25 DE JUNHO DE 2018
045ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AOS 95 ANOS DO SINDIGRAF-SP - SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
GRÁFICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO
Presidência:
WELSON GASPARINI
RESUMO
1 - WELSON GASPARINI
Assume a Presidência e abre a sessão.
2 - IZABEL DE JESUS PINTO
Mestre de cerimônias, nomeia a Mesa e demais autoridades presentes.
3 - PRESIDENTE WELSON GASPARINI
Informa que a Presidência Efetiva
convocara a presente sessão solene para "Comemoração dos 95 Anos do Sindigraf/SP - Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado
de São Paulo, por solicitação deste deputado. Convida o público para ouvir, de
pé, o "Hino Nacional Brasileiro.
4 - WAGNER SILVA
Gerente-geral do Sindigraf
/SP, saúda os presentes. Valoriza a equipe de colaboradores internos. Discorre
acerca do potencial da Indústria Gráfica. Enaltece a relevância da entidade de
classe homenageada, como instrumento de fortalecimento e crescimento do setor.
Discorre acerca da busca de excelência no atendimento promovido pela equipe do
sindicato.
5 - IZABEL DE JESUS PINTO
Mestre de cerimônias, anuncia a entrega de medalhas aos homenageados.
6 - MAX HEINZ GUNTER SCHARAPPE
Presidente do Sindigraf/SP
na gestão 1986 a 2001, saúda os presentes. Faz breve
relato histórico das origens e evolução da Indústria Gráfica. Estabelece
relação entre a impressão e o desenvolvimento das nações. Discorre acerca do
período em que fora presidente do sindicato.
7 - IZABEL DE JESUS PINTO
Mestre de cerimônias, justifica a ausência do Sr. Silvio Isola Camargo,
presidente do Sindigraf/SP na gestão 2001 a 2004.
8 - MÁRIO CÉSAR
MARTINS DE
CAMARGO
Presidente do Sindigraf/SP
na gestão 2004 a 2010, cumprimenta os presentes.
Manifesta dúvida quanto à comemoração do centenário do Sindigraf/SP,
em razão de mudanças no cenário do setor. Reflete acerca do fechamento de
empresas na área. Assevera que a capacidade de consolidação é o que favorecerá
o embate com a internet, com juros bancários, com a legislação trabalhista e
com a política de governo. Clama pela união dos estabelecimentos, via
assessoramento do Sindigraf/SP.
9 - FÁBIO ARRUDA MORTARA
Presidente do Sindigraf/SP
gestão 2010 a 2016, saúda os presentes. Destaca o
papel de Max Heinz Gunter Scharappe.
Lista medidas adotadas pelo sindicato, em benefício do setor. Defende diálogo com
as cadeias produtivas. Assevera que as negociações sindicais profissionalizadas
favoreceram o avanço nos acordos. Enaltece as revitalizações de bibliotecas no
interior. Clama por campanhas de valorização da comunicação impressa.
10 - LEVI CEREGATO
Presidente do Sindigraf/SP, saúda os presentes. Faz breve relato da trajetória
política do deputado Welson Gasparini. Agradece ao
parlamentar o trabalho em prol da sociedade. Discorre acerca das origens e dos
objetivos dos sindicatos. Lamenta a falta da contribuição sindical compulsória
estabelecida pela nova legislação trabalhista. Afirma que a expansão do
agronegócio favorece a Indústria Gráfica. Clama por renovação no setor. Anuncia
a entrega de placa ao deputado estadual Welson
Gasparini.
11 - PRESIDENTE WELSON GASPARINI
Parabeniza o Sindigraf/SP.
Defende o otimismo frente à crise vivenciada pelo País. Informa que 60% dos
brasileiros não têm rede de esgoto em suas residências. Lembra que há cerca de
13 milhões de brasileiros desempregados. Estabelece relação entre a falta de
trabalho e o ingresso na marginalidade. Lamenta a corrupção na política e no
empresariado. Ressalta a relevância do ensino de valores éticos, morais e
espirituais. Clama aos jovens maior participação na política. Afirma que 55% do
eleitorado não votara nas últimas eleições. Manifesta
orgulho pela propositura da solenidade. Cita fala do Papa Francisco a respeito
da importância do ingresso de pessoas honestas na vida pública. Faz
agradecimentos gerais. Encerra a sessão.
* * *
-
Assume
a Presidência e abre a sessão o Sr. Welson Gasparini.
* * *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO - Esta
sessão solene tem a finalidade de comemorar os 95 anos do Sindigraf/SP - Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado
de São Paulo.
Comunicamos aos
presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web e
será transmitida pela TV Assembleia no sábado, dia 30 de junho, às 21 horas.
Pela Net no canal 7, pela TV digital no canal 61.2 e pela TV Vivo no canal 9.
Convidamos para compor
a mesa o deputado estadual Welson Gasparini; Levi Ceregato,
presidente do Sindigraf/São Paulo; Max Schrappe, ex-presidente do Sindigraf/São Paulo; Mário César Martins
de Camargo, ex-presidente do Sindigraf/São Paulo; Fábio Mortara,
ex-presidente
do Sindigraf/São Paulo.
O
SR. PRESIDENTE - WELSON GASPARINI - PSDB -
Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos.
Com base nos termos do
Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em
plenário, está dispensada a leitura da Ata.
