18 DE FEVEREIRO DE 2019
4ª SESSÃO SOLENE DO PERÍODO ADICIONAL
- CONCESSÃO DO COLAR DE HONRA AO MÉRITO LEGISLATIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO AO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR ALMINO MONTEIRO ÁLVARES AFFONSO
Presidência: ROBERTO MASSAFERA
RESUMO
1 - ROBERTO MASSAFERA
Assume a Presidência e abre a sessão.
2 - IZABEL
DE JESUS PINTO
Mestre de cerimônias, nomeia a Mesa e demais autoridades presentes.
3 - PRESIDENTE
ROBERTO MASSAFERA
Informa que a Presidência efetiva
convocara a presente sessão solene para "Concessão do Colar de Honra ao
Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao Excelentíssimo Senhor Doutor
Almino Monteiro Álavares Affonso", por
solicitação do deste deputado. Convida o público para ouvir, de pé, o
"Hino Nacional Brasileiro".
4 - ITAMAR
BORGES
Deputado estadual,
saúda os presentes. Elogia o deputado Roberto Massafera
e integrantes da Mesa. Faz breve relato sobre a trajetória pública do
homenageado, no MDB. Reconhece a relevância da solenidade.
5 - FERNANDO
PASSOS
Advogado, saúda
os presentes. Lembra entrevista de Ferreira Neto, com Dr. Almino. Revela a
influência do fato em sua escolha profissional. Reflete sobre o exemplo do
homenageado no exercício de função pública, para futuras gerações.
6 - FLÁVIO
BIERRENBACH
Advogado, saúda
os presentes. Manifesta emoção, orgulho e alegria por participar da solenidade.
Atribui ao homenageado a prerrogativa de maior orador
do Brasil. Lembra que na década de 60, Dr. Almino já lutara por reformas de
base hoje reclamadas pela sociedade. Rememorou viagem ao Chile, com endereço de
Dr. Almino memorizado, em razão de exílio político. Estabelece relação entre a
redemocratização do País e a coragem do homenageado.
7 - ANTONIO
ROQUE CITADINI
Presidente do Tribunal de Contas do
Estado de São Paulo, saúda os presentes. Demonstra
satisfação por participar da solenidade. Cita saudosos amigos. Elogia a
coerência, o compromisso e a atenção aos mais pobres, como norteadores do
pensamento de Dr. Almino. Cumprimenta o deputado Roberto Massafera
pela iniciativa da solenidade.
8 - GISELE
TONCHIS
Prefeita de Lourdes,
cumprimenta os presentes. Mostra-se honrada por participar da
solenidade. Discorre sobre a influência do homenageado em candidaturas
femininas. Informa que conhecera Almino em lançamento de livro de Marcelo
Barbieri.
9 - MARCELO
BARBIERI
Presidente da Associação Brasileira
dos Municípios, saúda os presentes. Comenta livro
sobre o Golpe de 64, de autoria do homenageado. Lembra presença do Dr. Almino
na tribuna da Câmara dos Deputados, em apoio à Petrobras, no governo FHC.
Elogia o deputado Roberto Massafera pela iniciativa
da solenidade. Relembra apoio à candidatura de Dr. Almino ao Senado, em 1982.
10 - ARNALDO
JARDIM
Deputado federal,
cumprimenta os presentes. Discorre acerca da relação próxima entre
autoridades presentes e o homenageado. Assevera que Dr. Almino tem o dom de
transmutar pessoas, e a capacidade de remar contra a corrente e de estimular
novos comportamentos.
11 - PRESIDENTE
ROBERTO MASSAFERA
Tece considerações filosóficas sobre
a política. Enaltece a coerência, a honestidade, o trabalho e o exemplo do
homenageado. Faz breve relato do currículo e de políticas públicas defendidas
por Dr. Almino. Anuncia a entrega do Colar de Honra ao Mérito Legislativo ao
homenageado.
12 - ALMINO
MONTEIRO ÁLVARES AFFONSO
Homenageado, cumprimenta os
presentes. Manifesta gratidão pelo gesto do deputado Roberto Massafera. Acrescenta que trata-se
de noite definitiva em sua vida. Enaltece a presença significativa de mulheres
nesta sessão. Afirma-se devedor de São Paulo. Lembra chegada à cidade, em 1950,
aos 20 anos, para estudar Direito. Cita relação com poemas de expoentes da
literatura brasileira. Comenta a Revolução de 1932 e visita ao Museu do
Ipiranga. Aduz que percebera, na instituição, uma lição de democracia. Tece
considerações sobre a relação entre a Faculdade de Direito do Largo de São
Francisco e o monopólio estatal do petróleo, com a criação da Petrobras.
Informa que vivera 12 anos em exílio. Lembra que após o regresso, recebera
1.500.000 votos nas eleições de 1982, em candidatura ao Senado. Narra
experiência na Secretaria dos Negócios Metropolitanos, no governo Franco
Montoro. Menciona a outorga de Cidadão Paulistano, que recebera da Câmara
Municipal de São Paulo. Rememora êxito em candidatura a vice-governador de São
Paulo e, posteriormente, a deputado federal, quando exercera a vice-liderança
do governo de FHC. Assevera que deve graças a São Paulo. Cita frase de Joaquim
Nabuco a Rui Barbosa, sobre doação e grandeza. Comenta o teor do Brasão de São
Paulo: "Pelo Brasil, faça o melhor".
13 - PRESIDENTE
ROBERTO MASSAFERA
Discorre acerca da relevância da
filosofia. Cita passagem de Homero, em Ilíada. Faz agradecimentos gerais.
Encerra a sessão.
* * *
- Assume a Presidência e abre a
sessão o Sr. Roberto
Massafera.
* * *
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS
PINTO - Vamos dar início a sessão solene com a finalidade de outorgar o Colar
de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao Exmo. Sr. Dr. Almino
Monteiro Álvares Affonso.
Convidamos para
compor a Mesa dos trabalhos o deputado estadual Roberto Massafera; Sr. Dr.
Almino Monteiro Álvares Affonso, homenageado da noite; deputado federal Arnaldo
Jardim; conselheiro Roque Citadini, presidente do Tribunal de Contas do Estado
de São Paulo; conselheiro Dimas Ramalho, do Tribunal de Contas do Estado de São
Paulo; e Gisele Tonchis, prefeita da cidade de Lourdes.
Com a palavra o
deputado Roberto Massafera.
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Boa noite a todos. Sob a proteção de
Deus, iniciamos nossos trabalhos. Nos termos regimentais, esta Presidência
dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.
Eu queria agradecer a
presença de todos vocês, amigos do nosso Almino Affonso, e queria nominar a
Mesa aqui que está presente: Dr. Almino Affonso, que é o nosso homenageado de
hoje, que recebe o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo.
Deputado federal Arnaldo Jardim - obrigado, Arnaldo, por estar aqui. O
conselheiro presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Roque Citadini.
O conselheiro Dimas Ramalho, membro também do Tribunal de Contas e, para
engrandecer a nossa Mesa, uma mulher, a Gisele Tonchis, que é a prefeita da
cidade de Lourdes. Muito obrigado, Gisele.
Senhores e senhoras,
esta sessão foi convocada pelo presidente desta Casa, deputado Cauê Macris.
Atendendo à solicitação deste deputado, com a finalidade de outorgar o Colar de
Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao Exmo. Sr. Dr. Almino
Monteiro Álvares Affonso.
Eu convido todos os
presentes para que ouçamos o Hino Nacional Brasileiro.
* * *
- É executado o Hino
Nacional Brasileiro.
* **
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Eu queria agradecer também a presença
do deputado Itamar Borges, do Antônio Lessa, neste ato representando o secretário
de estado da Cultura do Estado de São Paulo, Sérgio Sá Leitão; o Flávio Flores
da Cunha Bierrenbach, ex-deputado estadual e ministro do Superior Tribunal
Militar aposentado; Dr. Marco Antonio Citadini,
prefeito de Capão Bonito; Ana Maria Martins, neste ato representando a Academia
Paulista de Letras; Jorge Damião, presidente da Fundação Memorial da América
Latina; Fernando Passos, advogado e coordenador do curso de direito, neste ato
representando a Reitoria da Universidade de Araraquara – inclusive foi ele que
me deu a sugestão desta homenagem ao senhor. O mérito é
mais dele do que meu, porque ele chegou e falou: “O Almino vai completar 90
anos, nós vamos organizar uma homenagem para ele”. Então, está aqui o pai da
criança.
Maria Aparecida
Pinto, conselheira da Fiesp e presidente estadual do
MDB Afro de São Paulo; e o professor Leonel Aguiar, da Ordem dos Parlamentares
do Estado de São Paulo. Enfim, todos vocês que vieram aqui engrandecer esta
noite, é com muita satisfação que nós recebemos vocês.
Então, eu queria
chamar para que fizesse uso da palavra o nosso deputado Itamar Borges.
O SR. ITAMAR BORGES - MDB - Presidente desta sessão solene, deputado Roberto Massafera, brilhante
nesta Casa e que teve esta iniciativa fantástica. Parabéns, Roberto Massafera.
O senhor, que teve uma história fantástica, inspira todos nós. Não podia
esperar outra coisa senão o gesto de tamanha grandeza em reconhecer o valor da
história de Almino Affonso e dedicar esta homenagem.
Cumprimento esse
valoroso amigo, esse valoroso colega, lembro de
Massafera ainda prefeito de Araraquara, quantas vezes e quantos exemplos.
