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13 DE MARÇO DE 2019

6ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DO PERÍODO ADICIONAL

 

Presidência: CAUÊ MACRIS

 

RESUMO

 

ORDEM DO DIA

1 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Abre a sessão. Coloca em discussão a PEC 1/19.

 

2 - BETH LULA SAHÃO

Para comunicação, reitera o posicionamento favorável do PT à derrubada do veto ao comitê antitortura. Acrescenta que há denúncias de torturas em hospitais psiquiátricos. Lamenta a falta de quórum na sessão extraordinária anteriormente realizada. Transmite condolências às famílias enlutadas em razão da tragédia acontecida nesta data, em escola estadual de Suzano.

 

3 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Lembra que esta Casa está em luto oficial por três dias. Mostra-se contrário à criação de novos cargos.

 

4 - JOÃO CARAMEZ

Discute a PEC 1/19.

 

5 - TEONILIO BARBA LULA

Discute a PEC 1/19.

 

6 - CARLÃO PIGNATARI

Para comunicação, comenta reunião com comissão de trabalhadores da Ford.

 

7 - EVANDRO LOSACCO

Discute a PEC 1/19.

 

8 - CARLOS GIANNAZI

Discute a PEC 1/19.

 

9 - CÁSSIO NAVARRO

Discute a PEC 1/19.

 

10 - DELEGADO OLIM

Discute a PEC 1/19.

 

11 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Encerra a discussão. Coloca em votação e declara aprovada a PEC 1/19. Encerra a sessão.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Presente número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Ordem do Dia.

 

           

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

* * *

 

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Proposta de Emenda à Constituição.

Discussão e votação, em 1º turno - Proposta de Emenda nº 1, de 2019, à Constituição do Estado, de autoria do deputado Jorge Caruso e outros. Altera o § 2º do artigo 9º da Constituição do Estado e acrescenta o artigo 1º-A ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Parecer da Comissão de Constituição, Justiça e Redação, favorável.

Já convido o deputado João Caramez, se pudesse já se dirigir à tribuna, que será o primeiro orador inscrito para falar a favor da PEC nº 1/19.

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Duas questões, Sr. Presidente.

Primeiro, reiterar o posicionamento da bancada do PT, favorável à derrubada do veto do Comitê Antitortura, no estado de São Paulo, lembrando que o estado de São Paulo é o único estado, deputado Caruso, que não dispõe dessa ferramenta para fazer as investigações, receber as denúncias, atender às demandas, no que diz respeito à tortura no Estado.

Essa tortura não está só dentro dos órgãos do Estado. Ela está dentro dos órgãos do Estado, mas ela também pode se encontrar em setores privados, como, por exemplo, hospitais psiquiátricos. Há denúncia, muitas vezes, enormes, sobre torturas em hospitais psiquiátricos, em outros tipos de atividades.

Portanto, lamentar, infelizmente, a falta de quórum na sessão extraordinária anterior, terminada agora há pouco, derrubada, por não haver o número de deputados suficientes. É uma pena que a gente não tenha conseguido isso. Nós vamos continuar, Sr. Presidente, trabalhando pela derrubada desse veto, seja amanhã, último dia desta atual Legislatura, seja na próxima Legislatura.

Cremos que São Paulo não pode prescindir desse instrumento importante no enfrentamento à tortura.

Outra questão, é para nos solidarizarmos, a bancada toda do PT, com as famílias das crianças, dos estudantes, dos funcionários que foram brutalmente assassinados por dois jovens hoje, na cidade de Suzano, e que posteriormente vieram a cometer suicídio, segundo as primeiras informações.

É lamentável que isso ocorra no nosso Estado, no nosso País. Por isso mesmo, vamos continuar com a nossa convicção de que não é possível armar a população. A população tem que, pelo contrário, ser desarmada, porque a arma só leva a esse tipo de tragédia.

Fica aqui a nossa solidariedade, esperando que episódios como esse não se repitam mais. E, mais do que isso, não sabemos se isso foi fruto de bullying que esses jovens possam, eventualmente, ter sofrido na escola. Não sabemos isso. De qualquer modo, é preciso também que tenhamos políticas públicas no interior das escolas, que possam fazer o enfrentamento ao bullying, e que resultam nesse tipo, infelizmente, de crime que esses jovens cometeram.

É duro a gente falar isso aqui, mas a gente espera que atitudes como essas não mais ocorram no nosso Estado e nosso País.

Por hora é só, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Só registrando, deputada Beth, antes de passar a palavra ao deputado João Caramez, primeiro, o nosso Estado de luto. A Assembleia, assim como o governo do estado de São Paulo está de luto oficial de três dias, uma vez o ocorrido hoje na escola em Suzano. Lamentamos muito esse tipo de episódio, e faço aqui o registro de solidariedade inclusive às famílias, às pessoas envolvidas nessa tragédia que aconteceu hoje no nosso estado de São Paulo.

E também quanto à questão da Comissão da Tortura, no que pese a minha contrariedade, e eu já manifestei isso, a criação de novos cargos. Acho que não precisamos, para criar a Comissão de Tortura, criar novos cargos. Então, tenho posição contrária à criação de cargos. Vamos trazer novamente isso em breve à pauta e vamos fazer essa discussão dentro do plenário. Aqueles que se posicionam contra, coloquem sua posição contra e os argumentos. Aqueles que se posicionam favoravelmente, coloquem suas posições favoráveis e seu argumento. Eu acho que esse é um debate que a Assembleia tem que enfrentar, e nós vamos enfrentar. Não é à toa que eu trouxe, a contragosto de alguns líderes, inclusive, que não queriam que fosse debatido esse tema, eu trouxe isso ao plenário. Então, independente de qualquer coisa, a gente espera continuar essa discussão, vamos tentar buscar um entendimento amanhã. Se não for possível, com a próxima Mesa Diretora a gente conseguir trabalhar e lutar para que isso venha a plenário, e aqueles favoráveis votem favorável, e aqueles que são contra, votem contra.

Com a palavra o deputado João Caramez.

 

O SR. JOÃO CARAMEZ - PSB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, amigos e amigas das galerias, telespectadores da TV Alesp, quero aqui fazer coro ao presidente desta Assembleia, solidarizando-me com os familiares dessas crianças que brutalmente foram assassinadas no município de Suzano. Para quem perdeu um irmão como eu perdi, assassinado, é muito triste, é doloroso. Eu fico imaginando o que os pais dessas crianças estão passando nesse momento. Eu peço a Deus todo Poderoso que possa realmente dar muita força e benção para que esses pais possam suportar essa dor tão horrível, essa dor que realmente machuca não só o coração, mas machuca toda a alma.

Sr. Presidente, antes de mais nada, eu quero dizer que sou favorável ao projeto, à PEC, à Proposta de Emenda Constitucional. Isso é uma coisa que já deveria ter mudado há muito tempo, tendo em vista que é inadmissível um Governo do Estado que ganha a eleição em outubro, toma posse em janeiro e esse mesmo governo tem que governar, administrar o seu estado durante 75 dias, deputado Zé Américo, com uma legislatura que não é dele, que não foi eleita naquela eleição. E o Brasil todo, todos os estados fazem a posse de seus deputados no dia 1º de fevereiro. E São Paulo não poderia ser diferente.

Então, quero aqui me congratular com o deputado Jorge Caruso pela iniciativa. Tenho certeza absoluta que isso será votado com toda a tranquilidade.

Mas, Sr. Presidente, venho à tribuna também para fazer os meus agradecimentos. Como todos sabem, amanhã eu completo mais um ciclo.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Só um minuto, deputado. Pedir aos deputados do plenário, nós estamos aqui com um orador na tribuna e pedir, inclusive os deputados da nossa gloriosa Polícia Militar sempre são bem-vindos aqui, mas que a gente possa dar atenção ao nosso orador da tribuna, deputado João Caramez.