Senhoras e senhores,
esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa de Leis, deputado
Cauê Macris, atendendo à solicitação deste deputado, com a finalidade de
comemorar os 95 anos do Sindigraf/SP - Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado
de São Paulo.
Convido todos os presentes para, em posição de respeito, ouvir o Hino
Nacional do Brasil.
* * *
- É executado o Hino
Nacional Brasileiro.
* * *
O SR.
PRESIDENTE - WELSON GASPARINI - PSDB - Gostaria
de nomear as demais autoridades presentes: Sidney Victor, presidente da Abigraf São Paulo; Angelo Garbarski, presidente da Abigraf
Rio Grande do Sul; Julião Flaves,
presidente da Abigraf Mato Grosso do Sul e presidente
do conselho da Abigraf Nacional; Wilson dos Santos,
presidente da Abigraf Seccional de Ribeirão Preto;
Umberto Giannobile, presidente da Abiea;
Miguel Troccoli, representando o presidente da Abflexo; Bruno Cialone,
presidente do conselho da Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica - ABTG;
Vicente Amato Sobrinho, presidente do Sinapel; Miguel
Troccoli, diretor de Relações Internacionais da Abflexo; Elcio de Souza, diretor da Escola Senai Theobaldo de Nigris e da Escola
Senai Barueri.
Dando sequência, tem a palavra Wagner Silva, gerente-geral do Sindigraf São Paulo.
O SR.
WAGNER SILVA - Bom dia. Primeiramente, na
pessoa do deputado estadual Welson Gasparini gostaria de cumprimentar as demais
autoridades aqui presentes. Através do estimado presidente do Sindigraf, Sr. Levi Ceregato,
quero saudar os ex-presidentes do nosso sindicato e todas as demais lideranças
da indústria da comunicação impressa, que nos dão o prazer de compartilhar
conosco este momento tão especial. Também devo mencionar a presença da nossa
equipe de colaboradores internos.
Na função de gerente-geral, em nome deles quero manifestar que
muito nos orgulha trabalhar na defesa dos interesses de uma indústria dotada de
imensa capacidade de materializar o conhecimento e disseminar informações
essenciais às nossas vidas.
Em
seu contínuo processo de interação com outras mídias, a indústria gráfica
demonstra extraordinário potencial de reação e inquietação, cujo objetivo é o
de promover transformações positivas para toda a sociedade, antecipando, assim,
os desafios futuros.
Temos
o dever de trabalhar pelo fortalecimento e progresso do nosso setor, do nosso
estado e do nosso País. Para isso, as entidades representativas de classe são
muito importantes, ocupam um papel fundamental. Acreditamos muito em nosso
poder de mobilização, articulação e realização. Nesse sentido, não é possível
deixar de agradecer e reconhecer a competência, o comprometimento e a dedicação
de toda a equipe de colaboradores e funcionários, patrimônio maior de toda
organização, que diariamente se empenham na busca da excelência no atendimento
das empresas que compõem a nossa base de representação.
As
realizações e as iniciativas protagonizadas pelos Sindigraf
são prova desse talento e resiliência. Por esse motivo, peço que todos os
nossos colaboradores fiquem de pé, por favor, para receber uma justa homenagem.
Uma salva de palmas.
Muito
obrigado a vocês. Enfim, parabéns ao Sindicato das Indústrias Gráficas do
Estado de São Paulo pelos 95 anos de lutas e conquistas em prol do
desenvolvimento sustentável do setor da comunicação impressa. Juntos, somos
mais fortes. Muito obrigado.
A SRA.
MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO -
Neste momento, daremos início às homenagens com as entregas de medalhas que
serão realizadas à frente da Mesa. Convidamos o Sr. Levi Ceregato,
que fará a entrega das medalhas para a Diretoria Executiva.
Gostaríamos
que se posicionassem à frente o primeiro vice-presidente, Sidney Anversa Victor; a segunda vice-presidente, Beatriz Bignardi; o diretor administrativo, Carlos Roberto Jacomine da Silva; o diretor administrativo adjunto,
Ricardo Cruz Lobato; o diretor-financeiro Umberto Giannobile;
o diretor financeiro adjunto Ricardo Marques Coube; e a diretora de Marketing
Juliana Sivieri Gonçalves.
* * *
- É feita a entrega das
medalhas.
* * *
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convidamos agora para virem
à frente os componentes suplentes da Diretoria Executiva, do Conselho Fiscal e
suplentes: Danilo Braghiroli; Sander
Luiz Uzuelle; Rodrigo Nogueira de Abreu; Fabio Sarje; Antônio Carlos Brusco; José Carlos Christiani de La Torre; Wilson dos Santos; Davidson
Guilherme Tomé; Gelson Kazuyuki Tomita;
e Valdomiro Luiz Paffaro. As medalhas das pessoas
ausentes serão entregues posteriormente.
Dando continuidade às
homenagens, faremos a entrega de placas aos colaboradores com mais tempo de
casa. Serão entregues pelo Sr. Levi
Ceregato.
Chamamos Rogério dos Santos Camilo, coordenador de Relações com o Mercado.
* * *
- É feita a homenagem.
* * *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL
DE JESUS PINTO
- Chamamos
Nilsea Borelli Rolim de Oliveira, gerente jurídica.
* * *
- É feita a homenagem.
* * *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL
DE JESUS PINTO
- Chamamos
Ana Carina Vieira do Prado, coordenadora administrativa de regionais.