Quando fui prefeito em Santa Fé do Sul, fui buscar lá na sua gestão. Uma alegria
de ser seu colega e estar nesta Casa ao seu lado. Parabéns, deputado Massafera.
Cumprimento a todas
as queridas autoridades e amigos que compõem esta Mesa. Meu
querido amigo, grande líder desse estado, que nos representa no
Congresso Nacional, deputado Arnaldo Jardim. Arnaldo Jardim que defende não só
o agronegócio, mas defende São Paulo, o povo de São Paulo e nosso Brasil lá no
Congresso. Parabéns pela sua posse recente para um novo mandato, sucesso na
empreitada em continuar na luta pelo nosso estado. Você, querido amigo Arnaldo
Jardim, que tem também um pouco da sua história ao lado de Almino Affonso nas
fileiras não só partidárias, mas nas fileiras de defesa das boas causas do nosso
estado e do nosso Brasil.
Cumprimento duas
figuras fantásticas, esses dois conselheiros e amigos:
o conselheiro Dimas Ramalho, que foi deputado nesta Casa, que foi deputado federal,
que foi secretário de Estado, secretário da capital, e que empresta hoje a sua
experiência lá no Tribunal de Contas, onde já presidiu, inclusive.
Dimas Ramalho, que é da grande Araraquara,
aquela região toda, mas que tem também uma história trilhada ao lado de Almino
Affonso entre as suas caminhadas pela vida pública e pela sua caminhada na
vida, em todos os sentidos. Portanto, é uma alegria estar aqui também
partilhando este momento ao seu lado, ao lado desse queridíssimo conselheiro –
eu tenho uma admiração particular pelo Roque Citadini, porque ele torce para o melhor time do mundo, que é o Corinthians.
Então, essa é a
primeira virtude do Roque Citadini. Mas o Roque Citadini ali da nossa Capão Bonito, que está aqui também o seu irmão
prefeito Marcos Citadini, que eu quero saudar. E dizer, conselheiro Citadini, que com certeza a sua história até chegar ao
Tribunal e também dentro do Tribunal se confunde também com esses bons exemplos
que Almino Affonso traz para todos nós.Prefeita
Gisele, da nossa querida cidade de Lourdes, uma alegria, amiga, estar aqui ao
seu lado e poder partilhar deste momento.
Senhoras e senhores, me permitam – não quero estender, pelo contrário, é uma
sessão aqui e nós temos que ter o foco nesta grande homenagem que recebe Almino
Affonso –, mas não podia deixar de saudar o ex-prefeito de Araraquara, ex-deputado
federal, grande líder, uma das maiores referência do meu partido MDB, Marcelo
Barbieri, uma alegria, Marcelo, estar aqui com você neste momento também
vivendo essa presença sua, que coroa, com certeza, ainda mais a homenagem ao
nosso querido Almino Affonso.
Permitam-me saudar a
todos cumprimentando a Cidinha, líder também do movimento afro do meu partido e
que está aqui presente participando. Vejo aqui amigos, grandes lideranças não
só do meu partido MDB, mas amigos aqui da capital e de todo estado de São Paulo
que vieram prestigiar.
Queridíssimo líder,
queridíssimo amigo Almino Affonso, tenho te encontrado em alguns momentos aqui
em São Paulo, ora em solenidades especiais, ora em momento
familiares e eu confesso que tenha te revelado em todos os momentos.
Quando comecei na
vida pública, elegi-me vereador em Santa Fé do Sul com 20 anos e com 24 anos eu
estava ali na minha caminhada para prefeito. Eu me recordo quando o
vice-governador de São Paulo foi lá e me deu o privilégio de usar o palanque
para pedir o apoio para minha candidatura. Ali já tinha uma amizade anterior
pelas fileiras partidárias que seguimos juntos – aliás, Almino Affonso, que foi
presidente do MDB, deputado federal, ministro e vice-governador de Orestes
Quércia, inclusive respondendo pelo governo de São Paulo em algumas
oportunidades.
Almino Affonso que
participou e até hoje faz parte das fileiras do MDB, e eu venho aqui, Almino,
na condição de líder do MDB nesta Casa, venho aqui também na condição de
parlamentar do MDB nesta Casa, venho aqui trazer um abraço do presidente
estadual do partido, Baleia Rossi, partido esse que hoje tenho a honra de ser
vice-presidente em São Paulo. Venho aqui trazer um abraço do Léo Oliveira,
colega desta Casa, do Jorge Caruso e, é claro, de todos os
nossos “manda-brasas” de São Paulo e do Brasil.
Almino Affonso
participou como presidente e no processo de redemocratização do Brasil. Naquele
momento o MDB não só era o mais forte, mais importante partido da luta pela
democratização do nosso País. Almino Affonso se destacou como grande líder
desse processo. Almino Affonso, o que eu poderia dizer aqui jamais preencheria
um por cento do que a sua história merece, mas eu não podia deixar de vir aqui
fazer essa saudação e dizer que esta Casa lhe concede hoje a maior honraria que
ela tem. Esta, que é a Casa do povo do estado de São Paulo, de todo nosso Estado,
que é para reconhecer mais uma, de tantas homenagens e reconhecimentos que
Almino Affonso tem em sua trajetória. O seu valor, o seu exemplo.
Eu, até hoje, como
vereador que fui, prefeito, e como parlamentar que
sou, nas boas e nos momentos de dificuldade, é só me inspirar e olhar para sua
trajetória e para os seus exemplos, que nós conseguimos a retidão e o caminho
necessário para ajudar o nosso estado e o povo de São Paulo. Portanto, muito
obrigado por ter participado da minha trajetória lá atrás como vereador, como
prefeito, de me dar conselhos como deputado e de poder vir aqui dizer obrigado
por tudo que já fez e por tudo que o seu exemplo, a sua vida e a sua história
ainda haverá de fazer pelo nosso estado, pela vida pública e pela política de
São Paulo e do Brasil.
Parabéns pela
homenagem, receba aqui do seu partido, desta Casa, dos
deputados representados por Roberto Massafera, nosso presidente da solenidade,
o verdadeiro reconhecimento de quem tem em Almino Affonso aquele que deveria
ser o símbolo da política que precisamos para o nosso País. Grande abraço,
sucesso e que Deus abençoe. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Eu queria convidar o jovem advogado,
que também na sua Universidade de São Paulo, do Largo São Francisco, Dr.
Fernando Passos, que foi quem me induziu a esta homenagem merecida e queria
convidar Fernando Passos para que ele fizesse uso da palavra.
O SR. FERNANDO PASSOS - Boa noite a todos, boa noite, Sr. Presidente,
deputado Roberto Massafera, que muita honra a nossa região aqui na Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo; o senhor presidente do Tribunal de Contas,
Roque Citadini, um grande exemplo para todos nós; conselheiro Dimas Ramalho;
deputado Arnaldo Jardim, amigo de longa data; nossa querida prefeita; Srs. Deputados;
Marcelo Barbieri; familiares presentes, que é uma alegria para todos nós, o
Almino não existiria sem essa família extraordinária a lhe dar todo apoio e
toda a sustentação possível; e os grandes amigos de Almino que aqui estão e
outros que não são grandes amigos, mas são frutos do seu exemplo e por isso
aqui estão. E por final ao meu querido Almino Affonso.
Deputado Massafera é
muito exagerado, quem o conhece sabe disso. Dizer que eu fui o incentivador
desta cerimônia pode ser até verdade, incentivador, mas não o seu autor
intelectual. Eu estava no segundo ano de faculdade aqui no Largo São Francisco,
interiorano de Araraquara, vindo para cá sem tradição jurídica, filho de um
livreiro, Neildo Passos, e eu estava os únicos seis meses da minha vida em que
eu não trabalhei desde os 13 anos de idade – eu trabalho desde os 13 anos
rigorosamente até hoje –, e os únicos seis meses que o meu pai não permitiu que
eu trabalhasse, porque ele queria que eu fosse para Araraquara todo final de
semana.
Então, chegando da faculdade
– eu fiz no noturno, porque eu tinha que trabalhar –, logo no começo, vendo a
televisão, vejo a entrevista do Ferreira Neto, que era o grande programa de
orientação para todos nós da redemocratização do País, essas grandes figuras
todas lá estiveram, e vejo Almino Affonso. Foi um choque. Foi um choque na
minha vida, um choque que perdura até os nossos dias. Eu,
como a grande maioria dos jovens daquele momento, fui dormir confundindo
Almino Affonso com Afonso Arinos. Aquela juventude que não tinha participado da
luta democrática e estava iniciando a luta democrática confundia essas duas
grandes figuras. Eu me lembro, a pedir votos para o
Almino, alguém dizia: “É para votar no Arinos?” E eu dizia: “Pode votar, é
aquele lá, Afonso”.
Até que a sociedade foi
percebendo a grandeza do Almino, no mesmo nível, e hoje maior do que o próprio
Afonso Arinos. E naquele momento eu fiquei estupefato por aquela figura, aquilo
que ele dizia, a vida que ele trazia. Não, mas você
logo descobria, porque Padre Vieira dizia: “As palavras sem vida, as palavras sem a lição, a palavra sem o exemplo de nada
valem”. E Almino Affonso é ouvir a palavra e ver o exemplo ao lado ou intrinsecamente
dentro dele.
