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8 DE FEVEREIRO DE 2019

6ª SESSÃO ORDINÁRIA DO PERÍODO ADICIONAL

 

Presidência: CORONEL TELHADA, LECI BRANDÃO e BRUNO CAETANO

 

Secretaria: LECI BRANDÃO

 

RESUMO

 

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - CORONEL TELHADA

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

2 - LECI BRANDÃO

Lamenta o incêndio que vitimou dez jovens no Centro de Treinamento do Flamengo, no Rio de Janeiro. Cobra investigação sobre as causas da tragédia.

 

3 - LECI BRANDÃO

Assume a Presidência.

 

4 - CORONEL TELHADA

Informa a concessão, pelo Governo do Estado, da Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Penitenciário - Dejep, para servidores da Secretaria de Administração Penitenciária. Lastima o incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo, no Rio de Janeiro. Questiona se o local possuía autorização do Corpo de Bombeiros para funcionamento. Cita outras tragédias recentes ocorridas no Brasil. Indaga se o Palácio 9 de Julho possui alvará do Corpo de Bombeiros.

 

5 - CORONEL TELHADA

Assume a Presidência.

 

6 - BRUNO CAETANO

Comenta o incêndio que vitimou dez jovens no Centro de Treinamento do Flamengo, no Rio de Janeiro. Considera que a redução de procedimentos burocráticos na fiscalização estatal poderia evitar tragédias como essa.

 

7 - LECI BRANDÃO

Requer o levantamento da sessão, com anuência das lideranças.

 

8 - JULIO CESAR

Afirma que recentes tragédias no Brasil poderiam ter sido evitadas por ações das autoridades competentes. Alerta para condições de segurança das rodovias do estado.

 

9 - BRUNO CAETANO

Assume a Presidência.

 

10 - CORONEL TELHADA

Discorre sobre a apuração de assassinato de policial militar por assaltante de banco. Afirma que o assassino estaria em liberdade por falha da legislação penal.

 

11 - CORONEL TELHADA

Assume a Presidência.

 

12 - BRUNO CAETANO

Discorre a respeito do rompimento de barragens resultantes de atividade de mineração. Questiona a tecnologia de extração de minério atualmente empregada no Brasil.

 

13 - CARLOS GIANNAZI

Critica projeto de lei do Governo Doria que trata de privatizações. Tece críticas à redução do imposto cobrado no querosene de aeronaves, realizado pelo governo estadual. Afirma que o Governo Doria está a serviço de empresas e não da população. Presta apoio à greve de servidores da cidade de São Paulo em protesto pela reforma previdenciária municipal. Denuncia violência policial em manifestação de professores da Rede Municipal de Ensino em São Paulo.

 

14 - PRESIDENTE CORONEL TELHADA

Informa que tem em mãos a autorização do Corpo de Bombeiros (AVCB) para o funcionamento do Palácio 9 de Julho .

 

15 - BRUNO CAETANO

Defende o Governo Doria das críticas do deputado Carlos Giannazi.

 

16 - CARLOS GIANNAZI

Para comunicação, reitera suas críticas à política tributária do Governo João Doria.

 

17 - PRESIDENTE CORONEL TELHADA

Defere o pedido da deputada Leci Brandão. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 11/02, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão.

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Coronel Telhada.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Muito obrigado. Presente o número de assinaturas regimentais de senhoras deputadas e senhores deputados, sob a proteção de Deus iniciamos os nossos trabalhos.

Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e convido a nobre deputada Leci Brandão para ler a resenha do Expediente.

 

A SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - Sr. Presidente, temos aqui uma Indicação do nobre deputado Rogério Nogueira para que o governador do Estado determine aos órgãos competentes a adoção de medidas necessárias, visando a colocação nas rodovias estaduais de placas alertando sobre a presença de ciclistas. Está lida a resenha.

O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Muito obrigado, senhora deputada Leci Brandão. Entraremos no Pequeno Expediente. A senhora vai falar, deputada? A senhora é que sabe.

A SRA.  LECI BRANDÃO - PCdoB - Bom, eu posso falar. Por cinco minutos.

O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Por gentileza. Cedendo a primeira vez às damas, nós convidamos neste momento a deputada Leci Brandão para que faça o uso da tribuna.

A SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários da Casa, telespectadores da TV Assembleia, sabemos que o Brasil, hoje, amanheceu com uma notícia extremamente triste: o incêndio que ocorreu no centro de treinamento do Clube de Regatas Flamengo, conhecido como Ninho do Urubu, que acabou ceifando a vida de dez jovens, meninos e adolescentes que tinham o sonho de um dia serem jogadores profissionais do Flamengo. As famílias estão realmente destruídas pela forma como ocorreram essas mortes precoces.

A pergunta que está no ar, inclusive a imprensa está muito atenta a isso, é o porquê de aqueles jovens estarem naquele lugar, daquela forma. Eram containers, e eles ficavam juntos, cinco jovens em cada container, seis containers e um total de 30 meninos que dormiam lá.

Estou percebendo que está tendo uma iniciativa do clube de convocar, inclusive, pessoas ligadas ao clube, como, no caso, o comentarista Júnior, que é ligado à Rede Globo. Ele foi chamado para intervir durante o Jornal Hoje, para explicar que esse lugar era muito bom, que dava toda uma situação de conforto àqueles meninos, que eles tinham camas, TV e outras coisas.

Mas o que queremos saber é por que não houve chance de quase ninguém se salvar, foi algo muito rápido. Um morador próximo a esse centro de treinamento disse que ouviu uma explosão e que, em seguida, já começou o incêndio, quando estavam dormindo. Parece que foi por volta das cinco e meia da manhã.

De qualquer forma, o que me chamou a atenção foi que o presidente disse que na próxima semana teria a mudança daquele lugar. Coincidentemente eles se mudariam semana que vem, porque a TV também mostrou as novas instalações do Ninho do Urubu, que são muito bem feitas, com boa estrutura, restaurante, suítes, enfim, tudo direitinho.

Agora, por que esses meninos ainda estavam no outro local, que era pior? Essa pergunta está no ar, até agora não apareceu nenhuma resposta convincente para que se dê uma satisfação às famílias. Estamos com muita pena das famílias. A situação é muito séria, porque eles estão todos carbonizados, vai ser difícil a identificação - só por meio de DNA - e ficamos muito tristes com isso, até porque eu também sou uma torcedora do Clube de Regatas Flamengo desde pequena. Eu sempre gostei do Flamengo.

