12 DE FEVEREIRO DE 2019
8ª SESSÃO ORDINÁRIA DO PERÍODO ADICIONAL
Presidência: ANALICE FERNANDES, GILMAR GIMENES, BRUNO CAETANO
e CAUÊ MACRIS
Secretaria: CÁSSIO NAVARRO
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - ANALICE FERNANDES
Assume a Presidência e abre a sessão. Solicita um minuto de
silêncio em razão do falecimento do jornalista Ricardo Boechat
no dia de ontem, em um acidente de helicóptero.
2 - LECI BRANDÃO
Lamenta o falecimento do jornalista Ricardo Boechat. Considera racista festa de aniversário de 50 anos
de Donata Meirelles, diretora da revista Vogue
Brasil, que teve como tema o Brasil escravocrata.
3 - CORONEL TELHADA
Considera que na Polícia Militar há soldados e comandantes de
todas as etnias, não havendo espaço para racismo e discriminação. Lamenta que
as mortes de policiais militares não recebam destaque na mídia. Lembra que o
jornalista Ricardo Boechat tecia críticas à Polícia
Militar.
4 - CARLOS GIANNAZI
Faz críticas ao PL 1/19, de autoria do governador João Doria,
que propõe a criação do Programa Estadual de Desestatização. Manifesta-se
contra a aprovação do PDL 1/19 e do PDL 2/19, que tratam da escolha dos
conselheiros da Arsesp.
5 - BRUNO CAETANO
Rebate o pronunciamento do deputado Carlos Giannazi e defendeu
a aprovação do PL 1/19. Considera que a iniciativa privada deve atuar como
parceira do Governo. Discorre sobre a importância da apreciação de projeto que
institui o Conselho do Fundeb.
6 - CÁSSIO NAVARRO
Defende o governador João Doria de críticas feitas em relação
ao seu mandato. Destaca que o programa Corujão da Saúde deverá atender a
Baixada Santista.
7 - GILMAR GIMENES
Assume a Presidência.
8 - ANALICE FERNANDES
Informa sua visita, acompanhando o secretário da Educação, Rossieli Soares, às cidades de Meridiano e Aspásia para a
inauguração de creches-escola. Elogia o governador João Doria por sua dedicação
à Educação. Destaca a importância das creches-escola para a segurança das
crianças atendidas. Defende a homologação de transporte escolar gratuito para
crianças na região do Butantã.
9 - PRESIDENTE GILMAR GIMENES
Elogia o secretário da Educação, Rossieli
Soares e o governador João Doria pela abertura de creches-escola nas cidades de
Meridiano e Aspásia.
10 - ORLANDO BOLÇONE
Apresenta matéria do jornal "Diário da Região"
sobre os riscos de rompimentos de barragens na região do Noroeste Paulista.
Pede atenção da Cetesb sobre
o caso.
11 - ANALICE FERNANDES
Assume a Presidência.
12 - JULIO CESAR
Defende o modelo de gestão pública continuada e
compartilhada. Lamenta que alguns secretários de Estado não estejam abertos a
ouvir as demandas parlamentares.
13 - ROBERTO MASSAFERA
Divulga decreto, de autoria do governador João Doria, que
propõe a criação da Faculdade de Tecnologia de Matão. Discorre sobre o modelo
de ensino médio profissionalizante aplicado às Fatecs
e às escolas técnicas no estado de São Paulo. Defende o ensino integral nas
escolas. Elogia medida do governador que reduziu imposto sobre combustível da
aviação. Lamenta a queda de representatividade de deputados do interior neste
Parlamento.
14 - RAUL MARCELO
Faz críticas ao PDL 1/19 e PDL 2/19, que tratam da escolha
dos conselheiros da Arsesp. Explica que os
conselheiros escolhidos são ex-funcionários de empresas fornecedoras de gás.
Lembra que o jornalista Ricardo Boechat havia
denunciado este caso. Considera abusivo aumento no preço do gás, que, mesmo sem
justificativa, foi aprovado pela Arsesp.
GRANDE EXPEDIENTE
15 - ANTONIO CARLOS JUNIOR
Solicita ao governador João Doria a instalação de um Baep e a recomposição dos efetivos da Polícia Militar no
litoral norte. Ressalta o aumento da violência na região. Esclarece que a
região possui 167 policiais a menos cuidando da segurança da população. Agradece
ao governador pela inauguração, em junho, do Hospital Regional. Menciona o
investimento de 180 milhões de reais, com 220 leitos.
16 - BRUNO CAETANO
Assume a Presidência.
17 - CAIO FRANÇA
Para comunicação, informa que, na reunião da associação dos
municípios considerados estâncias, não havia nenhum membro representando o
Governo de São Paulo. Esclarece que não houve nenhuma explicação sobre o
cancelamento de convênios com estes municípios. Lembra a votação, nesta Casa,
no final do ano passado, de um orçamento de 400 milhões para estas cidades.
18 - CARLÃO PIGNATARI
Para comunicação, esclarece, para o deputado Caio França, que
o governo anterior em São Paulo fez um decreto no mês de maio, revogando todos
os extras a pagar de anos anteriores. Lembra que havia obras em andamento.
Informa que o Governo está fazendo uma revisão em razão da responsabilidade
fiscal.
19 - MÁRCIA LULA LIA
Discorre sobre a nomeação de ex-diretores da Comgás para assumirem
cargos na Arsesp. Considera que os consumidores de
gás, energia elétrica e saneamento básico terão extremas dificuldades. Informa
que as tarifas da Comgás deveriam ter sido revisadas em 2014, após a
privatização da mesma em 1999. Ressalta que esta disputa está na justiça desde
2014. Diz achar um absurdo três ex-diretores da Comgás serem
responsáveis pela fiscalização e regulação de empresas para as quais
trabalharam a vida inteira. Destaca que o presidente da Arsesp
deve vir a esta Casa explicar esta situação, que considera imoral e antiética.
Combate nota técnica do Ministério da Saúde visando a
recuperação de manicômios e eletrochoques.
20 - CAIO FRANÇA
Para comunicação, rebate o pronunciamento do deputado Carlão
Pignatari.
21 - RAUL MARCELO
Considera que o Brasil voltou a ser governado pelos
militares. Discorre sobre o conceito de pátria. Ressalta que as Forças Armadas
deveriam colocar-se contra a entrega das reservas do pré-sal por preço de
banana. Combate o posicionamento do Brasil de seguir fielmente os Estados
Unidos. Destaca a necessidade de abrir os mercados das comunidades árabes, além
de fortalecer laços com a Europa e a América Latina. Critica as ações do
Governo em relação ao Mercosul.
Demonstra sua preocupação com o futuro do País, caso não tenhamos um modelo
para negociar com os grandes países. Diz estar preocupado com
as Forças Armadas e com os cem generais no Governo, em todas as esferas do
poder. Cita a iminência de uma guerra com a Venezuela.
22 - CÁSSIO NAVARRO
Para comunicação, dá explicações
sobre o cancelamento de convênios com as cidades consideradas estâncias
turísticas. Ressalta que o governador João Doria é responsável e tem
compromisso com a sociedade paulista. Esclarece que o último Governo prometeu
aquilo que não podia cumprir. Informa que os convênios foram suspensos para
avaliação do que é realmente possível de ser cumprido.
23 - LUIZ GONZAGA VIEIRA
Diz ser uma satisfação voltar ao plenário desta Casa, na qual
começou sua carreira política. Menciona sua participação significativa no
desenvolvimento do estado de São Paulo. Lembra o seu início na política, quando
foi eleito deputado estadual por Tatuí. Cita projetos e leis de sua autoria,
além de cargos ocupados nesta Casa. Discorre sobre suas realizações como
prefeito de Tatuí. Destaca o recebimento do título de cidadão de diversas
cidades do interior do Estado.
24 - ED THOMAS
Pelo art. 82, discorre sobre a tragédia que resultou na morte
do jornalista Ricardo Boechat. Lamenta as tragédias
ocorridas com a lama, o fogo, a água e o ar, com uma notícia se sobrepondo a
outra. Fala que o jornalismo, assim como as comunicações, perdeu muito.
Homenageia o piloto Ronaldo, que também faleceu no acidente.
25 - ED THOMAS
Solicita a suspensão da sessão até as
17 horas, por acordo de lideranças.
26 - PRESIDENTE BRUNO CAETANO
Defere o pedido e suspende a sessão às 16h27min.
ORDEM DO DIA
27 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Assume a Presidência e reabre a sessão às 17h02min. Coloca em
votação e declara aprovado requerimento de alteração da Ordem do Dia. Coloca em
discussão o PL 640/18.
28 - CARLÃO PIGNATARI
Discute o PL 640/18.
29 - CAMPOS MACHADO
Para comunicação, manifesta-se contra o PL 1/19, de autoria
do Governo do Estado.
30 - CARLÃO PIGNATARI
Para comunicação, defende a discussão gradual do PL 1/19.
31 - JOÃO PAULO RILLO
Discute o PL 640/18.
32 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Afirma que deve pautar os projetos referidos pelo deputado
João Paulo Rillo.
33 - TEONILIO BARBA
Discute o PL 640/18 (aparteado pelos deputados Carlão
Pignatari e Campos Machado).
34 - BRUNO CAETANO
Para comunicação, defende a postura do PSDB.
35 - TEONILIO BARBA
Para comunicação, aduz que o PSDB deve assumir sua intenção
privatista.
36 - CARLÃO PIGNATARI
Para comunicação, rebate o discurso do deputado Teonilio Barba.
37 - CAMPOS MACHADO
Discute o PL 640/18.
38 - MÁRCIA LULA LIA
Para comunicação, discorre acerca de necessidades da Fatec de
Araraquara. Mostra-se surpresa com a criação de Fatec em Matão.
39 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Encerra a discussão do PL 640/18. Coloca em votação e declara
aprovada a consulta às lideranças, para que fosse dado conhecimento da íntegra
e votada emenda aglutinativa ao PL 640/18, sendo dispensada sua leitura.
40 - CAMPOS MACHADO
Solicita a publicação da emenda aglutinativa ao PL 640/18.
41 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Defere o pedido. Determina a publicação, no "Diário
Oficial", da emenda aglutinativa ao PL 640/18.
42 - TEONILIO BARBA
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
43 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão
ordinária do dia 13/02, à hora regimental, com Ordem do Dia. Lembra sessão
solene a ser realizada amanhã, às 10 horas, para "Outorga do Colar de
Honra ao Mérito Legislativo à Senhora Maria Clara Machado da Silva".
Levanta a sessão.
*
* *
- Assume
a Presidência e abre a sessão a Sra. Analice
Fernandes.
*
* *
-
Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
*
* *
A
SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Presente número regimental de senhoras deputadas e senhores
deputados, sob a proteção de Deus iniciamos os nossos trabalhos.
Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e convida o
nobre deputado Cássio Navarro para ler a resenha do Expediente.
O
SR. CÁSSIO NAVARRO - PSDB - Sra. Presidente, é
uma Indicação da nobre deputada Beth Sahão. Indica
nos termos do Artigo 44, inciso III, da 14ª Consolidação do Regimento Interno,
o próprio nome como membro efetivo da Comissão de Educação e Cultura, em vaga
anteriormente ocupada pelo deputado Alencar Santana Braga. Esta é a Indicação,
presidente.
A
SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Esta
deputada na Presidência agradece o deputado Cássio Navarro pela leitura da
resenha do Expediente, e antes de entrarmos na lista de oradores do Pequeno Expediente,
gostaria de solicitar um minuto de silêncio, quero pedir aqui para todos os
deputados e deputadas desta Casa, pelo trágico acidente no dia de ontem, de uma
pessoa que fazia a diferença no jornalismo brasileiro, que é o nosso querido
Ricardo Boechat, que nos deixou na tarde de ontem. Um
minuto de silêncio pelo falecimento do jornalista Ricardo Boechat.
*
* *
-
É respeitado um minuto de silêncio.
*
* *
Srs.
Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o primeiro
orador inscrito, nobre deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre
deputado Delegado Olim. (Pausa.) Tem a palavra o
nobre deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra
a nobre deputada Leci Brandão.
A SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente, nobre deputada Analice Fernandes, Srs. Deputados, Sras. Deputadas,
funcionários desta Casa, telespectadores da TV Assembleia, como já foi dito
muito bem por V. Exa., ontem tivemos um dia muito
triste, não só para o jornalismo, mas para aquelas pessoas que eram ouvintes
assíduas do jornalista Boechat. Partidarismos à parte, acho que realmente ele fez uma escola no jornalismo. O que
me chamou a atenção também é que muitas pessoas falaram da generosidade dele.
Que ele era uma pessoa que tratava todos muito bem, tinha
um relacionamento bom com todos, não só dentro da TV Bandeirantes, mas também
com outros órgãos de imprensa em que trabalhou.
Sra.
Presidente, 2019 está sendo um ano muito complicado. Já começo a temer esse ano. São tantas tragédias, tantos crimes,
tantas coisas acontecendo. E existem também outros tipos de crimes que nos
chamam a atenção, como foi o caso da comemoração do aniversário de 50 anos da
Sra. Donata Meirelles, diretora da revista Vogue, que teve como tema de festa “O Brasil Colonial e
Escravocrata”. A festa teve de tudo: mulheres negras vestidas de mucamas
abanando convidadas e a aniversariante, como se fossem sinhazinhas; objetos
sagrados de religiões de matriz africana como acessórios; e muita gente famosa
para animar a festa e também compactuar com o racismo.
Essa festa é o símbolo
mais recente do quanto negros e negras deste país
ainda não são vistos como cidadãos e cidadãs; mais do que isso, acho que a
elite, às vezes, sente falta e se ressente de não ser mais a dona de nossos
corpos e ideias.
Ao colocar nessa
história a nossa liturgia e a nossa dor como tema de festa, essa gente, cada
vez mais, está dizendo que, para eles, somos objetos que podemos ser explorados
como mão de obra barata até a morte.
Essa reforma da
Previdência que estão querendo fazer é para matar as pessoas. Nossos jovens
podem ser mortos pela polícia, que pode alegar legítima defesa. Há uma série de
coisas que irão prejudicar cada vez mais a nossa população. E o ministro juiz
não está tão preocupado com isso.
Essa
socialite improvisou um pedido de desculpas para
não causar uma impressão diferente. Dona Donata, não
é isso. Essa festança não causou impressão diferente. A cenografia, o figurino,
a encenação: tudo foi feito de forma racista, na medida em que revistas como a
que você dirige, a revista Vogue, sempre foram dessa forma.
Posturas como as que
vimos nessa festa reforçam estereótipos e pretendem desumanizar a população
negra e pobre. Legitimam e normalizam genocídio, escravidão, violência
obstétrica, tudo o que atinge mais a mulher negra, entre tantas outras
violências. Pedir desculpas não resolve mais; dizer que foi um mal-entendido
também não. Está mais do que na hora de essa gente aprender que racismo não se
resolve com pedidos de desculpas. Queremos ações, queremos atitudes.
É bom que as pessoas saibam - aqueles que vão me conhecer agora, já que a
Assembleia terá rostos novos, muita gente nova - que, enquanto houver qualquer
atitude racista dentro do estado de São Paulo, esta deputada sempre ocupará
esta tribuna para denunciar, para falar, para que as pessoas possam fazer uma
conscientização de que somos todos iguais. Somos seres humanos. Dentro
desta Casa, temos representante, e que ainda é mulher. Sou uma mulher negra e
tenho feito minha caminhada, primeiramente, respeitando todos os outros 93
deputados e deputadas desta Casa, como sempre fiz. Porém, todas as vezes em que aparecer aqui qualquer situação envolvendo a
questão do racismo, estarei presente nesta tribuna.
Quero dirigir-me ao
deputado Coronel Telhada, que está aqui. Falamos da questão policial e o
deputado Coronel Telhada é uma pessoa que sempre entendeu minhas colocações. É
por isso que nos entendemos bem.
Muito obrigada, Sra. Presidente.
A
SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB -
Parabéns, deputada Leci Brandão, por trazer, na tarde de hoje, essa reflexão
tão importante para esta Casa. Parabéns, mais uma vez, pelo discurso.
Tem a palavra o nobre
deputado Ramalho da Construção. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Luiz
Gonzaga Vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Coronel Telhada.
O
SR. CORONEL TELHADA - PP - Sra.
Presidente Analice Fernandes, deputado Cássio
Navarro, líder do PSDB, Srs. Deputados, assessores, funcionários, em nome da
cabo Débora, quero cumprimentar toda a Assessoria Policial Militar da
Assembleia Legislativa e também a todos os senhores e senhoras que nos assistem
pela TV Assembleia. Eu estava ouvindo a nossa antecessora, com grande respeito
que tenho pela deputada Leci Brandão. Ela tem os seus
motivos, nós entendemos. Nós somos totalmente contra coisas erradas também. Por
sermos policiais, somos legalistas ao extremo e às vezes acontece.
Infelizmente, quem lida com público acaba tendo problemas. Não é fácil, são
situações diversas.
O
que sempre fazemos questão de deixar bem claro é que não queremos uma
generalização das coisas, fazer com se critique a corporação às vezes por causa
do ato de uma pessoa. Entendemos, sim. Aliás, a Polícia Militar é aquela que
corta na própria carne. Quando alguém comete algum deslize que é nosso, nós
tomamos providências, não esperamos outros adotarem.
Quanto
ao racismo, é uma coisa que não temos dentro da Polícia Militar. Eu acho que é
uma das primeiras e talvez uma das grandes corporações nacionais - não só a
Polícia Militar de São Paulo, como as outras polícias militares, as Forças
Armadas - onde nós temos homens, mulheres, negros, brancos, amarelos,
evangélicos, católicos, umbandistas, gente descendente de todas as raças, de
todos os credos. Isso na Polícia Militar é uma coisa bem democrática, bem
arraigada.