Eu descobri onde era
o comitê de campanha do Almino e fui ao comitê e perguntei: “Olha, eu sou
voluntário, eu queria trabalhar aqui”. Não era bem verdade, eu queria
esperá-lo, dar as mãos, cumprimentá-lo e voltar a dormir. E eu ficava com a
nossa Beth Belo, que está aqui, que chefiava o comitê: “Beth, qual é a hora que
chega o Dr. Almino?” Ela me dizia, Dr. Almino chegava, eu cumprimentava o Dr.
Almino – aquilo era coisa de não querer lavar a mão –, e voltava para o meu
apartamento.
Até que na terceira
vez a Beth me pôs para trabalhar – ninguém entra em comitê e não trabalha –, trabalhei.
E, para terminar, tive a honrosa função de chefe de gabinete do Dr. Almino, que
é o maior título que eu tenho. Perdoe-me, Flávio, o título de chefe de gabinete
do Almino é maior do que o título de bacharel do Largo
São Francisco, para minha modesta vida.
O Almino, como uma figura que eu tenho que referenciar nesta noite, eu
tenho poucos minutos, evidentemente, e a dona Lígia, deram-me a segunda grande honra de serem
padrinhos do meu casamento. A minha esposa não está aqui porque tivemos agora
uma netinha, ela está a auxiliar a filha em Portugal, minha filha está vivendo
lá por um período, e ela acabou de me ligar dizendo: “Não vai esquecer de dizer para o Almino da alegria que nós tivemos e
ainda guardamos dele e dona Lígia terem sido os nossos padrinhos”.
Convivi com dona
Lígia, uma figura admirável, de pouca fala, falava muito pouco dona Lígia. Mas
o que falava tinha um poder extraordinário. Tenho dela muitas saudades, e
aquela saudade boa, a saudade que não é a do choro, é a saudade de quem
aprendeu com ela e eu queria reverenciá-la aqui nesta noite pela sua
importância junto de Almino. Mas, para concluir essa minha
vida com ele, quero dizer então aquilo que o deputado Massafera fez
referência, de que eu pudesse ser um incentivador desta noite.
Há tempos venho
dizendo aos amigos de Araraquara que se reúnem no cotidiano com o Almino –
Dimas Ramalho, Marcelo Barbieri e Massafera –, que o Almino fará 90 anos.
Ninguém acredita. Há pouca gente que acredita que este homem está com 90 anos.
E, principalmente no
momento em que vive a vida pública nacional, em uma podridão jamais conhecida
na história da pátria, o nome do Almino e, mais do que o nome, o seu exemplo há
de servir uma profunda reflexão neste momento de crise. E assim eu venho
sustentando: “Não se pode fazer para Almino Affonso uma festa de aniversário
tão somente.” E sua família certamente fará, alguns amigos farão. É preciso
refletir sobre a importância do Almino na vida pública e o seu exemplo para a
sociedade brasileira atual. Almino representa a dignidade possível na função
pública. (Palmas.)
Vá às ruas dizer que
é possível haver dignidade na função pública. Quantos cidadãos brasileiros
acreditam nessa frase? Quase ninguém. É preciso refletir os 90 anos do Almino e
eu dizendo isso em uma mesa, o Massafera disse: “Eu
vou propor na Assembleia Legislativa”. O conselheiro Dimas Ramalho disse: “Falarei
com o Roque, vamos fazer no Tribunal”. Flávio Bierrenbach: “Vamos fazer na São
Francisco, vamos refletir sobre a vida dele”.
Em Araraquara haverá
um simpósio sobre moralidade pública na função pública, um simpósio com vários
palestrantes para que os alunos reflitam em cima do exemplo de Almino Affonso.
E nós queremos fazer isso ao longo deste ano todo. Portanto, alguns amigos que
aqui estão: se preparem. Nós teremos que estar em outros eventos, a esta
reflexão.
Mas acima de tudo,
mais do que esta reflexão interna, nós temos que passar o exemplo do Almino
para as gerações futuras. É esse que é o grande lema desta homenagem. É não
deixar que a homenagem caia por si própria, é muito
linda, é muito expressivo ter a maior comenda legislativa do estado de São
Paulo. Mas é preciso que seja fonte de debates nas universidades a figura do
Almino, o que ele representou e o que ele representa.
Aqui foi dito pelo
nosso deputado que na época que o Almino foi presidente do MDB, foi o Almino Affonso
que criou as comissões que deram abertura às minorias na sede dos partidos
políticos brasileiros. A Comissão Afro foi a primeira
vez, foi o Almino Affonso que falava e deu vida naquela casa extraordinária que
era a casa do MDB, aqui perto do Hospital Oswaldo Cruz. Ali os jovens tiveram
palavra, eu fui da Juventude do MDB, a Juventude do MDB na época do Almino era
uma coisa extraordinária, tinha vida, fomentava lideranças – lideranças que
ocupam importantes funções na vida pública até hoje graças ao exemplo de Almino
Affonso. Ali havia o movimento sindical. Nunca na história daquele momento
alguém colocava os partidos políticos para fazer com que os movimentos
sindicais se organizassem.
O movimento de
mulheres tinha no Almino Affonso a sua grande liderança, sua grande razão de
existir na vida partidária. E dali vão surgindo Delegacia da Mulher, e dali vão
surgindo tantas e tantas lideranças que saem para a vida pública com essa
função do antigo MDB, porque era Arena e MDB, nós tivemos a divisão dos
democratas de um lado e aqueles que não tão democratas de outro lado.
Portanto, eu encerro
dizendo: Almino, você representa, não para mim, para mim você representa muito
e sabe o quanto, para minhas filhas e agora para os meus netos, você representa
para a sociedade brasileira de que é possível ser digno e atravessar a vida
pública inteira sem nenhum problema que a desonre.
Nós precisamos passar
isso para gerações, como eu disse, porque sem vida pública digna não há país
possível de se viver com felicidade, com alegria, com bem-estar social e com os
direitos do povo assegurados. Perdoem-me ter falado um pouco a mais, mas saudar
Almino Affonso, como disse nosso ilustre deputado, é uma das matérias mais
difíceis.
Não é por pouco que
aqui estão o presidente do Tribunal de Contas do
Estado de São Paulo e o conselheiro Dimas Ramalho, ex-presidente também daquele
tribunal, porque eles fazem hoje o trabalho que o Almino sempre pregou. Vida
pública sem dignidade não é vida pública, é outra coisa. Vida pública com
dignidade é sinônimo de Almino Affonso. Muito
obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Eu queria comunicar aos presentes que
esta sessão está sendo transmitida ao vivo pela TV Web e será transmitida pela
TV Assembleia do Estado de São Paulo no sábado, dia 23 de fevereiro, às 21
horas pela Net canal 7, pela TV Vivo canal 9 e pela TV digital canal 61.2. Se
alguém quiser relembrar este momento poderá ter essa oportunidade.
Queria também
agradecer muito aqui a presença da nossa vereadora Edir Sales, obrigado. Queria
agradecer a presença do presidente da Sabesp, Dr. Benedito Braga, obrigado. E também
agradecer a presença dos filhos do Dr. Almino que estão presentes, o Rui, o
Fábio e a Gláucia. E as netas Laura, Ana e a Marina. Muito obrigado por virem
aqui.
Eu poderia discutir
muito, que o Fernando Passos lá em Araraquara, meu advogado, mas aqui eu vou perdoar, deixar o que ele falou como falado. Mas obrigado,
Fernando, pelas suas palavras. E queria convidar agora então para que falasse
em nome dos decanos da faculdade do São Francisco o Dr. Flávio Bierrenbach, por
favor.
O SR. FLÁVIO BIERRENBACH - Sr. Presidente, deputado Roberto Massafera, Srs.
Deputados, Srs. Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Srs.
Prefeitos, Srs. Vereadores, minhas senhoras, meus senhores, meus amigos e
caríssimo Almino Affonso. Regresso hoje, depois de quase quatro décadas, com
emoção, orgulho e alegria à tribuna da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Venho falar em uma sessão solene em homenagem ao maior orador do Brasil,
atribuí essa responsabilidade e assumo a responsabilidade de falar a ele, o
maior orador vivo do Brasil.
Devo dizer que essa
não é uma opinião recente, eu sei disso há mais de meio século, conheci o
Almino Affonso quando eu ainda era primeiro-anista da Faculdade do Largo de São
Francisco e ele já era um orador consagrado. Eu ouvi um discurso do Almino de
proporções amazônicas, era o Rio Amazonas desembocando nos nossos corações de
jovens. Para a juventude naquela época, antes daquilo que alguns insistem em
chamar de revolução, mas que eu continuo chamando de golpe de 1964, que nós
insistimos ainda em lutar por aquilo que o Brasil ainda hoje reclama, pelas
reformas de base, as reformas que o Brasil reclama e merece.
Eu faço um breve
salto para dizer que, logo depois de 1964, eu já conhecia a família do Almino
com seus filhos pequenos, o Rui está aqui, a Gláucia está aqui, o Sérgio e o
Fábio, que eu conheci rigorosamente no colo da mãe na maternidade quando Almino
já estava asilado em uma embaixada, em 1964.
A vida foi passando e
foram se estreitando os nossos laços, e ao mesmo tempo as nossas preocupações.
Logo depois, no Chile, eu me lembro dos seus filhos pequenos em casa, na sua
casa, no Chile. Lembro-me que fui ao Chile com seu endereço de cor na cabeça –
porque os riscos eram muito grandes, não era possível anotar em uma caderneta,
levei na cabeça –, quinze dias depois do golpe que tirou Salvador Allende do
poder.