Assim, na condição de carioca, devo me manifestar aqui. Inclusive a nossa procuradora-geral de Justiça já se manifestou dizendo que as autoridades têm que fiscalizar mais as coisas, que a sociedade civil tem feito uma série de denúncias sobre inúmeros fatos que estão acontecendo no País. É ponte que cai, ciclovia que despenca, incêndio, tudo está muito ruim, está tudo de cabeça para baixo, mas o estado do Rio de Janeiro, infelizmente, teve um antecedente horrível. Acabaram com o estado, levaram todo o dinheiro e as coisas ficaram dessa forma.

Não estamos aqui querendo fazer política ou apontar culpados, absolutamente não, mas, na condição de cidadã carioca, de cidadã brasileira, e de torcedora desse clube que está sendo falado neste momento. A gente tem que se colocar.

Tomara que não aconteçam mais essas coisas, porque também há outro detalhe: os meninos, na sua maioria, não eram do Rio de Janeiro, não moravam lá. Vieram de outros estados e, com muita dificuldade, chegaram, conseguiram o espaço para poder sobreviver. Tiveram um sonho, e esse sonho infelizmente acabou em fogo. Nossas condolências, nossos sentimentos, inclusive desta Casa de Leis, às famílias dessa criançada que morreu de forma inaceitável. Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

* * *

 

- Assume a Presidência a Sra. Leci Brandão.

 

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A SRA. PRESIDENTE - LECI BRANDÃO - PCdoB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre deputado Coronel Telhada.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - Muito obrigado, Sra. Presidente. Srs. Deputados, Sras. Deputadas, assessores e funcionários aqui presentes e telespectadores da TV Assembleia. Quero começar dizendo que hoje o governador do estado assinou a Dejep, uma gratificação que os homens e mulheres da Secretaria de Administração Penitenciária podem receber, trabalhando nos seus dias de folga.

É uma coisa não muito adequada, porque o homem teria que trabalhar na hora de folga. O ideal é que fosse dado um aumento significativo, não só para a Secretaria de Administração Penitenciária, como para a Secretaria de Segurança Pública. Enfim, para todos os funcionários públicos, da Educação, Saúde; todos, sem exceção. Mas, se para quem está morrendo afogado, jacaré é tronco, o que vier para ajudar está bom. É uma graninha a mais que está entrando para o pessoal da SAP.

Nós fizemos, aqui, em 17 de maio do ano passado, a Indicação no 684, que pedia justamente que essa Dejep fosse estendida aos oficiais motoristas operacionais, porque eles não podem fazer essa Dejep. Então, solicitamos novamente ao governador que atenda à nossa indicação e passe também para os motoristas operacionais essa Dejep, para poderem ganhar um merecido e honesto dinheirinho. E ajudam também o estado, porque aumenta o efetivo.

A deputada Leci Brandão falou do problema no Flamengo. Até estávamos conversando, antes de ela falar, justamente sobre isso. Eu sou, além de cidadão brasileiro, um homem da segurança. Não sou técnico em segurança; esse é aquele que nunca viu uma viatura, nunca prendeu um ladrão, mas estuda no papel e acha que sabe tudo de segurança. Eu não; sou policial militar. Estive no fogo, em incêndios, em resgates de aeronaves, em tiroteios; em lugares, muitas vezes, medonhos. Sobrevivi e cheguei a este momento. Então, falo um pouquinho de segurança com conhecimento.

Vi as imagens pela televisão. Não conheço o lugar, o Ninho do Urubu, cujo nome já assusta a gente, mas é simbólico... Vendo aquelas imagens - acho que todos aqui viram -, a impressão que temos é que aquilo é um cortiço, com todo o respeito a quem mora em cortiço. Mas a gente vê uns barracões, um negócio feito de uma maneira muito estranha. Dez pessoas morreram, seis atletas e quatro funcionários. Quero mandar os nossos sentimentos - me permitam falar em nome dos demais - a todos os familiares.

Que situação terrível perder um filho, um menino de 14, 15, 16 ou 17 anos, que tinha um sonho na vida: ser jogador de futebol. Todo garoto sonha com isso. E esses meninos estavam nesse caminho, mas infelizmente tiveram a vida ceifada de uma maneira terrível. A morte violenta é sempre terrível. Eu já vi todos os tipos de morte que existem, mas a morte no fogo, além de terrível, é dolorosa. O corpo acaba sendo reduzido a praticamente um toco; é uma coisa assustadora um cadáver incendiado. Imagino as pessoas que terão que fazer reconhecimento desses corpos - o que elas verão. É terrível, assustador.

Mas - não é acusação, é indagação - será que tinha alvará de funcionamento esse local? Havia extintores de incêndio, rotas de fuga? Deputada Leci e deputados aqui presentes, infelizmente o Estado brasileiro é displicente com a segurança. Não só a segurança do policial, do bandido; a segurança referente a crime. O estado brasileiro é displicente com todo tipo de segurança.

Em 2012, nós tivemos a boate Kiss, onde morreram 200 pessoas. Fiz um projeto de lei, aprovado por esta Casa, para que todas as empresas que prestam serviço de segurança em locais públicos publiquem, na internet, todas as suas documentações, porque há muitas empresas de segurança que não são adequadas para combater incêndios, para tirar as pessoas de determinadas situações, em primeiros socorros. Enfim, muitas empresas não são adequadas.

São pequenas coisas que fazem com que a segurança seja desleixada. Quero fazer um desafio: eu duvido que esta Casa esteja em totais condições de segurança. Estou vendo extintores aqui e ali. Depois vou dar uma olhada na data de vencimento deles. Não sou bombeiro, mas duvido que esta Casa tenha alvará de funcionamento. Até irei perguntar para o nosso presidente. Se não houver, é uma coisa que deve ser feita.

Esta Casa não tem videomonitoramento. Outro dia, houve um deputado, na liderança do PSDB, que teve o seu laptop furtado em cima da mesa. Vocês souberam disso? Ele teve o laptop furtado em cima da mesa da liderança por um indivíduo que entrou e fugiu com o computador.