Nós
temos de coronel a soldado, homens e mulheres negros, brancos, de todas as
religiões, como eu disse. O racismo é uma coisa interessante. Eu vejo muito
esse discurso: “o negro pobre da periferia”. Só que o pessoal esquece que o
negro pobre da periferia é o policial também, como existem milhares de
policiais negros pobres da periferia - mas sempre se joga esse argumento.
Não
estamos interessados se a pessoa é negra, é pobre. Nós estamos interessados se
esta pessoa está cometendo um crime para que a polícia possa agir. É assim que
funciona e, infelizmente, nós temos centenas de policiais morrendo todos os
anos, o que prova que a polícia é uma vítima do crime sim, que o policial é uma
vítima do crime. Ontem mesmo, nós falamos de um policial do Rio de Janeiro e
muitos desses policiais são negros pobres da periferia, mas ninguém chora por
eles.
Ontem, eu lamentei a morte do jornalista
Ricardo Boechat, porque não queremos essa morte para
ninguém, nenhuma pessoa merece morrer dessa maneira. Foi uma fatalidade, não há
como não dizer, mas eu estava observando hoje os jornais, que tratavam a morte
dele como um absurdo, como algo que mudou o País. Nós perdemos policiais todos
os dias de maneira mais drástica ainda e eu não vejo uma comoção por parte da
imprensa. O primeiro conceito da Constituição Brasileira: ninguém é diferente,
ninguém é melhor que ninguém. Mas, para alguns órgãos de imprensa, para algumas
pessoas, existe essa diferença, sim.
Quando
morre um político, quando morre um jornalista, quando morre alguém importante,
faz-se uma mise en scène, todo um barulho. Quando morre um policial que ganha
uma porcaria de um salário para defender a população, nem se menciona o nome
dele, nem se menciona o nome desse cidadão.
Como
eu falei, outro dia, de um policial que morreu numa ocorrência e que tinha
enterrado a mulher dias antes e os dois filhos de 12 e dez anos estavam órfãos.
Ninguém se preocupa. Essa generalização de dizer que a polícia maltrata as pessoas
é um papo que eu ouço há 40 anos. Não concordo e não aceito, porque a impressão
que tenho, sabe qual é? Que as pessoas não têm argumentos para ficarem falando
das outras secretarias e então falam da polícia, porque a primeira pessoa que o
cidadão encontra que representa o Governo é o policial. Esse policial passa a
ser vítima de tudo de ruim que o Governo faz. As críticas caem sobre o
policial, porque, quando você está com um problema na sua casa, você não liga
para o secretário, para o deputado, para o médico, para o juiz.
Você
liga 190 e quem vai atender você é um policial militar homem ou mulher, e se
ele atender você bem, salvar a sua vida, fazer o
melhor para você, nem um “muito obrigado” ele recebe. Agora, quando o cidadão
não concorda com o resultado da ocorrência, ele passa a criticar a polícia,
dizendo que a polícia não presta, que a polícia é
racista, que a polícia é violenta.
É
difícil ser policial num país assim. Sabemos que no mundo todo é muito difícil
ser policial, mas no Brasil principalmente, onde temos leis benévolas com o
crime, onde nós temos leis que facilitam a ação de criminosos.
Eu
falo, repito, com o maior respeito que tenho por todos os deputados. Tenho
certeza que nenhum dos senhores nunca teve um problema de ser desrespeitado por
mim ou teve um problema sério de convivência, e sei também que os deputados
apoiam a polícia. Apesar dos discursos, eu sei que apoiam a polícia também.
Eu
peço esse apoio e essa compreensão. A vida de um policial não é fácil. Por
exemplo, é muito chato falar o que vou falar, mas eu vou falar. O jornalista
Ricardo Boechat era um grande crítico da polícia.
Lembro uma vez que ele mandou jogar pedras do helicóptero em um policial que
estava lá embaixo. Tiveram que fazer uma alteração no trânsito, desviar o
trânsito, e ele falou lá de cima para o helicóptero da Band jogar urina e pedra na cabeça deles.
Ontem, devido à morte
dele, devido ao acidente, a polícia também foi obrigada a desviar o trânsito, e
foi um policial que foi buscá-lo lá. Então é preciso pensar bem antes de
criticar a polícia. Você, que faz críticas contra a polícia, tenha certeza de
que, mais cedo ou mais tarde, vai precisar dessa polícia. Nós queremos uma
polícia legalista, séria, comprometida, democrática, mas uma polícia forte, que
nos defenda e nos ajude na hora de necessidade, e essa polícia é a Polícia
Militar do Estado de São Paulo. Muito obrigado, Sra.
Presidente.
A
SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Nobre
deputado Coronel Telhada, sempre combativo defensor da Polícia Militar do
Estado de São Paulo, eu me congratulo sempre com os dados que V. Exa. traz para esta Casa e toda a
reflexão feita. Respeito muito a sua atuação nesta Casa, deputado Coronel Telhada.
Tem a palavra o nobre
deputado Carlos Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR
- Sra. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
público presente nas galerias, telespectadores da TV Alesp,
estou chocado com a pauta que nós recebemos do Colégio de Líderes e que será
debatida hoje daqui a pouco, às 15 horas e 30 minutos.
O PL 1, de 2019, o
primeiro projeto que o Governo protocolou na Assembleia Legislativa, é um
projeto nefasto que autoriza o governador a privatizar tudo, fazer
terceirizações, concessões, PPPs, vender nosso
patrimônio público. É um cheque em branco, um projeto que cria um programa de
desestatização do estado de São Paulo, um absurdo total. O PSDB só sabe fazer
isto: privatizar, fazer concessões, fazer negócios com os nossos equipamentos
públicos.
Além desse PL, nós
temos ainda para debater no Colégio de Líderes o PDL 1 e o PDL 2, e ambos
indicam conselheiros para a Arsesp, que é a Agência
Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo. Essas duas pessoas
que estão sendo nomeadas para fiscalizar as empresas de gás vêm dessas mesmas
empresas, da Comgás. Elas trabalharam durante anos, serviram a essas empresas
durante anos, e agora o Doria quer nomeá-las ao conselho da Arsesp,
para que fiscalizem as empresas. Ou seja, é colocar a raposa para tomar conta
do galinheiro.
Essas pessoas
certamente estarão trabalhando para beneficiar as empresas, sobretudo a Comgás.
Eu espero que nenhum deputado vote a favor desses dois PDLs,
pois seria um atentado ao bom senso. A população não vai aceitar isso, até
porque o Doria se reuniu recentemente com o Rubens Ometto,
que é presidente da Cosan, uma dessas empresas de
gás. Ele foi a pessoa que mais fez doação para campanha do Doria, doou 500 mil reais, ou seja, é um absurdo. Isso é um
conluio, e nós não vamos aceitar.
Faço um apelo aqui para
que todos os deputados votem contra esse descalabro que são o PDL 1 e o PDL 2.
Isso é colocar a raposa para tomar conta do galinheiro. Faço um apelo aos
deputados, principalmente aos nossos colegas deputados que assumiram agora,
nestes dias, na suplência de alguns outros deputados, para que não manchem a
história de V. Exas., porque
a população já está de olho nisso, assim como a imprensa. Todos estão falando
sobre isso, porque é um absurdo total.
E eu vejo, hoje, uma
movimentação aqui na Assembleia Legislativa, a Casa está cheia, com muitos
deputados, o estacionamento está lotado. Quando eu vejo a Casa lotada assim,
com deputados que nunca aparecem, é porque coisa boa não vem por aí. Quando
lota a Casa é porque vem maldade contra o povo de São Paulo, vem algum projeto
ruim, e os projetos apresentados pelo Doria, pelo menos os que eu li, são todos
ruins.
Tem projeto de
privatização, de indicação de raposa para tomar conta de galinheiro; é preocupante.
Não veio nada até agora de interessante, que pudéssemos votar com
tranquilidade, algum projeto que fosse beneficiar a população.
Na pauta também está um
PLC que queremos debater e aprofundar, o PLC 52, de 2018, que trata da questão
do Iamspe. Esse é um projeto importante, que deveria
ser debatido e aperfeiçoado através das emendas que já apresentamos e que
transformam o Iamspe em uma autarquia especial, um
projeto importante.
Queria também
parabenizar V. Exa.,
deputada Analice Fernandes, pela aprovação do projeto
de lei das 30 horas da enfermagem, que, infelizmente, foi vetado. Temos que
derrubar o veto. Aliás, muitos projetos foram vetados, projetos importantes e
estratégicos, que foram aprovados no final do ano passado, mas, infelizmente,
foram todos vetados pelo governador Doria. O de V. Exa., o da deputada Beth Sahão, dos
deputados Raul Marcelo e Rillo, vários projetos da
base do Governo e da oposição. Agora temos que derrubar os vetos desses
projetos.
A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB
- Tem a palavra o nobre deputado Bruno Caetano.
O
SR. BRUNO CAETANO - PSDB - Obrigado, presidente e amiga,
deputada Analice Fernandes. Cumprimento todos os
nossos colegas, como o deputado Tripoli, amigo de
longa data, da Câmara Municipal ainda. Cumprimento também todos os funcionários
e telespectadores TV Assembleia.
Queria, hoje, comentar
sobre a nossa atividade legislativa aqui na Assembleia Legislativa. Sabemos que
duas são as funções primordiais: legislar e fiscalizar. No que diz respeito à
legislação, nosso trabalho é muito aguardado pela população.
Escutei atentamente
nosso colega Giannazi fazer menções a projetos que
devem ser apreciados por esta Casa e quero, desde já, antecipar nossa saudável
divergência com nosso colega Giannazi. Estão, hoje,
sobre a Mesa desta Casa, dois projetos da maior importância, não para o Governo
do Estado de São Paulo, mas para a população de São Paulo.
Um deles é o primeiro
projeto do governador Doria, que trata da desestatização, o Projeto 01, de
2019. Ele é muito importante para que o Governo do Estado, o Poder Público,
possa, efetivamente, cuidar daquilo que é sua tarefa, que é o mais importante
para a população: cuidar da Educação - como bem defende o deputado Giannazi -, da Saúde, da Segurança e fazer com que
atividades que são anexas, que são satélites ao Governo, possam ser ofertadas
pela iniciativa privada.
Não é nenhum palavrão
ter a participação da iniciativa privada na prestação de serviços públicos.
Isso não significa que os serviços serão privatizados. O que vai ser feito com
esse projeto, e que deve, em minha opinião, ser aprovado, é uma melhor
prestação de serviço público, feito pelo privado, com toda a fiscalização que o
Poder Público deve exercer.
Trata-se de pensar no
que é melhor para a população, na melhor maneira de se prestar esse serviço. E
eu, de forma alguma, consigo concordar que a melhor maneira de se prestar
serviço público seja estatizando. Acredito que a iniciativa privada pode e
deve, sim, colaborar. Com toda a fiscalização, que, aliás, é tarefa desta Casa.
Tudo aquilo que o privado puder fazer deverá contar com nossa fiscalização. É o
jeito mais eficiente e é o jeito de a gente trazer a iniciativa privada como
parceira do governo.
Há outro projeto para o
qual eu queria chamar a atenção, que já está tramitando nesta Casa desde 2018 e
cria o conselho do Fundeb. Eu estava, hoje,
discutindo esse projeto com a deputada Analice
Fernandes na reunião da bancada do PSDB. Esta Casa precisa apreciar esse
projeto, que é de iniciativa do Executivo; aliás, é um projeto do governador
anterior ainda, não do governador Doria. É um projeto para que São Paulo possa
continuar recebendo os repasses do Fundeb.
É preciso que as
comissões voltem a funcionar a todo vapor. Que este plenário - ao contrário do
deputado Carlos Giannazi, que desconfia do plenário
cheio - fique cheio aqui em todas as sessões, para que possamos discutir os
projetos que realmente são de interesse da população.
São Paulo deixa, pode
deixar de receber recursos federais do Fundeb pela
ausência de um conselho. Existe uma nova lei que obriga a criação de um
conselho; conselho que era criado por decreto e agora
precisa ser feito por lei. E a gente faz todo o esforço para que essa lei passe
o mais rápido possível, de modo que São Paulo deixe, inclusive, de pertencer ao
Cadin - Cadastro de Inadimplentes -, porque não
instalou esse conselho.
Então, deputada Analice Fernandes, deputados que estão participando desta
sessão e telespectadores da TV Assembleia, há uma pauta muito extensa de
trabalho. Nós temos, até o final desta legislatura, pouco mais de 30 dias, com
muitos deputados com bastante disposição para o trabalho e com uma pauta
bastante importante para a população. Faço um apelo para que a gente possa
destravar esses projetos, aprovando-os um a um, a fim de continuar oferecendo
ao povo de São Paulo as melhores condições que sempre oferecemos no nosso
estado.
Essas eram as palavras
de hoje. Muito obrigado.
A
SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB -
Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre deputado Cássio Navarro.
O
SR. CÁSSIO NAVARRO - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR -
Boa tarde, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, Sra.
Presidente, funcionários e assessoria desta Casa. Eu gostaria de usar este
momento do Pequeno Expediente para falar um pouco com vocês que nos acompanham, que assistem à TV Assembleia e que sem dúvida
observam o trabalho de cada deputado desta Casa. Eu digo isso porque tenho me
incomodado com algumas proposituras em que querem culpar um governador que
acabou de assumir. Um governador que já tem uma história realizada de grandes
feitos. O governador João Doria tem coragem, tem toda a capacidade de gestor a
oferecer ao povo de São Paulo, e faz isso com muita responsabilidade.
*
* *
- Assume a Presidência
o Sr. Gilmar Gimenes.
*
* *
Alguns podem dizer que
ele está desprestigiando um município, uma região, ou que está cancelando repasses
de recursos. Eu estou aqui, e vou vir a esta tribuna quantas vezes for
necessário, para dizer que aquilo que não tem empenho não pode ser pago. Não
adianta fazer convênio se não reservou o dinheiro; não adianta fazer convênios
no último dia de um governo para deixar para o próximo pagar sem que haja o
empenho.
Por isso, não foram
simplesmente cancelados os repasses. Foram suspensos, para que se possa dar a oportunidade de avaliar tudo aquilo que foi colocado para
as prefeituras, para as regiões, em relação ao que é possível de ser realizado.
Mas não se pode cometer um ato irresponsável de se comprometer com aquilo que
não houve empenho. Não existia recurso para aquilo.
Por isso, peço atenção,
inclusive de alguns colegas que utilizam matérias para querer denegrir o nosso
grande governador João Doria, que tem demonstrado, nesses pouco mais de 30
dias, ações muito importantes, respeitando a polícia, toda a parte da
Segurança, parabenizando-os pelos fatos, que tem tido atenção com a economia do
nosso estado.
Fui um deputado que
lutei e coloquei para o último governo a necessidade de revermos a alíquota do
imposto sobre o combustível aéreo. Ele teve a bravura de chegar, logo nos
primeiros dias de governo, e reduzir o percentual do imposto do combustível
aéreo, para poder entrar em uma disputa, aumentar a geração de emprego e gerar
mais rotas de voo para o nosso estado.
Houve outra questão
muito importante na área de Transportes, na travessia de balsas. Logo no início
do seu mandato, em menos de 30 dias, ele se comprometeu e vem trabalhando para
a privatização, para melhorar a apresentação do serviço, com a possibilidade
até de um menor custo da passagem.
Então, esse governador
atento, que luta e que realiza para a população, não é esse governador que
querem desqualificar, dizendo que ele comete ações absurdas, de cancelamento de
repasses. Não é aquele governador que, às vezes, as pessoas querem falar que
está deixando de lado uma região. E essa região é a minha, a Baixada Santista,
onde muitas pessoas acreditaram e votaram no João Doria. Porém, alguns dizem
que ele a deixou de lado, que não irá fazer o Corujão da Saúde na Baixada
Santista.
Por algum lugar, ele
tem que começar. Este governador foi um grande prefeito da Capital e fez o
Corujão da Saúde no município de São Paulo. Tenho certeza de que ele irá ampliar o serviço e atingir
todas as regiões, mas tinha que começar por alguma. Por isso, não venham
desqualificar o nosso governador João Doria. Ele é um grande governador e tenho
certeza de que irá fazer muito pelo nosso estado.
Sr. Presidente, muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - GILMAR GIMENES - PSDB -
Tem a palavra a nobre deputada Analice Fernandes.
A SRA. ANALICE
FERNANDES - PSDB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários
desta Casa, público presente, telespectadores da TV Assembleia, é uma alegria
muito grande fazer parte do Pequeno Expediente, que nos propicia várias
discussões e reflexões muito importantes.
Deputado Bruno Caetano,
quero me
congratular com a fala de V. Exa., bastante propícia na tarde de hoje, já que
debatemos, imensamente, os projetos que estão na pauta para serem votados, com
urgência, pelo nosso Governo do Estado. O que me traz à tribuna é a alegria de
também contribuir com uma informação bastante preciosa, porque, quando diz
respeito à Educação, chama-me muito a atenção.
Deputado Gilmar Gimenes, eu não pude acompanhar o
nosso secretário da Educação pelo interior de São Paulo nesse final de semana. Fiz
o mesmo que V. Exa. fez, visitando a cidade de
Meridiano, acompanhada do secretário Dr. Rossiele, para a inauguração de mais
uma creche-escola. Depois de Meridiano, o secretário, representando o
governador João Doria, foi até a cidade vizinha à minha cidade natal, Aspásia,
para inaugurar mais uma creche-escola, que vai atender 130 criancas na cidade
de Aspásia.
