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13 DE DEZEMBRO DE 2018

62ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

 

Presidência: CAUÊ MACRIS e CEZINHA DE MADUREIRA

 

RESUMO

 

ORDEM DO DIA

1 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Abre a sessão. Coloca em votação e declara aprovado requerimento, do deputado Marco Vinholi, de inversão da Ordem do Dia. Coloca em discussão o PLC 34/18.

 

2 - CARLOS GIANNAZI

Discute o PLC 34/18.

 

3 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Encerra a discussão, coloca em votação e declara aprovado o PLC 34/18. Encerra a discussão, coloca em votação e declara aprovado o PL 700/18, salvo emendas. Encerra a discussão, coloca em votação e declara rejeitadas as emendas nºs 1, 2 e 3, com parecer contrário. Coloca em discussão o PL 615/18.

 

4 - CARLOS GIANNAZI

Pela ordem, declara voto contrário, em nome do PSOL, ao PL 700/18.

 

5 - JOÃO PAULO RILLO

Discute o PL 615/18.

 

6 - TEONILIO BARBA LULA

Discute o PL 615/18.

 

7 - MARCO VINHOLI

Discute o PL 615/18.

 

8 - JOSÉ AMÉRICO LULA DA SILVA

Discute o PL 615/18.

 

9 - CÁSSIO NAVARRO

Discute o PL 615/18.

 

10 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Encerra a discussão do PL 615/18.

 

11 - BETH LULA SAHÃO

Solicita a suspensão da sessão por cinco minutos, por acordo de lideranças.

 

12 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Defere o pedido e suspende a sessão à 1h19min, reabrindo-a à 1h20min. Coloca em votação e declara aprovada a consulta às lideranças, para que fosse dado conhecimento da íntegra e votada a emenda aglutinativa ao PL 615/18. Coloca em votação requerimento, com número regimental de assinaturas, de método de votação ao PL 615/18.

 

13 - ENIO LULA TATTO

Encaminha a votação do requerimento de método de votação ao PL 615/18, em nome da Minoria.

 

14 - CEZINHA DE MADUREIRA

Assume a Presidência.

 

15 - BETH LULA SAHÃO

Encaminha a votação do requerimento de método de votação ao PL 615/18, em nome do PT.

 

16 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Assume a Presidência.

 

17 - CARLOS GIANNAZI

Encaminha a votação do requerimento de método de votação ao PL 615/18, em nome do PSOL.

 

18 - BETH LULA SAHÃO

Solicita a suspensão da sessão por três minutos, por acordo de lideranças.

 

19 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Anota o pedido.

 

20 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Coloca em votação e declara aprovado o PL 615/18, salvo emendas e subemendas.

 

21 - BETH LULA SAHÃO

Pela ordem, declara voto contrário, em nome do PT, ao PL 615/18.

 

22 - CARLOS GIANNAZI

Pela ordem, declara voto contrário, em nome do PSOL, ao PL 615/18.

 

23 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Defere o pedido da deputada Beth Lula Sahão e suspende a sessão por três minutos, à 01h54min, reabrindo-a à 01h59min.

 

24 - BETH LULA SAHÃO

Solicita a suspensão da sessão por dois minutos, por acordo de lideranças.

 

25 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Defere o pedido da deputada Beth Lula Sahão e suspende a sessão à 01h59min, reabrindo-a às 2h04min. Coloca em votação e declara aprovada a emenda aglutinativa ao PL 615/18. Coloca em votação e declara aprovadas as subemendas 1, 2, 3, 4 e 5, ao PL 615/18. Coloca em votação e declara aprovadas as emendas A e B, ao PL 615/18. Coloca em votação e declara rejeitadas as subemendas 6, 7, 8 e 9. Coloca em votação e declara rejeitadas as demais emendas, englobadamente, ao PL 615/18.

 

26 - BETH LULA SAHÃO

Pela ordem, declara voto contrário ao PL 615/18, e favorável às emendas, em nome do PT.

 

27 - CARLOS GIANNAZI

Pela ordem, declara voto contrário ao PL 615/18, e favorável às emendas, em nome do PSOL.

 

28 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Encerra a discussão, coloca em votação e declara aprovado o PR 4/18. Convoca a Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento para uma reunião extraordinária a ser realizada hoje, cinco minutos após o término desta sessão, e a Comissão de Constituição, Justiça e Redação, para uma reunião extraordinária a ser realizada hoje, um minuto após o término da anterior. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Abre a sessão o Sr. Cauê Macris.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE – CAUÊ MACRIS - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM  DO  DIA

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, há sobre a mesa requerimento assinado pelo deputado Marco Vinholi solicitando a inversão da Ordem do Dia, a fim de que a matéria constante do item 3, Projeto de lei nº 700, de 2018, passe a constar como item 2, renumerando-se os demais itens.

Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Proposições em Regime de Urgência.

Item 1 - Discussão e votação - Projeto de lei Complementar nº 34, de 2018, de autoria do Sr. Governador. Integra a classe de Cirurgião Dentista na Lei Complementar nº 1.193, de 2013 e dá providências correlatas. (Artigo 26 da Constituição do Estado).

Para discutir a favor, tem a palavra o nobre deputado Carlos Giannazi pelo tempo regimental.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, iniciamos o debate para aprovar, definitivamente, o PLC 34. É um projeto que faz justiça a uma importante categoria profissional do sistema de Saúde do estado de São Paulo. São os cirurgiões dentistas, que há muitos anos estão com os salários defasados e arrochados. Que nunca foram valorizados do ponto de vista da carreira, do ponto de vista funcional.

Esse projeto vem em um momento importante. Há um consenso, entre todos nós, de que esse projeto tem que ser aprovado. Sobretudo, porque ele garante a isonomia da carreira dos cirurgiões-dentistas com a carreira médica do estado de São Paulo. Esse é um projeto muito importante que será votado, com certeza, na data de hoje. Já sinto que a Assembleia começa a funcionar favoravelmente na defesa dos interesses, dos direitos e da dignidade dos nossos servidores, começando já pelo PLC 34. Então, quero manifestar a posição de toda a bancada do PSOL, pois vamos, logicamente, votar favoravelmente ao PLC 34.

Quero parabenizar os cirurgiões-dentistas que estiveram aqui em vários momentos. Deputado Ed Thomas, eles vieram de regiões distantes do estado, inclusive de sua cidade, Presidente Prudente, de Araçatuba, da Baixada Santista, da Grande São Paulo e de várias regiões. Eles estiveram aqui o tempo todo, antes do recesso, após o recesso, antes das eleições, após as eleições, fazendo grandes mobilizações, indo ao Colégio de Líderes, às comissões, aos gabinetes, conversando com as lideranças, conversando individualmente com os deputados. Fizeram um brilhante trabalho de convencimento, convencendo os 94 deputados e deputadas da importância da aprovação do projeto. Hoje é um dia histórico, pois o projeto será aprovado. Como eu disse, estou aqui fazendo a discussão e já antecipando a nossa posição.

Queremos fazer o mesmo em relação ao projeto da Defensoria Pública. Queremos votar o PLC 49, pois precisamos de uma Defensoria forte, organizada e valorizada. Os defensores públicos pertencem a uma carreira jurídica e devem ser valorizados, até porque o momento que estamos vivendo é muito grave, um momento de autoritarismo, de ataque aos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários, em que a população mais pobre será a mais prejudicada, será a população que mais perderá os seus direitos. Ela terá que fazer mobilizações e precisará muito da Defensoria Pública, que cumpre um papel importante. Nós, que trabalhamos com os movimentos sociais, os mandatos engajados nas lutas sociais do estado, somos parceiros da Defensoria e estamos na mesma trincheira de luta da Defensoria Pública. Nós nos relacionamos muito com os defensores ligados às áreas da Educação, da Habitação, dos Direitos Humanos. 

Hoje mesmo, pela manhã, tivemos uma solenidade de lançamento do observatório para acompanhar as violações aos Direitos Humanos no estado de São Paulo e estávamos lá com a presença da Defensoria Pública, representada pelo nosso defensor da Assembleia Legislativa, o Dr. Rafael Pitanga.

No dia 13, organizei uma audiência contra o projeto Escola sem Partido no Plenário Franco Montoro e estávamos com a presença, na mesa da audiência, de três defensores públicos. Três defensores públicos participaram, fazendo explanações importantes sobre esse malfadado projeto de Escola sem Partido que, na prática, é um projeto de instalação da mordaça e da censura em nossas escolas e de tentativa de intimidação de professores de todo o Brasil. Esse é o Escola sem Partido.

O Escola sem Partido é uma farsa total, pois é um projeto que tem partido: é o partido do autoritarismo, o partido que ataca a escola com liberdade, a escola com projeto pedagógico libertador, emancipador e libertário. Esse é um dos objetivos do projeto Escola sem Partido, mas a Defensoria se posicionou contra. Há uma nota técnica da Defensoria contra essa nefasta proposta. Lembro-me ainda dos defensores públicos participando daquele movimento importante que derrotou o governo Geraldo Alckmin quando ele tentou ressuscitar a reorganização da rede estadual. Isso foi em 2015, quando ele fecharia mais de 100 escolas.

Os alunos secundaristas da rede estadual fizeram uma grande mobilização, ocupando mais de 250 escolas em todo o estado. Lembro muito bem que um núcleo da Defensoria Pública fez toda a intermediação. A Defensoria Pública foi a única instituição em que os alunos confiaram para fazer a negociação junto ao Tribunal de Justiça, ao Ministério Público e ao governo estadual. Participei de várias audiências, inclusive no Tribunal de Justiça, e quem representava os alunos naquele momento era a Defensoria Pública.

Então, é muito importante que haja, ainda nesta noite, a aprovação do PLC 49, por tudo o que a Defensoria Pública representa hoje. Ela vai nos ajudar a enfrentar esse momento difícil, em que a roda da história está girando ao contrário, para trás, com todos os ataques à sociedade brasileira.

Eu falei do Escola sem Partido, que é o projeto da mordaça, da censura, mas ele tem também, como objetivo central, encobrir a verdadeira causa da educação. Os defensores do Escola sem Partido não querem debater as verdadeiras causas da crise educacional, a falta de financiamento público para a Educação e as questões da evasão escolar, da repetência escolar, da falta de qualidade nas escolas, da violência escolar; não querem achar solução para a superlotação de salas. Então, eles inventam o Escola sem Partido, que fala do fantasma de uma suposta doutrinação, que não existe na verdade, na prática. É por isso que eles tentam fazer esse debate.

Fico chocado porque Doria, que foi eleito governador do estado de São Paulo, disse que o primeiro projeto que vai apresentar para a Educação é o Escola sem Partido. Fico imaginando como um governador assume um estado com cinco mil escolas, quatro milhões de alunos e 300 mil professores dizendo que o primeiro projeto dele vai ser o Escola sem Partido. Trata-se de um projeto inconstitucional, sem amparo na legislação, que até o Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria-Geral da República já rejeitaram. E o governador eleito disse que vai apresentar esse projeto. Ele deveria estar se preocupando com as escolas de lata da rede estadual, com a superlotação, com os baixíssimos salários dos profissionais da Educação, e não com essa proposta.

Então, temos que fazer esse debate da Educação. Escola sem Partido é uma pauta da extrema direita, de quem realmente está a serviço da exploração do povo brasileiro e não quer um povo crítico, formado para o pleno exercício da cidadania. Eles querem fortalecer a exploração dos trabalhadores. Os adeptos do Escola sem Partido querem, no fundo, encobrir a exploração dos trabalhadores, que são explorados diariamente. Querem aprofundar essa exploração através da reforma da Previdência, da reforma trabalhista, da lei da terceirização, da precarização do contrato de trabalho e da Emenda no 95, que congelou os investimentos nas áreas sociais por 20 anos - um projeto apresentado pelo governo Temer.

Fiquei chocado - já disse isso - com as declarações do Bolsonaro, dizendo que quer aprofundar ainda mais a reforma trabalhista, aproximando a legislação trabalhista brasileira, a Constituição Federal, à informalidade no emprego. Ou seja, significa que as reformas feitas pelo Temer, contra os trabalhadores, não foram suficientes para continuar com a esfoliação do povo brasileiro.