São pequenas coisas. Estamos falando em furtos, mas vamos falar de vidas. Nós falamos aqui sobre as desgraças que têm acontecido no Brasil e em todo o estado. Hoje, tivemos esses meninos que morreram queimados enquanto dormiam. No Rio de Janeiro, houve outro temporal. É uma intempérie, não temos como controlar isso. Nós vimos o trabalho forte dos bombeiros, da polícia, da Defesa Civil. Todos devem ter visto, na televisão, a imagem de um ônibus que praticamente iria cair em uma ribanceira. Duas pessoas morreram; acho que eram mãe e filho. Eles morreram dentro desse ônibus.

Os bombeiros entraram para resgatar os corpos, com o perigo de o ônibus rolar ribanceira abaixo, com eles dentro. Quem faz esse serviço? Quem entra em um ônibus que está pronto para rolar numa ribanceira para tirar um corpo? Só os bombeiros, só a polícia faz isso. Só as Forças Armadas, os militares e as pessoas que vivem a Segurança Pública fazem isso.

Nessa noite, em Minas Gerais, duas cidades tiveram que ser evacuadas, com risco de barragens serem estouradas novamente. Na cidade de Barão de Cocais e Itatiaiuçu, as casas tiveram de ser evacuadas, com perigo de as barragens romperem. Quem fez isso? Polícia, bombeiros. Lá em Brumadinho, quem está fazendo isso? Polícia, bombeiros, Defesa Civil, Polícia Civil, Forças Armadas.

Tenho uma PEC da emancipação do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar, criando o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo, porque o Corpo de Bombeiros tem que ser emancipado. No Brasil todo ele é emancipado. Só em São Paulo e no Paraná, ele é subordinado à Polícia Militar. É um serviço que deve ser valorizado, tal como a Polícia Militar, porque só nos lembramos dos bombeiros e de segurança quando acontece o problema.

Meus amigos deputados, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, ajudem-nos na questão da Segurança. Temos uma receptividade muito boa aqui quando falamos de Segurança Pública. Não há ideologia quando se fala em Segurança Pública. Até hoje, esta Casa demonstrou isso de uma maneira muito legal. Quando se fala em segurança, há uma aceitação muito boa.

“Prédio da Assembleia Legislativa de São Paulo está sem auto de vistoria do Corpo de Bombeiros há 14 anos.” É uma notícia de 25 de maio. Vamos cobrar o Sr. Presidente disso. E não é só este prédio, não. A maioria dos prédios públicos, quartéis, distritos, secretarias... Eu os desafio para nos mostrar o AVCP, a vistoria dos bombeiros. Vamos acordar. Segurança é vida, e vida é preciosa. Quando ela se vai, não há o que a retoma.

Sra. Presidente, muito obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTE - LECI BRANDÃO - PCdoB - Tem a palavra o nobre deputado Bruno Caetano.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Coronel Telhada.

 

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O SR. BRUNO CAETANO - PSDB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, público aqui presente, telespectadores da TV Assembleia, mais uma vez, volto ao tema que abordei logo nos meus primeiros pronunciamentos como deputado, infelizmente falando mais uma vez sobre uma tragédia. Ontem ocorreu uma tragédia, um incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo, que vitimou dez jovens, dez crianças e deixou, mais uma vez, o Brasil todo em luto.

Volto à questão da tragédia para tentar enfocá-la sob outro prisma, que é a questão da legislação e a produção dessas tragédias. Eu disse em meu pronunciamento que a tendência no Brasil após uma tragédia é correr atrás de novas leis, é burocratizar, criar novos decretos, achar que tudo se resolve no papel e na caneta. Infelizmente, isso não tem sido muito eficiente.

Para citar um exemplo, o deputado Coronel Telhada, que está presidindo esta sessão, nos lembrou da boate Kiss, onde mais de 200 jovens foram mortos naquela ocasião por um incêndio. O que aconteceu após a boate Kiss? Dezenas e dezenas de municípios endureceram as normas para licenciamento de casas noturnas, como se o endurecimento de normas por si só garantisse a segurança das pessoas.

Um ano após a tragédia da boate Kiss o Corpo de Bombeiros de São Paulo fez uma vistoria nas casas noturnas paulistas: 80% delas não tinham licença de funcionamento. Então não adianta endurecermos a legislação se não endurecermos também a fiscalização.

Para isso só há um caminho: leis mais simples, leis mais objetivas e claras para que a população seja aliada na fiscalização. Vejam : se as normas para licenciamento de estabelecimentos como casas noturnas fossem simples, o próprio usuário ao entrar no ambiente poderia saber se aquela casa está em ordem, em condição de receber o público ou não. Mas hoje, com o emaranhado de normas que pipocam todos os dias, é impossível se manter atualizado naquilo que o Estado exige do empreendedor e do cidadão. O caminho não são mais leis. O caminho são leis mais simples e mais claras.

Vejam só um pouco do trabalho que vamos fazer nesses próximos 30 dias. Estabeleci como desafio buscarmos entender o marco legal paulista para os empreendedores. Sabem quantas leis temos hoje no estado de São Paulo que falam sobre empreendedorismo e que, portanto, alguém que queira abrir um estabelecimento no nosso estado precisa compreender? São exatas 587 leis. Existem leis de 1850 ainda em vigência. Esse tipo de relação com a população, sobretudo com os empreendedores, é que traz insegurança e faz com que os empreendedores, impossibilitados de compreender essa legislação, acabem buscando subterfúgios muitas vezes inadequados, que acabam colocando em risco a vida das pessoas.

Termino o meu pronunciamento não sem antes me solidarizar com as famílias que estão em luto mais uma vez no Brasil pela tragédia que ocorreu ontem no Rio de Janeiro. O nosso mandato, até o final, vai ser para lutar por menos leis, leis mais claras e mais objetivas, que tragam, de verdade, segurança para as pessoas.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Obrigado, deputado Bruno. O assunto que V. Exa. traz é muito interessante. Parabéns pela conduta. É uma pena que V. Exa. vai ficar pouco tempo conosco, porque pelo jeito V. Exa. é bem atuante. Parabéns pela sua atuação.

 

A SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão após a fala do nobre deputado Julio Cesar.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - É regimental o pedido de Vossa Excelência.

Tem a palavra o nobre deputado Julio Cesar.