* * *
- É feita a homenagem.
* * *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL
DE JESUS PINTO
- Solicitamos
que o Sr. Levi Ceregato retorne à Mesa para dar
continuidade às homenagens, fazendo a entrega, agora, aos ex-presidentes.
O primeiro homenageado
é o Sr. Max Heinz Gunther Schrappe, presidente do Sindigraf,
gestão 1986 a 2001.
* * *
- É feita a homenagem.
* * *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL
DE JESUS PINTO
- Tem
a palavra o Sr. Max Heinz Gunther
Schrappe.
O
SR. MAX HEINZ GUNTHER SCHARAPPE - Muito bom dia a todos.
Eu queria dizer o seguinte: a indústria gráfica começou com Gutenberg, em 1454.
Ele foi inventor do tipo móvel e, por conta disso, pôde imprimir, pela primeira
vez, a Bíblia. Anteriormente, ela era escrita manualmente para poucos. Assim
nasceu a gráfica que nós conhecemos hoje.
A importância da
indústria gráfica pode ser constatada com cada um dos senhores e senhoras, pois
se inicia com a certidão de nascimento. O gráfico esteve presente. E cada um
tem ainda, no bolso, alguma coisa impressa, seja uma carteira de identidade,
seja uma série de outras coisas. E principalmente o dinheiro, que também está
impresso, a não ser a moeda, claro. E daí partiu-se para o grande
desenvolvimento do mundo.
A comunicação, os
livros, sem isso não haveria medicina, não haveria absolutamente nada. As
próprias faculdades tinham pouca gente, tudo escrito. Visitei alguns museus
onde estavam esses livros antigos escritos, inclusive em diversas línguas.
Recebi a Presidência do
Sindigraf do Sr. Sidney Fernandes. Logo no início,
procuramos profissionalizá-la, constituindo um grupo de empresários para
discutir as reivindicações trabalhistas, pois, no meu critério, tínhamos que
ter cooperação dos trabalhadores para poder fazer a negociação.
Na Presidência do sindicato,
fomos escolhidos para representar o Brasil na OIT - Organização Internacional
do Trabalho. Fui nomeado vice-presidente daquele grupo. Eram 17 ou 18 países.
No fim, na negociação final, o presidente teve que se ausentar por motivos de
doença na família e eu tive que assumir a Presidência, coisa que não era fácil.
Era um auditório imenso. Do lado direito, ficavam os empresários; do lado
esquerdo, os trabalhadores, que já tinham negociado com a pauta que havia sido
dada. No centro, ficavam os representantes dos países. Cada vez que tinha
uma... Tinha que bater o martelo para dizer que estava tudo ok.
Os gráficos do mundo
inteiro foram os primeiros a se reunirem, fundando sindicatos. É por isso que
estamos aqui comemorando os 95 anos do Sindicato da Indústria Gráfica - Sindigraf. É com grande prazer que cumprimento todos os
companheiros gráficos aqui presentes e os que não puderam comparecer. Também
gostaria de fazer uma homenagem especial a Adolfo Ciríaco,
que em todo o meu tempo de Sindigraf e Abigraf me ajudou muito.
Muito obrigado.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO -
O próximo homenageado, Sílvio Isola Camargo, presidente do Sindigraf/SP
na gestão de 2001 a 2004, por motivos assumidos anteriormente, não pode estar
presente. Sua placa será entregue posteriormente.
Gostaríamos de chamar o
Sr. Mário César Martins de Camargo, presidente do Sindigraf/SP
na gestão de 2004 a 2010, para receber a sua homenagem.
* * *
- É entregue a
homenagem.
*
* *
A SRA.
MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO - Tem
a palavra o Sr. Mário César Martins de Camargo.
O SR. MÁRIO CÉSAR MARTINS DE
CAMARGO - Bom dia a todos. São tempos difíceis. Eu jamais
pensei, quando fui presidente do sindicato, de 2004 a 2010, que estaríamos
prestes a completar o centenário sem saber se iríamos completar o centenário. O
que aconteceu nos últimos anos no segmento gráfico, de tanta pujança, e o que
acontecerá nos próximos cinco anos é motivo de preocupação extrema.
Desde
que participei de minha primeira reunião, em 1983, vi muitas empresas
naufragarem, grandes empresas de embalagem, como a Rebizzi
e a própria Paranaense. Quantas empresas naufragaram? Então, veio a leva das empresas editorais, das quais faço parte. Nos
últimos tempos, acho que já perdemos uma dúzia de grandes operações gráficas,
que fecharam. Não eram empresas nascituras, eram empresas que tinham 20, 30, 40
ou mais anos de mercado.
Então,
a minha locução é um grito de alerta do chão de fábrica, de quem está
empreendendo, está trabalhando e está tentando sobreviver. Para mim, o setor
gráfico, nesse nível intermediário que é a grande massa das empresas gráficas
que compõem o nosso universo, só tem uma forma de sobreviver: consolidar. Os
nossos fornecedores, bem mais articulados, monopolistas e espertos do que nós, já o fizeram há muito tempo e fazem isso continuamente.
Quando eu comecei em
gráfica, em 75, tínhamos 15 ou 20 fornecedores de papel. Hoje, se tivermos três
ou quatro é muito. Eles fizeram a lição de casa, ganharam musculatura e
impuseram condições de mercado aos seus clientes, ou seja, nós. Os nossos
clientes, por seu turno, fizeram a mesma coisa. Quando antes fornecíamos para
10, 15, 20 supermercados, ou editoras, ou o que quer que seja,
indústrias, hoje fornecemos para cinco ou seis.
