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18 DE JUNHO DE 2018

083ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidência: CORONEL TELHADA e CARLOS GIANNAZI

 

Secretaria: CARLOS GIANNAZI

 

RESUMO

 

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - CORONEL TELHADA

Assume a Presidência e abre a sessão. Convoca os Srs. Deputados para uma sessão solene, a realizar-se no dia 3/8, às 10 horas, para a "Outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo à Associação Okinawa Kenjin do Brasil e ao Senhor Governador da Província de Okinawa, Takeshi Onaga", a pedido dos deputados Hélio Nishimoto, Jooji Hato e Pedro Kaká.

 

2 - CARLOS GIANNAZI

Apela a esta Casa e aos líderes partidários para que seja votado, em caráter de urgência, o PLC 24/15, relativo aos professores categoria "O". Afirma que a Lei nº 1093, aprovada nesta Casa, ataca a dignidade dos professores categoria "O" e prejudica. Informa que o PLC 24/15 resolve a situação dos professores desta categoria. Discorre sobre o conteúdo desta lei. Anuncia a presença do professor Charles Roger Ramos em plenário. Combate a fragmentação da carreira do Magistério estadual. Diz que esta lei foi aprovada pelo ex-governador José Serra, que não tinha preocupação com o projeto pedagógico, mas somente com a questão financeira do Estado.

 

3 - CORONEL CAMILO

Informa que a lei seca comemorou dez anos de existência, tendo salvado mais de 40 mil vidas. Ressalta que temos hoje mais mortes no trânsito do que mortes por homicídio doloso. Diz que a Polícia Militar continua a fazer "blitze" e também a operação "Cavalo de aço", que tira as motos do semáforo para fazer a abordagem. Pede colaboração da população para que usem o Uber, táxis quando forem beber. Menciona o trabalho da PM de abordagem para orientação da população desde 2017. Comenta a solenidade de hoje, realizada pelo deputado Coronel Telhada. Destaca a atual exposição no Tribunal de Justiça sobre a revolução de 1932. Fala que esta exposição é uma oportunidade de conhecer um grande espaço, além da história brasileira. Parabeniza os organizadores.

 

4 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

 

5 - CORONEL TELHADA

Lembra a sessão solene, realizada hoje pela manhã, em memória dos 50 anos da morte do sargento Mário Kozel Filho, morto em atentado com carro bomba. Homenageia o coronel Mello Araújo, da Rota, pelos resultados desde primeiro de janeiro até 30 de abril, em comparação com os números de 2017. Discorre sobre os números apresentados. Considera este comando de excelência. Cumprimenta também todos os oficiais e praças da Rota. Comenta a morte de policiais militares da Corregedoria da Polícia Militar e da Bahia.

 

6 - LUIZ CARLOS GONDIM

Demonstra sua preocupação com o tratamento dado aos pacientes com insuficiência renal, que precisam de hemodiálise. Discorre sobre o caso de uma paciente, que aguarda o início da hemodiálise desde 2017. Exibe relatório médico da paciente. Informa a falta de vagas de UTI e de hemodiálise. Pede a abertura de mais espaços para este tratamento. Solicita ao secretário de Saúde Marco Antonio Zago que analise e corrija esta situação em todo o estado de São Paulo.

 

7 - CORONEL TELHADA

Assume a Presidência.

 

8 - CARLOS GIANNAZI

Comenta notícia da "Folha de S. Paulo" de ontem, dizendo que 62% dos jovens deixariam o Brasil se tivessem condições. Informa também que 43% da população adulta têm vontade de sair do País. Considera que esta pesquisa reflete todas as reformas feitas pelo atual governo. Afirma que a entrega do patrimônio público brasileiro para o capital internacional representa a destruição da esperança da juventude brasileira. Cita a aprovação da PEC 55 no Congresso Nacional, que congelou os investimentos nas áreas sociais por 20 anos, prejudicando várias gerações. Lembra a reforma trabalhista e a lei da terceirização. Destaca a necessidade de tributação das grandes fortunas, heranças e dos lucros e dividendos, livrando a tributação da produção e do consumo. Diz que as eleições são a oportunidade de mudar esta situação, elegendo pessoas comprometidas com esta pauta. Discorre sobre a matéria também da "Folha de S. Paulo" sobre os conglomerados do ensino superior que avançam sobre a educação básica. Considera que estes grupos estão transformando o direito fundamental do povo brasileiro, a Educação, em negócio. Relata a influência destes grupos no MEC e no Congresso Nacional, com acesso a políticas educacionais privativas.