 

O SR. JOÃO CARAMEZ - PSB - Muito obrigado, presidente.

Mas dizia eu que amanhã eu completo mais um ciclo da minha vida, um ciclo que durou 20 anos, cinco mandatos como deputado estadual. Confesso a vocês que para mim foi gratificante, foi uma coisa sublime, foi uma coisa mágica que aconteceu na minha vida, porque jamais poderia imaginar que um dia eu pudesse estar sentado nessa cadeira representando o povo do estado de São Paulo.

Então, eu quero aqui fazer alguns agradecimentos. Em primeiro lugar a Deus, porque afinal de contas Ele me escolheu para que eu viesse para cá. Agradecer a Ele por ter me dado equilíbrio, sensatez, paciência para que eu pudesse levar a cabo a minha responsabilidade e a minha obrigação como parlamentar desta Assembleia.

Agradecer à minha família, porque afinal de contas a família é a primeira que sofre quando você assume um cargo eletivo. Aliás, um amigo meu me perguntava outro dia, logo depois da eleição, o que eu iria fazer agora depois da eleição que eu não tinha vencido. Eu falei que a primeira coisa que eu iria fazer é procurar os meus amigos que eu jogava um buraco, uma tranca todo final de semana, e faz 20 anos, deputada Leci, que eu não faço isso. Então, se os amigos foram colocados em segundo plano, imagine a família. Então, eu quero agradecer à minha esposa Dalvani, meus filhos, a Luciana, o André, o João Pedro, que me compreenderam, apoiaram-me para que eu pudesse levar a cabo, com bastante tranquilidade, o nosso mandato. Tenho sido um pai mais ausente do que presente. E a Dalvani, muitas vezes, tem feito às vezes de pai e mãe. Então, agradecer a toda a minha família.

Agradecer aos meus assessores, que sempre me aturaram durante esses 20 anos, fazendo com que realmente eu levasse adiante o meu mandato. Todos eles, sem exceção. Não vou aqui citar nomes, porque vou cometer uma injustiça se eu não conseguir falar o nome de todos.

Agradecer aos funcionários desta Casa. Todos eles: das lideranças, que sempre nos orientaram, nos ajudaram, nos apoiaram; à Polícia Civil, à Polícia Militar, dando tranquilidade e segurança a todos nós; ao pessoal da Imprensa, da TV, da Taquigrafia, do Som. Enfim, a todos eles que fazem parte de um conjunto que faz com que a gente realmente leve adiante nosso mandato como deputado.

E agradecer a vocês, colegas deputados e colegas deputadas, porque, afinal de contas, vocês ajudaram a construir o meu mandato. Durante 20 anos, vocês me ajudaram a fazer com que meu mandato fosse coroado de êxito, ajudando em todos os sentidos: na aprovação dos nossos projetos de lei, dos nossos requerimentos. No apoio às nossas frentes parlamentares, que criamos ao longo desses 20 anos: a Frente Parlamentar da Hidrovia, a Frente Parlamentar Contra a CPMF, a Frente Parlamentar do Transporte Metroferroviário e a Frente Parlamentar do Turismo, um projeto de lei que quebrou o paradigma desta Casa.

Um projeto de lei que veio tratar de desenvolvimento. A aprovação da Lei no 1.261, de 2015, que teve a aquiescência e a coautoria de todos os deputados desta Casa, transforma a vida das pessoas, transforma a vida dos municípios. É lá no município que tudo acontece. O cidadão nasce, vive e morre no município. E nada mais justo do que esses municípios que foram contemplados terem esses recursos para fomentar o turismo, que é a maior fonte geradora de emprego e renda do mundo. Então, obrigado a vocês todos, deputados e deputadas, por terem me ajudado a construir esse mandato que, sem sombra de dúvida, eu vou levar para o resto da minha vida.

Obviamente, a gente nunca sabe o dia de amanhã. Nós entregamos o nosso destino a Deus. É Ele que nos coordena, é Ele que nos guia. Nós nunca sabemos o dia de amanhã. Mas política é uma coisa, Sr. Presidente, que eu jamais vou deixar de fazer. Sou professor aposentado da rede pública, aposentado pelo INSS; não vou sofrer com a reforma da Previdência, por enquanto. Mas política é uma coisa que nós jamais deixaremos de fazer. Agora, você não precisa ter mandato para fazer política.

E por que continuar fazendo política? Porque eu acredito na política. Acredito que a política é o único meio que nós temos para encaminhar as demandas da sociedade. É o único caminho que nós temos para ajeitar e arrumar a vida das pessoas. Então, vamos continuar fazendo política sim. Porque foi isso que meu pai ensinou. Meu pai, que foi prefeito de Itapevi, foi o emancipador, o primeiro prefeito. E a ele quero também fazer esse agradecimento. Porque ele, com a sua capacidade de convencimento, me convenceu, em 1976, aos 25 anos de idade, a aceitar o convite para disputar uma vaga de vice-prefeito na minha cidade, Itapevi.

Eu não era afeito à política; muito pelo contrário, não gostava. Mas acabei aceitando, pelas palavras que meu pai proferiu naquele momento. E ele dizia naquele instante: “Olha, filho, você vai aceitar porque eu quero que um filho meu seja prefeito dessa cidade para continuar o que eu deixei”. Então, diante daquela exposição, acabei aceitando aquele desafio. Mas, infelizmente, um mês depois, ele veio a falecer, muito cedo, aos 51 anos de idade. E aquilo me deixou, realmente, numa situação bastante desesperadora, sem saber se levava adiante o projeto ou não.

Mas, diante da conversa que não me saía da mente, encarei aquele desafio e venci. Acabei sendo eleito vice-prefeito, e foi ali que começou tudo, em 1976. Não foi fácil. Foram várias tentativas, até que um dia venci a eleição para prefeito e tomei posse, em 93, como prefeito daquela cidade.

Outra pessoa, Sr. Presidente, Srs. Deputados, a quem eu quero realmente fazer um agradecimento, também tem responsabilidade de eu estar aqui nesta noite. Essa pessoa é nada mais nada menos do que o nosso saudoso governador Mário Covas, porque eu, enquanto prefeito, eleito por um outro partido em 94, abri mão de apoiar o candidato do meu partido, que liderava as pesquisas naquele momento, para apoiar o Mário Covas, que era o último colocado nas pesquisas.

Mas eu tomei essa decisão para não contrariar a minha coerência. Eu queria votar em alguém que eu acreditasse, em alguém que eu confiasse, e Mário Covas me surpreendeu mais ainda, porque, no dia que eu fui hipotecar o meu apoio a ele como prefeito, ele perguntou se eu tinha certeza de que queria tomar aquela decisão.

Eu perguntei para ele: “Por que, senador? Alguma dúvida?” “Não, Caramez, veja bem, hoje eu não tenho a menor chance de ser eleito, e o candidato do seu partido tem. Você, como prefeito, vai precisar da ajuda do Governo do Estado, então, veja bem a decisão que você vai tomar.”

Eu virei para ele, decidido, e falei o seguinte: “Senador, eu prefiro perder com o senhor a ganhar com ele. Conte comigo”. E vencemos as eleições. Mário Covas foi eleito governador do estado, me ajudou pra caramba nos dois últimos anos do meu mandato, a ponto de eu ter condições de eleger o sucessor.

Mas a vida continua. Eu, como municipalista, defensor do municipalismo, compus uma chapa na Associação Paulista dos Municípios, com o saudoso Celso Giglio, e fomos convidar o governador Mário Covas a participar de um congresso dos municípios que haveria naquele ano.

