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18 DE JUNHO DE 2018

041ª SESSÃO SOLENE EM MEMÓRIA AOS 50 ANOS DA MORTE DO SARGENTO DO EXÉRCITO BRASILEIRO MÁRIO KOZEL FILHO

 

Presidência: CORONEL TELHADA

 

RESUMO

1 - CORONEL TELHADA

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia a Mesa e demais autoridades presentes. Informa que a Presidência Efetiva convocara a presente sessão solene, "Em Memória aos 50 Anos da Morte do Sargento do Exército Brasileiro Mário Kozel Filho", por solicitação deste deputado. Convida o público para ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".

 

2 - JOSÉ PAULO MARCOLINO ROSA

Coronel, faz relato da história de Mário Kozel Filho.

 

3 - PRESIDENTE CORONEL TELHADA

Anuncia a exibição de vídeo. Informa a presença da direção da Escola Estadual Mário Kozel Filho e da Escola Municipal de Ensino Fundamental Mário Kozel Filho.

 

4 - CORONEL CAMILO

Deputado estadual, saúda os presentes. Parabeniza o deputado Coronel Telhada pela iniciativa da solenidade. Enaltece a defesa de valores éticos e morais, em benefício do bem comum. Manifesta apreço pela parceria e pelo companheirismo entre o Exército e a Polícia Militar. Comemora a presença de diretoras de escolas na presente sessão.

 

5 - LUIZ EDUARDO RAMOS BAPTISTA PEREIRA

General comandante militar do Sudeste, cumprimenta os presentes. Enaltece a relevância do Poder Legislativo. Acrescenta que o Exército sente-se honrado em receber a homenagem. Agradece a presença de oficiais da Marinha e da Polícia Militar, na solenidade. Discorre acerca das circunstâncias da morte de Mário Kozel Filho. Ressalta a importância do voto. Clama por mais justiça social no País. Manifesta gratidão pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Informa que no dia 5 de julho deve haver homenagem a Mário Kozel Filho, no Comando Militar do Sudeste.

 

6 - PRESIDENTE CORONEL TELHADA

Discorre sobre os motivos da homenagem. Enaltece os feitos das Forças Armadas. Defende a valorização da história do País. Tece considerações a respeiro de seu ingresso na Polícia Militar.Ressalta o heroísmo de Mário Kozel Filho. Informa a entrega da Medalha da Constituição In Memorian do sargento Mário Kozel Filho ao Sr. Comandante Luiz Eduardo Ramos Pereira. Anuncia a Canção do Exército, reproduzida pelas bandas da Polícia Militar e do Exército. Noticia que fora aprovada moção, na Comissão de Direitos Humanos, em reconhecimento à memória de Mário Kozel Filho. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Coronel Telhada.

 

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O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Sessão Solene em Memória aos 50 Anos da Morte do 3º Sargento do Exército Brasileiro, Mário Kozel Filho.

Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos do Regimento Interno, e  com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Esta Presidência convida as seguintes autoridades a vir à Mesa. Eu queria convidar, em primeiro lugar, o comandante da região Sudeste, Excelentíssimo Senhor General do Exército, Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, comandante militar do Sudeste. (Palmas.) Quero convidar também, para ocupar o lugar à Mesa, Excelentíssimo Senhor General de Divisão, Eduardo Diniz, comandante da 2ª Divisão do Exército. (Palmas.) Convido também, para ocupar a Mesa, Excelentíssimo Senhor General de divisão, Adalmir Manoel Domingos, comandante da 2ª Região Militar. (Palmas.) Também convido, para ocupar a Mesa, Excelentíssimo Senhor General de Brigada, Sérgio dos Santos Szelbracikowski, diretor do Hospital Militar de Área de São Paulo. (Palmas.)

Convido, também, Excelentíssimo Senhor General de Brigada, Paulo Alipio Branco Valença, chefe do Estado Maior do Comando Militar do Sudeste. (Palmas.) Também, o nosso amigo e deputado estadual, Coronel Camilo. (Palmas.) Quero convidar, também, Excelentíssimo Senhor General de Divisão, Roberto Sebastião Peternelli Junior. (Palmas.) E também, representando o comandante da Polícia Militar, o coronel da Polícia Militar, Fernando Alencar Medeiros, subcomandante da Polícia Militar do Estado de São Paulo. (Palmas.)

Nomeadas as autoridades à Mesa, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, autoridades aqui presentes, boa noite.

Esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa, o deputado Cauê Macris, com a assinatura dos outros 93 deputados, atendendo à solicitação deste deputado, em memória aos 50 anos da morte do 3º sargento do Exército Brasileiro, Mário Kozel Filho.

Para iniciarmos esta solenidade, eu convido todos os presentes cuja condição física assim permitir para ficarem em posição de respeito e cantarmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro tenente Bacelar.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo e ao maestro, tenente Bacelar.

Vamos, agora, citar os nomes de alguns presentes: vice-presidente da Associação Brasileira de Oficiais da Reserva do Exército, Dalcio Bernardino Seixas; Francisco Sodré Santoro, presidente da Abore; comandante regional, representando o comandante-geral da GCM, José Luís Matuliones; Cristiane Neves, representando o deputado André Soares.

Comunicamos a todos os presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web e será transmitida pela TV Assembleia no próximo sábado, dia 23 de junho, às 21 horas, pela NET, canal 7, e pela TV aberta, canal 61.2.

Convido, neste momento, antes das palavras das autoridades, para que faça uma pequena leitura da vida do nosso 3º sargento Mário Kozel Filho, o meu chefe de gabinete, coronel José Paulo.

 

O SR. JOSÉ PAULO MARCOLINO ROSA - Mário Kozel Filho nasceu em seis de julho de 1949, em São Paulo. Filho de Mário Kozel e Therezinha Vera Kozel.

Ele tinha dois irmãos, Suzana Kozel Varela e Sidney Kozel. Seu pai era gerente na Fiação Campo Belo, onde também trabalhava. À noite, frequentava as aulas do Instituto de Educação Ennio Voss, no Brooklin. Cursava o antigo colegial, era muito prestativo e gostava de ajudar a todos, principalmente os mais necessitados.

Fazia parte do Grupo Juventude, Amor e Fraternidade, fundado pelo padre Silveira, da Paróquia Nossa Senhora da Aparecida, no bairro de Indianópolis, do qual participavam mais de 30 jovens. Aos 18 anos, para cumprir o serviço militar obrigatório, ingressou nas fileiras do Exército. Foi, então, designado para a 5ª Companhia de Fuzileiros do 2º Batalhão, no 4º Regimento de Infantaria Raposo Tavares, em Quitaúna.

A partir de 15 de janeiro de 1968, passou a ser o soldado nº 1803. Durante sua vida militar foi um soldado exemplar, cumprindo seu dever como cidadão brasileiro.

Na madrugada fria e nublada do dia 26 de junho de 1968, no quartel-general do 2º Exército, o silêncio e a tranquilidade se faziam presentes. Assim, oficiais e praças podiam descansar com certa tranquilidade. Os sentinelas estavam atentos; nos seus postos, todos estavam zelando pela vida de seus companheiros e protegendo as instalações do quartel-general, pois o período era conturbado.

O quartel era guarnecido por jovens soldados que cumpriam o serviço militar obrigatório. Todos pertenciam ao efetivo do 4º RI e haviam se apresentado nos primeiros dias de janeiro daquele ano. Tinham apenas seis meses de instrução naquele momento. Dentre aqueles jovens militares, estava o soldado Mário Kozel Filho. Durante a instrução, eram continuamente alertados a respeito da situação que o País atravessava. Sabiam, então, que os quartéis eram muito visados e poderiam ser escolhidos como alvo de ataque.

O Hospital Militar, quatro dias antes, havia sido assaltado, o que resultou em diversas vítimas, todos colegas do 4º RI. Quando o soldado Mário Kozel Filho e seus colegas assumiram o serviço de guarda no quartel-general do 2º Exército - hoje o Comando Militar do Sudeste, no Ibirapuera, em São Paulo -, foram instruídos quanto aos procedimentos em caso de um ataque às instalações do quartel.

Apesar da aparente tranquilidade, todos estavam tensos e ansiosos. Mal sabiam eles que um comboio composto por um pequeno caminhão carregado com 50 quilos de dinamite e três fuscas na escolta se deslocavam em direção ao quartel-general. Às quatro e meia, a madrugada estava mais fria e com menos visibilidade. Nessa hora, um sentinela atirou em uma caminhonete que tentava penetrar o quartel pela Avenida Marechal Estênio Albuquerque Lima, nos fundos do QG. Desgovernada, batera, ainda na rua, contra um poste. Os sentinelas viram quando o homem saltou desse veículo ainda em movimento e fugiu correndo.