Esta é a capacidade de
consolidação dos dois lados da equação, seja monopsônio,
oligopsônio ou oligopólio, pouca gente comprando e
pouca gente vendendo. Nós somos o sanduíche, no meio, nós não conseguimos fazer
isso. Acho que é o grande desafio nosso para sobreviver, à exceção de alguns
segmentos que vão continuar prosperando. A ameaça da internet paira sobre o
setor gráfico de forma muito clara. Ela está eliminando produtos de uma forma
voraz e muito rápida. Acho que a única forma de nós nos consolidarmos é
diminuirmos, reduzirmos as nossas operações para sobreviver.
Se conseguirmos, ainda
assim vamos enfrentar uma troica diabólica chamada
Justiça Trabalhista, juros bancários e estrutura de governo, que impõe um ônus
pesadíssimo a qualquer empresa média que decida operar no Brasil hoje. Nós
sofremos um tsunami de obstáculos à atividade empresarial no Brasil que tornam
essa atividade hoje um desafio quase hercúleo. Começamos o dia sem saber se
vamos ter o suficiente para enfrentarmos as necessidades do dia.
Eu estou falando isso
como empresário médio que ainda sou, tentando manter a
atividade da empresa no setor desde 1953. Acho que esse é o recado. O Sindigraf terá que cuidar da sobrevivência dessas empresas,
aconselhá-las a se unir antes que desapareçam e terá que cuidar também da sua
própria sobrevivência. Nós sabemos muito bem que essa nova legislação
trabalhista colocou o exercício da atividade sindical empresarial em risco. As
receitas despencaram. Se não houver uma reinvenção dos nossos propósitos, a lei
não nos garantirá a sobrevivência. Acho que este é um momento de refletir sobre
qual é o verdadeiro papel do sindicato na vida das empresas. Um desses papéis
eu diria que é aconselhá-las a se tornarem mais fortes e promover um projeto de
consolidação.
Esse é o recado que eu
quero deixar para vocês. Eu gostaria de dar um recado mais otimista, mas a
realidade se impõe. Acho que estou diante de uma plateia esclarecida. Esse é o
recado que eu gostaria de deixar para vocês de alguém que vive gráfica desde
1975.
Obrigado.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO - Convidamos
agora para receber sua homenagem o Sr. Fábio Arruda Mortara,
presidente do Sindigraf, gestão 2010 a 2016.
* * *
- É entregue a
homenagem.
*
* *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO - Tem
a palavra o Sr. Fábio Arruda Mortara.
O
SR. FÁBIO ARRUDA MORTARA - Bom, o contraponto é sempre
importante. Então, eu quero, polianamente, como você
sempre falou, ser o contraponto, talvez um pouquinho também para
contrabalançar. Como é que é? “Tese, antítese e síntese”. Quero cumprimentar o
deputado Welson Gasparini, e agradecer muitíssimo pela oportunidade, já nos
conhecemos através do Sindigraf - Ribeirão Preto. Quero
cumprimentar o presidente do Sindigraf e agradecer o convite, dizer que é uma
honra muito grande estar aqui presente. Quero cumprimentar todos os amigos, eu
só vejo amigos aqui nessa plateia e agradecer a oportunidade, e vou me arriscar
a fazer o contraponto.
Recebemos do Sindigraf,
de você, Mário, uma gestão extremamente proba, eficiente, e já sucedendo Max Heinz Gunther Schrappe,
o Max foi muito modesto, mas ele tem um papel fundamental. Sempre dizemos que
ele é o nosso eterno presidente. Ele realmente lançou as bases da fortaleza do
Sindigraf. Fomos menos continuadores do que sucessores. Então destaco primeiro
o papel importantíssimo de Max Heinz Gunther Schrappe. Na nossa gestão
nós conseguimos celebrar os 90 anos. Estamos celebrando os 95 anos e temos um
belo desafio para os 100 anos, como o Mário lembrou. Na nossa gestão o
Sindigraf criou, eu vi a equipe da Fiesp aqui,
Copagrem que acho que faz muito bem, foi liderança do Sindigraf, o Levi está
mantendo isso muito bem na Fiesp. Quer dizer, é a primeira vez que se criou a
questão da cadeia produtiva. A cadeia produtiva - não é Miguel - falar juntas e
dialogar umas com as outras. Até o Luiz prestigia as nossas reuniões lá no
Copagrem; tem sido uma coisa muito importante.
As negociações
sindicais profissionalizadas foram um avanço, deputado Welson Gasparini. Acho
que foi mantida essa questão de despersonalizar - o Max lembrou - de ir de cara
a cara com os trabalhadores e de tornar isso uma coisa muito mais
profissionalizada e mais moderna. Isso foi um avanço importante e acho que o
Mário e o Sílvio que não pôde estar aqui hoje, sofreram muito pessoalmente. O
pessoal ia botar caminhão na frente das gráficas deles e a questão não era
pessoal, não era individual. Depois, a questão das bibliotecas, que foi um
projeto iniciado lá atrás. Foi pelo Pluget e junto com o Sindigraf que o Mário
manteve e, depois, na nossa gestão mantivemos. Então, o Sindigraf, junto com
Abigraf - regional manteve durante muitos anos e mantém ainda, um programa
muito legal de inauguração e revitalização de bibliotecas no interior,
promovendo livro, a leitura. Isso é uma coisa superimportante. Eu estou olhando
um pouquinho para trás porque são coisas que ainda são feitas e que são
importantes, mostram a importância do nosso Sindicato.