Na cidade de Meridiano, há uma peculiaridade. É a
primeira creche que foi construída no Distrito de Santo Antônio. As mães que
precisavam se servir e deixar as suas crianças em tranquilidade para trabalhar
tinham que ir até Meridiano. Eu quero, na tarde de hoje, dividir essa alegria
com todos vocês e sinalizar para a população do estado de São Paulo que o nosso
governador está no caminho certo, porque um governo, quando investe
maciçamente, confiadamente, na Educação, sinaliza que realmente quer o bem da
sua população. São Paulo tem sinalizado para o Brasil que tem gestor
competente, responsável.
Eu fico muito feliz.
Trabalhei imensamente para o governador João Doria, que já tinha demonstrado a
São Paulo a sua competência, a sua eficiência, a sua responsabilidade enquanto
gestor público, que veio para tomar o Governo do Estado e dar continuidade a
uma gestão responsável feita pelo anterior, ex-governador Geraldo Alckmin.
Quero comemorar com
todos vocês, deputados. Nós estamos comemorando, na tarde hoje, não apenas a
inauguração de mais dois equipamentos aqui ou acolá. Nós estamos, de fato,
comemorando a diretriz que um governo dá para a Educação. Além de nós estarmos
propiciando a essas mulheres que trabalham, mais
tranquilidade para poderem deixar os seus filhos em segurança, porque
creche-escola é segurança para as nossas crianças. Ainda mais em um momento
como este que nós estamos vivenciando, em que o crime atinge as crianças, em
que as drogas acabam alcançando as crianças, nós termos disponibilidade de
criar mais creches-escola em várias cidades do estado de São Paulo é realmente
motivo para comemorarmos.
Quero fazer uma reflexão.
Quando nós criamos esse mecanismo, nós estamos realmente investindo e fazendo
com que as nossas crianças estejam protegidas e recebam apoio muito mais forte
do governo. É através da Educação que as nossas crianças terão as suas vidas
transformadas. É para essa sinalização que eu quero direcionar o pensamento de
todos os deputados e todas as deputadas desta Casa.
Quero que o governador
João Doria continue implantando novas creches-escola em mais cidades do estado
de São Paulo para que, realmente, nós possamos fazer a diferença que tanto o
Brasil precisa. São Paulo está no caminho certo, mostrando competência e
capacidade de gestão.
Muito obrigada,
deputado Gilmar Gimenes. Parabéns ao secretário Rossieli por inaugurar mais duas creches-escola.
Depois quero voltar a
esta tribuna para agradecer à Secretaria da Educação de São Paulo, que atendeu
ao pedido de toda a população da região do Butantã, que não tinha ainda
homologados os seus pedidos de transporte escolar gratuito. Quero sinalizar
para todas as mães da região que a secretaria está revendo esse posicionamento
da diretoria regional e já está homologando o transporte escolar gratuito para
aquelas crianças que tanto precisam.
Muito obrigada.
O
SR. PRESIDENTE - GILMAR GIMENES - PSDB -
Quero ressaltar a importância do secretário da Educação Rossieli
Soares, que foi acompanhado do presidente da FDE, Dr. Leandro, para fazer a
inauguração das duas creches-escola, em Meridiano e Aspásia. Esse é o governo
Doria, um governo que começa - tem 40 dias - fazendo aquilo que a população
precisa.
Tem a palavra o nobre
deputado Orlando Bolçone.
*
* *
- Assume a Presidência
a Sra. Analice Fernandes.
*
* *
O
SR. ORLANDO BOLÇONE - PSB – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
o tema que me traz a esta tribuna é exatamente a preocupação da região
noroeste paulista com relação às diversas barragens que temos em nossa região,
em função da tragédia ocorrida em Brumadinho.
Eu trago um estudo, um
verdadeiro estudo desenvolvido pelo jornal “Diário da Região”, utilizando três
páginas, que explica que a tragédia coloca em alerta quem vive ao lado das
barragens da região. Na região noroeste vivem 125 mil pessoas.
Um trabalho competente
dos jornalistas, que pesquisaram durante semanas, a Francela
Pinheiro e o Vinícius Marques. Eles fazem um estudo de toda a população
ribeirinha, das famílias, dos anseios, das diversas preocupações que ocorrem
nas barragens que estão na nossa região.
Eles fazem, inclusive,
um estudo minucioso, utilizando para isso grandes especialistas, inclusive
geólogos, especialistas no tema, da Unesp,
em especial da nossa Unesp de Ilha Solteira, onde
estudam a potencialidade e a segurança das nossas barragens, inclusive
analisando riscos eventuais.
Por exemplo, no caso de
água vermelha, tem risco baixo. Todas as barragens estão com risco baixo, mas
um acontecimento desses seria de consequências inimagináveis, mesmo sendo, no
nosso caso, barragens que produzem grandes lagos. Daí
a região conhecida como região dos grandes lagos.
Falava há pouco com meu
líder, deputado Caio França, que motivou a
transformação de diversas cidades aqui em MITs, municípios de
interesse turístico. A propósito do tema, dessa preocupação, o jornal “Diário
da Região” publicou excelente reportagem nesse domingo. A reportagem também
trata da ação do Ministério do Meio Ambiente, que abriu inquérito para passar
um pente-fino sobre as barragens.
Eu peço já, de antemão,
nobre deputada Analice Fernandes, que seja remetido
esse pronunciamento à competente presidente da Cetesb, nossa ambientalista, professora especialista,
Patrícia Iglesias, porque acredito que é um material que pode contribuir, visto
que as autorizações da Cetesb vão vencer, e eu tenho
certeza de que vão continuar sendo muito bem fiscalizadas, embora chame a minha
atenção o fato de que cerca de 40 técnicos fiscalizam todas as barragens no
estado de São Paulo.
Se considerarmos a
magnitude do potencial dos riscos que podem ocorrer, nós sentiremos que é um
número muito baixo. Eu chamo a atenção nesse sentido, e peço que o material
seja remetido à Cetesb,
visto que ela concedeu a autorização e fiscaliza. Aliás, fiscaliza muito bem.
Os técnicos da Cetesb são
competentes, assim como seus membros, presidente, secretários. A presidente, Patrícia Inglesias, é uma pessoa estudiosa do tema ambiental.
Então, esse assunto me
deixa profundamente preocupado. Também quero pedir aos nobres deputados,
colegas que aqui vão permanecer, aqueles que vão chegar, para que deem uma
atenção especial a esse tema.
Espero que as tragédias
de Brumadinho e Mariana, tragédias que consumiram a vida de mais de 300
pessoas... É uma marca triste. Eu estava no exterior e foi a
única notícia estampada nos Estados Unidos, na grande imprensa, a respeito do
Brasil. É de se lamentar. Que isso sirva de lição, de exemplo. Que sirva de
reflexão para que, preventivamente, possamos evitar que tragédias como essa
possam ocorrer.
Que os nossos grandes
lagos possam continuar sendo, e com certeza vão continuar sendo, ambientes de lazer, de geração de energia limpa e de abastecimento
de água de toda a região do noroeste paulista, que tem uma população de
mais de 2 milhões de habitantes.
Obrigado, Sra. Presidente.
A
SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB -
Deputado Orlando Bolçone, esta deputada, na Presidência, recebe o pedido de
Vossa Excelência. Ele é regimental. E dará encaminhamento.
Srs. Deputados, Sras.
Deputadas, tem a palavra o nobre deputado Julio Cesar
pelo tempo regimental.
O
SR. JULIO CESAR - PR - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
funcionários desta Casa, público, telespectadores da TV Assembleia, boa tarde.
Uso a tribuna, neste
momento, para chamar a atenção ao contexto de gestão pública em que acredito. A
minha formação é na área de Direito Público e Gestão Pública. Já fui vereador,
sou vereador e estou vereador. Sou deputado, mas tenho um mandato de vereador.
Já fui secretário do município de São Carlos. É um município importante da
região central do estado.
Defendo uma tese de que
a gestão pública eficiente, que é o que a população espera de nós, seja uma
gestão compartilhada e continuada. Continuada no intuito de as boas práticas e
os bons programas, independente de partido, terem continuidade. Se queremos eficiência, temos que dar continuidade às coisas
boas.
Não é dar cores a
determinados programas. Há programas eficientes de todos os governos. E há
aqueles que não deram certo. Quem assume o governo tem que investir nesses programas.
Essa é a gestão continuada, que todos aqui conhecem.
Defendo, também, a
gestão compartilhada. Por que compartilhada? Porque hoje, o Executivo e o
Legislativo, se não ouvirem a população de perto e não conhecerem os problemas
“in loco”, não terão êxito no seu governo.
Estou dizendo isso tudo
por quê? Porque acredito que, pelo que entendi, o
governador João Doria, que se predispôs a vir nesta Casa na última semana,
demonstra, pelo menos de forma inicial, que há um interesse em compartilhar a
gestão. De estar próximo dos deputados, que representam a população do estado.
Mas, no contraponto do
governador, há alguns secretários. Há secretários que estão se denominando
estrelas e não podem atender nem mesmo uma agenda ou telefone dos deputados.
Estou falando por mim. Será que é porque vou ficar alguns dias nesta Casa?
Alguns secretários se acham mais reais que a realeza. Será que alguns
secretários só têm o projeto de 2022 na cabeça e não entenderam que têm que
ouvir? Ouvir a população e ouvir esta Casa.
No contraponto, na
contramão do que prega o governo do Estado, alguns dos seus secretários, ou já
têm a fórmula mágica, ou conhecem todo o estado de São Paulo. Será que
conhecem, por exemplo, a região central? Esta Casa, há 20 anos, não tem um
representante da região de São Carlos que, além da cidade, envolve alguns
municípios.
Será que algum
secretário sabe que, por exemplo, em Descalvado, há um interesse enorme para
que aquela cidade se torne Município de Interesse Turístico? Será que o secretário não quer receber
essa informação? Ou será que o mandato do secretário está relacionado a esta
Casa e começa a partir do dia 15 de março? Eu quero entender qual o
funcionamento de alguns secretários. Enquanto ele não quer nos atender, talvez
nós queiramos dar sugestões positivas.
Secretário, o pedido
não é nada para o deputado Julio Cesar. O que eu quero dizer ao senhor é que
nós temos alguns pontos que podem contribuir com a gestão. Porém, o
comportamento de alguns secretários me incomoda. Isso porque é aquele tipo de
comportamento que de uma forma arcaica quer ser secretário de estado.
Secretário tem que ter
humildade e saber que tem que ouvir as pessoas.
Mas algumas pessoas
veem me dizer o seguinte: “mas Julio Cesar, esse Governo começou dia 1º de
janeiro”. Quantas pessoas já morreram do dia 1º de janeiro até hoje? Quantas
pessoas já morreram? Será que o secretário não pode ouvir esta Casa através de
um parlamentar que quer colocar algumas questões pertinentes ao nosso mandato?
Temos vários problemas a solucionar. O que nós queremos é que a coisa aconteça.
Agora, será que o secretário vai me ouvir se eu falar que vou discutir
favoravelmente ao
aumento do pedágio? Talvez me ouça. Mas, se eu falar das mortes que estão
acontecendo nas rodovias ele não quer me ouvir. A experiência de cada um é
importante.
Eu não estou aqui
generalizando de forma alguma. Essa fala é para alguns secretários desse novo
Governo do Estado. Se vocês querem ter eficiência, êxito, se aceitarem um rapaz
vindo do interior, eu digo a vocês que tenham humildade de ouvir aqueles que
representam a população do Estado que está nesta Casa. Vocês não são
superestrelas e a tendência de um Governo que começa dessa forma, infelizmente,
é cometer equívocos. Pela fala do governador podemos perceber que ele está bem
intencionado. Porém, alguns secretários se acham mais reais que a realeza.
Eu tenho certeza de
que, se for vontade de Deus, pela minha fé, pelo meu trabalho e pelo
entendimento que a região teve, eu posso voltar a esta Casa. Daí, então, eu terei
mais tempo para acompanhar o seu trabalho de perto. Muito obrigado, Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas.
A
SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Tem
a palavra o nobre deputado Roberto Massafera, pelo tempo regimental.
O SR. ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Sra.
Presidente em exercício, nobre deputada Analice Fernandes, Srs. Deputados,
Sras. Deputadas, telespectador da TV
Alesp, quero aproveitar esse momento para divulgar um decreto, assinado ontem
pelo governador João Doria, que foi publicado hoje no Diário Oficial. Trata-se
de um decreto que cria a Faculdade de Tecnologia de Matão, Fatec.
Há mais de dois anos
nós lutamos por essa Fatec lá em Matão. Já conseguimos uma Fatec em Araraquara,
outra em São Carlos e até em Taquaritinga; em Matão ainda não tínhamos Fatec.
Nesses dois anos a prefeitura encaminhou um terreno, a Paula Souza está fazendo
o projeto de engenharia da obra, e para adiantar a prefeitura cedeu um prédio
escolar, que está sendo implantado, já foi feito vestibular e está funcionando
a Fatec de Matão. É um momento de alegria, por mais uma concessão do Governo do
Estado, dentro desse programa de Educação das Fatecs
e Etecs.
Digo isso porque o
Governo do Estado tem investido maciçamente nas nossas universidades públicas,
mas com especial carinho às Fatecs e escolas técnicas, onde o modelo do ensino
alemão está sendo implantado aos poucos no estado de São Paulo. Esse modelo faz
com que o curso colegial seja profissionalizante, para que aquele jovem que
faça uma escola técnica esteja preparado para uma profissão e ao mesmo tempo
para continuar estudando numa faculdade.
Acho que esse modelo
alemão é ideal. É um modelo que nós estamos copiando e, se Deus quiser dará
certo, juntamente com as creches que o Estado tem feito e com um programa muito
importante, de muita relevância social, que vem a ser o ensino integral.
O governo João Doria
está ampliando isso. Então, vejo que São Paulo dá um exemplo ao Brasil: as
finanças estão em ordem, se recuperando. Aproveito para cumprimentar nosso
governador pela medida que tomou, baixando imposto. Ele baixou o ICM do
querosene combustível de avião de 25% para 12 por cento.
O governador renunciou
à receita? Não, porque os aviões que vinham para São Paulo, tanto de linhas
nacionais como internacionais vinham com o tanque quase vazio e saíam daqui com
o tanque vazio, e iam abastecer no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, onde o ICM
é 12 por cento.
Com essa medida,
reduzindo o ICM, ele vai aumentar a movimentação de carga e descarga de combustível
no estado de São Paulo, aumentando muito a receita do estado de São Paulo nesse
item, combustível.
Então, está de parabéns
o nosso governador, que, com isso, incentiva o turismo interno, nacional, o
turismo internacional e valoriza o que é, na sociedade moderna, a velocidade
com que se locomovem os homens.
A carga vai por rio,
vai por caminhão, vai por trem. Mas, os passageiros vão de avião. Acho que o
nosso governador, nesse período em que está lá, já está dando exemplo, está
justificando a que veio.
Se Deus quiser, com
continuidade disso, São Paulo vai puxar a recuperação do Brasil, essa
recuperação. Temos mais de 13 milhões de desempregados. Esse número, aos
poucos, está diminuindo. Espero que ano por ano diminuamos isso, para chegar a
pleno emprego.
Digo ao nosso
companheiro de São Carlos, que está aqui hoje assumindo essa vaga, que o
interior todo, nesta eleição, foi muito desprestigiado. Perdemos deputados em
São Carlos, Araraquara, Rio Preto, Bauru, Ribeirão Preto... Foi uma grande
perda de representatividade.
Houve época em que a
cidade de São Carlos chegou a ter dois deputados federais e quatro estaduais. A
cidade de Araraquara chegou a ter dois deputados federais e quatro estaduais.
Bauru, Rio Preto, etc.
Hoje, estamos sem
representatividade no interior. Precisamos discutir muito de que maneira vamos
sanar esse mal.
Muito obrigado, estamos
aqui para isso.
A
SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB
- Tem a palavra o nobre deputado Raul Marcelo.
O
SR. RAUL MARCELO - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas,
telespectador da TV Assembleia, visitantes, funcionários, assomo a esta tribuna
para retomar um tema já tratado pelo deputado líder da bancada do PSOL Carlos
Giannazi, em relação à pauta do Colégio de Líderes de hoje.
Essa pauta traz dois PDLs de nomeação dos novos dirigentes da Arsesp no estado de São Paulo.
Faço votos de pesar ao
jornalista Boechat e a toda sua família. O Boechat trouxe como denúncia, no Jornal da Band, a situação de que essas duas nomeações para a Arsesp são duas nomeações de dois ex-funcionários da
Comgás; um dos quais, trabalhou durante 30 anos, o Sr. Marcus Vinícius, na
Comgás. Trinta anos de trabalho prestado na Comgás.
Depois de uma reunião
entre o governador Doria e o presidente da Comgás e da Cosan,
um final de semana se passou. Na segunda-feira, estavam aqui na Assembleia os
dois PDLs, tramitando de forma relâmpago na Casa.
Esses projetos já estão pautados para discussão no dia de hoje.
Dois executivos da Cosan e da Comgás, 30 anos de trabalhos prestados, agora
saem da empresa que fornece o gás no estado de São Paulo e vão trabalhar na
agência que regula o fornecimento de gás no estado de São Paulo, que é a Arsesp.
O saudoso jornalista
Ricardo Boechat disse que isso era um absurdo, e eu
concordo com ele. Chega a ser até vergonhoso, porque no dia 1º a Arsesp autorizou o aumento do preço do gás aqui no estado
de São Paulo: 9,37% para os consumidores e 37,5% para a indústria. Ou seja, as
empresas do estado de São Paulo vão pagar 37,5% a mais, para poder adquirir o
gás da Comgás e da Cosan.