Naquela oportunidade, Mário Covas me segura no seu gabinete e faz o convite para eu sair candidato a deputado. Lembrei-me do meu pai e falei: “Governador, pelo amor de Deus, nem pense num negócio desses. Não tenho a menor chance, não estou preparado e também não tenho legenda no partido”. “A legenda eu garanto para você. Vá em frente que você tem toda a chance de sair candidato a deputado e ser eleito deputado.”

E, realmente, a coisa se concretizou. Acabei sendo contemplado pelo convite que ele fez para que eu pudesse substituir o Celino como secretário da Casa Civil. Foram dois anos de muita luta que eu tive com o Mário Covas, dois anos de muita luta, muito trabalho e muita dedicação. Mário Covas é a verdadeira universidade da ética, da coragem, da transparência e da honestidade. Aprendi muito com ele, me deu a oportunidade de conhecer o estado todo, com os seus problemas, e enfrentamos várias lutas, vários desafios, até que ele veio a morrer.

Enfrentamos juntos, mas teve uma missão muito difícil que eu tive que cumprir sem ajuda dele, deputada. Foi, por força do cargo, colocar a bandeira do estado de São Paulo em cima do caixão do Mário Covas. Então, amigos e amigas, eu conto essa história para vocês. Há 20 anos que estou aqui e nunca contei, mas conto hoje, porque essa é a minha história.

Eu estou aqui graças a esses dois grandes homens; obviamente, que graças à população que me elegeu, mas, particularmente, graças a esses dois grandes homens que me incentivaram, fizeram com que realmente eu acreditasse, com convicção, na política. Então, saio daqui com o sentimento de dever cumprido, nos meus cinco mandatos como deputado.

Confesso a todos vocês que vou sentir muitas saudades. Só não vou sentir porque, de vez em quando, estaremos aqui, tomando um café, mas sentirei saudade das disputas, dos debates, das brigas, mas brigas sadias, porque aqui é uma família. Nós constituímos uma família. Independentemente da ideologia de cada um, do ponto de vista de cada um, nós convivemos aqui em irmandade.

É esse espírito que eu quero levar adiante. Tenho certeza absoluta de uma coisa. Vocês podem ter certeza de que, se me perguntarem, um dia: “Caramez, diante de toda a sua experiência, se você tiver que ocupar algum cargo eletivo hoje, você queria ser prefeito ou deputado?” Eu diria, com toda tranquilidade, que quero ser deputado novamente, porque aqui eu aprendi e aqui eu me realizei.

Portanto, gente, muito obrigado por tudo. Obrigado, presidente. Obrigado, deputados, colegas deputadas. Quero aqui me congratular com aqueles que ganharam a eleição e desejar muita sorte, muita luz e muita sabedoria. Um beijo no coração de cada um de vocês. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar contra, nobre deputado Barba.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, deputados novos aqui presentes, os que vão tomar posse dia 15 aqui presentes, primeiro, só por uma questão de método, eu me inscrevi contra, mas eu não sou contra a PEC. Viu, Jorge? Pode ficar tranquilo. Eu também defendo que nós temos que reajustar esse período. É só uma questão de método para eu falar, ser o segundo a falar.

Primeiro, eu quero fazer um agradecimento a todos os deputados e líderes de partido que estavam no Colégio de Líderes ontem, quando eu falei da questão da Ford. Vou falar daqui a pouco sobre a Ford novamente. Então quero agradecer, porque todos os deputados que estavam presentes, mesmo os novos eleitos, a Carla, o Daniel, o Vinícius Camarinha, que estava lá, aceitaram a minha proposição. Então lhes agradeço. É um momento importante, porque é uma luta. Não é só uma luta de um deputado do Partido dos Trabalhadores que é ex-trabalhador da Ford, é uma luta em defesa do nosso Estado, da gente não ficar perdendo empresas para outro Estado. Quero agradecer a cada um dos deputados presente ontem no Colégio de Líderes.

Segundo, meu primeiro mandato se encerra amanhã. Eu quero agradecer a cada deputado que não conseguiu a sua reeleição. Nesses quatro anos, por mais duro que tenha sido o enfrentamento que eu fiz na tribuna, e continuarei fazendo no próximo mandato, eu sempre tratei todo mundo com muito respeito. Quero desejar a vocês, a todos os que estão deixando - viu, João Caramez, você que acabou de falar aqui, o Márcio, que eu me lembro, os que estou vendo aqui presentes, o Orlando Bolçone -, todos sempre me respeitaram muito. Eu também. Teve momento em que nós acirramos muito a disputa, muito debate, mas faz parte. Quero lhes agradecer pelo respeito com que vocês me trataram e desejar muito boa sorte a vocês. Vão buscar outros tipos de luta, alguns vão disputar prefeituras, outros vão disputar a vereança, outros vão seguir em cargos de secretário, então quero desejar boa sorte a todos.

Pessoalmente, quero agradecer ao presidente da Assembleia e ao líder do Governo, Carlão Pignatari. Ontem, na hora em que eu propus o Colégio de Líderes, ele aceitou. O Cauê abriu agenda para receber os trabalhadores da Ford, os representantes. Ele nos recebeu aqui hoje por quase uma hora. Então, quero agradecer pessoalmente. Eu acho, Cauê, que essa coisa é inédita nesta Casa.

A minha vinda trouxe esse ineditismo para a gente poder começar a discutir essa questão de alguns benefícios que o Estado acaba oferecendo para o setor privado. O setor privado vem e suga tudo o que pode do Estado e depois abandona a cidade, o Estado. Isso não é só aqui no estado de São Paulo, isso acontece no Brasil. Isso não é exclusividade do Brasil, isso é história do setor financeiro e do setor empresarial no mundo, de não ter compromisso social.

Quero agradecer pessoalmente a você e ao Carlão, que é o líder do Governo, que acabou nos recebendo separadamente. Nós estamos tentando fazer esse debate.

Eu acho que é um momento muito bom para os novos deputados que estão aqui presentes. Nós temos uma proposta de uma CPI, que é a CPI da renúncia fiscal. Eu acho que é o momento para a gente pegar e debater, inclusive, essa questão da Ford dentro da CPI da renúncia fiscal. Eu gostaria de pedir a todos os deputados que foram reeleitos e aos novos para que assinem a nossa proposta de CPI da renúncia fiscal. Está ali na nossa assessoria. Todos os deputados que foram reeleitos e os novos, e tem uma concordância - posso publicar aqui, Cauê? - do presidente, que acha possível essa CPI virar uma CPI desta Casa para a gente discutir as mazelas das renúncias fiscais.

Porque um setor que recebe renúncia fiscal, mas tem compromisso com o Estado, é importante fazer. Eu não sou contra a renúncia. Eu discuto isso desde 1992, quando nós fizemos o primeiro acordo da Câmara Setorial Automotiva no Brasil inteiro. Foi com as indústrias de autopeças e com as indústrias automotivas. Aliás, começou em 91, ainda no governo Collor, e se estendeu até noventa e dois. Isso acabou com a entrada da URV, que depois virou o Plano Real.

Então, desde aquela época, a gente discute isso como forma de incentivar as empresas, uma forma de investimento para elas, aquelas empresas que geram investimento, que geram contratação, que geram riqueza no país.

Por que eu estou dizendo isso? Novamente, a direção da Ford... Porque nós estivemos lá nos Estados Unidos. O sindicato dos metalúrgicos do ABC esteve lá dia sete, com uma delegação de três pessoas, e ouviu novamente da Ford Mundial, do Jim Hackett, que é o CEO da companhia, da Ford global, que a saída para Ford é fechar a atividade de caminhões e de automóveis ou vender. Essa é a saída que eles estão apresentando.

