4 DE FEVEREIRO DE 2019
2ª SESSÃO ORDINÁRIA DO PERÍODO ADICIONAL
Presidência: CORONEL TELHADA e WELSON GASPARINI
Secretaria: WELSON GASPARINI
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - CORONEL TELHADA
Assume a Presidência e abre a sessão.
2 - WELSON GASPARINI
Discorre sobre a superlotação dos presídios paulistas.
Compara a capacidade e a ocupação de diversos presídios do Estado. Lamenta que
pouco ou nada tenha sido feito para mudar esta situação. Esclarece que, ao
invés de apenas construírem mais presídios, as autoridades deveriam investir em
uma formação melhor para a população. Afirma que os valores éticos, morais e
espirituais não são mais ensinados nas escolas e casas. Pede a atenção do
governador João Doria para este assunto.
3 - WELSON GASPARINI
Assume a Presidência.
4 - CORONEL TELHADA
Saúda a cidade de Dois Córregos pelo aniversário. Discorre
sobre o problema da penitenciária de Presidente Bernardes. Menciona o
lançamento do Facebook, no dia 04/02, há 17 anos.
Cita o início da Guerra Colonial Portuguesa, em 04/02/61. Diz que é comemorado
hoje o Dia Mundial de Combate ao Câncer. Informa a morte de policial militar
aposentado no Amazonas. Pede que o governador lembre-se dos funcionários
públicos, em especial dos policiais militares, que precisam com urgência de
aumento salarial. Menciona campanha do governador João Doria, na qual dizia que
apoiaria os policiais militares. Lamenta que os policiais que participam de
combate ao crime estão sendo tirados de suas escalas e funções.
5 - CORONEL TELHADA
Assume a Presidência.
6 - BRUNO CAETANO
Discorre sobre a tragédia de Brumadinho. Solidariza-se com as
famílias pela imensa perda humana. Afirma que, após a tragédia, houve um clamor
de todos por mais leis. Questiona se isto seria realmente necessário. Menciona
a existência de lei federal de 2010 que rege a construção de barragens, além de
diversos decretos até 2015. Esclarece que são necessárias leis mais simples,
para que a população possa conhecê-las e auxiliar na fiscalização. Faz
comparação com o ocorrido em Santa Maria, na boate Kiss. Considera que alvarás
de funcionamento poderiam ser dados no ato, para estabelecimentos mais
triviais.
7 - PRESIDENTE CORONEL TELHADA
Convoca sessão solene a ser realizada no dia 25/02, às 19
horas, para a "Concessão do Colar de Honra ao Mérito
Legislativo do Estado de São Paulo aos senhores Adalberto Araújo Camelo,
Antonio Carlos de Camargo e Mário Luiz de Camargo", a pedido do deputado
Márcio Camargo.
8 - WELSON GASPARINI
Discorre sobre o déficit de 811 policiais civis em Ribeirão
Preto. Informa que estes dados foram levantados pelo Sindicato dos Delegados do
Estado de São Paulo em 15 de janeiro. Menciona a carência de delegados,
escrivães, investigadores, agentes policiais, agentes de telecomunicação,
auxiliares e carcereiros. Pede que o governador João Doria tome providências,
para aqueles que cometam crimes sejam punidos e seja garantida aos cidadãos
segurança pública.
9 - WELSON GASPARINI
Requer o levantamento da sessão, com anuência das lideranças.
10 - PRESIDENTE CORONEL TELHADA
Defere o pedido. Informa que recebeu há pouco uma mensagem do
governador, dizendo que as regras para os policiais nas ruas serão mudadas.
Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 05/02, à hora
regimental, com Ordem do Dia e aditamento. Lembra da
sessão solene, a ser realizada hoje às 20 horas para a "Comemoração dos 65
anos da Associação Paulista de Nutrição", por solicitação do deputado
Itamar Borges. Levanta a sessão.
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* *
- Assume
a Presidência e abre a sessão o Sr. Coronel Telhada.
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O SR.
PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a
proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Com base nos termos do
Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em
plenário, está dispensada a leitura da Ata.
Convido o Sr. Deputado Welson Gasparini
para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura
da matéria do Expediente.
O SR.
1º SECRETÁRIO – WELSON GASPARINI - PSDB - Procede
à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.
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-
Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
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O SR.
PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Antes de iniciar a
chamada dos oradores inscritos, quero aqui saudar nosso mais antigo deputado,
Antonio Salim Curiati, que fez a gentileza de descer
ao plenário. Com sua assinatura, conseguimos fazer a sessão. Deputado, muito
obrigado pela sua disponibilidade, pelos seus 92 anos, pelos seus 10 mandatos
aqui na Casa, e um como deputado federal. Uma salva de palmas ao nosso amigo,
deputado Antonio Salim Curiati, um exemplo para todos
aqui. (Palmas.)
Tem
a palavra o primeiro orador inscrito, nobre deputado Welson
Gasparini.
O SR. WELSON GASPARINI - PSDB - Sr. Presidente, nobre deputado Coronel Telhada, gostaria de
registrar, neste instante, um problema gravíssimo que estamos vivendo no estado
de São Paulo, e no Brasil todo. Quero falar da situação dos presídios e das penitenciárias superlotadas, incluindo
a região de Ribeirão Preto.
Gostaria
de destacar, para dar uma ideia da gravidade da situação: Ribeirão Preto tem
uma penitenciária com capacidade para 865 presos. Vejam só.
E sabem quantos presos nela estão? 1.875. Mas vamos ver de outra cidade, também
da região de Ribeirão Preto, a Penitenciária de Serra Azul, também da região de
Ribeirão Preto: ela tem
capacidade de 853 presos e uma população de 1.831 presos. Vejam o
que é incrível: a Penitenciária II, de Serra Azul, tem capacidade para abrigar
856 presos e a população carcerária é de 1.734. É mais do que o dobro da
capacidade para a qual foi projetada.
Em Serra Azul, já dissemos a
capacidade das duas penitenciárias juntas. As duas, juntas, têm capacidade para
1.709 presos. Vejam quantos presos estão lá: 3.565 presos. Isso é
inacreditável! E isto no estado de São
Paulo, o estado mais rico e desenvolvido do Brasil.
Na cidade de Serra Azul há
duas penitenciárias: na primeira, 1.831 presos; na segunda, 1.734. A capacidade
é de 1.709 presos e a população carcerária é de 3.565, mais do que o dobro! E há muitos soltos por aí. Calculem: se todos estivessem presos, onde iriam colocá-los se, nos presídios atualmente existentes,
para cada vaga há dois presos? Essa é a média nos presídios do estado de São
Paulo. No Brasil, é a mesma coisa.
Já falei: na unidade
masculina de Ribeirão Preto, o cenário não é diferente. São 865 vagas e há
1.875 presos. Na minha cidade, Ribeirão Preto! Estou falando de números divulgados
por entidades oficiais, tanto do governo federal quanto do governo do estado.
Infelizmente, pouco ou nada
tem sido feito para mudar essa situação. Poderia dizer: “Vamos construir mais
presídios!”. E por que não evitar que tenhamos tantos bandidos assim? Vamos dar
uma formação moral, ética e religiosa melhor para a nossa população, começando
nas unidades escolares, para os jovens entenderem o grande mandamento ensinado por
Cristo e que pode mudar essa situação: “Amar ao próximo como a si mesmo”. Quem
ama o próximo não rouba. Quem ama o próximo não mata. Quem ama o próximo,
portanto, não vai preso. Não se ensinam mais nas escolas e nas famílias os
valores éticos, morais e espirituais. O resultado disso será a necessidade de,
cada vez mais, construirmos presídios, deixando a situação insuportável.
O governo de João Doria
realmente tem demonstrado interesse em enfrentar os problemas sociais de nosso
estado. Eu pediria a ele que analisasse com muito carinho a situação do sistema
carcerário no estado de São Paulo e, ao mesmo tempo, procurasse, por meio da
Educação e do ensino, formar os nossos jovens para que não sejam encaminhados
para o crime.
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* *
- Assume a Presidência
o Sr. Welson Gasparini.
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* *
O
SR. PRESIDENTE - WELSON GASPARINI - PSDB - Tem
a palavra o nobre deputado Coronel Telhada.
O
SR. CORONEL TELHADA - PP - Muito
obrigado. Quero agradecer a audiência dos que estão nos acompanhando pela TV
Assembleia e a presença dos Srs. Deputados, assessores e funcionários.
