29 DE JUNHO DE 2018
046ª SESSÃO SOLENE
PARA OUTORGA DO COLAR DE
HONRA AO MÉRITO LEGISLATIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO AO PADRE ROSALVINO MORÁN
VINAYO
Presidência:
VITOR SAPIENZA
RESUMO
1 - VITOR SAPIENZA
Assume a Presidência e abre a sessão.
2 - MARILUCIA BUCHI
Anuncia a composição da Mesa.
3 - PRESIDENTE VITOR SAPIENZA
Informa que a Presidência efetiva
convocara a presente sessão solene, a pedido deste deputado, na direção dos
trabalhos, para "Outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado
de São Paulo ao padre Rosalvino Morán
Vinayo". Convida os presentes a ouvirem, de pé,
o "Hino Nacional Brasileiro".
4 - ORLANDO BOLÇONE
Deputado estadual,
saúda as autoridades presentes. Discorre sobre a atuação da igreja
católica na história do Brasil. Fala acerca da participação do deputado Vitor Sapienza na fundação da Faculdade Dom Bosco. Frisa a
relevância, a seu ver, do sentimento de gratidão. Tece elogios ao trabalho
social desenvolvido pelo padre Rosalvino.
5 - PRESIDENTE VITOR SAPIENZA
Anuncia apresentação musical de Elisangela de Castro Dias e Marcelo Defino Bueno
6 - ÉLCIA DIAS FRANCISCO
Pedagoga,
cumprimenta autoridades presentes. Relaciona episódios das vidas
pessoais e religiosas de Dom Bosco e padre Rosalvino,
sobretudo em relação à atuação junto à juventude. Destaca virtudes do
homenageado, a quem tece agradecimentos.
7 - PRESIDENTE VITOR SAPIENZA
Anuncia apresentação musical de Elisangela de Castro Dias e Marcelo Defino Bueno.
8 - ÁTILA FRANCUCCI
Ex-aluno do padre Rosalvino,
relata experiências pessoais com o homenageado desta solenidade na expansão de
obras sociais e religiosas. Enaltece postura empreendedora e humilde do padre.
9 - PRESIDENTE VITOR SAPIENZA
Anuncia exibição de vídeo com
pronunciamento do governador Márcio França. Anuncia apresentação musical.
10 - RENATA
ABREU
Deputada federal,
saúda autoridades presentes. Destaca a importância das atividades
sociais e educativas desenvolvidas pela Obra Social Dom Bosco. Situa a fé e o
trabalho como caminhos para a mudança. Parabeniza o padre Rosalvino
pela homenagem recebida.
11 - PRESIDENTE VITOR SAPIENZA
Anuncia a entrega do Colar de Honra
ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo, pela deputada Renata Abreu, ao
padre Rosalvino Morán Vinayo.
12 - ROSALVINO MORÁN VINAYO
Padre homenageado desta solenidade, agradece pelas homenagens recebidas, que dedica às
crianças e famílias pobres. Discorre a respeito de mudanças realizadas na zona
leste de São Paulo por meio da atuação de instituições salesianas.
Cita colaboradores, de diferentes épocas e áreas de atuação, de sua obra
social. Enfatiza o papel do amor na educação transformadora. Conta episódios de
sua história pessoal e religiosa. Faz agradecimento a Maria de Nazaré. Tece
elogios ao deputado Vitor Sapienza.
13 - PRESIDENTE VITOR SAPIENZA
Salienta transformações de Itaquera
promovidas, segundo ele, pelo trabalho social e religioso desenvolvido pelo
padre Rosalvino. Narra episódios de instituições salesianas no estado de São Paulo que, a seu ver,
evidenciam a providência divina. Faz elogios ao padre homenageado. Faz
agradecimentos gerais. Encerra a sessão.
* * *
- Assume a
Presidência e abre a sessão o Sr. Vitor Sapienza.
* * *
A SRA.
MESTRE DE CERIMÔNIAS - MARILUCIA BUCHI - Bom dia, senhoras e
senhores. Muito bem vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo,
onde daremos início à sessão solene de outorga do Colar de Honra ao Mérito
Legislativo ao nobre padre Rosalvino Morán Vinayo.
Chamamos
para compor a Mesa o nobre deputado Vitor Sapienza;
padre Rosalvino Morán Vinayo, homenageado desta manhã, salesiano de Dom Bosco;
deputado Orlando Bolçone; Sr. Marcos Sérgio de
Oliveira Novaes, da Obra Social Dom Bosco; Sr. Átila Francucci, ex-aluno do Padre Rosalvino.