Haverá o aprofundamento. Bolsonaro vai aprofundar a miséria social, o inferno social no Brasil, atacando mais ainda o pouco que restou dos direitos e da dignidade do povo brasileiro, isso para beneficiar o capital financeiro, os bancos, o mercado, os especuladores e os rentistas da dívida pública brasileira. É disso que trata esse governo.

Temer já era um inferno. Nós vamos atravessar o inferno. Ou seja, estamos vivendo o que falei, a roda da história está girando ao contrário. Estamos retrocedendo em todos os níveis, no nível econômico, no nível das conquistas sociais, no nível cultural, no nível educacional. Regressões e mais regressões estão acontecendo no Brasil.

Porém, nós também conhecemos a história, o pêndulo da história. Sabemos que isso muda. A história tem um pêndulo. Se agora estamos no momento em que a extrema direita ocupa o espaço do aparelho do Estado brasileiro, nós sabemos que isso também é passageiro, que não existe vitória definitiva, nem derrota definitiva.

Deixo aqui a seguinte frase, que ouvi outro dia, que “se o inverno é deles, a primavera será nossa”. Vamos superar e vamos enfrentar esse momento histórico difícil, com muita luta, com muita resistência, com muito sonho e, sobretudo, aqui em São Paulo teremos a ajuda da Defensoria Pública, que defende o povo, defende a população, defende os direitos sociais, defende o direito à habitação popular, a educação pública de qualidade, a cultura, defende os direitos humanos.

Estamos celebrando agora os 70 anos da Declaração dos Direitos Humanos, os 30 anos da Constituição Federal, a Constituição Cidadã, que está sendo desmontada agora. Estamos comemorando 50 anos do livro Pedagogia do Oprimido, do Paulo Freire, que é muito importante.

Nós comemoramos no ano inteiro. Comemorei muito na campanha eleitoral junto com a Erundina, fiz várias Caravanas da Educação com a ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, hoje deputada federal, que teve a coragem de nomear o Paulo Freire, em 1989, como secretário municipal de Educação. Ficamos seis meses fazendo a Caravana da Educação, debatendo o Paulo Freire.

Ontem, dia 13, nós estávamos descomemorando o AI-5, que foi uma aberração jurídica e política contra o povo brasileiro, que suprimiu as liberdades individuais e coletivas, que potencializou, ainda mais, as perseguições e a opressão no Brasil, e que foi promulgado, editado exatamente no dia 13 de dezembro de 1968, que abriu espaço para cassações e perseguições não só da oposição ao regime militar, mas de artistas, jornalistas, intelectuais, de pesquisadores, de professores, de sindicalistas, e de todo pensamento crítico que foi perseguido pelo AI-5, pelo golpe militar e pela ideologia de segurança nacional, que também fez a roda da história retroceder 50 anos.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação o projeto. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Item 2 - Discussão e votação - Projeto de lei nº 700, de 2018, de autoria da Mesa. Dispõe sobre o subsídio do Governador, do Vice-Governador e dos Secretários de Estado para o exercício financeiro de 2019. Com 3 emendas. Parecer da Reunião Conjunta das Comissões de Constituição, Justiça e Redação e de Finanças, Orçamento e Planejamento, favorável ao projeto e contrário às emendas. Parecer da Mesa, contrário às emendas.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão.

Em votação o projeto, salvo emendas. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Em votação as emendas nºs 1, 2 e 3, com parecer contrário do congresso de comissões. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem contrários permaneçam como se encontram. (Pausa.) Rejeitadas.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Só queria manifestar o voto contrário da bancada do PSOL ao projeto do subsídio do governador que foi aprovado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Está registrada a declaração de voto da bancada do PSOL.

Item 3 - Discussão e votação - Projeto de lei nº 615, de 2018, de autoria do Sr. Governador. Orça a Receita e fixa a Despesa do Estado para o exercício de 2019. Com 13.965 emendas. Retirada a emenda de nº 8.238. Parecer da Comissão de Finanças, favorável ao projeto com as emendas A e B e às emendas nºs 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 35, 38, 40, 43, 60, 71, 108, 112, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 138, 139, 140, 141, 142, 1391, 1392, 1393, 1394, 1395, 1396, 1397, 1398, 1399, 1400, 1401, 1402, 1403, 1404, 1405, 1406, 1407, 1408, 1409, 1410, 1411, 1412, 1413, 1414, 1415, 1416, 1417, 1418, 1419, 1420, 1421, 1422, 1423, 1424, 1425, 1426, 1427, 1428, 1429, 1430, 1431, 1432, 1433, 1434, 1435, 1436, 1437, 1438, 1439, 1440, 1441, 1442, 1443, 1444, 1445, 1446, 1447, 1448, 1449, 1450, 1451, 1452, 1453, 1454, 1455, 1456, 1457, 1458, 1459, 1460, 1461, 1462, 1463, 1464, 1465, 1466, 1467, 1468, 1469, 1470, 1471, 1472, 1473, 1474, 1475, 1476, 1477, 1478, 1479, 1480, 1481, 1482, 1483, 1579, 1583, 1588, 1592, 1593, 1599, 1602, 1605, 1607, 1608, 1610, 1617, 1621, 1623, 1626, 1629, 1630, 1632, 1633, 1634, 1636, 1637, 1640, 1643, 1645, 1654, 1660, 1667, 1668, 1670, 1672, 1673, 1682, 1684, 1687, 1688, 1690, 1691, 1692, 1693, 1694, 1700, 1703, 1704, 1706, 1715, 1717, 1720, 1723, 1724, 1726, 1734, 1736, 1737, 1738, 1739, 1740, 1743, 1744, 1748, 1750, 1751, 1753, 1755, 1756, 1758, 1766, 1768, 1772, 1776, 1778, 1790, 1792, 1796, 1806, 1807, 1808, 1809, 1812, 1819, 1823, 1824, 1826, 1827, 1828, 1829, 1830, 1831, 1832, 1833, 1834, 1835, 1836, 1837, 1838, 1839, 1840, 1841, 1842, 1843, 1844, 1845, 1846, 1847, 1848, 1849, 1850, 1851, 1852, 1853, 1854, 1855, 1856, 1857, 1858, 1859, 1860, 1861, 1862, 1863, 1864, 1865, 1866, 1867, 1868, 1869, 1870, 1871, 1872, 1873, 1874, 1875, 1876, 1915, 1916, 1917, 1918, 1919, 1920, 1921, 1922, 1923, 1924, 1925, 1926, 1928, 1929, 1930, 1931, 1933, 1934, 1935, 1936, 1937, 1938, 1939, 1940, 1941, 1942, 1943, 1944, 1945, 1946, 1947, 1948, 1949, 1950, 1951, 1952, 1953, 1954, 1955, 1956, 1957, 1958, 1959, 1960, 1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1970, 1971, 1972, 1973, 1975, 1987, 2020, 2024, 2025, 2026, 2027, 2029, 2030, 2031, 2032, 2033, 2034, 2035, 2036, 2037, 2038, 2039, 2040, 2043, 2044, 2045, 2046, 2049, 2056, 2059, 2067, 2068, 2069, 2070, 2079, 2080, 2081, 2082, 2083, 2095, 2099, 2101, 2102, 2103, 2104, 2105, 2108, 2109, 2112, 2113, 2114, 2456, 2457, 2458, 2459, 2460, 2461, 2462, 2463, 2464, 2465, 2466, 2467, 2468, 2469, 2470, 2471, 2472, 2473, 2474, 2475, 2476, 2477, 2478, 2479, 2480, 2481, 2482, 2483, 2484, 2485, 2486, 2487, 2488, 2489, 2490, 2491, 2492, 2493, 2494, 2495, 2496, 2497, 2540, 2541, 2542, 2543, 2544, 2545, 2546, 2547, 2548, 2549, 2550, 2551, 2552, 2553, 2554, 2555, 2556, 2557, 2558, 2559, 2560, 2561, 2562, 2563, 2564, 2565, 2566, 2567, 2568, 2569, 2570, 2571, 2572, 2573, 2574, 2575, 2576, 2577, 2578, 2579, 2580, 2581, 2666, 2667, 2668, 2669, 2670, 2671, 2672, 2673, 2674, 2675, 2676, 2677, 2678, 2679, 2680, 2681, 2682, 2683, 2684, 2685, 2686, 2687, 2688, 2689, 2690, 2691, 2692, 2693, 2694, 2695, 2696, 2697, 2698, 2699, 2700, 2701, 2702, 2703, 2704, 2705, 2706, 2707, 2709, 2710, 2711, 2712, 2713, 2714, 2715, 2716, 2717, 2718, 2719, 2720, 2721, 2722, 2723, 2724, 2725, 2726, 2727, 2728, 2729, 2730, 2731, 2732, 2733, 2734, 2735, 2736, 2737, 2738, 2739, 2740, 2741, 2742, 2743, 2744, 2745, 2746, 2747, 2748, 2749, 2750, 3286, 4432, 4434, 4435, 4438, 4441, 4443, 4444, 4445, 4446, 4447, 4450, 4451, 4453, 4459, 4460, 4461, 4464, 4467, 4469, 4470, 4473, 4475, 4476, 4481, 4483, 4484, 4486, 4487, 4488, 4492, 4504, 4505, 4506, 4507, 4508, 4509, 4510, 4511, 4512, 4513, 4514, 4515, 4516, 4517, 4537, 4541, 4542, 4544, 4545, 4546, 4547, 4548, 4549, 4551, 4552, 4557, 4558, 4559, 4560, 4561, 4563, 4564, 4567, 4568, 4569, 4570, 4571, 4572, 4573, 4574, 4575, 4577, 4578, 4579, 4581, 4582, 4583, 4584, 4585, 4587, 4588, 4589, 4590, 4591, 4592.

Em discussão. Para discutir a favor, tem a palavra o nobre deputado João Paulo Rillo.

 

O SR. JOÃO PAULO RILLO - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, servidores públicos das mais diversas áreas, defensores, servidores da Defensoria, aqui presentes. Chegamos à votação do orçamento do estado de São Paulo.

Ontem, eu havia me manifestado e hoje retorno a esta tribuna para me manifestar mais uma vez sobre a minha discordância da tática adotada por nós, que defendemos os servidores, que queríamos aumentar o recurso das universidades, que queríamos aprovar o projeto da Defensoria e que pelo visto será muito difícil isso acontecer.

Mas eu quero também aproveitar - porque a vida é feita de muita humanidade, de coisas importantes, de amizade sincera -, para dedicar minha fala a um amigo, ao professor de História da Universidade Federal de Uberaba, Clayton Cardoso Romano, que militou comigo desde o início da minha militância e que teve um problema de saúde muito por conta da disputa política acirrada que se dá nas universidades entre os homens de esquerda, os progressistas, contra os fascistas e passou mais de 20 dias em coma.

Felizmente, ele se restabeleceu hoje a sua lucidez e supera uma dificuldade muito grande. O Clayton Romano militou comigo no PT desde o início da minha militância e saiu no ano de 2007. Lembro-me que quando ele saiu do PT eu fiquei muito triste. Ele fez uma carta bonita para todos nós e usou um trecho de uma letra do Nando Reis que eu quero ler o começo dela, que dizia: “Eu não quero mais mentir; usar espinhos que só causam dor; eu não enxergo mais o inferno que me atraiu; dos cegos do castelo me despeço e vou; a pé até encontrar; um caminho, um lugar; pro que eu sou”.

Lembro-me que quando ele foi se despedir - a despedida não pessoal, mas política - ele me viu muito abatido e falou: “Você está muito triste”. Eu falei: “Eu estou triste, Clayton, porque a tua saída do PT é como se uma parte de mim tivesse ido embora”. Como somos pequenos e muitas vezes medíocres. Ele me abraçou e disse: “O partido não é o fim, João Paulo. O partido é meio e nós continuamos juntos na mesma luta”.