Primeiramente, quero
saudar a cidade aniversariante, que é a cidade de Dois Córregos. Parabéns pelo
aniversário a todos os amigos e amigas da cidade de Dois Córregos e sempre nos
colocando à disposição na Assembleia Legislativa.
Também quero aproveitar
as palavras do deputado Welson Gasparini sobre o
excesso de presos em centros de detenção provisória, em cadeias. Nós temos uma
população carcerária de 230 mil presos em São Paulo. É a maior população
carcerária do Brasil, mas nós estamos com um problema sério lá em Presidente
Bernardes, onde alguns líderes do PCC estão ameaçando algumas autoridades,
entre elas eu, mas isso não é o problema. O problema é que estão desviando todo
o policiamento de elite da Polícia Militar de São Paulo - Rota, COE, as forças táticas - para ficarem empenhadas, porque há
um plano de resgate do Marcola e esse resgate seria
feito inclusive por mercenários estrangeiros.
Eu quero solicitar mais
uma vez ao Sr. governador do estado João Doria para
que faça a transferência desses presos para presídios federais. Mandando esses
presos para presídios federais, com certeza o problema diminuirá, e a nossa
tropa poderá voltar a fazer o que deve ser feito, realmente a sua obrigação,
que é o policiamento ostensivo, que é o policiamento em prol da população.
Tudo bem que lá o
serviço é necessário, mas realmente a população está perdendo, pois,
principalmente São Paulo está sem o patrulhamento da tropa da Rota, da tropa do
COE, enfim, tropas de forças táticas, que estão sendo alocadas naquele local.
Peço ao Sr. governador João Doria, por gentileza, que
transfira esses presos o mais rápido possível.
Também, quero lembrar
que hoje, 4 de fevereiro, é o dia em que se comemora o lançamento do Facebook, que está fazendo aniversário. O Facebook foi lançado em 2002, portanto, há 17 anos.
Lembrando que o Facebook, que todos nós usamos, é uma
arma muito usada hoje. Meu Facebook inclusive já está
com mais de dois milhões de seguidores, mas precisamos tomar cuidado, porque
hoje nós temos a mídia, a rede social, que nos ajuda muito, mas em
contrapartida também em alguns momentos atrapalha, como é o famoso fake news.
Lança-se uma mentira na
rede e fica o dito pelo não dito e para desmentirmos isso é complicado, porque
a população acredita em muitos absurdos também, mas temos certeza que a
população também já está ciente disso e mais atenta contra esses problemas.
Hoje, também dia 4 de
fevereiro de 1961, o ano em que nasci, começou a Guerra Colonial Portuguesa.
Nós, que temos mais de 50 anos, nos lembramos muito
bem desse episódio. Foram praticamente 13 anos de guerra entre Portugal e as
forças organizadas pelos movimentos de libertação das antigas províncias de
Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Foi
uma guerra muito sangrenta, na qual muitos portugueses e africanos morreram.
Foi um problema muito sério e hoje estão se completando exatamente 58 anos que
se iniciou essa guerra lá na África.
Hoje, também dia 4 de
fevereiro, é o Dia Mundial de Combate ao Câncer, uma doença que tem, infelizmente - nosso amigo Dr. Antonio Salim Curiati, que é médico, ele sabe disso -, trazido o mal para
muitas famílias em todo o mundo.
Dificilmente uma
família não tem algum ente querido que tenha sido vítima do câncer - eu mesmo
tive minha esposa. No ano retrasado, passamos por uma situação muito difícil e
graças a Deus o problema foi solucionado, mas passamos maus momentos. É uma
doença para qual precisamos estar atentos, porque o câncer vem de várias
maneiras: leucemia, linfoma, câncer de útero, rim, sarcoma, cervical, cérebro,
próstata, pulmão. São vários tipos de câncer que, infelizmente, têm assolado a
raça humana em todo o nosso planeta.
Para fechar, Sr. Presidente, temos uma notícia de mais um policial
militar que foi morto. Desta vez foi um policial militar aposentado, o 2º
sargento Francisco Feitosa Gomes, que foi morto a facadas no município de Rio
Preto da Eva, no Amazonas, e pelo que consta ele tomou três facadas e teve a
casa, o veículo e suas armas roubadas. Mais uma fatalidade a ser lamentada com
a morte desse sargento da Polícia Militar do Amazonas, que já estava aposentado
há algum tempo e, infelizmente, teve a vida ceifada pela violência que impera
em todo o nosso estado brasileiro.