 

O SR. JULIO CESAR - PR - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Coronel Telhada, é um prazer estar neste momento utilizando esta tribuna. Deputada Leci, deputado Bruno, antes do meu pronunciamento, eu queria fazer um agradecimento aos deputados pela forma que nos receberam e, mais ainda, aos servidores desta Casa, a todos eles, pelo carinho, pelo respeito, pela forma como nos ajudaram a conhecer um pouco mais da estrutura, apesar de conhecermos, mas o jeitinho de nos tratar é muito importante.

Muito obrigado a todos servidores da Assembleia Legislativa.

Novamente ocorre um incidente no Rio de Janeiro - todos comentaram - deixando vítimas. Mais do que isso, sonhos interrompidos de uma forma muito brusca, mas percebemos que, infelizmente, no país, colocamos a visão depois que o acidente acontece.

É sempre assim, sempre assim. Caos já premeditado, acidentes que as autoridades já tinham conhecimento que poderiam acontecer e, infelizmente, acontecem. Eu quero chamar a atenção de todos que nos acompanham neste momento. Hoje, no país, o que mais faz vítimas é o trânsito. O trânsito, infelizmente, faz muitas vítimas.

Então, eu quero chamar a atenção novamente. Tive oportunidade de falar com o governador do estado esta semana, na visita em que ele fez aqui. Quero chamar atenção para as rodovias do nosso estado mesmo.

Há verdadeiras arapucas premeditadas de mortes nas rodovias, e vou dar o exemplo de uma rodovia muito importante no estado de São Paulo, a Rodovia Washington Luiz.

A Rodovia Washington Luiz, no perímetro urbano, dos municípios que fazem margem à rodovia... Esse perímetro urbano se tornou um verdadeiro... Um número de acidentes expressivo a todo momento, de mortes.

E as concessionárias de pedágio, que arrecadam valores expressivos, investem em quê? Investem em nada. Se nós pegarmos o que arrecadam e o que investem... Estamos falando de antes de acontecer. Acontecem mortes todos os dias nesse trecho que eu citei, que vai aqui do início da Bandeirantes até São José do Rio Preto.

O que fazem? Há anos, como presidente da Câmara de São Carlos, vereador em São Carlos, terceiro mandato, tenho a honra de ser o deputado mais votado da história da minha cidade - infelizmente, nesta Casa, estamos há 20 anos sem um representante da nossa região - eu tenho gritado, dizendo: “quantas vidas nós perdemos nesse período nessas rodovias?”.

Uma rodovia importante como a Washington Luiz, e não existe um projeto sequer pensando em uma terceira faixa nos perímetros urbanos. Seria um investimento interessante, mas a concessionária só pensa em arrecadar. Essa é a visão. Que se tenha seu lucro, tudo bem, nós concordamos, vivemos em um país capitalista. Porém, a troco de vidas? E não falam nada?

Ficarei alguns dias aqui, todos sabem, e nós queremos fazer 40 meses em 40 dias, porque temos essa vontade. É óbvio que os deputados mais experientes falam: “esses jovens estão chegando aqui e acham que vão mudar”.

Olha, eu tenho talvez o pensamento igual ao de Vossa Excelência. Mudar pode ser que eu não consiga, que nós não consigamos, mas a nossa parte nós temos que fazer. Onde já se viu?

Então, nós estamos avisando. Mais mortes nas rodovias. Quando você pega edital, quando nós vemos as estações, quando vence o convênio entre o estado e as concessionárias, a preocupação é mínima em relação à vida. Vamos continuar perdendo vidas.

Então, será que precisamos de uma tragédia para voltarmos os olhos para esses problemas? Tudo bem. É tragédia todo dia. Se você pegar um celular e ficar filmando a rodovia - não só essa que eu usei de exemplo - nos pontos críticos, nós teremos, no mínimo, um acidente. Ocorrem mortes quase todos os dias.

Agora, o que está sendo feito por essas concessionárias? Peço ao governo do estado para que tenha essa preocupação. Na Rodovia Washington Luiz, nessas cidades que margeiam essa rodovia, ela se tornou uma grande avenida. São utilizadas para levar os filhos na escola essas rodovias. Se verificarmos o que aconteceu ano passado, quantas crianças nós perdemos nesses pontos críticos?

Então, Sr. Presidente, eu disse que o meu conceito de política é aquele em que não possamos fazer oposição à situação. A situação nesta Casa não pode ser automática e também a oposição não pode ser sistemática. Hoje nós temos que ter um bom senso. É isso que pensam de nós. Temos que ter um bom senso de representar todo o estado de São Paulo. Por isso, nesses 40 dias que iremos permanecer nesta Casa, na companhia de V. Exas., nosso trabalho será voltado para que possamos ter esse bom senso em ajudar nosso Estado.

Deputado Bruno, pensando de forma sempre coerente, nós estamos alertando que todos os dias pessoas morrem nessas rodovias. Só que a maioria das concessionárias visa primeiro cifrões e as vidas ficam em segundo plano. Muito obrigado, Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP – Obrigado, deputado. Muito bem colocado. Só se pensa em aumentar pedágios, cobrar pedágios, mas segurança que é bom não se fala nisso.

Esta Presidência solicita ao nobre deputado Bruno que assuma a direção dos trabalhos, para que possa fazer uso da palavra.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Bruno Caetano.

 

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O SR. PRESIDENTE - BRUNO CAETANO – PSDB - Tem a palavra o nobre deputado Coronel Telhada, pelo tempo regimental.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - Sr. Presidente em exercício, nobre deputado Bruno Caetano, Srs. Deputados, Sras. Deputadas,  telespectador da TV Alesp, solicitei a palavra novamente porque acabei de receber um WhatsApp do coronel Marcelino, que é corregedor da Polícia Militar.

Vou ler esse WhatsApp para vocês notarem o problema da Segurança no Brasil. Prestem atenção: reclama-se do trabalho da Polícia, reclama-se que a situação está difícil e que o crime cresce a cada dia, e é verdade, mas prestem atenção no que acontece no dia a dia na realidade do policial militar, na tristeza que é ser policial neste País.