 

9 - CARLOS GIANNAZI

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

 

10 - PRESIDENTE CORONEL TELHADA

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 19/06, à hora regimental, com Ordem do Dia. Lembra a realização da sessão solene, hoje, às 20 horas para a "Outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo à Dra. Sarah Hayashi, fundadora da Igreja Monte Sião". Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Coronel Telhada.

 

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O SR. PRESIDENTE – CORONEL TELHADA - PP - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Carlos Giannazi para, como 1ª Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1ª SECRETÁRIO – CARLOS GIANNAZI – PSOL - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esta Presidência, atendendo à solicitação dos nobres deputados Hélio Nishimoto, Jooji Hato e Pedro Kaká, convoca V. Exas., nos termos do Regimento Interno, para uma sessão solene a realizar-se no dia 3 de agosto de 2018, às 10 horas, com a finalidade de “outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo à Associação Okinawa Kenjin do Brasil e ao Sr. Governador da Província de Okinawa, Sr. Takeshi Onaga”.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público aqui presente e telespectadores da TV Assembleia, que nos assistem na capital, no interior paulista, na Baixada Santista e na Grande São Paulo. Eu gostaria de, mais uma vez, fazer um apelo à Assembleia Legislativa, a todos os líderes partidários, a cada deputado e deputada, para que possamos votar em caráter de extrema urgência o nosso PLC 24/15.

Esse projeto trata da questão dos professores categoria “O”, que estão vivendo um processo muito difícil, na rede estadual, há muito tempo, desde 2009, quando foi aprovada a Lei no 1.093 aqui no plenário. Eu votei contra; depois, recorremos à Justiça e ao Ministério Público questionando essa lei que, ao atacar a dignidade dos professores categoria “O”, prejudica não só a eles e ao magistério, mas também nossos alunos. Quando há o vencimento dos contratos, os professores são praticamente afastados das suas salas e escolas.

É um absurdo a existência dessa Lei no 1.093 do jeito como foi aprovada. Ela tem de ser modificada, e por isso apresentei o PLC 24/15, que resolve a situação dos professores categoria “O”. Nosso projeto elimina definitivamente a quarentena e a duzentena, ou seja, a interrupção do contrato de trabalho do professor. Isso acabaria através da aprovação do nosso projeto, que ainda garante a utilização do Iamspe pelos professores categoria “O”, admitida pela Lei no 1.093.

Hoje, estou recebendo um grande professor, mestre e educador - o professor Charles Roger Ramos, que é da rede estadual de ensino e está acompanhando a luta pelo PLC 24/15. É um professor altamente qualificado, que fez cursos de inglês nos Estados Unidos, dá aula de português e inglês na rede estadual e dá aula em faculdades. E, no entanto, foi pego também por essa famigerada Lei no 1.093. O contrato dele é de 2015 e, se nada for feito, ele perde suas aulas no começo do ano que vem, porque a lei em vigor expulsa os professores categoria “O” após o término do contrato.

Então, nossa luta é para que a duzentena e a quarentena tenham um fim definitivo e para que o professor possa ter o mínimo de dignidade e os seus direitos garantidos - como férias, aposentadoria pela São Paulo Previdência e utilização do Hospital do Servidor Público. É o mínimo que o estado tem que oferecer aos professores categoria “O”. Aliás, nem deveria existir essa divisão em letras. Temos, hoje, uma sopa de letrinhas do magistério: categorias “O”, “F”, “L”, “V”. É um absurdo o que o governo fez com o magistério estadual, fragmentando imensamente a carreira.

Então, nossa luta é essa. Vamos resolver essa situação aprovando o PLC 24/15, que está pronto para ser votado a qualquer momento; já aprovamos até um requerimento de urgência para ele. Agora, depende do interesse e empenho dos 94 deputados da Assembleia Legislativa, para que o projeto seja aprovado imediatamente, em caráter de extrema urgência. Como eu disse, não são os professores categoria “O” que são prejudicados, mas toda a Educação. É uma agressão ao magistério estadual e aos alunos, porque os professores são afastados das escolas, do projeto pedagógico, das comunidades escolares; eles ficam desempregados durante um ano, impedidos de voltar à rede estadual.