Criamos primeiro uma
campanha nossa - meio jabuticaba - mas muito legal. Depois trouxemos a campanha
Two Sides para o Brasil, que é um projeto que eu tenho me dedicado muito e que
valoriza a comunicação impressa, Mário, e eu colocaria a Two
Sides, ou campanhas de valorização da comunicação
impressa como contraponto ou como uma alternativa otimista. Ele tem conseguido
avanços interessantes. Hoje nós temos nas bancas do Brasil inteiro, por
exemplo, histórias em quadrinhos de Turma da Mônica falando da comunicação impressa,
da importância do papel, e da sustentabilidade do papel. Temos tido muito apoio
nas escolas Senais, que tem sido muito importantes. É
outra forma de sobrevivermos.
Quero encerrar dizendo
que o futuro é certamente desafiador. Mas eu desejo sucesso ao Levi Ceregato, à
Beatriz Vinhard, ao Sidney Anversa Victor, que são os comandantes da equipe
toda, e dos outros amigos que estão na diretoria, que o Sindigraf faça 100,
faça 200 anos e se mantenha forte, atuante e pujante.
Obrigado.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIA - IZABEL DE JESUS PINTO - O
último homenageado de hoje é o Sr. Levi Ceregato, que é o atual presidente do
Sindigraf /SP, cuja gestão se iniciou em 2016 e irá até 2019. Convidamos o Sr.
Wagner Silva, para fazer a entrega da placa em homenagem ao Sr. Levi Ceregato.
*
* *
-
É feita a entrega da placa.
*
* *
A SRA.
MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO - Com
a palavra o Sr. Levi Ceregato.
O SR. LEVI CEREGATO - Ser
o último a falar é muito bom, porque já disseram tudo. Só damos um arremate
para finalizar.
Quero
cumprimentar, inicialmente, o deputado Welson Gasparini, e pedir que leve
também ao presidente da Assembleia meu agradecimento, o Macris, pela gentileza
em ter cedido este espaço nesta manhã; o Julião Gauna, que veio de tão longe, do Mato Grosso do Sul, para
esta solenidade; o presidente lá da regional, além de ser presidente do
Conselho da Abigraf Nacional; o Sidney Anversa Victor, nosso presidente da Abigraf
São Paulo, o homem que dá o gás nas entidades, hoje, energia, sempre sorrindo,
sempre alegre, sempre positivo; o Angelo Garbaski, torcedor do Internacional, do Rio Grande do Sul,
presidente da Abigraf do Rio Grande do Sul; o Wilson dos
Santos, da Seccional de Ribeirão Preto; o Bruno Cialone,
presidente do Conselho da ABTG; o Elcio de Sousa, diretor do Senai; o Umberto Gianobile, que
veio especialmente da Itália para este evento, da Associação Brasileira das
Indústrias de Etiquetas, mas ele está retornando para a Itália. Se alguém tiver
alguma coisa para levar, pode aproveitar; o Miguel Troccoli,
que representa o presidente da Associação Brasileira de Flexografia, Abflexo; o Vicente Amato Sobrinho, presidente do Sindicato
do Comércio Atacadista, Papel e Papelão do Estado de São Paulo. Se porventura esqueci de alguém, perdoem-me, sintam-se cumprimentados,
especialmente neste momento.
Não
vou me alongar muito. Ontem passei o dia todo escrevendo um discurso, mas
esqueci em casa. Então, fiz umas anotações no avião só para não passar em
branco. Começo pelo nosso deputado Gasparini. Vou fatiar aqui em quatro atos a
minha fala. O deputado Welson Gasparini foi vereador em 1959, quando tinha um
pouco mais de 20 anos. Em 63, foi prefeito de Ribeirão Preto; em 70, deputado
estadual; em 72, novamente prefeito; e, em 88, novamente prefeito. Em 94, foi
deputado federal, vice-líder da bancada do PSDB no governo Fernando Henrique.
Em 2005, prefeito de Ribeirão Preto; em 2010, deputado estadual; em 2014,
deputado estadual, até hoje. Só não será novamente reeleito porque não quer
mais continuar. Mas com certeza fará o sucessor, pela experiência e pelo volume
de informações que dispõe.
Ocupou
muitos cargos. Seria assim até cansativo dizer todos os cargos que foram
ocupados pelo deputado Welson Gasparini, mas dentre os de maior destaque: presidente da Associação Paulista de Municípios, presidente da
Associação Brasileira dos Municípios, presidente da Delegacia do Sindicato de
Jornalistas do Estado de São Paulo, além de inúmeros títulos e condecorações,
um deles inclusive foi concedido pelo presidente da Itália, no grau de Comendador
da Ordem Stella Della Solidarietá,
pelos relevantes serviços prestados à comunidade italiana e pela maneira como
costuma conduzir as suas ações.
Muito
obrigado, deputado, de coração. O senhor representa o lado bom da política.