Eu digo que fui muito medíocre porque agora quando nós estivemos na iminência de perdê-lo aí sim eu senti que uma parte de mim estava indo embora e isso é importante na vida. Eu quero dedicar a minha fala a esse grande amigo, um irmão, um companheiro, um professor de uma universidade pública, porque homenageando ele eu homenageio todos os servidores públicos.

Homenageando ele eu faço jus a nossa luta para que as universidades públicas do estado de São Paulo não sejam rifadas, como tem sido anunciado pelo próximo governador do estado de São Paulo.

Eu sou militante hoje do Partido Socialismo e Liberdade, o PSOL, há 8 meses, mas militei por 25 anos no Partido dos Trabalhadores e quero falar para vocês, para os defensores, o que eu aprendi no Partido dos Trabalhadores no que diz respeito à atuação na Assembleia.

Eu aprendi que a gente utiliza todos os instrumentos possíveis para acumular força, para represar, para retardar a pauta do governo para que a gente abra um diálogo, crie correlação de forças. Você cria uma dificuldade pública saudável, dentro das regras, dentro da democracia e apresenta uma pauta pública para ser negociada.

Como você consegue atingir esses objetivos? Eu não estou falando de uma utopia, porque essa aparência de derrota tem muito da atmosfera nacional, mas tem muito de cena também, tem muito de encenação. Eu vou falar de uma coisa que não é utopia, é possível.

Eu fui líder da oposição na Casa, fui líder da bancada do Partido dos Trabalhadores quando ela era a maior bancada, com 24 deputados. Fui líder da oposição e líder da bancada quando o deputado Barros Munhoz era o líder do Governo. Obviamente, tinha uma diferença de qualidade política e de história que vale, sem demérito a ninguém, registrar, uma compreensão do processo democrático.

Nós conseguimos aqui, fazendo obstrução, apresentando relatórios minuciosos, precisos, lendo na Comissão de Fiscalização e Controle, lendo na Comissão de Orçamento, não perdendo horário. Nós acumulávamos força ao ponto de chegar à véspera de Natal e, se o governo não cedesse à nossa pauta, não entraria em recesso, e o governador entraria o ano com o orçamento atrasado. Ou seja, você criava condição política para criar a sua pauta, quando ela era pública, obviamente. Quando não tem agenda oculta, quando não tem baralho escondido no colete. Quando ela é pública, você consegue avançar.

Eu estou falando de uma coisa que seria muito possível, se nós da oposição tivéssemos feito, neste ano, nessas duas, três últimas semanas, um enfrentamento verdadeiro, ocupando todos os espaços, retardando a votação. Hoje, provavelmente, nem as contas do governador nem o orçamento estariam prontos para serem votados como estão, sem resistência alguma.

Obviamente, não é uma acusação, é apenas uma constatação. Eu quero deixar uma diferença tática. Talvez esses que mudaram de tática apostem em uma providência divina. Eu quero dizer que eu concordo com quem veio à tribuna e falou que a Defensoria é importante, que o Projeto 32, que organiza algumas carreiras, é importante, que as universidades são importantes. Eu concordo com isso. Na estratégia, no horizonte, nós estamos de acordo. Agora, eu tenho diferença na tática, porque isso aqui não é uma profissão de fé, de crença; isso aqui é um exercício de ação concreta. Então V. Exas. estão esperando uma providência divina, V. Exas. que defendem as universidades, a Defensoria, o 32 e outros projetos. Não vai cair do céu. Deus não vai iluminar o Cauê e, de repente, ele vai pautar e pedir que a gente aprove. Não. Isso seria obra de uma ação política concreta, de obstrução, de represamento.

Nós somos em 15, 17, 18 deputados. Ter, neste instante, 18 deputados se inscrevendo aqui para fazer a discussão, pegando 15 minutos cada um. A oposição estar pedindo verificação de presença o tempo inteiro. Isso não terminaria nunca. Se eles quisessem terminar o ano, eles teriam que atender uma pauta pública nossa, compartilhada com vocês.

Mas, talvez, eu seja apenas um romântico, que defende um tipo de política, um tipo de relação sincera com o povo, que se perdeu por aí, que virou poeira nessa seara violenta, dissimulada que vivemos no Brasil hoje. Eu não poderia encerrar o ano sem ao menos fazer este testemunho a vocês. É uma luta quase quixotesca, e não trato isso como um mérito ou um gesto heroico. Trato com muita tristeza isso, ser uma voz dissonante entre aqueles que já defenderam uma tática diferente, já conseguiram avanças coisas importantíssimas, aprovar projetos importantíssimos aqui, porque tinham uma posição diferenciada, muito mais digna, com mais altivez, com mais conteúdo, com mais senso de democracia e com mais povo. Mas isso, infelizmente, se perdeu.

Alguém poderia dizer “olha, mas dessa vez é diferente, porque não tem uma continuidade de governo, porque sai o Geraldo Alckmin, o França seria a continuidade natural, mesmo não sendo do partido, e o Doria é outra coisa.”. Devo dizer a vocês que não. Vocês acham que não está tudo acordado? Vocês acham que o França não sentou com o  João Doria e não resolveu a transição? Eles não têm lá muita diferença. A não ser aquela que o França fez questão de dizer que tinha uma diferença com ele quando o governador eleito apareceu naquela exibição ridícula de virilidade frustrada, aquele fake news em que o Márcio França disse que tinha diferenças com ele. Talvez a diferença só seja isso aí, porque do ponto de vista ideológico eles são muito próximos. A real é essa.

Então, nós teríamos acúmulo, sim. Nós atrapalharíamos o projeto do governo, sim, de vender o estado de São Paulo, se estivéssemos absolutamente coesos numa posição e numa pauta pública. Mas o empobrecimento político se perdeu por aí.

O que eu queria dizer a vocês era isso: eu lamento que nós, da oposição, não fizemos, no meu ponto de vista - respeito as diferenças - o que deveríamos fazer. Ainda dá tempo. Temos alguns aqui. Estamos aqui em seis ou sete. Se todos nós nos inscrevermos para falar no Orçamento, nós vamos retardando, dificultando,  não termina hoje e ganhamos força para negociar. Se tivéssemos feito isso nas comissões, o projeto das contas nem estaria pautado hoje.

Então, não adianta vir aqui e falar “os defensores são lindos, são maravilhosos, defendem o povo, é importante a Defensoria”. Ah é, cara pálida, mas qual é sua tática para isso? O mais ingênuo aqui é defensor público. Vão enganá-los? O mais bobinho aí é concursado, é de carreira, tem consciência do seu papel. Não vamos enganar vocês. Não adianta eu vir à tribuna e falar  que eu defendo vocês, mas não mostro, não exercito aquilo que eu tenho para exercitar para defender vocês. Da boca para fora fica um exercício de crença e fé. Eu não acredito em providência divina numa Casa tão diabólica como esta. Eu acredito na ação política concreta, de gente defendendo gente, com força. E isso não aconteceu.

Da minha parte é isso. Estou aqui fazendo o meu papel: inscrevi-me para discordar desse Orçamento, que é uma vergonha, que é um vexame, que não atende aos servidores, que não atende o povo, a Educação pública, a Segurança Pública, que atenta contra as Universidades. Estou muito preocupado. Para onde nós vamos falindo as universidades, sem pesquisa, sem tecnologia, sem inovação, sem inteligência?  Para onde nós vamos caminhar? Que estado vai ser esse governado por essa figura exótica chamada  João Doria?

Eu tenho certeza de que esse obscurantismo vai ser compensado. Não é possível que essa vida não vá mudar para melhor, não é possível que nós vamos viver esse inferno eterno, comandado pelo PSDB, e agora por um PSDB muito pior, que é o PSDB do João Doria e companhia.

Então, contem comigo. Até 14 de março nós estamos aí. Depois, eu sigo a minha vida em outra trincheira, sempre do mesmo jeito, do mesmo lado. Espero que a próxima Assembleia, que é oposição futura, os quatro deputados eleitos pelo PSOL, duas mulheres, uma trans, deem dignidade, vida nova e também tenham diálogo com eles. Vocês que vão chegar aqui na Casa aprendam o Regimento, se esforcem, porque é possível mudar com luta política, é possível utilizar os instrumentos que a Casa oferece para fazer a vida do povo avançar. Mas para isso é aquela velha do Guimarães Rosa “A vida espera da gente coragem”. É com coragem que a gente muda as coisas e não com medo, com acomodação e com hipocrisia.

Então eu declaro sempre guerra a quem finge me amar, guerra à hipocrisia, e saúdo aqueles que lutam. Parabéns a vocês. Vocês vão melhorar a carreira. Tenho certeza. Pode não ser hoje, pode não ser dessa vez. Mas com luta vocês vão melhorar a carreira. Não quero lamentar, mas tenho que falar a verdade a vocês e explicar didaticamente o que deveria ser feito, no meu ponto de vista, aos defensores também, para acumular força e aprovar o projeto.

Quem sabe a minha fala tenha provocado alguma coisa. Espero que sim, mas não acredito.

Tenho dito, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para discutir contra o projeto, tem a palavra o nobre deputado Teonilio Barba Lula.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, telespectadores da TV Assembleia, cidadãos que nos acompanham aqui, o pessoal do Epaesp, o pessoal do 32.  Defendemos, até agora, sempre o projeto de vocês, todos os projetos, com muito esforço, com muita luta, com muita garra, em qualquer lugar.

Subo a esta tribuna primeiro para falar como membro da Comissão de Finanças e Orçamento, ao lado do meu companheiro Enio Tatto e boa parte da bancada do PT. Ontem estava toda na Comissão de Finanças e Orçamento, a nossa líder, companheira Beth, mas também como membro da bancada do Partido dos Trabalhadores, e aqui em uma fala isolada, uma fala em nome do Partido dos Trabalhadores.

Quero saudar aqui meus companheiros José Américo, Enio Tatto e nossa líder Beth Sahão. Eu estou há quatro anos nessa comissão e, desde quando eu cheguei nessa comissão, nós fizemos oposição o tempo todo.

Em cada momento você adota a tática que lhe parece a mais correta, a que é a mais viável, a que é mais produtiva. Não é produtiva para meu anseio pessoal, é produtiva para o conjunto das pessoas que estão dialogando conosco, das entidades sindicais, dos funcionários públicos, de vários servidores, dos defensores, dos trabalhadores da Defensoria, que nós aprovamos aqui o 48, na semana passada.

Vamos adotando a tática que nos interessa, e nós estivemos presentes em todas as reuniões da comissão. Todas as reuniões da comissão, todas as reuniões do Colégio de Líderes, ordinárias e extraordinárias, todos os congressos de comissões.

Nós estivemos presentes. A bancada do PT estava lá. Eu estava, o José Américo estava, o Enio Tatto estava, a Beth estava, o Zico estava, a Márcia Lia estava. Vários deputados da bancada pertencem às comissões e estavam lá, para podermos avançar, e a tática que nós utilizamos para avançar no Orçamento foi diferente da tática dos outros três anos que nós fizemos aqui.

Para vocês que não sabem, nós fizemos um acordo lá na Comissão de Finanças, de dar o relatório por lido, e demos o relatório por lido, mas não discutido, e o relatório não entraria em discussão enquanto nossas pautas inteirinhas não fossem aprovadas, não fossem negociadas, e a negociação, quem fez parte dela, foi a companheira Beth, eu e o companheiro Enio Tatto, com a consulta permanente da bancada do PSOL, através do líder, deputado Carlos Giannazi.

Tudo o que nós discutimos aqui até agora tem a concordância do líder da bancada do PSOL, Carlos Giannazi. Portanto, nós conseguimos avançar. Vou falar dos avanços que nós conseguimos. Conseguimos avançar na pauta do Proac, que é uma pauta antiga nossa, a do Iamspe, a da Justiça, a do Itesp, a do PPCAM, do Hospital Universitário, que não tinha nada, era zero.