Prestem atenção: “No dia 26 de fevereiro de 2018, o cabo PM Vair Soares da Silva - ele trabalhava no presídio militar Romão Gomes, - circulava com uma motocicleta de sua propriedade na região do Pari, aqui no centro de São Paulo, quando foi abordado por um criminoso, cujo intento era a prática do roubo”. Ele havia passado no banco, havia pegado dinheiro, então iria acontecer a famosa saidinha do banco. “O militar reagiu ao roubo, tentou entrar em luta corporal com o infrator, mas foi mortalmente ferido”.

O PM que havia se tornado viúvo há pouco tempo, deixou dois filhos - ou seja, ele havia ficado viúvo há pouco tempo e morreu -, portanto, nós temos dois órfãos de pai e mãe na sociedade paulista.

“Ciente de tal notícia seguiu-se um trabalho árduo do departamento PM Vítima - o PM Vítima é um departamento dentro da corregedoria da Polícia Militar, que tem feito um trabalho maravilhoso, muito forte. Parabéns a todo pessoal do PM Vítima - para se chegar à autoria e responsabilização do homicídio. Descobriu-se que teria pertencido a uma quadrilha especializada de roubo a banco que acabou por se pulverizar nessa prática criminosa. Também foram arrolados colaboradores e testemunhas. No decorrer dos trabalhos juntou-se à equipe PM Vítima o pessoal do DEIC, a primeira delegacia do DEIC da Polícia Civil.

Hoje, 8 de fevereiro, agentes do departamento PM Vítima e do DEIC iniciaram uma operação de inteligência na região de Pirituba e Jaraguá; sendo obtido êxito na prisão do homicida, que possui já um mandato de prisão em seu favor”. Ou seja, além de ele ter esse homicídio de PM ele já tinha um mandato de prisão a seu favor.

Agora, aqui é que vem uma história, senhores. Esse criminoso, esse vagabundo que matou o policial militar saiu da prisão dia 7 de fevereiro, em uma audiência de custódia. Ele foi preso pela Polícia no dia 6 e no dia 7 ele foi liberado pela justiça brasileira, após ter sido preso com um fuzil em poder dele na área central. Ou seja, se esse vagabundo, que foi preso lá no dia 6, estivesse na cadeia porque foi preso com um fuzil e a Justiça o liberou no dia 7, talvez esse policial militar, pai de duas crianças que agora são órfãos, ainda estivesse vivo.

O vagabundo chama-se José Roberto Meireles da Rocha. Eu tenho a foto dele aqui, mas não vou mostrá-la inteira. Só quero mostrar um detalhe - aí já não mostra rosto, porque depois vem me encher a paciência. Vagabundo com tatuagens nas costas para mostrar que tenho aqui a foto desse safado.

Quem matou esse policial militar? Foi a Justiça. A Justiça. O vagabundo foi preso com um fuzil. Um fuzil, e a Justiça ainda coloca o cara em liberdade, na audiência de custódia.

Que País é esse? Que País é esse que quer ter paz social? Que País é esse, que libera um bandido armado de fuzil e 20 dias depois esse criminoso mata um policial militar?

Esse, infelizmente, é o nosso Brasil, que precisa mudar urgentemente. Parabéns, coronel Marcelino. Parabéns aos PMs do departamento PM Vítima, parabéns à Primeira Delegacia do Deic.

Um abraço a todos. Muito obrigado, Sr. Presidente e Srs. Deputados.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Coronel Telhada.

 

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O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Tem a palavra o nobre deputado Bruno Caetano.

 

O SR. BRUNO CAETANO - PSDB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Alesp, visitantes, funcionários desta Casa, sem querer dar muito “spoiler”, participei há pouco da gravação de um programa aqui na TV Assembleia, chamado “Arena Livre”, no qual recebemos o Sr. Juarez Filho, que é presidente da Ourominas.

Trago esse assunto porque foi uma entrevista muito interessante. Recomendo a quem possa assistir que o faça, porque trouxe, a partir de conceitos de inovação, desenvolvimento e tecnologia, novas possibilidades para extração de minério no País.

Acabamos de assistir a tragédia de Brumadinho; tivemos, há pouco tempo, a tragédia de Mariana, com o estouro de barragens. O Brasil ainda utiliza, para extração de seus minérios, uma tecnologia bastante antiga, que é a separação da terra do minério a partir da água. Isso gera a necessidade de barragens de rejeito, que são altamente contaminantes. Além disso, quando estouram, como aconteceu em Mariana e em Brumadinho, além da tragédia ambiental inominável, imensurável, ocorre uma tragédia humana da mesma magnitude.

Trouxe aqui o Juarez uma indicação de que a extração de minério no Brasil pode e deveria ser feita a partir de tecnologias secas. Isso eliminaria a necessidade do uso da água e, portanto, da construção de barragens. Tive a oportunidade de perguntar a ele: “Mas, Juarez, você é empreendedor nessa área, desenvolvedor dessas novas tecnologias. Qual é a capacidade de escala para extração de minério a partir dessa nova tecnologia?”. Ele disse: “Olha, Bruno, todo o minério de ferro no Brasil hoje poderia ser extraído com essa tecnologia”. Tive a oportunidade de perguntar a ele: “Que países fazem diferente do Brasil?”. Ele me disse: “Olha, Bruno, o Brasil hoje é um dos países mais atrasados em termos de uso de tecnologia na extração de minério”. E me deu o exemplo do Canadá, que é um grande produtor de minério onde toda a extração é feita sem o uso de um mililitro de água; só com o uso de tecnologias secas.

Ele é empreendedor na área do ouro. Perguntei a ele sobre a produtividade: hoje, o Brasil explora cerca de cem toneladas de ouro por ano. O uso dessa tecnologia poderá fazer com que o Brasil salte de cem para 250 toneladas de ouro por ano.

Trata-se de uma tecnologia ambientalmente correta, adequada, segura, seja para a população que está morando no entorno desses garimpos de extração, seja para os seus trabalhadores que lá estão.

Tive a oportunidade ainda de perguntar sobre empregos, pois sabemos, Coronel Telhada, que, muitas vezes, no mundo, mais tecnologia é igual a menos emprego, menos oportunidade de trabalho. Mas, no caso da mineração, o ganho na cadeia produtiva é enorme a partir da utilização dessa nova tecnologia, que é, basicamente, a utilização de uma máquina que faz a separação da terra do minério sem a utilização de água.