E aí havia muitas
lutas comuns, porque o golpe que foi dado no Brasil estendeu-se na América
Latina. Logo depois veio o Chile, depois Argentina, depois Uruguai. O Cone Sul,
o nosso Cone Sul, sofreu com a falta de democracia, e na luta pela
redemocratização elevou-se a voz de Almino Affonso, elevou-se com brilho, com intensidade,
com coragem, porque naquela época realmente era preciso ter coragem.
Então, é em nome
desta coragem, em nome da amizade de tantos que estão aqui, em nome da nossa
luta comum e, sem esquecer, te falando em nome da associação dos antigos
alunos, eu falo em nome dos vivos e dos mortos de oito gerações, não é pouco. É
uma imensa responsabilidade, mas falo com a esperança de que a dignidade do
Almino Affonso ainda será no Brasil, a despeito de seus 90 anos e por eles, uma
constante positiva nos dias difíceis que ainda virão. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Eu queria agradecer também, neste
momento, a presença do vereador Caio Miranda, de São Paulo. Obrigado, Caio.
Agora, nesta Mesa, nesta brilhante Mesa, nós vamos ouvir as palavras do
conselheiro Roque Citadini, presidente do Tribunal de Contas do Estado de São
Paulo e conselheiro do Corinthians. Em contraposição, do meu lado eu tenho aqui
um conselheiro do Palmeiras.
O SR. ANTONIO ROQUE CITADINI - Boa noite a todos, cumprimento todos os pertencentes à Mesa, nosso caríssimo
Almino. É um ato de grande covardia falar depois do Flávio, primeiro esse é um
ato de grande covardia. E depois é um ato de maior covardia ainda que daqui a
pouco o Almino fala. Então, nós ficamos espremidos em
uma situação sem saída.
E eu nem sabia que ia
falar, eu até pensei que a cerimônia seria mais curta, mas Almino, quero dizer que é uma grande satisfação estar aqui nesta
homenagem porque encontro um grande número de amigos, está lá o Fred e a esposa
dele, o Flávio e tantos outros que eu não vou citar o nome, mas encontro tão
grandes amigos.
É difícil porque o País vive uma situação
de tamanho empobrecimento, tamanha rasura dos seus homens públicos que ao nos
depararmos sobre o homem na sua vida, sua luta, nós ficamos perplexos.
Reconheçamos: nós vivemos um momento muito ruim na vida pública brasileira. No
País, para onde andamos, tropeçamos em pessoas absolutamente despreparadas,
rasas, toscas, sem nenhuma divisão do que é público-privado,
nenhuma visão maior do País. Então, é quase que um momento extraterra vir a uma
reunião homenagear o Almino, que merece todas as homenagens.
Olha, Almino, eu
estou aqui e eu estava lembrando que nós nos conhecemos há muito tempo, algum
tempo, e sinto falta de alguns amigos daquela época, o Fernando Gasparian, que
era tão grande amigo, o Fernando Perrone, outro
grande amigo. Não vou começar a citar, porque tem uma lista grande de pessoas
que já não estão mais conosco aqui e que eram tão grandes amigos.
Mas o Almino é isso,
o Almino é um homem coerente em sua vida, é uma luta clara com dois pontos
importantes a destacar: primeiro, compromisso com a
luta democrática e, segundo, a vista dos mais pobres, dos que mais necessitam,
daqueles que mais precisam do Estado. É isso que falta para esse País: aqueles
que têm um compromisso com os valores da democracia e aqueles que têm um
compromisso com aqueles que mais precisam. Não fica no jogo ensaiado, onde não
entram os valores da democracia e não entram os valores dos mais necessitados.
Almino, eu acho que
para todos nós que convivemos com você nesses anos todos e vamos conviver
tantos anos a mais, foi um privilégio para nós. Eu lamento para os outros que
não conviveram e lamento para gerações futuras que vão conviver com tanta gente
desqualificada por aí. Então, eu deixo aqui o meu cumprimento ao Massafera pela
Assembleia ter feito isso e tantas e tantas homenagens precisam ser feitas ao
Almino. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - A esta sessão nós precisamos que uma
mulher também fale. Então, eu convido a nossa prefeita, a Gisele Tonchis, da
cidade de Lourdes, para que faça uso da palavra.
A SRA. GISELE TONCHIS - Boa noite a todas as pessoas aqui presentes, ao nosso presidente
Roberto Massafera e à Mesa, o deputado federal, meu querido Arnaldo Jardim, ao
Roque Citadini e ao conselheiro Dimas. E, claro, é uma honra estar aqui hoje
participando desta homenagem ao Dr. Almino.
Eu comecei a minha
vida política nos bastidores aos 14 anos de idade. Eu sei que se não fosse o
apoio e a postura do Dr. Almino perante às
candidaturas femininas talvez eu não tivesse sido vereadora e muito menos
prefeita. Então, esse apoio que surgiu lá atrás deu condição de estarmos hoje,
nós mulheres, em uma grande minoria conseguindo ter representatividade perante
o Município, Estado e a Federação. Também uso hoje, na minha condição de pessoa
pública e de cuidadora de uma cidade, da maneira correta de se fazer as coisas
dentro da Lei, priorizando os mais necessitados, porque essa é a postura que eu
quero ter na minha vida, de um dia ser lembrada como o senhor é, de exemplo de
fazer as coisas certas.
O dia que eu estive
presente, que eu conheci pessoalmente o Dr. Almino, foi no lançamento do livro
do Marcelo Barbieri, e eu tremia de emoção porque eu gosto de política, eu me
aprofundo nos grandes nomes que a gente pode ter como exemplo e conhecê-lo
pessoalmente foi uma inspiração. Passar então três
horas ao seu lado, ouvindo as suas histórias, isso não teve preço.
Então, estar aqui
hoje foi muito importante para mim, para dar esse testemunho, mesmo não tendo
convivido, mas que o seu exemplo eu estudei e eu quero seguir, é um grande
nome, é o nome que fez história pela postura que sempre teve, pela corretude
e também hoje podemos estudá-lo através dos livros,
conhecer um pouco mais da história dele e do nosso País através dos livros que
ele lançou.
Então, é uma hora
realmente muito grande para a família, vocês têm uma pessoa maravilhosa aí para
ser seguida. Parabéns e é um grande exemplo para o nosso País. Obrigada.
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Eu queria convidar agora o Marcelo
Barbieri, que fala como presidente da Associação Brasileira dos Municípios. Ele
que já foi prefeito da cidade de Araraquara por oito anos, já foi deputado
federal três vezes e tem nos honrado muito no seu trabalho em Brasília como
representante de São Paulo.
O SR. MARCELO BARBIERI - Boa noite a todos, eu fico muito feliz em poder falar essa noite aqui e
agradeço ao Roberto Massafera, ao nosso amigo Dimas Ramalho, Arnaldo Jardim,
Roque Citadini, ao Marcos Citadini, a Gi, nossa querida prefeita, representou
também as mulheres aqui esta noite, parabéns pelas suas palavras. E falar do
nosso grande líder, grande amigo, grande referência, Almino Affonso.
Eu, esta semana,
folheando o livro que o Almino escreveu sobre 1964, acho que todos aqui já
leram, é um livro que emociona em cada página, porque
ele nos remete a um momento de ruptura do regime democrático no Brasil em que
Almino Affonso não foi um historiador que está acompanhando de fora do cenário,
do teatro. Ele era artista, era ministro do João Goulart.
E naquele livro ele
passa alguns conceitos, que eu gostaria de relembrar rapidamente, do Brasil
grande, da pátria grande, do Brasil desenvolvido, do Brasil justo, do Brasil
democrático, e relata cada uma das suas palavras. Ele deixou isso muito claro
logo no início do livro, não como alguém parcial, mas alguém que estava na
cena, estava vivendo, que tinha lado e tinha posição. Que era a favor do
governo João Goulart, era ministro de João Goulart.
E aí a gente vendo
aquilo que ele relata, aquilo que ele levou tanto
tempo, foi um livro que foi gestado rapidamente, a gente ali aprende sobre como
foi importante para a história do nosso País, do nosso povo, as figuras que
compõem essa história, entre elas o próprio Almino, que é uma figura hoje viva
da nossa história, história viva da luta democrática do povo brasileiro.
Almino, eu jamais
esquecerei um dos momentos que para mim foi o mais importante na minha presença
na Câmara Federal, aquela noite que você subiu na tribuna na Câmara Federal com
quase os 513 deputados ali presentes para defender a Petrobras contra, à época
o seu amigo, seu companheiro, o governo do Fernando Henrique Cardoso.
Fez-se um silêncio
profundo no plenário que, é muito difícil Dimas e Arnaldo, fazer silêncio.
Ouvia-se uma mosca voar naquela noite ao longo de todo o discurso de Almino
Affonso, onde a sua autoridade política, moral, e a defesa da tese da nação se
fez prevalecer no seu discurso e depois na votação, que acabou sendo vitoriosa
a tese que você defendeu.
Foi um momento
importante naquela circunstância de resgatar tudo aquilo que você sempre
defendeu ao longo da sua longa vida – hoje, com tanta experiência, com tanta
vivência. Esta homenagem que nos promove o Roberto Massafera junto, sem dúvida
nenhuma, com o Fernando Passos como mentor intelectual, não há dúvida nenhuma
nisso.