No caso do HU, o relator propôs 30 e nós conseguimos avançar para 40 milhões. O Proac era dez, nós avançamos para 20. O Iamspe era dez, nós avançamos para 30 milhões. A Justiça não tinha nada, nós avançamos em dez milhões. O Itesp não tinha nada, nós avançamos em dez milhões. O PPCAM não tinha nada, nós avançamos 10 milhões.

A Dersa, que o relator tinha feito o remanejamento deixando-a com apenas cinco milhões para cuidar de manutenção de estrada e rodagem, nós retomamos para os 152 milhões, porque é importante fazer a manutenção das estradas. O setor de Esportes não tinha nada, e avançamos em dez milhões. A Habitação não tinha nada, e avançamos em 25 milhões.

Durante toda essa negociação, nós fomos consultando o PCdoB e o PSOL, sempre com a concordância deles. A tática utilizada por nós foi a de não fazer a leitura do relatório, nem do nosso voto em separado, nem do Governo. Eu posso pedir para ler, inclusive em plenário. Não há problema. Não irei fazer isso, porque nós avançamos na negociação.

Fazemos oposição não para ficar dizendo que somos oposição, fazemos oposição para negociar o que nos interessa. Oposição não é para contemplar o meu individualismo, mas para contemplar os anseios de 19 deputados, que têm uma pauta de reivindicações, que é a mesma que se repete todo ano. É verdade que não conseguimos avançar na pauta das universidades.

A reivindicação do Fórum das Seis, todos os anos, é 9,57% do total do produto arrecadado ou tentar subir para 9,58 ou 10%. É verdade que essa pauta é mais difícil, e o pessoal do Fórum das Seis sabe o quanto ela é difícil. No entanto, quero dialogar com os nobres pares da minha bancada e com os pares do Governo.

O relatório do deputado Marco Vinholi, que é o relator, teve o mínimo de respeito, consultando quais eram as demandas dos deputados, coisa que não aconteceu nos anos anteriores. Você começava a negociação só a partir do tensionamento da leitura das pautas. É verdade que o relatório tem problemas gravíssimos. O Hospital Universitário, para o ano de 2019, precisaria ter 401 milhões de reais, mas não terá isso, porque o governo do João Doria, que orientou para retaliar, baixou para 317 milhões de reais.

É verdade que o Orçamento de 2019 não avança. Toda mexida que ele fez foi no sentido de tirar verba de algum setor. Pegaram o Dersa, que tinha 152 milhões, que já é menor do que Orçamento de 2018, deixando apenas cinco milhões de reais para o Dersa fazer a manutenção das estradas, para atender à nossa demanda, no montante de dois bilhões e 66 milhões, que era reivindicação da oposição.

É verdade que o Orçamento não dá conta de vários programas. O governo tem 14 empresas, das quais seis são dependentes. Oito são independentes, têm dotação orçamentária própria, conseguem gerar a sua própria gestão orçamentária. Nas seis que são dependentes, ele reduziu o investimento de todas. Isso é atraso e um massacre para o estado.

O relatório do deputado Marco Vinholi, e espero que ele suba à tribuna para defendê-lo, fica muito aquém da necessidade do estado. É verdade que o Orçamento para 2019 amplia em 55% as desonerações, que são as renúncias fiscais para o setor privado, não apresentando, pelo menos no relatório, nenhuma contrapartida. Não sou contrário à desoneração, desde que ela seja contratada com contrapartida.

O que é contrapartida? Aquele setor que está recebendo o benefício da desoneração tem que falar qual o seu compromisso com a manutenção do nível de emprego e com a geração de emprego. Isso não está descrito no relatório, que só fala em desoneração, comparado com o estimado que foi em 2018.

Em 2018, a previsão era de dez bilhões, realizou-se 20 bilhões e 460 mil reais de desoneração, em que tem 16 setores, que são setores anônimos. Exigimos transparência no relatório, querendo saber quem são os 16 setores e qual foi o tamanho da desoneração por cada um.

É verdade que, na área da Educação, aumentou muito pouco, quase nada. Aliás, o Governo faz contabilidade juntando pagamento da previdência do funcionalismo público na mesma área da Educação para chegar aos 30% que ele é obrigado a executar. Ou seja, os aposentados são contados dentro da pasta da Educação, o que acaba derrubando o orçamento da Educação para 24,6%, em vez dos 30% obrigatórios.

É por isso que temos voto em separado e estamos apresentando nosso voto contra o do relator, contra as contas do governador e contra tudo isso.

É verdade que, em 10 anos, houve uma desoneração, uma renúncia fiscal de 115 bilhões de reais para o setor privado, contando de 2008 a 2018. Isso reduz em investimento, nesses dez anos, só na pasta da Educação, algo próximo a 37 bilhões de reais em dez anos. Na área da Segurança Pública, algo em torno de oito bilhões, na da Saúde, 13 bilhões. Tudo isso porque o Governo deixou de arrecadar os 115 bilhões, nesses dez anos, em desoneração. Novamente, sem que os setores que recebem o benefício da desoneração apresentem qual é a contrapartida ao povo brasileiro.

Eu conheço esse debate de desoneração. Aqui tem gente que se lembra disso - se o Vaz de Lima estiver presente -, iniciamos esses acordos em 1991, em uma coisa chamada acordo setorial do setor automotivo. O Governo fazia renúncia do IPI, mas a renúncia ia com um bônus ao povo consumidor de automóveis. Também valia para o setor de autopeças e automotivo.

É verdade que no governo Dilma houve até exagero nas renúncias, mas todas elas tinham contrapartida. Por exemplo, qualquer um que fosse comprar um automóvel 1.6 tinha 7% de redução do IPI no preço final do produto. Isso é contrapartida para a sociedade. O setor recebe a renúncia e devolve para a sociedade.

É verdade que o orçamento do governo Márcio França - isso deve fazer parte da política, é natural - foi discutido com o governo de transição do João Doria. Tempos estranhos nos esperam, porque é um governador que foi eleito dizendo que não terá dó de privatizar. Portanto, as 14 empresas que existem no estado de São Paulo, pelo programa dele, serão todas privatizadas. Não está escrito no Orçamento, mas faz parte do programa de governo dele.

Portanto, Sabesp, Dersa, Prodam, Docas de São Sebastião, Companhia Metropolitana, várias outras empresas, sejam elas dependentes ou independentes, entrarão no programa de privatização.

Vai nos caber, nesta Casa, uma batalha, mas uma batalha presente, para fazer o enfrentamento. Tem gente que aparece por dez minutos, faz o discurso da revolução, mas não está presente no debate. Fico contente, Zé Américo, Enio, Beth Sahão, de andar ao lado de vocês nesta Casa, com unidade da nossa bancada, com unidade construída com o PSOL, porque todos os itens que eu citei aqui foram negociados com o PSOL.

Tenho honra, também, de andar ao lado da deputada Leci Brandão, que concordou com o encaminhamento que demos, a partir da negociação da Comissão de Finanças e da negociação da nossa líder junto comigo e com o deputado Enio Tatto. Então, a atuação de parlamento não é a atuação em que eu sou oposição e acabou. Nós somos oposição por questão ideológica, questão de não termos afinidade com esse governo que está aí, mas, na disputa do Orçamento, quando nós fazemos a nossa oposição, é exatamente para garantir itens que são demandas não da bancada do Partido dos Trabalhadores sozinha, mas da bancada do PSOL, do PCdoB e de vocês, que demandaram das três bancadas.

Esta minha fala é exatamente para dizer que, neste quarto ano de mandato, eu tenho a honra de andar ao lado da minha líder Beth. Tenho a honra de ser liderado por V. Exa. neste último ano, e não tenho dúvida de que V. Exa. não vacilou em momento nenhum. Todas as negociações, todos os itens negociados foram negociados com tensão, com oposição, com tática diferente. Não uma tática individual de uma pessoa, mas uma tática que nós acordamos na bancada do Partido dos Trabalhadores e nas bancadas do PSOL e do PCdoB.

Olhe o avanço que nós fizemos, deputado Enio Tatto. Nós acordamos e demos por lido e não discutido o relatório do Governo. Contratamos nosso voto, acordamos e demos por lido o nosso voto, e o acordo foi o seguinte: enquanto não chegar a um acordo final, não se discute a aprovação do Orçamento do Governo. Isso é que é fazer oposição, isso é que é saber fazer oposição com negociação tensional o tempo todo. No dia em que quisermos ser oposição para não negociar nada, sabe que eu faço? Se entrarem 30 projetos de deputados, eu me inscrevo nos 30 para discutir por 15 minutos cada projeto e não deixo andar esta Casa, mas isso é injusto com os deputados.

Eu, por exemplo, fiquei chateado porque o Projeto de lei nº 82 - que é um projeto do governador, não é meu - não entrou hoje na pauta. Esse projeto diz respeito à Linha Bronze, Linha 18 do ABC. O ABC tem dois milhões e oitocentos mil habitantes, com uma receita de 116 bilhões de reais em toda a sua atividade econômica das sete prefeituras. Infelizmente a operação de crédito que tinha que ser aprovada aqui para garantir mais ou menos 720 milhões não foi debatida, em função da vontade de um deputado, e eu respeitei. Ele tem acordo, nós vamos discutir e entraremos no debate em fevereiro.

Então quero só reafirmar aqui que, se existe uma oposição nesta Casa, ela está formada pela bancada do PT principalmente e pelas bancadas do PSOL e do PCdoB. Portanto, muito obrigado às três bancadas, e principalmente aos meus companheiros de PT. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar a favor, tem a palavra o nobre deputado Marco Vinholi.

 

O SR. MARCO VINHOLI - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite a todos e a todas. Já fiz minha despedida, mas agora volto a esta tribuna para falar um pouco sobre o Orçamento do estado. Estamos aqui, os guerreiros desta noite longa, noite costumeiramente longa da votação do Orçamento na Assembleia Legislativa de São Paulo. Os parlamentares se debruçaram o dia todo sobre os números, os temas e as demandas da sociedade civil, seja situação, governo ou oposição, todos buscando o melhor para o estado de São Paulo, cada um com a sua visão de estado, com suas prioridades, levando em conta as demandas apresentadas pelo seu eleitorado, pelo seu campo de atuação.

Primeiro veio uma proposta de Orçamento no dia 30 de setembro, conforme manda a Constituição do Estado, e o governador Márcio França, com a sua visão de estado, colocou ali uma série prioridades. Este é um ano diferente, um ano de eleição. O governador termina o seu mandato, entra um governador novo, então é natural que haja um grande percentual de alteração do Orçamento que veio para esta Casa no dia 30 de setembro, tendo em vista a visão diversa do próximo governador do estado.

Nesse aspecto, nós dialogamos com a transição, dialogamos com a base do governo da Casa, que também previa a manutenção de alguns programas, com a oposição, que foi contrária, na Comissão de Finanças e Orçamento, ao nosso relatório. Aí viemos dialogando em torno de uma emenda aglutinativa para poder minimamente atender as expectativas, não da bancada A, da bancada B, mas sobretudo da população do estado de São Paulo, que é representada pelos 94 deputados.

É um Orçamento de um ano em que esperamos uma retomada econômica. Estamos falando de 1,53% de crescimento, ainda tímido, mas que já representa alguma coisa. O Estado deve crescer mais do que isso. Estamos aí partindo para o 25º ano de governo do PSDB no estado de São Paulo, e temos - na maior parte desse tempo - tido um superávit aqui no estado de São Paulo e um crescimento, mesmo que pequeno. Uma inflação de 4,5%, e pode também ser um pouquinho menor, mas estamos sendo conservadores nesses números, o que é o mais correto a se fazer nesse momento, tendo em vista a agenda nacional, a reforma da Previdência, as impossibilidades que temos no País. Temos que esperar o início do ano para ver o que vai acontecer.