Por fim, tive a oportunidade de lembrar um bom exemplo de uma legislação que esta Casa aprovou, que fez com que o estado de São Paulo fosse pioneiro e levasse adiante, para todo o Brasil, um exemplo de como aliar boa produtividade com respeito ao meio ambiente e respeito à saúde das pessoas.

Refiro-me aqui à extração da cana de açúcar. Há poucos anos nós éramos obrigados a conviver, aqui no estado de São Paulo, com as queimadas, que era a tecnologia utilizada para o corte da cana. Então, antes de fazer o corte, havia aquele procedimento de jogar fogo nos canaviais, para haver a possibilidade de os trabalhadores fazerem, depois, a extração.

Esta Casa aprovou uma legislação muito avançada, fazendo com que o estado e seus empreendedores e toda a cadeia produtiva até a exploração da cana pudesse correr por meio de novas tecnologias, para acabar com as queimadas. E assim foi feito. E hoje o estado de São Paulo é um estado livre de queimadas.

Que nós usemos o exemplo da cana-de-açúcar para também corrermos atrás, na cadeia produtiva da mineração, para acabarmos com esse tipo de extração que utiliza água, que polui o meio ambiente e coloca em risco a vida das pessoas, para novas tecnologias ambientalmente mais adequadas, que possam trazer mais produtividade, mais empreendedores, mais empregos, mas também mais segurança para as pessoas.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE -  CORONEL TELHADA - PP -  Obrigado, Deputado Bruno, parabéns pelo tema e pela explicação, muito interessante.

Tem a palavra o nobre deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, vim agora de uma atividade de apoio à luta dos servidores municipais, que estão em greve contra a Sampaprev, aquele projeto de confisco salarial dos servidores municipais.

O projeto foi encaminhado à Câmara Municipal pelo Haddad, depois foi piorado pelo Doria, e agora foi aprovado, na calada da noite, no apagar das luzes do ano de 2018, entre o Natal e o Ano Novo, pela gestão Bruno Covas. Isso representa um retrocesso, um confisco dos salários de todos os servidores da cidade de São Paulo.

Eu estava participando de uma atividade, mas falarei desse tema depois, porque eu gostaria, primeiro, de voltar a um assunto que tenho debatido pela tribuna nesses dias. Comecei fazendo uma avaliação dos 30 dias do desgoverno do Doria, do Bolsodoria.

Estamos chocados, porque a ânsia privatista do empresário João Doria é muito grande. Ele já começa apresentando um projeto de lei na Assembleia Legislativa, o primeiro projeto que ele protocolou, o PL 01/2019, que trata exatamente dessa questão, instituindo um programa que, na prática, vai privatizar, terceirizar, fazer concessões para a iniciativa privada, de várias empresas públicas.

Ele anunciou agora que pretende privatizar o Zoológico, o Instituto Butantan, e tantos outros equipamentos públicos do estado, do patrimônio público.

Mas o que está me deixando mais chocado, além disso, é que ele também anunciou que fará aqui um decreto, não sei nem se ele já assinou, dando isenção fiscal para as empresas aéreas, dando isenção fiscal no preço do combustível, do querosene, para as empresas aéreas.

Há uma matéria publicada nesta semana, no jornal “Valor Econômico”, dizendo que só a Gol vai ter uma economia anual de 100 milhões, com esse presente do empresário João Doria para os empresários, seus colegas das empresas aéreas. Só uma empresa  vai ter uma economia de 100 milhões.

O que tem chocado mais ainda é que ontem, numa entrevista, o Henrique Meirelles, que era exatamente o ministro do Temer, e agora é secretário da Fazenda do Bolsodoria, disse que não há problema, porque se ele vai dar uma isenção fiscal para as empresas aéreas, na compra do querosene, ele vai fazer uma compensação, aumentando os impostos em outras áreas.

Ou seja, a sociedade vai pagar. Ele vai aumentar os impostos para a população pagar esse presente que o João Doria está dando para os empresários das empresas aéreas. Isso é um absurdo, Sr. Presidente. É chocante como já nos primeiros dias de governo o João Doria liga o motor do seu governo na direção da dilapidação, da entrega do patrimônio público, não só do patrimônio público, com esse projeto que ele pretende votar na Assembleia Legislativa, que terá a nossa oposição, a nossa obstrução e o nosso voto contrário. Espero que nem chegue a ir para votação, porque nós, do PSOL, vamos fazer oposição a esse projeto, porque é um absurdo.

Mas além disso, agora, ele começa a transferir, dá continuidade a uma política perversa, que até o Tribunal de Contas tem criticado. O Tribunal de Contas que é um puxadinho do Palácio do Governo, que sempre historicamente foi um puxadinho do PSDB, dos governos tucanos no estado de São Paulo. Até o Tribunal de Contas, ano passado, reclamou e disse que estava demais. Essa política de desoneração não é transparente, São Paulo não ganha nada com isso, está lá no relatório do Tribunal de Contas questionando os governos anteriores, sobretudo o governo Alckmin. Mas João Doria falou que era o novo, que era inovação. Não, ele vai continuar transferindo dinheiro público do nosso Orçamento, dos nossos impostos para os empresários, para o poder econômico, e fez esse anúncio de redução de 25, parece-me que para 12% do imposto do querosene para as empresas aéreas. E vai transferir a conta para a população.

E além disso, para concluir a primeira parte da minha intervenção, ele agora anunciou também que iria nomear para uma agência reguladora dois ex-representantes funcionários diretores da Comgás para uma agência que vai fiscalizar o próprio setor. É como se uma pessoa colocasse uma raposa para tomar conta do galinheiro. Isso é um absurdo total.

Então, Sr. Presidente, nós estamos preocupados porque, se já era ruim com o Alckmin, com o Serra, parece que vão ficar pior ainda essas questão das privatizações, das terceirizações, da entrega do patrimônio público para os empresários, para o capital privado. Parece-me que o PSDB só sabe governar assim. A única coisa que o PSDB sabe fazer é entregar o patrimônio público, privatizar. Esse é o grande programa, está no DNA a grande filosofia de governo do PSDB: privatizar, terceirizar, fazer concessões, entregar tudo para as empresas privadas, para as OSs, organizações sociais de caráter privado. Então deixa tudo para lá.

