A
palavra de ordem tem que ser a diminuição do aumento do preço, redução do preço
na bomba, a redução do preço do gás para a dona de casa que se dirige ao
mercado, ou a uma venda, para comprar um botijão de gás. Essa é a palavra de
ordem, e contra a privatização e a continuidade de entrega do País.
Dialogando
mais uma vez com esses parlamentares que, em algum momento, apoiaram esse
golpe, espero que façam autocrítica e ajudem a todos
nós a encontrar um caminho. As pessoas que foram para a rua aplaudir o golpe,
muita gente bem intencionada, com a ilusão de que estava tentando combater a
corrupção, hoje estão esclarecidas de que se tratava de um golpe de estado, uma
tática de vender o Brasil.
Esse
caos de hoje não é provocado apenas pelo crápula, pelo vendilhão, pelo canalha, canalha, canalha, do
Michel Temer. É também culpa de todos aqueles que, no oportunismo político,
aproveitaram para dar o golpe, achando que iam renascer no País. Mas,
felizmente, isso não aconteceu.
Mas
aconteceu coisa pior. O Sr. Geraldo Alckmin e companhia, Aécio Neves e
companhia, ajudaram a projetar uma figura exótica chamada Bolsonaro,
que hoje lidera todas as pesquisas, à frente desses que ajudaram a criar o
caos. Portanto, que a história recente lhe sirva de uma bela lição, de um
esclarecimento.
Cuidado
ao flertar com aquilo que é perigoso, com o fascismo e com a
não política. Ela gestou esse monstro e um caos no País. E V. Exas. assistem estarrecidos à
liderança do presidente Lula, na cadeia, liderando todas as pesquisas. E o seu
candidato, desse centrão medíocre de direita, não
consegue avançar. Por quê? Porque o povo percebeu que vocês
não têm propostas para o Brasil.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS – PSDB – Srs.
e Sras. Deputadas, vamos passar à Ordem do Dia.
* * *
- Passa-se à
ORDEM DO DIA
* * *
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, há sobre
a mesa requerimento de não realização de sessão no dia 1º de junho do corrente
ano. Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão.
Em votação. As Sras. Deputadas, e os Srs. Deputados que forem favoráveis
permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.
Sras. Deputadas, Srs.
Deputados, há sobre a mesa requerimento de urgência ao
PLC nº 21/18, de autoria do Tribunal de Contas. Em discussão. Não havendo
oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. As Sras. Deputadas,
e os Srs. Deputados que forem favoráveis permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Sras. Deputadas, Srs.
Deputado, nos termos do Art. 100, inciso I, do Regimento Interno, convoco V. Exas. para uma sessão
extraordinária, a realizar-se hoje, às 19 horas e 30 minutos, com a finalidade
de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia:
* * *
-
NR - A Ordem do Dia para a 26a sessão extraordinária foi publicada
no D.O. de 30/05/2018.
* * *
O SR. MARCO VINHOLI - PSDB - Sr.
Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito
o levantamento da presente sessão.
O SR.
PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo entre
as lideranças presentes em plenário, esta Presidência antes de dar por
levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a
sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia de
hoje, lembrando-os ainda que hoje, às 19 horas e 30 minutos teremos a sessão
extraordinária.
Está
levantada a presente sessão.
* * *
-
Levanta-se a sessão às 17 horas e 36 minutos.
* * *