Estamos sendo conservadores com o estado de São Paulo, propondo alterações somente naquilo que é prioritário. É evidente que o estado de São Paulo tem mais necessidades; queremos poder arcar com aumentos em todas as áreas e ter recursos infinitos para tudo. Mas infelizmente essa não é a realidade; estamos ainda com o Estado equilibrado, uma política fiscal responsável e, dentro disso, vamos priorizar as três principais áreas do plano de governo do governador João Doria. São elas: Segurança Pública, Saúde e Educação. Segurança Pública para começar a implementação dos Baeps, dos Deics regionais. Vamos dar início também a um processo de aumento de efetivo, seja da Polícia Militar, seja da Polícia Civil, a implementação de armamento mais forte de semiblindados e de tudo aquilo que foi prerrogativa do nosso plano de governo.

Na área da Educação, as creches, e poder universalizar pouco a pouco o ensino das nossas crianças. São previstas 1.200 creches nos quatro anos de governo, e no começo do ano que vem vamos acelerar um pouquinho essa construção de creches.

E na área da Saúde, primeiro terminar os hospitais que estão em construção, importantes hospitais aqui no estado de São Paulo, como o Hospital de Caraguá, Hospital de Bebedouro, vários deles iniciados na gestão do governador Geraldo Alckmin, passando pela gestão do governador Márcio França e que devem ser finalizados na gestão do governador João Doria. Cuidando também do custeio desses novos hospitais, que tende a ser um custo importante aqui para o estado de São Paulo. Depois disso, a possibilidade de novos investimentos e também de novas parcerias com as Santas Casas aqui do estado de São Paulo, demanda de todos os parlamentares da Casa também, os programas de repasse para os hospitais filantrópicos do estado de São Paulo.

Temos várias demandas atendidas, seja no relatório, seja na emenda aglutinativa. Então, queria aqui pedir aos parlamentares presentes, preocupados com o Orçamento do estado de São Paulo, que possam aprová-lo, que foi o melhor possível de se fazer nesse momento. Foi uma emenda construída com o colegiado dos parlamentares, não de uma determinada bancada, mas da Assembleia Legislativa do estado de São Paulo, que tem a responsabilidade de tocar em frente, de ter um Orçamento o mais equilibrado possível, com ajustes pontuais e segmentados de acordo com as demandas da sociedade civil.

Esse é o meu pedido: que V. Exas. possam considerar a construção coletiva que fizemos nos últimos dias da Casa. Foi exaustivo. Já é quase uma hora da madrugada. Dialogamos a semana toda sobre isso, semana passada também, e hoje na Comissão de Finanças.

Queria saudar a oposição, a deputada Beth Sahão, o deputado Enio Tatto, o deputado Teonilio Barba, o deputado José Américo, que brigaram muito pela sua visão de Estado, e temos que respeitar a visão de V. Exas. e aquilo que pôde ser feito na emenda aglutinativa nós fizemos para atender os segmentos que V. Exas. representam, mesmo V. Exas. sendo contrários ao nosso relatório.

À bancada governista que está aqui, quero também agradecer a possibilidade de estarem a esta hora na Casa para votar e aprovar esse Orçamento. Esperamos ter, ao fim desta sessão legislativa, um grande produto para o estado de São Paulo, sobretudo para a população paulista, que espera, com grande anseio, o ano que vem.

Depois de uma grande crise passada nos últimos anos, a população brasileira e a população paulista esperam ter uma economia melhor, mais equilibrada, juros mais baixos, e ter seu poder de compra mais valorizado.

Deixo a todos o pedido de que nos acompanhem, aprovando esse relatório do Orçamento com a emenda aglutinativa que está sendo apresentada agora.

Muito obrigado, Sr. Presidente e Srs. Deputados.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar contra, tem a palavra o nobre deputado José Américo.

 

O SR. JOSÉ AMÉRICO LULA DA SILVA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Alesp, visitantes, funcionários desta Casa, venho a esta tribuna para discutir um pouco o Orçamento do estado, que vai ser votado daqui a pouco.

Esse Orçamento tem muitas lacunas. Mas, uma delas é estrutural. Se V. Exas. observarem - a assessoria do PT preparou -, o Orçamento rebaixa a alocação de recursos em todas as áreas. Em praticamente todas as áreas há uma diminuição entre oito e dez por cento. Acho que algumas exceções, talvez a Sabesp. O resto, tudo, diminui de cinco a dez por cento.

Então, pergunto-me: será que o futuro governo - que acho que já deve ter influenciado muito nesse Orçamento, que ainda era, originalmente, do governador Márcio França, mas acho que o novo governo influenciou muito, como é normal, é normal isso acontecer numa democracia -, será que há uma insegurança do governador?

Eu acho que não. Eu acho que esta insegurança revela uma vontade de que no final, nos últimos meses do ano haja sobra de recursos. Acho que a arrecadação deve se recuperar no ano que vem. Ao que tudo indica, o ano que vem será um ano de uma relativa, moderada, recuperação econômica no nosso País.

Todos os agentes, as pesquisas, os analistas, imaginam recuperação de receita. Então, tenho a impressão de que está se apostando numa sobra de receita, até para poder remanejar mais e poder fazer o que bem entende. Na verdade, o governador busca um cheque em branco fazendo esse tipo de redução.

Outra coisa é que, como ele tem um remanejamento muito grande, o que torna esse Orçamento praticamente uma peça de ficção - o remanejamento pode chegar a 40 por cento. Praticamente não tem Orçamento, porque ele pode fazer o que quiser.

Também rebaixar várias áreas é um disfarce para você rebaixar algumas. E, se você rebaixar só aquelas - quer dizer, ao se baixar a alocação de recursos, por exemplo, só na área de Transporte e Logística, abre-se o jogo de que não de vai investir em Transporte e Logística, ou que se vai investir menos.

Na área social, se forem diminuídos cinco ou dez por cento, será revelado que o Orçamento está sendo diminuído ali. Mas, se se baixa em tudo, cria-se certo disfarce: já que você pode remanejar, depois você corrige, mais para a frente.

Sinto que mais ou menos isso foi desenvolvido aqui. Queria até que o deputado Vinholi, que trabalhou bastante nesse Orçamento, estivesse aqui para ouvir essas duas coisas: a primeira, uma tentativa de se fazer sobrarem recursos no final do ano, podendo usar e abusar da verba que sobrar. Segundo: disfarçar aqueles setores em que ele quer diminuir a alocação de recursos.

Vamos falar de algumas coisas específicas desse Orçamento, onde vi problemas gravíssimos. O primeiro deles é esse que o nosso querido amigo, o deputado Teonilio Barba, apresentou: mais de 20 bilhões de reais de desoneração fiscal. Sendo que grande parte dessa desoneração fiscal é confidencial, é reservada.

Eu queria conversar com os meus pares, da bancada do PT, para irmos à Justiça e obrigarmos o Governo a dizer quem está sendo beneficiado, quais setores estão sendo beneficiados com a renúncia fiscal.

Depois dos erros cometidos pela minha presidente, Dilma Rousseff, fazendo desoneração fiscal em excesso para um setor empresarial e capitalista egoísta, oportunista e que traiu... Em alguns casos foi correto. O Governo agiu de boa fé. Exigiu a contrapartida. Esses setores, ao contrário, demitiram.

Então comecei, a partir daí, a rever a minha concepção sobre a renúncia fiscal. Renúncia fiscal é uma coisa muito peculiar de um país que está em desenvolvimento econômico. Ou que está vivendo uma crise de desemprego muito profunda. Acho que tem que haver uma situação excepcional para justificar uma quantidade muito grande de renúncia fiscal.

Aliás, o Brasil tem demais. Tinha que reduzir muito a renúncia fiscal que ainda resta em nosso País. O nosso estado, que teve uma renúncia de 10 a 12 bilhões no ano passado, agora está passando de 20 bilhões. Acho que temos que tornar isso transparente. Porque a renúncia fiscal, repito, só em situações excepcionalíssimas. Fora disso, não tem sentido.

Até porque, temos um empresariado bucaneiro, oportunista. E que, se possível, engana, disfarça e manipula. O estado define uma contrapartida e essa contrapartida não é respeitada por eles. Essa é a primeira coisa que questiono.

E eu queria deixar a proposta de que entremos com uma ação para tornar transparente essa renúncia fiscal. Que o nosso querido deputado Barba levantou e mencionou, muito bem, que parte dela é secreta.

Bucaneiro era o pirata que roubava dos piratas. Havia o pirata que, mal ou bem, no mundo do crime, era produtivo. Porque ele roubava o governo espanhol, etc. E o bucaneiro roubava o pirata. Seria, no reino animal, alguma coisa parecida com o chupim, aquele passarinho que choca no ninho dos outros.

No estado de São Paulo temos uma rede ferroviária urbana, em São Paulo e na Grande São Paulo, na CPTM, absolutamente sucateada. Os trens estão sendo modernizados. Muitos deles são novos. Mas os trilhos... Os trilhos estão cada vez piores. Há aquela coisa do marketing. Olha-se aquele trem novinho. Mas o trem novinho, em 49 pontos, tem que andar mais devagar. Teríamos 20 ou 30 quilômetros a mais, na velocidade rodante, na cidade de São Paulo, se não tivéssemos esses pontos de estrangulamento.

Que é o quê? É aquele pedaço de Mauá, Santo André, o centro de Mauá, aquela região de Capuava, onde os trilhos estão praticamente pulando do chão. O maquinista tem que andar devagar. Ou aquele trecho que vai de Francisco Morato até Jundiaí. Deputada Beth, V. Exa. não pode imaginar o que é esse trecho. Eu estive nesse trecho algumas vezes. Nesse trecho, o trem, não mais do que de repente, reduz a velocidade de 60 para 20 quilômetros por hora. Ele vai e para. Por que isso? Isso é sinal de que os trilhos estão deteriorados, os dormentes estão arrebentados. O chão, o piso, há muito tempo que não é ressocado. Então, volta e meia, há solapamento no trilho. Se os maquinistas não andassem a 20 por hora, haveria descarrilamentos. Em alguns momentos, quando os maquinistas eventualmente não fizeram isso, houve descarrilamento, inclusive com mortes de pessoas, como aconteceu no Jaraguá, na região de Pirituba, há cerca de dez anos.

Há um ano e meio, houve descarrilamento em Baltazar Fidélis de um trem de carga. Foi gravíssimo. Como ele praticamente não carregava ninguém, não houve morte de pessoas, mas poderia ter havido. Então, temos 49 pontos como esses que citei, de Baltazar Fidélis e de Capuava. Posso citar outras regiões de São Paulo.

Então, não tem dinheiro para recuperar a CPTM. Se a CPTM fosse recuperada, poderíamos aumentar a velocidade e a frequência dos trens. As viagens ficariam mais rápidas. O trem poderia se transformar em um modal de transporte eficaz, substitutivo do metrô em algumas regiões de São Paulo e com certa vantagem: ele é mais rápido de construir e mais barato. Então, em alguns casos, o modal do trem poderia ser uma alternativa. Não é, pois a nossa ferrovia urbana, supervisionada e controlada pela CPTM, está uma sucata.

Em Logística e Transporte, a redução foi de quase 10 por cento. Isso significa que o abandono da CPTM vai continuar e se aprofundar, pois esse eu não acho que seja fake. Outros abandonos são fake, mas esse não é fake, esse é para valer, pois esse envolve o povo. Então, tanto faz colocar a sucata para andar, pois não estão nem aí com o conforto do povo.

No caso do metrô, onde também há redução, temos um caso de altíssima gravidade, que é a Linha 6 - Laranja, que supostamente ligaria - hoje vou falar “supostamente” - São Joaquim com a Vila Brasilândia. São 13 quilômetros de linha de metrô.

Houve uma parceria público-privada, muito gambiarrada, muito improvisada, bem ao estilo do Geraldo Alckmin. O Adhemarzinho passou lá; não deu nada, mas o Adhemarzinho estava de olho. Foi bem ao estilo do Geraldo Alckmin. A parceria público-privada não deu certo. A Odebrecht ganhou a concorrência e depois não conseguiu dinheiro para financiar a sua parte. O estado de São Paulo investiu dois bilhões de reais. Temos obras abandonadas nessa região. Temos aproximadamente 900 milhões de reais de desapropriação. Isso nós não vamos perder, mas temos quase 800 milhões de obras que, a partir do momento em que a licitação atrasar mais ainda, vamos perder. Corremos o risco de perder essas obras.