Apesar de estar saindo, não abandone a política, mesmo sem cargo. Continue
dentro da sua possibilidade, emprestando os seus
conhecimentos e dando aquilo que o senhor tem de melhor a todos aqueles que o
sucederem. Falando da Assembleia Legislativa, só para vermos quem é mais velho,
se é o sindicato de São Paulo ou se é a Assembleia.
A
Assembleia é de 1824, uma Constituição Imperial. Aí veio 1835, com a revolução;
depois, em 1935, com a Constituição Paulista; em 1937, o Estado Novo com
Getúlio; em 1946, a Constituição Federal já estava inserida; em 1947, a
Constituição Paulista; em 1967, nova Constituição; em 1969, Constituição
Paulista assinada pelo governador Sodré; em 1988, Constituição Federal, onde
também contemplou a Assembleia Legislativa. Muito bem, é isso.
Aí falamos
um pouquinho dos sindicatos. Sindicato é uma associação estável e permanente de
trabalhadores e empresários que tem como objetivo resolver, solucionar, inovar,
criar ações em benefício das categorias profissionais. Tem
na sua origem, todos conhecem, síndicos, que vem do grego “aquele que busca a
justiça” e do latim “sindicus”, que denomina o procurador escolhido para defender a corporação.
Está sempre relacionada com a noção de defender.
O movimento
sindical não é estático, ele é dinâmico como o movimento social. Começou lá no
século XVIII com o início do capitalismo; em 1827, com a Federação Americana de
Trabalho; em 1830, com a Associação dos Operários Ingleses. Veio a Segunda
Guerra, continuaram os sindicatos já com os comunistas e socialistas dando os
seus pitacos. No século XIX, o sindicalismo chegou ao
Brasil. Com a abolição dos escravos veio o trabalho assalariado.
Em 1858,
nós, no segmento, tivemos o privilégio de ser o primeiro sindicato a fazer
greve no Brasil, greve dos tipógrafos no Rio de Janeiro. Em 1930, Getúlio
Vargas, contrato de trabalho; em 1931, a Lei Sindical; em 1939, a criação de
sindicatos; em 1945, Movimento Unificado dos Trabalhadores; em 1967, ditadura
militar com as suas restrições; em 1970, o sindicalismo cresce e inicia-se a
CUT, que reunia mais de cem sindicatos sob o seu guarda-chuva. O sindicato é em
primeiro grau. Sabemos que em segundo grau tem a federação e depois a
confederação.
As
responsabilidades são muito simples: negociações coletivas, arrecadação. Diz o
texto legal “arrecadação”, não fala em despesa, mas somos obrigados a ter
despesa, não só arrecadar, infelizmente -, colaboração com o Estado,
assistência aos associados, representar perante as autoridades, e também de
certa época essa parte, os sindicatos se prestaram a partidos políticos.
Daí, mais
recentemente, a reforma trabalhista que está ainda... Embora tenha sido a lei
promulgada em julho de 2017, entrou em vigor 120 dias depois, em novembro de
2017. Está tendo muita resistência dos juízes de primeiro grau e dos
sindicalistas, sob alegação de que estão perdendo direitos trabalhistas, o que
não é verdade, mas, enfim, acredito que rapidamente, em três ou quatro anos,
nós teremos isso consolidado. Uma das medidas extremamente prejudiciais ao
sistema sindical foi a forma abrupta como as
arrecadações foram cortadas. Então, hoje não existe mais a contribuição
compulsória e sim espontânea. Isso fez com que os orçamentos dos sindicatos
despencassem.
Constantemente
eu sou questionado no seguinte sentido: “O sindicato tem que prestar serviço
para poder ter as contribuições”. Agora, serviços o sindicato, principalmente
este sindicato, já presta desde a sua fundação.
É possível melhorar?
Sim, claro, sempre é possível. É o que estamos fazendo.
Por final, com relação
ao segmento da indústria gráfica, acabei de ouvir dois mestres. Aliás, três:
Mário César, Fábio Mortara e Max. Os três, somados,
correspondem a 80% da história da indústria gráfica brasileira. Divirjo, porém,
dos três.
Primeiro ponto. A
indústria gráfica precisa (nós, os gráficos) mudar o negócio. E não, mudar de
negócio. Não mudar de ramo, mas mudar de rumo. Por quê? Um país que tem um PIB
de 2 trilhões de dólares, esse PIB corresponde a 3% do PIB mundial, que é 70
trilhões. Então, temos muito para crescer. Temos uma população de 200 e poucos
milhões de habitantes, contra uma população de 7 bilhões. São 3% também. O
agronegócio está bombando, nunca produziu tanto. O extrativismo está indo bem.
O que realmente está
faltando, no País, é o gerenciamento. Falta gestor. Ainda não conseguimos
pessoas com capacidade e com liderança para gerenciar um país desse tamanho.
Mas sou extremamente otimista. O Brasil não vai parar. A indústria gráfica vai
continuar.
Apesar de sempre
ouvirmos “a indústria gráfica está terminando, acabando” em todo lugar que vou
eu vejo alguma coisa da indústria gráfica quer seja no saguão do aeroporto ou
na rodoviária, está lá um impresso. Como disse o Max, no bolso de todo mundo
tem alguma coisa impressa. Então, não vai acabar.
É que nós,
imperceptivelmente, ao longo do tempo, nos adaptamos à mesmice. Sempre fazer a
mesma coisa. O que deu certo há 10 anos, não dá certo hoje. É necessário mudar.