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Havendo
número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os
nossos trabalhos.
Com base nos termos do
Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em
plenário, está dispensada a leitura da Ata.
Senhoras
e senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente efetivo desta
Casa, deputado Cauê Macris, atendendo solicitação deste deputado, com a
finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São
Paulo ao Padre Rosalvino.
Neste momento, convido todos os
presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Fanfarra
Dom Bosco e regido pelos maestros Alair Júnior e
Gabriel Batista.
* * *
- É executado o Hino Nacional
Brasileiro.
* * *
O SR.
PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Peço que se coloque ao lado desta Presidência
a deputada federal Renata Abreu.
Esta Presidência quer
mencionar nomes que estão nos honrando com suas presenças, logicamente afora
vocês que são, talvez, muito mais importantes do que as pessoas que estão nos
assessorando aqui ao lado: padre Rosalvino Morán Vinayo, que é o homenageado
desta noite; deputada federal Renata Abreu, presidente nacional do Podemos;
deputado estadual Orlando Bolçone; Marcos Sérgio de Oliveira Novaes, da Obra
Social Dom Bosco; Átila Francucci, ex-aluno do padre Rosalvino; Jorge Peres, diretor-presidente da Imprensa
Oficial do Estado de São Paulo; Elisangela de Castro
Dias, aluna e educanda; Élcia
Dias Francisco, cooperadora salesiana; Ana Lígia Sapienza Colombo, minha filha; Antonio Carlos Curiati,
filho do deputado estadual Antonio Salim Curiati; e Leonel Aguiar, colunista da
revista “Mundo da Fama”.
Neste momento, cedo a
palavra ao nobre deputado Orlando Bolçone.
O
SR. ORLANDO BOLÇONE - PSB - Bom dia a todos e a
todas. Começo com uma saudação muito especial ao presidente desta Mesa, ao
autor da homenagem, uma referência de parlamentar para todos os outros 93
deputados desta Casa, da qual foi presidente: o estimado deputado Vitor
Sapienza. Ele é um exemplo na política, um exemplo de pessoa decente. E creio
que, em especial, ao padre Rosalvino, pela sua
formação nas escolas salesianas.
Quero fazer uma
saudação muito especial à nossa estimada deputada Renata Abreu, tão jovem, mas
com uma história brilhante, e que hoje contribui nas decisões que decidem os
destinos deste País. Ela tem um grande presente, mas em especial um grande
futuro; uma pessoa que certamente ainda vai contribuir muito para o estado de
São Paulo, para nossos jovens, para a comunidade nordestina, para a população
mais humilde. Ela nos honra com sua presença nesta Mesa.
Quero, ainda, fazer uma
saudação especial ao tutor Marco Sérgio de Oliveira Novaes, da Obra Social Dom
Bosco, e ao Átila, que aqui representa todos os alunos que passaram pela obra
do padre Rosalvino. Aqui também está presente o Dr.
Jorge Peres, diretor da Imprensa Oficial e ex-aluno nas causas da Elisangela. Estão presentes, ainda, cooperadores como a Elcia, a nossa querida Ana Lígia - tão citada nesta
tribuna, filha do deputado Vitor Sapienza - e a amada esposa dele. O deputado
Antonio Salim Curiati, nosso decano, aqui é representado por seu filho, Antonio
Carlos Curiati; e está aqui, também, Leonel Aguiar,
colunista da revista “Mundo da Fama”.
E o que falar de um
evento como este? É um evento de exemplos. Eu vi tanto o deputado Vitor
Sapienza - amigo, irmão e mestre - falar do senhor e
contar a sua história, que se confunde com a história da Igreja Católica em
todos os rincões deste estado e deste País. Vou me permitir algumas lembranças.
A primeira referência que temos da história do Brasil foi a
da esquadra de Pedro Álvares Cabral. E lá, à frente, estava uma imagem de Nossa
Senhora da Esperança. Então, este País, padre Rosalvino,
começou sob o signo da cruz, sob o signo da fé.
Vi em seu peito, padre Rosalvino, a referência à travessia da fé que tantos
romeiros fazem, saindo de diversas partes do Brasil e dirigindo-se a Aparecida.