Essa lei foi aprovada pelo ex-governador Serra, mas não para beneficiar a Educação. É uma lei que não tem nenhuma preocupação com o projeto pedagógico ou com o processo ensino-aprendizagem, mas sim com a questão econômica e financeira do estado. É uma lei preocupada em retirar dos trabalhadores.

O professor Charles estava dizendo que é trabalho escravo. É mesmo, Charles, é trabalho escravo, é precarização do trabalho, é retirada de direitos, é tentar precarizar ainda mais a situação dos professores do Magistério Estadual.

Então, temos que fazer uma alteração profunda na Lei nº 1.093, sobretudo nessa área que criou a duzentena, ou a quarentena, pois eles mudam de acordo com a necessidade. O fato é que a interrupção do contrato continua existindo. Após três anos e 11 meses de contrato, há a interrupção e o professor sai da rede estadual. É um absurdo. Ele perde tudo, perde férias, quinquênio, não tem direito a nada, não pode fazer greve. Ele tem direitos reduzidos em relação aos outros professores.

Nossa luta, hoje, é pela mudança imediata desse sistema, da Lei nº 1.093. Por isso, repito, peço o apoio de todos os deputados e deputadas para que possamos aprovar nosso PLC nº 24, de 2015.

Parabenizo o professor Charles pela mobilização, pelo empenho e por estar na luta para moralizar essa questão da dignidade, em defesa do Magistério e dos professores da categoria “O”.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Obrigado, deputado. Obrigado, professor Charles, pela presença do senhor.

Tem a palavra o nobre deputado Coronel Camilo.

 

O SR. CORONEL CAMILO - PSD - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente, nobres deputados desta Casa e assessores. Boa tarde a você que nos acompanha pela TV Assembleia.

Sr. Presidente, vamos falar hoje de um assunto superimportante: dez anos da Lei Seca. São dez anos e mais de 40 mil vidas salvas nesse período. Por que estou falando isso? Porque ainda ontem, passando à noite pela cidade de São Paulo, recebi um sinal de luz e achei que havia um acidente na estrada. Quando avancei, pensando que era um acidente, percebi que era uma blitz policial. As pessoas que vinham na contramão estavam avisando que estava acontecendo uma blitz policial. Isso é um grande erro, é uma bobagem, e o que é pior: não faz a nossa Lei Seca funcionar adequadamente.

São mais de dez anos e, logicamente, ela evoluiu bastante. Apenas para lembrar: em 2010, o homicídio culposo por acidente de trânsito, principalmente, passou o homicídio doloso. Hoje, temos mais mortes no trânsito - no Brasil todo, mas em São Paulo não é diferente - do que mortes por homicídio doloso. Enquanto a polícia consegue reduzir os números de homicídios dolosos, não consegue fazer a mesma coisa com homicídios culposos, principalmente em acidentes de trânsito.

Então, hoje a Lei Seca completa dez anos. Está no jornal de hoje, como vamos mostrar no telão. São dez anos de Lei Seca. Muita coisa mudou de lá para cá. A Polícia Militar continua fazendo blitz, continua fazendo operação “Cavalo de Aço”. Qual é a operação “Cavalo de Aço”? É aquela operação em que se pinçam as motos, tiram-se as motos no semáforo para fazer a abordagem. Quantos marginais já não foram pegos nessa operação? Então, parabéns à Polícia Militar.

E você, cidadão de São Paulo, cidadão brasileiro: vamos colaborar! Hoje há grandes facilidades, há táxi, Uber, aplicativo. Elejam um colega para não beber. A polícia até faz um trabalho fantástico aqui em São Paulo, que é o trabalho de ir aos bares para pedir que as pessoas assoprem o bafômetro. É uma orientação, pois, dentro do bar, não vai haver multa nem nada. Há alguns anos, começou um trabalho na rua também, só de abordagem para orientação. Vamos nos atentar a isso.

O segundo assunto de hoje é uma solenidade que aconteceu pela manhã, feita pelo presidente desta sessão, o deputado Coronel Telhada, que foi muito bacana, mostrando os valores.