Não sei mais qual é a função então do Estado, porque o Estado não administra e monta agências reguladoras que estão também a serviço do capital das empresas - todos nós sabemos disso, elas não funcionam, não regulam nada. É só ver a Artesp, que em tese deveria fiscalizar as concessionárias, e não fiscaliza. Ela está a serviço e muitas vezes é controlada por essas empresas. Indiretamente os representantes dos conselheiros da Artesp normalmente defendem os interesses das empresas concessionárias e não da população e do Estado.

Então quero fazer essas considerações críticas em relação aos primeiros projetos e ações do Bolsodoria, do desgoverno Doria aqui em São Paulo.

Sr. Presidente, quero voltar ao tema que eu tinha colocado para V. Exas. a respeito do Sampaprev. Ontem eu acompanhei uma grande manifestação com 80 mil pessoas no centro da cidade na frente do gabinete da Prefeitura, do Bruno Covas. Depois saímos numa grande caminhada até o Vão Livre do Masp. Acompanhei do começo ao fim e a indignação é geral entre os servidores. Vi várias categorias paralisadas, não só os professores. Logicamente que a Educação é o carro-chefe na grande mobilização, mas tínhamos ali servidores da Saúde, do Hospital do Servidor Público Municipal, da Secretaria da Cultura, de vários setores do funcionalismo. Várias categorias estão paralisadas exigindo a revogação imediata da Sampaprev, que é esse projeto que instituiu, em tese, a previdência complementar, mas que confisca salários.

Nós aprovamos isso aqui. Eu votei contra, logicamente. Em 2011, o Alckmin encaminhou o projeto para a Assembleia Legislativa. Ele foi votado, eu votei contra. Ele instituiu a previdência complementar, mas não houve aumento da contribuição previdenciária. Agora, o projeto do Bruno Covas aumenta de 11 para 14 por cento, em um momento gravíssimo de crise econômica, em que os servidores não têm aumento, não têm nem reajuste salarial desde 2003. A política salarial da Prefeitura de São Paulo é como a do estado, é a mesma coisa, é de 0,01% desde 2003. Em um cenário como esse, de arrocho salarial, de defasagem salarial, de péssimas condições de trabalho, o prefeito Bruno Covas aprova essa medida de confisco salarial.

Eu estava conversando com vários servidores e servidoras e disse que São Paulo sempre foi o grande laboratório das políticas neoliberais, das políticas de estado mínimo, de ajuste fiscal contra os trabalhadores e contra a população. Foi assim com Covas, com Alckmin, com Serra e com Alckmin novamente. Também foi assim com Serra e Doria na Prefeitura; agora, com o Bruno Covas.

O PSDB é mais realista do que o rei, instituindo políticas de arrocho salarial, promovendo a defasagem salarial e, sobretudo, atacando os servidores públicos. Faz parte, eles destroem as carreiras dos servidores públicos. Basta pegarmos a carreira do Magistério estadual, que está defasada, degradada e abandonada pelo estado. Então, quero dizer que estive ontem nesse movimento. Vamos continuar apoiando a greve dos servidores municipais.

Já aprovaram um projeto como esse aqui. Isso serve de referência negativa para todo o Brasil. Vários municípios têm São Paulo como referência, assim como vários estados, para o bem e para o mal. Nesse caso, será para o mal. Se aprovarem em São Paulo um projeto de confisco salarial, isso abrirá espaço para que outros municípios e estados façam o mesmo.

Hoje li uma notícia - V. Exas. também devem ter lido - de que alguns estados lançaram um documento pedindo ao Supremo Tribunal Federal que faça rapidamente o julgamento liberando o congelamento de salários, a redução salarial e a redução da jornada de trabalho dos servidores, na questão da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Sr. Presidente, para encerrar meu pronunciamento de hoje, não poderia deixar de registrar o que aconteceu ontem na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, em uma grande manifestação de servidores e servidoras. Tivemos um ato gravíssimo de violência. Temos a filmagem e estamos tomando as providências. Professoras, mulheres, foram atacadas pela repressão, ontem, nessa manifestação pacífica. No telão, vemos a foto de uma professora machucada. Ela foi covardemente agredida, desnecessariamente agredida. Temos as imagens da Polícia Militar agredindo uma professora, uma mulher. Ela foi atingida no rosto e ficou sangrando. Há várias filmagens, de vários ângulos, mostrando que a professora foi vítima de uma brutalidade, de uma agressão desnecessária.

Ali, a maioria das pessoas era constituída de mulheres; eram professoras, educadoras que trabalham nas creches, nas escolas de educação infantil, na pré-escola, no ensino fundamental, lecionando do primeiro ao quinto ano. Conversei com muitas delas. Foram agredidas desnecessariamente pela Polícia Militar. Isso é um absurdo. Uma professora foi machucada, mas não só ela. Temos esta filmagem, mas existem outras, e outras professoras foram também ali atacadas por um grupo de PMs que acompanhava a manifestação.

Isso é um absurdo. Uma professora foi machucada, há uma indignação geral na Rede Municipal de Ensino com essa repressão que não tem justificativa. Agredir uma professora que estava fazendo um protesto é um absurdo, Sr. Presidente. Nós queremos providências imediatas em relação a isso, porque agredir uma pessoa que faz manifestação, uma professora, uma educadora, é muito grave, até porque foi uma manifestação pacífica do começo ao fim, então isso foi desnecessário e tem que ser apurado para que não ocorra novamente.

Eu me lembro da greve que houve em março do ano passado também contra a aprovação do Sampaprev, na qual houve também o espancamento de professores, mas desta vez pela GCM, Guarda Civil Metropolitana, dentro da Câmara Municipal. Nessa ocasião, professoras também foram agredidas, e algumas espancadas. É um absurdo que isso esteja acontecendo, porque a greve é um direito garantido pela Constituição Federal. Nós conquistamos esse direito com muita luta, com muito suor e com muitas mortes, e foi por isso que escrevemos o direito de greve na Constituição Federal, inclusive para os servidores públicos.

Nós defendemos o direito de greve para os servidores da Segurança Pública também, inclusive para a Polícia Militar. Entendemos que o PM que agrediu a professora é explorado também. Ele é um trabalhador, um operário da Segurança Pública que é massacrado pelo governo estadual com essa política de arrocho salarial. Ele também é vítima desse processo, mas acaba muitas vezes reproduzindo essa violência do estado contra os seus próprios colegas de classe.