E quando a gente ouve
aqui o Flávio Bierrenbach, também figura que eu tive alegria de dar o primeiro
voto na eleição de 1976 para vereador e fiz campanha para ele lá na GV, onde eu
estudava, fizemos um comitê pró Bierrenbach, a gente sabe que é um aumento
significativo, Roberto, você fazer esta homenagem. Você que nos representou durante três mandatos, nós, principalmente,
araraquarenses, está aqui o Rodrigo Medina, nosso juiz de Direito, filho do
saudoso também prefeito Clodoaldo Medina, que nos honrou como nosso prefeito
duas vezes, você honrou a nossa história, Roberto, estando aqui na Assembleia
Legislativa.
Mas quero crer que
este momento da sua trajetória coroa esses três mandatos. Nesta homenagem que
você permite que nós possamos participar dessa grande, enorme, imensa figura da
luta democrática do nosso País. Quero te parabenizar muito pelos seus mandatos
e por esse momento do seu mandato nesta homenagem que você permite que seja
feita pela Assembleia Legislativa mais importante do nosso País.
Quero dizer, Almino,
que você para mim sempre foi um professor, um mestre. Em 1982, quando você foi
candidato ao Senado, eu fui candidato a deputado estadual com nosso querido,
saudoso, Franco Montoro, e com o nosso querido e saudoso
Orestes Quércia como vice, eu só fiz campanha para você, com todo
respeito ao Dr. Severo, que eu admirava, admirei também, e que nos deixou junto
com o Ulysses naquele trágico voo de helicóptero vindo lá do litoral.
Mas eu falei: “Eu vou
apoiar só o Almino”. Porque você para nós, juventude, naquele momento,
encarnava tudo aquilo que a gente defendia em termos de democracia e
participação, aquilo que todos que me antecederam falaram. Foram ditas palavras
importantíssimas aqui sobre a sua atuação no MDB, no PMDB, na volta quando você
voltou do exílio e entrou no Brasil sem pedir licença, entrou no Brasil de
novo, se filiou ao PMDB ou MDB e militou durante toda a sua vida.
Então, sua
candidatura ao Senado naquele momento para mim representava luta democrática,
encarnava luta democrática, a luta das minorias, das maiorias de vários
segmentos que você sempre procurou defender. Mas depois, Almino, você como
vice-governador, o que você fez como secretário de Governo, como secretário de
Estado nas políticas metropolitanas, a sua visão de desenvolver a questão do
transporte urbano, a integração das pessoas, da mobilidade urbana – que não era
um termo usado na época, que você trouxe ao nosso conhecimento –, tudo aquilo
que você fez em favor dos municípios, dos prefeitos, dos vereadores, vereadoras,
é algo que tem que ser realmente dimensionado no momento que você é homenageado
com essa importante comenda da Assembleia Legislativa.
O que a gente quer
expressar, e eu expresso isso também em nome dos meus amigos emedebistas em
grande número aqui, históricos do MDB, pessoas valorosas do nosso partido, é um
sentimento de profunda gratidão a você, gratidão por tudo que você fez ao longo
dessa longa vida, essa vida vitoriosa, maravilhosa com a sua família, com a sua
esposa, com seus filhos e seus netos. Tudo aquilo que você representa para nós
que sempre defendemos a democracia no Brasil. Realmente, como disse o Roque, a
sua presença hoje tem um grande significado para que as novas gerações saibam que
pessoas como você existem, ocorrem, acontecem e permanecem. Parabéns, Almino.
Que Deus sempre te abençoe. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Agora eu tenho a honra de passar a
palavra ao nosso chefão, o deputado federal Arnaldo Jardim.
O SR. ARNALDO JARDIM - Boa noite, uma alegria muito grande poder estar com todos vocês aqui.
Primeiro, saudar o Roberto Massafera, que preside esta
sessão, e explicar a brincadeira dele do chefão. Alguns aqui sabem disso, era o
apelido que eu tinha no tempo de movimento estudantil, o Rui concorda, se
lembra, muitos aqui, o Rui é mais novo, mas muitos aqui registram isso e por
conta disso que veio essa saudação do Roberto Massafera.
Todos nós somos
ajuizados, por isso nós estamos aqui. Todos nós somos ajuizados, devemos falar
o mínimo possível para ouvi-lo o máximo possível. Tem razão, foi bem dito pelo
Flávio, o maior tribuno que a todos nós encanta, que a todos nós envolve e que
a todos nós inspira, nosso querido Almino Affonso. Uma alegria imensa estar
aqui. Eu quero ser muito breve, me permita só fazer uma pequena digressão aqui.
Olhar aqui e ver com outros olhos essa plateia e as pessoas que estão na Mesa.
Eu poderia saudar o
presidente do Tribunal de Contas, mas ali não vejo o presidente do Tribunal de
Contas, eu vejo o Roque Citadini, grande líder da juventude do MDB e que daí se
estabeleceu a sua relação com Almino Affonso. Eu olho aqui, vejo o conselheiro
Dimas Ramalho, mas eu vejo Dimas Ramalho, presidente do Centro Acadêmico 11 de
Agosto, que com, lógico, a partir disso, com o Almino estabelece uma próxima
relação. A Gisele é minha amiga, ela declinou isso, eu já fui a Lourdes com ela
participar das festividades lá, eu a vejo como prefeita, mas ela própria falou
da vertente de vereadora, da vertente da participação da mulher e é nessa
condição que ela aqui está.
E eu lanço um olhar
muito rápido sobre as pessoas que aqui estão para dizer que não falou aqui o
prefeito de Araraquara, o presidente da Associação dos Municípios, falou o
jovem líder estudantil Marcelo Barbieri, o Marcelinho, que nós o conhecemos
desde sempre lá na GV, depois na comissão ProUni e
assim foi. Por isso que está aqui o Marcos Citadini, que não é prefeito de
Capão. É sim, mas é um líder e jovem estudantil, que tantas vezes falou do
Almino Affonso.
Ali estão o Fred
Bussinger e a Vera, que são dos maiores especialistas em infraestrutura, dirigem
órgãos importantes, mas o Fred, que na sua paixão, e a Vera, particularmente,
sempre estiveram com o Almino.
Está lá o Valdir
Ferreira, que desde sempre esteve com o Almino e o cordão que fala da Educação,
conselheiro que é do Conselho Estadual, sabe que o Almino sempre se apaixonou
por essas teses. Por isso que está aqui Edmur Mesquita, secretário de Estado,
mas olho para o Edmur e vejo ali a Maria Alice e o Raimundo, que tantas vezes o
levaram ali na baixada para você a todos inspirar e estabelecer novos desafios.
Olho tantas pessoas e
quando vi bem aqui, com o Flávio Bierrenbach, é lógico que eu me lembrei, ele
mencionou, do Fernando Gasparian, relações familiares que tive e relações de
identidade sempre, com todo o nosso “Jornal Opinião”, com toda a tenaz
resistência que o Almino tantas vezes orientou e inspirou.
Por isso que eu vejo
aqui e o nosso pessoal da Sabesp, o meu colega de turno Ricardo Borsari, o
professor da Escola Politécnica, o Benedito Braga, para lembrar-me do
compromisso com a infraestrutura que sempre falou Almino quando falava de um
projeto de desenvolvimento autônomo, próprio, independente, caminhando sobre as
próprias pernas, do nosso País. Porque foi assim, Vera Tomaz de Lima, que nós
com o Almino estivemos lá. E o Fausto o recebeu em São Miguel Paulista tantas
vezes, ele que era apaixonado por você e nós todos que partilhávamos com você,
Almino, o seu jeito contagiante de ser inspirador.
O Hélio está ali,
está certo. E o Hélio, ao lado do Mario Liboni, do jovem Dimas
Ramalho, éramos do time do Chopen, que lá na Madre Theodora estávamos
junto na campanha do Montoro, estávamos na sua campanha para senador. O Chopen
sempre tão admirado por todos nós e tão zeloso de nos falar do seu talento e do
seu compromisso.
Por isso que você tem
esse dom de transmutar um pouco todas as pessoas que aqui estão, fazendo com
que a gente possa se lembrar das origens do que nos motivou a estar aqui. E eu
concordo muito, Almino, quando foi dito por todos aqui da atualidade dessa
pregação e da sua jovialidade – 90 anos e parece um menor de idade.
O Almino nunca abriu
mão da capacidade de remar contra a corrente quando necessário for, de ser
inquieto do ponto de vista intelectual, de ser capaz de quebrar a ordem vigente
para poder inaugurar novos momentos e celebrar a necessidade de mudar e
estimular novos comportamentos. Nós gostamos de você, Almino. Nós gostamos do
seu jeito de ser, nós gostamos da coerência que é a
sua marca registrada e do espírito público que sempre orientou a sua vida.
Longa vida a você, Almino Affonso. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Eu tinha preparado um longo discurso,
mas aprendi também que às vezes os melhores discursos são aqueles mais curtos.
Aristóteles dizia que a política é a arte de procurar o bem de todos. Almino
Afonso, ao longo da sua vida, da sua carreira, desde ministro, em 1962, do Trabalho
até hoje, segue a máxima de Aristóteles, procurando o bem de todos.
Mas, em cima disso,
nós encontramos uma coerência ao longo da sua vida. Nessa coerência inclui a
honestidade, o trabalho e o exemplo, e tudo isso com transparência. Então,
Almino, você é um exemplo à juventude, à nossa sociedade, e que a política
continue sendo a busca do bem comum.
Você é um exemplo a
ser imitado, e dizer que nesses tempos dissolutos, onde nosso País foi
assaltado, onde a Petrobras foi roubada, onde o Banco do Brasil, BNDES etc.
foram assaltados, nós ainda temos gente que serve de exemplo. Você, Almino, é
para nós esse exemplo.