Quero lembrar a você que nos acompanha que está aberta no Tribunal de Justiça uma grande exposição que também está enaltecendo os valores. É a exposição sobre a Revolução de 1932. Quem não se lembra do M.M.D.C.? Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, que faleceram defendendo uma nova Constituição.

Então, está aberto lá um espaço, precisamos cultivar os valores, cultivar o respeito às pessoas, à História, e é isso que nós precisamos desenvolver nas nossas escolas com os nossos jovens. Por isso criamos aqui a Frente da Família, Cidadania e Cultura. Essa exposição da Revolução de 32 fica num grande espaço, que é o Tribunal de Justiça de São Paulo. A entrada é franca, do meio dia e meia às 18 horas, até dia 5 de julho, na Sala dos Passos Perdidos.  E há também o acervo permanente.

Parabéns a todos os organizadores. Vamos cultivar os valores, vamos cultivar a nossa história.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Tem a palavra o nobre deputado Coronel Telhada.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP -  Sr. Presidente, nobre deputado Carlos Giannazi, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários e assessores aqui presentes, público presente, telespectadores da TV Assembleia, hoje pela manha tivemos aqui uma sessão solene em memória dos 50 anos da morte do 3º sargento Mário Kozel Filho, um jovem de 18 anos, morto aqui em frente, quando estava sendo construído o Comando Militar do Sudeste. Ele servia o Exército Brasileiro; houve um atentado com um carro-bomba que ceifou a sua vida, destruindo praticamente seu corpo. Além dele, mais sete militares foram feridos, e agora no dia 26 de junho próximo vão se completar 50 anos  desse terrível atentado.

Então, fizemos uma homenagem aqui à memória desse herói brasileiro, que se fosse vivo hoje estaria com 68 anos. Mas infelizmente teve a vida ceifada de maneira terrível, violenta. É inadmissível um jovem defendendo a pátria morrer dessa maneira. 

Estiveram presentes o Comando Militar do Sudeste, o general Ramos, além de demais generais, representação do Exército, da Polícia Militar, da Marinha, da Guarda Civil, da Polícia Civil, enfim várias pessoas que nos prestigiaram. Portanto, quero agradecer a presença de todos.

Sr. Presidente, também quero aqui fazer uma homenagem ao coronel Mello Araújo, comandante da Rota. Ele tem trabalhado fortemente frente ao Batalhão Tobias de Aguiar, 1º Batalhão de Choque. Ele me mandou os resultados do dia 1º de janeiro a 30 de abril, fazendo uma comparação do ano passado com este ano. Em flagrantes, do ano passado para este ano, aumentou-se em 14% o número de prisões; capturas de procurados, um aumento de praticamente quase 50%; ocorrências de tráfico de drogas, um aumento de 69% de prisões efetuadas pela Rota; atendimentos de ocorrência Disque Denúncia, um aumento de 48% de atendimentos pela Rota; e as denúncias com sucesso, um aumento de 207%, que foram verificadas e acabaram resultando em prisões de criminosos. E também houve uma diminuição no número de confrontos em 25 por cento.

Então, é um trabalho que mostra a excelência do comando do coronel Mello Araújo, a quem quero publicamente mandar um abraço, e em seu nome cumprimentar todos os oficiais e praças da ativa e da reserva da nossa querida Rota, Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar. Quero deixar a nossa Casa sempre à disposição, porque é uma tropa que merece todo o nosso respeito pelo seu trabalho.

Falando em Polícia Militar, neste final de semana perdemos mais um policial militar, o soldado Rodrigo Penha Pereira, um jovem policial. Foi morto na sexta-feira, dia 15. Ele trabalhava na Corregedoria da Polícia Militar. Vejam : ele comprou um telefone pela internet, mas era uma armadilha. Quando foi buscar o telefone, ele foi emboscado por criminosos que o mataram.

Além de terem tirado a vida do policial, ainda levaram a arma que estava em posse dele, uma arma da Polícia Militar. O jovem policial Rodrigo Penha Pereira, da Corregedoria da Polícia Militar, estava na Polícia Militar 12 anos.

Trabalhava na Corregedoria. Foi emboscado nessa situação terrível, nessa compra de um celular pela internet. Nossos sentimentos a todos os policiais militares do estado de São Paulo.