Nós fizemos uma assembleia ontem com os trabalhadores, encaminhamos uma luta, que nós vamos ver quantos dias ela vai durar. Eu aproveito para convidar todos os deputados, para que na sexta-feira fiquem tranquilos. Nós vamos trazer dez ônibus de trabalhadores da Ford. Aqui em frente é o quartel. Nós vamos combinar com o coronel Gomes, comandante, para interditar uma parte ali.

Nós vamos fazer uma panfletagem. Os deputados que forem lá e quiserem fazer uma fala, prestar um apoio, vão falar no caminhão de som, então, todos estão convidados. Vai chegar aqui por volta de 12 horas e 30 minutos, até umas 13 horas. O pessoal deve ficar aqui até duas e meia, para não atrapalhar a nossa posse, porque é importante. Foi combinado hoje com Cauê e com o Carlão. Então, para não atrapalhar nossa posse, quando for duas e quarenta eles encerram e a gente continua tocando aqui a nossa posse, que é importante para nós.

Mas olha só, deputada Carla Morando, você que vai assumir no dia 15. A Ford Bahia, nos últimos cinco anos, recebeu sete bilhões e meio de investimento em renúncia fiscal. Renúncia do governo federal e renúncia do governo da Bahia. Sete bilhões e meio.

Se você pegar sete bilhões e meio, dá, mais ou menos, três bilhões de dólares. Ela vai gastar onze bilhões de dólares para fechar várias coisas no mundo, mas três bilhões de dólares o Brasil já entregou para ela. Ela utilizou ainda mais de cinco bilhões de empréstimos, nos últimos cinco anos, do BNDS, deputado Sebastião Santos. Cinco bilhões ela utilizou de empréstimo, e aí tinha um programa do governo Dilma, chamado de Inovar-Auto, que era para todas as montadoras. Ela também se beneficiou disso, do programa Inovar-Auto, que era para todas as montadoras.

Então, quando você vai fazendo a conta, olha: cinco bi, mais sete bi, 12 bi e meio, isso já dá quase sete bilhões de dólares, que é o que ela vai gastar para fechar no mundo. Tem uma outra coisa que vocês não sabem. Produção de caminhão no Brasil, e não é só para a Ford, é para qualquer empresa... As empresas, as montadoras têm bancos próprios, para financiar a vinda de veículos, de automóvel, mas caminhão não.

Não é qualquer um que consegue comprar um caminhão à vista, e ela também não consegue financiar. Quem é que financia a produção de caminhão? Finame, que é um programa do governo federal, que financia 90% da produção de caminhões nesse país.

Então, é muito dinheiro. Se você for fazer a conta, a Ford já levou do Brasil mais de 15 bilhões de reais, o que dá mais ou menos os oito bilhões de dólares para poder fazer esse investimento para fechar e para reposicionar seus negócios do mundo.

Então, é um momento muito duro. Eu trabalhei 25 anos na Ford. Trabalhei cinco anos na Volkswagen. Em 87, juntou a Ford e a Volks, virou Autolatina. Em 90, eu fui para a Ford, e na Ford eu fiquei até 2015, e, agora, novamente, tem uma conversa entre a Ford e a Volks, fazendo uma discussão global, mas, veja bem, se a Volks assumir as operações de caminhões da Ford, o estado de São Paulo perde novamente.    

Governador João Doria, este recado é para você: vamos imaginar que a Volks, nessa negociação global, topasse assumir as operações de caminhão da Ford. Para onde ela leva as operações? Para a fábrica do Rio de Janeiro. Porque, quando ela juntou com a Mann, ela levou a produção da Mann para Resende. O estado de São Paulo continua perdendo.

Para vocês terem noção: a Ford tem capacidade de produzir 120 mil automóveis por ano, trabalhando de segunda-feira a sexta-feira. Tem capacidade de produzir 45 mil caminhões por ano, trabalhando de segunda-feira a sexta-feira. As fábricas, normalmente, fazem 30 sábados trabalhando em hora-extra, quando a produção está boa. Isso dá um aumento de 20% na produção de caminhões e automóveis.

Imaginem: no ano passado, ela produziu 10, 12, 15 mil automóveis. E vendeu 9 mil caminhões. A receita, para a prefeitura de São Bernardo, foi de 4 milhões de reais do ISS e 14 milhões de reais do ICMS do Estado. O governador João Doria precisa prestar atenção. Porque não é negócio. Só se a Volks entrar no meio para manter a planta em São Bernardo.

Essa não é uma briga do PT. Essa tem que ser uma briga de nós, deputados desta Casa, aqui no estado de São Paulo. Porque é o estado de São Paulo perdendo para o Brasil. Sou da Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento.

Temos três tipos de indústria no Brasil: a indústria de transformação, a indústria da construção civil e a indústria do agronegócio. Em 1995, da arrecadação do ICMS do estado de São Paulo, 58,9% era só da indústria de transformação, que faz tudo, desde o produto de limpeza até o avião. Vejam bem, hoje, sabem como é? É 32% esse imposto da indústria de transformação.

Caiu drasticamente. Por que caiu? Porque perdemos várias empresas, na guerra fiscal, do estado de São Paulo. Os governos do estado de São Paulo foram frouxos porque não defenderam o estado de São Paulo. Foram governos do PSDB, do Fleury, do MDB. Perdemos para o restante do Brasil.

Não que o restante do Brasil não tenha o direito de se desenvolver. Mas não podem se desenvolver o Nordeste, o Norte, o Centro-Oeste, o Sul, em detrimento da região Sudeste, em detrimento do estado de São Paulo. Esse é o debate que estamos fazendo.

O que a Ford não esperava? É importante que vocês, deputados, saibam disso. A Ford achou que ia ser uma briga só do sindicato e dela. Ela esperava isso. Porque já botamos fogo naquela fabrica em 1990. Em 1999, no dia 4 de janeiro, quebrei o cadeado e os portões daquela fábrica. E ocupei aquela fábrica, o pátio dela, com os trabalhadores. Nós, do sindicato. Mas eu estava lá na frente puxando isso. Porque ela tinha demitido 2 mil e 800 trabalhadores.

De lá para cá, fomos costurando e negociando para manter aquela fábrica aqui. O que ela esperava, é que ela anunciasse o fechamento, e o sindicato fosse lá quebrar e botar fogo, ia encerrar 40 dias de luta, e acabou, fazia uma boa indenização.

O que acontece é que está começando a haver manifestações públicas. Foi importante a manifestação do prefeito Orlando Morando, logo no segundo dia, quando ficou sabendo do anúncio. Porque eles não respeitaram o prefeito. Não anunciaram para ele. Anunciaram depois que anunciaram para nós e depois que anunciaram para a imprensa. Não anunciaram para o governador. Anunciaram no outro dia.

A reação do prefeito foi boa. A reação do governador João Doria, propondo essa medida, para o estado de São Paulo, só nessa saída... É uma medida assim: a partir de 1 bilhão de reais em investimento, pode ter redução de 4,5% na alíquota do ICMS. Isso significa a redução de 25 por cento.

A Ford não vai poder utilizar isso porque ela não vai fazer 1 bilhão em investimentos na fábrica de motores em Taubaté, que eu conheço pessoalmente, não cabe um milhão de investimento, e se fechar São Bernardo do Campo, logo em seguida fecha Taubaté, porque cabe tudo na Bahia, e o investimento tem que gerar 400 novos empregos. Ele vai de um bilhão de reais até dez bilhões de reais, para atingir a redução de 25% na alíquota do ICMS.