O soldado Edson Roberto Rufino chegou a disparar seis tiros contra o veículo. Mário Kozel Filho, movido pelo desejo de ajudar o próximo e imaginando que o fato poderia tratar-se de um acidente de trânsito, saiu do seu posto com a intenção de socorrer algum provável ferido. Ao se aproximar, uma violenta explosão provocou destruição e morte em um raio de 300 metros. Passado alguns minutos, quando a fumaça e a poeira se dissiparam, foi encontrado o corpo do soldado Kozel totalmente dilacerado.

O coronel Eldes de Souza Guedes e os soldados João Fernandes de Souza, Luiz Roberto Juliano, Edson Roberto Rufino, Henrique Chaicowski e Ricardo Charbeau ficaram muito feridos. Os danos causados ao quartel foram muito grandes. Resultante do ato, morria o soldado Mário Kozel no cumprimento do dever. Estima-se que o atentado só não fez mais vítimas, porque o carro-bomba não conseguiu penetrar o quartel.

O soldado Kozel, em decreto de 15 de julho de 1968, foi admitido no grau de cavaleiro da Ordem do Mérito Militar, no quadro ordinário do Corpo de Graduados Efetivos da Ordem “post mortem”, pelo presidente da República, na qualidade de grão-mestre da Ordem do Mérito Militar. Em consequência desse decreto, foi promovido, “post mortem”, à graduação de 3º sargento. Em sua homenagem, a avenida que passa entre o Comando Militar do Sudeste e a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo passou a ter o seu nome.

Na Praça Sargento Mário Kozel Filho, situada no interior do quartel-general, gerações e gerações de soldados desfilarão em honra ao jovem e valente soldado que morreu em cumprimento do dever.

Somente em 20 de agosto de 2003, por meio da Lei Federal nº 10.724, a família de Mário Kozel foi indenizada com uma pensão mensal de 300 reais, depois aumentada para 1140 reais, pela Lei Federal nº 11.257, de 27 de dezembro de 2005.

Em 2005, os deputados Elimar Máximo Damasceno e Jair Bolsonaro apresentaram um projeto de lei na Câmara dos Deputados que inscreve o sargento Kozel Filho no Livro dos Heróis da Pátria. Porém, até hoje não foi votado.

Aos familiares dessas vítimas, o nosso desejo de que a sociedade brasileira lhes faça justiça, e resgate a certeza de que jamais serão esquecidas. Aos heróis que nos foram tirados, o reconhecimento da força terrestre e a garantia da nossa permanente vigilância, para que o sacrifício de suas vidas não tenha sido em vão.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Obrigado, sargento José Paulo. Gostaria que fosse exibido um vídeo.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Eu queria comunicar, antes de abrir a palavra às autoridades, a presença... Nós temos listadas aqui duas escolas, uma estadual e uma municipal, que têm o nome do nosso herói Mário Kozel Filho.

A primeira é a Escola Estadual Mário Kozel Filho, localizada na Rua Tietê nº 49, na Vila Seabra, no Itaim Paulista. Nós estamos com a diretora. Por favor, fique em pé. A diretora é a Dona Inês Bortolotto. Seja muito bem vinda, obrigado pela presença.

Também está acompanhada dos alunos Eric Domingos Guedes, do 9º ano, e da Nicole Nascimento da Silva, do 8º ano. Sejam bem-vindos. Muito obrigado pela presença. (Palmas.)

Nós temos também a presença da Escola Municipal de Ensino Fundamental Mário Kozel Filho, localizada na Rua Uratinga, 144, Vila Palmeiras, em Pirituba. A diretora é a Sra. Christiane Seccomandi Teixeira Rocha. Muito obrigado pela presença. Sucesso na missão. (Palmas.)

Queria convidar para fazer o uso da palavra meu amigo há quase 40 anos e que foi comandante-geral da Polícia Militar. Fomos vereadores juntos e hoje, nesta Casa, somos deputados estaduais. Cumprimos a missão, diariamente, de lutar pelas nossas instituições. Eu convido para fazer o uso da palavra o coronel da Polícia Militar Alvaro Batista Camilo, deputado estadual.