Na Bahia, mais uma morte de um policial militar. Dessa vez, do soldado Wagner Souza de Araújo. Pertencia à 67º Companhia Independente de Polícia Militar, de Feira de Santana. Ele estava de folga, quando viu criminosos tentando roubar um casal. Interviu na ocorrência e acabou sendo executado pelos criminosos.

 

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- É feita a exibição de foto.

 

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Está aí a foto do policial militar da Bahia que foi morto nesse final de semana. É mais uma vítima da violência contra policiais militares. Wagner entrou para a PM em 2015. Portanto, tinha quase três anos de Polícia Militar. Era um jovem policial. Trabalhou em Irecê, cidade do norte da Bahia, e deixa esposa e um filho de seis meses.

É mais uma criança que vai ser criada sem o pai porque o seu pai, policial militar, doou a sua vida em prol da sociedade. O soldado Wagner Souza de Araújo, da Polícia Militar da Bahia, trabalhando lá em Salvador.

Sr. Presidente, eu queria, por gentileza, que cópias das nossas palavras fossem encaminhadas ao coronel Mello Araújo, comandante da Rota, a respeito do resultado excepcional que a Rota tem efetuado.

Também queria dizer do nosso sentimento, tanto para a Polícia Militar do estado de São Paulo como para a Polícia Militar do estado da Bahia, pelo falecimento desses dois jovens policiais militares.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Esta Presidência encaminhará as cópias do vosso pronunciamento para os órgãos requisitados.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre deputado Luiz Carlos Gondim pelo tempo regimental.

 

O SR. LUIZ CARLOS GONDIM - PTB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, público, telespectadores da TV Assembleia, boa tarde.

Acabei de sair do meu consultório, em Mogi das Cruzes, e fiquei preocupado com a maneira como estão sendo tratados os pacientes com insuficiência renal que precisam de hemodiálise.

Chegou uma paciente transferida a pedido de um colega de um hospital, dizendo: “Vai lá no Gondim e vê se consegue arranjar um hospital para atender o paciente.” Seria uma senhora que, desde 2017 - prestem atenção, desde 2017 - aguarda para iniciar uma hemodiálise. Vou passar uns parâmetros para V. Exas.

 

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- É feita a exibição de foto.

 

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Ele diz bem assim: “O paciente, aguardando desde setembro de 2017. Foi solicitada a hemodiálise pelo Hospital Luzia de Pinho Melo.”

Nós temos quatro serviços no Alto Tietê: um em Guarulhos; um que nós conseguimos, em Itaquaquecetuba, que não está funcionando com todos os pacientes; um em Suzano, de alto padrão; e um em Mogi das Cruzes, de alto padrão. Todos eles, já com 250 pacientes preenchidos. Essa senhora olha para mim, dizendo assim: “A minha companheira de quarto... Estou saindo daqui e os meus filhos estão indo ao enterro dela, porque não conseguiu fazer nenhuma hemodiálise.

A Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde) não resolve. Saiu Davi Uip, entrou o Marco Antonio Zago. Saiu o Geraldo Alckmin, entrou o Márcio França. Sai um ministro, entra outro, e os pacientes aí morrendo.

Eu vou mostrar um dado para vocês dos exames dela.

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- É feita exibição de resultado de exame.

 

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Olha, o normal dessa creatinina e o normal da ureia é de 35 a 50. Essa mulher está com 160, com cefaleia e uma anemia que você não pode imaginar. O normal para creatinina é 1,2. A creatinina dela - que faz com que o rim filtre direitinho - está em 12, e não internam ela.

Ela, naturalmente, falou para mim: “Eu vou ao velório da minha companheira de quarto. Eu não vou entrar porque eu posso pegar uma infecção e morrer também.

Todas elas vêm de Santa Isabel. Então, gente, é de matar qualquer colega médico, qualquer pessoa que ama a medicina, que ama a vida, que luta pela vida, ver casos como esse: você escolher quem vai morrer.

Não tem vaga de UTI, não tem vaga para hemodiálise. É essa a situação na Saúde. Eu vou começar a trazer as notícias: “Olha, essa aqui era a colega de quarto da Maria, que está agora sendo velada”. Eu vou começar a fazer isso para ver se alguém se toca que tem que abrir mais espaços de hemodiálise. Nós não podemos continuar do jeito que está essa situação aqui no estado de São Paulo. Isso não é paciente que vem de fora, não. Ou que vem da minha terra - eu sou cearense.