E o que a Arsesp diz sobre isso? Nada. E daqui para
a frente, vão dizer menos ainda. Esta Casa tem 15 dias para apreciar o
PDL. Se esse PDL não for apreciado, as duas nomeações estarão valendo, e os
dois ex-executivos das maiores fornecedoras de gás do
estado de São Paulo ficarão responsáveis pela fiscalização e regulação do
fornecimento do gás no estado de São Paulo.
O líder de nossa
bancada, deputado Carlos Gianazzi, disse aqui que é o
lobo cuidando do galinheiro. É isso. É até mais feio do que isso. Um governador
que fez campanha em cima da moralidade pública, era
melhor mandar um projeto para fechar a Arsesp,
governador Doria. Então, feche a Arsesp e deixe para
a Comgás e para a Cosan decidir o que vai fazer.
Estamos fechando
empresas. Sorocaba é uma cidade que exporta manufatura. Do pouco que resta de
manufatura para a América Latina, 90% da exportação de manufatura, no Brasil, é
para a América Latina. E grande parte se concentra, no
estado de São Paulo, na cidade de Sorocaba, sobretudo por conta da Toyota.
A indústria vai ter que
pagar essa conta; 37,5% de aumento no preço do gás, para a indústria. Ouvi que
há uma associação de industriais que diz que vão entrar na Justiça, com uma
ação questionando, porque nem fundamentado foi o aumento que a Arsesp autorizou no preço do gás. Não estão se dando ao
luxo, nem mais, de fundamentar o aumento, de forma abusiva, no preço do gás.
E Doria reuniu, na
sexta-feira, com a Cosan e a Comgás. Aliás, o Ometto, que é presidente da Cosan,
deu 500 mil reais para a campanha do Doria. É o maior doador, 500 mil reais na
conta do governador Doria. O maior doador! Reuniu na sexta-feira, e na segunda
o PDL estava nesta Casa, para nomear o lobo para cuidar do galinheiro. São 30
anos de serviços prestados na Comgás.
Vossas Excelências
acham que uma pessoa, que trabalhou 30 anos na Comgás, vai ter condição moral
de afrontar algum pedido da Comgás na Arsesp, como
esse que aumentou em 37% o preço do gás? Ele vai assinar embaixo, sem
fundamentação.
E quem vai pagar a
conta, como já está pagando, são os consumidores, que tiveram um aumento de
quase 10%, no dia primeiro. Mas, como São Paulo virou, nos últimos 30 anos, uma
grande exportação de açúcar e de cana, e a indústria está fechando as portas, o
carro segue a sua caminhada, ou seja, da reversão neocolonial, e nosso estado
virando uma grande plantação de lavoura.
Muito obrigado, Sra. Presidente.
A
SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esgotado o tempo
destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.
*
* *
- Passa-se ao
*
* *
A
SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Tem a palavra o nobre
deputado Antonio Carlos Junior.
O
SR. ANTONIO CARLOS JUNIOR - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR -
Sra. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
público presente, hoje falaremos sobre o pedido da instalação de um Baep no Litoral Norte e a recomposição do efetivo dos
policiais no Litoral Norte. Sr. Governador, João
Doria, o objetivo desse ofício tem como cerne uma importante demanda, qual seja
a implantação de um Batalhão das Ações Especiais da Polícia, um Baep, bem como a recomposição do efetivo da Polícia Militar
no Litoral Norte.
A
região do Litoral Norte de São Paulo representa uma das microrregiões do estado
de São Paulo, composto pelas quatro cidades: Ilha Bela, São Sebastião,
Caraguatatuba e Ubatuba, e os 39 municípios que integram a macrorregião
denominada Região Metropolitana do Vale do Paraíba.
As
considerações gerais, dados da violência da região: a região do Litoral Norte
de São Paulo representa uma das microrregiões do Estado, composta por suas
quatro cidades. Esse destino turístico famoso mundialmente, principalmente por
conta de suas mais de 160 praias, extensa cobertura de
Mata Atlântica preservada e as suas belas paisagens, a cada dia que passa vem
sofrendo com ações daqueles meliantes que saem, muitas vezes, do Rio de Janeiro
e deixam a população muito preocupada. A nossa população aumenta
consideravelmente durante o verão, chegando a dois milhões de pessoas entre os
meses de dezembro e fevereiro. Ocorre que todo esse exuberante potencial está
ameaçado pela onda de violência que acometeu nossa região nos últimos anos, de
forma que os números oficiais apresentados são compatíveis a uma guerra civil.
Segundo
dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo,
as cidades do Litoral Norte registraram ainda 31 homicídios nos primeiros seis
meses do ano passado. Em 2017 foram registrados 54 mortes na nossa região. Não
bastasse tal estatística, a região vem sofrendo com a pressão do crime
organizado que vem do Rio de Janeiro, que aos poucos vem migrando justamente
para a divisa de Ubatuba. Sobre as necessidades da região, do efetivo e posição
estratégica do Baep no Litoral Norte do Estado, nós
consultamos o comando da Polícia Militar e foi constatado que entre os números
fixados do efetivo, que são 873 policiais, hoje temos 706. Nessa conta
encontramos 167 policiais a menos cuidando da segurança do nosso Litoral Norte.
*
* *
-
Assume a Presidência o Sr. Bruno Caetano.
*
* *
Então
eu venho pedir, Sr. governador, um carinho com o nosso
Litoral Norte. Por favor, governador, pedimos a instalação de um Baep, tendo em vista que saímos de quase 400 mil pessoas
durante o ano e, para o verão e o Carnaval que agora está chegando, a quase
dois milhões de pessoas. É muita gente. Olhe com carinho pelo Litoral Norte,
governador, por favor. Sei do seu compromisso com nossa região.
Mas
hoje quero também agradecer. No mês de junho, Sr.
Presidente, o hospital regional tão sonhado será inaugurado. A área foi
concedida pela Prefeitura de Caraguatatuba em 2014; a construção começou em
2016 e agora, em junho, será inaugurado.
Então
quero agradecer ao Sr. governador. Foi um investimento
de 180 milhões de reais. De acordo com o Governo, o hospital vai contar com 220
leitos. O atraso da entrega, segundo a gestão, foi provocado pelas licenças
ambientais. Com certeza foi um ganho muito grande para a população do Litoral
Norte e fico muito feliz.
Muito
obrigado. A população do Litoral Norte agradece.
O
SR. CAIO FRANÇA - PSB - PARA
COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, gostaria apenas de informar a esta Casa que estou
muito preocupado.
Na última sexta-feira,
dia 9 de fevereiro, houve uma reunião da Aprecesp, que é a associação que reúne
os municípios que são estâncias, que há muitos anos
recebem recursos do Governo do Estado. Pela primeira vez, pasmem, não teve a
presença de um membro do Governo do Estado de São Paulo; nem do secretário
Vinicius Lummertz, nem de nenhum outro membro
representando o Governo do Estado de São Paulo.
A Aprecesp, como eu
disse, reúne 70 prefeitos. Já existem projetos para criar mais municípios de
interesse turístico, que é uma nova modalidade trazida desde o último ano. Além
disso, não houve ninguém para explicar os cancelamentos de convênios que foram
feitos com os municípios que são estâncias para este
mandato de agora, a partir de 2019.
Então, quero deixar
registrada a minha indignação. Diversos prefeitos se manifestaram na reunião da
Aprecesp, cobrando a presença do secretário, ao menos para explicar e
justificar. A principal justificativa trazida pelo governo foi de que não
existe previsão orçamentária. Ora, nós votamos aqui, neste Parlamento, no final
do ano passado, um Orçamento de 400 milhões para as estâncias turísticas.
Infelizmente, não tivemos um retorno do governo. Falo em nome de diversos
prefeitos que estiveram presentes na reunião em Águas de Lindóia e ficaram a
ver navios.
O
SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, o deputado Caio França sabe o que foi feito.
O governo anterior, o governo tampão, fez um decreto no mês de maio que revogou
todos os restos a pagar dos governos de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017.
O que aconteceu? Havia
obras em andamento e eles não sabiam. Não conheciam o governo. E essas obras
vieram comendo o Orçamento. Há ainda, para pagar em 2019, mais de 100 milhões
de reais de restos a pagar que foram cancelados no ano passado, inclusive das
estâncias. As estâncias sabem disso. Acho que é importante. O governo está
fazendo uma revisão, pois tem responsabilidade fiscal. É isso que vamos fazer:
vamos analisar cada uma.
Deputado
Caio França, como pode assumir um secretário na segunda
quinzena de dezembro e assinar 81 novos convênios nos dias 26, 27 e 28 de
dezembro? São convênios que não tiveram empenhos, não foram colocados em restos
a pagar e vão comer o Orçamento deste ano? E as estâncias? E os MITs que aprovamos? É uma coisa completamente equivocada.
O
SR. PRESIDENTE - BRUNO CAETANO - PSDB -
Tem
a palavra a nobre deputada Márcia Lia, por permuta de tempo com o deputado Luiz
Carlos Gondim.
A
SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR -
Boa tarde a todos e a todas. O assunto que me traz aqui causa perplexidade em
muita gente. É um assunto que já foi debatido há pouco pelo deputado Raul
Marcelo. É um assunto que merece a atenção do estado de São Paulo.
Como bem disse o
deputado Raul Marcelo, estamos diante de uma situação em que a raposa vai
cuidar do galinheiro. Sabemos que, quando a raposa cuida do galinheiro, as
galinhas não têm chance de sobrevivência.
Estou dizendo, nada
mais, nada menos, que os consumidores de gás, de energia elétrica e de
saneamento básico terão extremas dificuldades. Não é possível que uma empresa
como a Comgás encaminhe três diretores para uma diretoria de cinco pessoas e
que a fiscalização dessas empresas seja feita por aqueles que, até ontem, foram
diretores da Comgás. Agora, eles assumem cargos de direção em que cinco votos
decidem tudo na Arsesp, sendo que três deles serão de ex-diretores da Comgás. É
para ficarmos muito preocupados mesmo.
Quero dizer a vocês
que, em 1999, houve a privatização da Comgás, que passou para o consórcio BG Group/Shell. Em 2012, a Cosan
assume o controle acionário com a compra do Grupo BG e aí qual que é a celeuma
que está instalada - uma celeuma grave, uma situação muito complicada - que diz
respeito a uma divergência existente? A revisão da tarifa da Comgás.
Em
termos contratuais, ela deveria ter ocorrido em 2014, que seria bem no meio da
concessão, uma concessão de 30 anos. Portanto, se a concessão foi feita em
1999, em 2014 deveríamos ter a reorganização daqueles termos que estavam
estabelecidos no contrato de concessão para que houvesse a revisão da tarifa. O
que aconteceu? A Comgás entrou com - pasmem - mais de 100 processos contra o
então diretor Boni.
Processos
contra a pessoa física dele, não enquanto gestor, mas ele foi de forma acintosa
enfiado no canto da parede para que retrocedesse na disputa que fazia para que
essa revisão tarifária acontecesse. Deputado Raul Marcelo, essa disputa está na
Justiça desde 2014, porque a Comgás não aceita a revisão tarifária. Sabe por
quê? Porque ela teria que devolver recursos para os consumidores e não aplicar
esse aumento que V. Exa. relatou aqui de nove ponto
alguma coisa por cento para os consumidores pessoas físicas e de 37,5% para as
pessoas jurídicas. Isso é um abuso! Isso é um absurdo! E pasmem, no dia 1º, o
governador João Doria se reuniu com o presidente da Comgás, com o presidente da
Cosan e nessa conversa provavelmente deliberaram pela
indicação do Sr. Marcos Lopomo e do Sr. Marcos Bonini, que são os dois diretores que assumirão se esta
Casa permitir. Vamos fazer o possível e o impossível, vamos ao Ministério
Público, vamos arguir a imoralidade dessas indicações. Vamos argumentar sobre o
absurdo do ponto de vista ético que é termos dois somados a mais um que está
lá, três diretores fazendo a fiscalização, fazendo a
regulação, fazendo tudo aquilo que é necessário que se faça para que os
nossos consumidores tenham justiça tributária e não o que está acontecendo com
a Arsesp.
Tem
mais um detalhe que eu acho que é fundamental que saibamos. Nesse debate,
deputados e deputadas que estão presentes, tem outra situação que por conta da
Comgás não chegar num acordo com a Arsesp, que foi a
geradora do conflito, da celeuma com o ex-presidente da Arsesp,
houve um depósito. Uma consignação em pagamento dos valores foram
efetivados na Justiça e havia uma outra demanda da Comgás com a
Petrobrás e nessa segunda demanda o que ficou decidido é que os 800 milhões de
reais depositados seriam entregues num outro processo para a Comgás e a
Petrobrás então ficaria com um bilhão de reais, que a Petrobrás dizia que a
Comgás deveria pagar a ela.
Nessa
discussão toda ninguém atentou ou fizeram ouvidos moucos que esses recursos,
esses 800 milhões de reais, eram recursos de tarifas, portanto, recursos dos
consumidores. Jamais poderiam ser repassados à Comgás, porque não eram de
propriedade da Cosan e da Comgás. Há uma tentativa
clara do governador João Doria de maquiar toda essa situação, de fazer acordos
espúrios junto à Justiça no sentido de passar recursos que deveriam ser
devolvidos em forma de tarifa nas contas dos consumidores de gás, nas contas
daqueles que pagam pelo saneamento, e não da forma como foi feito.
Nós
estamos estudando todo esse assunto e vamos tomar as providências cabíveis para
que o presidente da Arsesp venha a esta Casa explicar
para todos os deputados, explicar para todos nós, de fato, o que significa toda
essa farofa que colocaram em cima da mesa, porque a situação é no mínimo imoral, no mínimo antiética. Nós vamos lutar para impedir
que dois diretores, duas pessoas que durante 30 anos estiveram à frente da
Comgás, agora regulem e fiscalizem as empresas para as quais prestaram serviços
vida toda.
Nós
questionamos isso na Comissão de Infraestrutura na última quarta-feira, e a
situação ficou extremamente delicada, porque os dois diretores se esquivaram
das respostas aos questionamentos que eu, o deputado Ricardo Madalena, o
deputado João Paulo Rillo e outros deputados fizemos.
Portanto,
a coisa é muito estranha, deputado Ricardo Madalena, e nós temos que investigar
isso. Não podemos aceitar situações como essa, que estão sendo colocadas já no
primeiro mês de trabalho desta Assembleia Legislativa. Não vamos concordar com
a indicação desses dois elementos, desses dois diretores, para os cargos de
diretores da Arsesp.
Dito
isso, eu quero tocar em outro assunto que está nos deixando bastante
preocupados, que é uma nota técnica do Ministério da Saúde querendo recuperar
os manicômios neste país, querendo recuperar os eletrochoques neste país,
querendo colocar nossas crianças que têm autismo em manicômios.
Nós
sabemos que o tratamento para essas crianças e para as pessoas que têm
deficiência não é a internação nos manicômios. Esses manicômios provaram, em
décadas passadas, que os seres humanos eram tratados de forma absurda, sem
nenhuma dignidade, sem nenhum respeito aos seus direitos humanos. Nós não vamos
permitir, não vamos admitir isso.
Nós
estamos nos juntando com o pessoal da luta antimanicomial para que possamos
fazer a defesa daqueles que podem ficar em residências terapêuticas, daqueles
que podem ficar no Caps AD, para que possamos
recuperar as pessoas, e não fazer com elas sejam submetidas a choques elétricos
e tratadas como se animais fossem. Nós não vamos admitir isso.
Portanto,
Sr. Bolsonaro, fique ciente de que nós vamos enfrentar essa luta, assim como
enfrentaremos todas as lutas que se fizerem necessárias na Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo. Muito obrigada.
O SR.
PRESIDENTE - BRUNO CAETANO - PSDB - Muito obrigado,
deputada Márcia Lia. Tem a palavra, por permuta, o deputado Raul Marcelo.
O SR.
CAIO FRANÇA - PSB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, não
quero polemizar com o deputado Carlão Pignatari, mas me chama a atenção o fato
de não haver ninguém do governo para explicar o que ele me explicou na reunião
da Aprecesp.
Todos
os prefeitos ficaram aguardando um posicionamento do Governo do Estado de São
Paulo sobre o motivo do cancelamento dos convênios devidamente justificados,
com plano de trabalho, com certidões dos municípios e com previsão orçamentária
que, infelizmente, o governo cancelou sem dar justificativas. Só queria
registrar isso, Sr. Presidente.
O SR. RAUL MARCELO -
PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr.
Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero fazer uma fala de registro
para o estado de São Paulo e para o Brasil sobre o que se passa em nosso país
nesse momento. São Paulo é o maior estado e a maior economia, portanto tudo o
que acontece em âmbito nacional nos impacta fortemente.
O
que ocorre nos dias de hoje em nosso país? O Brasil voltou mais uma vez a ser
governado pelos militares. As Forças Armadas, que, durante muitos anos,
sobretudo nas palavras do seu ex-comandante, general Villas
Bôas, admitiram que teria
sido um erro participar da política durante a ditadura militar, por mais de 20
anos. Esse balanço ele fez em palestras na UNB e no Senado da República, disse
que esse tempo não poderia voltar ao Brasil, que as Forças Armadas deveriam
seguir o Art. 142 da Constituição de 88, o estrito dever. Forças Armadas
profissionais e a defesa da pátria.
O problema é que a
pátria é um conceito muito vago. Fica aqui, inclusive, um trabalho para as
futuras gerações. Precisamos amarrar esse conceito de pátria. O que é a pátria?
É o território? Se a pátria é o território, tudo o que está embaixo desse
território, que são os recursos naturais, devem ser defendidos pelas Forças
Armadas.