O aparecimento da imagem completou 300 anos no ano que passou. Neste mesmo
ambiente, como lembra o estimado deputado Vitor Sapienza, fizemos um grande
evento, tal qual este, para lembrar as nossas origens na fé, para lembrar as
bênçãos de Deus, por meio da intercessão de Nossa Mãe querida.
Agora, quero lembrar dois
fatos pequenos, muito simples, mas muito importantes para a minha região, lá no
noroeste paulista. Esse moço, o presidente da Mesa, meu amigo querido deputado
Vitor Sapienza, foi uma das pessoas que contribuíram com a instalação de uma
das mais sólidas universidades criadas sob a inspiração de Dom Bosco, que é a
Faculdade Dom Bosco, na cidade de Monte Aprazível.
À época, o estimado Vitor
Sapienza prestava seus serviços e passou por nossa região, São José do Rio
Preto e Monte Aprazível. Foi um dos colaboradores dessa faculdade que já formou
milhares de alunos sob a inspiração salesiana, sob a inspiração de Dom Bosco.
Então, é um fato relevante e marcado de coincidências. Meu amigo fraterno, meu
irmão Vitor Sapienza, tem sempre o hábito de dizer: “Não são coincidências, é a
mão de Deus que está se manifestando”. Então, naquela faculdade, nós sempre
temos o dever de ter gratidão por esse deputado, o deputado Vitor Sapienza.
Como o senhor, padre Rosalvino, o nosso governador Márcio França tem sempre dito
que talvez os dicionários devessem começar com a palavra “gratidão”, e não com
palavras começadas com a letra “a”, pois a gratidão é o primeiro sentimento que
deveria vir no coração.
No dia de hoje, padre Rosalvino, o povo de São Paulo, por meio de sua instituição
maior, que é a Assembleia Legislativa, faz um gesto de gratidão para com o
senhor, pelas dezenas de milhares de vidas que o senhor mudou, de jovens que o
senhor transformou. Então, o dia de hoje é dia de agradecer a Deus por sua
vida, agradecer a Deus por tê-lo iluminado ao deixar a querida Espanha e vir se
instalar aqui e cuidar de todos nós.
Por isso, meu amigo deputado
Vitor Sapienza, é uma honra. Por nada neste mundo eu deixaria de participar
deste gesto de gratidão com o padre Rosalvino. Que
Deus abençoe o padre Rosalvino. Vida longa e muita
saúde ao padre Rosalvino. Aos 100 anos, estaremos
aqui comemorando novamente, com certeza.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Esta
Presidência anuncia a presença de Ricardo Calciolari,
controlador-geral do município de São Paulo. Obrigado
pela presença.
Comunicamos aos presentes que
esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web e será
transmitida pela TV Assembleia no sábado, dia 1º de julho, às 21 horas, pela
Net, canal 7; TV Vivo, canal 9; e TV Digital, canal
61.2.
A seguir, assistiremos a
apresentação musical de Elisangela de Castro Dias e
Marcelo Defino Bueno, com a música “Amigos pela fé”.
* * *
- É feita a apresentação musical.
* * *
O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Esta Presidência quer
patrocinar o casal, pela apresentação. Solicito a presença da pedagoga Élcia Dias Francisco, para um pronunciamento.
A SRA.
ÉLCIA DIAS FRANCISCO - Quero cumprimentar o deputado Vitor Sapienza, o
deputado Orlando Bolçone, Sr. Marcos Sérgio de Oliveira Novaes, Sr. Átila Francucci, deputada federal Renata Abreu, de maneira muito
especial nosso homenageado, querido padre Rosalvino,
todos os presentes, bom dia.
Dizer algo sobre o padre Rosalvino é trazer à memória fatos da vida de Dom Bosco.
Menino, fica órfão de pai, e Rosalvino
perde sua mamãe, ainda pequeno. Dom Bosco, na sua pré-adolescência, precisou
sair de casa. A família deixou sua terra, a Espanha, e veio para o Brasil.
Rosalvino era
apenas um menino. Tanto a família de Dom Bosco, como a do padre Rosalvino foram pastores e agricultores, e viviam desse
trabalho. No Brasil, seu pai Manuel, com seus sete irmãos, foi para o Paraná,
trabalhar nas fazendas de café, trabalho escravo. E logo o pai buscou um novo
lugar. Foram acolhidos na Escola São José, de
Campinas.
O falecido padre Alfredo Bona escreveu assim, em outubro de 2007: “Era
o início do ano escolar de 1953, matrícula fechada, com 250 internos.