Ela disse assim: “Os meus dois últimos partos foi o senhor quem fez”. Eu disse: “Quando eu tive quatro votos em Santa Isabel foi a senhora quem me deu. Talvez, do esposo da senhora e da senhora, e dos dois filhos seus.” Eu até brinquei com ela.

Quando ela me falou que a colega de quarto estava sendo velada, eu disse: “Gente, não pode o Cross demorar.” Coronel Telhada, em setembro o Hospital Luzia já pedia a hemodiálise da mulher.

Isso acontece todo dia que chega para uma pessoa que ainda tem a coragem de fazer consultório, de atender uma Santa Casa, em respeito às pessoas. E quando ela chegou, ela disse assim: “Eu preciso”.

E a partir do dia 15 de agosto, num caso como esse eu vou dizer bem assim: “Não, não posso mais atender, porque parece compra de voto”. Eu faço isso há 42 anos. Eu vou parar de atender dia 15 de agosto porque um colega mandou: “Encaminho uma senhora sem condição, tal, tal”.

E eu digo a ela: “Olha, vamos tentar ver, mapear juntos com o Cross, para ver se conseguimos”. Eu ainda perguntei: “Essa senhora que morreu já tinha começado?” Porque eu ia colocar no lugar da outra: “Não, não, era colega de quarto, aguardando a mesma situação”.

Então, gente, é essa a situação. Secretário Zago, por favor, vamos corrigir. Eu sei que vocês estão com pouco tempo ocupando esse espaço de governo, de secretaria, mas, quando se ocupa, há ônus e há bônus.

Esse é o ônus. Temos que dizer: “Precisamos corrigir essa situação no estado de São Paulo”. Porque o que acontece conosco aqui no Alto Tietê acontece em Campinas, em Ribeirão Preto, em São José do Rio Preto, Presidente Prudente, em todo canto. Estamos escolhendo quem vai morrer e quem vamos tratar.

Sr. Presidente, essa é a situação crítica que estamos passando aqui no estado de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente e Srs. Deputados.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Coronel Telhada.

 

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O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Muito obrigado, deputado Gondim. Realmente, essa é uma situação terrível: Segurança, Saúde. Semana passada estive cinco dias internado com problema renal. Vossa Excelência traz um problema aqui também referente à hemodiálise. É um problema que realmente merece nossa atenção aqui na Casa.

Tem a palavra o nobre deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Alesp, visitantes, funcionários desta Casa, de volta a esta tribuna, quero comentar duas notícias da “Folha de S. Paulo” de ontem. A primeira delas foi notícia de capa e traz uma pesquisa do Datafolha que diz o seguinte: “62% dos jovens deixariam o Brasil”. É a principal matéria de ontem da “Folha de S. Paulo”, dizendo que 62% dos jovens deixariam o País se pudessem e se tivessem condições para abandonar o Brasil. Quarenta e três por cento da população adulta também têm vontade de sair do País.

Isso é muito grave, porque reflete todas as reformas que já foram feitas e que estão sendo feitas no Brasil. São reformas antissociais e antipopulares. Vemos ainda a entrega do patrimônio público brasileiro, do nosso pré-sal, das nossas florestas e da nossa água para o capital internacional. O Brasil está sendo vendido, destruído. Com isso, destroem também a esperança da juventude, que não acredita mais no Brasil.

No final de 2016, houve a aprovação da famosa PEC 55, no Congresso Nacional. Agora, ela virou a Emenda 95, que congelou os investimentos nas áreas sociais por 20 anos, o que significa que várias gerações serão prejudicadas com isso. Não haverá mais investimentos em educação pública, escola pública, universidade pública, no SUS, na saúde pública, na segurança pública e em infraestrutura, porque o Temer aprovou o projeto no Congresso Nacional.

Ele teve o apoio da maioria da Câmara dos Deputados, do Senado e dos partidos políticos, que traíram o povo brasileiro e aprovaram uma medida que não existe em nenhum país do mundo. Nenhum país do mundo em crise congelou o investimento nas áreas sociais por 20 anos. Isso não existe, é um ataque criminoso contra o povo brasileiro. Tudo isso é para canalizar dinheiro público para o pagamento de juros da dívida pública, beneficiando pouquíssimos especuladores e banqueiros nacionais e internacionais. Ou seja, é a riqueza pública e dinheiro público sendo canalizados para beneficiar os grandes bancos, os especuladores e os rentistas da dívida pública brasileira.