 

O SR. CORONEL CAMILO - PSD - Senhoras e senhores, bom dia. Coronel Telhada, parabéns pela iniciativa, parabéns por trazer a memória de um herói brasileiro a esta Casa de Leis. É um momento de orgulho e eu não poderia deixar de passar aqui para parabenizar o nosso Exército e para parabenizar a sua atitude. Na sua pessoa e na do nosso comandante-geral do Exército Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, comandante do Sudeste, eu queria cumprimentar a todos da Mesa, todos que estão aqui e agradecer por este momento, por estarmos fazendo referência a um herói brasileiro, um herói que deve ser sempre lembrado.

Fiquei muito feliz de ver a presença das escolas aqui. Nesta Casa, nós defendemos a área da Segurança, eu e o Coronel Telhada, mas defendemos também os valores, defendemos a ética, a moral, os bons costumes, as pessoas de bem, o bem comum, que o nosso Exército Brasileiro, que as nossas Forças Armadas sempre fazem, mas aqui falamos mais do nosso Exército Brasileiro.

Então, quero parabenizar o nosso Exército Brasileiro, na pessoa desse herói que é o Mário Kozel Filho, pela grandiosidade dessa força, pela camaradagem em relação, inclusive, à Polícia Militar de São Paulo, ao companheirismo, à parceria que sempre fizemos com a Polícia Militar de São Paulo nos meus anos de comando e, tenho certeza - nosso comandante Alencar pode comprovar isso -, essa parceria de sempre. Precisamos fazer isso neste País, precisamos valorizar o cidadão de bem, precisamos fazer como essas duas diretoras de escola que estão presentes, nós precisamos levar aos nossos jovens o que está se perdendo, o que a nossa sociedade está carente hoje em dia, que são os valores, bem representado pelo nosso Exército Brasileiro.

Mais uma vez, Coronel Telhada, parabéns. Passei aqui só para dar realmente um grande abraço no nosso general Ramos e em todo o Exército Brasileiro e para parabenizá-lo pela iniciativa de tão importante solenidade. Quero dizer que esta Casa de Leis está sempre à disposição do nosso Exército Brasileiro, das nossas Forças Armadas e do cidadão de bem, para cultivar os valores, para fazer com que eles inclusive transcendam não só esta solenidade mas esta Casa de Leis e passem a permear as escolas e as comunidades, para que possamos novamente ter neste País a qualidade de vida tão almejada. Parabéns ao nosso Exército Brasileiro, parabéns Coronel Telhada. 

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Agradeço as palavras do Coronel Camilo e a sua presença também nesta solenidade. Neste momento convido para fazer uso da palavra o comandante do Comando Militar do Sudeste, nosso comandante Exmo. Sr. General de Exército Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira. É uma honra tê-lo em nossa tribuna.

 

O SR. LUIZ EDUARDO RAMOS BAPTISTA PEREIRA - Minhas senhoras e meus senhores, bom dia. Inicialmente quero saudar o presidente desta solenidade, nosso deputado Coronel Telhada, e o nosso deputado Coronel Camilo. Na pessoa do general Diniz, quero cumprimentar todas as autoridades militares, pois o general Diniz é o general mais antigo.

A todos os presentes, eu queria inicialmente dizer da minha satisfação e gratidão, porque na minha vida militar eu tive a ventura de trabalhar três anos, quando eu era coronel, no Congresso Nacional, como assessor parlamentar, e ali eu aprendi muito. Muito se critica a classe política, mas ali eu aprendi, porque é importante na democracia, um regime que tem as suas imperfeições, mas é o melhor regime excetuando-se os outros, como dizia Winston Churchill.

Esta Casa de Leis tem muita importância para a população de São Paulo, porque aqui são debatidas e estudadas as leis. Eu queria destacar esse ponto para botar em realce a importância desta sessão solene. Compareci a várias sessões solenes no Congresso Nacional em homenagem à nossa Marinha, que está aqui presente, ao Exército, a Caxias, a várias atividades. É uma honra para uma instituição como o Exército Brasileiro receber esta homenagem na pessoa desse jovem recruta.

Antes de entrar na parte da homenagem, eu queria agradecer a presença da nossa Marinha de Guerra, nosso almirante guerreiro e todos que aqui estão nos oferecendo o que têm de melhor, que é o tempo da vida. Eu tenho certeza de que todos tinham atividades hoje, mas, ao ver este branco... Na minha família, eu tenho um já falecido avô que foi oficial da Marinha e, apesar de ter pressionado muito meu sobrinho, ele hoje é um suboficial da Marinha, um submarinista. Ele diz: “Tio, a Marinha tem duas coisas: alvo e submarino”. Eu falei isso para um comandante da Marinha e meu sobrinho está achando que vai ser preso.