Portanto, é
inadmissível que Marinha e Aeronáutica aceitem o roubo a céu aberto do petróleo
do Brasil. Srs. Deputados, o Brasil, hoje, é um País petroleiro: Arábia
Saudita, Venezuela, Iraque, Brasil. Temos uma das maiores reservas de petróleo
do mundo e discutimos pouco isso. As forças armadas, se
defendem as riquezas do País, se pátria é território, é subsolo, deveriam
se colocar contra a entrega, a preço de banana, das maiores reservas de
petróleo conhecidas pelo homem, que são as reservas do pré-sal. Nada fazem.
Estão batendo palmas.
E não é para empresas
privadas. Muitos tucanos falam que é empresa privada, que vai ter melhor
gestão. Pois a empresa que está comprando é uma estatal norueguesa, empresa
pública da Noruega, está comprando o pré-sal e
estocando.
Os Estados Unidos ainda
nem mexeram em suas reservas, está tudo guardado para o futuro porque preço vai
aumentar. Não é só combustível, são os polímeros. A economia capitalista
contemporânea necessita de petróleo em grande escala. E é muito mais barato
levar do Brasil do que fazer o traslado do Oriente Médio. O percurso é muito
grande e com muitos conflitos políticos.
Estamos enfiados nessa
geopolítica que trouxe o Brasil à situação de hoje. E qual é a situação de
hoje, concretamente: temos um governo federal que é tocado pelas Forças
Armadas, e nem esconde mais. Eu vi o discurso de posse do almirante da Marinha,
Ilques Barbosa, em que ele admite, publicamente, no
discurso de posse, que o Brasil participou, segundo ele, de três guerras
mundiais - só duas são aceitas pela historiografia, primeira e segunda. Ele
disse que se referia à Guerra Fria, que para ele foi a
terceira guerra mundial, enfim.
Mas ele também diz que
o Brasil sempre esteve alinhado aos Estados Unidos e que vai continuar. É um
alinhamento cego, quase como o de um cachorro de madame. Até com mudar a
embaixada de Israel para Jerusalém o governo brasileiro chegou a se
comprometer.
E o problema,
concretamente, é que o Brasil disputa com os Estados Unidos. Disputa em quê? Os
Estados Unidos são exportadores de soja, o Brasil é exportador de soja. Os
Estados Unidos exportam frango, porco e vaca, o Brasil exporta frango, porco e
vaca. “Mas em manufatura podemos competir”, não dá! Eles têm o Pentágono, na
Califórnia, que encomendou a internet, o trabalho do Google, os computadores da
Microsoft, todos com compras governamentais do Pentágono. Não são bilhões, são
trilhões de dólares.
Depois ficam colocando
aqueles rapazes, os CEO’s dessas empresas, com tênis,
calça rasgada, dizendo que começaram essas empresas em suas garagens. Tudo
mentira. Começaram com contratos com as Forças Armadas dos Estados Unidos da América.
Dinheiro público injetado nessas empresas, que faz com que eles estejam anos
luz à nossa frente na área da tecnologia. Nós não conseguimos competir.
É um erro estabelecer
relações umbilicais do ponto de vista comercial com os Estados Unidos. Muitos
vão dizer que com a China também é ruim. Também é ruim com a China. Estamos
sofrendo aqui em São Paulo. Tudo que nós usamos vem da China: paletó chinês,
sapato chinês, celular chinês, microfone chinês, tudo.
É muito mais
compensador, sobretudo depois desse aumento do gás em São Paulo, fechar uma
fábrica e abrir uma importadora, se o governo não segura a importação de carro,
ia entrar carro da China aqui em São Paulo por cinco mil reais. A China tem,
hoje, 55 montadoras, que conseguem colocar um carro num contêiner e entregar em
Santos por 10% do carro aqui em São Paulo. Iam destruir o setor automobilístico
em São Paulo, como estão destruindo quase todas as áreas da indústria deste
estado.
Então, o que tem que
fazer o governo brasileiro? Tem que se relacionar com os dois, de forma
inteligente; tem que abrir mercados nas comunidades árabes, se relacionar com a
Europa e fortalecer os laços com a América Latina. Eu vi esse Guedes falando -
dá vergonha de ser brasileiro. Ele tratou de forma descortês nossos irmãos
latino-americanos. Eu sou de Sorocaba. A região de Sorocaba exporta tudo para o
Uruguai; o Etios, da Toyota, sabe quem compra? Não é
o cidadão da Califórnia ou de Miami. É o trabalhador uruguaio, argentino.
Noventa por cento dos manufaturados nossos são exportados para os nossos irmãos
latino-americanos. E o governo disse que vai jogar o Mercosul para segundo plano; que não é importante.
Sr.
Presidente, temos hoje um momento importantíssimo da história do Brasil. O
mundo sai da unipolaridade - em que o único país que mandava eram os Estados
Unidos - para uma multipolaridade. A Rússia conseguiu retomar sua capacidade
bélica; o império russo volta novamente com muita força e respeito, inclusive
com uma internet própria, com segurança nos sistemas de informação. A China,
dos pontos de vista econômico e militar, está se colocando perante o mundo. A
Índia, os países árabes. E o Brasil se retrai e coloca uma coleirinha no
pescoço - cachorrinho de madame dos Estados Unidos.
Chegou-se a discutir,
no governo, entregar um espaço do território brasileiro para uma base militar
do governo dos Estados Unidos. Chegaram a debater isso até! O embaixador do
País disse, num artigo, que Trump é deus. Eu trouxe
uma matéria, hoje, dizendo que o pai dele, que era procurador da república,
evitou que Wagner, responsável pela morte de 250 mil judeus, fosse julgado na
Alemanha. Ele segurou esse cidadão criminoso de guerra aqui no estado de São
Paulo. O ministro disse que Trump é deus e que o
Brasil deve seguir deus. Deus é o governo dos Estados Unidos da América. Nós só
vamos perder com isso.
Para a tristeza de
todos nós, o Brasil está no meio dessa geopolítica e tem um presidente inapto
para o cargo. Jair Bolsonaro não tem a mínima ideia do que está acontecendo no
mundo. Meu Deus do céu! Um homem que ficou 30 anos no Congresso e não conseguiu
escrever um projeto de lei tem condição de entender o que está acontecendo do
ponto de vista produtivo? O Brasil vai ser relegado a
exportador de matéria-prima, como era na época do café, da cana de
açúcar, do ciclo da borracha, do cacau. Nós vamos voltar a ser uma fazendona,
que vai empregar alguns agrônomos, alguns técnicos, e o resto vai trabalhar na
lavoura ou em algumas startups filiais das grandes
empresas que têm tecnologia no estado da parte dos países centrais.
É isso que está
relegado para o Brasil. Precisamos de um modelo altivo, que não é para brigar
com os países grandes, não; é para negociar com a cabeça erguida e a espinha
reta. Nós vamos regredir, como já estamos regredindo.
Uma declaração infeliz do Bolsonaro, de sua família e desse ministro, e 33
frigoríficos aqui em São Paulo já pararam de exportar frango para o Oriente
Médio, porque disseram que mudariam a embaixada de local. Essa é a situação.
Eu queria dizer, Sr. Presidente, que estou muito preocupado com nossas Forças
Armadas. As Forças Armadas participaram concretamente de duas guerras. A
primeira é a Guerra do Paraguai, que não nos honrou. Tanto é que levamos
gerações para restituir o Paraguai: fizemos Itaipu e agora, em 2022, nós vamos
ter que rediscutir essa parceria com o Paraguai. Ficou uma marca terrível, uma
desconfiança imensa nos povos latino-americanos em relação ao Brasil. Diz a historiografia que foi a mando da Inglaterra.
E a Segunda Guerra
Mundial, essa sim gloriosa. Os pracinhas que foram lutar na Europa voltaram com
altivez e deveriam ser os comandantes das Forças Armadas no Brasil, mas Getúlio
Vargas cometeu um erro terrível: mandou todos para casa e os desarmou quando
desceram em Santos. Nossas Forças Armadas ficaram assim, sem capacidade, sem
altivez. Então, quando, em 1964, o governo americano pediu para derrubar o João
Goulart, eles derrubaram o João Goulart.
O que iria fazer o João
Goulart? Ele iria fazer o que fez a Noruega, o que fez a Suécia, o que estava
fazendo a Holanda e a Itália. Ele queria distribuir terra para o povo, dar
emprego, fazer educação e universidades, coisas que transformaram a Suécia, que
era uma favela gelada, em um dos países mais desenvolvidos do mundo. Ele iria
fazer o básico, mas o derrubaram. Agora, todos estão se enfiando na política.
Eu vi o relatório do
jornal “Valor Econômico” de que, aproximadamente, 100 generais estão no
governo. Todos estão envolvidos na questão política. Por que essa contradição?
O general Villas Bôas disse que as Forças Armadas não iriam mais entrar na
política, mas agora entraram. E entraram não só no processo legislativo e
executivo, mas também no judiciário. Existe hoje um interventor no STF. O nome
dele é general Fernando Azevedo. Ele é o assessor do Dias Toffoli. Segundo dizem em Brasília, o Dias Toffoli não vai ao banheiro sem
perguntar o que tem que fazer para esse general. Essa é a situação concreta.
Por que as Forças
Armadas mudaram? O general Villas Bôas é uma pessoa que, inclusive, eu respeito
muito, um homem lúcido. Mas agora estão na política, porque os Estados Unidos,
mais uma vez, pediram, e as Forças Armadas entraram para a política. Agora
estamos na iminência de uma guerra. Os Estados Unidos sabem - todos sabem - que
a Venezuela é a maior produtora de petróleo do mundo e a segunda maior reserva
de ouro do mundo.
O Brasil está instigado
e instado a fazer uma contribuição em uma intervenção num país irmão. O Brasil
já chegou a ter superávit na balança comercial de cinco bilhões de dólares com
a Venezuela. Iremos fazer mais uma marca, mais uma ferida na América Latina -
como fizemos no Paraguai, que demorou 100 anos para cicatrizar - com os nossos
irmãos venezuelanos, se isso acontecer.
Sr.
Presidente, queria concluir com esta frase do grande político francês Georges
Clemenceau. Ele disse o seguinte: “a guerra é uma coisa demasiada grave para
ser confiada aos militares”. Triste a contradição do general Villas Bôas, que
hoje é um político; vai para reserva um político. As nossas Forças Armadas saem
da profissionalização e entram para a política. Daí corremos
todos os riscos, como já passamos na época da ditadura militar, de 64 até 89.
O
SR. CÁSSIO NAVARRO - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, como líder do PSDB, estava atento aos
discursos que aconteceram neste plenário hoje. O deputado está preocupado,
pedindo explicações aos prefeitos da Baixada Santista, sobre o porquê de serem
cancelados alguns convênios, alguns repasses de recursos.
Quero dizer, com muita
tranquilidade, que o nosso governador João Doria é uma pessoa muito
responsável, que tem compromisso com a sociedade paulista e sabe o que é
possível ser realizado e aquilo que não é possível. Por isso, se o deputado Caio França, a quem respeito, está pedindo
explicações aos prefeitos, eu queria dizer que é o último governo que ocupou o
Palácio dos Bandeirantes que tem que explicar por que prometeu aquilo que não
podia cumprir, por que deixou dívidas para o próximo governador, sem que
houvesse empenho.
É por isso que, com
muita coragem, o governador João Doria suspendeu essas transferências, para
poder avaliar melhor aquilo que é possível ser realizado.
Sr.
Presidente, muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE - BRUNO CAETANO - PSDB - Tem a palavra o nobre
deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Tem a palavra o
nobre deputado Chico Sardelli. (Pausa.) Por permuta, tem a palavra o nobre
deputado Luiz Gonzaga Vieira.
O SR. LUIZ
GONZAGA VIEIRA - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr.
Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero dizer a todos da minha
satisfação em voltar ao plenário desta Assembleia Legislativa. É uma alegria
estar aqui hoje, compartilhar com os nobres a minha trajetória de vida, falar
de trabalho, conquistas, desafios e projetos.
Foi nesta Casa, na Assembleia Legislativa de São Paulo,
que comecei minha carreira política. É aqui que ela tem continuidade para
cumprir não a minha, mas a vontade do povo e a missão de servir a população
paulista. Vejo aqui muitos rostos conhecidos, deputados e deputadas com os
quais pude transformar vidas, estabeleci verdadeiras amizades e superei
adversidades.
Sou
um político que soma, não subtrai. Um homem público que com muito orgulho digo:
tenho participação significativa na história do desenvolvimento do estado de
São Paulo. Minha contribuição começou em 1998, ao ser convencido pela população
da região de Tatuí, minha cidade natal, a entrar na vida pública. Pelo PDT
recebi 37.623 votos, que fizeram de mim o primeiro deputado eleito por Tatuí,
depois de 53 anos sem representatividade.
De
99 a 2002 lutei pela instalação do gás natural no estado. Com a nossa
contribuição foi proibido o uso da cama de frango na nutrição de bovinos.
Presidi a Comissão de Orçamento e Finanças desta Casa. Apresentei leis que
beneficiaram estudantes portadores de necessidades especiais, produtores
rurais. Garanti remédio e complementação de renda para a população além das
cidades do sudoeste paulista. Trabalhei por reformas e duplicações de rodovias
importantes que ligam a Capital ao Interior, entre elas a SP-141, a SP-127 e a
SP-290, e por outras obras fundamentais de melhora do escoamento da produção
paulista. Casas populares, viaturas para as polícias Civil e Militar, escolas,
esporte, trabalho, habitação e Segurança Pública.
Todos
os pedidos foram atendidos pelo governo, que sempre respondeu positivamente ao
nosso trabalho e acreditou na força do político do Interior. Na Assembleia
conquistei recursos para diversas Santas Casas. Viabilizamos, inclusive, a
construção praticamente da totalidade da Santa Casa de Tatuí, espaço destinado
exclusivamente para atender aos usuários do SUS.
Sou
autor da lei que determina a busca imediata de desaparecidos menores de 16 anos
ou de pessoa de qualquer idade portadora de deficiência e da lei que
regularizou o serviço de transporte intermunicipal de estudantes através de
peruas e vans, que outrora era impossível. É de minha autoria também a
normativa que obriga hospitais e centros de Saúde da rede pública estadual a
informarem às vítimas de violência a possibilidade de acesso gratuito à cirurgia
plástica reparadora.
Os
resultados desse árduo e incansável trabalho me conduziram à reeleição, mais
uma vez com o apoio maciço do povo. Foram 86.366 eleitores que confiaram a mim
a responsabilidade de trabalhar pelo desenvolvimento do sudoeste paulista.
Não
posso me esquecer do apoio dos correligionários do PSDB, partido do qual faço
parte desde 2001, da população paulista, mas fundamentalmente de minha família.
Sem eles nada disso seria possível.
Minha
conduta e meus valores, mas não só eles, me credenciaram
a integrar três importantes cargos na Assembleia Legislativa.
Em 2003, participei dos
trabalhos das comissões de Finanças e Orçamento, Relações do Trabalho e de
Defesa dos Direitos do Consumidor. Defendi a criação do polo exportador de
confecções infantis, formado por Tatuí, Cerquilho, Boituva, Capivari, Conchas, Jumirim,
Rafard e Tietê, região produtora que ocupa hoje a
nona posição do país.
Viabilizei também
laboratórios de serviços tecnológicos para o apoio às indústrias de cerâmicas
de Tatuí. Lutei, e muito, para que o nosso sudoeste pudesse, enfim, se
desenvolver. Quero também dizer que com esse trabalho fui reconhecido, através
do título de cidadão, pelas câmaras municipais de Sarapuí,
Cesário Lange, Boituva, Capela do Alto, Angatuba, Cerquilho, Tietê, Porangaba,
Quadra, Conchas, Araçoiaba da Serra e Bofete, cidades
que me honraram com o seu título, do qual tenho muito orgulho.
No ano de 2005, para
atender novamente ao meu povo, assumi a missão de reconstruir Tatuí. Com muito
trabalho, dedicação e apoio, recolocamos a cidade nos trilhos do
desenvolvimento. Equacionamos as contas públicas, normalizamos o pagamento dos
salários do funcionalismo, dos serviços essenciais e dos fornecedores.
Não só recuperamos a
credibilidade da prefeitura, como restauramos a dignidade dos nossos cidadãos.
Tatuí, durante o meu governo, viveu um imenso progresso. Mudamos de uma vez por
todas os panoramas da Segurança Pública, Saúde, Trabalho, Habitação e Educação.
Com investimentos,
reduzimos o número de homicídios, de absurdos 23 por ano, para apenas dois. Em
contrapartida, aumentamos a taxa de esclarecimentos, que era de 20% antes do
meu mandato, e passou a 100% depois. Fechamos ainda a cadeia pública e
reformamos a delegacia de polícia.
Na Saúde, reduzimos a
taxa de mortalidade infantil. De 16 óbitos para mil nascidos vivos, chegamos a
nove, atingindo patamares europeus. Construímos um novo pronto-socorro,
aumentamos o número de UBSs e tiramos a Santa Casa da
triste situação que ela vivia.
Em prol do trabalho,
reestruturamos o PAT, retomamos parceria com o Sebrae e com o estado. Obtivemos o apoio para ampliação do
Banco do Povo Paulista e, para nosso orgulho, inauguramos o primeiro Poupatempo da região de Sorocaba.
Pela habitação,
promovemos o maior programa de moradia da história da cidade. Como prefeito,
entreguei quase duas mil casas populares pela CDHU, voltadas para atender os
trabalhadores de baixa renda. Devolvi segurança e dignidade aos moradores de
áreas de risco, ao promover o primeiro programa de desfavelização
de Tatuí, ação concluída com muito sucesso. Mais de 200 famílias agora tem uma
moradia própria e segura.
Na área da Educação,
implantei lousas digitais, o ensino em período integral,
melhorei a merenda escolar e trouxe, para nosso orgulho, a Fatec, modelo
de ensino tecnológico para o país.