Depois, houve a reforma trabalhista que, basicamente, fez com que os trabalhadores não tenham mais direitos, que eles tenham os seus contratos precarizados. Há pouco conversávamos com o professor Charles. A categoria “O” já vive essa situação de precarização. No entanto, a situação piora com a reforma trabalhista, porque não haverá mais carteira assinada no Brasil. Não há mais direitos trabalhistas. Então, os jovens ficam desanimados.

Temos a PEC 55, a reforma trabalhista contra os trabalhadores e a Lei da Terceirização que foi aprovada no governo Temer contra os trabalhadores. Ninguém vai ficar mais no Brasil. Não há mais condições, porque está sendo precarizado todo o mundo do trabalho. Não haverá mais investimentos em Educação. Não teremos mais universidades públicas no Brasil. É por isso que a juventude está querendo ir embora do País. Não há mais ânimo e esperança.

Segundo a pesquisa do Datafolha, 62% dos jovens deixariam o Brasil. Temos que reverter essa situação. Primeiramente, temos que reverter todas essas medidas. Temos que revogar imediatamente a Emenda 95, a reforma trabalhista, a Lei da Terceirização e a lei que entregou o pré-sal para os Estados Unidos e para as grandes multinacionais, como a Shell.

Temos que fazer uma revogação imediata de todas essas medidas. Temos que fazer uma revisão urgente, uma auditoria imediata da dívida pública brasileira, que está eivada de falcatruas e malandragens. Em países onde já houve a auditoria da dívida pública, houve a redução dessas dívidas públicas. O Equador fez a auditoria da dívida e reduziu em 60% a dívida pública, mas, no Brasil, isso não é feito. A Constituição Federal determina que seja feita a auditoria da dívida pública brasileira, porque é impossível que um país siga em frente, destinando quase metade da sua riqueza, do seu orçamento, para pagamento de juros. O Brasil se torna inviável dessa maneira.

Então, temos que reverter imediatamente essa situação, revogando todas essas medidas e fazendo uma reforma tributária que tribute as grandes fortunas. Por exemplo, quem compra uma lancha, barco ou helicóptero não paga IPVA, não paga imposto no Brasil. É um absurdo. É necessário taxar as grandes fortunas, os lucros e dividendos e as grandes heranças. Temos que fazer a reforma tributária dessa maneira, livrando a tributação da produção e do consumo, porque é uma injustiça contra a maioria do povo brasileiro.

É por isso que o Brasil está nessa situação, em que as pessoas querem sair daqui. Há toda uma juventude que não acredita mais no País, por conta das reformas e dessa crise política, social e econômica. Essa crise de representatividade, essa crise ética que estamos vivendo. É necessário fazer uma grande virada, e temos uma grande oportunidade, que é o período das eleições em outubro. É importante elegermos pessoas comprometidas com a pauta de anulação das reformas do Temer, com a auditoria da dívida pública, com a reforma política e com uma reforma tributária em que haja taxação dos ricos. Rico não paga imposto no Brasil.

Temos que priorizar todas essas reformas e, sobretudo, as revogações da Emenda no 95, da Reforma Trabalhista e da Lei do Pré-Sal, que foi aprovada agora e entregou nosso petróleo às grandes empresas multinacionais. Então, é possível fazer isso através do voto e, sobretudo, através do povo nas ruas fazendo grandes mobilizações.

Para encerrar, eu gostaria, Sr. Presidente, de comentar mais uma última notícia de ontem. Eu fiquei chocado. Já vinha acompanhando essa questão da privatização do ensino no Brasil, que vem desde a época do golpe militar. Os militares, quando assumiram o poder no Brasil através de um golpe, privatizaram a Educação, começando a destinar recursos públicos para o setor privado e a destruir a escola e a universidade públicas.