Para mudar, é necessário que o empresário mude. Ele tem que mudar. A primeira
pessoa que tem que mudar é o empresário.
Não há consultor no
mundo - não há! - que chegue à nossa empresa e saiba mais do que nós. Isso não
existe. Quem sabe do seu negócio é você mesmo. Mas saber, também, tirar as
oportunidades que se apresentam no momento.
Quando não percebemos e
mergulhamos em um poço escuro e profundo, vemos tudo escuro. Mas, se
levantarmos a cabeça e colocarmos a cabeça para fora, veremos que existe um
mundo aí fora. Não se resume àquele poço negro em que mergulhamos.
Tenho a maior admiração
e apreço por todos que me antecederam, sem os quais, eu não estaria aqui no
momento. Quero ter a felicidade e o prazer de transmitir esse cargo, em breve,
a outras pessoas que continuarão, também, a elevar e a construir o nome do
Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado de São Paulo.
Muito obrigado pela
paciência em terem me ouvido.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIA - IZABEL DE JESUS PINTO - O
senhor Levi agora vai ofertar uma placa ao deputado estadual Welson Gasparini.
Por favor.
* * *
- É entregue a
homenagem.
* * *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIA - IZABEL DE JESUS PINTO - Com
a palavra, o deputado estadual Welson Gasparini.
O
SR. WELSON GASPARINI - PSDB - Obrigado, agradeço. Mas,
eu vim para prestar uma homenagem. Vocês acabam prestando também. Agradeço e
espero nunca desmerecer.
Quero parabenizar, na
pessoa do Levi Ceregato todo o setor. Tenho a certeza
de que vocês, durante esses 95 anos, representaram, sem dúvida, exemplos para o
setor sindical de nosso País.
Além dos cumprimentos,
eu gostaria de pedir licença para vocês porque eu ouvi aqui algumas palavras
também de líderes dizendo das dificuldades que a Nação brasileira está
atravessando.
Acho que temos que ser
otimistas. Realmente, a situação brasileira hoje em dia está terrível. Eu acho
que é uma das maiores crises da sua história. Mas, tem solução. Agora, o que é
preciso não é só ler o jornal, ouvir o rádio, ver a televisão, para saber o que
está acontecendo neste País.
Temos que participar
mais. Aqui estou falando regra geral das lideranças neste País. Realmente, a
situação é muito grave. Não é só a parte econômica, que estamos vivendo agora.
Muitos não sabem, por exemplo, que, dos brasileiros no País, 60% não têm rede
de esgoto nas suas casas; não têm privada nessas casas.
Não é que o esgoto não
seja tratado: não é coletado nas casas, por falta de rede de esgoto. Cerca de
60% dos brasileiros, mais da metade da Nação brasileira, não tem água tratada.
Tomam água que vem dos córregos, dos rios, sem qualquer tratamento.
É por isso que a Saúde,
no Brasil, está uma porcaria. Porque, infelizmente, são muitos os fatores que
causam doenças neste País. Eu poderia citar outros fatores. Mas, lembraria, por
exemplo, que estamos, hoje, segundo estatísticas oficiais, com mais de 13
milhões de pessoas desempregadas no Brasil. Gente que quer trabalhar bate de
porta em porta e não tem solução para o seu problema.
Calculem o drama de um
chefe de família que tem a esposa, tem filhos, tem os encargos mensais: quer
trabalhar e não consegue, não lhe dão oportunidade.
Vai para o desespero.
E, hoje, os
traficantes, por exemplo, descobriram que podem ter aliados nos desempregados,
que, vendendo drogas, vão ter recursos para sustentar suas famílias. Então,
aumenta a bandidagem neste País.
E os valores? Porque poderíamos
ter no Brasil valores morais, éticos e espirituais que garantissem um tipo de
procedimento no nosso País. Mas, que tristeza. Falta dinheiro para a Educação,
falta dinheiro para a Saúde.
Agora, bilhões são
roubados neste País, vão para os bolsos de espertalhões. Muitos políticos estão
envolvidos nisso. A classe política, aliás, está desmoralizada devido à ação de
líderes que, ao contrário de cuidar do interesse popular, estão enchendo seus
bolsos de propinas.
Mas, temos que falar a
verdade, também. Não são só os políticos, empresários
desonestos ficam contentes quando podem dar propinas. Porque, se tem político,
se tem administrador público, que gosta de propina, mas tem empresário que não tem valor moral e ética espiritual, fazendo do seu
negócio também a oportunidade de, através de propina, ter grandes lucros.
Eu poderia
citar outros fatos sobre a gravidade do momento pelo qual nós estamos passando,
me desculpem se eu sair um pouco do assunto, que era a homenagem, mas eu tinha
que falar isso aqui pra vocês.
Eu vejo em
vocês líderes. Ajudem a mudar a realidade brasileira. Se nós ficarmos
esperando, só lendo jornal ou vendo rádio e televisão para saber qual o roubo
do dia, ninguém reage. As reações são pequenas. É triste falar, mas hoje nós
estamos vivendo uma época em que há toda uma geração sendo formada sem valores
morais, éticos e espirituais.
Falham os
pais, que não estão dando mais essa orientação aos seus filhos, essa formação
de caráter. Nas escolas estão ensinando muito mal português e
aritmética, mas e valores éticos, patrióticos e espirituais? Quase nada
disso tem sido ensinado. Os professores acham que isso é obrigação das
famílias, mas, nas famílias, muitas vezes o pai trabalha, a mãe trabalha,
chegam à noite em casa e vão ver televisão. O filho fica ali também com as suas
distrações, no computador ou com outra coisa.