Nós estamos aqui para
dizer a todos que continuamos atentos, solicitando mais uma vez ao Sr. governador João Doria a transferência dos presos líderes
do PCC para presídios federais e lembrando mais uma vez para que lembre dos
funcionários públicos, principalmente da Polícia Militar. Necessitamos
urgentemente de um aumento salarial.
Para fechar, Sr. Presidente, eu recebi uma notícia hoje. Tem alguém do
PSDB aqui? O deputado Bruno Caetano e o deputado Welson
Gasparini. O João Doria, na campanha dele, falou que ia botar a Polícia para
trabalhar com força. Ele disse que, se um vagabundo puxasse a arma para a
Polícia, a Polícia ia atirar no vagabundo e, se tivesse que morrer alguém, que
morresse o vagabundo. Todo mundo ouviu isso, não é?
Esperamos que aconteça
isso, porque nenhum policial sai de casa de manhã falando que vai matar um
bandido, isso é consequência do serviço. Eu sempre digo,
desde que eu comandava a Rota, que, se o bandido morre, isso é uma escolha
dele. Ele escolheu sair de casa armado, ele escolheu enfrentar a Polícia. Se
der tiro, tem que tomar tiro sim, e tem que tomar tiro para ir para o saco, no
termo exato da palavra.
Outro dia passaram um
vídeo no WhatsApp de um
bandido que, mesmo baleado, levantou e matou o policial. Então, se o policial
tiver que reagir, tem que ter uma reação pronta para cessar a hostilidade do
inimigo, é assim que tem que ser. O bandido é nosso inimigo, o bandido é nosso
inimigo. Não venha com essa de que ele é um cidadão, é um inimigo sim, e repito
que estamos em guerra contra o crime.
Hoje eu fui
surpreendido por um WhatsApp
dizendo que lá em Guarulhos os policiais que matarem em ocorrência em 2019
serão recolhidos do policiamento e colocados no policiamento ostensivo a pé,
com a escala mudada para 5x2, ou seja, trabalha cinco dias e descansa dois.
Isso arrebenta a vida do policial, porque tira ele da rotina. Mudam a escala
que é de 12x36 para 5x2, tiram o homem do que ele mais gosta de fazer, que é
trabalhar na rua, patrulhar - principalmente o pessoal da força tática -, e
põem no serviço a pé, ou seja, o cara fica limitado a uma quadra de rua.
Isso é um castigo e
está indo de encontro ao que foi dito no discurso do governador João Doria. Nós
estamos cobrando, e eu estou esperando agora a resposta do governador, do
secretário de Segurança Pública e do comandante-geral, que até agora não me
responderam. Espero que isso tenha sido uma falha, que tenha sido um equívoco,
que tenha sido um erro, porque, se não foi, se preparem, porque vão apanhar
todo dia aqui, porque não foi isso o combinado, não foi isso o prometido.
Isso não se faz com uma tropa aguerrida que
realmente combate o crime. Os homens e as mulheres que combatem o crime merecem
ser elogiados, promovidos e valorizados, e não inferiorizados, humilhados e
tirados da sua função, e tenho dito. Peço que minhas palavras por gentileza
sejam encaminhadas ao governador do estado, ao secretário de Segurança Pública
e ao Sr. comandante-geral da Polícia Militar do Estado
de São Paulo.
O
SR. PRESIDENTE - WELSON GASPARINI - PSDB -
O pedido de V. Exa. é
regimental e será atendido, deputado Coronel Telhada, que honra esta Casa pela
sua conduta não só como deputado, mas como um cidadão bastante ativo em todos
os assuntos que são de interesse da população do estado de São Paulo,
principalmente nessa área da Segurança Pública.
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* *
- Assume a Presidência
o Sr. Coronel Telhada.
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* *
O
SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP -
Tem a palavra o nobre deputado Bruno Caetano.
O
SR. BRUNO CAETANO - PSDB - Sr.
Presidente, deputados aqui presentes - Welson
Gasparini e Antonio Salim Curiati -, todos aqueles
que nos assistem pela TV Alesp, boa tarde. Quero hoje
dizer algumas palavras ainda sobre a tragédia de Brumadinho, mas queria abordar
a questão sob um prisma que imagino ser diferente, não sem antes me solidarizar
com as famílias, com a imensa perda humana acontecida naquela região. Deixo
aqui nossos votos de condolência pelo que aconteceu em Minas Gerais.