Apresentou um sacerdote, acompanhado do saudoso pai Manuel, que perdera a
esposa Eloina Viñayo,
acidentalmente.
Surge a dúvida, aceitar ou
não aceitar. A resposta deveria ser imediata, não houve
dúvida, apelar para Dom Bosco e a providência, foram aceitos o menino e o pai.”
Padre Rosalvino,
nesse contexto, um dia levantou sua mão à pergunta do padre Bona
e disse sim para ser um seguidor de Dom Bosco. Com a benção do cardeal Dom
Paulo Evaristo Arns, foi sagrado sacerdote salesiano de Dom Bosco, abraçou a
luta em favor dos pobres defendida por Dom Paulo e decidiu viver na periferia.
Ele deixou a coordenação do Instituto Dom Bosco, no Bom Retiro e seguiu a pé em
direção ao destino determinado pelo cardeal.
Padre Irineu, sobre o padre
Rosalvino, escreveu assim, anos atrás: “Quem já viu o padre Rosalvino
reclamar do trabalho que faz?” Porque ele ama os seus destinatários é que
encontra forças para fazer tudo o que faz. O padre Rosalvino
é um verdadeiro profeta. A presença dele fala de Deus para todo mundo. Em
qualquer meio que ele esteja é sempre respeitado como padre. É uma pessoa muito
coerente.
O que dizemos nós desse homem
que é simples, amigo, trabalhador, acolhedor, humano? É de uma fé viva e
profunda. Nós te amamos e somos gratos. A todo bem que semeou e semeia entre
nós não podemos deixar aqui nestas palavras de trazer novamente o paralelo com
Dom Bosco sobre a presença de nossa mãe querida, a Virgem Maria, mãe de Jesus.
Foi ela que tudo fez na vida de Dom Bosco, e é ela que tudo faz em sua vida
padre Rosalvino. Com toda a certeza, assim como Dom
Bosco, fundador da Congregação Salesiana, o padre Rosalvino é, seguramente, pai e mestre da juventude.
Obrigado padre Rosalvino por tudo que o senhor representa para nós. Que
Deus o abençoe sempre com muita saúde e com muita vida. E esse abraço que eu
quero te dar agora, é o abraço que todos nós, tenho
certeza, queremos dar no senhor. Parabéns. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - A seguir vamos ter a apresentação de Ângela de
Castro Dias, com a música “Unidos pela fé”, e no violão Marcelo Bueno, ambos educandos do curso profissionalizante da obra social Dom
Bosco.
* * *
- É feita a apresentação
musical.
* * *
O SR. PRESIDENTE -
VITOR SAPIENZA - PPS - Caros amigos, antes de dar a palavra ao
ex-aluno do padre, Átila Francucci, quero sanar uma
falha por mim cometida. No afã de saudar o pessoal, acabei me omitindo, um ato
imperdoável, esqueci de mencionar aquela a quem eu
devo o fato de ser deputado estadual, minha patroa Lilian Maria. (Palmas.)
O SR. ÁTILA FRANCUCCI - Bom dia
a todos da Mesa, bom dia a todos os presentes. Uma vantagem minha aqui é que,
como publicitário, eu normalmente tenho que resumir todas as coisas em 30
segundos. Portanto eu serei muito breve aqui.
É uma
responsabilidade grande porque, como ex-aluno, falo em nome de milhares de
pessoas, que tiveram suas vidas afetadas por esse homem. Eu o conheci no Bom
Retiro, onde fiz o meu ginásio, formei-me, e quando estava saindo do Bom
Retiro, fiquei sabendo que ele estava indo para Itaquera, e fui conhecer o lugar
para onde ele estava indo. Ele me disse que lá iria fazer uma obra que seria
maior do que a do Bom Retiro. Falei para mim mesmo que seria impossível.
Poucos
anos depois, aquilo já era maior que o Dom Bosco do
Bom Retiro. Frequentemente eu ia visitá-lo, e a cada nova visita ele falava de
um novo projeto. E a minha resposta interna era sempre a mesma: impossível. E
tudo o que ele dizia que iria fazer, aconteceu. Recentemente ele me disse,
apontou um local e disse que lá ele iria levantar uma grande igreja. Ao invés
de falar impossível, eu perguntei: para quando? Parece que está quase pronta.