Na prefeitura,
modernizamos a lei de incentivo, atraindo empresas que somaram cinco mil novos
empregos formais. Criamos o Tatuíprev, que é o regime
de previdência própria dos funcionários municipais.
Tantas foram as nossas
conquistas que o tempo seria pequeno. E é pequeno para dizer a todos que
estamos, novamente, nesta Casa para, neste pequeno tempo que temos,
cumprir o nosso desafio e o da região significativa do estado. Espero contar
com a ajuda de cada um dos nobres deputados. E, da mesma forma, coloco-me à
disposição de todos os parlamentares. De minha parte, ofereço respeito e
diálogo. E peço a Deus que nos ilumine.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - BRUNO CAETANO - PSDB -
Obrigado, deputado Luiz Gonzaga.
O SR. ED
THOMAS - PSB - Sr. Presidente, peço a palavra para falar pelo
Art. 82, pela vice-liderança do PSB.
O SR. PRESIDENTE - BRUNO CAETANO - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. Tem a palavra o nobre deputado Ed Thomas pelo
Art. 82, pela vice-liderança do PSB.
O
SR. ED THOMAS - PSB - PELO ART. 82 - Sr.
Presidente, antes, temos um acordo de lideranças para a suspensão dos nossos
trabalhos até as 17 horas.
Quero usar esses cinco
minutos, que seriam muito pouco para esse manifesto que faço aqui. Eu não
poderia deixar de fazê-lo. Consegui chegar a tempo de levar esse meu manifesto
através das mídias. Sei que outros deputados já o fizeram, e eu não poderia
deixar de fazer. Dessa perda horrível que tivemos,
dessa tragédia horrorosa, que levou o jornalista Boechat, da Rede Bandeirantes
de televisão, da Band News, da imprensa de uma forma geral.
A voz é a nossa alma.
Ou, através da voz, é a nossa alma que se expressa. O Boechat era essa voz. Não
apenas a voz de um jornalismo impetuoso, investigativo e verdadeiro. Boechat
era o dedo na ferida. Quem faz isso, com certeza encontra
inimigos.
Mas o bem sempre vence.
E, é claro, que ele tinha muito e muito mais amigos. Eu não era amigo ou colega
do Boechat. Mas tenho a mesma profissão. Não tive a alegria de poder conversar.
Mas tive a alegria de poder vê-lo, assisti-lo e ouvi-lo.
Ele conseguiu fazer uma
transformação, nesse período de tanta informação e tanta tecnologia. A
velocidade da notícia é muito grande. A velocidade dessa notícia é tão grande
que vamos nos esquecendo das tragédias: a tragédia da
lama, a tragédia do fogo, a tragédia da água, a tragédia do ar. Uma notícia se
sobrepõe à outra. É muita coisa para se lembrar. E ele era essa voz que
lembrava. Lembrava que a justiça precisa ser feita. Que a Justiça precisa
punir.
Ele era a voz. Com
certeza, hoje, uma das maiores vozes. Senão, a maior voz dos microfones e da
nossa mídia de uma forma geral. Ele veio de uma mídia escrita. Passou por
alguns segmentos de empresas. Mas ele conseguiu através do rádio, de manhã,
promover um jornal à noite. E de credibilidade, de muita credibilidade. A
credibilidade vai para todos esses profissionais da Rede Bandeirantes.
Ficamos tão órfãos
quanto os filhos do Boechat. Ficamos órfãos do pensamento. Porque ele
expressava aquilo que estávamos querendo falar, que estávamos realmente
querendo dizer. É lógico que, depois que parte, as homenagens são muitas. Ele
foi muito homenageado. Ele buscou esse lugar dele. Em um período, ele foi até
execrado na saída da Rede Globo, e se levantou. Todos nós precisamos da
informação. A informação é um direito do cidadão. E ele fazia desse direito a
sua missão, que era a missão de, realmente, informar, de falar a verdade. Muitas
vezes não se aceitava a sua ideia, não se concordava. As ideias poderiam não
ser as mesmas, mas o projeto é o projeto da verdade; e ele o fez.
Perdê-lo dessa forma,
realmente o jornalismo perdeu muito. As comunicações perderam, mas perderam
demais. E nós perdemos muito do nosso pensamento, muito daquilo que queríamos
expressar. Ele era a nossa indignação. E é claro que num dos seus últimos
programas ele falou dessa impunidade tão grande que nós vivemos no nosso País.
Não poderia ser assim, não deveria ser assim, mas na pressa e no corre da vida
muitos partem. E ele partiu nessa pressa, nesse corre, na vontade de informar,
de levar a boa informação.
Da mesma forma a
homenagem vai ao piloto. Um pai, um trabalhador, um homem que é o Ronaldo. Fica
um sentimento que nós temos que fazer muito, que nós não podemos esquecer as
lições, porque realmente ele gostava muito de ensinar, e eu assistindo e
ouvindo, era um aprendiz.
Continuaremos a
aprender, mas com certeza o Brasil perde uma voz muito
importante, que era a voz da verdade, a voz da indignação, a voz da alma, a voz
do homem jornalista Ricardo Boechat.
O
SR. ED THOMAS - PSB - Sr.
Presidente, havendo acordo de líderes, solicito a suspensão dos trabalhos até
as 17 horas.
O
SR. PRESIDENTE - BRUNO CAETANO - PSDB - É
regimental. Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças, esta
Presidência suspende os trabalhos até as 17 horas.
Está suspensa a
presente sessão.
*
* *
- Suspensa às 16 horas
e 27 minutos, a sessão é reaberta às 17 horas e dois minutos, sob a Presidência
do Sr. Cauê Macris.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE – CAUÊ MACRIS - PSDB - Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, vamos
passar à Ordem do Dia.
*
* *
- Passa-se à
ORDEM DO DIA
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Sras. Deputadas, Srs.
Deputados, há sobre a mesa requerimento de inversão da Ordem do Dia, a fim de
que a matéria constante no item 286 - PL 640/18 passe a constar como item 1,
renumerando-se os demais itens.
Em votação o
requerimento. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo
permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.
Item 1 - Discussão e votação - Projeto de lei nº
640, de 2018, de autoria do Sr. Governador. Institui o
Conselho Estadual de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação - CACS/FUNDEB. Com 9 emendas. Parecer nº 1506, de 2018, da Reunião
Conjunta das Comissões de Constituição, Justiça e Redação, de Educação e
Cultura e de Finanças, Orçamento e Planejamento, favorável ao projeto e
contrário às emendas. (Artigo 26 da Constituição do Estado).
Em discussao. Para falar a
favor, está inscrito o nobre deputado Carlão Pignatari.
O
SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Sr.
Presidente, nobre deputado Cauê Macris,
presidente do maior Parlamento da América Latina, Sras. Deputadas, Srs.
Deputados, sobre o projeto do Fundeb, quero dizer que
até o ano de 2018 o Fundo de Desenvolvimento da Educação foi regulamentado
através de uma resolução do secretário de Educação do estado.
No ano passado o Tribunal de Contas da União decidiu
que isso não é legal, que nós temos que fazer uma lei para que possa
regulamentar definitivamente o Fundeb no estado de
São Paulo. E é isso que está fazendo. Estamos apenas replicando o decreto, ou
resolução da Secretaria de Estado para o projeto de lei. Isso é de extrema
importância. São Paulo, hoje, se os deputados não sabem, está no Cadin por não ter feito a lei do Fundeb.
Está sendo feita uma emenda aglutinativa para que sejam incluídos na comissão
dois membros indicados pela Assembleia Legislativa de São Paulo. Sugeri hoje ao
Colégio de Líderes, a todos os deputados, que discutamos se isso é permitido ou
não. Se for permitido, não há nenhum óbice pelo governo.
Sr.
Presidente, eu, como líder do governo, vou pedir a publicação da emenda
aglutinativa, para que até amanhã tenhamos uma resposta, ou positiva ou
negativa. E pedir aos deputados da Casa para que comecemos, já que não temos
montada a Comissão de Constituição, Justiça e Redação, pela presidente haver saído, o vice-presidente também, para que possamos fazer um
congresso de comissões para começarmos a discussão do projeto de desestatização
do estado de São Paulo: junção, fusão das empresas como a Emplasa,
a Dersa, e outras. São seis empresas. É uma boa pauta para que haja uma redução
do peso do Estado em cima do contribuinte paulista. Essa é uma discussão.
Quero
pedir ao nobre deputado Campos Machado que comecemos essa discussão do Projeto
de lei nº 01, de 2019, um projeto que irá trazer economia para o Estado, para o
erário de São Paulo.
Hoje
ouvi alguns deputados, no Pequeno Expediente, fazendo críticas à nomeação dos
dois novos membros da Arsesp. Inclusive na semana
passada, na Comissão de Infraestrutura, ficaram quase três horas sendo arguidos
pela Comissão de Infraestrutura. Lá estavam deputados do PT, do PSOL, do PSDB,
do DEM, do PR, porque é uma discussão que tem que ser feita. Ouvi hoje alguns
deputados dizendo que algumas semanas atrás o presidente, o Sr. Ometto, visitou o Doria e a partir daí saiu a indicação dos novos membros da Arsesp.
Acho que era vidente, porque um saiu da companhia em 2016, há quase três anos,
o outro saiu no começo de 2017, há quase três anos também. Então eles saíram da
empresa lá atrás sabendo que o Doria iria ser candidato a governador, que o Ometto iria ser o maior doador da campanha individual...
Que ele pediu exoneração de uma empresa como a Comgás e agora foi nomeado diretor
da Arsesp... Acho muita coincidência. Ele pediu
demissão há três anos, o presidente da empresa já sabia que o Doria ganharia a
eleição para poder indicar as pessoas? Ficaram três anos fora da empresa. Então
acho que não podemos fazer essas ilações aqui na Assembleia Legislativa.
Podemos concordar ou não com os nomes, que são pessoas de ótima experiência
profissional, que conhecem o sistema, que sabem onde fiscalizar, sabem onde cobrar cada uma das empresas. Isso é
importante. E tenho certeza de que o governo João Doria vai ser revolucionário,
inovador, desenvolvimentista. É um governo que vai levar novamente São Paulo a
ser a locomotiva do nosso País, que é isso que precisamos, com grandes investimentos vindo aqui para a capital ou para o estado de
São Paulo.
E
temos grandes projetos para o governo de São Paulo. Quero pedir para que sejam
pautados hoje, presidente, os dois PDLs, para que
aqui, na Assembleia Legislativa, pudéssemos trazê-los ao Plenário. O próprio
nome já fala: é Parlamento, é para que possamos “parlar”,
para que possamos falar, discutir os prós e contras de
cada um desses projetos. Isso é importante para esta Casa de Leis. É importante
que tenhamos discussões não só no Colégio de Líderes, mas aqui também.
Não acredito que
alguém, em sã consciência, seja contra um projeto - respeitando todas as
opiniões - que vai diminuir o tamanho do estado. Isso vai trazer economia e
economicidade para o recurso público, para o dinheiro público. É isso que São
Paulo tem que fazer. Nós, o povo paulista, não aguentamos
mais pagar impostos. Para não pagar impostos, é preciso diminuir o tamanho do
estado. É exatamente isso que o governo João Doria vem fazendo, mostrando que,
com uma nova administração, uma administração séria, uma
administração correta, podemos fazer o estado avançar. E o estado
fazendo o papel que deve ser feito, que é cuidar da Segurança Pública, da
Educação, da Saúde e da Assistência Social, para que se faça uma porta de saída
para as pessoas que por ventura estejam abaixo da linha da pobreza.
Então, acho que isso é
importante e é aqui o local de discutirmos. É aqui, neste plenário, neste
Parlamento. Já tivemos aqui grandes debates durante muito e muito tempo. Assim
poderemos voltar a ter o maior parlamento da América Latina, voltaremos a ter
as grandes discussões de que o estado precisa.
Gostaria de
sensibilizar os nossos companheiros, os nossos deputados, respeitando os que
são contra e os que são a favor. Sabemos que há deputados que são contra a
desestatização, que são contra diminuir o tamanho do estado, mas temos que
respeitá-los. Acho que é isso que temos que fazer: trazer a discussão para este
Parlamento.
Muito obrigado e uma
boa tarde a todos.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA
COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, tenho profundo respeito pelo deputado Carlão
Pignatari. É um homem determinado, plantador de sementes de sonhos, que enxerga
horizontes. Porém, aproveitando a fala de V. Exa.,
deputado Barba, quero fazer um apelo ao deputado Carlão Pignatari: peça para o
governador retirar, por favor, o Projeto nº 01, de 2019.
É uma afronta a esta
Casa, uma afronta ao Legislativo, uma afronta à democracia. Não é possível que
o nosso governador, pintado em prosa e verso pelo nobre deputado Carlão
Pignatari, envie a esta Casa um projeto que dê a ele a autoridade e o direito
de fundir, de privatizar, de vender, de extinguir, de uma vez só, seis
empresas, jogando esta Assembleia Legislativa para o chão.
Não, Sr.
Presidente! Pudesse eu fazer um apelo ao governador tão elogiado pelo deputado
Carlão Pignatari, eu pediria a S. Exa. que retirasse,
em nome do respeito a esta Casa, esse projeto. Isso é um acinte, Sr. Presidente! Ah, se Ibrahim Nobre fosse vivo! Ele dizia
que esta Assembleia é a suprema pureza da democracia. Querem transformar esta
Casa em um carimbador. Sr. Presidente, com V. Exa. na Presidência, tenho certeza de que isso não vai acontecer.
Vamos discutir projeto
a projeto, caso a caso. Por que tirar deste Poder Legislativo, tão amordaçado,
o pouco poder que tem? Portanto, deputado Carlão Pignatari, vou deixar este
plenário convencido de que talvez não toque o seu coração, mas peço que
reflita, medite, consulte a sua alma. Não permita que o governador deixe aqui
nesta Assembleia uma espada de Dâmocles sob a cabeça dos atuais e dos futuros
deputados. Vamos respeitar um pouco, deputado Carlão Pignatari, a dignidade que
esta Casa merece.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB -
Para falar a favor, tem a palavra o nobre deputado João Paulo Rillo.
O
SR. CARLÃO PIGNATARI -PSDB - PARA COMUNICAÇÃO -
Sabemos do grande respeito que o deputado Campos Machado, o grande defensor do
Parlamento Paulista, uma das pessoas que têm defendido cada vez mais a
Assembleia Legislativa de São Paulo. Vou fazer uma proposta ao deputado Campos.
Nós temos seis empresas para serem extintas, fundidas e algumas outras.
Vamos discutir primeiro
a Dersa. Fazemos a discussão, viu, deputado Campos?
Primeiro, se discute a Dersa. Tem seis horas de discussão, fazemos uma hora
discutindo a Dersa. Na segunda hora, vamos discutir a CPOS. Na terceira hora,
vamos discutir a Codasp. Na quarta hora, vamos
discutir a Emplasa. Na quinta hora, a Prodesp e na
sexta hora, discutimos a Imprensa Oficial do Estado. Se houver obstrução, se
tiver objeção, isso demora dez sessões se quiser.
Nós podemos discutir
cada uma das empresas dos projetos e não é possível alguém ser contra você
diminuir o tamanho da máquina pública, diminuir o tamanho do estado, reduzir a
carga tributária em cima de cada um dos moradores deste querido estado de São
Paulo. Era somente isso.
Muito obrigado,
deputado João Paulo Rillo, deputado Cauê Macris.
O
SR. JOÃO PAULO RILLO - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR
- Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, na
semana passada, na sabatina que teve na Comissão de Infraestrutura presidida
pelo deputado José Américo, eu, junto com alguns outros deputados, a deputada
Márcia Lia e outros deputados ali, fizemos um debate e alguns questionamentos
aos dois possíveis diretores da Arsesp indicados pelo
governador João Doria que devem ter o aval da Casa.
Primeiro, eu quero
falar sobre esse aspecto. Deputado Carlão, líder do Governo, defendeu que a
Assembleia paute e vote a indicação do governador. Primeiro, eu gostaria de
dizer que tenho total acordo com o deputado Carlão Pignatari. Espero que não
seja apenas uma bravata do governo dizendo: “Olha, nós pedimos para que o
projeto fosse pautado, mas ele não foi. Como ele não foi, pela legislação - que
eu discordo - se não votarmos as indicações em 15 dias, automaticamente eles
serão nomeados diretores da Arsesp”.
Fosse eu presidente da
Assembleia Legislativa de São Paulo, independente se eu sou aliado ao
governador ou não, em nome da minha biografia, do pacto eleitoral que eu fiz
com o eleitor, o que eu faria? Pautaria de qualquer maneira para que amanhã ou
depois não tenha um vulto na minha história, uma grande mancha na minha
biografia dizendo que eu cometi um pecado capital, um atentado contra o próprio
Legislativo e não pautei uma prerrogativa que ele tem.
Ou seja, nós temos o
direito de participar desta indicação de uma agência reguladora. O deputado
Carlão sempre discute do ponto de vista político-ideológico e isso facilita
porque temos como manter um diálogo didático sobre como cada um pensa aqui. O
argumento dele é que é necessário diminuir o estado, é necessário diminuir os
gastos para o estado poder se desenvolver e usou a palavra
“desenvolvimentismo”, o que não tem nada a ver com o projeto neoliberal de
esvaziamento total. É simplesmente o oposto.
O exemplo de nacional-desenvolvimentismo
que tivemos no Brasil nada tem a ver com esse PSDB atual e nem com o outro de
Fernando Henrique, que também foi um grande neoliberal, onde iniciou. O
neoliberalismo tem duas partes. Na primeira parte nós visitamos o inferno com o
Fernando Henrique Cardoso. Agora, tivemos uma trégua com o governo
progressista, popular, social e agora voltamos com tudo a perceber a
implementação da segunda parte desse projeto neoliberal, que é o inferno eterno
no Brasil se eles conseguirem cumprir essa agenda. Ele diz isso.