Então, tivemos o início do privatismo educacional já na época do regime militar. E isso foi crescendo cada vez mais nos governos posteriores: Sarney, Collor e Fernando Henrique, em cujo governo a privatização foi altamente potencializada, havendo um dos maiores aumentos das privatizações. E todo esse movimento teve sequência nos governos Lula e Dilma. A privatização foi crescendo e sendo fortalecida por todos os governos, do interventor general Castelo Branco até a presidente Dilma. Esse processo foi potencializado ainda mais no governo Temer, que o escancarou de vez.

A matéria em questão fala dos conglomerados do ensino superior que avançam sobre a Educação Básica. Já há um grande privatismo na área do ensino superior no Brasil, o que é muito grave. Os grupos econômicos, que são mercadores da Educação, já tomaram conta do ensino superior, porque é um grande mercado - e eles pensam no lucro. Agora, não contentes, estão atacando a Educação Básica. São esses mesmos grupos, como a Kroton, por exemplo, que detém hoje o monopólio das faculdades privadas do Brasil.

Agora, ela está comprando grandes grupos de escolas particulares, que têm editoras também. Ela está interessada não só na compra dessas escolas, que são rentáveis e oferecem um lucro excepcional, mas também nas editoras desses grupos econômicos, que vendem livros didáticos para os governos municipais e estaduais e para o próprio governo federal, para o MEC. E vendem também sistemas de ensino, apostilas e livros didáticos.

Eles estão comprando tudo e transformando um direito fundamental do povo brasileiro, que é a Educação... A Educação é um direito, não é um serviço, um produto, uma mercadoria, um investimento, uma aplicação financeira. A Educação é um direito da população brasileira, garantido pela Constituição Federal. Mas esse direito virou negócio no Brasil, pois esses grupos econômicos estão comprando a Educação.

Além de terem muito lucro não apenas comprando as escolas, mas também as editoras vinculadas a grupos que vendem livros didáticos, sistemas de ensino e apostilas, eles também influenciam a construção de políticas educacionais no Brasil, pois eles têm influência no MEC, no Congresso Nacional, em Assembleias Legislativas e nos Conselhos de Educação, sobretudo no Conselho Nacional de Educação.

Esses grupos têm muito poder. Eles vão privatizando e influenciando a construção de políticas educacionais privatistas para a rede pública. É uma entrega. Querem pegar também o filão das escolas públicas. É um absurdo que isso esteja acontecendo no Brasil, com uma omissão histórica do poder público. O MEC não fiscaliza, nem o Ministério da Fazenda. Não se fiscaliza nada no Brasil. O poder público se curva aos interesses privatistas, ao lucro voraz desses grandes grupos econômicos. Muitos deles são controlados por fundos de investimento. Esses grupos estão preocupados com o lucro, com investimentos na bolsa de valores e nada mais. Não têm preocupação com a qualidade de ensino, com a valorização dos profissionais da Educação ou com a superlotação de salas. Nada disso interessa. Interessa só o lucro fácil e rápido. Por isso, eles investem na compra dessas escolas e editoras.

É um absurdo, Sr. Presidente. Temos que fazer frente a isso. Infelizmente, houve uma omissão histórica de todos os governos: Fernando Henrique, Lula, Dilma e Temer. Todos lavam as mãos e estão a serviço desses grupos econômicos, como Kroton e Laureate, que são grupos internacionais que estão comprando nossas faculdades e, agora, escolas da nossa educação básica. É um absurdo o que vem acontecendo em nosso país.

A Educação, que é um direito fundamental garantido pela Constituição Federal, pela LDB e pelo Plano Nacional de Educação virou um mero serviço, uma mercadoria, um fundo de investimento no qual as pessoas investem para terem lucro no mercado financeiro. Isso tem que acabar, Sr. Presidente.

Mais uma vez, temos que fazer uma revolução educacional no Brasil, pondo fim ao privatismo e lutando para que tenhamos mais verbas para a Educação Pública. Queremos Educação Pública gratuita e de qualidade para todos, da educação infantil ao ensino superior. Essa é a nossa luta.

Muito obrigado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, cumprindo determinação constitucional, adita à Ordem do Dia o Projeto de Lei nº 368, de 2017, vetado.

Esta Presidência convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, informando que a Ordem do Dia será a mesma de quinta-feira e o aditamento anunciado. Lembra-os ainda da sessão solene a realizar-se hoje, às 20 horas, com a finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo à Dra. Sarah Hayashi, fundadora da Igreja Monte Sião.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 13 minutos.

           

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