Para
quem não sabe, a Ordem Salesiana foi fundada por Dom
Bosco. Dom Bosco tinha uma frase, entre muitas que tinha: “Nós estamos aqui
para os outros.” Não conheço ninguém que viva essa frase como o meu amigo Rosalvino. Vinte quatro horas do dia, em todos os dias da
sua vida, foram dedicadas ao outro. Acho que se o nosso País tiver pessoas, não
iguais a ele, que é difícil, mas 40% dessa dedicação ao outro, seguramente nós
teremos um País melhor.
Termino
contando um episódio recente, nós que sempre estivemos ligados, ele fez meu
casamento, ele acompanhou a minha vida, a vida dos meus pais. Há mais ou menos
50 dias, perdi minha mãe; ela tinha 94 anos e 10 AVCs
no currículo. Depois do 10º AVC, ela ainda estava bem, e me pediu que eu
trouxesse o Rosalvino, que ela queria se confessar.
Foi a última confissão dela. Ele chegou junto com
Antonio Carlos, meu professor de Português e querido amigo, e lá chegando,
mamãe, muito feliz cantou, relembrou coisas da minha época de ginásio e ao
final deixamos o Rosalvino junto com mamãe. Saímos do
quarto e eles ficaram a sós por aproximadamente uns 20 minutos. Quando ele saiu
do quarto, perguntei a ele se tinha ido tudo bem, se mamãe tinha se confessado.
Ele me disse que não, que ele é que tinha se confessado para ela.
Esse é
um exemplo dessa humildade e dessa dedicação ao outro, um homem que merece essa
e muitas outras homenagens. Tomara possamos, a cada dia, ser parte dessas
pessoas que aplaudem esse trabalho.
Parabéns,
querido amigo. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE -
VITOR SAPIENZA - PPS - Assistiremos agora a um vídeo enviado por nosso
governador, Márcio França.
* * *
- É
feita a apresentação de um vídeo.
* * *
O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Assistiremos
agora a apresentação da Banda Dom Bosco, regida por Alair
Junior e Gabriel Batista, com as músicas “Chico Mineiro”, “Hino às Autoridades”
e “Quero Te Dar Paz”.
* * *
- É feita a apresentação musical.
* * *
O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS -
Parabéns à banda! Agora tenho o prazer de anunciar a nossa deputada federal,
Renata Abreu, que também dirige algumas palavras com respeito a essa
solenidade.
A SRA.
RENATA ABREU - Bom dia a todos. É com muita alegria que
agradeço a todos os membros da Mesa, em nome do nosso deputado estadual Orlando
Bolçone. Obrigada, Orlando, pelo carinho, pelo trabalho que V. Exa. faz, por estar ao meu lado em vários momentos. É uma alegria
reencontrá-lo nesta data tão especial para todos nós.
Eu queria agradecer e
parabenizar o proponente desta homenagem, o proponente desta sessão solene, o
deputado Vitor Sapienza. É um homem que tem uma sensibilidade única, um
trabalho de reconhecimento, é um bom político.
Homenagear um homem como o
padre Rosalvino é um presente, Vitor, que V. Exa. dá a
todos nós. É um homem com quem estive lá, na Obra Social Dom Bosco, e é
emocionante ver o trabalho e a dedicação desta pessoa. Padre Rosalvino, o
deputado Vitor Sapienza disse que o teu único defeito é ser são-paulino.
(Risos.) Eu vou concordar com ele, porque quem conhece a Obra Dom Bosco sabe do
que estamos falando.
Quando estive lá, me encantei
todas as vezes. Primeiro, em ouvir aqueles jovens
olhando para o futuro, vendo uma luz no final do túnel, acreditando no seu
país, resgatando a esperança e a fé, muitas vezes perdidas. Gosto muito de uma
frase de Paulo Freire, padre, que diz assim: “A educação não muda o mundo; ela
transforma pessoas, e pessoas mudam o mundo.”
O senhor é responsável, não
só pela mudança de muitos jovens, de muitas mulheres, de muitos cidadãos. Mas
cada um das pessoas representa uma mudança no todo que é o nosso País. O seu
trabalho de luta e dedicação contribui para a nossa Nação, que é o Brasil. É
por isso que eu não podia deixar de estar aqui hoje: para dar pessoalmente o
meu abraço, o meu carinho e o meu parabéns.
Quero agradecer a cada um de
vocês também, educadores e autoridades. Hoje está aqui o Jorge Perez,
representando a Imprensa Oficial; Marcos Sérgio; e todas as autoridades aqui
presentes.