A Ford não contava com essas manifestações. E está havendo setores da sociedade que começaram a debater.

Eu recebi, sexta-feira, no escritório em São Bernardo do Campo, diretores do sindicato dos metalúrgicos lá de Mauá, onde tem uma empresa chamada Jardim, que essa empresa, provavelmente, tenha que fechar as portas porque ela faz produção só para a Ford. Ela faz estamparia para a Ford de peças pequenas, estruturas internas.

Então, é um debate importante, presidente, e você, Carlão Pignatari, que é o líder do Governo, que acho que é um debate inédito nesta Casa. Para a gente continuar a discutir que qualquer família, a questão mais importante para qualquer um de nós na família é a questão do emprego. Quando você perde o emprego, a família às vezes acaba se desequilibrando, acaba deteriorando, acaba perdendo bastante coisa.

Então, quero aqui mais uma vez agradecer a todos os deputados e deputadas do colégio de líderes. Vamos lançar uma Frente Parlamentar em Defesa da Luta dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Ford e pela permanência da Ford no ABC. E peço aos Sras. Deputadas, Srs. Deputados que, por favor, nos ajudem para fazer a instalação da CPI para discutir a renúncia fiscal e a Ford vai ter que vir nessa CPI. Vamos ter que botar o presidente da Ford, se ele pisar no Brasil aqui, o presidente mundial, para sentar nessa Mesa da CPI, para poder explicar como é que ele está utilizando a renúncia fiscal, levando daqui para fora divisas e fechando uma fábrica e criando um impacto social muito grande. Obrigado pela tolerância, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar a favor, tem a palavra o nobre deputado Evandro Losacco.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Para fazer um comunicado, com a anuência do orador.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Enquanto o orador se dirige à tribuna, V. Exa. tem a palavra para fazer uma comunicação.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Para falar sobre essa fala do deputado Teonilio Barba Lula. Hoje, ele levou para mim uma comissão de trabalhadores da Ford, presidente. E eles dizendo da modernidade e o tanto de investimento que houve o ano passado na Ford, ali em São Bernardo do Campo, e dizendo que a única fábrica que tem no mundo de caminhão é uma fábrica, Evandro, que fabrica um dia carro e um dia caminhão, com os mesmos funcionários. Isso é economissidade, isso é produtividade. Quer dizer, foi um ato completamente impensado por erros anteriores. Pelo menos isso é a fala da comissão que estava aí, que é a comissão de fábrica da Ford. Então, é uma pena. Pode contar que a gente pode fazer um grande trabalho. Quero convidar os deputados para que estejam aqui na sexta-feira, às 12 horas e 30 minutos, para a gente recepcionar os funcionários da Ford na frente da Alesp, aqui em frente à entrada do Exército. Obrigado, nobre orador deputado Evandro Losacco.

 

O SR. EVANDRO LOSACCO - PSDB – SEM REVISÃO DO ORADOR - É um prazer, grande líder deputado Carlão Pignatari.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta Casa, telespectador da TV Alesp, primeiramente, quero aqui me solidarizar com os trabalhadores da Ford. Acho que essa é uma luta suprapartidária, é uma luta em nome do estado de São Paulo. E podem contar com a gente onde a gente estiver para ajudar nessa luta.

Quero aqui também me solidarizar com o presidente Cauê Macris, por essa campanha de baixo nível que ele está sofrendo, uma campanha que acho que na história deste Parlamento nunca aconteceu. Quero aqui deixar a minha solidariedade e cumprimentar o presidente Cauê Macris. Cumprimentar pela serenidade com que ele está tratando isso. Eu confesso que, no lugar dele, não teria essa serenidade; confesso que ia ser difícil. Mas está de parabéns viu, Cauê Macris. Você só engrandece nesse processo. Tenho certeza de que será reconduzido à Presidência com uma votação expressiva.

Quero também aqui aproveitar e me solidarizar com as famílias, os amigos dessa tragédia que aconteceu em Suzano. É realmente uma coisa lamentável, não tem explicação, não tem nem como se prevenir de uma coisa dessas, infelizmente enlutando famílias. A gente fica sem palavras para tratar de um assunto tão cruel como isso que aconteceu lá em Suzano.

Mas, quero aqui, em relação a esse assunto, comentar aqui de uma pessoa que eu sempre tive muito respeito, sempre tive muito respeito, que é a deputada Luíza Erundina.

A deputada Luíza Erundina tem uma história que a gente sempre respeitou. Eu já votei na Luíza Erundina, no segundo turno, quando ela enfrentou o Maluf - ou o Pitta, nem me lembro -, mas eu sei que votei nela, não é?

Mas, quero aqui um pouco lamentar o que a deputada Luíza Erundina falou sobre essa questão aí de Suzano. Ela simplesmente disse assim: "Um absurdo essa incompetência do governo de São Paulo que não garante segurança sequer nas escolas do Estado".

Ora, gente: não podemos pegar uma tragédia dessas e querer politizar, querer fazer proselitismo político contra pseudoadversários: isso é até desumano para as famílias. Vamos discutir seriamente as coisas.

Acho que a gente tem que ter um pouco de bom senso na luta política. Vamos discutir ideias, debater ideias. Temos divergência; mas, não querer aproveitar fatos terríveis como esse que aconteceu em Suzano e querer já pôr a marca num adversário político.

Não é isso que é a boa política. Isso é o que se chama, essa é a verdadeira velha política. Essa é a verdadeira velha política, de que tantos falam.

Quero aqui cumprimentar o governador João Doria. Ele não se omitiu, foi imediatamente ao local, mobilizou a Polícia Civil, a Polícia Militar, os órgãos de investigação. Então, ele não deixou nem um pouco a desejar.

E lembrar que ele está há pouco mais de 60 dias no governo. Ora, não dá para ficar querendo fazer política desse jeito, gente. Assim, a gente nunca vai avançar. O nosso País tem tantos problemas, mas tantos problemas para resolver, e ficar com essas picuinhas políticas não vai dar em nada, em nada.

Eu lamento porque eu tenho um enorme respeito. Se fossem outros aí falando isso, seria normal. Mas, da deputada Luíza Erundina, realmente me atingiu, porque eu sempre tive o maior respeito por ela, eu acho que ela... Espero que ela venha a pedir desculpas, não é, por ter feito uma falha, de repente, no calor, não é? Quero dar um desconto para a deputada Luíza Erundina.

Mas, eu espero que ela se retrate, que não é hora de fazer luta política. Não é hora de usar uma tragédia para tentar angariar mais apoios. Não é assim.

Eu me lembro quando eu era estudante - aliás, estudei lá no ABC, na Escola de Engenharia Mauá - a gente, no movimento estudantil, sempre falava assim: "A esquerda adora um cadáver". Às vezes, atitudes desse tipo referendam essa frase, não é? Parece que o pessoal é doido por um cadáver para culpar o adversário político.

Então, eu só queria deixar registrado isso aqui e lamentar. Eu já, aqui, fiz os meus agradecimentos hoje no Grande Expediente. Estamos encerrando aqui o nosso curto mandato.

Quero agradecer, novamente, a todos aqui: aos meus colegas deputados e deputadas, aos funcionários da Casa, aos funcionários do meu gabinete. E vamos continuar na boa luta, na boa luta política.

Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar contra, o nobre deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Senhor Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Alesp, visitantes, funcionários desta Casa, quero saudar aqui nossos colegas servidores do PL 32, de 2018. Contem com o nosso total apoio ao projeto da carreira dos executivos e dos analistas. Nós temos que aprovar esse projeto em caráter de extrema urgência.