Quero agradecer à Marinha e também à nossa PM, Força Pública de São Paulo. Tive o privilégio e a honra de trabalhar com os senhores nas Olimpíadas e vi o valor da nossa PM de São Paulo. Eu sempre tinha escutado sobre o nível profissional dos oficiais da nossa Academia do Barro Branco, e nas Olimpíadas, em 2016, por ser o general responsável na área de Deodoro, que alegria e que felicidade real eu tive de ver nossos oficiais e sargentos da PM de São Paulo lado a lado comigo, trabalhando. Então, é um privilégio.

Quanto à nossa banda de músicos, pedi ao nosso deputado Coronel Telhada que deixasse... Só não entendi por que a Banda do Exército não tocou junto. Músico sabe tocar junto. Mas é uma alegria ver as duas bandas. Eu queria agradecer demais às duas diretoras de escola, por vocês terem colocado o nome do nosso sargento Mário Kozel Filho. É interessante explorarmos esse ponto, porque tenho certeza de que nossos heróis de Tobias – nossa Força Pública de São Paulo – também perdem jovens no combate ao crime.

Mas por que é tão impactante estarmos aqui hoje prestando esta homenagem? Pela maneira como foi: uma explosão. E porque nosso povo não tem essa cultura de violência. Conversei muito com nosso deputado e com as pessoas com quem tenho uma relação de amizade, como meu amigo Chicão e o Joyce, que estão aqui. Todos estão aqui. Nosso povo tem a cultura da paz. Eu me preocupei, quando foi feita esta homenagem, em destacar a forma como ocorreu – e peço às diretoras que explorem isso. Em 1968, eu tinha 12 anos de idade. Então, eu sempre falo aos oficiais hoje: eu tenho duas filhas, tenho muitos amigos civis, empresários, e debati muito no Congresso. Foi um período triste para todo mundo.

Não foi um período feliz para o País. Não temos que ter orgulho nem celebrar nenhum revanchismo. Nós militares temos essa cabeça. Temos que olhar para a frente. Então, hoje, esta homenagem é a um jovem que estava ali, como muitos que estão aqui ou como aqueles que estão ainda na escola. Por obrigação de lei, estava prestando serviço militar e veio a falecer num ato de extrema violência. O principal é que isso não se repita mais no País; que não tenhamos irmãos lutando contra irmãos, acreditando em ideologias que não são nossas, do nosso povo.

É como falo a meus oficiais: hoje, ainda temos muitas pessoas vivas que viveram esse período. Ainda existe um sentimento às vezes um pouco... Eu não digo “exacerbado”... Busca-se ter a razão. É como se hoje nós estivéssemos discutindo a Revolução Constitucionalista de 1932. Mas ficaria mais fácil, certo, Chicão? Acho que não há mais ninguém vivo, então não teríamos essa paixão, como em jogo de futebol, em que queremos ganhar, queremos discutir.

Isto que é importante: que olhemos para frente. O nosso Brasil precisa seguir em frente, precisa ser um país com mais justiça social. Estamos em um ano muito difícil na parte de eleição. Tenho falado com meu pessoal: não se fala em política em quartel. Aqui é a Casa da política, mas não vou falar de política. Sempre me preocupo com que nós procuremos o melhor. Quem não quer o bem-estar para seu país?

Tenho uma neta maravilhosa e dois netos. Apesar de ser muito jovem, Coronel Telhada, já sou avô. Preocupo-me com que país meus netos Artur e Rafael vão enfrentar daqui a alguns anos, se haverá mais justiça social.

E essa mudança é pelo voto, pessoal. É pelo voto. Fui inquirido durante a greve dos caminhoneiros, me perguntaram muito sobre intervenção militar. Isso nos ofende, não só os oficiais do Alto Comando, mas todos os oficiais. Temos que mudar tudo o que queremos mudar pela democracia, pelo voto.

Nosso povo carece – nosso comandante fala muito isso – de valores. Talvez o pessoal que clama ou clamou por intervenção, não é para que volte um regime de exceção, mas sim os nossos valores, como honra, honestidade, que as pessoas se preocupem com o bem-estar do povo, que os estudantes realmente aprendam nas escolas, que não haja esse ódio exacerbado.