Agora, é engraçado.
Deputado Carlão, o que o PSDB fez já foi diminuir o estado. Quando o PSDB
esteve no governo, diminui o Estado Brasileiro, vendeu a Vale, vendeu a Cosipa,
vendeu as comunicações, vendeu a energia, diminuiu bastante o Estado, aplicou o
Estado mínimo.
O
PSDB velho fez do Brasil um Estado mínimo, mas o atual PSDB do João Doria quer
fazer um Estado invisível. Não bastasse privatizar o patrimônio, a estrutura
estratégica do povo - seja energia, seja gás, seja água, seja bancos -, o
argumento era: “Vamos dar na mão da iniciativa privada, pois ela é mais
eficiente. Nós diminuímos o Estado e todo mundo ganha”.
É
obvio que aconteceu contrário. Quem mora no interior de São Paulo e se sente
bem tratado, com dignidade, pela CPFL, por exemplo? Ou pela antiga Telesp, que
atende pelo nome de Telefônica? Nós sabemos como é o tratamento depois que
deixa de ser público. Então eles falaram: “Não, nós vamos privatizar, nós vamos
entregar, mas vamos criar as agências reguladoras. Está bem discutido com a
sociedade, há uma legislação bacana que vai permitir que as agências sejam a defesa, o escudo do povo”.
Aí
vem o João Doria e privatiza a agência, ou seja, o pouco instrumento que o povo
tinha na mão, ele quer tirar. Como ele quer fazer isso? Indicando duas pessoas
que compuseram a Comgás, que trabalharam na empresa que executa um serviço que
a agência tem a obrigação de fiscalizar. É isso. Não dá para alegar que eles
estão dissimulando, pois é bem sincero, é bem franco mesmo.
Acabou
esse negócio de agência reguladora, agora é privatização elevada ao cubo, e não
há mais fiscalização. Eles vão fazer o que eles quiserem, e para isso precisam
ter uma diretoria toda chapa branca. É honesto da parte deles, mas não será
honesto da nossa parte se não pautarmos e nos posicionarmos em relação a isso.
Neste
caso, a omissão da Assembleia Legislativa é muito mais do que uma omissão. Na minha opinião, no meu ponto de vista, é um ato ilícito. É
uma aberração a Assembleia não pautar e não votar esse projeto. Cada um que se
posicione: se for aprovado, foi aprovado, é da regra. Eu posso espernear, mas é
da regra democrática.
Será
muito desmoralizante para todos nós, neste final de legislatura em que boa
parte ou pelo menos a metade dos deputados não foi reeleita, terminar o mandato
desse jeito, sem conseguir pelo menos se posicionar em relação a uma coisa que
é efetiva e simbólica.
O
Doria quer vender o estado de São Paulo inteiro, inteiro, inteiro, inteiro. Nós
vamos perder completamente o sentido aqui. A Assembleia, que já foi
subserviente um tempão, vai perder completamente o sentido se permitirmos que
ele dê continuidade a esse desmonte do estado.
Nós
vamos fazer o que aqui, se está tudo na mão da iniciativa privada e não precisa
mais de lei, não precisa mais fiscalizar? Não precisa mais de representação
política. Com essa privatização, essa coisa avassaladora de entregar todo o
estado, para que ter equilíbrio democrático, para que ter estado? Pensem nisso,
o estado está perdendo completamente o sentido.
É isso, meus
caros, esta é a minha avaliação. É interessante, pois eu pensei que já tínhamos
visitado o inferno com os sucessivos governos do PSDB, especialmente estes
últimos, especialmente os do Geraldo Alckmin, que talvez seja o mais liberal e
reacionário deles. Eu nunca imaginei que pudesse piorar, mas o Brasil está
passando por uma provação muito séria, não é? Percebemos que nada é tão ruim
assim que não possa piorar um pouco. Eu temo que um dia eu possa ter saudade do Covas, do Alckmin e do Serra se permitirmos que o João
Doria faça o que está nos planos.
Então
é isso, está bem claro: se não pautarmos, será um gesto desmoralizante para a
Assembleia. Estaremos abrindo mão de uma prerrogativa que é nossa, ou seja,
estaremos traindo o povo, permitindo que o João Doria privatize uma agência que
tem por objetivo principal regular, fiscalizar em nome dos interesses do povo.
O povo mais simples, o povo trabalhador, empreendedor, empresário, industrial
pode ficar na mão desses canalhas que sugam o patrimônio do povo paulista.
O SR.
PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Antes dar continuidade
aos inscritos, gostaria de dizer ao deputado João Paulo Rillo
que estou de acordo com a sua posição sobre trazer à pauta, tanto que, no
Colégio de Líderes, já deixei claro que, independentemente de acordo de líderes
ou não, esses dois PDLs vêm a pauta já na semana que
vem. Isso ficou acordado antes do prazo de fim de decurso de pauta.
Para falar contra o
projeto, tem a palavra o nobre deputado Teonilio
Barba Lula.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR
- Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
telespectadores da TV Assembleia, funcionários da Casa, eu, primeiro, quero
falar um pouco sobre a questão do Fundeb, que foi
debatida no Colégio de Líderes.
Acho que nós, aqui da
Assembleia Legislativa, temos que discutir e debater a indicação dos
conselheiros do Fundeb. Acho que é um papel desta
Casa ter representação na questão do Fundeb, ter dois
conselheiros indicados por esta casa. E, como o Fundeb
trata de Educação, que um dos indicados, conselheiro, seja exatamente da
Comissão de Educação, que é quem debate esse tema de maneira profunda nesta Casa,
independentemente de qual partido conseguirá indicar o conselheiro ou qual o
tamanho do acordo que vamos conseguir fazer.
Acho que isso ainda
deve ser incluído, o líder do Governo e o presidente devem ver, porque acho que
isso não está incluído na emenda aglutinativa. Devemos ver se é possível fazer
isso, pedir que um dos indicados ao conselho do Fundeb
seja da Comissão de Educação, que trata, exatamente, desse fundo da Educação.
Essa é a primeira questão de que eu gostaria de tratar aqui.
A segunda questão é ver
a sanha do líder do Governo, deputado Carlão Pignatari. Eu jamais achei que o
PSDB teria alguém mais entreguista do que Fernando Henrique Cardoso. Só para
resgatar aqui, ele entregou a Vale do Rio Doce em um processo de privatização
com o dinheiro do BNDES por três bilhões de dólares.
Na época um dólar valia
um real, então foi por 3 bilhões de reais, uma empresa que, na época, valia 100
bilhões de reais, ou 100 bilhões de dólares. E você tem as agências
reguladoras. Aliás, tem uma que foi recriada recentemente, a Agência Reguladora
da Mineração, exatamente em função do que eles chamam de tragédia. A imprensa
também chama de tragédia, estão repetindo agora a palavra tragédia, mas eu
chamo de assassinato.
Pelo que aconteceu em
Mariana perdemos parte do bioma, do meio ambiente, da fauna e da flora, mas
também perdemos vidas humanas. Agora Mariana se repete com Brumadinho.
E a Agência Reguladora
de Mineração deveria tomar conta daquilo, analisando a partir da tragédia de
Mariana. Mas o que aconteceu foi que tivemos um acidente muito maior. Não dá
para chamar aquilo de fenômeno da natureza, aquilo é um acidente que você mede,
prevê. Você tem os medidores de possibilidade de rompimento de barragens, sejam
elas molhadas ou secas.
Mas a Vale, que é a
segunda maior do mundo e uma das primeiras do mercado na questão da mineração,
em sua vontade de apenas ganhar dinheiro, não fez investimentos, encerrou as
atividades daquela barragem de Brumadinho, mas não fez a intervenção para poder
evitar que ocorresse algum acidente. Ou seja, isso é assassinato anunciado.
E vejam bem, após a
tragédia de Mariana nenhuma família foi indenizada. Ninguém está preso por
conta da tragédia de Mariana, assim como na tragédia da boate Kiss, em Santa
Maria, vários mortos queimados lá dentro.
Aí vem com essa sede de
discutir essa palavra que inventaram, a
desestatização. Vocês estão com vergonha de dizer que é privatização. Assumam
que é privatização. Pelo menos essa coragem eu reconheço que o governo Fernando
Henrique tinha; eles defendiam a privatização. Vocês estão inventando a
desestatização, que é para tornar as empresas estatais...
O
SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB – Ou concessão ou
privatização...
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Concessão é uma coisa,
privatização é outra.
O
SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É a mesma coisa.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Então, assumam. Tem que
assumir. Por que vocês não assumem a palavra privatização? Porque pesquisas
recentes, na disputa eleitoral, mostraram que 70% do povo brasileiro é contra a privatização. E vocês tentam enganar o povo com a
Secretaria de Desestatização. Há a pressa de entregar, porque no estado de São
Paulo, se não me falha a memória, são 14 empresas e algumas autarquias. Das 14,
seis são empresas dependentes, que dependem da dotação orçamentária do governo
estadual, e as outras oito são empresas que têm orçamento próprio.
Então, há essa pressa
de entregar. Já querem entregar, numa tacada, seis. Cuidado, porque não vai
sobrar para vocês discutirem nada durante os quatro anos. Existe a tese da
privatização para mostrar a eficiência da Vale do Rio Doce, que se tornou
eficiente realmente, mas matando gente, matando trabalhadores. Isso foi
assassinato. Vejam bem a tragédia de Brumadinho, cantada pela imprensa. Vai ter
uma geração de órfãos, pois são mais de 300 mortos.
E a coisa mais grave:
sabem quanto custou cada vida daquela? Menos de 50 mil reais. Porque houve a
reforma trabalhista, aprovada pelo PSDB, MDB, DEM, PPS e PTB. Aquele acidente
de trabalho que matou mais de 300 pessoas, com uma onda de barragem que passou
em cima de trem e contorceu carros, vai custar, para cada família que tinha um
parente trabalhando ali, menos de 50 mil reais. São 50 salários mínimos. E
quero ver vocês, deputados estaduais que dobraram com os federais que aprovaram
a reforma trabalhista, saírem falando isso para o povo aí fora. Então, essa
pressa e essa sanha de privatizar levam exatamente a isso.
Aqui em São Paulo temos
as agências reguladoras: a Artesp e a Arsesp. O que estão tentando fazer agora com a Arsesp? Exatamente pegar duas pessoas que trabalharam por
30 anos uma, sei lá quantos anos a outra... O presidente da Cosan,
agora, é o maior doador individual da campanha do João Doria - 500 mil reais. E
nomeando, não adianta. Isso tem conotação política de interesses da Cosan e da Comgás. Como coloco alguém que trabalhou na
Comgás para corrigir e fiscalizar um setor que é responsável por fiscalizar a
energia? No caso da energia, das águas e do saneamento básico. Gás, água e
saneamento básico. Um conselho formado por cinco pessoas, das quais duas são da
Comgás.
E o presidente da Cosan é o maior doador individual da campanha do João
Doria. Há interesses colocados, interesses estranhos, que estão no subterrâneo
da política. Nesse caso, a Casa não tem poder para indicar alguém para a Arsesp; seria bom se tivesse. Devíamos começar a discutir
essa pauta aqui - o Poder Legislativo também poder indicar conselheiros. Não
precisam ser deputados, mas pessoas indicadas por esta Casa para as agências
reguladoras no estado de São Paulo. No caso, a Artesp,
a Arsesp e outras.
Eu vi sua fala mais
cedo, deputado Bruno Caetano. Dou as boas-vindas aos novos deputados. Sua fala
defendia a eficiência da privatização. E quem está falando com vocês trabalhou
41 anos no setor privado. Trabalhei 11 anos na indústria de móveis de São
Bernardo do Campo, cinco anos na Wolksvagen e 25 anos
na Ford.
Acho engraçado que eu
não ouvi vocês falarem em chamar os trabalhadores e as trabalhadoras dessas
empresas que estão propondo privatizar ou dessas agências que estão indicando
esses dois representantes, os quais foram indicados pelo João Doria. “Vamos
chamar o Sinergia, que é o sindicato que representa os trabalhadores da Arsesp
e do setor energético no estado de São Paulo, para debater e para ver o que eles
pensam disso.” Vocês não vão chamá-los. Isso não está na expertise de vocês.
Vocês estão acostumados a ouvir, a doar e a entregar para o setor privado, mas
na mão dos empresários e não para a participação dos trabalhadores.
O SR. CARLÃO
PIGNATARI - PSDB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Cada vez eu fico mais feliz em
ser líder do governo João Doria, porque quando o PT se coloca radicalmente
contra uma coisa sei que é bom para o Brasil. É bom porque essas empresas que
serão fundidas ou extintas irão perder apenas os cargos de livre nomeação do
Governo. É um Governo que não quer ter livre nomeação, não quer pôr agente
político em nenhum lugar.
Sei que o PT não concorda com isso, mas esse é o papel
que queremos fazer para diminuir o tamanho dessas empresas, para que pare a
indicação política para membros de empresas públicas de São
Paulo.
O SR. TEONILIO
BARBA LULA - PT - Primeiramente, deputado Carlão Pignatari, vocês tem que fazer uma
correção na sua pasta, chamando-a de pasta da privatização. Não tenham medo de
enfrentar o debate com a sociedade, não enganem a sociedade. Não me venham com
esse papo de desestatização. Assumam para a sociedade que vocês querem
privatizar.
Vossa Excelência chamou o Estado liberal e privatista
de desenvolvimentista. Vossa Excelência precisa voltar a estudar John Maynard
Keynes para entender o que é um Estado desenvolvimentista, que é dentro de um
Estado capitalista, em que o Estado é indutor da economia.
Essa não é a proposta de vocês, a proposta que o João
Doria assumiu como direita do estado de São Paulo. Agora, ele está recuando,
dizendo que não é bem de direita, que quer, na verdade, dirigir o povo do
centro. Ele não sabe se consegue derrotar o Bolsonaro, que ocupou a direita. Na
esquerda, está o PT, então, ele pensou na possibilidade de haver um vácuo no
centro e ficar de centro-direita. Portanto, ele disse que não é mais de
ultradireita nem liberal de extrema direita, dizendo que é de centro.
Não! Vocês ganharam as eleições com uma proposta de direita.
Vocês perderam a vergonha. Agora vocês assumiram que são de direta. Até um
tempo atrás, parte do PSDB - e eu respeito isso - era de centro e
centro-esquerda e parte era de centro-direita, só que não assumia. Veio o João
Doria e assumiu o papel da direita. Não tem problema; isso faz parte da disputa
democrática do País. Quem ganhar as eleições governa com essa pauta. Isso não
tem problema, mas tem que assumir! Não dá para ficar com meias palavras.
Então, não sou contra quem defende a privatização. Por
exemplo, vocês querem discutir a privatização das águas no Brasil. Na mão de
quem estão as águas dos Estados Unidos? Não é na mão do Governo, é na mão das
Forças Armadas. Quem domina e quem controla as águas são as Forças Armadas,
porque está previsto que pode haver guerra no mundo por falta de água. É uma
questão estratégica.
Onde está o setor estratégico no governo dos países
desenvolvidos? Na maior parte deles, na Europa, nos Estados Unidos e em países
de todos os continentes, a parte estratégica - que é de energia - e os grandes
produtores estão na mão do setor dos governos. Há coisas que podem ser
discutidas, mas há coisas que não dá para aceitarmos.
Deputado Carlão Pignatari, V. Exa. tem
que ir com calma, porque vocês têm quatro anos, e nem assumimos a nova
legislatura. Vossa Excelência está querendo, em uma tacada, entregar seis. São
14 empresas estatais no estado de São Paulo. Na outra, quer entregar
oito.
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR -
Deputado Barba, qual a sua opinião a respeito desse dilúvio que caiu na
Assembleia em forma do PL 01/2019?
O SR. TEONILIO
BARBA LULA - PT - É a sanha entreguista do PSDB, representada nesta Assembleia pelo
deputado Carlão Pignatari.
É
entregar o patrimônio, não é tornar eficiente, porque foi compromisso. Vocês
assumiram na campanha com o setor privado, com os empresários. Vocês não
assumiram tarefa nenhuma com os trabalhadores. Vocês assumiram com os
empresários que iam ganhar as eleições e iam privatizar e entregar. Agora vocês
têm que assumir isso. Vocês têm que dizer isso para a sociedade. Vocês estão
cumprindo programa de governo, querem entregar tudo
aquilo que o estado tem de desenvolvimento nas mãos dos empresários.
Começa
com essas empresas. Depois vocês vão querer entregar a parte da Educação. Já
entregaram uma parte desde 95. Depois vocês vão querer entregar o restante da
Saúde que vocês não conseguiram entregar.
Essa
era uma pasta do PSDB que era mais amena. Hoje ela está muito mais agressiva
com o governador João Doria no estado de São Paulo.
Deputado
Bruno, desculpe-me. Já tinha esgotado o meu tempo, por isso eu não lhe dei um
aparte.
Muito
obrigado, Sr. Presidente.
O SR. BRUNO CAETANO -
PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Aqui ninguém tem vergonha de
defender o que pensa. O PSDB tem uma bandeira clara, e não foi pactuada com
empresários, ou com quem quer que seja, como foi
insinuado aqui. Foi pactuada com o povo de São Paulo, que elegeu esse projeto,
goste ou não o deputado Gianazi. Quando falam contra
o PSDB, contra os governos tucanos, os deputados falam contra o povo, contra as
pessoas que elegeram e reelegeram os governos do PSDB. Ninguém aqui tomou o
poder. Foi feito pelo voto.