Do seu vasto
currículo eu tenho duas coisas para ressaltar como engenheiro: você foi
secretário de assuntos metropolitanos de Franco Montoro em 1982 e fez naquela
época a Lei de Proteção aos Mananciais de São Paulo. É uma coisa muito
importante para a cidade de São Paulo, porque você pensou em uma época que não
se pensava.
E também queria dizer
que em1988 você já era vice-governador do estado de São Paulo, e nós
trabalhamos, eu na Secretaria de Ciência e Tecnologia, sob a sua orientação,
junto ao Governo do Estado, na emancipação das nossas universidades. E até hoje
desfrutam de autonomia, ou bem ou mal, são independentes de qualquer
interferência política ou legislativa.
E também naquela
época as escolas técnicas, que eram rebotalhos dentro da Educação no Estado,
saíram da Secretaria da Educação e foram para o Paula Souza,
e a partir de então ela se recuperou, se revigorou, e hoje as nossas escolas
técnicas são disputadas no vestibular, nas vagas, e as nossas Fatecs são
exemplos.
Desde aquela época,
Almino, nós temos evoluído muito nessa área, e também naquele ano de 1988 eu
tive a grata satisfação de coordenar seu plano de governo como candidato ao
governo estado de São Paulo. Tivemos várias pessoas trabalhando muito e no fim
nós não tivemos sucesso, mas ficou aquele exemplo da luta e alegria, estar na
luta, na tentativa, no sofrimento envolvido, não na vitória.
Por isso, Almino,
essa lembrança de você como exemplo a ser seguido pelas futuras gerações. E
você ainda é jovem, tem um futuro aí de mais anos, e temos aqui também nesta
Casa Salim Curiati, com 92 anos, dez vezes deputado
estadual, deputado federal, prefeito desta capital. Então mais ou menos você
vai chegar até os 150.
Eu queria te dizer
que a minha mãe está com 101 anos e está procurando um marido, se você quiser,
dependendo do dote, nós vamos convidar. Muito obrigado. (Palmas.)
Neste momento, nós
vamos outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao
Exmo. Sr. Dr. Almino Monteiro Álvares Affonso.
* * *
- É feita a entrega
do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo.
* * *
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - E, neste momento, eu convido o Dr.
Almino Affonso para que nos dê a sua palavra e os seus ensinamentos.
O SR. ALMINO MONTEIRO ÁLVARES AFFONSO - Meu caríssimo presidente desta sessão
solene, digo assim em uma síntese, porque eu poderia dizer muito também a
respeito do Massafera. No fundo da alma eu agradeço o seu gesto, porque foi seu
e, através da sua iniciativa, agradeço a cada um dos deputados que me honram
enormemente concedendo-me esta medalha que eu guardarei como algo que
representa uma noite definitiva na minha vida.
Saúdo a você, meu
caro Massafera, e a cada um dos membros ilustres que honram esta Casa, a Mesa e
a cada um dos que aqui estão, figuras as mais diversas tantas, com títulos
próprios, com história própria, com grandeza própria.
Não é fácil para quem
que de repente, como hoje aqui, eu me veja em um grande embaraço de como
realmente poder expressar, com toda força da alma, o agradecimento eu diria
nominal, a cada um dos que aqui estão. Não posso fazê-lo, primeiro porque,
apesar de eu me honrar de ter memória razoável, não chegaria a tanto a minha
memória neste instante. Segundo, porque eu recearia que, ao me entusiasmar, eu
de repente voe no tempo e não sei quando pararia. Eu acho que o bom senso em
certas horas precisa predominar.
Em nome deste bom
senso aceitem como eu tenha feito esta homenagem nominal, a cada um dos que a
que aqui estão, e daqueles que, não estando aqui, estão pela presença de cada
um dos meus ilustres amigos e dessas lideranças admiráveis que aqui estão.
Vejo uma presença bem
significativa da mulher. Lígia, minha senhora que está lá no céu, há de
perdoar-me, mas eu não posso deixar de dizer o quanto me encanta uma presença
significativa da mulher nesta noite. Saúdo a todas através da nossa prefeita,
que também eu a conheço desde há pouco, mas tem uma história de tal maneira
casada, harmonizada com tudo que nós pensamos e tentamos realizar na vida e eu
acho que sintetizo ao referir-me a ela.
Mas o que eu posso na
verdade dizer, meu caro Massafera, sobre esta noite tão marcante para minha
vida é de que no mais profundo de minha alma há uma disparidade entre a
homenagem que estou recebendo com o título de honra desta Casa, que representa
o povo, como o presente deputado de Santa Fé do Sul fez no seu brilhante
discurso de introdução. O que eu posso dizer se não dessa disparidade que é a
homenagem que recebo e a razão de ser dela.
Irei sendo
medianamente o que cada um na sua palavra generosa disse de mim. Tomara pudesse
dizer sim. Não consigo fazê-lo, salvo que resvale para alguma coisa não muito
honrada, ou seja, a chamada mentira. Não posso dizer isso.
O que eu posso dizer
é que, em realidade, não sou eu quem tem direito a receber a medalha que estou
recebendo. O que cabe a mim, assinalaram tanto os meus
90 anos que não me alegra. Se a medicina tivesse avançado o suficiente com uma
conquista extraordinária e eu pudesse bater à porta desta figura extraordinária
que seria esse médico extraordinário, eu diria: “Arranje uma dose de não sei o
quê, que eu volte aos meus 30 anos”. Esta seria uma noite realmente genial. Mas
parece que a medicina não chegou a tanto. E como não, tive que ouvir
reiteradamente como algo da maior significação eu estar, eu diria, na
antevéspera dos 90 anos.
Isso foi ressaltado,
mas eu quero ressaltar um outro aspecto. Sou eu, meu
caro Massafera, sou eu, meus prezados amigos todos, tantos e tantos amigos aqui
nas mais diferentes etapas da vida, que também seria da minha enorme alegria
referir-me um a um. O que eu posso dizer em realidade é que eu sou um grande
devedor. Como é possível que, neste instante tão significativo para mim, as
emoções não se atropelem e eu não possa dizer o quanto eu devo a São Paulo.
Eu cheguei aqui em
1950, eu tinha 20 anos. Aí não tenho alternativa, porque como faz aritmética é
evidente que está às vésperas dos 90, lamento que os cálculos sejam tão
naturais e eu me engane. Mas a verdade é que cheguei aqui no dia 20 de janeiro
de 1950, vim porque quis fazer a Faculdade de Direito de São Paulo, a nossa
casa que Flávio e tantos aqui a ela se referindo com tanto carinho. Vim do
extremo do País, do Amazonas. Se eu quiser ser honesto, até das minhas raízes,
o Rio Madeira, na cidadezinha que meu avô plantou há mais de século, chamada
Humaitá. Era de lá, ou era de Porto Velho, de Manaus. Era no Amazonas.
Foi de lá que eu vim.
Vim para fazer faculdade em São Paulo. Esta é a razão de ser. Chego e, de
imediato, como não lembrar, minha primeira vez em que eu fui à Faculdade de
Direito, entrei naquele pátio que depois, durante tantos e tantos anos, foi um
centro não só da minha geração, mas das continuadas gerações de protestos, de
reivindicações, de grandeza. O pátio ali estava e passei a observar algo que
não pôde ser esquecido para mim, é que ali tudo havia uma história viva, literalmente
viva. Eu trazia na minha história distante do Amazonas a leitura de algo muito
significativo para a história cultural deste País, os grandes poetas: Álvares
de Azevedo, Castro Alves, Fagundes Varela. Eu trazia.
A minha geração no
Amazonas, na época, era o que tínhamos de diversidade cultural. Mas eu não
tinha a mesma coisa do que eu vi ao chegar nas
arcadas, porque ali não era uma página escrita do historiador, era a vida da
realidade do que São Paulo viveu com cada uma daquelas figuras. Eu sou de uma
geração que sabe de cor Castro Alves. Ali, dentre tantos que estão aqui,
poetas, eu vejo a Renata Pallottini que, já, já pode disputar comigo quanto
poderemos falar ou não falar de cor os grandes poemas de Castro Alves. Mas uma
coisa era sabê-lo de cor, tendo lido; outra coisa era chegar à Faculdade de Direito
e dizer para mim: “Aqui, nesta casa, um jovem de 18 para 19
anos de idade; fora daqui, um baiano que chegou e depois declamou dois poemas
marcantes da história dele e da história da literatura brasileira – “O Navio
negreiro” e “Vozes d’África”. Porque são dois poemas tão imensos na
revolta contra aquilo que predominava e que ainda predomina, se analisar a
África. Aquilo que era uma leitura para mim. Não, ao chegar aqui era vida que
estava na faculdade, de todos os lados.
Não foi só Castro
Alves que me fez essas lembranças. Álvares de Azevedo, quem na minha geração lá
no Amazonas não tinha lido Manuel Antônio Álvares de Azevedo, um jovenzinho de
19 anos, foi um grande poeta que se antecipou a tantos e maiores depois. Ali
estava, mas você passava adiante e via uma placa: Rio Branco. Rio Branco é um
nome como tantos, um nome que está na história. Para mim não era, porque Rio
Branco era uma figura que tinha tido um papel da maior significação como
ministro das Relações Exteriores, no episódio da Revolução do Acre, que, pela
luta de homens do povo, trabalhadores do povo e uma grande figura de líder
gaúcho, conquistamos para ser parte do território nacional. Foi uma luta
bárbara, pesada. Vencemos pelas armas, chegamos a prender, eles, o presidente
da Bolívia. Detalhe: isso se consolida quando Barão do Rio Branco, através do Tratado
de Petrópolis, consolida o Acre como terra deste nosso País.