Então, ao celebrar a memória do nosso jovem Mário Kozel Filho, agradeço e aproveito, nessas poucas palavras, para destacar esse pensamento que, tenho certeza, não é só das Forças Armadas. Conheço muito o almirante Leal Ferreira e vou comentar com ele hoje, por WhatsApp. É um amigo que ganhei durante a Copa do Mundo. Aos marinheiros que estão aqui: o almirante Leal comandava a ESG e disse que ia para casa. Fiquei amigo dele e hoje ele é o comandante da Marinha. Converso muito com ele.

Esse é o pensamento da Marinha, da nossa Força Aérea, da nossa Força Pública de São Paulo. Temos que mudar o nosso País por meio de Casas como esta, da democracia, do voto, do debate, sem inimigos. Podemos ter pontos de vista diferentes, mas o mais importante é agradecer. Gratidão à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e ao nosso deputado Coronel Telhada, por ter tido a sensibilidade de, nesta sessão solene, relembrar um jovem que estava na flor da idade e veio a falecer em uma época muito difícil para todos.

Nós, do Comando Militar do Sudeste, também faremos a nossa homenagem. Será no dia 5 de julho, pois na semana do dia 26 é a reunião do Alto Comando e eu não estarei presente. Conversei com os familiares e 5 de julho é interessante, deputado. Ele foi registrado no dia seis, mas há um segredo: ele nasceu no dia cinco. Mas não marquei para o dia cinco por isso, foi uma feliz coincidência. Então, teremos uma cerimônia lá. Falei com o coronel Salles, nosso comandante da Polícia Militar de São Paulo, já conversei com o almirante Guerreiro e com o brigadeiro Cury. Estaremos todos juntos no pátio para prestar a devida homenagem a um jovem que materializou, naquele momento, o sacrifício supremo da vida para que nosso País tivesse segurança, que é o que buscamos hoje. E que nosso Deus abençoe a nossa pátria.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Muito bom. O comandante falou das duas bandas. Comandante, as duas bandas estão aqui porque é uma honra ter duas bandas desse nível, a da Polícia Militar e a da nossa Polícia do Exército. A Banda da PM tocou o Hino Nacional e, ao final, a Banda do Exército vai tocar a Canção do Exército, para que fechemos a solenidade.

A Banda do Exército está sendo regida pelo capitão Luiz Carlos Franco. É capitão? Foi promovido? Parabéns pela promoção. Você merece!

Comandante, antes de cantarmos a Canção do Exército, para fecharmos esta solenidade, o senhor falou da Tropa da Marinha aqui presente. Passaram para mim que o nome do oficial mais antigo aqui é o capitão de Corveta Leonardo Rezende, é isso? É o senhor? Muito obrigado pela presença, sua e de sua tropa. Transmita o nosso abraço ao almirante Guerreiro. Muito obrigado pela honra de estar conosco aqui nesta manhã.

  Quero agradecer não só à Tropa da Marinha, mas aos demais senhores e senhoras do nosso Exército Brasileiro, à minha esposa Ivânia, que está aqui presente também, à Polícia Militar e aos demais amigos presentes. Sejam todos bem-vindos. Quero agradecer a presença do tenente Derrite, representando o Corpo de Bombeiros, do Sr. Maurício Hatcheri, representando a nossa Polícia Civil, Flávio Beal, meu amigo também, coronel Guilharducci, coronel Gasparian, que ficou lá em cima escondido, está com a Tropa de Choque lá em cima.

  Ao sargento Praxedes, que é da nossa Apmdfesp - Associação de Policiais Militares Deficientes Físicos do Estado de São Paulo -, sempre trabalhando em prol dos nossos homens e mulheres que tiveram a infelicidade de ficarem com sequelas no combate à criminalidade. O Chiquinho Leite, meu amigo da zona oeste, obrigado.

  Comandante, ia ser uma solenidade rápida, simples, mas de muita honra. Quando nós conversamos com a minha equipe, e falamos em fazer esta solenidade, em memória da morte de Mário Kozel Filho, que neste ano completa 50 anos, quando esse jovem deu sua vida, como foi mostrado no vídeo, como foi lido pelo coronel José Paulo, um jovem que, se fosse vivo hoje, estaria com 68 anos de idade. Talvez já fosse avô; teria, quem sabe, uma vida plena. Mas teve a sua vida ceifada aos 18 anos, simplesmente por ser um militar do Exército Brasileiro, por estar cumprindo sua missão, trabalhando na guarda da construção do Comando Militar do Sudeste.