Mais do que isso, a todos
aqueles alunos. É bonito de ver o testemunho de um deles, mostrando o quanto
uma única pessoa que sonha, acredita e transforma a sua fé em atitude, pode
fazer a diferença no nosso País.
Muitas vezes, nessa
caminhada... Estou no primeiro mandato como deputada federal. Digo que é muito
fácil buscarmos um culpado para os nossos problemas: é da esposa, é do marido,
dos políticos, da política, nunca é nosso. A reflexão e a mudança começam
dentro de nós. Quando nós acreditamos, quando temos fé, e quando trabalhamos
com paixão, como o senhor faz, tudo pode ser
diferente.
Padre,
tenho muito orgulho de ter estado contigo lá na Obra Dom Bosco e ter
visto, de fato, as crianças e os jovens com muito carinho por você e por todos
os educadores, te abraçarem e te dizer: “Padre, meu muito obrigado.” É isso que
vim, hoje, fazer. Termino o meu depoimento, pequeno, singelo, mas de muito amor
e carinho, reproduzindo uma frase do nosso senador Álvaro Dias, que diz assim:
“Os inconformados não promovem mudanças e não escrevem histórias.”
O senhor, padre, está
ajudando a escrever as mais belas páginas na vida de muitas pessoas e do nosso
país. Parabéns e o meu muito obrigada. Deus abençoe a
todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Aqui
estava escrito o seguinte: “Neste momento farei a entrega do Colar de Honra ao
Mérito Legislativo ao Padre Rosalvino”.
Com muita satisfação, eu
transfiro isso para a nossa deputada federal Renata de Abreu. (Palmas.)
* * *
- É feita entrega de Colar de Honra ao Mérito Legislativo.
* * *
O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Agora
ouviremos a palavra do homenageado, o padre Rosalvino.
O SR.
ROSALVINO MORÁN VINAYO- É complicado, gente. É complicado. Tudo o que
foi falado ali é tudo mentira. O que eu posso falar? Obrigado, obrigado,
obrigado.
Não mereço, essa é a verdade.
Quem merece é a criança, é o jovem, é o pai ou a mãe, que, pela situação
político-econômico-social, vivem no total abandono - ou na miséria: porque não têm a casa, porque não têm o alimento, porque não têm a Saúde e
porque não têm todos os direitos que estão colocados, escritos, na
Constituição, mas que, na realidade, não acontecem.
Então, o que eu posso dizer é
agradecer. Porque não fui eu quem fez o que Itaquera hoje tem. É bem verdade
que eu escuto uma frase assim: “Quem conta um dia não chega um
tal de filho de Dom Bosco na periferia de Itaquera, era uma realidade, a
zona leste. Hoje, é outra realidade. As coisas realmente mudaram e se
transformaram.”
Então, não fui eu - “É nóis, zona leste.” Os “mano” e as
“minas”, como eu digo na minha gíria, no meu jeito, é que eles se juntaram
conosco.
Aqui tem os dois protótipos, né? De um lado o Átila, do tempo em que eu era diretor de
escola, professor, e tal, no Bom Retiro, ali, na colônia judaica, com quem me
dei muito bem.
Outra realidade é a da Élcia, que aqui falou representando, um pouco, a meninada
que, também, quando cheguei a Itaquera, aí, sim, juntaram-se comigo e conosco. Então,
o Antonio Carlos, que representa...Então, muitos de
vocês, por exemplo. Tem a Marli, que está aí, estava aí sentada, não é? Está
ali, em pé, agora. É uma das colaboradoras e cooperadoras que representa tantos
quantos apoiaram e me ajudaram.
Eu cito o Marcos Sérgio, um
dos grandes apoiadores, desde que nós nos conhecemos, empatia total. Já está no
quinto ou no sexto carro, não é? Porque eu vou lançar a rifa, agora, que apoia
todo o social que nós realizamos, não é?
O Vitor Sapienza é sangue
bom, é um pouco do meu sangue. O temperamento dele bate muito com o meu. Se for
para brigar, nós brigamos. Se for para haver entendimento, nós nos entendemos. Se
for para xingar, ele me xinga, mas eu xingo também. Dou de volta e faço a recíproca. É assim que as coisas acontecem e vão sendo
construídas.