Gostaria, Sr. Presidente, de informar a todos que eu estive hoje na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano. Vim de lá agora há pouco, passei a tarde toda na escola estadual. Conversei com a comunidade escolar, com professores, com a direção da escola, enfim, com os policiais que lá estavam, com funcionários da Secretaria da Educação.

É algo muito triste. Fiquei chocado com o que vi, com as cenas. Enfim, V. Exas. acompanharam pela televisão, pela Internet. Realmente, é chocante o que aconteceu na Escola Estadual Raul Brasil.

O deputado Evandro fez uma intervenção aqui, de indignação com a fala da deputada Luiza Erundina, nossa sempre prefeita. Foi a melhor prefeita da história da cidade de São Paulo, uma brilhante deputada federal.

Mas é preciso entender o contexto da frase da deputada Luiza Erundina. Ela tem razão, sim. Não quero politizar isso, porque fui lá para levar a minha solidariedade e o meu apoio às vítimas, às famílias, aos professores, aos nossos colegas da rede estadual.

Uma coisa é certa. A deputada Luiza Erundina tem razão, sim. As nossas escolas estão abandonadas pelo PSDB. Temos aqui a falência da Educação há muitos anos, porque é o mesmo governo do PSDB, de 95 até agora. Mário Covas, Alckmin, Serra, Alckmin de novo, enfim, é o mesmo governo do PSDB, que patrocinou, e continua patrocinando, a destruição da escola pública no estado de São Paulo.

Quero dizer o seguinte. O governador Doria tem responsabilidade sobre o que está acontecendo, em relação à violência nas escolas, porque ele está acabando, está desmontando o programa Escola da Família, um programa importante, que tem, justamente, a função de combater a violência. Doria está desmontando o programa Escola da Família, um absurdo total, um desmonte criminoso do governador Doria.

Essa escola nem tem o programa. Eu perguntei, não existe o programa, ele já foi retirado da Escola Estadual Raul Brasil.

E, mais ainda, o governo estadual do PSDB diminuiu drasticamente o número de professores mediadores, que têm, justamente, a função de trabalhar essa questão da violência, de impedir a violência nas escolas. Foi um cargo criado, e o governo diminuiu o número, quase que extinguiu o cargo de professor mediador.

Nós avisamos, eu fiz várias intervenções aqui, deputada Leci Brandão, V. Exa. também. Na Comissão de Educação, nós questionamos inúmeras vezes o secretário de Educação, sobre o desmonte desse cargo de professor mediador, que era um professor que fazia a mediação da comunidade com a escola, para trabalhar essa questão da prevenção da violência.

Então, o PSDB tem responsabilidade, sim, o Alckmin, o Doria, sobre a violência que acontece nas escolas estaduais. Não temos funcionários nas escolas. Não temos nas escolas inspetores de alunos. Nós não temos vigias nas escolas estaduais.

Vossas Excelências podem visitar as escolas e conversar com os professores, com os pais, com os funcionários. Os módulos das escolas estão incompletos, em geral. Não estou dizendo que seja o caso dessa escola específica, Raul Brasil, mas a rede estadual está sucateada, sem funcionários, com o desmonte agora do programa Escola da Família, sem os professores mediadores, que também houve uma redução drástica. Não há financiamento da Educação no estado de São Paulo.

Enfim, é uma tragédia. Isso tem ser colocado, e eu concordo plenamente com a deputada Luiza Erundina.

É um dia triste para todos nós, dia de luto, de tristeza. E também é um dia de tristeza porque a Assembleia Legislativa hoje se curvou, ela se apequenou, não votando, não derrubando o veto ao projeto de lei do deputado Adriano Diogo, um projeto muito importante, Projeto 1257, que cria um comitê de combate e de prevenção à tortura.

Isso bateu na ONU. É um escândalo internacional. A ONU, deputada Leci Brandão, apresentou uma resolução, um parecer recomendando que a Assembleia Legislativa derrubasse o veto.

Veio aqui um grande jurista, no Colégio de Líderes, fazer esse apelo, esse pedido para os deputados e deputadas, o grande jurista José Carlos Dias, que foi advogado de presos políticos, uma pessoa extremamente conceituada no Brasil, do ponto de vista jurídico.

Enfim, fez um apelo importante no Colégio de Líderes, e a Assembleia Legislativa se apequenou, apequenou-se, curvou-se a interesses ideológicos, talvez interesses do governo. Ouvi vários argumentos que eu não concordei aqui, argumentos “ah, vai criar cargos?” Tem que criar cargos, sim, porque é uma causa nobre. Nós temos que criar cargos para combater a tortura no estado de São Paulo. Criam cargos para nada. Aqui na Assembleia Legislativa, na Mesa Diretora, tem tantos cargos que eu não sei para quê, que são negociados na eleição da Mesa Diretora, cargos no NAE. Por que não pode criar seis, sete, oito cargos para combater a tortura no estado de São Paulo? Então, não aceito esse argumento de criação de cargos. A Assembleia Legislativa vai devolver mais de 100 milhões de reais que não conseguiu gastar agora nessa Legislatura, por que não pode criar alguns cargos? Essa desculpa eu não aceito. Acho que esse boicote tem mais a ver com interesses ideológicos do que com a questão de que vai ter a criação de cargos. Mas é lamentável. A Assembleia Legislativa entra para a História porque se apequenou e não derrubou o veto importante, que, repito, tem recomendação da ONU. A ONU recomendou. Temos editoriais dos principais jornais do Brasil falando que tinha que derrubar o veto, mas a Assembleia Legislativa não cumpriu esse papel histórico. Mas nós podemos, ainda amanhã, quinta-feira, se houver aqui acordo e o entendimento, consertar esse erro ainda nessa Legislatura. Então, queria fazer esse registro da nossa decepção e da nossa perplexidade com esse comportamento da Assembleia Legislativa pela não derrubada do veto ao Projeto de lei nº 1257. É lamentável que isso tenha acontecido.

E gostaria ainda, só para concluir a minha intervenção de hoje aqui na tribuna da Assembleia Legislativa, também manifestar o nosso repúdio a essa proposta do ministro da Fazenda, da Economia, o Paulo Guedes. Primeiro, tem uma proposta da nefasta reforma da Previdência, que é um horror, que se o projeto for aprovado, não haverá mais aposentadoria no Brasil. Acaba a aposentadoria, acaba a seguridade social. Mas além desse projeto nefasto, ele está ameaçando apresentar um outro, um projeto que vai desvincular as receitas obrigatórias na área da Saúde, na área da Educação, por exemplo. Hoje, no Brasil, segundo a Constituição Federal, a União é obrigada a investir 18% do Orçamento em Educação Pública. Estados e municípios são obrigados a investir no mínimo 25% na Educação, ou o que constar nas suas respectivas Constituições Estaduais ou Leis Orgânicas Municipais. Aqui no estado de São Paulo, quando a Constituição foi aprovada, ela foi aprovada com 30 por cento. Ela excedeu os 25 por cento. A Lei Orgânica Municipal da capital, que eu acompanho bastante, foi também com 31 por cento. Enfim, é o que determina a lei. Na área da Saúde, também há percentual mínimo obrigatório, há vinculação orçamentária. Os municípios são obrigados a investirem 15% em Saúde Pública, no SUS, e os estados 12 por cento. A União não tem percentual. Agora, o que o Paulo Guedes pretende fazer é acabar com o percentual mínimo. Eu fico imaginando: se a Educação já está falida no Brasil, a Educação Pública não funciona com esses percentuais mínimos obrigatórios, fico imaginando sem obrigação. Prefeitos não terão mais obrigação de investir 25 por cento. Então, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, pode dizer: “não vou mais investir 31 por cento. Vou investir só 10% na Educação municipal”. O governador Doria pode dizer: “eu não vou investir mais 30 por cento. Vou investir 20%, 15% em Educação”. Ele fica liberado para isso.