E onde está
a transferência dos conhecimentos e dos valores de vida? As igrejas, que
poderiam ser outra fonte importante para formar a consciência de um povo, estão
falhando muito. No geral, muitos, uma vez por semana, falam do Velho
Testamento, do novo pensamento, mas depois cada um vai para a sua casa e acabou
o aspecto religioso. Outros vão buscar a religião para curar uma doença, mas
não para receber valores de vida. Então é preciso uma reação.
Foi dito
aqui e é verdade, eu não vou disputar a reeleição. Graças a Deus fui vereador,
fui prefeito por quatro vezes da cidade de Ribeirão Preto, deputado federal,
deputado estadual, agora completo quatro vezes como deputado, e agora estou
passando o bastão para o meu filho, que é vereador e que, se Deus quiser, vai
continuar na política também.
Mas como é
triste ver, desculpem, estou me prolongando um pouco, mas eu sinto vontade de
falar a vocês isso. Eu fiz uma palestra em uma faculdade, há pouco tempo,
conclamando os jovens a que participassem da política. E, realmente, alguns
jovens aceitaram e me procuraram, mas dois dias depois um dos jovens me
procurou e disse: “Deputado Gasparini, que pena, eu queria ingressar na
juventude política, mas quando eu falei ao meu pai que eu
queria ingressar na política, ele, bravo, disse que eu deveria tirar isso da
cabeça, que política é coisa suja e que eu deveria escolher uma profissão que
dá dinheiro, para não mexer com política”.
E é o que
está acontecendo. Nós não estamos tendo vocações ou pessoas que queiram assumir
a responsabilidade e disputar as eleições. E o povo reclama dos políticos, mas,
nas últimas eleições, 55%, em média, do eleitorado, ou não foi votar, ou votou
em branco, ou anulou o voto. Como é que nós vamos consertar a política no País
desse jeito? Com a omissão?
Tivemos,
agora, no Tocantins, uma eleição para governador. Quase 70% dos eleitores não
foram escolher um governador. Para reclamar nós temos muita gente, agora, para
ajudar a construir um Brasil novo, um Brasil que tem tudo
para ser progressista, para ter os brasileiros felizes, mas, infelizmente,
continuamos com essa situação terrível: os hospitais lotados e sem dinheiro
sequer para os medicamentos que curam doenças.
Peço desculpas, porque
eu saí um pouco do objetivo aqui, que era prestar esta justa homenagem. Quero
ressaltar que a fiz com orgulho. Apresentei ao presidente Cauê Macris a
solicitação desta homenagem, porque é uma entidade que, há 95 anos, vem
desenvolvendo as suas atividades. Nós vimos aqui os líderes, o atual líder e
aqueles que exerceram a liderança, e vocês que participam. Nós vemos gente
idealista aqui.
O que está faltando,
neste País, são lideranças maiores que conclamem as pessoas a reagir. É isso
que peço a vocês: vamos reagir! Em outubro, iremos ter eleições para escolher
presidente da República, senadores, deputados federais e estaduais. É uma
grande chance para o povo castigar quem não presta e selecionar políticos que
tenham valores de vida e que tenham provado, nas suas ações, realmente entender
que a política é de grande importância.
Respeito todas as
religiões, mas me impressionou muito o que disse o
papa Francisco quando esteve no Brasil, no ano passado, no Rio de Janeiro,
dando uma audiência a um grupo de brasileiros. Um deles perguntou: “Papa
Francisco, o Brasil está vivendo uma fase terrível, é muita corrupção e muita
malandragem. O que nós podemos fazer para mudar essa situação de corrupção e
malandragem no Brasil?”.
Vejam o que o papa
respondeu: “Ingressem na política, porque a política, quando feita com
honestidade e capacidade, é a maior prova de amor ao próximo”. Disse ele: “O
ato de um político competente e honesto, um só ato dele, pode beneficiar
milhares ou milhões de pessoas. Se ele for corrupto e incompetente, um ato
dele, de uma só vez, pode prejudicar milhares e milhões de pessoas”. Concluiu,
dizendo: “A política está suja? Está suja, é verdade, mas não será porque os
cristãos não estão entrando na política para limpá-la?”
É a pergunta que faço
neste final. Será que os brasileiros não estão só reclamando, mas deixando de
participar ativamente? Desculpem eu ter falado essas coisas, mas me deu
vontade. Acho que vocês são pessoas responsáveis e idealistas. Que Deus abençoe
o trabalho de vocês. Não se esqueçam de que o Brasil precisa de vocês para que
tenhamos um país novo, justo e humanitário. Muito obrigado.
Esgotado o objeto da
presente sessão, a Presidência agradece às autoridades, à minha equipe, aos
funcionários dos serviços de Som, de Taquigrafia, de Atas, do Cerimonial, da
Secretaria Geral Parlamentar, da Imprensa, da TV Assembleia, das assessorias
das Polícias Civil e Militar, bem como a todos que, com as suas presenças,
colaboraram para o pleno êxito desta solenidade.
Convido a todos para um
coquetel que será servido no Salão Waldemar Lopes Ferraz.
Está encerrada a
sessão.
* * *
-
Encerra-se
a sessão às 11 horas e 35 minutos.
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