  Não poderíamos deixar esta data passar em branco nesta Casa. Com a nossa chegada, minha, do coronel Camilo e de outros deputados, que são não só militares, mas das polícias também, o Delegado Olim, o Gil Lancaster, que foi policial, aqui nós fazemos questão de, sempre, enaltecer os feitos não só da nossa Polícia Militar, mas das nossas Forças Armadas.

  Quero lembrar a todos que este é um ano político, um ano difícil para o Brasil, um ano em que o Brasil passa por uma situação de remodelamento. Temos que pensar em tudo o que está acontecendo. Temos que pensar no que queremos para o nosso Brasil. Não fizemos uma solenidade para haver revanchismo, nenhuma crítica, não foi feito nada disso.

Mas vamos deixar bem claro para todos que não esquecemos a história. Sabemos quem são os nossos heróis. Estamos aqui hoje para homenagear a memória do 3º sargento Mário Kozel Filho.

Entrei na Polícia Militar com 17 anos de idade. Sou de 61. Quando Mário Kozel morreu, eu tinha seis anos, então, não lembro disso, porque era muito jovem ainda. Quando ingressamos na Polícia Militar - eu, coronel José Paulo e o Camilo entramos no mesmo dia, dia 29 de janeiro de 1979 - começamos a tomar mais contato com a história militar, e viemos a conhecer a história do nosso capitão Alberto Mendes Júnior, que morreu dois anos depois do Mário Kozel Filho.

Uma coisa interessante aconteceu ao longo da nossa vida. Quando eu ingressei na polícia, eu tinha 17 anos, então, tanto o Mário Kozel como o Alberto Mendes Junior eram mais velhos do que nós. Nós os víamos como mais velhos, era uma situação de um homem mais velho. De repente o tempo passa e você tem a mesma idade dele. E hoje, nós já aposentados, uma grande parte que já é aposentado no final de carreira, nós vemos o Mário Kozel e o Alberto Mendes Júnior como se fossem nossos filhos. O Alberto Mendes Júnior morreu com 23 anos, o Mário Kozel com 18. Minha filha mais nova hoje tem 27 anos. Tenho dois netos também, general, apesar de ser jovem também, dois netos.

  Vemos esses dois heróis, não só do Exército Brasileiro como também da Polícia Militar, dois heróis da Nação, como o Jair Bolsonaro tem até um projeto para colocar no Pantheon dos Heróis - espero que assim seja feito - nós vemos esses dois jovens militares como sendo nossos filhos e sentimos mais ainda a dor da perda desses dois jovens, da perda dos pais, da família, enfim, uma perda irreparável, porque o maior bem que nós temos é a nossa vida. Esta semana eu passei a semana toda hospitalizado. Meu pai está no hospital - eu vou visitá-lo hoje - entre a vida e a morte.

  Então, começamos a notar que a vida é muito efêmera, ela passa muito rápido. E esse jovem deu o que ele tinha de mais precioso pelo seu país. Infelizmente a história faz questão de não lembrar desse jovem e de outros heróis. Mas nós fazemos essa questão, não só através do nome das duas escolas aqui representada pelas suas diretoras, mas através desta sessão solene que estamos realizando hoje. Tenha a certeza de que enquanto eu for deputado nesta Casa, o deputado Coronel Camilo também, sempre nos lembraremos desta data, sempre com sessões solenes. É uma mostra de que nós valorizamos os nossos heróis. Infelizmente no Brasil, hoje, o herói, por incrível que pareça, é o jogador de futebol. Vimos aí ontem o exemplo disso. Eu não vi o jogo porque não tenho muito paciência - mas não perdi nada.

  Mas vemos aí esses jovens também, sendo ovacionados como heróis da Nação, que ganham milhões e milhões - não vou dizer se merecem ou não merecem - enquanto que esses homens e mulheres, que doaram a sua vida em prol do povo brasileiro, são esquecidos. Não esqueceremos os nossos heróis. Continuaremos cultuando esses homens e mulheres que fizeram a diferença da história da Nação brasileira.