Agora, uma coisa que eu
escutei é verdadeira: educação é uma obra do coração. Eu amo. Já digo para o
público, quando faço as minhas preleções para a rapaziada que lota aqueles
ginásios e auditórios. Não vou deixar de dar bronca. O puxão de orelha, ele vai
acontecer, mas tenham certeza de que, em tudo e por tudo, se alguém os ama, eu
quero me colocar em primeiro lugar. É a educação que transforma. É ela que muda
e que põe um futuro pela frente. A emoção maior de quem quer viver é viver,
viver e viver e ser feliz, desde o nascer até o partir para a eternidade.
Eu cito a irmã Maria da Costa
e a irmã Edaty, que pessoas que tanto lutaram conosco, assim como as pessoas
que compõem a mesa, as quais eu já citei. A Renata me visitou. É muito novinha
ainda, está no começo. Renata, você tem muito a fazer ainda. Pelo amor de Deus,
ponha ordem naquele Senado, naqueles deputados de Brasília. Um pouco de ordem,
gente. O povo não merece. O País não merece. Nós, cidadãos brasileiros, não merecemos. Não
merecemos o que vemos, escutamos e ouvimos. Não merecemos essa realidade.
Alguém me citou, disse que eu
vim da Europa. Vim mesmo e vim escondido no porão do navio devido à situação do
porto. Lá eu tive que me esconder. Tiveram que me enfiar nos caldeirões para
poder atravessar o Atlântico ao sair do porto, porque eu corria o risco de não
embarcar, por causa de uma perna que eu quebrei lá no porto e por conta de umas
confusões.
Olhando a nossa história,
dizemos: “Pouco fiz, muito a fazer”. Que Deus nos dê muita luz, muita paciência
e muita sabedoria. Ontem, visitei uma pessoa, a dona Lila Covas. Eu pensei que
ela já estivesse um pouco fora do ar. Pelo contrário. Quando ela me viu
entrando naquela casa de idosos, foi uma corrente elétrica. Aquela mulher se
pôs a chorar, chorar e chorar. “O padre me visita, o meu padre querido, o padre
com o qual fiz muitas coisas.”
Há o Mário Covas também.
Quanta gente nessa história, nessa caminhada. Eu fiz muito mais do que poderia
fazer. Se fiz pouco, a Deus me confesso todos os dias,
assim como à população de São
Paulo e da
zona leste. Juntos, unidos, ainda temos muito a fazer. Sou um devoto dessa
mulher chamada Maria, por ensinamento, por tradição de dom Bosco. Alguém o
citou, quando ele disse: “Sem ela, nada teria feito e nada faria”. Deixo a
mesma mensagem. Sem essa mulher...
O dia que eu tiver de partir,
depois de enterrar todos vocês... Desculpem essa palavra. Quero ir por último.
Irei chegar à porta do homem lá de cima e direi: “Chefe, por favor, aqui só vou
entrar se você me trouxer essa mulher que, em vida, tanto amei. Tantas vezes
pedi a ela, tantas vezes me entreguei a Maria Santíssima. Chame-a”.
Se ela aparecer ali, sei que
estou na porta certa. É aqui que devo ficar. Se não aparecer, pedirei para me
mandar de volta, porque não é a minha hora, a minha vez. Deixe-me trabalhar
mais um pouco, ver o povo feliz, ver as crianças. Parabéns à nossa banda. Vocês
vão fazer o campeonato nacional em Itaquera. No dia 08, vão disputar em Santa
Isabel. A música educa, transforma, disciplina, faz
essa meninada sair de tantas oportunidades da droga, da crise da família, para
se sentir os reis da festa, os príncipes das festividades.
O meu discurso é meio
complicado. De novo, digo: obrigado, obrigado e obrigado. Quem merece essa
medalha não sou eu, são vocês, são as crianças e a juventude. Vitor, você só me
arruma para a cabeça. Não é a primeira vez que você me arruma para a cabeça.
Agora já me acertei um pouco, mas para chegar aqui não foi fácil, foi difícil.
Você não deveria deixar de ser deputado, nunca. Você deveria ter essa cadeira
não apenas pelo que já fez, mas pelo que ainda poderá fazer por este Estado e
País.
Obrigado. Também irei lhe dar
um beijo na testa. Dando a ele, façam de conta que beijei a testa de cada um de
vocês. Obrigado. Uma benção a todos. (Palmas.)
O SR PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Agora
tenho que dizer as palavras de encerramento.
Há aproximadamente 28 anos,
eu fui a uma solenidade italiana. Eu não conhecia o padre Rosalvino.