A reflexão que eu
gostaria de fazer hoje é sobre o que se passou após a tragédia de Brumadinho. O
que se viu instantes após a tragédia foi uma corrida para os holofotes da mídia
de autoridades, políticos, especialistas, todos clamando por uma única questão:
mais leis. Foi isso o que nós vimos, mas será que nós realmente precisamos de
mais leis em nosso país? Será que a tragédia, aquilo que aconteceu em
Brumadinho, se deveu exatamente pela ausência de
leis? Minha impressão é a de que não. Vamos pegar aqui a legislação que rege a
construção de barragens de rejeitos em nosso País. A lei é federal e datada do
ano de 2010.
Muitos
foram os decretos que regulamentaram essa lei. Temos decretos até o ano de
2015. Todos eles, tanto a lei quanto os decretos, foram celebrados pelas comunidades
acadêmica, mineradora e ambientalista como marcos legais
avançados, que trariam segurança para a nossa população. No entanto, o
que se viu foi a tragédia.
A reflexão
que eu faço aqui, senhores, é a de que não é de mais leis que precisamos.
Precisamos de leis mais simples, leis que a população possa conhecer e ser
aliada na fiscalização. É disso que se trata.
Vamos pegar
outra tragédia, ocorrida em 2013, a de Santa Maria. Lá, mais de 200 jovens
morreram na boate Kiss. O que se viu após Santa Maria foi exatamente o que
estamos assistindo hoje, uma corrida para se criar mais leis. Novos marcos legais foram criados após Santa Maria, muitas
leis municipais, estaduais e até federais.
No entanto,
um ano após a tragédia de Santa Maria e, portanto, após a entrada em vigor do
novo marco legal, o Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo fez uma vistoria
nas casas noturnas paulistas e constatou que 80% delas não possuía alvará de
funcionamento.
Isso prova
que mais leis não trouxeram mais segurança jurídica e, muito menos, segurança
efetiva para as pessoas. O que é preciso, em minha modesta opinião, é
simplificar, como eu já disse.
Vejam só, pensemos no caso de Minas Gerais. Hoje, em Minas Gerais,
competem nos escaninhos da secretaria de Meio Ambiente, para obter seus alvarás
de licenciamento, estabelecimentos tão díspares, tão diferentes como uma
barragem de rejeitos e um salão de beleza.
É isso
mesmo. Você que me assiste pela TV Assembleia, pasme, para abrir um salão de
beleza em Minas Gerais é necessário ter uma licença ambiental de funcionamento.
Ora, não é possível mobilizar recursos do estado para que se tenham carimbos,
processos, pastas e papéis para oferecer a empreendedores
de pequeno porte aa suas
licenças de funcionamento.
É evidente
que está errado, é evidente que é preciso simplificar, é
evidente que o caminho é estabelecer o que é de alto risco e fazer
fiscalização firme, como as barragens de rejeito. Para aquilo que é
absolutamente trivial, se você tiver uma legislação clara, você pode dar o
alvará de funcionamento e as licenças ambientais no ato, como no caso de um
salão de beleza.
Não há
nenhum sentido um empreendedor ou uma empreendedora ir protocolar na Secretaria
Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais um pedido para abrir um salão de
beleza. Tem que ser instantâneo, abertura no ato, mas com responsabilização.
Leis claras, responsabilização do empreendedor e do profissional que atesta
estar seguindo as regras e, depois disso, desburocratizar a máquina pública
para que tenhamos a efetiva fiscalização nos grandes empreendimentos, como
deveria ser com as barragens de rejeitos.
Então, Sr. Presidente Coronel Telhada, meu mandato nesse curto
período aqui na Assembleia Legislativa, vai ser pautado por esse lema:
simplificar a legislação. Não para se ter menos
segurança, mas para aumentar a segurança, a segurança jurídica e a segurança
das pessoas. É esse o meu trabalho.
O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Obrigado, deputado Bruno. Parabéns pelas palavras. Concordo em
gênero, número e grau com Vossa Excelência. Infelizmente, quando ocorrem essas
desgraças o que não falta é gente querendo aparecer. Mas, quando passa a
calamidade se esquecem e volta a ter outra.