Então nós defendemos, sim, que o policial militar tem que ter o direito de fazer greve, porque ele é um trabalhador e ganha muito mal, e o salário dele não é muito diferente do salário de um professor da rede estadual. Eram estas as considerações que eu gostaria de fazer data de hoje, Sr. Presidente. Muito obrigado.

 

 O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Muito obrigado, deputado Carlos Giannazi. Gostaria de fazer um esclarecimento. Eu falei antes que esta Casa não tem auto de vistoria do Corpo de Bombeiros, mas quero dar parabéns ao nosso presidente, pois o tenente José Antônio, da Assistência Militar, trouxe para mim o Termo de Autorização para Adequação do Corpo de Bombeiros, que foi assinado no dia 5 de novembro de 2018 pelo major Max Alexander Schroeder.

Segundo esse termo, a Assembleia Legislativa possui as condições satisfatórias de segurança contra incêndio por adotar medidas compensatórias que atendem aos objetivos descritos no Regulamento de Segurança contra Incêndio das Edificações e Áreas de Risco do Estado de São Paulo.

Portanto, a Assembleia Legislativa está em condições plenas de funcionamento, mas continua o desafio para as demais edificações municipais, estaduais e federais. Esse é o mínimo que tem que ser feito, esse é o correto. As casas públicas têm que ter condições de funcionamento total. Muito obrigado, tenente José Antônio, e parabéns ao nosso presidente Cauê Macris por, depois de 14 anos, conseguir colocar a Casa em ordem.

Tem a palavra o nobre deputado Bruno Caetano.

 

O SR. BRUNO CAETANO - PSDB - Sr. Presidente, eu não poderia deixar de dialogar com o deputado Carlos Giannazi, a quem  muito respeito. Gostaria de repor aqui algumas questões com a verdade. O deputado Carlos Giannazi disse que o governador João Doria promoveu uma série de isenções tributárias, o que não é verdade.

Aliás, ele disse que o governador promoveu isenção tributária para o setor aéreo, quando, na verdade, a única isenção tributária dada pelo governo foi para os produtores rurais, que pagavam 15%, 12%, 18% de ICMS em frutas, verduras ou legumes embalados e passaram a pagar zero. Portanto, deputado Carlos Giannazi, a única isenção dada pelo governo foi para os pequenos produtores, para que o alimento embalado chegue mais barato na mesa dos cidadãos.

O que o governador João Doria fez em relação ao setor aéreo foi desonerar, diminuir o ICMS para o querosene da aviação civil, porque São Paulo estava perdendo postos de trabalho, porque as aeronaves estavam levantando voo com o tanque quase vazio para se abastecerem no Rio de Janeiro, em Goiás, em Minas Gerais, onde o ICMS era mais barato.

Isso não ficou de graça para as companhias aéreas, como quis fazer entender o deputado Giannazi. Muito pelo contrário: foi assinado um acordo com as companhias aéreas para que quase 400 novos voos semanais fossem feitos em São Paulo, gerando mais empregos, mais oportunidades, mais dinamismo para a nossa economia. Ao longo dos próximos 18 meses a estimativa é que nós tenhamos em São Paulo mais de 60 mil novos empregos no setor.

Não há como ser contra a uma iniciativa dessas. Não há como ser contra. Só uma visão antiga, retrógrada, que acha que tudo deve ser feito pelo Estado paternalista, grande, é que pode concordar com essa visão. Perdão pela discordância, deputado Giannazi, mas disso nós temos uma visão completamente antagônica. Nós acreditamos que os serviços públicos podem ser prestados de forma gratuita à população, mas não diretamente pelo Estado. Podem ser feitos pela iniciativa privada, em parceria.

Erra também o deputado Giannazi quando diz que o governador Doria propôs a privatização do Instituto Butantan. Em nenhum momento se falou do Butantan. Está se falando do Zoológico e do Jardim Botânico. Não se fala de Butantan.

Eram essas palavras. Eu gostaria de repor aqui a verdade.

Muito obrigado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PARA COMUNICAÇÃO - Só para esclarecer o deputado Bruno Caetano. Vossa Excelência tentou fazer algumas correções, mas a única que eu admito foi realmente em relação ao Jardim Botânico, porque na verdade eu falei Instituto Butantan, que é estadual. Eu errei aí, talvez.

Em relação à política de desoneração, não. Essa cantilena de que o Estado terá algo em troca é velha. Todos nós a conhecemos. Todas as desonerações feitas pelo Estado são feitas através de decretos autoritários, que não são debatidos na Assembleia Legislativa. Não há debate. Eles não são transparentes, e essa é uma denúncia do próprio Tribunal de Contas. Todas as justificativas dizem isso, que São Paulo vai ter a criação de mais empregos, mas na prática isso nunca acontece. Por isso, o Tribunal de Contas denunciou esse fato no estado de São Paulo.

Ele anunciou que fará a redução. Todos os jornais estamparam matérias. A “Folha de S. Paulo”, o “Valor Econômico” e o “Estadão” estamparam matérias dizendo que haverá, sim, uma desoneração. E é dinheiro público, dinheiro que o Estado deixa de arrecadar. Isso vai trazer um prejuízo enorme, inclusive para os municípios, para as universidades, a USP, a Unesp, para a Educação Básica, a escola pública, que está sucateada. É dinheiro que deixa de entrar no erário, no cofre público. Isso é, sim, política de desoneração.

Eu concordo que ele ainda não teve tempo. Ele assumiu agora, mas já está anunciando um programa de privatizações, de terceirizações, como ele tentou fazer na Prefeitura de São Paulo.

Nós vamos querer aprofundar esse debate, até porque será debatido aqui o PL 01/2019, que nós somos totalmente contra. Nós vamos marcar posição aqui, fazendo um amplo debate.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL TELHADA - PP - Muito obrigado a todos, assessores e deputados. Quero agradecer ao cabo Ricardo e a cabo Eliane da nossa assessoria. Quero agradecer também à assessoria policial militar, sempre presente aqui conosco e à assessoria dada pelo tenente José Antonio, na questão do AVCB.

Já foi pedido anteriormente o levantamento da sessão pela nobre deputada Leci Brandão, portanto, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 34 minutos.

 

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