É um retrocesso, é um desmonte do Estado, é um desmonte da Constituição Federal. Estamos assistindo a um desmonte do que nós conquistamos com muita luta, com muito suor, com muito sangue, que foram os direitos sociais, trabalhistas e previdenciários da Constituição de 88. Então, é um desmonte da Constituição. Estamos vivendo uma desconstituinte, e um desmonte do Estado, mas sobretudo um desmonte da Seguridade Social. É isso que nós estamos vivendo com as propostas em curso hoje no Governo Federal - reforma da Previdência e sobretudo essa nova proposta que foi apresentada, que é pior ainda do que a reforma da Previdência.

Nós vamos às ruas. Dia 22, haverá uma grande manifestação, no Brasil e aqui em São Paulo, contra a reforma da Previdência e contra o desmonte do Estado, com todos os sindicatos, centrais sindicais, associações. Nós vamos mobilizar o Brasil para fazer a resistência nas ruas contra a reforma da Previdência e contra essa possível PEC que talvez seja apresentada também no Senado Federal pelo Paulo Guedes. Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para discutir a favor, tem a palavra o nobre deputado Cássio Navarro.

 

O SR. CÁSSIO NAVARRO - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Sr. Presidente Cauê Macris, Srs. Deputados, Sras. Deputadas e todas as assessorias que acompanham os trabalhos nessa Assembleia Legislativa. Gostaria de mais uma vez agradecer a oportunidade de estar utilizando essa tribuna. Hoje, venho a essa tribuna para falar sobre alguns temas, de muita preocupação que tenho sobre o que vem ocorrendo no dia-a-dia das pessoas aqui no nosso estado de São Paulo. Esse motivo nos entristece, afinal são vidas que se perdem, por motivos grotescos.

O que nós vimos e acompanhamos hoje, na cidade de Suzano, é algo para refletirmos. Refletirmos, vermos e tentarmos entender que sociedade é essa. Será que a culpa é de uma pessoa? Será que existe um culpado? Num país que não está em guerra, nós temos mais mortes por violência do que qualquer guerra que aconteceu no nosso mundo. Eu acho que está muito na hora de discutirmos o tema sociedade. Nós temos, sim, outros temas a serem discutidos. Aí, depende da participação efetiva de homens e mulheres que trabalham pelo bem estar da população, através de gestão administrativa, gestão pública.

Quero me solidarizar, também, com as vítimas das enchentes que estão castigando muitas regiões do nosso Estado, e que precisam ser assistidas, precisam da compreensão de toda a sociedade unida, para podermos garantir o atendimento a essas vítimas.

Vejo também, hoje, no noticiário, um prédio pegando fogo no centro de São Paulo, fazendo vítimas. Me preocupa, então. Uma semana com muitas atividades negativas para uma sociedade. Mais uma vez, levanto o tema que precisa ser discutido. Mas quero não só falar de tristeza, até porque nós temos um governo, no estado de São Paulo, que vem demonstrando, com muitas ações, que nós temos esperança, que nós temos que acreditar que podemos fazer mais.

O nosso governador João Doria, preocupado com esses eventos, vem participando, efetivamente, de pronto, de cada evento que ocorre no nosso Estado, seja na questão das enchentes, seja também na questão da escola Raul Brasil. Ele está presente, buscando o alento, buscando a ajuda para os familiares e para todos os necessitados, mostrando que nós temos, sim, que ter esperança.

Não tenho dúvida de que este Governo, com pouco tempo à frente do Estado de São Paulo, já vem demonstrando ser um governo sério, eficiente, atual e que vai fazer a diferença para o nosso País, vai levar o nosso estado de São Paulo para o lugar que ele merece, a mola propulsora para o desenvolvimento do nosso País. Isso só é possível se nós tivermos um governo sério.

Não tenho dúvida do que o nosso grande governador João Doria vai realizar, mas quero aproveitar o dia de hoje para fazer alguns agradecimentos. Afinal, nós estamos acabando mais um ciclo de um mandato na Assembleia Legislativa. Tive a oportunidade de, ao longo da minha vida, disputar algumas eleições. Fui vereador na minha querida cidade de Praia Grande por duas vezes, em que fui presidente da Câmara.

Num ato inovador para aquele município, fui o primeiro deputado estadual eleito no município que completa 52 anos, e isso é motivo de muita alegria. Voltei para ser secretário municipal e, novamente, estou aqui, terminando o meu segundo mandato como deputado estadual, motivo esse que só me traz orgulho, por estar ao lado de pessoas com quem aprendi muito, embora, alguns, não tive tanta oportunidade de estar ao lado.

Mas confesso que aprendi com cada líder que tive a oportunidade de conviver, de diversos partidos, afinal, tive a oportunidade que estou tendo neste momento. Agradeço à minha bancada por ser líder do PSDB, o que me dá a oportunidade, mais uma vez, de conhecer mais a fundo o ideal, a vontade de desenvolver trabalhos de bem-estar da sociedade, de cada parlamentar que vem, comparece e se dedica para fazer um excelente mandato aqui na Assembleia Legislativa.

Não quero nominar cada um, até para não cometer um erro, mas queria, talvez num ato muito pequeno, parabenizar este que vem tocando, com maestria, os trabalhos desta Assembleia Legislativa. Quero parabenizar o deputado Cauê Macris pelo trabalho que desenvolve na Presidência da Casa e lembrar ainda que, no tempo em que discutíamos a juventude do PSDB, lá já havia um jovem líder que tinha muito a contribuir com a vida pública do nosso País.

Parabéns! Você é um exemplo para muitos deputados que estão chegando a esta Casa. Tenho certeza de que fará um grande trabalho, mais uma vez, junto a esta Assembleia. Queria ainda agradecer a todos aqueles que participaram dos meus mandatos, que me deram a oportunidade de estar aqui na Assembleia Legislativa, os eleitores, a minha família, os meus pais, a minha esposa, as minhas filhas.

Mas gostaria ainda de agradecer a algumas figuras importantes na minha vida pública e queria fazer um agradecimento especial àquele que, no início da minha vida pública, se preocupava com a minha participação na Câmara Municipal. Mas tivemos aí alguns embates e muitos entendimentos. Hoje, é um grande parceiro de trabalho e não somente na vida pública, mas também se tornou membro da família. Eu quero fazer esse agradecimento especial ao prefeito Mourão, que me deu a oportunidade de aprender muito na vida pública.

Tenho certeza de que saio desta Casa nos próximos dias, mas não da vida pública, afinal, diariamente nós fazemos políticas. Seja com mandato ou sem mandato, continuarei trabalhando por uma sociedade mais justa.

Muito obrigado pela oportunidade.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Parabéns, nosso líder, deputado Cássio Navarro. Para falar a favor, convido o deputado Delegado Olim.

 

O SR. DELEGADO OLIM - PP - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas presentes, funcionários desta Casa, policiais militares. Cumprimentar o Dr. Negrão, nosso novo delegado aqui, titular, responsável pela assistência policial civil.

Quero, hoje, somente dizer com poucas palavras que eu, como delegado, há quase 30 anos delegado, nunca vi uma cena como eu vi hoje naquela escola, lá na cidade de Suzano.

Eu tenho um WhatsApp em que eu recebo as ocorrências quando estão caindo da Polícia Civil, da Polícia Militar. Eu estava indo ao Palácio, porque hoje o policial ia ganhar um diploma pelo belo trabalho, o governador João Doria ia dar um presente, um diploma para as pessoas que fizeram o seu trabalho, um elogio, e soube dessa ocorrência. Imediatamente fui com meu carro para lá. Cheguei juntamente com as viaturas de Rota, Choque. Quer dizer, cheguei uns 40 minutos depois do que ocorreu.