Ontem, finalmente, foi anunciada com atraso de praticamente três anos a caducidade da parceria público-privada. Já que a Odebrecht não pode fazer, decretaram que a parceria público-privada, aquela concorrência, não vale mais. Mas levaram três anos para fazer isso. A Odebrecht disse que não ia fazer em 2016. Esperaram o ano inteiro. Em 2017, também esperaram parte do ano. Depois, inventaram que havia uma empresa chinesa interessada no negócio, que ia comprar da Odebrecht o negócio. Era papagaiada; era uma empresa “fake”. Não apareceu a empresa chinesa, e só agora foi decretada a caducidade, com atraso de praticamente três anos.

O estado de São Paulo vai perder dinheiro lá. E nós não temos investimento para essa nova licitação. Então, imagino que o novo governo não está pensando em fazer essa nova licitação tão cedo. E nós, que lutamos pelo metrô da Brasilândia, vamos continuar esperando. Foram 20 anos. Infelizmente, somaram-se a esses 20 mais três. E infelizmente vamos ter mais três ou quatro anos de espera para começar a obra. Queria deixar o meu protesto com relação a isso.

Existem outros aspectos do Orçamento, que não vai dar tempo de falar. Um deles é o Hospital Universitário, que teve uma redução do investimento: caiu de 416 milhões para 300 e pouco. Perdeu 80 milhões. Ou seja, praticamente decretou-se o fim do Hospital Universitário. Tenho dito. Muito obrigado, Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para discutir a favor, tem a palavra o nobre deputado Cássio Navarro.

 

O SR. CÁSSIO NAVARRO - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público que está presente nesta sessão da Assembleia Legislativa e toda a assessoria. Não é boa noite; é boa madrugada já.

Mais um ano em que temos uma longa discussão sobre a questão do Orçamento do estado de São Paulo. Afinal, essa peça vai nortear todas as ações das secretarias; é todo um movimento que esse novo governo vai buscar realizar. E, sem dúvida, buscando uma forma mais efetiva, que atenda melhor à sociedade. Já tive a oportunidade, em outros momentos, de participar de discussões como essa.

Embora alguns que nos assistem neste momento achem que, por entrarmos nesta madrugada, estamos prolongando bastante os trabalhos, posso dizer que nós já tivemos discussões de Orçamento, aqui, que vararam a madrugada. Lembro bem, deputado Barros Munhoz, que tivemos, na sua presidência ainda, uma discussão em que varamos a madrugada, chegamos a até quase sete horas da manhã discutindo o Orçamento. Isso mostra a tamanha importância de que todos os parlamentares participem e discutam, neste momento, tudo aquilo que vai ser definido para o próximo ano.

Afinal, neste ano em particular, tivemos uma eleição. Sai um governador que mandou para esta Casa a Peça Orçamentária, em setembro ainda, fazendo aquilo que é de sua obrigação. Mas, como agora temos um novo governador que foi eleito, ele fez algumas modificações, o que é natural, acontece a todo momento. E essas alterações tiveram que ser rapidamente compreendidas por todos os deputados. Afinal, se não tivéssemos tido essa mudança de governo, teríamos de setembro até a última sessão para entrarmos no recesso parlamentar; teríamos a oportunidade de discutir uma peça única.

Mas tivemos esse momento em que mudaram algumas informações, então precisamos reavaliar. E cada bancada, cada parlamentar teve a oportunidade de mostrar as carências, as necessidades de investimentos em áreas que ele tem por sua obrigação, afinal, representa uma região, um município, com quem tem compromisso e tem que atender. E essa é a hora de fazer, através do Orçamento.

Quero parabenizar cada deputado que fez parte deste evento, mostrando essas necessidades. Eu já tive oportunidade, por algumas vezes, de fazer parte da Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento. Neste ano não fiz parte da comissão, mas não deixei de participar também, mostrando toda a necessidade que existia, de investimentos importantes, nas áreas que são prioritárias no nosso governo, que é na área de Saúde, Segurança e Educação.

Para minha região, a Baixada Santista, sempre pude encaminhar e fazer o pedido também, em questões específicas, seja na mobilidade, na Saúde regional. Isso tudo, sem dúvida, tem que ser apresentado junto à peça orçamentária, para que possa servir como base para o governo poder fazer os investimentos.

Para quem não conhece, e está nos acompanhando, é o modelo que temos, que funciona em todas as esferas, e elas se comunicam. Temos também o Orçamento dos municípios, o Orçamento do estado e o Orçamento da União, que é tripartido. Esse é o pacto federativo que determina, e cada ente federativo tem que fazer a sua parte, a sua função, para que de fato os recursos possam ser divididos da melhor forma, para atender o seu público, que o ajudou a eleger, a colocá-lo na Assembleia Legislativa, para fazer essa função de defendê-lo.

Tenho muita convicção de que essa peça enviada pelo governador Márcio França sofreu algumas interferências, algumas modificações indicadas pelos senhores parlamentares, mas também recebeu, sem dúvida, um pedido. E acredito que isso foi possível, afinal temos um governo de transição, pedindo também para poder complementar algumas áreas essenciais a um plano de governo.

É um governo que vem se demonstrando bastante sério. João Doria vem mostrando a qualidade do seu secretariado. Temos observado - e fico muito contente, por estar aqui no meu segundo mandato de deputado estadual - que o governador João Doria vem dando oportunidade para que deputados estaduais, que já têm essa experiência, possam participar de seu secretariado, dando uma sensação, para nós, parlamentares, de que estamos sendo representados junto ao governo.

Quero parabenizar a grande deputada Célia Leão, professora de grande parte dos deputados que participaram desta Casa. Quero parabenizar também nosso grande companheiro, líder do meu partido, o PSDB, na Casa, nobre deputado Marco Vinholi, que chegou mostrando uma grande liderança no meio do mandato, e não tenho dúvida de que fará um grande trabalho junto ao secretariado de João Doria.

Essa equipe que faz parte da Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento, aqui na Assembleia Legislativa, sem dúvida fez o seu trabalho. Para quem pensa que as coisas aconteceram com muita tranquilidade, é porque não acompanhou muito as sessões.

Quero parabenizar o pulso firme que teve o presidente da Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento, Wellington Moura, que está aqui presente, porque sem dúvida seu trabalho foi fruto de suas atividades, assim como dos membros da comissão, que se debruçaram para que isso tudo fosse possível acontecer da melhor forma, contemplando todos os deputados.

Quero agradecer pela oportunidade de mais uma vez estar aqui com vocês, na Assembleia Legislativa. Tenho certeza de que no ano que vem teremos muitas novidades, pois vamos ter um Parlamento novo. Eu completo o meu segundo mandato. No ano que vem não estarei mais nesta Casa, mas continuarei sempre participando e atento a tudo aquilo que acontece junto a este Parlamento, afinal aqui sempre temos a satisfação de fazer grandes amigos e a participação que eu tive aqui em todos os momentos sempre foram fantásticas.

Desde o início da minha vida política, quando iniciei ainda na juventude do PSDB, lembro muito bem que tinha um jovem também na juventude do PSDB, que vinha ali caminhando no início da vida pública e hoje está nos abrilhantando na Assembleia Legislativa como presidente desta Casa, a quem eu parabenizo, nobre deputado Cauê Macris, levando o seu nome, dando continuidade ao trabalho que já vem há longo tempo na vida pública sendo realizado pelo seu pai.

Não tenho dúvida que essa nova geração de políticos vem contribuindo junto com todos os políticos que fizeram e fazem ainda um grande trabalho no nosso estado para que possamos cada vez construir um estado melhor, ajudando o nosso País. Afinal, a população mostrou nos últimos anos uma insatisfação com muitas questões que vem acontecendo no nosso País.

A reclamação era muito grande e só não enxergou quem não quis. Foram movimentos nas ruas buscando sempre uma questão nova que pudesse de fato causar uma transformação, e esse novo ano tem essas perspectivas positivas. Uma economia que já mostra sinais de melhora e que tem a possibilidade de que possamos, a partir do ano que vem, construir um País melhor. Mas através de um estado, deste estado, que é o maior estado do nosso País, é a segunda maior economia do nosso País, só perde para a União, e não tenho dúvida que a mola propulsora para o nosso País é o estado de São Paulo.

Por isso que tenho certeza de que com o trabalho que cada um fez participando efetivamente, contribuindo junto à Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento para poder elaborar este Orçamento que estará contribuindo e ajudando o nosso País para que de fato possamos estar contribuindo para a retomada do desenvolvimento como um todo. Isso só vai ser possível se tivermos pessoas que tenham o compromisso real de trabalho.

Por isso quero agradecer a oportunidade de ter feito isso com cada um de vocês aqui para que possamos continuar acreditando e fazendo um estado melhor e ajudando um País melhor.

Muito obrigado pela oportunidade.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para discutir a favor, tem a palavra o nobre deputado Gilmar Gimenes. (S. Exa. desiste da palavra.) Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão.

Em votação. Há sobre a mesa emenda aglutinativa com o número regimental de assinaturas dos Srs. Líderes. Esta Presidência, nos termos do Art. 175, parágrafo primeiro, do Regimento Interno, consulta se os líderes presentes concordam em dar conhecimento e colocar em votação a emenda aglutinativa.

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão da sessão por cinco minutos para tomarmos conhecimento da emenda.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pela nobre deputada Beth Sahão e suspende a sessão por cinco minutos.

Está suspensa a sessão.

 

* * *

 

- Suspensa à 1 hora e 19 minutos, a sessão é reaberta à 1 hora e 20 minutos, sob a Presidência do Sr. Cauê Macris.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Em votação. Os Srs. Líderes que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Havendo anuência das lideranças, deixo de ler a emenda, porque já é de conhecimento do Plenário.

Há sobre a mesa requerimento de método de votação:

Item 1 - Projeto de lei nº 615, de 2018, salvo emendas e subemendas.

Item 2 - Emenda aglutinativa.

Item 3 - Subemendas nºs 1, 2, 3, 4 e 5, apresentadas pela Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento.

Item 4 - Emendas A e B, apresentadas pela Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento.

Item 5 - Subemendas nºs 6, 7, 8 e 9, apresentadas pela Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento.

Item 6 - Demais emendas, englobadamente.

Em votação o requerimento.

 

O SR. ENIO LULA TATTO - PT - Sr. Presidente, peço a palavra para encaminhar a votação.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para encaminhar a votação, tem a palavra o nobre deputado Enio Lula Tatto.

 

O SR. ENIO LULA TATTO - PT – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos assiste, chegamos ao momento de votar. Eu sempre falo que, dentre muitas leis que aprovamos na Assembleia Legislativa - ontem e hoje votamos leis importantes, principalmente leis de deputados -, o Orçamento é a lei que aprovamos todos os anos, que mexe com a vida de cada cidadão do estado de São Paulo, porque mexe com todas as áreas do estado.

 

* * *

 

 - Assume a Presidência o Sr. Cezinha de Madureira.

 

* * *

 

Queria dizer, deputado Barba, meu colega de bancada na Comissão de Finanças e Orçamento, que eu não vou perder tempo em questionar método de oposição, porque quando começamos a falar muito, que determinada pessoa, determinado partido faz oposição, outro faz de outra forma, começamos a querer a dar aula de oposição, nos esquecemos de discutir aquilo que interessa ao povo, que é o Orçamento. Nós nos esquecemos de apontar erros, deficiências e injustiças do Governo, do Executivo, dentro do Orçamento, que é isso que interessa à população.

 Quando vamos discutir o Orçamento, temos que lembrar também que hoje estamos discutindo a parte final - vai aprovar - de uma longa jornada. Por exemplo, as 17 audiências públicas feitas pela Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento, presidida pelo deputado Wellington Moura, que nós fizemos no estado de São Paulo todo e que terminou com uma, semana passada, aqui na Assembleia Legislativa. Por que essas audiências públicas são importantes? Porque é o momento do prefeito, do vereador, dos sindicatos, da sociedade civil organizada opinarem, reivindicarem, exigirem. E nós fizemos esse trabalho. Foi um trabalho em que foi ouvida parte da população. Foi o único momento em que nós tivemos oportunidade, realmente, de ouvi-los.