Eu o vi se mexer, agitar-se, como estava se agitando agora, e imaginei que
também ele fosse filho de italiano.
Então, na época - e eu sempre
prestei homenagem à comunidade italiana - era a entrega de uma loba romana, que
era a representação da cidadania italiana. Quando foi dito a cidadania dele,
que eu vi que ele era espanhol, eu disse: “Pelo o amor de Deus, mais um
espanhol na minha vida”.
Porém, quero dizer a vocês o
seguinte. Eu, visitando o Itaquera, já no começo das
atividades dele... Existem duas Itaqueras, uma antes
e outra depois do padre Rosalvino. Ele mudou aquilo,
e muitas vezes eu pego no pé dele, e brincava agora com o aluno predileto dele,
dizendo o seguinte: “Eu temo muito que daqui 20, 25 anos,
quando o padre Rosalvino morrer, eu não tenha
sucessão à altura”.
Porém, Deus sabe prever e
prover, e hoje aconteceu uma coisa esquisita, porque coincidência não existe,
coincidência é a participação de Deus de forma anônima. Meu grande amigo
Orlando Bolçone estava dando um agrado ao padre Rosalvino,
e eu quero também aproveitar e agradecer as palavras do Orlando Bolçone.
Ele disse ao padre Rosalvino: “Padre, eu fui muito amigo do padre Nunes”, e o Rosalvino respondeu: “O Nunes também era salesiano, ele
obteve licença e foi para Monte Aprazível, onde ele montou uma escola também
chamada Dom Bosco”.
Aí eu me lembrei de uma cena que aconteceu, de um fato que aconteceu, e que para mim é
marcante. Quando nós ouvimos falar que a Deus tudo é possível... Muitas vezes
falamos: “puxa vida, não é bem desse jeito”. Eu quero dizer a vocês que é sim.
Eu comecei minha carreira em
Monte Aprazível. Um dia, eu recebo um telefonema do padre Nunes - isso faz mais
ou menos uns 40 anos -, dizendo o seguinte: “Vitor, estou com uma dificuldade
muito grande”. Eu
falei: “O que é?” “Eu fundei uma faculdade, e nós temos que receber a visita de
uma inspeção de Brasília, eu tenho que ter no mínimo 1.500 ou 2.000 livros”. Eu
falei: “Quantos livros o senhor tem?”. “Eu tenho 300, veja o que você pode
fazer?”
Lancei um movimento em São
Paulo, durante 15 dias, e obtive 60 livros, e precisava de mil e quinhentos. Eu
falei: “O padre Nunes está ferrado, não vai conseguir”. Há uma reunião de
delegados da Secretaria da Fazenda, na época, eu era do RH.
Eu tinha que terminar meio
dia. Houve um problema, terminou às três horas, não deu para almoçar. Eu
atravessei a rua, na Rangel Pestana, e fui tomar um café, e encontrei um amigo
que eu não via há muitos anos, todo suado, alegre.
“Oi Cláudio, tudo bem?” “Tudo
bom. Vitor, você não sabe o que aconteceu”. “O quê?”. “Eu arrematei um leilão
de uma editora, vou ganhar uma nota violenta, só que eu não sei o que tenho que
fazer com 2.000 livros que eu tenho encostados lá”.
A Deus tudo é
possível. Faltando cinco dias para os caras chegarem de Brasília, liguei para o
padre Nunes e falei: “Padre, vai rezar assim, vai ter fé assim em outro lugar,
porque não dá para acontecer isso daí”.
Muito bem, eles mandaram
buscar, vieram, levaram os livros, foi aprovada a faculdade. Eu estou dizendo
isso porque, em um momento como este, em que nós homenageamos uma figura ímpar,
nada nos faz esquecer alguém que é tão importante, que é a figura do criador, Deus. Para Ele,
nada é impossível.
Eu tive a felicidade, ainda
na minha campanha política... De repente, em uma cidade eu mencionei esse fato,
e fui interrompido por um senhor que disse: “O que ele está falando é verdade,
eu fui o motorista do caminhão que foi buscar os livros”.
Então, pessoal, no dia de
hoje, em que prestamos homenagem a uma pessoa tão querida, tão importante, temos
que rezar e pedir: “Deus, envie-nos outras pessoas iguais ao padre Rosalvino”.
Quero agradecer a presença de
todos vocês.
Está encerrada a sessão.
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- Encerra-se
a sessão às 11 horas e 38 minutos.
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