E, olha, a maior tristeza que eu vi na minha vida pública, que eu vi assim, a mais forte, foi aquele voo da TAM que caiu no aeroporto de Congonhas. Eu cheguei em dois minutos, porque eu era o titular e fui a pé. Eu nunca vi tanta coisa triste. Mas hoje, vendo aqueles jovens, as pessoas mortas na entrada... Nunca vi uma cena tão forte dentro de uma escola, para pensar muito, tentar conversar com o governo.

Na verdade, como diz o deputado Giannazi, para colocarmos um policiamento mais forte, porque eles pararam seu veículo, tem as cenas, eles entram, eles dão machadadas, eles atiram com revólver 38 e tinham, cada um, um arco e flecha, que eu vi que estava apreendido lá.

Quando eu cheguei, logo em seguida chegou o governador João Doria. Eu quero parabenizar o governador João Doria pela atitude, pela postura de ter ido lá. Eu nunca vi nenhum governador - eu estou há 30 anos na polícia, peguei o PSDB nesses 30 anos -, eu nunca vi nenhum governador ir à ocorrência na hora, porque ele foi na hora que estava acontecendo. Não passou de uma hora e ele estava lá. Depois que vai já à imprensa, dar entrevista, é muito fácil. Ele foi lá e viu o que a polícia passa em uma ocorrência dessas. Ele chegou e falou para mim: “Olim, nem entre.”. Falei: “Governador, eu sei que é forte, mas eu sou delegado de polícia.”. Ele, na postura dele, de governador, entrou e viu o que ele viu, ele viu o que a polícia passa, viu as crianças socorrendo crianças.

A Polícia Militar chegou em oito minutos, seis minutos. Graças à Polícia Militar e a um policial civil que mora em frente, que aparece com uma camiseta vermelha, mas quando ele entrou, e com o cerco da Polícia Militar, eles foram para o fundo e se suicidaram. Eu fui lá onde eles estavam, se suicidaram. Dois jovens, dois jovens. Não tinham cara de nada. Cara do bem. Fizeram essa desgraça, fizeram essa barbaridade com os outros jovens. Aparece uma cena em que ele dá várias machadadas nas crianças correndo, saindo correndo.

Quer dizer, não morreu mais gente pelo trabalho belíssimo das polícias: Polícia Militar, Polícia Técnico-Científica, Polícia Civil, os comandantes. Quero falar aqui, deixar bem claro, comandante da Polícia Militar Salles, o general Campos, secretário de Segurança lá e também quero falar aqui do superintendente da Polícia Científica e o Dr. Ruy, nosso delegado-geral de polícia, todos unidos com o governador. E o governador lá conversando. Juntamente estava também o deputado Estevam, que é na região dele.

Do governador, eu achei uma atitude maravilhosa, porque ele sentiu não só o que a polícia passa, como o que a polícia tem que ter uma emoção depois para ir à casa e ver seus filhos, saber que correu com uma criança e levou para o hospital baleada. Então, isso é o dia a dia do policial. Então, o governador sentiu na pele o que nós passamos.

Mas eu quero deixar claro que ele estava preocupado com as famílias que estavam lá. Isso eu tenho que falar, viu Giannazi. “Eu quero ver. Cadê a água? Eu estou aqui, eu estou vendo água para mim, estou vendo tudo para mim. Eu quero água para todo mundo que está aqui, eu quero comida para todas essas pessoas. Põem mais umas ambulâncias aqui na porta”. Porque uma ambulância está nos socorrentes, pais estavam passando mal, porque chegavam, cadê seus filhos. Socorria. “Eu quero mais uma”. E lanche para todo mundo, comida, porque as pessoas nervosas vêm a desmaiar.

 Que governador que eu vi fazer isso. Desculpa. Quer dizer, pensa lá na frente.  Entrou, viu a cena que viu, participou com as suas polícias, esteve junto. Eu não estou aqui para puxar ele, porque eu não preciso de nada do governador, não tenho cargo nenhum no Estado. Eu entrei aqui por meu mérito. Não quero nada dele. Quero sim lisonjeá-lo e parabenizá-lo. Não deu aumento nenhum para nós ainda, não deu nada para os funcionários públicos, mas vamos aguardar. Vamos dar um crédito para ele.

Hoje a atitude dele... Ele viu o que a gente passa na pele. Ele viu o que é uma escola se não estiver mais segura. Ele viu que qualquer louco pode entrar. Nossa sorte é que foi estilo americano, é que eles não tinham armamento pesado. Se eles tivessem fuzil, morreriam mais de 50 pessoas. É que eles estavam com um trinta e oitinho, eles foram carregando e foram atirando. Eles não tinham uma arma de potencial. Se tivessem uma arma, qualquer arma melhor do que essa, uma automática, muito mais mortes teriam.

Então, eu quero aqui dizer hoje que eu estou muito triste nessa minha carreira de 30 anos. Eu fiquei arrasado. Achei a atitude, como já falei, de todos os policiais ali presentes, todo o Gate, Garra, GER, o pessoal todo unido e todo mundo pai de família. Quer dizer, nós policiais somos pais de família. Nós também sentimos o que as pessoas sentem, e temos que fazer o nosso trabalho. E hoje o governador sentiu o que a polícia dele passa - porque ele é o governador chefe - o que a polícia dele passa, o dia a dia nas ruas.

Às vezes, a gente vem aqui... Que nem o Giannazi falou, que eu fui contra quebrar o veto. É que eu sei o que a gente passa com essas ONGs dos direitos humanos. Elas têm que ser direitos humanos não só para o lado dos bandidos, mas para o lado também dos policiais. Aquele policial que chegou lá de primeiro, que socorreu uma criança de 14 anos, que é criança, levou para o pronto-socorro na viatura da Polícia Militar, tem que passar por um psicólogo. Tem que passar também por um monte de direitos que ele tem, porque só ele sabe o que ele passou.

Então, governador João Doria, quero aqui cumprimentá-lo, quero cumprimentar o seu governo, quero cumprimentar novamente o general Campos, o Sales, nosso Comandante, o Rui, o da superintendência da Polícia Científica, que eu esqueci o nome dele agora, pelo belo trabalho. Todas as equipes, todas as divisões da polícia foram para lá, e eu fui, e fui para tentar ajudar as famílias no que era possível.

Eu acho que o governador deu todo o apoio. Amanhã estaremos aí. Infelizmente, é uma desgraça. Espero que não aconteça mais uma desgraça dessa, porque isso mostra a violência que não podemos viver mais. A partir do momento em que se invade uma escola e atira em jovens, nós precisamos esperar de tudo. Vamos reforçar o policiamento, vamos trabalhar aqui na Assembleia para pedir para o governador para que possamos, com a Polícia Militar, reforçar, com as guardas, mais as escolas, para que todos os alunos possam saber que vão para escola e seus pais vão saber que eles vão sair  com vida. Porque em escola de rico é mais difícil acontecer isso, porque tem segurança, mas escola das pessoas que precisam de escola pública correm esse risco.

Governador, parabéns, estou aqui lhe cumprimentando. Parabéns a todas as polícias e os seus familiares. Contem conosco nesta Assembleia Legislativa, Sr. Presidente, para o que precisarem da gente para ajudar vocês, porque ninguém quer passar o que os senhores estão passando. É uma coisa muito triste, uma tragédia, uma calamidade.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis queiram conservar-se como se encontram. (Pausa.) Aprovada em primeiro turno.  

Esgotado o objeto da presente sessão, está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 20 horas e 49 minutos.

 

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