Vamos mudar
disso se Deus quiser. Muito obrigado, deputado Bruno Caetano, por suas palavras.
Sras.
Deputadas e Srs. Deputados, esta Presidência, atendendo à solicitação do nobre
deputado Márcio Camargo, convoca V. Exas., nos termos do Regimento Interno, para uma Sessão Solene,
a realizar-se dia 25 de fevereiro de 2019, às 19 horas, com a finalidade de
Conceder o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo aos
senhores Adalberto Araújo Camelo, Antonio Carlos de Camargo e Mário Luiz de
Camargo.
Tem a
palavra o nobre deputado Welson Gasparini.
O SR. WELSON
GASPARINI - PSDB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
na primeira audiência que terei com o governador João Doria, cuja preocupação
com a Segurança Pública do estado de São Paulo ficou evidente nas suas
primeiras manifestações, pretendo expor-lhe a gravidade representada pelo
déficit de 811 policiais civis na região de Ribeirão Preto, subordinada ao
Departamento de Polícia Judiciária do Interior - Deinter
3, e envolvendo 93 municípios.
Esses dados constam do levantamento feito pelo
Sindicato dos Delegados do Estado de São Paulo, divulgado no último dia 15
de janeiro. Segundo a presidente do sindicato, delegada Raquel
Kobashi Gallinati, existem
na região da Deinter 3 - formada pelas subdelegacias
seccionais de Ribeirão Preto, Araraquara, Barretos, Bebedouro, Franca, São
Carlos, São Joaquim da Barra e Sertãozinho - 2.313 cargos para as funções de
delegado, escrivão, investigador, agente policial e carcereiro, mas, desses
2.213 cargos, apenas 1.502 estão ocupados - quase 63% do total -, sendo ainda
maior a carência em relação à carreira de escrivão, com déficit de 198
profissionais.
Os números, explicita a
delegada, estão aí para demonstrar o déficit, faltando 50 delegados (só na Deinter 3 de Ribeirão Preto), 198 escrivães, 343
investigadores, 138 agentes policiais, 23 agentes de telecomunicação, 43
auxiliares e um carcereiro. Esperamos
que o governador João Doria, frente a esse déficit, tome providências o mais
depressa possível. É preciso investimento real para que uma efetiva política de
Segurança Pública seja implementada em todo o estado de São Paulo.
Sr. Presidente, Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, eu falei que nos presídios da região Ribeirão Preto
não cabem mais marginais. Nós estamos vendo vagos cargos de delegados,
escrivães e investigadores. Não são nomeados novos titulares. Calcule, então,
se efetivamente nós tivermos um policiamento atuante, para podermos reprimir os
crimes no estado de São Paulo, porque não é só na região de Ribeirão Preto, é
em todo o estado de São Paulo que acontece essa carência de profissionais.
É preciso uma grande reação, dando realmente o castigo
para aqueles que estão praticando crimes e, ao mesmo tempo, garantindo a todas
as pessoas e aos cidadãos do estado de São Paulo a tão desejada Segurança Pública.
O
SR. WELSON GASPARINI - PSDB - Sr.
Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito
o levantamento da presente sessão.
O
SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - O
pedido de V. Exa. é regimental. Gostaria apenas de dar
ciência que acabei de receber um WhatsApp do
governador João Doria, dizendo que essa regra da qual falei há pouco, que os
policiais estavam sendo retirados da rua, será mudada. Então vamos aguardar.
Portanto, eu solicito à minha assessoria que deixe de encaminhar a minha fala
ao governador, ao secretário e ao comandante-geral, porque, segundo consta, já
estão sendo tomadas medidas.
Sras. Deputadas e Srs.
Deputados, esta Presidência adita à Ordem do Dia o Projeto de lei nº 640, de
2018, que tramita com urgência constitucional.
Havendo
acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar
a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a
mesma Ordem do Dia de 14 de dezembro de 2018, excetuando-se as proposições já
deliberadas e com o aditamento ora anunciado, lembrando-os, ainda, da sessão
solene a realizar-se hoje, às 20 horas, com a finalidade de comemorar os 65
anos da Associação Paulista de Nutrição.
Está
levantada a sessão.
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Levanta-se a sessão às 15 horas e 11 minutos.
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