  Eu conversei com o coronel Magalhães ele ficou quase que a semana toda, praticamente o mês todo, na tentativa de conseguir algum familiar do Mário Kozel, Acho que ele tem uma irmã que é viva - não é, Magalhães? Mas, talvez até pela idade avançada, ela não pôde comparecer. E nós havíamos preparado aqui a entrega da Medalha da Constituição, que é a medalha desta Casa, a medalha da Assembleia Legislativa que é concedida aos cidadãos civis e militares que se destacam nas atividades na sua vida em prol de São Paulo e do Brasil. General, nós iríamos fazer a entrega dessa medalha a um familiar do Mário Kozel. Mas como não foi possível, o senhor mesmo falou que no dia 5 de julho haverá solenidade no Comando Militar Sudeste, eu quero pedir a gentileza que o senhor entregasse essa medalha aos familiares ou representantes da família dele. Vou fazer a entrega desta medalha ao senhor, o senhor, por favor, nos represente, o senhor é o comandante nosso. O senhor faça mais essa gentileza também de passar às mãos da família, em nome da Assembleia Legislativa, a Medalha da Constituição, que é essa medalha aqui, que é nossa da Assembleia Legislativa, mais o diploma também, em nome do Mário Kozel, in memoriam, para que seja entregue aos familiares do Sr. 3º Sargento Mário Kozel Filho.

General, passo às mãos de Vossa Excelência. (Palmas.)

É o mínimo que nós podemos fazer aqui. É uma solenidade rápida, simples, mas revestida de muita honra por lembrarmos o nome de um herói tão jovem para nossa Nação.

Então, quero mais uma vez aqui agradecer a presença de todos, dos senhores, das senhoras, dos amigos, das amigas, dos familiares. Quero agradecer em nome da minha esposa, Ivânia, a presença aqui, representando a família, de todos os demais militares. Desejar sucesso aos que estão na batalha, neste ano, ao general Peternelli, ao Derrite, aos demais que estão entrando nessa luta, porque precisamos mudar este País. E só vamos mudá-lo, como o general falou - nada de intervenção, não somos favoráveis a isso - só há um jeito de mudar a história da nossa Nação, que é através do voto. Esse voto é a arma que temos, e temos que aprender a usá-la. Vamos conhecer os candidatos, conhecer suas histórias, e colocar lá pessoas que pensem como nós.

O País precisa de um novo rumo. O nosso novo rumo é o que está escrito na Bandeira brasileira: Ordem e Progresso. É simples assim. E se muitas vezes os nossos heróis foram esquecidos, não foram valorizados, a culpa é nossa, porque nós deixamos que acontecesse isso. Então, vamos retomar o que é nosso. O País chegou aonde chegou porque o outro lado se fortaleceu, porque eles não esquecem, vão em cima de tudo, são marcação presente, e é isso que nós temos que fazer. Para isso, conto com todos os senhores e senhoras, nessa luta, nessa batalha, para que façamos do Brasil um país maravilhoso. Ele já é, mas melhor ainda, um país mais lindo, mais honesto, mais desenvolvido, com mais ordem e progresso para os nossos filhos e para os nossos netos. E para isso temos que estar juntos nessa batalha, e conto com todos aqui, sem exceção.

Agradeço a presença de todos, do Sr. general Ramos, comandante militar do Sudeste, dos demais generais aqui presentes, também do Coronel Camilo, nosso deputado estadual, do coronel Alencar, representando a nossa Polícia Militar do Estado de São Paulo, e a todos os senhores e senhoras presentes.

E, para encerrar, vou convidar, neste momento, para que todos, em posição de respeito, acompanhem a Banda da Polícia do Exército e a Banda da PM, a convite do general Ramos, e cantemos - acho que todos sabem, até os civis - a Canção do Exército.

 

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- É entoada a Canção do Exército.

 

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O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Antes do encerramento, eu quero dar ciência a todos que no dia 20 de dezembro de 2017, no ano passado, foi aprovado por cinco votos a três - o senhor não sabe a luta que é a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Cidadania, da Participação e das Questões Sociais - um requerimento de nº 26, de 2017, reconhecendo uma moção à memória de Mário Kozel Filho.

Por incrível que pareça, ainda tiveram três deputados que votaram contra. Eu não preciso dizer quem são, acho que todo mundo sabe. Mas, a maioria venceu e mais uma homenagem que foi feita ao nosso herói, Mário Kozel Filho, quando eu ainda pertencia à Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Cidadania, da Participação e das Questões Sociais, reconhecendo essa moção em memória do 3º sargento Mário Kozel Filho.

Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência agradece às autoridades, à Mesa, à minha equipe, aos funcionários, aos serviços de Som, Taquigrafia, Atas, Cerimonial, Imprensa, à TV Legislativa, às assessorias das Polícias Civil e Militar, bem como a todos que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e 05 minutos.

 

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