Então eu ouvia Rio
Branco, Rio Branco não era um nome, era uma história da região de onde eu
vinha. A Estrada de Ferro Madeira-Aimoré nasceu desse tratado, e Porto Velho, uma outra cidade admirada, nasce disso tudo. Eu ouvia Rio
Branco e tinha outra dimensão na vida.
E se eu lia, como era
possível ler, e qualquer um de nós já terá lido, quantas vezes, Rui Barbosa,
Joaquim Nabuco. Deus do céu, como era possível lê-los e não sabia a história do
País viva que ambos representavam. História que eles haviam vivido jovenzinhos
ainda na nossa Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.
Chego nessa Faculdade
que eu estou tentando, de maneira quase esquemática, recordar e me dou conta de
repente que ali, um monumento dedicado aos que foram heróis nossos na Revolução
de 1932. Ali estavam os que lutaram e morreram. Os nossos heróis - 1932. E ali
a placa relembrando, é verdade, os versos de Tobias
Barreto: “Quando se sente bater no peito heroica pancada, deixa essa folha
dobrada enquanto se vai morrer”. É um verso de Tobias Barreto, eram versos que
nós cantávamos nas chopadas.
Mas ali me fez de
repente lembrar de algo que esparsamente eu tinha
ouvido nos meus tempos de estudante em Manaus, quando eu tive um professor de
história do Brasil. Professor Geraldo Silva, paulista, que um dia tinha nos
falando em uma roda o significado da Revolução de 1932. Para mim então aquilo
não era abstrato, eu tinha lembranças. Mas me parecia pouco, pobre. Bati às
portas do grande Museu do Ipiranga. Nos seus departamentos, a história toda da Revolução
de 1932, coisa que não era banal para mim, porque, naqueles tempos, a Revolução
de 1932 para o País, pela forma como o Getúlio Vargas se portou, já havia sido
uma insurreição para a independência do Brasil.
E naqueles documentos
que eu vi, boletim por boletim, no grande Museu do Ipiranga, havia prova
provada da luta real que São Paulo havia tido e da redemocratização do País. Permitam-me que eu lhes diga que foi tudo isso para mim uma
lição de democracia definitiva, quer dizer, de repente um povo que, em nome de
ideias, em nome de um objetivo democrático, quase abstrato, é capaz de ir à
luta e dar a sua própria vida em nome disso, como uma história tão definitiva,
com um compromisso, que me permitam que eu diga, eu agradeço a São Paulo por
ter aprendido isso.
Eu vou além: foi nessa
Faculdade que a luta pelo petróleo, que foi aqui relembrada por tantos dos
oradores que me honraram com suas palavras, a nossa Faculdade de Direito teve
um papel na luta em nome do monopólio estatal do petróleo, vale dizer da
Petrobras, que é algo marcante na história deste País. Na nossa escola, logo
mais na União Nacional dos Estudantes, meus amigos, minhas amigas, perdoem-me
que eu diga isso, porque sou de uma geração para a qual a Petrobras foi algo
além de uma empresa, foi um símbolo da independência deste País. Foi um símbolo
em nome de um amanhã que ainda hoje nós lutamos por ele, embora a Petrobras a
que me referi nem sei se sobreviveu devidamente a tanta corrupção que inundou
este País, eu diria quase a sufocou em definitivo.
Mas esta história não
se apagará da nossa Faculdade de Direito. Isso também é marca para mim e eu
devo a São Paulo. Eu recebi isso nessa luta na escola, da centenária mais que
escola do nosso País, que nasce cinco anos depois da independência do Brasil.
Essa era uma luta que tinha, além da lição de 1932, a lição de compromisso com o
amanhã da pátria através de algo claro, explícito, que foi a luta pela Petrobras.
Foi São Paulo que me deu isso.
No Amazonas já havia,
mas não na dimensão que passou a haver em São Paulo no movimento estudantil, em
seguida, em vários ramos, um papel enorme na criação da Petrobras. Poderia
citar várias figuras extraordinárias, se não me alongo. Quero dizer é que esses
dois episódios não são fatos de uma crônica de vida, são fatos que estão aqui
no mais profundo da alma e isso eu tive de São Paulo, não é abstrato. Eu recebi
aqui, eu engrandeci isso em mim.
Eu posso passar um
tempo, um pouco assim só para não ter o receio de além do razoável na minha
arenga, eu posso dizer que em certo momento passam-se os anos, o País
atravessa, volta, vem o golpe de 64. As circunstâncias me levaram ao exílio, 12
anos de exílio. Mas quando eu volto, eu volto para São Paulo, as raízes fincadas outra vez em São Paulo. Já então com a
minha família, e os filhos estão aqui, e depois vêm os netos, eu volto a São
Paulo, e São Paulo, em um certo momento, quando o
processo democrático avançava mais e havia o esboço do começo da
democratização, e foi lembrado aqui, inclusive, em mais de um momento pelo
Barbieri, eu sou, perdoe-me, eu diria convocado por certos setores e me lanço
candidato ao Senado da República por São Paulo, isso em 1982, é o mesmo período
da luta do Montoro chegando a
governador.
Eu perdi a eleição em
termos numéricos. Alguém ganhou, deve ter sido válido o direito dele ganhar. Tenho cá as minhas dúvidas e eu acho que o
direito a algumas queixas, mas isso eu apago porque a noite não é para isso, a
noite é para alegria e gratidão.
O fato é que eu não
venci nas urnas, mas eu recebi um milhão e 500 mil
votos em São Paulo, tendo passado 12 anos fora do País, no exílio, não tendo
tido uma militância eleitoral em São Paulo antes. Um milhão e
500 mil votos, digam-me se o cidadão que recebeu isso, em uma doação
espantosa do povo, em uma generosidade incrível. Eu recebi e estou recebendo
hoje esta medalha que me honrará para sempre, não tenho o direito de dizer-me
como a mereço se sou eu que devo a esta terra, sou eu que devo a esse povo.
Não me elegi, mas por
circunstâncias generosas, o governador Montoro me convidou para ser membro do
seu secretariado, aí eu fui membro da chamada Secretaria dos Negócios
Metropolitanos. Era um fato totalmente inovador para mim. Eu participei, foi
uma experiência notável na aprendizagem, na relação direta com problemas
sociais imensamente importantes e quase sempre omitidos, como é o problema do
transporte coletivo popular. É muito ainda aquém do que o País precisa, do que
o povo necessita. Eu diria que me entreguei à paixão desse tema. Trabalhei e
trabalhei. Mas mereci tanto? Não sei. O fato é que, de repente, um gesto de
generosidade. A Câmara Municipal de São Paulo, por iniciativa do vereador Edson
Simões, propõe um projeto de lei municipal e me outorga o título de Cidadão Paulistano.
Meus amigos, saibam, eu sou cidadão paulistano. Não nasci aqui, a minha
raiz está vincada pelos meus avós lá no Rio Grande do Norte, pelos avós
maternos, no Amazonas. Mas as raízes aqui? Eu não tive esse privilégio. Mas eu
sou cidadão paulistano porque a Câmara Municipal de São Paulo me outorgou esse
título, e eu o tenho.
Ficou nisto? Não.
Talvez pelo trabalho coletivo, no qual eu apenas fui um dos participantes, o
trabalho em região metropolitana, município por município, eu diria, e aqui
estão comigo vários amigos que participaram comigo nesse período, vários homens
e mulheres estão aqui e participaram comigo. Eu diria,
meu caríssimo Massafera, que praticamente todos os municípios da Região Metropolitana
me outorgaram o título de cidadão local, um a um.
Eu posso hoje receber
esse título de grandeza e dizer que sou eu que estou sendo porque fiz? Deus do
céu, eu estou recebendo aqui para dizer o quanto eu devo à grandeza de São
Paulo, pois eu sou cidadão de não sei quantos municípios de São Paulo, da Região
Metropolitana. De repente está faltando na memória e procurar e encontrarão,
município por município.
Mas eu adorei outras
dimensões e tive um trabalho político bastante forte na região da Baixada
Santista. Perdoem-me, bata à porta na Região Metropolitana de Santos. Comecemos
em Santos: olho à direita, aquelas praias maravilhosas; olho à esquerda,
aquelas praias maravilhosas. Raro é um município na Baixada Santista em que eu
não sou cidadão daquela cidade. Até um ponto que durante muito tempo diziam:
“Senador da Baixada”. Era meu título, e aqui está o nosso Jardim rindo, supondo
que está concordando que a minha relevância não é memória pura, é verdade.
Fui então cidadão da
região de Santos, uma região que tem uma história política em São Paulo da
maior relevância, a começar pela independência deste País. E eu estou vendo
aqui a minha querida Ana Maria Martins, que poderia falar disso com a sabedoria
que eu não tenho. Santos é José Bonifácio de Andrada e Silva. A independência
do Brasil foi Dom Pedro que puxou, é um gesto importante, mas quem articulou
isto em grande parte chama-se José Bonifácio de Andrada e Silva, santista, pois
era cidadão da Baixada Santista.
Sou eu ou é o que eu
recebi da história desse Estado?