Para discutir o Orçamento, precisamos colocar o que é o Orçamento do estado de São Paulo em termos de receita. O Orçamento de 2018, que está terminando, foi um orçamento estimado em 216,9 bilhões. Só perde para a União. Este ano a previsão é de arrecadar pelo menos 1 bilhão e 600 a mais. O que está previsto para 2019, mandado pelo governador em 30 de setembro, é um orçamento de 230 bilhões, 13,09 bilhões a mais, ou 6,03% a mais. Então é muito dinheiro. O que precisa é ser mais bem dividido pela população, atender aqueles que mais precisam no estado de São Paulo.

Eu queria entrar justamente naquilo que faz com que a gente vote contra, a bancada do PT vote contra, porque a gente não concorda com a forma como foi distribuído o dinheiro para o Orçamento de 2019. Eu começaria em um item. Eu queria também fazer uma colocação, que é a questão da Defensoria Pública, que, em relação a 2018, perdeu 20 milhões. O dinheiro da Defensoria Pública não é lá essas coisas, é pouco. Isso prova, e vem ao encontro, com a política do Governo do Estado de São Paulo do PSDB, o porquê nós não votamos o PL 49, hoje, que é da Defensoria Pública. Além disso, tiramos dinheiro do Orçamento de 20 milhões porque não é prioridade pra o Governo do Estado de São Paulo. A Defensoria Pública, todo mundo sabe, que é quem faz uma prestação, uma assessoria jurídica para a população mais pobre, mais necessitada do estado de São Paulo, aqueles que não têm dinheiro para contratar um advogado, um escritório de advocacia para defendê-los quando precisam.

Outro item que eu queria questionar aqui é que neste ano, na pasta do Tribunal de Justiça, são tirados 534 milhões também. E você sabe que quando se tira dinheiro, a Justiça tarda, mexe principalmente com as pessoas mais pobres, mais necessitadas do estado de São Paulo.

Então, não dá para concordar que você tire dinheiro da Justiça. Você está tirando dinheiro também de uma área, e nós terminamos a campanha eleitoral em que todos os candidatos falaram que o futuro de uma nação é a Educação. Pois bem, o Governo do PSDB no estado de São Paulo, na situação que nós estamos vivendo com a Educação, está tirando 541 milhões da Educação em relação a 2018, que já era pouco, deputado Carlos Giannazi. Então, não dá para aceitar esse tipo de coisa. Ou seja, você tirar dinheiro da Educação, mesmo prevendo uma receita maior no próximo ano.

Outra área que perde dinheiro em relação a 2018 é a área da Saúde, e a Saúde também é um dos itens mais discutidos, que a população mais reclama e mais sofre. Pois bem, na área da Saúde está se diminuindo 745 milhões em relação ao Orçamento de 2018.

Na Secretaria de Segurança Pública, deputado Barba, meu colega que fez um belo de um pronunciamento aqui, que tanto foi falada durante a campanha eleitoral, parece que o governo João Doria vai resolver o problema da criminalidade do estado de São Paulo - o Governo tira 712 milhões. Portanto, todas aquelas promessas de bases, de aumentar efetivo, de contratações, como é que você vai fazer isso, deputado Delegado Olim, tirando 712 milhões em relação ao ano passado? Você deveria aumentar e não tirar. Outra área importantíssima é a Secretaria de Transportes Metropolitanos. Eu sempre falo aqui que, de manhã, quando você liga o rádio, lê o jornal, assiste à televisão, percebe que não há um só dia em que não tenhamos problemas na questão do transporte: os ônibus, principalmente no metrô e na CPTM ocorrem problemas. Todos os dias há problemas. Todos os dias a população sofrendo devido a problemas nesses meios de transporte urbano. Além da superlotação, temos o problema de quebras por falta de manutenção. Pois bem, nessa área está batendo recorde: o Governo está tirando um bilhão e 500 milhões, em relação a 2018.

Então, vai piorar o transporte metropolitano aqui no estado de São Paulo e quem vai pagar com isso é a população mais pobre.

Outra área que é inadmissível, não dá para aceitar no Orçamento, mais uma vez o Governo mexe, e negativamente, na Secretaria da Habitação. Casas populares, casas para a população, pessoas que mais necessitam. São pessoas que estão morando na rua, debaixo dos viadutos, na beira dos córregos, ocupando mananciais e que infelizmente têm que fazer isso. Por quê? Porque o Governo tira 179 milhões da Secretaria da Habitação. Portanto, se já estava construindo poucas casas para a população mais necessitada, imagina tirando dinheiro em relação a 2018.

Outra área a que eu quero chamar a atenção, e onde está diminuindo também o dinheiro, é a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, deputado. Quando você tira dinheiro da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, certamente você não está tirando dinheiro do agronegócio, dos usineiros, você está tirando dinheiro do agronegócio, dos usineiros. Você está tirando dinheiro da agricultura familiar, do pequeno produtor, tirando linhas de crédito, você está tirando dinheiro daquele que produz aquela comida que nós comemos todo dia, que chega a nossa mesa, é o arroz, o feijão, é isso, e eles estão mexendo nessa secretaria, diminuindo em 356 milhões.

Então, infelizmente, é lamentável que o Governo mexa naquelas áreas mais essenciais para a população do estado de São Paulo, e a população mais carente. No relatório do deputado Vinholi, ele tentou melhorar, nós percebemos, mas não adianta. Eu sempre falo que o relator trabalha não de acordo com aquilo que ele ouve nas audiências públicas, aquilo que é discutido com os parlamentares, mas sim aquilo que é sinalizado pelo governador do estado.

Infelizmente, pediram para não mexer. Ele mexeu em dois bilhões, mas cobriu um santo e descobriu o outro, porque nesses dois bilhões ele não mexeu na receita que pode ser mexida, ele não mexeu nas desonerações em que poderia mexer, deixou de rever as desonerações. Ele simplesmente remanejou, tirando de outras pastas, principalmente da área social.

Então, por isso, para finalizar, porque o tempo terminou, para concluir, é impossível votarmos favoravelmente. Fizemos um voto em separado, apresentamos emendas em todas as áreas, para repor o dinheiro nessas áreas que eu coloquei aqui, para tentar avançar na questão do Iamspe, que é um problema sério, tentar avançar nas questões do Centro Paula Souza, que é importantíssimo, as Fates e Etecs, e nas universidades.

Infelizmente, os avanços foram poucos, aqueles avanços que o deputado Barba já colocou aqui, que foram dez milhões no Proac, 30 milhões no Iamspe, dez milhões a mais na Justiça, no Itesp e no Hospital Universitário, que é um absurdo tirar dinheiro de lá.

No HU, colocamos 40 milhões. Por isso, vamos votar contra parecer e o relatório e a emenda aglutinativa do relator Marco Vinholi e apresentar o nosso voto em separado.

Era isso, Sr. Presidente.

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - Sr. Presidente, peço a palavra para encaminhar a votação pela liderança do PT.

 

O SR. PRESIDENTE - CEZINHA DE MADUREIRA - PSD - Para encaminhar a votação pela liderança do PT, tem a palavra a nobre deputada Beth Lula Sahão.

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO - PT – SEM REVISÃO DO ORADOR - Primeiramente, quero cumprimentar os meus pares, deputado José Américo, deputado Barba, deputado Enio, que ocuparam esta tribuna e fizeram observações importantíssimas em relação ao Orçamento.

Quando discutimos o Orçamento - já fazemos isso há muitos anos - a nossa bancada, a bancada do Partido dos Trabalhadores, é a que mais apresenta emendas ao Orçamento. São centenas delas, em todas as áreas, em todos os pontos. Emendas que são feitas de forma criteriosa, muito bem elaboradas, de forma competente, bastante discutidas com todos nós.

Nós sentimos, porque, infelizmente, a maioria delas é rejeitada. São emendas não aprovadas, e essas emendas, na verdade, visam o aprimoramento do Orçamento, o aprimoramento de vários pontos do Orçamento, que objetivam a melhoria da qualidade de vida da população, a melhoria dos serviços públicos prestados para a população, mas não é isso o que observamos, infelizmente.

Olha, deu muito trabalho para conseguirmos alguns pequenos avanços em áreas que são importantíssimas, como, por exemplo, habitação e moradia popular, 25 milhões. Porém, se você levar em conta o que são 25 milhões para a moradia, não dá para construir 50 unidades habitacionais. É muito pouco, mas ainda assim conseguimos isso, quem sabe para ser utilizado em aluguel social, em melhoria das habitações da CDHU, principalmente as mais antigas, que estão caindo aos pedaços.

A CDHU também não cumpre em nada as suas metas para poder fazer as suas construções necessárias para a população de baixa renda. Com isso, você tem uma crise instalada nessa área de moradia popular no estado de São Paulo, sobretudo na Capital e na região metropolitana.

Da mesma forma, não foram atendidas as demandas das universidades públicas, da USP, Unesp, Unicamp e da Fundação Paula Souza. Todas elas tiveram cortes nos investimentos, cortes que certamente irão afetar a qualidade do ensino, que corre o risco de perder profissionais extremamente gabaritados e preparados para produzir o conhecimento tão necessário ao desenvolvimento deste estado.

São universidades onde se produz a ciência, são centros de excelência. Anualmente, nos sucessivos governos do PSDB, elas vêm perdendo investimentos, perdendo espaço, ficam sempre com o pires na mão, nesta Casa, tentando melhorar o seu Orçamento. Não conseguimos absolutamente nada, 9,57 por cento. Sugerimos ao relator o aumento de 0,01%, de 9,57 para 9,58 por cento. Nem isso foi possível de se obter para as universidades.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Cauê Macris.

 

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Digo o mesmo em relação ao Iamspe, que os trabalhadores pagam 2%, e o governo não cumpre com a sua quota-parte. Essa diferença é profunda. O governo paga em torno de 30% da contribuição em relação ao que os trabalhadores recolhem. O que acontece?

Acontece que o Iamspe está caindo aos pedaços. Os médicos estão se descredenciando, o Iamspe deve para uma série de hospitais no interior do Estado, e o servidor público fica sem atendimento. Recolhe, paga e não consegue ser atendido, não consegue ter um serviço de Saúde minimamente razoável. Esses serviços de Saúde e esses serviços de Educação perdem ainda mais por conta da renúncia fiscal do governo, das desonerações.

Essas desonerações são uma caixa-preta, como disse deputado José Américo. O governo não esclarece qual o percentual que é desonerado, quem é que recebe esses favores e quais empresas recebem essa generosidade do governo. E mais, o cálculo que se faz para poder destinar os recursos para a Educação e para a Saúde não levam em conta, infelizmente, esse valor de aproximadamente de 20 bilhões de reais.

Vinte bilhões é dinheiro, daria para melhorar bastante o oferecimento de programas na área da Educação, a melhoria das nossas escolas públicas, a melhoria dos salários dos nossos educadores e de outros profissionais da Educação, como também poderia melhorar muito a Saúde neste Estado. Diga-se de passagem, hoje a Saúde - quase toda ela - está na mão de setores privados, na mão de organizações sociais. São elas que mandam na Saúde no estado.

O Estado se desobrigou de oferecer um atendimento de qualidade que permitiria às pessoas ter uma condição de saúde minimamente digna aqui no estado de São Paulo. O deputado José Américo também coloca que nós vamos entrar na Justiça, e vamos mesmo entrar na Justiça para abrir essa caixa-preta das desonerações, porque nós queremos saber.

O governo alega sigilo, mas que sigilo é esse que você faz com dinheiro público?  Com dinheiro público não tem que ter sigilo. Sigilo, você pode até fazer quando o dinheiro é seu, quando o dinheiro não é seu, você tem a obrigação de dar transparência para esses gastos. Onde eles estão sendo aplicados? Quanto de receita o governo está perdendo?