Mais
ainda, nós temos uma divergência absoluta com o PT. O PT gosta do Estado
grande, do Estado gordo, do Estado pesado. Quebraram a maior empresa do Brasil,
quebraram a Petrobras. Conseguiram quebrar a maior empresa do Brasil. Esse é o
modelo que o PT quer trazer para o estado de São Paulo, de empresas quebradas,
que geram déficit em cima de déficit para colocar os apadrinhados? Esse é o
modelo? Não, senhor. Nós temos orgulho de defender uma posição diferente. Essa
é a posição do PSDB, e vamos defendê-la até o final.
Muito
obrigado, Sr. Presidente.
O SR.
PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para discutir a favor
do projeto, tem a palavra o nobre deputado Campos Machado.
O SR. TEONILIO BARBA
LULA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Primeiro,
deputado Bruno, ninguém falou que vocês tomaram o poder na marra.
Ninguém disse isso aqui. Faça uma correção na sua fala, porque ninguém disse
isso. Eu disse que vocês têm vergonha de assumir que são
um Estado privatista. Tem que assumir. Vossa Excelência assumiu isso claramente
hoje, mas a grande maioria do PSDB aqui dentro escondeu esse debate o tempo
todo, nesses quatro anos de legislatura. Vocês tinham um compromisso com o
setor empresarial deste País de privatizar. Vocês têm um compromisso.
Inclusive,
vocês não entregaram a Petrobras porque não tiveram tempo, porque vocês não
governaram, senão já teriam entregado nas mãos dos estrangeiros. É um costume
de vocês serem submissos ao capital financeiro nacional e internacional. Isso é
uma prática do PSDB.
Eu
não condeno vocês por isso. Abram o debate e digam que é isso. Sejam claros,
igual V. Exa. foi. Eu ouvi o
seu discurso aqui, V. Exa. se
contrapondo ao deputado Giannazi no Pequeno Expediente hoje à tarde, mas não
foi o que eu ouvi aqui durante quatro anos do PSDB. O PSDB ficava dizendo que
não era bem privatizar. Ora era concessão, ora era parceria público-privada. “O
PT também já fez”. Vossa Excelência veio com uma postura mais agressiva. Acho
que V. Exa. é dos cabeças
pretas, da turma do João Doria, que veio com sanha, que quer entregar.
Eu
quero ver vocês entrarem no meio da periferia, onde mora a comunidade, e dizer
isso para a pessoa que está pagando 89 reais no botijão de gás, quando custava
49, que vocês querem entregar na mão do setor privado para fazer isso, para ter
mais lucro para o patrão.
Vocês
hoje elogiaram, por exemplo, uma atitude, uma iniciativa que o João Doria tomou, a redução do preço do querosene, dos combustíveis de
avião. Ele deu uma isenção de 25 para 12 por cento. Qual é a contrapartida para
a sociedade? As empresas de aviação reduziram 10% no preço da passagem, no
preço do transporte de carga? Não reduziu. Eu não sou contra fazer isso, mas
tem que ter uma contrapartida. Já que vocês dão um incentivo para o empresário, ele tem
que dar um retorno para a sociedade.
Então, tem coisas com
as quais eu posso até concordar com vocês, mas não isso de só dar para o empresário e o cara
botar 13% a mais no bolso. Foi o que aconteceu, reduziu o preço do combustível,
e as empresas de avião do país, aqui no estado de São Paulo, estão botando 13%
a mais no bolso.
O
SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Sr. Presidente, peço a palavra para fazer uma comunicação, com anuência do
orador.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É
regimental, com anuência do orador, tem a palavra o nobre deputado Carlão
Pignatari.
O
SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Eu fecho os olhos quando o deputado
Barba está falando, e fico lembrando daqueles filmes
que assisti, do Getúlio Vargas, dos entreguistas, ouvindo da época do Jânio
Quadros. É aquele discurso retrógrado, antigo, que o Brasil não quer mais.
Há 24 anos São Paulo não aceita
esse tipo de discurso. Há 24 anos, a maioria do povo paulista elege o PSDB para
governar. É lógico. O PT é contrário a diminuir o tamanho do estado. Vai por
onde os seus apaniguados políticos? Onde que vão
colocar as pessoas, sem presidentes das grandes estatais?
Se o presidente
Fernando Henrique tivesse vendido a Petrobras - pena que ele não conseguiu -,
ela não estaria uma empresa falimentar como está hoje. Não é possível mais nós termos isso
no Brasil. O mundo mudou. As pessoas querem emprego. Nós temos compromisso sim.
O governador João Doria tem compromisso com o desenvolvimento econômico para
gerar emprego para as pessoas, para os paulistas.
O governo que saiu, o governo do PT, deixou mais de 13 milhões de
desempregados, sendo cinco milhões só aqui no estado de São Paulo. Não é mais
possível termos esse tipo de discussão. Por isso que eu acredito, deputado
Barba, sempre respeitando muito todos os deputados e deputadas dessa Casa...
Por isso que eu quero começar a trazer a discussão do PL 01/19 para o plenário,
para que possamos fazer esse tipo de debate.
Afinal de contas, aqui
é o Parlamento. Aqui nós temos que parlar, nós temos
que falar. Cada um defender a sua posição, e é isso que o governo de São Paulo
vai fazer todos os dias nos próximos quatro anos aqui na Assembleia Legislativa de São Paulo.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB – Meu
caro presidente, deputado Cauê Macris,
meu candidato a presidente desta augusta Casa, que já teve Jânio Quadros como
deputado, Franco Montoro, e que hoje recebe nuvens de preocupação.
Onde já se viu? Uma
Assembleia como esta, onde o retrógrado Jânio Quadros, como diz o nobre
deputado Carlão Pignatari, ex-prefeito de Votuporanga.
O
SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Sr. Presidente,
eu não disse que ele era retrógrado. Eu falei dos discursos retrógrados
daquela época.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB –
Qual a diferença entre discurso retrógrado e político retrógrado? Olha o
deputado Carlão Pignatari, onde está querendo chegar. É duro defender o
indefensável.
Eu quero saudar o nosso
querido Dr. Itamar, conceituado médico e, para meu orgulho, colega do meu
irmão, Marcel Cerqueira Cesar Machado. Meu querido Evandro Losacco,
de intermináveis batalhas defendendo o PSDB. Não esse PSDB, em que V. Exa. quer ofender os outros para
justificar o presente.
O passado é a ponte que
nos conduz ao presente e nos leva em direção ao futuro. O jovem deputado Bruno
Caetano vai na sua linha. Eu quero indagar uma coisa
aqui. O que é cheque em branco? É uma folha só. O que o deputado Carlão
Pignatari quer? Um talão de cheques em branco.
Para que serve esta
Casa? E não venham dizer que eu sou contra o PSDB, porque eu não sou. Geraldo
Alckmin é meu amigo, meu irmão. Eu não vejo o PSDB defender o Geraldo Alckmin.
Estranho, deputado Barros Munhoz. Vossa Excelência estava lá e viu a minha
visita ao governador Geraldo Alckmin. Vossa Excelência foi lá e conversou com
ele. Onde estão os deputados do PSDB, que não defendem Geraldo Alckmin? Boa
pergunta. Não têm mais mandato, deputado Barros Munhoz. Não têm mais mandato.
Com o oportunismo que é caro, pularam do barco.
Mário Covas,
profundamente correto. Eu tinha orgulho quando ele dizia: “Campos Machado é
sinônimo de lealdade.” Sou leal sim. Estou, há oito anos, defendendo Geraldo
Alckmin, sozinho. Porque o PSDB finge que não é com ele e sai pelos cantos. E
são defensores. Geraldo Alckmin ficou sozinho.
Mas quero votar o
projeto do deputado Carlão Pignatari. Para que serve o Poder Executivo? Para
executar. Para que serve o Poder Judiciário? Para julgar. Para que serve o
Poder Legislativo? Para legislar. O que quer fazer o nosso governador? De uma
sacada só, em um talão de cheques só, totalmente assinados por todos os
deputados desta Casa? Ele quer entregar um talão de cheque em branco, assinado,
não mão do governador.
Para quê? Para que o Sr. Governador possa, de uma tacada só, privatizar, vender,
extinguir, sortear. Tudo, agora. É tudo. Todos os verbos possíveis e
imagináveis estão no projeto do governador. Eu pergunto: onde fica a Assembleia
Legislativa de São Paulo? Onde está a dignidade desta Casa? Onde está a
história desta Casa?
Deputado Barros Munhoz,
que já foi presidente desta Casa duas ou três vezes, líder do Governo,
secretário da Agricultura, ministro da Agricultura. Eu fico indagando, deputado
Barros Munhoz: e a nossa história? O passado não é a ponte que nos conduz em
direção ao presente e nos leva em direção ao futuro? Como ficamos?
O governo tem projetos
audaciosos, mirabolantes. Ótimo. Mas o governo manda no Palácio do Morumbi. Não
estou dizendo isso hoje não. Falei, na PEC 02, 500 mil vezes: manda lá. Aqui,
manda o Legislativo. O que o deputado Carlão Pignatari quer? Fazer com que a
voz do Executivo ressoe aqui, como se fosse o hino, a verdade. Não, esta Casa
não pode concordar com este vexame, com esta humilhação.
Apresentei um
substitutivo com todas as informações possíveis. Como temos condições de
analisar seis empresas de uma vez só e a toque de caixa, como quer o deputado
Carlão Pignatari?
Propus, também, que
fosse um a um. Envia, primeiro, à Emplasa.
Discute a Emplasa. Qual é a situação econômico-financeira da Emplasa? Quem
sabe, aqui? Está aqui o microfone. Chega aqui no microfone de aparte e diz: “Eu
conheço a Emplasa.” E me dá os números. Quem conhece a Prodesp? Quem conhece a
Dersa? Venha aqui. Não, é tudo no escuro. É um grande pacotão de Natal, vazio
por dentro.
Aí pergunto: que
deputado vai votar favorável, mesmo que seja do Governo? Qual deputado vai
afrontar esta Casa? Qual parlamentar vai rasgar o seu juramento, que foi feito
há quatro anos, e vai ser renovado em 15 de março? Qual parlamentar? O governo
mandou?
O deputado Sapienza
sabe que falo isso há 10 anos: aliado não significa ser alienado. Estou muito à
vontade, meu amigo e deputado Evandro. Todo mundo sabe da minha indignação
histórica, tudo muito à vontade. Não aprendemos a lição. A derrota e a vitória
são irmãs gêmeas. Uma não existe sem a outra. Como a alegria e a tristeza.
Perdemos eleições.
Não sou oposição porque
eu não tenho essa história de ser oposição, que é própria do PT, que está
correto, do PSOL, e também não sou situação. Eu estou começando a ver aonde vai
esse rio da situação. Eu quero ser independente como disse a V. Exa. hoje de manhã. Como é que eu posso votar esse PL 01/19? Para
atender a quem? Ao super- poderoso secretário do
Governo, enquanto o chefe da Casa Civil, indicado, vítima de uma traição,
vítima de uma ardilosa trama para envolvê-lo uma semana antes do anúncio do
secretariado? Não! Acabou a dinastia. Vou cumprir meus compromissos históricos,
vou defender Geraldo Alckmin até o último minuto em que estiver nesta Casa.
Como disse o Bruno Covas um dia desses: “você defendeu o meu avô até o último
minuto, até invocando os espíritos para defender o meu avô”. Mas não posso
admitir quando se coloca de lado duas posições: Executivo e Legislativo. A qual
poder eu pertenço? Pertenço ao Legislativo. Eu vou voltar as
costas ao poder que pertenço, o poder que eu amo e que defendo em nome do quê?
Vou trair minha consciência, vou negar o meu juramento? Não!
Quando o deputado
Carlão Pignatari, meu amigo, propõe que nós comecemos a discutir o PL 01/19,
sem sequer apreciar as emendas apresentadas pelo PT, o meu substitutivo, como é
que podemos vir discutir aqui? Marquem audiências públicas. Eu quero que a
Emplasa explique aqui qual é a situação financeira dela. O mesmo com a Dersa e
a Prodesp. Todas as seis empresas têm que nos informar essas coisas, deputado Vitor
Sapienza. Como é que nós podemos, do nada, ao apagar
das luzes, num passe mandraquiano, entregar ao
Executivo aquilo que pertence ao Legislativo?
Estava na minha sala e
fiz questão de voltar. Como dizia Fernando Pessoa: “tudo, tudo mesmo, menos o
ridículo”. E o ridículo é nós esbofetearmos esta Casa,
rasgarmos a história desta Casa. Isso é inadmissível, deputado Barros Munhoz.
Dizia eu um dia desses
a um amigo: “políticos que são sonhadores são meio que El Cid: morrem em cima
do cavalo; guerreiros elcidianos”. Nós não temos a menor condição moral,
ninguém está atacando Governo nenhum aqui, não há necessidade de aparecer um
alguém, um cargo a mais ou um cargo a menos. “O Campos
Machado...” não, fiquem tranquilos os governistas porque nós não estamos acusando
o governador João Doria; nós estamos
apenas defendendo a Assembleia Legislativa. Esse apelo que eu faço aos atuais
deputados, que tem o mesmo poder daqueles que vão assumir o cargo no dia 15 de
março - não há deputado de 2ª classe; não há - não permitam que nós cometamos
um suicídio moral.
Deixo essa tribuna
lembrando-me, uma vez mais, Ibrahim Nobre: ele diz que “a democracia é o que
mais caracteriza a alma do paulista”. Por isso, nobre deputada Márcia Lula Lia,
vou deixar esta tribuna, lugar sagrado desta Casa, e V. Exa. vai
assumi-la, vai falar no microfone de apartes. Ajude a história desta Casa. Lute
até o fim, mas não permita essa infâmia, não permita essa grosseria de ordem
moral contra a Assembleia Legislativa.
Sr.
Presidente, nobre deputado Cauê Macris,
deixo a tribuna acreditando que V. Exa. é magistrado e vai continuar sendo magistrado após 15 de
março de 2019.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB
- Tem a palavra a nobre deputada Márcia Lula Lia.
A
SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, o decreto 64.111 foi publicado, criando a
Fatec na cidade de Matão. Causou-me muita estranheza, porque temos uma Fatec na
cidade de Araraquara que deveria funcionar.
Temos tão somente dois
cursos: 40 alunos no curso de gestão comercial e 40 alunos no curso de
segurança da informação. Carlão, temos um prédio com 7800 metros de área
construída num espaço de 14357 metros quadrados.
Os problemas que temos
na Fatec de Araraquara são complicadíssimos. Temos, ao invés de três cursos,
que seriam inicialmente oferecidos, tivemos no primeiro ano um único curso
oferecido. O laboratório de informática lá da Fatec não estão prontos.
Portanto, os alunos não têm aula de laboratório.
As aulas do primeiro
semestre foram adiadas para o segundo semestre. Por conta disso, os alunos
estão tendo aula de língua portuguesa I e língua inglesa II antecipadamente. A
biblioteca está montada, mas está fechada porque não tem nenhum funcionário.
A unidade toda, na
verdade, só abre à noite para as aulas, porque não tem um funcionário para que
ela fique aberta durante o dia. Na sexta-feira anterior ao início das aulas, só
havia no local o porteiro - olha só a situação -, a funcionária da Secretaria
Geral, que deveria estar no local, não tinha ido trabalhar na sexta-feira
anterior ao início do ano letivo.
Inclusive, a informação
era de que ela não havia aparecido a semana toda. Os
alunos também reclamam da localização. A faculdade fica num lugar onde não há
lanchonetes, não há restaurantes. A situação lá é muito difícil.
E, agora, criou-se uma
Fatec em Matão, que é uma cidade localizada a 28 quilômetros de Araraquara.
Portanto, a cidade é quase um quintal de Araraquara, e sabemos que se em
Araraquara, com 7800 metros quadrados de área construída, 18 salas de aula, com
a possibilidade de termos uma quantidade enorme de alunos, há uma demanda posta
para esses cursos.
O primeiro vestibular
foi extremamente concorrido, e nós não tivemos vestibular este ano porque não
tem professores, infraestrutura, porteiro, funcionário. Não tem nada.
No entanto, somos
surpreendidos com uma Fatec na cidade de Matão, que, com certeza, vai funcionar
em condições mais precárias do que está funcionando a Fatec de Araraquara.
Quero, portanto,
comunicar aos Srs. Deputados e às Sras. Deputadas que
o deputado Roberto Massafera veio aqui elogiar a nova
Fatec. Acredito que precisamos fazer uma força-tarefa, para que a Fatec de
Araraquara, que tem todo esse espaço físico e tem toda essa condição, de fato
funcione.
Porque é impossível que
uma faculdade com 7800 metros tenha tão somente 80 alunos e não tenha nenhuma
infraestrutura, não tenha laboratório, não tenha absolutamente nada.
Era isso, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não
havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão.
Em votação. Há sobre a
mesa emenda aglutinativa com número regimental de assinaturas dos Srs. Líderes.
Esta Presidência, nos termos do Art. 175 § 1º do Regimento Interno, consulta se
os líderes presentes concordam em dar conhecimento e colocar em votação a
emenda aglutinativa.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr.
Presidente, requeiro a publicação dessa emenda.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É regimental. A emenda
aglutinativa será publicada no Diário Oficial de amanhã, motivo que impede a
votação no dia de hoje.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Sr.
Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito
o levantamento da presente sessão.
O
SR. PRESIDENTE – CAUÊ MACRIS - PSDB - Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em
plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de
amanhã, à hora regimental, informando que a Ordem do Dia será a mesma da sessão
de hoje, lembrando-os ainda da sessão solene a realizar-se amanhã às 10 horas,
com a finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado
de São Paulo, à senhora Maria Clara Machado da Silva.
Está levantada a
sessão.
* * *
- Levanta-se a sessão
às 18 horas e cinco minutos.
* * *