Como não ganhei para
o Senado, como fiquei na Secretaria, já lhes disse que virei cidadão paulistano
e virei cidadão de vários municípios da nossa região. Mas isso não ficou nessa
área, porque há um momento – e é tão fantástica a vida da gente de repente
aflora e não se sabe direito como é que aflora, mas aflora. O fato é que foi
nascendo a hipótese de eu ser candidato a
vice-governador de São Paulo. A título do quê? Onde a raiz para? Eu quero
lembrar uma figura notável da Bíblia, Salomão, que diz: “Vanitas
vanitatum et
omnia vanitas”. Vaidade das vaidades, e tudo é vaidade.
O fato é que por
conta da vaidade ou de uma aspiração honrada eu me transformei em candidato a
vice-governador. Como fui ou como as coisas ocorreram seria longo referir-me.
Mas virei vice-governador de São Paulo, o caboclo do Amazonas, nascido à margem
do rio, na minha cidadezinha de Humaitá. A minha origem está ali.
Pulo no tempo e vou
ver meu avô lutando pela abolição dos escravos em todo Nordeste. Um homem do
Rio Grande do Norte, do sertão do Rio Grande do Norte. As raízes estão ali.
Como eu viro candidato a vice-governador de São Paulo, onde eu não tinha essas
raízes? Disparates, circunstâncias. Eu virei vice-governador de São Paulo. E como
lei é lei, como a Constituição bem ou mal era respeitada, não sei se hoje está
certo ou se será, aí são perguntas que eu não quero trazer para cá por razões
respeitáveis de toda a índole.
Mas, de toda maneira,
o fato é que eu tinha o título de vice-governador. Meus amigos, cinco vezes eu
assumi o Governo do Estado. Numa das vezes, ao longo de um mês, não posso esquecer do jantar que eu tive que fazer para uma figura
internacional que passou por aqui. Estamos eu e minha mulher, a Lígia, era do
interior do Pará, eu do interior do Amazonas, mas ali eu era o governador,
minha mulher, a primeira-dama. Olho para trás, lembro-me desse instante de
grandeza que eu vivi ali e digo: “Deus do céu como estou recebendo essa medalha
se sou eu que devo, se sou eu que recebi, sou eu que tenho o dever de dizer
aqui ‘Graças!’”
Observem que eu
poderia alongar-me enormemente em cada um desses episódios, porque eu já vivi
até quase 90 anos, e esses lapsos de tempo, de alguma coisa, eu estava vivo.
Portanto, há várias coisas que, de fato, ocorreram na minha história.
Há um instante em que
as coisas mudam ou não mudam. O Fernando Henrique vira presidente da República,
eu fui eleito deputado federal, vice-líder do presidente da República no
Parlamento, divergindo imensamente. Mas esse fato de que eu fui vice-líder do
governo no Parlamento está escrito, eu não posso dizer que não houve. Mas era
São Paulo. Fernando não é de São Paulo, vem de longe, mas já cresceu aqui,
tinha outros títulos, eu não tinha esse título, mas tenho porque vivi. Fui
representante de São Paulo na Câmara Federal, no nosso Parlamento.
Tenho mais a dizer? É
tão curioso que tenho, mas paro. Paro em nome do respeito a cada um, ao direito
ao repouso e a outras alegrias da vida, mas não podia deixar de dizer o que disse
ainda que meio atropeladamente, só para que a tese fundamental fique aqui
assentada.
Acho discutível
título, porque esse título vai além do que eu sou. Sou eu que tenho o dever de
vir aqui dizer: “Graças a São Paulo”. Está acontecendo o oposto, é um paradoxo.
Há um momento na vida
de Rui e do Joaquim Nabuco quando se disputava no País da empresa etc., quem
representaria o País no Congresso de Haia, na Conferência de Haia. Dividia-se o
País pró Rui, pró Joaquim Nabuco. E ambos, por grandeza pessoal, dizer é Rui,
ele é Joaquim Nabuco. E há uma carta de Joaquim Nabuco ao Rui, que em certo
instante ele recusando e ouvindo sua proba alma por quanto o Rui publicamente o
punha nas grandezas, disse uma frase que se eu não me engano foi exatamente
assim: “Só os que são grandes podem dar de si sem se despojar”. Eu acho tão
fantástica essa forma, não a frase em si, mas esta maneira de viver a vida como:
“Há tantos que nos dão porque são grandes e são tão grandes e não se diminui
por isso”. É o que Nabuco disse a Rui Barbosa.
Eu quero dizer aqui,
meu querido Massafera, eu quero dizer a cada um dos membros à Mesa, eu quero
dizer aos deputados desta Assembleia admirável, eu quero dizer a quantos me ouvem aqui, paulistas de raiz, de chão fincado –
não é porque veio uma lei municipal –, raiz de chão fincado, eu quero dizer a
todos isto: “Só os que são grandes podem dar de si sem se despojar”.
É o resultado disso,
porque, Massafera, que é grande, é uma figura admirável, com meu profundo
respeito e admiração, como eu diria de cada um dos oradores que me deram
gentilezas e gentilezas. Eu diria com absoluta verdade, tudo que me deram são
grandes e não se despojam porque são grandes. É o que eu quero dizer no mais
profundo de minha alma. Tudo o que hoje aqui comprova,
esta frase admirável de Nabuco a Rui: “Só os que são grandes podem dar de si
sem se despojar”.
Eu não posso terminar, o quanto eu devo de gratidão
a São Paulo, sem dizer algo que está bem lá no fundo da alma. É que aqui eu
plantei a família, aqui fiz meu curso de Direito – Lígia, minha mulher, fez seu
curso de Direito em Manaus –, as circunstâncias, não importa aqui relevar ou
relembrar.
Terminamos fazendo o
assentamento da nossa raiz familiar a partir do primeiro filho, que é o Rui,
mas posteriormente os sucessivos filhos no Rio, em Brasília, o golpe, o exílio,
a volta. A nossa família se plantou aqui. Então, a
minha família hoje é por natureza legitimamente paulista, cresceram aqui.
Cresceram na universidade da USP, na universidade de Campinas, na universidade
privada, tantos e tantos colégios do setor da infância, da adolescência.
A minha família
cresceu na sua dimensão e, perdoe-me a vaidade, é uma família com méritos. Eu
teria alegria em poder relembrar um a um os méritos de cada um. É uma família
que tem a sua qualidade não por mim, pelo valor de cada um. Isto é São Paulo.
Quem me deu isto fui eu? O acaso? Não, foram as circunstâncias
todas que eu estou falando.
Portanto, a dívida
não é só minha, já é uma dívida histórica da família
para com São Paulo. Esses fatos que eu digo, situando a
doação de São Paulo para com o cidadão, peço licença para dizer que não
é um fato isolado, porque São Paulo tem, e eu não sei de outro estado que tenha
na mesma dimensão, no seu Brasão uma legenda: “Pro Brasilia
fiant eximia”. Simples a tradução: “Pelo Brasil
faça-se o melhor”. É o Brasão de São Paulo que diz, ou seja, é um compromisso
histórico que São Paulo assume para com o País. Portanto, quando ele é capaz de
fazer isso com o símbolo de sua história é compreensível que faça isso ao nível
do varejo. E, de repente, os que por acaso passam, vindo do extremo Norte,
vindo do Nordeste, vindo de Minas – e são tantos os que vêm –, vindo do Rio
Grande, não importa, São Paulo doa a cada um; porque ele, em si, assume em nome
do País como um todo, acaba assumindo a generosidade para cada um de nós.
Meu amigo Massafera,
meus amigos que me honram me ouvindo e por cada um dos que aqui estão, eu termino dizendo: “Graças, São Paulo!” Graças pela
tua grandeza, graças pela tua generosidade, graças por tudo quanto aprendi,
algo que eu não sabia que eu aprenderia, algo que eu imaginava ser as minhas
raízes nitidamente definidas no sertão do Rio Grande do Norte, das raízes do
Amazonas e, de repente, encontro em São Paulo um raiz nova que, não estava no
meu programa, existiu e passaram a existir, e passaram a ser minhas por uma
decorrência da generosidade.
Graças, São Paulo,
por quanto você é grande. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Antes de encerrar, eu queria
aproveitar a presença desta ilustre plateia, principalmente oriunda do Largo
São Francisco, advogados e políticos. Eu vi uma notícia recente dos que
propagam que a inteligência artificial vai tomar conta de tudo e que cursos de
Engenharia e Direito vão ser extintos, serão desnecessários. Mas eu digo que o
estudo da Filosofia, que aprofunda o Direito, nunca será dispensável, nunca.
Então vocês, cada um
de vocês, quando lerem que a inteligência artificial vai tomar conta, acreditem
que nunca irá tomar conta, porque jamais ela vai usar Filosofia, jamais ela vai
interpretar Aristóteles, Platão, para fazer os traços do mundo que nós
queremos.
E queria dizer a
você, Almino, para encerrar, de que Homero na “Ilíada” disse: “Eu sou a
consequência das pessoas que eu conheci”. Então eu espero que nós, paulistas,
muitos de nós conheçam pessoas como você, que serve de exemplo para todos nós.
Muito obrigado. (Palmas.)
Esgotado o objeto da
presente sessão, esta Presidência agradece as autoridades, à minha equipe, aos
funcionários dos serviços de Som, da Taquigrafia, de Atas, do Cerimonial, da Secretaria
Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV Legislativa, e das Assessorias Policiais Civil, Militar, bem como a todos que, com a sua
presença, colaboraram para o êxito desta sessão. Muito obrigado.
* * *
- Encerra-se a sessão
às 22 horas e 14 minutos.
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