O governo já comete uma série de erros na aplicação dos seus recursos, como, por exemplo, utilizar os recursos da Educação para pagar a previdência dos seus trabalhadores. Isso já foi, inclusive, recomendado pelo Tribunal de Contas. E vão milhões ao ano, é um ralo sem fim. Se esse dinheiro puder ser canalizado para a melhoria das condições educacionais nós, certamente, teríamos um avanço em relação à Educação Pública no estado de São Paulo.

Então, não temos muito que comemorar, aliás, não temos nada a comemorar. O que discutimos com o relator não foi nem 10% do que estávamos solicitando, havia uma solicitação muito maior do que essa. Por isso mesmo vamos apresentar uma declaração de voto em separado justificando a não aprovação da bancada do Partido dos Trabalhadores a esse relatório que está sendo apresentado e votado na noite de hoje. Na noite não, na madrugada, porque já são quase duas horas da manhã.

Faremos isso para, justamente, dar argumentos para o nosso posicionamento, para o posicionamento da bancada do Partido dos Trabalhadores. Não seremos coniventes com esse tipo de orçamento e de resultado que foram apresentados nesta Casa. Essa é uma das últimas peças que vamos votar neste ano, mas o fazemos com consciência, fazemos o voto em separado e desaprovando esse orçamento, porque temos consciência do nosso papel de oposição.

Somos uma oposição aguerrida, responsável, que não admite que venha gente ocupar esta tribuna e dizer que não fazemos oposição aqui. Fazemos oposição, mas a diferença é que temos maturidade e responsabilidade para fazer a oposição. Já travamos diversas, dezenas, centenas de vezes o andamento desta Casa, e travamos com a consciência de saber o que estávamos fazendo, aonde queríamos chegar.

O fruto desses embates nos deu, muitas vezes, vitórias importantíssimas em vários aspectos no que diz respeito à melhoria de vida de todo o povo paulista.

Para finalizar, quero dizer que vamos continuar atentos, aqui, enquanto a maior bancada de oposição, ao lado do PSOL e do PCdoB. Estamos cada vez mais unidos no que consideramos ser o nosso principal papel, ou seja, a defesa intransigente da melhoria de vida, das condições e dos anseios de toda a população paulista, em especial da população mais fragilizada, da população que mais precisa do braço e do papel do estado. Que esse papel não seja reduzido e que esse estado não sofra desmontes, como vem sofrendo ao longo dos sucessivos governos do PSDB.

É isso por enquanto, em momento oportuno iremos encaminhar à Mesa o voto em separado da bancada do partido dos trabalhadores.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, peço a palavra para encaminhar a votação pela liderança do PSOL.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para encaminhar a votação pela liderança do PSOL, tem a palavra o nobre deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, volto a esta tribuna nesta madrugada para encaminhar contrariamente à aprovação do orçamento do estado de São Paulo para o ano de 2019.

Há uma previsão, na peça orçamentária, de aproximadamente 229 bilhões de reais, é o segundo orçamento do Brasil, só perdemos para o da União, o do estado de São Paulo vem logo em seguida.

No entanto, mais uma vez, a história se repete. Todo o orçamento aprovado na Assembleia Legislativa é antipopular e antidemocrático. Antidemocrático porque ele não acata as emendas e nem as reivindicações apresentadas pela população, que são debatidas inclusive em audiências públicas.

Há uma cultura de debater o Orçamento em várias regiões do estado, mas me parece que é um debate só para inglês ver, para dizer que é um processo democrático de acolhimento das sugestões da população. Na prática, quando o Orçamento é construído, quando ele é aprovado, ele não incorpora, ele não abarca as necessidades e os interesses da população. Ele é antipopular, porque não está a serviço das áreas sociais.

Os colegas que me antecederam nesta tribuna colocaram claramente a diminuição do investimento em várias áreas - na Educação, na Saúde, na área do Transporte, na área da Assistência Social, na área da Cultura. Nós tivemos uma redução no Orçamento, principalmente nessas áreas, e um aumento na política de desoneração que vai beneficiar empresas, muitas delas devedoras do fisco estadual.

Lembro que o deputado Barros Munhoz trouxe a lista no ano passado, se não me engano da PGE, da Procuradoria Geral do Estado, com os 100 maiores devedores do estado, da dívida ativa que gira em torno de 78 bilhões de reais. Grandes empresas são devedoras do fisco estadual e têm as famosas isenções fiscais. Para este ano, nós vamos ter uma isenção de 23 bilhões de reais, dinheiro que faz falta na Educação Básica, no Ensino Fundamental, no Ensino Médio, nas nossas universidades - na USP, na Unicamp, na Unesp e no Centro Paula Souza, que oferece educação técnica e tecnológica e também tem poucos recursos.

Temos assistido à precarização das nossas Etecs e das nossas Fatecs em todo o estado de São Paulo, então é um absurdo que isso esteja acontecendo, que esse Orçamento seja antidemocrático, antipopular, que não canalize de fato os recursos arrecadados para as áreas sociais. Nós fizemos várias emendas, apresentamos várias sugestões, mas, por exemplo, na questão do Iamspe, que é uma área que nós acompanhamos bastante, o Iamspe está sucateado, degradado por falta de financiamento.

O governo não financia adequadamente - nem minimamente eu diria - o Iamspe, por isso ele está totalmente degradado, com falta de médicos, com falta de funcionários, com falta de estrutura material. Faltam remédios, temos poucos convênios com clínicas e Santas Casas. O Iamspe sempre trabalha no limite, de uma forma extremamente deficitária, porque não tem financiamento. A nossa grande reivindicação apresentada nesse debate foi a contrapartida. Se o servidor público tem desconto de 2% no seu holerite, o estado teria que também fazer a contrapartida de 2%, e isso não acontece. Isso é uma das causas do sucateamento do Iamspe.

As nossas propostas não foram acatadas na peça orçamentária, e o mesmo aconteceu em relação à Educação. Nós apresentamos várias propostas que não foram acatadas, como a questão da transformação das escolas de lata da Rede Estadual, que são mais de 100, em escolas de alvenaria. Dizem que não há dinheiro para isso, no entanto a FDE, que é a Fundação para o Desenvolvimento do Ensino, constantemente é denunciada em casos de pagamento de propina, superfaturamento de obras e improbidade administrativa. Inclusive uma CPI foi instaurada, mas não funcionou, porque o governo boicotou o funcionamento da CPI da FDE e de várias outras áreas.

Nós estávamos aqui debatendo a questão da Defensoria Pública, e nosso mandato apresentou emendas para aumentar os recursos da Defensoria Pública.

Apresentamos emendas para os servidores do Judiciário para aumentar, sobretudo, os salários. Que o Tribunal de Justiça tenha recursos para fazer a chamada dos escreventes aprovados. Apresentamos emendas para o Ministério Público com o mesmo objetivo, para a valorização dos servidores. Apresentamos emendas para a Fundação Casa para o pagamento das 30 horas, para a redução da jornada de trabalho. Enfim, o nosso mandato atuou em quase todas as áreas, apresentando emendas, e vários mandatos fizeram o mesmo, os movimentos sociais em várias regiões do interior paulista, na grande São Paulo, na Baixada Santista e aqui na capital. O fato é que o Orçamento está direcionado para contemplar os interesses, logicamente do governo e do poder econômico.

Eu temo, porque o ex-prefeito Doria, agora governador, já mostrou a que veio. Ele foi prefeito de São Paulo por pouco tempo, mas congelou investimentos. Diminuiu em quase pela metade o orçamento da Cultura, reduziu drasticamente o orçamento da Educação, inclusive acabando com programas importantes, como o Leve Leite. Diminuiu o transporte escolar, diminuiu os módulos de professores das escolas municipais, fechou brinquedotecas, salas de leitura, salas de informática na Educação infantil da rede municipal, cortes orçamentários nas áreas sociais. Foi uma marca do ex-prefeito Doria na capital.

Citei esses fatos porque sou da capital, meu mandato atua muito aqui e nós acompanhamos o tempo todo. E ele, com certeza, vai implantar o mesmo sistema de governo, fazendo ajuste fiscal contra as áreas sociais e reduzindo o orçamento dessas áreas, sobretudo da Educação, da Saúde, da Assistência, da Cultura, do Transporte público. Não tenho dúvidas, porque ele vai repetir o mesmo comportamento que teve na Prefeitura de São Paulo.

Mas nós estaremos aqui para fiscalizar, para denunciar, para organizar a população a cobrar investimento nas áreas sociais.

Por tudo isso é que eu quero dizer que a bancada do PSOL vota contrariamente. Nosso voto é não a esse Orçamento antipopular e antidemocrático.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO – PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos por três minutos, para conferirmos a emenda aglutinativa.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Perfeito. Mas antes gostaria de fazer a votação do método de votação e do projeto de lei, esse já de conhecimento de todos.

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO – PT - Pois não, de acordo.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Em votação o método de votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Item 1 - Em votação o Projeto de lei nº 615, de 2018, salvo emendas e subemendas. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO – PT - Sr. Presidente, quero declarar voto contrário da bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Está registrada a declaração de voto da bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, quero declarar voto contrário da  bancada do PSOL.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Está registrada a declaração de voto da bancada do PSOL.

Como o Item 2 trata da emenda aglutinativa, neste momento suspendemos os nossos trabalhos por três minutos para que todos tomem conhecimento da emenda aglutinativa.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa à 1 hora e 54 minutos, a sessão é reaberta à 1 hora e 59 minutos, sob a Presidência do Sr. Cauê Macris.

 

* * *

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos por dois minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pela nobre deputada Beth Lula Sahão e suspende a sessão por dois minutos.

Está suspensa a sessão.

 

* * *

 

- Suspensa à 1 hora e 59 minutos, a sessão é reaberta às 02 horas e 04 minutos, sob a Presidência do Sr. Cauê Macris.

 

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O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Item nº 2 do método de votação. Emenda aglutinativa.

Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovada.

Item nº 3 do método de votação. Subemendas nºs 1, 2, 3, 4 e 5, apresentadas pela Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento.

Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovadas.

Item nº 4 do método de votação. Emendas A e B, apresentadas pela Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento.

Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovadas.

Item nº 5 do método de votação. Subemendas nºs 6, 7, 8 e 9, apresentadas pela Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento.

 Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem contrários permaneçam como se encontram. (Pausa.) Rejeitadas.

Item nº 6 do método de votação.  Demais emendas, englobadamente.

Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que forem contrários permaneçam como se encontram. (Pausa.) Rejeitadas.

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - Sr. Presidente, declaro voto contrário ao projeto e favorável às nossas emendas, lembrando que nossa bancada protocolou o voto por escrito, nosso voto contrário e o voto em separado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Fica registrado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, quero declarar voto favorável às emendas apresentadas e voto contrário ao projeto.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Está registrado.

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, Proposição em Regime de Tramitação Ordinária.

- Discussão e votação, em 2º turno - Projeto de Resolução nº 4, de 2018, de autoria da deputada Márcia Lia. Cria a Comissão Permanente de Defesa e dos Direitos das Mulheres. Parecer nº 1456, de 2018, da Mesa, favorável. 

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado em 2º turno.

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, nos termos do Art. 18, inciso III, alínea d, combinado com o Art. 45, § 5º, ambos do Regimento Interno, convoco reunião extraordinária da Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento a realizar-se hoje, cinco minutos após o encerramento da presente sessão, com a finalidade de oferecer redação final ao Projeto de lei nº 615, de 2018.

Nos mesmos termos, convoco reunião extraordinária da Comissão de Constituição, Justiça e Redação a realizar-se hoje, um minuto após o término da reunião anterior, com a finalidade de apreciar a redação final do PL 30, de 2016, e do PL 857, de 2017.

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esta Presidência adita à Ordem do Dia da 166ª Sessão Ordinária o Projeto de lei nº 615, de 2018 - Redação Final.

            Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência vai encerrá-la. Antes, porém, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, sexta-feira, à hora regimental, com o remanescente da Ordem do Dia de quinta-feira e o aditamento ora anunciado.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 02 horas e 08 minutos.

           

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